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RESUMO - TEXTO 3 VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. O Federalismo Oligárquico Brasileiro: Uma revisão da Política Café com Leite. Objetivo da autora: contestar a tese da “política do café-com-leite” construída em torno da discussão do estado oligárquico (1889-1930), baseada no levantamento e análise de um corpo teórico-documental. Nos últimos 20 anos, a República Velha brasileira passou por importantes revisões historiográficas. E uma delas foi na releitura da tese de que o Estado Republicano foi refém exclusivamente dos interesses corporativos dos cafeicultores; sendo que na maior parte do período, as elites políticas brasileiras estabeleceram políticas monetárias, creditícias e cambial que não se batiam com as expectativas dos setores cafeeiros. A partir dos estudos sobre as elites regionais, algumas conclusões foram tiradas: 1. Embora os setores de café fossem politicamente hegemônicos, oligarquias de segunda ou terceira grandeza também tiveram importância nos processos de decisão política. 2. Apesar da aliança entre Minas e São Paulo ter sido hegemônica, não impediu a construção de eixos alternativos de poder. 3. Apesar do Estado Nacional ter sua sustentação vinculada ao fluxo de capital estrangeiro, a política econômica implantada também visava garantir a estabilidade das finanças públicas e o atendimento a compromissos financeiros junto aos credores internacionais, o que ia contra os interesses corporativos dos cafeicultores. 4. A aliança Minas-Sao Paulo precisava ser revista para uma melhor compreensão do período. Ao contestar a aliança mineiro-paulista, tornou-se imprescindível apresentar um novo arranjo político que tenha garantido ao sistema um mínimo de funcionalidade. A hipótese central da autora sobre o modelo político da República Velha brasileira é: ele teve sua estabilidade garantida pela instabilidade das alianças entre os estados politicamente mais importantes, impedindo a hegemonia de uns e a exclusão de outros (as sucessões eram episódios de desconstrução e reconstrução de alianças políticas). Os princípios estabilizadores do regime foram definidos pela sucessão de Rodrigues Alves (1906), e se mantiveram ao longo dos processos sucessórios posteriores. Seu progressivo esgotamento se deu a partir da década de 20, e seu desgaste final ao longo da década de 30. 1) O Modelo Político Oligárquico A abordagem alternativa proposta é constituída por 3 princípios norteadores: a) 1º Princípio Norteador: Os atores políticos republicanos são desiguais e hierarquizados entre si. A estabilidade do Regime Republicano se baseou na garantia de que o seu elemento motor estivesse nas mãos das oligarquias regionais, com seu peso político sendo proporcional ao tamanho de suas bancadas e potencialidades econômicas. Esse modelo tinha como fundamental a redução da possibilidade de competição entre atores mais e menos iguais, e foi tomando forma ao longo do regime. Com o estabelecimento da República, a primeira medida foi garantir a exclusão de participação dos setores populares pelo voto Alfabetizado e as possibilidades de fraude eleitoral, o que reduziria a competitividade entre os atores. A segunda medida foram os requisitos para o recrutamento político, que eram: Ser do gênero masculino, ser Branco, curso superior, ser parente de membros da Elite e ser originário de uma das regiões importantes do estado. O princípio de desigualdade de poder entre os Estados faz com que eles se diferenciam: os grandes possuíam bancadas enormes e economias relativamente auto suficientes; os médios, um desses dois elementos; e os pequenos não possuíam nenhum. O grau de participação de cada estado nos processos de decisão eram proporcionais ao seu tamanho. A república herdou do império a separação entre províncias menos e mais importantes. Mas coube a ela através da Constituição de 1891 sedimentar esta divisão e redistribuir o poder. São Paulo foi o que mais lucrou com o novo regime, seguido pelo Rio Grande do Sul e Minas Gerais(Esses tiveram movimentos republicanos consistentes). Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco tiveram sua representação diminuída. Os seus estados compunham 60% do congresso e ampliaram o seu potencial de representação na República em 2,03%. A partir dessa nova distribuição, o nível de autonomia aos Estados foi elevado e com as mudanças nos critérios de representação política parlamentar, foi construído um sistema federalista que rejeitava a isonomia entre as unidades federadas. Assim, os grandes Estados travaram relações de cooptação política com os pequenos. Um grande ator político também foi o Estado Nacional que era majoritariamente representado pelo legislativo e pelo executivo (Catete). O legislativo tinha uma hegemonia sobre o regime, e ela se ampliava em duas ocasiões: Quando os processos sucessórios coincidiam com reconhecimento de poderes e quando o Catete não tinha uma oligarquia regional que o sustentasse. O controle do parlamento era muito disputado. O Executivo também tinha uma parcela de hegemonia, ele era fundamental nos processos sucessórios pois tinha poder de veto sobre os nomes E de intervenção no Parlamento. Outros instrumentos hegemonia do Estado era o recurso intervencionista disponibilizado pela constituição de 1891. O princípio era de não intervenção para manter a autonomia dos Estados, porém por estar minimamente institucionalizada na Constituição abria espaço para que o governo desrespeitasse por várias vezes; lhe reservando uma soberania a ser utilizada sempre que necessário. As sucessões eram ocasiões propícias para essa intervenção, mas quanto maior o estado menos intervenção do Catete, mesmo que não estivessem isentos; nos pequenos Estados, o Catete pode controlar o acesso de poder segundo seus interesses. Outro indício de força de um estado era o seu controle interno, pois quanto mais coeso ele fosse internamente menor era possibilidade sofrer intervenção Federal Outro ator político de grande importância foi o exército nacional. Atuou de forma intensa em 7 dos 13 processos acessórios, ou fortaleceu candidatos ou reforçou as oposições. Muito embora tenha funcionado como caixa de ressonância de grupos oligárquicos ou de setores emergentes. Atuarão também nos interesses da corporação reforçando a composição de eixos alternativos às tentativas de monopolização do poder. O papel do estado e o do exército foi inversamente proporcional ao poder dos estados-atores hegemônicos. Minas e São Paulo dominaram a ocupação da cadeira presidencial sendo 70% dos presidentes vivos desses dois estados. SP ocupou por mais vezes a Presidência( 6 Contra 3), isso se deve as ausências de concorrentes na primeira década republicana, quando Minas, Rio Grande, Rio de Janeiro e Bahia viviam disputas internas. passada esta fase, todas as tentativas monopolização foram contestada pelos demais estados b) 2º Princípio Norteador: Existe uma renovação parcial entre os atores, rejeitando-se atitudes monopólicas. A garantia de renovação parcial dos atores implicava na ocupação do Poder Executivo e Legislativo pelos Estados hegemônicos, impedindo a monopolização deles e abrindo espaçode participação parcial. A monopolização, a simples exclusão ou mero revezamento excludente seriam fatores de abalos do regime. A renovação do Poder passava pelas suas ações presidenciais. O funcionamento das instituições democráticas eleitorais fazia com que a verdadeira disputa no mercado político pelo poder se desse não durante as eleições, mas na fase de indicação do nome e o seu acatamento pelas lideranças dos Estados. Cada sucessão implicava na realocação de cargos e na redistribuição de poder. os elos formados pelos principais estados eram de caráter pragmático, com coalizões provisórias, e se desfazem de acordo com a conjuntura. Não se tinha grupos duráveis, dando ao regime um grau de competitividade muito baixa. Como a escolha do presidente acontecia informalmente por um reduzido e seleto grupo de atores, o destino da federação era decidido por poucos. Este mecanismo escapava a institucionalidade posta em vigor em 1891, causando um distanciamento do Brasil legal e o real encurtado por atalhos que davam às sucessões um grau de formalidade. Os políticos do Norte tinham noção do seu papel na definição de candidaturas presidenciais, entendendo que o poder de interferência dos pequenos Estados era bastante reduzido. Aqueles que lideravam estes processos eram as lideranças dos grandes e médios Estados, o Parlamento, o presidente da república e alguns ministros. Em alguns momentos, o reconhecimento dos mandatos dos deputados federais coincidia com as discussões sucessórias, e quando isso ocorria o reconhecimento era objeto de acirradas lutas políticas; sendo o reconhecimento desses poderes feito posteriormente aos eventos sucessórios, alguns servem até como mecanismo de punição das oposições. A ausência de reconhecimento prévio à escolha das candidaturas presidenciais atuou como mais um elemento disfuncional do regime, abrindo espaço para a emergência de candidaturas de oposição. As sucessões presidenciais obedeciam a um ritual próprio; após o segundo ano de gestão se iniciavam as articulações, que duravam em média seis meses. Nomes dos candidatos deveriam ter apoio de outros estados que não fosse o seu de origem, mostrando que ali havia uma aliança construída. Não podia ser lançado muito precocemente, pois teria mais tempo para ser desgastado pelos opositores; e nem muito tarde, pois os estados-atores poderiam já estar comprometidos com outros nomes. Um ponto importante de inibição da monopolização da presidência era o mecanismo que proibia a reeleição, assim, Estados tinham que barganhar a cada 4 anos. Apesar de que havia exemplos contrários a isso, E também o Inconveniente do Catete poderia intervir no processo de sua sucessão. O fato da eleição ser decidida antes de ir às ruas se refletiu no nível baixo de competitividade eleitoral que resultou em uma desmobilização e apatia política. As votações que tiveram um maior nível de competitividade foram as que tiveram candidaturas de oposição e que dividiram equitativamente os estados. As demais foram quase unânimes. Princípio de renovação parcial dos Estados atores não criou mecanismos para acoplar setores excluídos ou emergentes, sendo esse um dos elementos responsáveis pelo progressivo desgaste do regime. O fato dos excluídos não serem integrados ao poder não significava que eles deixassem de contestar. c) 3º Princípio Norteador: As raízes da dissolução do regime se encontram na sua incapacidade de manter as bases da hierarquia e de preservar a sua parcial renovação. Os atores hegemônicos julgavam como natural a exclusão das maiorias, fazendo com que eles rejeitassem qualquer reação contrária por parte dos excluídos. Mesmo se esforçando para afastá-los do mercado político, em quase todos os processos sucessórios analisados os excluídos tentaram formar eixos alternativos ao poder dominante. As contestações assumiram várias formas de manifestação, a mais comum era de não acatamento do nome que resultava na disputa eleitoral (o resultado era previsível). Outra forma de manifestação era o protesto contra os resultados eleitorais após a divulgação, esses tinham três formas diferentes: a denúncia da fraude eleitoral pela imprensa; a batalha jurídica; e a revolução armada (Revolução de 30). As sucessões que não sofreram algum tipo de contestação quer dizer que o peso dessa disputa se concentrou previamente na escolha do candidato. 12 sucessões ocorridas, menos de 30% delas não sofreram nenhum tipo de contestação ou não tiveram uma árdua disputa prévia. Foram elas a de Floriano Peixoto (nenhum outro estado ousava ameaçar a hegemonia Paulista); a de Wenceslau Brás e a de Artur Bernardes (As únicas que reuniram em torno de seus candidatos os principais estados). Uma sucessão com disputa prévia significava um maior fator de instabilidade. A “política dos estados” de Campos Sales, que é interpretada como quem garantiu a estabilidade do regime, não teve relação com sucessões presidenciais, na medida em que não previu mecanismos inibidores desses conflitos. Após o pacto oligárquico (1898-1902) as sucessões presidenciais continuaram a ter instabilidades. O fortalecimento da ação alternativa oposicionista (do protesto a mão armada) contribuiu para um lento desgaste das bases do regime, sendo ela derivada do desgaste dos dois princípios norteadores anteriores. O marco da estabilização do regime foi a sucessão de Rodrigues Alves, quando houve uma aliança entre os estados mais hegemônicos do país. O fim desse modelo cidade a partir da década de 20 quando suas regras começam a ser abaladas. No entanto, o regime teve fôlego durante toda a década de 30, sendo a Revolução de 30 uma reação armada a mais um jogo sucessório. 1) Dos Governos Militares à Estabilização da República a) A sucessão de Rodrigues Alves Com a proclamação da república, o poder foi entregue a uma aliança civil-militar em que as elites oligárquicas Paulistas foram o setor dinâmico e mais organizado. Após uma curta e tumultuada gestão militar (1889-1894), o controle sobre o regime passou a ser gerido por três presidentes paulistas: Prudente de Morais,Campos Sales e Rodrigues Alves. A proeminência Partido Republicano Paulista sobre os se explicava pelas disputas oligarquias nos demais estados, como: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul. a hegemonia Paulista sobre a República começou a ser contestada somente quando essas unidades federadas. A vitoriosa da candidatura de Afonso Pena (primeiro presidente vindo de MG) foi o que gerou a aliança entre MG, RS, BA e RJ, reunidos em uma agremiação provisória chamada de “O bloco”; contra a promulgação de SP no poder. A candidatura de Afonso Pena não resultou de seus compromissos em executar a primeira política de valorização do café, pois quando o Convênio começou a ser discutido a candidatura já estava consolidada. Além de que a alternativa paulista também possuía um discurso protecionista ao café, não foi encontrado nenhum indício que relacionava a candidatura de pena ao Convênio de Taubaté. A sucessão de Rodrigues Alves foi umexemplo fundador de uma nova ordem republicana, a partir desse evento, os paulistas se afastaram das disputas federais e permaneceram um período no ostracismo. b) O Convênio de Taubaté Grande parte dos trabalhos afirmam que a primeira política de valorização do café se deu pelos interesses prioritariamente dos paulistas; mas ela conclui que: a participação dos três estados pactuantes no convênio (MG, RJ e SP) estavam ligadas com a produção e comercialização de café de cada um. O envolvimento está relacionado ao grau de importância que o café possui para a economia desses Estados e também pelos níveis de dependência das receitas fiscais em relação ao produto, e também a pressão política exercida pelos setores interessados. Em Minas, havia um maior nível de dinamicidade de sua economia cafeeira e os interesses da política de proteção tendiam a ser compartilhados. Em RJ, apesar da sua cafeicultura apresentar decadência, havia um comprometimento muito grande em relação à receita fiscal com café. A relação do governo federal com convênio pode ser avaliada como cheio de restrições, pois sofria pressões dos cafeicultores em prol da realização, e de outros setores que se opunham ou se mantinham resistente à operação. E também atender os seus próprios interesses e nem sempre coincidiam com os das unidades federadas. No interior do sistema cafeicultural, os interesses não eram homogêneos, se diferenciavam de acordo com a posição dos agentes econômicos. Levavam em conta os interesses dos credores internacionais e seus países. Mesmo São Paulo tendo sido o que mais investiu na viabilização do convênio, MG e RJ também participaram da operação. Eles somaram esforços às iniciativas paulistas e o preço dessas contribuições foi proporcional ao interesse de suas elites políticas em preservar as finanças públicas. SP tinha condições econômicas de viabilizar sozinho a operação, porém não o tinha em termos políticos. Refém da União em função da crise de preços do café, qualquer ação relativa ao produto estava condicionado ao governo federal. Somente com apoio da União, SP poderia levar o programa para frente. c) A sucessão de Afonso Pena Os trabalhos sobre primeira república veem a candidatura José Afonso Pena como algo excepcional, pois teria sido rompida pela primeira vez uma aliança Germânica entre Minas Gerais e São Paulo resultando em uma das eleições mais disputadas da República ( da Fonseca x Rui Barbosa - 1910). Alguns trabalhos são quase unânimes ao afirmar que o fracasso de Davi Campista foi o principal fator da inviabilização da Aliança MG-SP, porém a sucessão de Afonso Pena reeditou uma aliança estabelecida previamente, entre MG, RS, BA e RJ sobre novos patamares. A sucessão de 1910 foi marcada por uma nova da Rota de São Paulo, que já estava mais frágil e menos autônoma, e acabou se jogando em uma aventura oposicionista, se submetendo ao risco de ter uma presidência militar gaúcha. A rejeição de Campista partir de dois setores: 1. A situação mineira ( os coronéis mineiros não viam nele um representante de seus interesses); 2. Os membros do bloco (Coronéis do bloco o rejeitavam enquanto símbolo de continuidade mineira no poder). Todas as tentativas de algum estado de se manter no poder enfrentam oposição dos demais. Nesse caso, os grandes e médio estados, junto com o exército, tentaram impedir que a hegemonia mineira fosse prorrogada. SP tentou uma aliança com MG para ampliar sua participação no poder para garantir o cumprimento das prerrogativas ligadas ao Convênio de Taubaté. Trocou seu apoio a Campista pelo endosso federal ao empréstimo que viabiliza a realização do Convênio. MG estava dividida em dois grupos: um ligado à candidatura de Campista e outro de oposição. SP optou pelo primeiro e foi derrotada. Diante da falência do Campista, restou a São Paulo apostar em um nome de oposição (Rui Barbosa). d) A política Salvacionista e a sucessão de Hermes da Fonseca A sucessão de Hermes da Fonseca é um momento visto como responsável pelo resgate da aliança entre MG e SP, durante a sucessão anterior e reeditada pelo pacto de Ouro Fino. O acordo resultou na rejeição da candidatura do gaúcho Pinheiro Machado, na divisão do grupo de sustentação do governo Hermes em duas correntes (coligados e persistentes). Lançaram a candidatura de Wenceslau Braz. As pesquisas da autora demonstraram algumas inconsistências em relação ao Pacto, principalmente sobre a candidatura de Pinheiro Machado e a data em que foi realizado. A candidatura de Wenceslau Braz foi resultado da conciliação entre as partes em luta e não uma vitória de mineiros e paulistas sobre o Rio Grande do Sul. O retorno dos paulistas na política nacional só foi possível pela fragilização política do Rio Grande do Sul, ocorrida por razão da oposição travada contra ele por parte dos militares. A partir dessa sucessão, SP passa a fazer parte do grupo de estados com os quais Minas estabeleceu alianças políticas. Esse fato teve clara relação com o aumento do grau de competitividade da disputa prévia, resultando em dois fatores inter relacionados: a presença de um novo ator, o exército, e a fragilização de um deles, o RS. e) A sucessão de Wenceslau Brás (1918) Essa sucessão foi dupla. Primeiro, Rodrigues Alves foi escolhido novamente, só que veio a falecer antes de assumir. Depois, foi escolhido a paraibana Epitácio Pessoa. A pesquisa pretendeu comprovar que, embora São Paulo tenha se tornado um importante aliado de Minas, essa aliança não se deu de forma exclusivista e nem foi isenta de fragilidades. Os estados que MG mantinha alianças históricas continuam a fazer parte de seu leque de alianças preferenciais. Ausência de disputas prévias a escolha de R. Alves pode ser que cada por duas razões: 1. O abalo sofrido pelo RS em seu desempenho nacional, após a morte de Pinheiro Machado; e 2. A diminuição do número de políticos habilitados para concorrerem ao cargo (ou eram muito velhos ou muito novos). Sobre a segunda sucessão, o nome de Epitácio resultou de um acordo entre os grandes e mede os estados onde o apoio de Minas ao veto do RS às pretensões hegemônicas paulistas foi fundamental para a definição de candidatura do líder paraibano, Essas coisas expressou dificuldades no relacionamento entre MG e SP. O nome de Epitácio foi escolhido por um acordo interno entre os Estados, mesmo com a posição mineiro-gaúcha contra o nome paulista. 2) Da Estabilização à Crise Oligárquica a) A sucessão de Epitácio Pessoa A sucessão de Epitácio Pessoa (1922) teve um elemento excepcional: O processo sucessório foi coordenado por um presidente que não tinha um grande estado atrás de si. A candidatura situacionista de Arthur Bernardes contou com um opositor de peso, Nilo Peçanha, sustentado por importantes oligarquias (Reação Republicana). Pela primeira vez, as alianças foram compostas por base em programas de governo diferentes entre si. Essa diferenciação deriva da emergência de novos atores políticos. Pela primeira vez, a posse do presidente eleito foi efetivamente ameaçada, em razão da oposição do exército.Se não fosse a poderosa aliança entre MG e SP e a garantia de apoio do Catete, Bernardes não conseguiria ser empossado. O desencadeamento da Reação Republicana foi Minas impor um candidato situacionista respaldado pelo controle do Executivo Federal e pela aliança com o SP. Ela veio do protesto de alguns setores oligárquicos que se sentiram injustiçados pela quebra das regras sucessórias. Atribuímos o advento dela a tentativa de se criar um eixo alternativo à aliança MG-SP. A não incorporação de elementos renovadores que emergiram no cenário político implicou na agudização das reações oposicionistas, fragilizando as bases do pacto. A Reação Republicana introduziu algumas alterações na prática política republicana, contribuindo para o seu progressivo esgotamento. b) A Revolução de 30 A Revolução de 30 foi como uma ruptura da aliança conjuntural entre MG e SP (Concretizada na associação de Epitácio e fim da antes de completar a segunda gestão governamental). O período foi mais uma fase do progressivos orçamento do modelo sucessório a principal razão seus tratamento foram as tentativas de monopolização Por parte dos principais estados-atores. MG tem como utilizar todo espaço de poder disponível durante o governo de Epitácio. Uma aliança Mineiro Paulista, de caráter positivista, havia monopolizado o processo sucessório, garantido eleição Bernardes. Os governos de Bernardes e Washington Luiz foram monopolizados por Minas e São Paulo respectivamente, contribuindo para a fragilização do pacto inter-elitista. O processo relativo ao evento social de 30 teve duas conjunturas diferentes: 1. A ruptura da aliança entre MG e SP (ponto culminante na associação de Washington Luís, em 1929); 2. Reação armada, após a eleição presidencial, que se configurou na Revolução de 30. A indicação de Júlio Prestes como sucessor de WS consistiu na culminância de um processo de esvaziamento progressivo da Aliança MG e SP. As razões para o esvaziamento foram: a) o distanciamento do desenvolvimento econômico de SP em relação ao conjunto da nação; b) o interesse de SP em exercer a hegemonia política, já que se sentia sub-representado. MG passou a ser seu principal obstáculo. O evento revolucionário foi provocado como reação à tentativa paulista de intervenção sobre a autonomia dos Estados vencidos, se configurando na quebra das regras de distribuição de poder. Ao assumir o controle do novo regime, SP procurou eliminar os vencidos intervindo diretamente sobre suas políticas internas. A reação armada conduzida pelos estados vitimados pela ruptura das regras do federalismo desigual (MG e RS) não se deu com o objetivo de romper o pacto oligárquico, mas resgatá-lo. O único elemento realmente novo nesse evento sucessório foi o fato dos derrotados terem apelado para a solução revolucionária. A autora discorda das análises que importam a Revolução de 30 como um divisor de água entre dois países: anterior, de caráter agrário, oligárquico, descentralizado e liberal; e o outro posterior, de caráter Urbano, burguês, centralizado e estatista. O estado antes de 30 já continha esses elementos tipificados como posterior à Revolução; ao mesmo tempo, o estado varguista seria bem marcado pela continuidade do passado oligárquico. Ao analisar este regime político que durou 41 anos a autora fala sobre o questionamento que vem a sua mente: quando, a quem coube e a quem servia a interpretação do modelo político Republicano Como tem sido fundamentado pela política do “café-com-leite”? Ela aponta algumas pesquisas acerca da origem da expressão apontando para os anos 20. como: um maxixe de 1926 que continha referências aproximadas; um samba de Noel Rosa de 1934 que fazia referências ao fato de Minas produzir leite e São Paulo o café; e antes das canções, um cartum divulgado pela Imprensa em 1929 que também tinha referências indiretas à expressão. Mas não se sabe ao certo como ela se tornou difundida. A hipótese da autora é que a expressão tenha sido divulgada pelo regime Vargas, com fim de desqualificar a República Velha.
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