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Hormônio paratireóideo, calcitonina, metabolismo do cálcio e do fosfato, vitamina D, ossos Índice-chave: 1 – Visão geral da regulação de cálcio e fosfato no líquido extracelular e no plasma; 2 – O osso e sua relação com o cálcio e fosfato extracelular; 3 – Vitamina D; 4 – Hormônio paratireóideo; 5 – Calcitonina; Cerca de 0,1% do cálcio se encontra no líquido extracelular, 1% nas células e 98,9% nos ossos. O cálcio desempenha diversas funções no organismo, participa da contração muscular, da condução nervosa, da composição dos ossos e dentes. Cerca de 15% do fosfato se encontra nas células, 1% no líquido extracelular e 85% nos ossos. O metabolismo do fosfato está muito relacionado ao metabolismo do cálcio. Cálcio no plasma e no líquido intersticial No plasma, o cálcio apresenta-se de três formas: ligado a proteínas plasmáticas que não atravessam os capilares; ligados a íons negativos como fosfato, citrato; difundidos ou na forma de íons, que são os mais importantes no metabolismo. Cerca 4,8 mmol/dl de cálcio encontra-se no líquido intersticial e plasma na forma de íon. Fosfato no plasma e no líquido intersticial No plasma, o fosfato apresenta-se sob a forma de HPO4— ou H2PO4-. Em condições alcalinas, a concentração de HPO4— aumenta em comparação ao H2PO4-; já em condições ácidas, o contrário ocorre. Cerca de 3,2 mg/dl encontra-se de HPO4—e 0,8 mg/dl de H2PO4- no plasma e interstício. Efeitos fisiológicos não-ósseos das concentrações alteradas de cálcio e fosfato nos líquidos corporais - Hipocalcemia: provoca uma excitabilidade do sistema nervoso, provocando potenciais de ação espontâneos nos músculos periféricos, gerando tetania. O principal sintoma é o espasmo carpopedal. A hipocalcemia já começa quando o cálcio chega a 6mg/dl, em 4mg/dl já é uma condição fatal. - Hipercalcemia: a hipercalcemia gera uma depressão do sistema nervoso, fazendo com que não haja propagação do impulso, isso lentifica os reflexos nervosos, promove uma diminuição da curva QT de despolarização e repolarização ventricular; constipação intestinal e falta de apetite. Em níveis acima de 17mg/dl é fatal. Absorção e excreção de cálcio e fósforo Cerca de 1000mg/dl de cálcio e fosfato é ingerido diariamente, sendo mais ou menos equivalente a 1L de leite por dia. No intestino, o fosfato é absorvido facilmente, contudo o cálcio possui pouca absorção, sendo que 35% (350mg/dl) do consumo diário de cálcio é absorvido por meio da vitamina D, 250mg/dl é absorvido diretamente por difusão e o resto é excretado nas fezes e na urina, sendo 90% nas fezes e 10% na urina. Nos rins, o cálcio é 99% reabsorvido após passar pelos nefrons, tendo uma absorção maior nos túbulos proximais (90%) e uma absorção menor nos túbulos distais (10%), que são controlados pelo paratormônio. O fosfato é controlado por um mecanismo de transbordamento, quanto maior a concentração de fosfato no plasma, mais ele é excretado, quanto menor menos excretado. Os ossos são compostos de matriz óssea de colágeno e substância fundamental, e hidroxiapatita que é um sal de cálcio com fosfato. No líquido extracelular a concentração de cálcio e fosfato tende a depositar hidroxiapatita nos tecidos, contudo isso é inibido por subst.ãncias como o pirofosfato. Mecanismo de calcificação: os osteoblastos produzem o colágeno e a substância fundamental, enquanto se dirigem ao centro do osso. Quando o colágeno se torna uma fibra, o osteoblasto fica isolado no agora tecido osteoide, e então começa o processo de formação de aglomerados de sais de cálcio que compõem uma substância amorfa. Essa substância amorfa é controlada pelos osteoblastos para ser ou não transformada em cristais de hidroxiapatita. Três substâncias principais promovem o controle da calcificação pelos osteoblastos: NPP1 (nucleotídeo pirofosfatase fosfodiesterase I), ANK (proteína anquilosante) e TNAP (fosfatase alcalina tecido não-especificada). O NPPI e o ANK são fatores que, quando não produzidos, promovem uma artropatia de hipercalcificação nos tecidos conhecida como espongilite anquilosante. Os sais de cálcio, amorfos, não cristalizados, em conjunto com cálcio no fígado e trato gastrointestinal formam um conjunto de cálcio permutável que fornece tamponamento para o cálcio Visão geral da regulação de cálcio e fosfato no líquido extracelular e no plasma O osso e sua relação com o cálcio e fosfato extracelular no sangue. Quando o cálcio se encontra em baixas concentrações séricas, esse cálcio é rapidamente mobilizado de suas fontes de reserva para o plasma. O contrário também ocorre. Os ossos são constantemente remodelados por ação dos osteoblastos e osteoclastos. Isso é importante para que haja uma adaptação ao estresse, compressão ou tensão mecânica, garantindo a sustentação que os ossos proporcionam. Essa atividade é realizada pelos osteoclastos que formam uma borda pregueada na superfície dos ossos, liberando enzimas proteolíticas e ácidos, como o ácido cítrico, ácido lático que reabsorvem a matriz óssea e os cristais, formando uma cavidade que é preenchida pelos osteoblastos, os quais promovem a absorção óssea. Essa relação reabsorção-absorção geralmente é proporcional, exceto em ossos em crescimento, de modo que os ossos se remodelem constantemente em formas de lames, conhecidas como ósteon. O controle desse mecanismo é realizado por compressão, estresse e tensão, de modo que até mesmo uma fratura estimule a ação osteoblástica, proporcionando formação de novos osteoblastos e de matriz óssea. Explique como o paratormônio influencia o efeito da vitamina D no organismo: quando somos expostos ao sol, o 7-desidrocolesterol é convertido em colecalciferol na pele. O colecalciferol é a vitamina D3 que vai ir para o fígado ser convertido em 25- hidroxicolecalciferol, esse composto tem ação de feedback fornecendo um mecanismo de controle sob a formação de si mesmo no fígado, impedindo uma ação excessiva da vitamina D. Esse composto então é levado aos túbulos proximais dos rins, onde vai ser convertido em 1,25-dihidroxicolecalciferol, o composto mais ativo da vitamina D. Contudo, para ocorrer essa conversão, o paratormônio precisa atuar, sem ele ou em situações em que ocorre nefrectomia total bilateral, o efeito da vitamina D fica totalmente prejudicado. Quando o 25- hidroxicolecalciferol não é convertido, ele é transformado em 24,25-dihidroxicolecalciferol, um composto inativo da vitamina D. O mecanismo de feedback é importante para que parte da vitamina D, na forma de colecalciferol seja armazenada no fígado. A concentração de cálcio é inversamente proporcional a formação de 1,25-dihidroxicalciferol, seja diretamente pela inibição da conversão nos rins, ou seja pelo feedback negativo do paratormônio. A diminuição de 1,25-dihidroxicolecalficerol diminui a absorção de cálcio no instestino, osso e túbulos renais. Ações da vitamina D: - Aumento da absorção intestinal de cálcio e fósforo: a vitamina D estimula a produção de proteína de ligação ao cálcio, de ATPase e de fosfatase alcalina, promovendo absorção aumentada de cálcio e absorção aumentada de fósforo. - Aumento da reabsorção de cálcio e fosfato nos túbulos renais: a vitamina D estimula a reabsorção de cálcio e fósforo nos túbulos renais, diminuindo a excreção na urina. - Aumento da reabsorção e remodelamento ósseo, hipercalcemia sérica: a vitamina D estimula a reabsorção óssea, e o aumento da concentração do cálcio sérico, provelmente por aumentar a permeabilidade do cálcio na membrana.. A paratireoide é composta, geralmente, por quatro glândulas imediatamente posteriores a tireoide, parecidas com gordura em seu aspecto macroscópico, e compostas de células principais e células oxifílicas no aspecto microscópico. As células principais são as responsáveis pela secreção do paratormônio (PTH). Em tireoidectomia total, a remoçãoda glândula paratireoide pode comprometer o metabolismo de cálcio e gerar um hipoparatireoidismo. Efeito do paratormônio nas concentrações de fósforo e cálcio no espaço extracelular Fase rápida de mobilização de cálcio e fósforo do osso: entre osteoblastos e osteócitos existem canalículos que interconectam essas células, formando um sistema de membrana osteocítica. Entre esse sistema de membrana osteocítica existe um líquido ósseo que possui cálcio em sua composição. O PTH estimula a bomba de cálcio presenta nessa membrana, fazendo com que o cálcio do liquido ósseo se dirija ao líquido extracelular. Esse processo promove uma diminuição do cálcio do liquido ósseo e consequente liberação dos sais de cálcio da substância amorfa do osso, estimulando a osteólise. Fase lenta de mobilização de cálcio e fósforo do osso: com o estimulo de paratormônio por dias, meses e anos, começam-se a ativar indiretamente os osteoclastos e a formar novos osteoclastos. O mecanismo para isso acontecer é por meio de receptores de PTH nos osteoblastos, esses receptores estimulam a formação de proteínas RANKL e fatores estimuladores de colônia de macrófagos (M-CSF). Essas proteínas se ligam a pré-osteoclastos em receptores específicos do tipo RANK, promovendo a formação de novos osteoclastos. Além disso, o paratormônio inibe a osteoprotegerina (OPG), que é uma proteína que compete com o receptor RANKL inibindo a formação Vitamina D Hormônio Paratireoideo de osteoclasto. Desse jeito, estimulando receptores e inibindo a OPG, o paratormônio e a vitamina D estimulam novos osteoclastos de modo indireto, visto que osteoclastos não possuem receptores para PTH. Absorção renal de cálcio e excreção de fosfato O paratormônio estimula a reabsorção de CaMgH (cálcio, magnésio e hidrogenio) e estimula a excreção de fosfato, sódio, potássio e aminoácidos nos túbulos renais distais. Absorção de cálcio intestinal O paratormônio atua na conversão de 25- hidroxicalciferol em 1,25-dihidroxicalciferol nos rins, composto ativo da vitamina D que estimula a absorção intestinal de cálcio. Controle da secreção do paratormônio O paratormônio é controlado por meio de receptores sensíveis ao cálcio na membrana das células da paratireoide. Quando a concentração de cálcio aumenta, os receptores são ativados, ativando a proteína G e promovendo a ação da fosfolipase C sob o fosfolipideo de inositol, gerando diacilglicerol e inositol-3-fosfato, que abre os canais de cálcio no reticulo endoplasmático, ativa o diacilglicerol e as PKCs de segundo mensageiro, inibindo a secreção de PTH. Quando os níveis de cálcio aumentam, os receptores são desestimulados e o PTH é secretado. Ou seja, aqui o PTH é secretado quando a proteína G é desativada. A calcitonina é um hormônio peptídico produzido pelas células C (parafoliculares) da tireoide. Tem um efeito quantitativamente menor quando comparada ao paratormônio. É mais potente em crianças e em certas patologias. É responsável por dois mecanismos: - Redução da atividade osteoclastica e de osteólise; - Redução da formação de novos osteoclastos e osteoblastos. A calcitonina tem efeito renal e gastrointestinal secundário, mas muito fraco e é superada pelo paratormônio. Pode ser removida do corpo sem grandes prejuízos em longo prazo. Hipoparatireoidismo: quando há um comprometimento da produção de paratormônio pela paratireoide, os níveis de cálcio sanguíneo caem drasticamente, gerando uma hipocalcemia. A hipocalcemia gera hiperestimulação nervosa, provocando tetania. A tetania leva a contração involuntária da musculatura faríngea, fechando a glote e gerando morte por asfixia. O tratamento geralmente é realizado com a ingestão de altas doses de vitamina D e cálcio. Um dos sinais de diagnóstico é o sinal de Chvostek de contração dos músculos perilabiais e o sinal de Trousseau de contração carpal com o esfigmomanometro. É comum ocorrer de forma aguda após tireoidectomia total, com comprometimento da paratireoide. Hiperparatireoidismo: quando grandes quantidades de PTH é secretada, geralmente por tumores na paratireoide, sobretudo em mulheres, há uma grande quantidade de cálcio sérico, uma estimulação grande dos osteoclastos, e uma produção excessiva de fosfatase alcalina pelos osteoblastos para tentar compensar a perda óssea. No começo, os fosfatos são eliminados em excesso na urina. O paciente apresenta constipação, diminuição da curva QT do coração, fadiga, depressão do sistema nervoso, falta de apetite. Se o nível de PTH se elevar demais, o fosfato não consegue ser eliminado na mesma proporção que é produzido e começam a formar cristais de cálcio+fosfato nos órgãos, gerando uma intoxicação paratireoidea. Na maioria dos pacientes, é comum o aparecimento de cálculos renais devido ao acumulo de cristais nos rins. Raquitismo: no raquitismo a falta de vitamina D promove uma diminuição do cálcio sérico, uma estimulação do PTH e uma excreção excessiva de fosforo. Ao mesmo tempo tem-se um enfraquecimento ósseo. Acontece mais na primavera, devido ao armazenamento hepático de Vitamina D. O tratamento envolve suplementação de cálcio, fosforo de Vitamina D. O raquitismo pode levar para uma tetania em condições exageradas. Osteomalácia: é o raquitismo adulto, geralmente associado a esteatorreia, devido a solubilidade da vitamina D e cálcio na gordura das fezes. Muitas vezes, pode ocorrer uma osteomalácia renal devido ao comprometimento dos rins e da conversão da vitamina D. Outro, pode ser o raquitismo resistente a vitamina D quando o problema está na reabsorção renal de fósforo, que leva a uma má formação dos cristais osseos. Osteoporose: a grande diferença da osteoporose é a diminuição da matriz óssea e não da calcificação. Pode ser ocasionada por diminuição do estrogênio que estimula a osteoprotegerina; pela síndrome de cushing que gera estimulação de glicocorticoides que liberam mais RANKL e inibe OPG. O mecanismo é a estimulação dos clastos e inibição dos blastos. Calcitonina Fisiopatologia
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