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��������� � �� ��� ������������ ������� ���� ���������������� � �� ������� �� � �������� ��� ����������� �� ����� �� �������� ��������������� � ������������� S623 Sistemas de produção [recurso eletrônico] : conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta / Junico Antunes ... [et al.]. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2008. Editado também como livro impresso em 2008. ISBN 978-85-7780-249-4 1. Administração. 2. Gestão da Produção. I. Antunes, Junico. CDU 658.5 Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023 110 � Sistemas de Produção ( 4.5 ) Conceitos fundamentais para o entendimento profundo da função processo: os gargalos e os CCRs Um dos pontos centrais para aprofundar o entendimento do comportamento da função processo consiste em diferenciar dois tipos de recursos que restrin- gem os fluxos de materiais nos sistema produtivos e, portanto, o desempenho econômico-financeiro da empresa de maneira global: os gargalos e os recursos com capacidade restrita (os chamados capacity constraints resources – CCRs). De outra parte, no cotidiano das empresas industriais é comum ouvir dos profissionais que lá atuam que os gargalos produtivos mudam com freqüên- cia, praticamente todos os dias. Seria esta uma afirmação correta? Para res- ponder a esta pergunta, torna-se necessário apresentar formalmente os con- ceitos de gargalos e CCRs. Os gargalos se constituem nos recursos cuja capacidade disponível é me- nor do que a capacidade necessária para atender às ordens demandadas pelo mercado, ou seja, são recursos cuja capacidade instalada é inferior à demanda do mercado no período de tempo, geralmente longo, considerado para análise. Caso existam vários recursos que possuem capacidade inferior à sua demanda, o gargalo principal será aquele recurso que se encontra com valores de déficit de capacidade mais negativos. Algumas características relacionadas ao gargalo são: � na prática, se a curto prazo não forem realizadas atividades de melhorias, os gargalos tendem a permanecer no mesmo lugar. Ou seja, o conceito de gargalo é de cunho estrutural. Importante ressaltar que, embora cientifi- camente seja necessário reavaliar os gargalos quando ocorrem variações em termos da demanda total e/ou do mix (composto) de produtos, no co- tidiano das empresas existe uma tendência para que os gargalos não se modifiquem significativamente em função de aspectos relacionados ao des- balanceamento real (cotidiano) das capacidades dos postos de trabalho; � os gargalos existentes na fábrica tendem a ser poucos e, muitas vezes, po- dem se reduzir a somente um por um período considerável de tempo; � para que o gargalo seja modificado, são possíveis tanto ações que permi- tam aumentar a capacidade do recurso, como ações para reduzir a deman- da dos produtos que passam por este recurso. No Capítulo 6 serão tratados em detalhes os aspectos relativos ao cálculo técnico dos gargalos e os desdobramentos necessários para melhorar estrutu- ralmente o seu desempenho. Já os CCRs são aqueles recursos que, em média, têm capacidade superior à necessária, mas que em função das variabilidades que ocorrem nos sistemas produtivos ou devido a variações significativas da demanda, podem conjun- turalmente apresentar restrições de capacidade. Teoria das Restrições: Aprofundando a Compreensão do Mecanismo... � 111 Algumas das causas que produzem variabilidades nos sistemas produtivos e que, portanto, são CCRs, são: � problemas associados a deficiências no processo de seqüenciamento da produção. Esta é uma das causas raízes mais freqüentes dos CCRs, em função das dificuldades objetivas que as empresas têm de realizar um se- qüenciamento eficaz de seus recursos produtivos em função de fatores como: paradas não programadas; variação do mix (composto) de produ- tos; alterações freqüentes nas demandas do cliente e no plano mestre de produção; e a dificuldade que as ferramentas de seqüenciamento possuem em tratar este problema; � problemas relativos a manutenção; � questões associadas a tempos de setup que apresentam “anomalias”, ou seja, tempos reais de preparação muito acima dos tempos hipotéticos a partir dos quais a programação foi realizada; � tópicos relacionados a problemas de fornecimento de matérias-primas, com- ponentes e materiais; � problemas associados à qualidade dos produtos (por exemplo: defeitos e retrabalhos); � variabilidade e sazonalidades da demanda, tais como compras concentra- das no final do mês ou em períodos e datas específicas (feriados comemo- rativos, por exemplo). As caracteríticas que definem os CCRs de modo mais direto podem ser compreendidas a partir dos seguintes pontos: � os CCRs são conjunturais. Neste sentido, tendem a ocorrer ao lado de um conjunto significativo de recursos que, ao longo do tempo considerado, podem mudar com freqüência. Este fato, intrínseco aos CCRs, é que gera a percepção “errônea” de que os gargalos estão todo o tempo “flutuando” – ou seja, mudando de lugar – na fábrica; � os CCRs estão diretamente relacionados às variabilidades nos sistemas pro- dutivos e/ou grandes variações de demanda que lhes são impostas. Neste sentido, necessitam ser geridos visando à eliminação sistemática destas múltiplas fontes de variação. Isto pode ser obtido através de ações como: i) padronização das preparações; ii) melhorias e padronização das ações da manutenção, visando a aumentar a confiabilidade dos equipamentos; iii) garantia de formas eficazes de sincronização da produção; iv) aumento da confiabilidade no fornecimento de peças; v) nivelamento de capacidade e demanda, antecipando (ou postergando) a produção de peças para alguns pedidos com data de entrega no período crítico. Uma consideração final relevante sobre o tema refere-se à necessidade (ou não) da realização de investimentos para melhorar o desempenho dos garga- 112 � Sistemas de Produção los e dos CCRs. No caso do gargalo, que é um fenômeno de cunho estrutural, tende a ser necessária a realização de algum tipo de investimento em melho- rias. Em um conjunto significativo de casos, estes investimentos podem ser baixos, estando associados às melhores práticas, métodos e técnicas do Siste- ma Toyota de Produção (por exemplo: através da utilização do método da troca rápida de ferramentas – TRF). Em outros casos, são necessários investimentos maiores, visando a aquisição de ativos fixos em forma de máquinas e equipa- mentos. Do mesmo modo, a criação de novos turnos de trabalho poderá ser uma solução viável (utilizando-se horários de paradas para refeições, outras paradas programadas ou mesmo acrescentando turnos-extra). Já no caso dos recursos CCRs, é um equívoco a aquisição, por exemplo, de equipamentos/máquinas, visando equacionar os problemas conjunturais que existem nos sistema produtivos. No caso dos CCRs, a idéia básica consiste em gerir de forma cada vez mais eficiente os recursos já existentes, uma vez que os problemas existentes normalmente podem ser resolvidos sem a aquisição de novos ativos. Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os problemas de CCRs são fáceis de resolver. Por exemplo, a questão da programação e se- qüenciamento da produção em fábricas complexas é muito difícil de ser solu- cionada com as ferramentas usualmente existentes (MRP, Kanban etc.). Neste caso, é possível que seja necessária a aquisição de ferramentas/softwares que possam contribuir para o equacionamento dos problemas. No entanto, os in- vestimentos nos CCRs não devem ser associados ao incremento da capacidade, na medida em que ela já está disponível na fábrica (no caso em que não existe nenhum recurso com capacidade total inferior à demanda média). ( 4.6 ) Os cinco passos da TOC visando ao atingimento da meta Visando atingir a meta nas empresas industriais, a TOC propõe a utilização de cinco passos globais, descritos sucintamente a seguir: � PPPPPasasasasasso 1 so 1 so 1 so 1 so 1 – Identificar as restrições do sistema. As restrições podem ser internas ou externas.Quando a demanda total de um dado mix de produ- tos é maior do que a capacidade da fábrica, diz-se que há um gargalo de produção. Trata-se de uma questão estrutural do sistema produtivo. Cabe ressaltar que, neste caso, a capacidade da fábrica é igual à capacidade dos gargalos. Quando a capacidade de produção é superior à demanda de pro- dução, a restrição é externa ao sistema produtivo, ou seja, a restrição está relacionada ao mercado. Além disso, quando a capacidade dos fornecedores é inferior à necessidade da empresa, então a restrição é também externa. � PPPPPasasasasasso 2 so 2 so 2 so 2 so 2 – Utilizar da melhor forma possível as restrições do sistema. Se a restrição é interna à fábrica, ou sejam se existem gargalos, a melhor deci- são consiste em maximizar o ganho nos gargalos. No caso de a restrição ser externa ao sistema em um dado tempo, não existem gargalos na fábri- Teoria das Restrições: Aprofundando a Compreensão do Mecanismo... � 113 Engenharia de produção na prática O caso da seqüência: diferença entre gargalo e CCRs Por exemplo, suponha que um dado recurso tenha uma demanda de seis horas e uma capacidade instalada de oito horas. Obviamente, tal recurso não se constitui em um gargalo, dado que a capacidade é nitidamente superior à demanda. Porém, suponha que um dado fornecedor atrase em três horas o material necessário para viabilizar a produção neste recurso. Neste caso, este recurso passará a restringir o desempenho econômico do sistema, uma vez que, das oito horas de capacidade, somente cinco horas poderão ser uti- lizadas. Porém, trata-se de um aspecto tipicamente conjuntural relativo à gestão do sistema. ca, e, portanto, o ganho estará limitado pelas restrições do mercado. Ob- serve que neste passo trabalha-se de forma associada com as restrições físicas do sistema e a lógica dos indicadores de desempenho. Os passos um e dois estão diretamente relacionados ao chamado “mundo dos ganhos”. � PPPPPasasasasasso 3 so 3 so 3 so 3 so 3 – Subordinar todos os demais recursos à decisão tomada no passo dois. A lógica deste passo, independentemente da restrição ser externa ou interna, consiste no interesse de reduzir ao máximo os investimentos e as despesas operacionais, e ao mesmo tempo garantir o ganho teórico máxi- mo do sistema de produção, definido a partir da utilização do passo dois. A redução ao máximo dos investimentos e despesas operacionais depende de uma gestão eficaz dos estoques, visando a sua redução sistemática. Ga- rantir o máximo ganho depende da redução da variabilidade do sistema, o que pode também ser conseguido pela correta gestão dos estoques. As preo- cupações do passo três estão baseadas no chamado “mundo dos custos”, embora uma parte das preocupações, mais especificamente a redução da variabilidade dos gargalos e dos CCRs, também seja importante para su- portar melhorias no “mundo dos ganhos”. � PPPPPasasasasasso 4 so 4 so 4 so 4 so 4 – Elevar a capacidade das restrições. Se a restrição for interna (gargalo), a idéia consiste em aumentar a capacidade de produção dos gar- galos ou reduzir a demanda de tempo dos produtos. Este passo pode ser levado adiante pela adoção de uma série de ações físicas sobre o sistema, como, por exemplo, aumento da eficiência do gargalo, compra de máqui- nas (recursos), redução dos tempos de preparação no gargalo etc. Se as restrições forem externas, são necessárias ações diretamente vinculadas ao aumento da demanda no mercado e/ou à política de preços. Isto pode implicar, por exemplo, ações de marketing visando a segmentação de mer- cados, alteração no preço dos produtos baseada na elasticidade de deman- 114 � Sistemas de Produção da, criação de novos produtos etc. Novamente, é um passo diretamente relacionado ao chamado “mundo dos ganhos”. � PPPPPasasasasasso 5 so 5 so 5 so 5 so 5 – Voltar ao passo um, não deixando que a inércia tome conta do sistema. Ao levantar-se as capacidades das restrições de um dado sistema produtivo a um nível superior ao da demanda para aqueles recursos, é possível que novas restrições apareçam, internas ou externas. Isto implica a necessidade de analisar novamente o sistema como um todo. Os passos quatro e cinco são muito importantes, porque deixam claro o caráter de melhorias contínuas buscadas pela TOC. Na abordagem da TOC, as melho- rias não devem ter fim, ou seja, a TOC visa um processo de mudanças contínuas, na busca permanente e sistemática da meta global do sistema. É interessante compreender os cinco passos propostos por Goldratt a par- tir da lógica de gestão de rotinas, de melhorias e da inovação: � a proposta da TOC para a gestão da rotina nos sistemas de produção é feita através da utilização conjunta dos passos 1, 2 e 3. A racionalidade utilizada combina: a descoberta das restrições físicas ou de mercado do sistema, pela aplicação do passo um; a melhor utilização econômica das restrições, no caso das mesmas serem internas ao sistema, através da utilização do passo 2; e a busca de um eficiente gerenciamento das variabilidades do sistema em função da utilização conveniente de estoques, ou seja, utilizar proteções (“pulmões”) estrategicamente posicionados. � A proposta da TOC para a execução da gestão das melhorias está baseada na utilização conjunta dos cinco passos. A gestão das melhorias envolve todos os passos da TOC, o que demonstra a maior complexidade gerencial envolvida neste processo. As ações relacionadas ao passo quatro podem envolver uma ampla gama de soluções, que vão desde mudanças na tecno- logia dos processos de fabricação (tecnologias específicas, como este tipo de situação é denominado no Japão), passando pela possibilidade de aqui- sição de máquinas, chegando à utilização de técnicas tipicamente prove- nientes do Sistema Toyota de Produção, como, por exemplo, a troca rápida de ferramentas. Pode haver grande necessidade de simular os novos siste- mas gerados a partir das técnicas utilizadas no passo quatro, no caso dos investimentos envolvidos serem vultosos, ou, pelo contrário, inexistente, caso as soluções envolvidas sejam de muito baixo custo. Evidentemente, privilegiar as ações de retorno de investimento mais rápido faz parte da lógica da TOC. � Do ponto de vista da Administração da Produção, o envolvimento da TOC, no que tange aos aspectos diretamente envolvidos com a gestão da inovação, não é tão explícito quanto a gestão das rotinas e das me- lhorias, porém é relevante discutí-lo. Quando as restrições são exter- nas, a TOC deve apoiar-se diretamente na gestão da inovação, especial- mente no que tange a estratégias de mercado (por exemplo, marketing Teoria das Restrições: Aprofundando a Compreensão do Mecanismo... � 115 e política de preços) e ao desenvolvimento de novos produtos. Quando as restrições são internas, e a empresa prevê necessidades estratégicas (como lançamento de novos produtos, novos processos de fabricação ou adoção de novas lógicas de segmentação do mercado), um olhar sobre o sistema à luz da TOC é importante, na medida em que ocorrerão mo- dificações nos ganhos previstos, nos investimentos, nas despesas ope- racionais e nas restrições gerais do sistema (físicas, financeiras, etc.). Isto implica que, neste caso, a utilização da TOC pode ser feita de forma muito similar àquela proposta pela gestão das melhorias. Pode-se dizer que a gestão da inovação é uma forma mais radical de gestão das mu- danças necessárias do que a gestão das melhorias. ( 4.7 ) Os princípios básicos da manufatura sincronizada Os princípios básicos da manufatura sincronizada, derivados dos cinco passos gerais preconizados pela Teoria das Restrições, serão apresentados a partir de Umble e Srikanth (1990): � PrimeirPrimeirPrimeirPrimeirPrimeiro princípio da manufo princípio da manufo princípio da manufo princípio da manufo princípio da manufaturaturaturaturatura sincra sincra sincra sincra sincronizada:onizada:onizada:onizada:onizada: não fnão fnão fnão fnão focococococar o balan-ar o balan-ar o balan-ar o balan-ar o balan- ccccceamenteamenteamenteamenteamentodas co das co das co das co das capacidades, fapacidades, fapacidades, fapacidades, fapacidades, focococococar a sincrar a sincrar a sincrar a sincrar a sincronização do fluxonização do fluxonização do fluxonização do fluxonização do fluxooooo. Nas fábri- cas reais as capacidades individuais dos postos de trabalho não são balan- ceadas. Esta falta de balanceamento decorre de alguns fatos, tais como: i) a capacidade é comprada via incrementos finitos; ii) O fato de existirem em todas as empresas flutuações estatísticas e eventos dependentes leva os gestores das fábricas a tornar suas plantas desbalanceadas.* Sendo as- sim, os gestores são obrigados a atuar em plantas estruturalmente desba- lanceadas em relação à capacidade. A idéia da manufatura sincronizada, partindo do reconhecimento de que as plantas reais são estruturalmente desbalanceadas, consiste em propor a necessidade de focar os esforços na sincronização do fluxo dos objetos de trabalho, e não no balanceamento das capacidades. Esta posição está respaldada, do ponto de vista econômi- co, pelos princípios dois e três da manufatura sincronizada, que serão dis- cutidos a seguir. � Segundo princípio da manufSegundo princípio da manufSegundo princípio da manufSegundo princípio da manufSegundo princípio da manufaturaturaturaturatura sincra sincra sincra sincra sincronizada:onizada:onizada:onizada:onizada: o vo vo vo vo valalalalalor maror maror maror maror marginal doginal doginal doginal doginal do tttttempo nos rempo nos rempo nos rempo nos rempo nos recurecurecurecurecursos garsos garsos garsos garsos gargalgalgalgalgalos é igual à tos é igual à tos é igual à tos é igual à tos é igual à taxa de ganho dos praxa de ganho dos praxa de ganho dos praxa de ganho dos praxa de ganho dos produtodutodutodutodutososososos prprprprprocococococesesesesessados pelsados pelsados pelsados pelsados pelos garos garos garos garos gargalgalgalgalgalososososos. A capacidade global da fábrica é igual à * Além dos fatos expostos acima, podem-se citar outras causas para o desbalanceamento das fábricas, tais como: alteração das capacidades quando ocorre alteração no mix de produção, a existência de máquinas compradas com capacidade superior às demais, distintos níveis de eficiência operacional das máquinas, performance de qualidade e tempos de setup diferencia- dos, entre outras. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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