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OBJETIVOS “Medo de ser o próximo” • Identificar a etiologia e os fatores de risco da tuberculose; • Listar os tipos de tuberculose quanto à localização e a fisiopatologia; • Descrever a fisiopatologia da TB pulmonar, destacando os sinais e sintomas, bem como suas complicações; • Discorrer as medidas preventivas e o diagnóstico da TB; • Relatar o tratamento da TB em adultos, explicando a resistência bacteriana. • Correlacionar o ambiente prisional com o desenvolvimento e proliferação desse quadro patológico CONCEITO A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. A doença é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch. A tuberculose floresce em qualquer lugar onde exista pobreza, aglomeração, e doença debilitante crônica. No Brasil, a tuberculose é um grave problema de saúde pública e acomete, em geral, adultos entre 20 e 39 anos da idade, dos quais apenas um terço é do sexo feminino. TIPOS A TB é classificada em pulmonar, extrapulmonar ou ambas. Dependendo de vários fatores ligados a diferentes populações e a cepas bacterianas, a TB extrapulmonar pode ocorrer em 10 a 40% dos pacientes. A infecção pelo HIV torna as pessoas susceptíveis à tuberculose rapidamente progressiva. Assim, até 66% dos pacientes infectados pelo HIV que apresentam TB podem ter TB tanto pulmonar quanto extrapulmonar ou apenas TB extrapulmonar. PULMONAR: A TB pulmonar pode ser convencionalmente classificada em primária ou pós-primária (do tipo adulto, secundária). A TB pulmonar primária ocorre pouco depois da infecção inicial pelo bacilo da TB. Ela pode ser assintomática ou pode estar presente com febre e, ocasionalmente, dor torácica pleurítica. a TB pós-primária, também denominada TB de reativação ou secundária, é mais precisamente chamada de TB do tipo adulto, pois pode resultar da reativação endógena de infecção latente de tuberculose (ILTB) distante ou infecção recente (infecção primária ou reinfecção). EXTRAPULMONAR: Por ordem descendente de frequência, os locais extrapulmonares mais acometidos na TB são linfonodos, pleura, trato T U B E R C U L O S E T u b e r c u l o s w OBJETIVOS TIPOS CONCEITO geniturinário, ossos e articulações, meninges, peritônio e pericárdio. Entretanto, praticamente todos os sistemas orgânicos podem ser acometidos. Em consequência da disseminação hematogênica em indivíduos infectados pelo HIV, a TB extrapulmonar é mais observada hoje do que no passado em cenários de alta prevalência de HIV. São elas: TB NOS LINFONODOS: mais comum das TB extrapulmonares e é particularmente frequente entre pacientes infectados pelo HIV e em crianças. TB PLEURAL: O derrame pleural isolado em geral reflete infecção primária recente, e o acúmulo de líquido no espaço pleural representa uma resposta de hipersensibilidade aos antígenos micobacterianos. TB DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES: É quase sempre uma complicação da TB pulmonar cavitária avançada. Pode acometer a laringe, a faringe e a epiglote e provocar rouquidão, disfonia e disfagia, além de tosse produtiva crônica. TB GENITURINÁRIA: As apresentações comuns consistem em frequência urinária, hematúria e dor no flanco ou abdominal. Porém, os pacientes podem ser assintomáticos, e a doença só é descoberta após o desenvolvimento de lesões destrutivas graves dos rins. TB ESQUELÉTICA: Na doença osteoarticular, a patogênese está relacionada com a reativação de focos hematogênicos ou com a disseminação a partir de linfonodos paravertebrais adjacentes. MENINGITE TUBERCULOSA E TUBERCULOMA: É observada com mais frequência em crianças pequenas, mas também ocorre em adultos, particularmente nos infectados pelo HIV. A meningite tuberculosa resulta da disseminação hematogênica da TB pulmonar primária ou pós- primária, ou da ruptura de um tubérculo subependimário no espaço subaracnóideo. TB GASTROINTESTINAL: Os mecanismos patogênicos envolvidos: deglutição de escarro com disseminação direta, disseminação hematogênica ou ingestão de leite de vaca com TB bovina. Acometem principalmente íleo terminal e ceco. Achados comuns são dor abdominal e tumefação. TB PERICÁRDICA: Devido à extensão direta de linfonodos mediastinais ou hilares adjacentes ou à disseminação hematogênica. Resulta em derrame pericárdico e tamponamento cardíaco em grande parte dos casos. TB MILIAR OU DISSEMINADA: a TB miliar deve- se à disseminação hematogênica dos bacilos da TB. Embora em crianças seja frequentemente a consequência de infecção primária, nos adultos pode ser decorrente de uma infecção recente ou reativação de antigos focos disseminados. TB ASSOCIADA AO HIV: A TB é uma das doenças mais comuns em pessoas infectadas pelo HIV no mundo todo, com risco exato de se desenvolver dependendo do grau de imunossupressão. ETIOLOGIA AGENTE ETIOLÓGICO O Mycobacterium tuberculosis é responsável pela maioria dos casos de tuberculose; os reservatórios da infecção são humanos com tuberculose ativa. MICOBACTÉRIAS; As micobactérias pertencem à família Mycobacteriaceae e à ordem Actinomycetales. Das espécies patogênicas pertencentes ao complexo do M. tuberculosis, ETIOLOGIA que abrangem oito subgrupos distintos, o agente mais comum e importante da doença humana é de longe o M. tuberculosis (stricto sensu). Porém outros causadores são: M africanum nas regiões Ocidental, Central e Oriental da África, e o M. bovis, o bacilo do tubérculo bovino, caracteristicamente resistente à pirazinamida e que já foi uma causa importante de TB transmitida por leite não pasteurizado especialmente na África. MYCOBACTERIUM TUBERCULIS: O M. tuberculosis é uma bactéria aeróbia delgada, em forma de bastonete, não formadora de esporos. As micobactérias, incluindo o M. tuberculosis, são frequentemente neutras na coloração de Gram. Entretanto, uma vez corados, os bacilos não podem ser descorados pelo álcool-ácido, característica que justifica sua classificação como bacilos álcool-ácido- resistentes. A resistência ao álcool-ácido deve- se, principalmente, ao elevado teor de ácidos micólicos, ácidos graxos de cadeia longa e ligação cruzada, bem como de outros lipídeos da parede celular do microrganismo. TRANSMISSÃO O M. tuberculosis é mais comumente transmitido de uma pessoa com TB pulmonar infecciosa por núcleos de gotículas, que são aerossolizados por tosse, espirro ou fala. As minúsculas gotículas secam rapidamente; as menores (< 5-10 μm de diâmetro) podem permanecer suspensas no ar durante várias horas e alcançar as vias aéreas terminais quando inaladas. RISCO DE INFECÇÃO: A probabilidade de contato com uma pessoa que apresenta a forma infecciosa de TB, a intimidade e a duração desse contato, o grau de infectividade do caso e o ambiente compartilhado no contato constituem importantes determinantes da probabilidade de transmissão. RISCO DE DESENVOLVER A DOENÇA: O risco de desenvolver a doença após ter sido infectado depende, em grande parte, de fatores endógenos, como as defesas imunológicas inatas e não imunológicas do indivíduo, bem como o nível em que a imunidade mediada por célula isoladamente está funcionando. A doença clínica que ocorre diretamente após a infecção é classificada como TB primária, sendo a sua ocorrência comum entre crianças nos primeiros anos de vida e entre indivíduos imunocomprometidos. Quando a infecção é adquiridamais tarde durante a vida, a probabilidade de que o sistema imune maduro possa contê-la pelo menos temporariamente é maior. Porém em idosos esse rico é maior, visto que há possivelmente declínio da imunidade e a comorbidades. FATORES DE VIRULÊNCIA Entre os fatores de virulência do M. tuberculosis destacam-se: • Glicolipídeos da parede celular que se ligam à superfície dos macrófagos e interferem com a atividade lítica do fagolisossoma; • Fibronectina que confere às bactérias proteção contra as células de defesa; • Lipídeos complexos da parede celular que atuam como impermeabilizante para as micobactérias contra ação de drogas antimicrobianas e agentes químicos desinfetantes, além de conferir resistência às condições de estresse ambienta. • ESAT-6, uma proteína abundantemente secretada do Mycobacterium tuberculosis ( M. tuberculosis ), é um importante fator de virulência, cuja inativação leva à redução da virulência do M. tuberculosis. Ela pode entrar no retículo endoplasmático onde sequestra β2M para inibir a expressão de superfície celular de complexos MHC-I-β2M, resultando em FATORES DE RISCO; infecção recente (<1ano), lesões fibróticas (cicatrização espontânea), tabagismo, desnutrição e peso acentuadamente baixo, comorbidades e causas iatrogênicas (efeitos colaterais de medicamentos), como diabetes melito, HIV, silicose, tratamento imunossupressor, inibidores de necrose tumoral alfa, gastrectomia, insuficiência renal crônica e hemodiálise, gastrectomia, uso de drogas intravenosas, uso excessivo de álcool e período pós-transplante. regulação negativa da apresentação de antígeno mediada por classe FATORES DE RISCO Diversas doenças e condições favorecem o desenvolvimento da TB ativa. Em termos absolutos, o fator de risco mais potente para a TB entre indivíduos infectados é claramente a coinfecção pelo HIV, que suprime a imunidade celular. O risco de a infecção latente da tuberculose (ILTB) evoluir para a doença ativa está diretamente relacionado com o grau de imunossupressão do paciente. FATORES RELACIONADOS AO CASO CARGA BACILAR: A concentração de bacilos no escarro de um caso de TB está positivamente correlacionada com a infectividade do paciente com TB. PROXIMIDADE DE UM CASO INFECCIOSO: a Contatos próximos de casos de TB infecciosa, incluindo contatos domiciliares e prestadores de cuidados / profissionais de saúde, correm um risco maior de se infectar com Mycobacterium tuberculosis e desenvolver tuberculose ativa primária. FATORES RELACIONADOS AO INDIVÍDUO CONDIÇÃO IMUNOSSUPRESSORA: A coinfec- ção por HIV é o fator de risco imunossupressor mais potente para o desenvolvimento de tuberculose ativa. Indivíduos com distúrbios inflamatórios imunomediados (IMID) também são conhecidos por apresentarem risco aumentado de desenvolver TB ativa, particularmente após o uso de fator de necrose tumoral (TNF) - inibidores alfa para tratar uma variedade de doenças autoimunes. DESNUTRIÇÃO: Estudos têm mostrado que a desnutrição (tanto micro e macro-deficiência) aumenta o risco de tuberculose devido a uma resposta imunitária diminuída. A própria tuberculose pode levar à desnutrição devido à diminuição do apetite e às alterações nos processos metabólicos. IDADE JOVEM: As crianças correm maior risco de contrair tuberculose e doenças. A maioria das crianças com menos de 2 anos de idade é infectada pelo caso de origem familiar, ao passo que, com crianças com mais de 2 anos de idade, a maioria delas foi infectada na comunidade. DIABETES MELLITUS: A tuberculose ativa desenvolve-se mais frequentemente em pacientes com baixo controle glicêmico. A DM causa um aumento da suscetibilidade à tuberculose através de vários mecanismos, incluindo hiperglicemia e insulinopenia celular, que têm efeitos indiretos sobre a função de macrófagos e linfócitos. No entanto, a tuberculose pode prejudicar temporariamente a tolerância à glicose, que é um fator de risco para o desenvolvimento de DM. A hiperglicemia transitória pode ocorrer devido à inflamação induzida durante a tuberculose. TABAGISMO: O papel que a fumaça do cigarro desempenha na patogênese da tuberculose está relacionado à disfunção ciliar, a uma resposta imune reduzida e a defeitos na resposta imune de macrófagos, com ou sem uma diminuição da contagem de CD4, aumentando a suscetibilidade à infecção por Mycobacterium tuberculosis. O macrófago FATORES DE RISCO alveolar se liga ao bacilo através dos receptores do complemento 1, 3 e 4. Os linfócitos ativados liberam citocinas ao recrutar macrófagos, fibroblastos e outros linfócitos. A principal citocina envolvida na formação de granulomas é TNF-α, que é liberado por macrófagos imediatamente após a exposição a antígenos de M. tuberculosis. O TNF-α ativa macrófagos e células dendríticas. Em fumantes, a nicotina, atuando através do receptor nicotínico α7, reduz a produção de TNF-α por macrófagos, prevenindo assim sua ação protetora e favorecendo o desenvolvimento da tuberculose. USO DE ÁLCOOL: Não se sabe se o risco aumentado de tuberculose é devido ao uso de álcool per se ou se por causa das sequelas do transtorno do uso do uso do álcool (TUA), como danos ao fígado e deficiência nutricional, ou por fatores sociais, como aglomeração, desnutrição, falta de moradia e prisão, independentemente do consumo de álcool. No entanto, estudos in vivo e in vitro demonstraram que o uso de álcool altera significativamente a resposta imune, aumentando a suscetibilidade a doenças respiratórias, como a tuberculose. USO DE DROGAS ILÍCITAS; o dano respiratório causado pelo fumo habitual da cocaína torna os usuários mais vulneráveis à tuberculose pulmonar. Isso pode ser atribuído ao fato de que o consumo de cocaína mostrou impedir a produção de macrófagos alveolares e citocinas imunorreguladoras, ambos de importância vital para conferir resistência contra a tuberculose ativa. FATORES SOCIOECONÔMICOS: A carga da TB segue um forte gradiente socioeconômico entre e dentro dos países com os mais pobres tendo o risco mais alto, devido à: exposição a vários fatores de risco discutidos acima (incluindo desnutrição, poluição do ar interior, álcool, etc.), maior probabilidade de serem expostas a lugares lotados e menos ventilados. Populações marginalizadas, incluindo prisioneiros, têm maior chance de se infectar com TB principalmente por causa das condições de vida superlotadas e coinfecção com HIV e abuso de drogas injetáveis. FATORES DEMOGRÁFICOS (ÉTNICOS) POPULAÇÃO INDÍGENA/ABORÍGENE: Os aborí- gines têm uma prevalência maior do que a média de fatores de risco predisponentes para TB, como insuficiência renal, diabetes, abuso de álcool e tabagismo. Além disso, fatores socioeconômicos, como superlotação e pobreza, são contribuintes conhecidos para essa carga. Tabela 1. Fatores de risco para tuberculose (WOOD). FISIOPATOLOGIA A patogenia da tuberculose em uma pessoa imunocompetente não exposta previamente depende do desenvolvimento de imunidade antimicobacteriana mediada por células, a qual confere resistência às bactérias e também resulta no desenvolvimento de hipersensibilidade aos antígenos micobacte- rianos. As manifestações patológicas da tuberculose, como os granulomas caseosos e a cavitação, são o resultado da hipersensibilidade que se desenvolve em conjunto com a resposta imune protetora do hospedeiro. Devido às células efetoras que medeiam a proteção imune também mediarem a hipersensibilidadee a destruição tecidual, o aparecimento de hipersensibilidade também sinaliza a aquisição de imunidade ao organismo. Esses processos FISIOPATOLOGIA podem ser divididos entre o que acontecem em até 3 semanas e o que acontecem após esse período (figura 1). De 0 a 3 semanas: INFECÇÃO E INVASÃO DE MACRÓFAGOS: Os macrófagos são as células primárias infectadas por M. tuberculosis. Precocemente na infecção, o bacilo da tuberculose se multiplica essencialmente de forma incontrolada, enquanto tardiamente na infecção, a resposta celular estimula os macrófagos a conter a proliferação da bactéria. M. tuberculosis penetra em macrófagos por endocitose mediada por diversos receptores dos macrófagos, dentre eles os receptores manose, que se ligam à lipoara- binomanana, um glicolipídio na parede celular bacteriana revestido de manose. REPLICAÇÃO NOS MACRÓFAGOS: (acorre uma manipulação endossômica que favorece a sua multiplicação) Uma vez dentro do macrófago, os organismos M. tuberculosis se replicam no interior de fagossomos através do bloqueio da fusão do fagossomo e lisossomo. O M. tuberculosis bloqueia a formação do fagolisossomo através da inibição de sinais de Ca2+ e do recrutamento e montagem de proteínas que medeiam a fusão fagossomo- lisossomo. Assim, as bactérias se proliferam nos macrófagos alveolares pulmonares e nos espaços aéreos, resultando em bacteremia e semeadura de múltiplos locais. Apesar da bacteremia, a maioria das pessoas nesse estágio é assintomática ou possui uma doença branda semelhante à gripe. POLIMORFISMO DO GENE NRAMPI: A NRAMP1 é uma proteína transmembrana encontrada nos endossomos e lisossomos que bombeiam cátions divalentes (p. ex., Fe2+) para fora do lisossomo. Assim, a NRAMP1 pode inibir o crescimento microbiano através da limitação da disponibilidade de íons necessários para a bactéria. Porém, em algumas pessoas com polimorfismos no gene NRAMP1, a doença pode progredir devido à ausência de uma resposta imune eficaz. Isso mostra que a genética do indivíduo pode influenciar no curso da doença. ] Acima de 3 semanas: ATIVAÇÃO DA IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULAS: Cerca de 3 semanas após a infecção, uma resposta T-auxiliar 1 (TH1) é montada, a qual ativa macrófagos para se tornarem bactericidas. A resposta é iniciada por antígenos micobacterianos que penetram em linfonodos de drenagem e são revelados para células T, ativando-os e promovendo sua diferenciação em células TH1. DIFERENCIAÇÃO DO LINFÓCITO T PELA IL-2: Essa diferenciação das células TH1 depende de IL-12, a qual é produzida por células apresentadoras de antígenos que encontraram a micobactéria. O M. tuberculosis produz diversas moléculas que são ligantes para receptores toll-like 2 (TLR2), e a estimulação de TLR2 por estes ligantes promove a produção de IL-12 por células dendríticas. PRODUÇÃO DO INTERFERON-Y E DESTRUIÇÃO DA MICOBACTÉRIA: Células TH1 maduras, tanto nos linfonodos quanto nos pulmões, produzem IFN-γ. O IFN-γ é o mediador crítico que permite que os macrófagos contenham a infecção por M. tuberculosis. O IFN-γ estimula a formação do fagolisossomo nos macrófagos infectados, expondo as bactérias a um ambiente ácido inóspito. O IFN-γ também estimula a expressão da óxido nítrico sintetase induzível, a qual produz óxido nítrico, capaz de destruir diversos constituintes micobacterianos, da parede celular ao DNA. DIFERENCIAÇÃO DOS MACRÓFAGOS E RES- POSTA GRANULOMATOSA: Além de estimular os macrófagos a destruir a micobactéria, a resposta TH1 orquestra a formação de granulomas e necrose caseosa. Os macrófagos ativados pelo IFN-γ se diferenciam em “histiócitos epitelioides” que caracterizam a resposta granulomatosa, e podem se fusionar para formar células gigantes, denomiadas células de Langerhans. Em muitas pessoas essa resposta estaciona a infecção antes de uma destruição tecidual ou doença significativa. Em outras pessoas, a infecção progride devido a idade avançada ou imunossupressão, e a resposta imune contínua resulta em destruição tecidual devido a caseação e cavitação. SECREÇÃO DE FATOR DE NECROSE TUMORAL: Macrófagos ativados também secretam TNF, o qual promove o recrutamento de mais monócitos. A importância do TNF é ressaltada pelo fato de que pacientes com artrite reumatoide que são tratados com antagonistas de TNF possuem um risco aumentado de reativação da tuberculose. Figura 1. Fisiopatologia da tuberculose (ROBBINS). RESUMO; Em resumo, a imunidade ao M. tuberculosis é primariamente mediada pelas células TH1, as quais estimulam os macrófagos a destruir as bactérias. Essa resposta imune, embora largamente eficaz, ocorre à custa da hipersensibilidade e acompanha a destruição tecidual. SINAIS E SINTOMAS A TB pulmonar é definida como tuberculose apenas do parênquima pulmonar e da árvore traqueobrônquica. A TB pulmonar primária deve ser diferenciada da TB pulmonar pós-primária, que é a manifestação mais frequente da TB em adultos. A tuberculose pulmonar pode ser classificada de acordo com o seu quadro clínico em: primária e secundária, também conhecida como pós-primária. SINAIS CLÁSSICOS: As características clínicas clássicas da TB pulmonar incluem tosse crônica, produção de expectoração, perda de apetite, perda de peso, febre, suores noturnos e hemoptise. TB PRIMÁRIA A tuberculose primária é a forma da doença que se desenvolve em uma pessoa previamente não exposta e, portanto, não sensibilizada. Os idosos e pessoas profundamente imunossuprimidas podem perder sua imunidade ao M. tuberculosis e, portanto, podem desenvolver uma tuberculose primária mais de uma vez. Na tuberculose primária, a fonte do organismo é exógena. Na maioria das pessoas, a infecção primária é contida, mas, em outras, a tuberculose primária é progressiva. TB PRIMÁRIA PROGRESSIVA; A tubercu-lose primária progressiva mais frequentemente se assemelha a uma pneumonia bacteriana aguda, com consolidação dos lobos inferior e médio, adenopatia hilar (aumento dos gânglios dos hilos pulmonares) e efusão pleural (acúmulo de líquido no espaço pleural); a cavitação é rara, especialmente em pessoas com imunossupressão severa. É caracterizada por inflamação granulomatosa local, geralmente na periferia do pulmão (foco de Ghon), e pode ser acompanhada por envolvimento de linfonodo ipsilateral, denominado complexo de Ghon. Posteriormente este pode sofrer fibrose progressiva, frequentemente seguida de calcificação radiologicamente detectável (complexo de Ranke) COMPLEXO DE GHON: O complexo de Ghon é uma lesão pulmonar lesão residual arredondada calcificada da primo infeção tuberculosa pulmonar. As lesões consistem em focos de infecção pulmonar calcificados e um nódulo linfático associado. COMPLEXO DE RANKE: ou complexo primário da tuberculose, consiste em um nódulo pulmonar calcificado associado ao linfonodo hilar do mesmo lado também calcificado observada em exames imagiológicos ou anatomopatológicos. SINAIS E SINTOMAS; A infecção geralmente é assintomática, mas pode se apresentar como uma infecção aguda do trato respiratório inferior, com o paciente apresentando febre e, ocasionalmente, dor torácica pleurítica. A dissemi-nação linfadeno- hematogênica pode resultar no desenvolvimento da meningite tuberculosa e tuberculose miliar. O termo tuberculose miliar descreve lesões diminutas semelhantes a sementes de painço (milhomiúdo), que resultam desse tipo de disseminação e podem afetar quase todos os órgãos, principalmenteencéfalo, meninges, fígado, rins e medula óssea. TB SECUNDÁRIA A tuberculose secundária é o padrão da doença SINAIS E SINTOMAS que surge em um hospedeiro previamente sensibilizado. Ela pode seguir logo após a tuberculose primária, porém mais comumente ela aparece muitos anos após a infecção inicial, usualmente quando a resistência do hospedeiro está enfraquecida. Ela mais comumente deriva da reativação de uma infecção latente, mas também pode resultar de uma reinfecção exógena no caso de uma redução da imunidade do hospedeiro ou quando um grande inóculo de bacilos virulentos inunda o sistema imune do hospedeiro. A reativação é mais comum em áreas de baixa prevalência, enquanto a reinfecção desempenha um importante papel em regiões de alto contágio. TB SECUNDÁRIA PROGRESSIVA; A tubérculo- se pulmonar secundária classicamente envolve o ápice dos lobos superiores de um ou ambos os pulmões. Devido à preexistência de hipersensibilidade, os bacilos provocam uma imediata e marcada resposta tecidual que tende a isolar o foco de infecção. Como resultado, os linfonodos regionais são menos prontamente envolvidos inicialmente na doença secundária do que o são na tuberculose primária. Por outro lado, a cavitação ocorre prontamente na forma secundária. De fato, a cavitação é quase inevitável em tuberculoses secundárias negligenciadas, e a erosão das cavidades em uma via aérea é uma importante fonte de infecção porque a pessoa agora tosse escarro que contém bactérias. SINAIS E SINTOMAS; A tuberculose secundária localizada pode ser assintomática. Quando aparecem manifestações, elas são usualmente de início insidioso. Sintomas sistêmicos, provavelmente relacionados a citocinas liberadas por macrófagos ativados (p. ex., TNF e IL-1), frequentemente aparecem precocemente no curso e incluem mal-estar, anorexia, perda de peso e febre. Comumente, a febre é baixa e remitente (aparecendo no fim de cada tarde e então decrescendo), e ocorrem suores noturnos. Com o envolvimento pulmonar progressivo, aparece uma elevação da quantidade de escarro, devido á tosse persistente (ou seja, duração> 14 dias) primeiramente mucoide e depois purulento. Algum grau de hemoptise está presente em cerca de metade dos casos de tuberculose pulmonar e esta relacionada a cavitação. Dor pleurítica pode resultar da extensão da infecção para as superfícies pleurais. Manifestações extrapulmonares de tuberculose são numerosas e dependem do sistema de órgãos envolvido. Além disso ainda há a tosse persistente (ou seja, com duração > 14 dias) . COMPLICAÇÕES As complicações pulmonares da TB incluem hemoptise, pneumotórax, bronquiectasia, destruição pulmonar extensa (incluindo gangrena pulmonar), fístula, estenose traqueobrônquica, malignidade e aspergilose pulmonar crônica. Essas complicações ocorrem mais comumente no contexto de doença de reativação. COMPLICAÇÕES TIPOS HEMOPTISE: As fontes de hemoptise maciça devido à TB incluem a artéria pulmonar, as artérias brônquicas, as artérias intercostais e outros vasos que irrigam o pulmão. As lesões vasculares tuberculosas incluem arterite e trombose pulmonar ou brônquica, dilatação da artéria brônquica e aneurisma de Rasmussen. PNEUMOTÓRAX: O pneumotórax parece resultar da ruptura de uma cavidade periférica ou de um foco caseoso subpleural com liquefação para o espaço pleural. A inflamação pode levar ao desenvolvimento de uma fístula broncopleural, que pode persistir ou selar espontaneamente. BRONQUIECTASIA: a bronquiectasia pode estar associada a hemoptise e decorre da compressão extrínseca de um brônquio por nódulos aumentados que causam dilatação brônquica distal à obstrução. BRONCOLITÍASE: A broncolitíase é definida como a presença de material calcificado ou ossificado dentro do lúmen da árvore traqueobrônquica; é uma complicação incomum da TB pulmonar. O nidus calcificado em um linfonodo tuberculoso sofre erosão na parede brônquica e pode obstruir o brônquio. EXTENSA DESTRUIÇÃO PULMONAR: A gangre- na pulmonar refere-se à destruição pulmonar aguda e ocorre como consequência da arterite e trombose dos vasos pulmonares distais, levando a um processo piogênico inflamatório e necrose maciça do parênquima pulmonar. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA: a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) que requer ventilação mecânica como uma apresentação de TB é raramente relatada. Pacientes com tuberculose miliar ou disseminada eram significativamente mais propensos a desenvolver parada respiratória. CHOQUE SÉPTICO: O choque séptico é o resultado de a infecção pelo M tuberculosis se alastra pelo corpo rapidamente, afeta vários órgãos e pode levar à morte. MALIGNIDADE: Acredita-se que a TB aumente o risco de câncer de pulmão por meio de inflamação pulmonar crônica e fibrose. TROMBOEMBOLISMO VENOSO: TB, tanto pulmonar quanto extrapulmonar, tem sido sugerido como um fator de risco independente para tromboembolismo venoso (TEV), talvez devido a um estado de hipercoagulabilidade. ASPERGILOSE PULMONAR CRÔNICA: É uma doença infecciosa oportunista que surge quando o fungo filamentoso do gênero Aspergillus entra no organismo humano por meio da inalação de esporos por indivíduos com imunidade reduzida. A aspergilose pulmonar crônica pode ser uma sequela de TB pulmonar, especialmente em pessoas com doença cavitária. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da tuberculose, além da avaliação clínica, deverá estar fundamentado nos métodos a seguir. DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO A pesquisa bacteriológica é método de importância fundamental, tanto para o diagnóstico como para o controle de tratamento DIAGNÓSTICO EXAME MICROSCÓPICO DIRETO DO ESCARRO: A detecção de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) no exame microscópico de esfregaços de escarro é a ferramenta de diagnóstico de TB mais rápida e barata. O escarro deve ser de boa qualidade e ter pelo menos 3 mL de volume O procedimento de coloração ácido-resistente é baseado na capacidade da micobactéria de reter a mancha quando tratada com ácido mineral ou uma solução ácido-álcool. CULTURA DE MICOBACTÁRIA: A cultura é indicada para os suspeitos de tuberculose pulmonar persistentemente negativos ao exame direto e para o diagnóstico de formas extrapulmonares como meningoencefálica, renal, pleural, óssea ou ganglionar. A cultura também está indicada nos casos de suspeita de resistência bacteriana às drogas, seguida do teste de sensibilidade. DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO A radiografia de tórax faz parte da abordagem inicial para uma avaliação diagnóstica de um paciente com suspeita de TB; é uma ferramenta útil para avaliar pacientes sintomáticos com fatores de risco epidemiológicos apropriados para TB. A TB pulmonar de reativação classicamente se apresenta com infiltração focal do (s) lobo (s) superior (s) (geralmente dos segmentos apicais e / ou posteriores) ou do (s) lobo (s) inferior (s) (geralmente dos segmentos apicais, também chamados de segmentos superiores) A doença pode ser unilateral ou bilateral. A cavitação pode estar presente, e a inflamação e a destruição do tecido podem resultar em fibrose com tração e/ou aumento dos linfonodos hilares e mediastinais. A infiltração lobar ou segmentar pode ser visualizada em outras regiões pulmonares, com ou sem adenopatia hilar, massa pulmonar (tuberculoma), pequenas lesões fibronodulares (denominadas "miliares" porque se assemelham a sementes espalhadas de milheto) ou derrames pleurais. Figura 3. Complexode Ghon. Figura 4. Tuberculose em cavitação que se apresenta com hemoptise (observe as setas indicando cavidades). • EX. DE CASO: Alteração no ápice do pulmão esquerdo. o Cavitação/ caverna EX. DE CASO: • Caverna o Parede interna lisa e espessa o Arvore em brotamento Processo inflamatório em atividade o Quando estiver no lobo pulmonar superior é uma tuberculose pulmonar pós primária do tipo cavitada PROVA TUBERCULÍNICA I A prova tuberculínica é um teste capaz de demonstrar infecção prévia pelo Mycobacterium tuberculosis, conhecido também como bacilo de Koch, agente causador da tuberculose. A prova é realizada através da injeção de um derivado proteico purificado do M. tuberculosis (PPD – Purified Protein Derivate) na qual há 7 cepas deste antígeno. Baseado na hipersensibilidade cutânea mediada por linfócitos T, a inoculação intradérmica de tuberculina resulta no aumento da permeabilidade vascular local, de modo que há o aparecimento de uma área endurecida, com edema e eritema. Tal reação tem pico entre 48h e 72h, período no qual deve ser medido, em milímetros, o diâmetro transverso da área endurecida, sempre desconsiderando a área eritematosa. O valor obtido será utilizado para análise e interpretação do teste. Os ensaios de liberação do interferon-gama (Interferon- Gamma Release Assays – IGRA) são uma opção à prova tuberculínica com exame complementar na detecção de infecção latente pelo M. tuberculosis. • Resultado da medição: • 0 a 4 mm = não reator (NR) • 5 a 9 mm = reator fraco (Rf) • 10 mm ou mais = reator forte (RF) DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO É um método empregado principalmente na investigação das formas extrapulmonares. A lesão apresenta-se como um granuloma, geralmente com necrose de caseificação e infiltrado histiocitário de células multinucleadas. Como esta apresentação ocorre em outras doenças, o achado de BAAR na lesão é fundamental para auxiliar o diagnóstico de tuberculose. TRATAMENTO Levando-se em consideração o comportamento metabólico e a localização do bacilo, o esquema terapêutico antiTB, para ser mais efetivo, deve atender a três grandes objetivos: Ter atividade bactericida precoce; ser capaz de prevenir a emergência de bacilos resistentes; e ter atividade esterilizante. ATIVIDADE BACTERICIDA PRECOCE: é a capacidade de matar a maior quantidade de bacilos, o mais rapidamente possível, sendo medida pela velocidade com que são mortos. PREVENÇÃO DA SELEÇÃO DE BACILOS RESIS- TENTES: é necessária a utilização de esquemas terapêuticos com associação de diferentes medicamentos que agirão sobre os bacilos sensíveis e nas diversas populações de bacilos naturalmente resistentes, uma vez que bacilos resistentes a um medicamento podem ser sensíveis a outro. ATIVIDADE ESTERILIZANTE: é a capacidade de eliminar todos os bacilos presentes no indivíduo, seja nas cavidades pulmonares, no interior das lesões caseosas fechadas ou no interior dos macrófagos. ESQUEMAS TERAPÊUTICOS O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses, é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), devendo ser realizado, preferencialmente, em regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO). São utilizados quatro fármacos para o tratamento dos casos de tuberculose que utilizam o esquema básico: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. O esquema de tratamento da tuberculose é padronizado, deve ser realizado de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde e TRATAMENTO compreende duas fases: a intensiva (ou de ataque), e a de manutenção. FASE INTENSIVA OU DE ATAQUE; a fase inten- siva tem o objetivo de reduzir rapidamente a população bacilar e a eliminação dos bacilos com resistência natural a algum medicamento. Uma consequência da redução rápida da população bacilar é a diminuição da contagiosidade. Para tal, são associados medicamentos com alto poder bactericida. FASE DE MANUTENÇÃO: a fase de manutenção tem o objetivo de eliminar os bacilos latentes ou persistentes e a redução da possibilidade de recidiva da doença. Nessa fase, são associados dois medicamentos com maior poder bactericida e esterilizante, ou seja, com boa atuação em todas as populações bacilares. ESQUEMA DE TRATAMENTO PARA ADULTOS: No Brasil, o esquema básico para tratamento da TB em adultos e adolescentes é composto por quatro fármacos na fase intensiva e dois na fase de manutenção. A apresentação farmacológica dos medicamentos, atualmente em uso, para o esquema básico é de comprimidos em doses fixas combinadas com a apresentação tipo 4 em 1 (RHZE) ou 2 em 1 (RH). Tabela 1. Esquema de tratamento da tuberculose para adultos. ESQUEMA DE TRATAMENTO PARA CRIANÇAS: O esquema básico em crianças (< de 10 anos de idade) é composto por três fármacos na fase intensiva (RHZ), e dois na fase de manutenção (RH), com apresentações farmacológicas individualizadas (comprimidos e/ou suspen- são). O etambutol é contraindicado devido a redução da acuidade visual. Tabela 2. Esquema para tratamento da tuberculose em crianças PREVENÇÃO VACINA BCG: A vacina BCG (bacilo Calmette- Guérin), ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS), protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. A vacina está disponível nas salas de vacinação das unidades básicas de saúde e maternidades. Essa vacina deve ser dada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias. TRATAMENTO DA INFECÇÃO LATENTE: O tratamento da Infecção Latente da Tuberculose (ILTB) é uma importante estratégia de prevenção para evitar o desenvolvimento da tuberculose ativa, especialmente nos contatos domiciliares, nas crianças e nos indivíduos com condições especiais, como imunossupressão pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), comorbidades associadas ou uso de alguns medicamentos. CONTROLE DA INFECÇÃO: O emprego de medidas de controle de infecção também faz parte das ações de prevenção da doença, tais como: manter ambientes bem ventilados e com entrada de luz solar; proteger a boca com o antebraço ou com um lenço ao tossir e espirrar (higiene da tosse); e evitar aglomerações. PREVENÇÃO TIPOS INFORMAÇÕES DESTACADAS SUBSTÂNCIAS LIBERADAS PELOS MACRÓFA- GOS: Macrófagos ativados também secretam TNF, o qual promove o recrutamento de mais monócitos. FUNÇÃO DOS LINFÓCITOS T: a imunidade ao M. tuberculosis é primariamente mediada pelas células TH1, as quais estimulam os macrófagos a destruir as bactérias, ativando-os através da liberação de IFN-γ. Essa resposta imune, embora largamente eficaz, ocorre à custa da hipersensibilidade e acompanha a destruição tecidual. O TH1 orquestra a formação de granulomas e necrose caseosa. FATORESDE VIRULÊNCIA DA M. TUBERCULO- SIS: Glicolipídeos da parede celular que se ligam à superfície dos macrófagos e interferem com a atividade lítica do fagolisossoma; Fibronectina que confere às bactérias proteção contra as células de defesa; Lipídeos complexos da parede celular que atuam como impermea- bilizante para as micobactérias contra ação de drogas antimicrobianas e agentes químicos desinfetantes, além de conferir resistência às condições de estresse ambienta. ESAT-6, uma proteína abundantemente secretada do Mycobacterium tuberculosis ( M. tuberculosis ), é um importante fator de virulência,cuja inativação leva à redução da virulência do M. tuberculosis. COINFECÇÃO HIV: A TB é uma das doenças mais comuns em pessoas infectadas pelo HIV no mundo todo, com risco exato de se desenvolver dependendo do grau de imunossupressão. EPIDEMIOLOGIA (sobre a questão penitenciária) fonte: https://portal.fiocruz.br/noticia/presidios-tem- 30-vezes-mais-casos-de-tuberculose De acordo com dados da Fiocuz • presídios têm 30 vezes mais casos de tuberculose do que a população do estado o pesquisa realizada no estado do Rio de Janeiro • as prisões funcionam como amplificador de tuberculose • as condições sociodemográficas desses locais estão diretamente relacionadas a incidência dessa patologia o demanda de controle exclusivo para essa comunidade Fonte: VALENÇA, Mariana Soares et al. Tuberculose em presídios brasileiros: uma revisão integrativa da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, p. 2147-2160, 2016. De acordo com o artigo “Tuberculose em presídios brasileiros: uma revisão integrativa da literatura” TB prisional está associada a características individuais e a condição de vida antes do encarceramento, bem como a fatores ambientais relacionados à reclusão. Considera-se que entre tais fatores ambientais se incluem, além do espaço físico, a questão organizacional do sistema, questões de ordem política e de recursos humanos, tais como as dificuldades para o desenvolvimento de intervenções para detecção precoce dos casos índices, a articulação do sistema prisional com o sistema de saúde e a atuação de equipes multiprofissionais qualificadas para o manejo desse problema no interior dos presídios. REFERÊNCIAS • Padmanesan Narasimhan, James Wood, Chandini Raina MacIntyre, Dilip Mathai, Risk Factors for Tuberculosis, Pulmonary Medicine, vol. 2013, • Silva, Denise Rossato et al. Risk factors for tuberculosis: diabetes, smoking, alcohol use, and the use of other drugs. Jornal Brasileiro de Pneumologia [online]. 2018, • Loddenkemper R, Lipman M, Zumla A. Clinical REFERÊNCIAS EXTRA Aspects of Adult Tuberculosis. Cold Spring Harb Perspect Med . 2015; • BERNARDO, J, et al. Diagnosis of pulmonary tuberculosis in adults. UpToDate, 2021. • Silva Jr., Jarbas Barbosa daTuberculose: Guia de Vigilância Epidemiológica. Jornal Brasileiro de Pneumologia [online]. 2004. • POZNIAK, Clinical manifestations and complications of pulmonary tuberculosis. UpToDate, 2021. • KASPER, Dennis L.. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017 • Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010. • KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010;.
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