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AO DOUTO JUÍZO DA _ VARA DO TRABALHO DE NITERÓI – RJ CAIO PEREIRA DA SILVA, nacionalidade, estado civil, assistente de coleta, portador da cédula de identidade R.G. nº --- expedida pelo --- e do CPF nº ---, CTPS nº --, Série nº ----RJ, residente e domiciliado na --, nº -- bairro --, município do ---, CEP: ---x, endereço eletrônico: ---- vem, mui respeitosamente, pelos fatos e fundamentos de direito expostos a seguir, por intermédio de seu patrono infra- assinado, com endereço profissional na --, nº -- bairro --, município ---, CEP: --- e endereço eletrônico: ---, propor a seguinte RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de HOSPITAL SALVE-SE QUEM PUDER LTDA, pessoa jurídica de Direito Privado, inscrita sob o CNPJ nº ------, sediada -----, nº ---, bairro ---, município de Niterói – RJ, CEP: ---; neste ato, representada de acordo com seu estatuto social. I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA O devido Reclamante declara que não possui recursos financeiros para sustentar com o pagamento de custas e despesas processuais, com isso, por devida maneira, pleiteia-se pelos benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Lei 13.105/2015 em seu artigo 98 e seguintes e com fulcro no art. 790, §3º da CLT. II. BREVE SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO Em suma, o Reclamante foi admitido pela Reclamada no dia 19/11/2019, para exercer a função de assistente de coleta. Dito isso, o Reclamante laborava de segunda-feira à sexta-feira, das 19h às 5h, tendo intervalo de apenas 15min para refeição. Sendo assim, a Reclamada oferecia ao Reclamado transporte para ida e volta do local de trabalho, basta dizer que era um lugar de difícil acesso, não sendo servido por transporte público regular, de forma que o trajeto demorava em cerca de 1h. O Reclamante recebia o montante de R$1.150,00 (mil e cento e cinquenta reais). No dia 27/03/2020, o Autor foi despedido, por justa causa, sob a justificativa de conduta inadequada. Vale pontuar, que muitos dos direitos do Reclamante não foram observados pela Reclamada. Conforme os fatos narrados, propõe-se a presente Reclamação Trabalhista no intuito de serem satisfeitos todos os direitos do Reclamante. III. DO DIREITO a) DO DESCONTO INDEVIDO PARA PAGAMENTO DE FGTS Pode-se dizer, que a Reclamada descontou indevidamente do salário do Reclamante à título de pagamento de FGTS, podemos ver conforme o anexo de cópias de seus contracheques. Dito isto, no entanto, que isso fere gravemente a legislação, pois o FGTS não deve ser descontado do salário, uma vez que é obrigação do empregador, conforme art. 15 da Lei 8.036/90, ipsis litteris: Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965. b) DO CABIMENTO DOS DANOS MORAIS Sobre o dano moral é amparado no ordenamento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que, no artigo 5ª, inciso X, assegura à parte lesada o direito de indenização pelo dano moral ou material em caso de violação a qualquer dos direitos da personalidade. Ademais, faz-se extremamente relevante dizer que o dano moral se configura como a ofensa ou transgressão de ordem moral de uma pessoa. Dito isso, na CTPS do Reclamante, foi anotado pela Reclamada, na aba de anotações gerais, que ele foi dispensado por justa causa sob a justificativa de conduta inadequada. Essa atitude da Ré também fere gravemente a legislação. O art. 29, §4º da CLT possui a seguinte redação: Art. 29. O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar na CTPS, em relação aos trabalhadores que admitir, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia. §4º É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social Vale enfatizar, que a Reclamada não observou o artigo supracitado e realizou anotação desabonadora. Nesse sentido, é imperiosa a retificação da CTPS do Reclamante, para que seja retirada a anotação de “conduta inadequada”. No que diz respeito à quantia que deve ser paga a título de danos morais, é cediço que a indenização pecuniária não possui somente cunho de reparação de prejuízo, mas também possui caráter punitivo ou sancionatório, pedagógico, preventivo e repressor. Isto é, ao passo que a indenização repara o dano, repondo o patrimônio abalado, também atua como forma educativa ou pedagógica, para o defensor, e intimidativa para evitar perdas e danos futuros Diante disso, requer a condenação da Ré a pagar indenização a título de danos morais pela anotação de penalidade na CTPS do Autor, conforme os arts. 223- A, 223-B e 223-C da CLT; bem como a correção da anotação indevida na CTPS da parte Autora. C) DA INCABIMENTO DA DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA Em resumo, o Reclamante foi demitido por justa causa, sem ter tido qualquer conduta que motivasse essa atitude da Reclamada, registrando, ainda, que a justa causa se deu por conduta inadequada do Autor. A CLT prevê expressamente no art. 482 as possibilidades de demissão por justa causa, e, em nenhum momento, a parte Ré cita qual foi o motivo que levou à dispensa do Autor, resumindo a, apenas, “conduta inadequada” do Reclamante, que nem consta no rol de condutas que motivariam a justa causa.. Vale ressaltar que, a Reclamada se manteve inerte, não justificando o término do contrato de trabalho. Tendo-lhe que seja afastada a justa causa da demissão. d) DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE O Princípio da Primazia da Realidade expressa que em uma relação de trabalho o que realmente importa são os fatos que ocorrem, mesmo que algum documento formalmente indique o contrário, isto é, vale mais a realidade, do que o que está formalizado no contrato. Em outras palavras, é mais significativo saber o que acontece no dia a dia do trabalhador, do que documentos apresentados. Nessa perspectiva, a própria Consolidação das Leis do Trabalho adota esse princípio, como pode ser observado nos art. 442 e 456, ipsis litteris: Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito. Dito isso, há Convenção Coletiva referente aos postos de trabalhos desempenhados na empresa Hospital Salve-se Quem Puder LTDA. Nesse cenário, o valor do piso salarial para assistente de coleta é no montante de R$1.700,00 (mil e setecentos reais). e) DO ADICIONAL NOTURNO O Reclamante laborava no período compreendido entre 19h e 5h. Dito isso, em razão do art. 73 da CLT, o Reclamante faz jus ao adicional noturno, a saber: Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. Vendo dessa forma, considera-se noturno o período compreendido entre 22h e 5h, vide §2º do artigo supracitado. Portanto, não restam dúvidas de que o adicional noturno deva ser observado, acrescentando 20% sobre as horas diurnas em que o Reclamante laborava. f) DO INTERVALO INTRAJORNADA O Reclamante laborava das 19hàs 5h, ou seja, 10h de trabalho, com intervalo para refeição de 15min. Nesse rumo, o art. 71 da CLT prevê que o trabalho cuja duração exceda 6h, a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação deve ser obrigatória, de no mínimo 1h. Portanto, é perfeitamente aplicável o pagamento a título de indenização do período suprimido, isto é, 45min, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho, vide art. 71, §4º da CLT. g) DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE Deve-se assinalar que o trabalho insalubre é aquele que coloca em risco a saúde, o bem-estar e a integridade física e psíquica do funcionário. Esse tipo de exposição é observado no art. 189 da CLT. Nesse sentido, o Reclamante, por ser agente de coleta, possui constante contato com material infecto contagiante do hospital onde trabalha. Portanto, é devido ao Reclamante o adicional de insalubridade de 20% do salário mínimo, em grau médio, vide art. 192 da CLT. h) DAS HORAS EXTRAS O Reclamante laborava das 19h às 5h, de segunda à sexta-feira, totalizando uma jornada de 50h semanais. Diante disso, é devido ao Reclamante o pagamento de horas extras, com adicional de 50% (cinquenta por cento) superior da hora normal, nos termos do art. 59, §1º da CLT. IV. DOS PEDIDOS Por todo o exposto, requer: a) O deferimento do pedido de gratuidade de justiça; b) A devolução do valor proveniente do desconto indevido do FGTS; c) O pagamento de indenização a títulos de danos morais no valor de R$ xxxxx, com fulcro nos arts. 223-A, 223-B e 223-C da CLT; d) O afastamento da demissão por justa causa; E) O reconhecimento do adicional noturno observando o art. 73, caput e §2º da CLT, com o adicional de 20% sobre as horas diurnas laboradas pelo Reclamante, no valor de R$ xxxxx; F) O pagamento de natureza indenizatória do período suprimido, ou seja, 40 minutos, com acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração, R$ xxxxxxxx; G) Do pagamento das horas extras devidas, conforme prevê art. 59, §1º da CLT; H) O pagamento do aviso prévio indenizado, com fulcro no art. 487 da CLT, de 30 (trinta) dias com a integração desse período no seu tempo de serviço e reflexos nas verbas contratuais e resilitórias, no valor de R$ xxxx; I) O pagamento das férias proporcionais de 5/12 (cinco doze avos) acrescido do terço constitucional, conforme súmula 328 do TST, no valor de R$ xxxxx; J) A aplicação da multa do FGTS de 40% (quarenta por cento), vide art. 18, §1º da Lei nº 8.036/90 com a consequente liberação das guias para saque do FGTS, no montante de R$ -----; L) O pagamento do décimo terceiro proporcional de 4/12 (quatro doze avos), no valor de R$ ----; M) A procedência total dos pedidos e o provimento da presente Reclamação Trabalhista; N) A intimação da Reclamada para apresentar Contestação à Reclamatória Trabalhista, sob pena de revelia e confissão quanto a matéria de fato; O). Que as intimações ocorram exclusivamente em nome do Patrono JULIANA CARNEIRO RODRIGUES, devidamente inscrita na Ordem dos Advogados, Secção do Estado do Rio de Janeiro, sob o n°0/2020; P) A condenação da Reclamado ao pagamento de honorários advocatícios no importe de 15% (quinze por cento), conforme estabelece o art. 791-A da CLT. V. REQUERIMENTOS FINAIS Nesse enquadramento, pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos. Dá-se à causa o valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de mensuração. Nestes termos, pede deferimento. Rio de Janeiro, 17 de abril de 2021 JULIANA CARNEIRO RODRIGUES OAB/RJ----------
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