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Vict�ria K. L. Card�so Bibli�grafia: Ort�pedia e Traumat�l�gia - Sizínio Epifisiólise Introdução Outro nome: coxa varo do adolescente. O que é: alteração da relação normal entre a cabeça do fêmur e o colo femoral. ● O escorregamento acontece na camada hipertrófica da placa epifisária femoral proximal. ○ Formação da deformidade em varo. ● Camada hipertrófica: possui ruptura no estirão de crescimento pela lise espontânea da fise na pré-adolescência e na adolescência. ○ Isso só ocorre antes do término do crescimento. ○ Zona hipertrófica - área mais sensível. Obs: o colo do fêmur desvia no sentido ântero superior em relação à cabeça femoral. Epidemio: ● Raça mais afetada: negra. ● É mais comum em homens. ● Acomete mais o lado esquerdo do que o direito. ○ Bilateral 50-80% em 18 meses → mas não no mesmo momento. ● Fatores de risco: ○ Atraso na maturidade esquelética. ○ Aumento de peso → percentual de massa corporal > 85% = maior fator de risco. ○ Aumento da estatura, relacionado ao normal da idade. ○ Trauma. ● Biotipo mais comum: adiposo geintal → obeso com atraso do desenvolvimento sexual. ● Raro na infância ou na idade adulta. Obs: em alguns casos os pacientes são descritos como magros, altos ou ectomorfos → indica rápido crescimento pelo estirão. ● Principal idade acometida: 11 aos 15. ○ Meninas: 11 aos 13. ○ Meninos: 13 aos 15. Obs: quando ocorre antes dos 10 anos e acima dos 16, deve-se pesquisar uma disfunção endócrina. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Classificação: ● Aguda: queixas de forma súbita → o diagnóstico é feito antes de 3 semes do ínicio do quadro. ● Crônica: os sintomas ocorrem aos poucos → o diagnóstico ocorre após 3 semanas do quadro. ● Crônico-agudizada: associação dos dois anteriores → há dor e claudicação crônicas, com exacerbação dos sintomas por conta de algum trauma de baixa intensidade. Etiologia e patogenia Etiologia: ● Principais causas envolvidas: traumática, anatômica, familiar, hormonal e sinovite. ○ Se o ângulo é menor que 13 graus, não há a necessidade de cirurgia. ● Função mecânica do periósteo: conter o deslizamento. ● Problemas relacionados com distúrbios hormonais: ○ Hipotireoidismo: a placa epifisária enfraquece pela deficiência na matriz cartilaginosa. ○ Pan-hipopituitarismo: desequilíbrio hormonal e diminuição do nível de testosterona. ○ Hipogonadismo: diminuição da testosterona. ○ Hiperparatireoidismo: alterações com aumento do cálcio circulante → diminuição do cálcio intraósseo. Patogenia: ● Deslizamento: ocorre quando a placa de crescimento não consegue suportar as forças que cruzam pela cabeça femoral. ● Estruturas que proporcionam estabilidade à fise: ○ Complexo cartilaginoso pericondral → circula a placa de crescimento; na infância tem maior espessura e na adolescência é a fase mais delgada. ○ Processos mamilares → estão entre a epífise e a metáfise. ○ Fibras de colágeno → cruzam a epífise. ○ Espessura da placa de crescimento. ○ Contorno da placa de crescimento → forma convexa. ○ Inclinação fisária → variam de horizontal (infância) para oblíqua (adolescência - fase mais vulnerável). ● Alterações da forma crônica: alterações fibrocartilaginosas e de reparação óssea secundárias na placa de crescimento. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Transformação do formato da fise do fêmur: de aplanada para esférica → fator de risco para a epifisiólise em crianças maiores de 10 anos. Quadro clínico Quadro geral: geralmente as queixas são vagas e pouco expressivas. ● Claudicação → passo curto no lado afetado e mais longo no lado normal. ● Dor na face anteromedial da coxa e do joelho. ○ Pode não haver dor. ● Sem história de trauma (na maioria das vezes). ● Limitação funcional de rotação interna, de abdução ou de flexão. ● Atitude de rotação externa. ● Sinal de Drehman → o MMII faz uma rotação externa ao se realizar a flexão do quadril, sugere EPF. Epifisiólise aguda: ● Dor súbita, aguda, intensa e persistente. ● Dificuldade para apoiar o membro acometido. ● Não deambula. ● História clínica de trauma com maior intensidade, como queda de altura ou acidente automobilístico. Epifisiólise aguda sobrecrônica (crônico-agudizado): ● Os mesmos da fase aguda, só que com menor intensidade. Exame físico: ● Trendelenburg. ○ No deslizamento agudo o paciente caminhar, pois o membro afetado não suporta o peso. ● Atitude em rotação externa. ● Dor na face anterior do quadril e não na coxa ou no joelho. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Atitude de flexão e abdução, perda da rotação interna e contratura em rotação externa. ● Sinal de Drehman. ● Teste de Thomas positivo → sugere processo inflamatório intra-articular, que pode significar condrólise da cabeça do fêmur. Obs: o grau de limitação está relacionado ao deslizamento da epífise femoral. Complicações: ● Necrose avascular da cabeça femoral → quanto maior o grau de deslizamento, maior a probabilidade. ● Condrólise → se inicia com sinovite, com um curso rápido ○ É mais comum em mulheres. ○ O tratamento deve ser instituído imediatamente, para eliminar o processo inflamatório e recuperar a mobilidade da articulação. ■ Antiinflamatórios. ■ Tração. ■ Fisioterapia. ■ Hidroterapia. ■ Proibição de apoio sobre o membro inferior acometido → cadeira de rodas e muletas. ● Impacto femoroacetabular (morte da cartilagem) → tratamento com luxação cirúrgica com osteotomia do colo. ○ O parafuso, se implantado muito em região proximal no colo femoral, sendo a causa do impacto. Diagnóstico Radiografia: ● Radiografia simples de quadril em AP e Lowenstein (frente da pelve e perfil do terço proximal do fêmur → posição de rã ou de dupla abdução) → geralmente outros métodos não são necessários. ● Sinal de deslizamento da epífise: ao se traçar uma linha de Klein na radiografia, tangenciando o bordo superior do colo do fêmur, cruzando a epífise femoral, a linha não tangencia. ○ Ainda há diferença na altura das epífises femoral. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Agudo: se assemelha ao verdadeiro decolamento epifisário → presença de solução de continuidade ao longo da placa epifisária, entre o colo femoral e a epífise. ○ Sem neoformação óssea. ● Crônico: desvio posterior da epífise femoral, com neoformação óssea, deixando o colo femoral encurvado, lembrando um cajado. ● Crônico-agudizado: não há imagem radiográfica típica, com lise no nível da placa de crescimento e sinais adaptativos da remodelação crônica. Classificação radiográfica: ● Grau 0� “alargamento” da placa de crescimento, aumentada na altura e mais “lisa”, com perda do aspecto mamilares. ● Grau I: deslizameto leve → deslocamento da epífise até um terço da largura da metáfise femoral proximal. ○ 33% de deslizamento. ● Grau II: moderado → a epífise se desloca até metade da largura da metáfise femoral proximal. ● Grau III: grave → a epífise se desloca mais da metade da largura da metáfise femoral proximal. Classificação: grau de escorregamento de acordo com a radiografia. ● Leve: ate 30*. ● Moderado: entre 30-60*. ● Grave: > 60*. Ultrassonografia: mostra a silhueta dos componentes articulares, principalmente pela distensão da cápsula pelo aumento de líquidos no espaço intra-articular. ● É importante para puncionar a articulação, com o objetivo de previnir o tamponamento dos vasos sanguíneos e também na avaliação da fixação interna utilizada, como posicionamento do parafuso. Tomografia computadorizada: ● Avalia de melhor forma o deslizamento, permitindo a definição mais detalhada da epífise em relação ao colo femoral. ● Em pacientes obesos, a TC facilita o pós-operatório. Ressonância magnética: ● Verifica mais precocemente a necrose avascular da cabeça femoral, do que nas radiografias convencionais. ● A RNM também permite avaliar a relação da cabeça femoral com o acetábulo nas imagens axiais e coronais. Cintilografia com tecnécio: ● Mostra maior captação ao nível da placa de crescimento do fêmur acometido. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● O exame é válidoapenas em casos de comprometimento unilateral. ● Detecta de forma precoce a necrose avascular e a condrólise. Diagnósticos diferenciais: ● Displasia residual. ● Sinovite transitória. ● Necrose avascular idiopática precoce. ● Osteocondrite dissecante da cabeça femoral. ● Doença de Legg-Perthes-Calve. Tratamento Tratamento: ciŕugico, independente do grau de classificação. ● Fixação in situ (grau leve e moderado) → no local que está, apenas se fixa a fise. ● Luxação controlada → grau severo. ● Fixação bilateral: ○ Distúrbios endócrinos. ○ Pré deslizamento do outro membro. ○ Quadro social desfavorável. Terapia hormonal: induz o fechamento precoce da placa de crescimento. Condições instáveis: entre 50-100% há necrose avascular da epífise. Epífises estáveis: pré-deslizamentos e deslizamentos leves ou moderados, com boa mobilidade. ● Ponto de referência: espinha ilíaca anterossuperior e o púbis. ● Fixação in situ com parafuso canulado ou esponjoso. ● A fixação deve ser no centro da epífise, perpendicular a placa de crescimento, evitando o polo superior e lateral da cabeça femoral, para previnir o comprometimento sanguíneo. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Obs: a indicação de 2 ou mais parafusos não traz maior estabilização da epífise, mas aumenta o risco de necrose avascular. Escorregamentos II e III: ● Faz-se uma fixação in situ, com ressecção da gibosidade (queilectomia) → essa ressecção óssea, geralmente anterolateral, possibilita maior amplituse nos movimentos de flexão e abdução. Tratamento do deslizamento agudo: ● Principal conduta: redução antes de 24h, descompressão da articulação por artrotomia e fixação com parafuso. ● Fixação in situ → na mesa de cirurgia pode haver redução. ● Redução por manipulação sem abertura da cápsula → alta taxa de NAV pelo calo posterior que impede o fluxo sanguíneo dos vasos posteriores. ● Redução aberta via anterolateral conforme o método de Parsch → drena a articulação por uma incisão longitudinal da cápsula e faz leve compressão no colo, com redução parcial do deslizamento. ● Redução anatômica por encurtamento do colo do fêmur. Fixação profilática do quadril contralateral: ● Principalmente se faz isso com pacientes com doença endócrina, do sexo feminino, raça negra e com baixa condição socioeconômica. ● Fixação profilática: com 1 único parafuso canulado, em meninas abaixo dos 12 anos e em meninos abaixo dos 14 anos. Resumo das condutas: ● Estáveis: condição de urgência → não se realiza a redução e se faz fixação com um parafuso canulado. ○ A liberação é com apoio parcial com um par de muletas por 4-6 semanas e depois em apoio total. ● Instáveis: condição de emergência, deve ser fixada antes de 12h → o membro é posicionado em rotação neutra. ○ A liberação para fazer apoio parcial com um par de muletas por 3 meses, sendo depois liberado para apoio total. @p�sitivamed
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