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Aprovação da Pílula do Aborto nos EUA

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04/04/2016 VEJA Educação
http://veja.abril.com.br/idade/educacao/pesquise/aborto/1670.html 1/2
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 ABORTO
 
Aborto químico
É aprovada nos Estados Unidos a venda
da pílula do aborto. Mas ela está 
longe de ser uma simples aspirina
Ricardo Galhardo
Legalizado em 1973 nos Estados Unidos, o aborto é um dos alvos permanentes dos
grupos conservadores cristãos. Na semana passada, eles realizaram mais uma vez
passeatas inflamadas. Isso porque o FDA, a agência federal de controle de alimentos e
remédios, liberou a venda no país da RU486, a pílula do aborto. A decisão foi tomada
depois de doze longos anos de estudos sobre os seus efeitos no organismo da mulher.
“RU486 é veneno de bebê”, gritam os descontentes. No campo oposto, as entidades de
defesa do aborto não cabem em si de contentamento. Seus ativistas acreditam que a
RU486 é a maior conquista feminina desde a invenção da pílula anticoncepcional.
Sem dúvida parece bem mais cômodo engolir um comprimido do que ter de ser
submetida a uma operação. Mas o aborto químico não é assim tão simples. Antes de
tomar a RU486, a mulher precisa fazer um ultra­som para saber se a gestação está em
sua fase inicial — o que, para o FDA, equivale até à sétima semana. Em outros países,
esse período pode se estender até a décima segunda. Se a resposta for positiva, a
paciente toma a pílula, composta pela substância mifepristona, que bloqueia o hormônio
progesterona, necessário ao bom andamento da gravidez. Sem a progesterona, o
embrião é desalojado da parede do útero e expelido por meio de contrações. Nos
Estados Unidos, a paciente ainda ingere uma segunda pílula, dois dias depois,
constituída pela substância misoprostol, que causa mais contrações. No Brasil, ela se
chama Cytotec. É uma forma de garantir que o feto foi mesmo eliminado do organismo.
Todo o processo deve ser feito com acompanhamento médico. O FDA recomenda, ainda,
que passadas duas semanas a mulher volte ao consultório do ginecologista, para
realizar outro ultra­som e verificar se o aborto foi um sucesso. Ao contrário do que se
pode imaginar, o aborto químico não é desprovido de dor. Na verdade, dói mais do que
o cirúrgico. A paciente sente cólicas fortíssimas e não raro é acometida de náuseas,
diarréia e hemorragias. Como é um quadro clínico muito semelhante ao de um parto
normal, pode ser uma experiência sofrida também do ponto de vista psicológico.
Inventada em 1988, na França, a RU486 é hoje vendida em países onde a gravidez
indesejada é tratada como problema de sáude pública. É o caso da própria França,
Inglaterra, Espanha e de Portugal. Não deve ser confundida com a “pílula do dia
seguinte”, que apenas impede que o óvulo seja fecundado ou, se isso acontecer, que ele
se instale na parede do útero. Como no Brasil o aborto só é permitido em casos de
estupro ou risco de vida para a mãe, e mesmo assim depois de uma longa batalha
judicial, muitas mulheres usam o já citado Cytotec, originalmente criado para combater
úlceras. Todos os anos são feitos 1,5 milhão de abortos no país. Uma em cada 1 000
pacientes morre. Ou porque foram operadas por médicos­açougueiros ou porque
tomaram Cytotec sem nenhuma orientação e acabaram vítimas de infecções
gravíssimas.
Gravidez interrompida
Como funcionam as pílulas do aborto
MÉTODOS 
RU 486
MECANISMO DE AÇÃO
Neutraliza a ação da progesterona, essencial para o relaxamento da musculatura do
útero, sem o qual a gravidez se torna inviável. Na ausência desse hormônio, os
músculos se retraem, provocando o aborto
MÉTODOS 
Cytotec
MECANISMO
Age diretamente nas fibras do músculo uterino. Sob o efeito do remédio, o útero
sofre fortes contrações, a placenta se desloca e o organismo acaba por expelir o
feto.
Fonte: Thomaz Gollop, professor da Universidade de São Paulo e diretor do Instituto de Medicina Fetal e Genética
Humana
 
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