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Prévia do material em texto

Institucionalização do 
Serviço Social
A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Maria Raimunda Chagas Vargas Rodriguez
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
5
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar 
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Nesta unidade, vamos continuar nossos estudos sobre os fundamentos do 
Serviço Social, sua gênese no Brasil, sua institucionalização no país e a 
expansão na América Latina.
A Influência Norte-Americana no 
Serviço Social Brasileiro
•	 Conjuntura	política	da	década	de	1940
•	 Institucionalização	do	Serviço	Social:	a	prática	profissional	nas	
instituições
•	 A	busca	de	atualização	do	Serviço	Social:	os	congressos	de	Serviço	
Social	da	década	de	1940
6
Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro
Contextualização
A expansão e o desenvolvimento das atividades econômicas dos EUA foram lançados aos 
países de Terceiro Mundo, em especial no Brasil. E essas relações só lograram êxito em função 
das seguintes questões: mão de obra disponível, recursos naturais abundantes e a formação de 
um mercado consumidor nesses países.
Neste contexto modernizador, surgem as desigualdades sociais. O Estado assume a função 
de zelar pelo disciplinamento e reprodução da força de trabalho, e será atribuída às instituições 
de assistência social a realização desta tarefa fundamental através da intervenção profissional 
do Assistente Social. O objetivo era a manutenção da força de trabalho submissa à produção, 
gerando riqueza para o capitalista. 
Nestes termos, podemos considerar que o nascimento das grandes instituições de assistência 
social no Brasil (LBA, SESI, SENAI, LEÃO XIII) foi também o início de uma ação profissional 
mais organizada do Serviço Social, em que parcela significativa de profissionais formados foi 
agregada como profissionais destas instituições.
Nesse sentido, é importante nesta unidade comprender o início da modernização do país, a 
influência norte-americana no Brasil, com a teoria do desenvolvimentismo, e principalmente a 
interferência desta ideologia no trabalho profissional do Assistente Social.
Entender este processo será inprescindível para a continuidade dos estudos nesta unidade.
7
Conjuntura política da década de 1940
A partir década de 1940, especialmente, na segunda Guerra 
Mundial (1945), afirmou-se a modernização da indústria 
brasileira, que teve início na década 1930, executada pelo 
presidente Getúlio Vargas (19/04/1882 a 24/08/1954). 
Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos de 1930 a 1945.
 Na década de 1940, o mundo capitalista, liderado pelos 
Estados Unidos da América (EUA), buscava alicerçar suas bases 
produtivas (produção de mercadorias) nos países periféricos. A 
expansão dos investimentos americanos no Continente Latino 
Americano tinha várias razões como: 
1. amortecer a ideologia comunista no mundo, principalmente 
a experiência em Cuba; 
2. a “contaminação comunista” nos países da América 
Latina, haja vista a proximidade geográfica deste continente 
com Cuba; 
3. a readequação e expansão das atividades produtivas 
americana para outros continentes.
 
 Explore
Fidel Castro - Líder Da Revolução Cubana
 » http://memoriascubanas.wordpress.com
A expansão e o desenvolvimento das atividades econômicas dos EUA foram expandidos para 
os países de Terceiro Mundo, em especial no Brasil. E essas relações econômicas só lograram 
êxito no país em função da disponibilidade de mão de obra, recursos naturais abundantes, 
formação de um mercado consumidor e os incentivos fiscais doados pelo Estado nacional.
A Expansão das atividades produtivas norte-americanas no Brasil foram bem 
sucedidas em razão destas quatro questões: mão de obra disponível, recursos 
naturais abundantes, formação de um mercado consumidor em expansão e 
incentivos fiscais doados pelo Estado Nacional. 
A conjuntura internacional e o caráter modernizador implementado no mundo pelos EUA, em 
relação aos países periféricos, se intensificou no Brasil rapidamente, forçando o Estado nacional 
a acelerar e implementar a modernização superficial no país, principalmente a modernização 
do parque industrial nacional.
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http://memoriascubanas.wordpress.com
8
Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro
No Brasil (acompanhando a tendência conjuntural internacional), mais precisamente 
no Estado Novo, a pedido de Getúlio Vargas, instala-se, em 1942, a missão norte-
americana denominada “Missão Cookie”, que tinha como objetivo planejar a 
produção interna de equipamento, os insumos essenciais e a renovação tecnológica 
da indústria brasileira (RODRIGUEZ, 2003).
 A partir dessa primeira iniciativa de planejamento estratégico para a modernização do Brasil, 
foram sistematicamente organizadas medidas governamentais, através da criação de uma rede 
de instituições estatais que visava subsidiar, orientar e sustentar o capital internacional e sua 
penetração no país.
Com essa intenção clara de modernizar o país, foram criadas, em 1941, a 
Companhia de Siderurgia Nacional e, em 1942, a Companhia Vale do Rio 
Doce, subsidiada pelo capital norte-americano. Em 1943, surge a Companhia 
Nacional de Álcalis e, em 1944, a Fábrica de Motores. E, em 1945, é criada a 
Comissão de Planejamento Econômico Nacional (RODRIGUEZ, 2003).
As evidências demonstram, nesse processo, que é lentamente estruturada uma sólida 
indústria de base com ênfase na siderurgia, energia, metais e minerais. Estava em curso 
no país uma elaborada e refletida ação governamental para acomodar o capital e os 
empreendimentos internacionais. 
Com o retorno de Getúlio Vargas ao Governo em 1951, através do voto popular, se viabilizou 
de forma definitiva a implantação de medidas para a modernização da sociedade brasileira 
e, consequentemente, da industrialização do país. Getúlio Vargas foi personagem importante 
na história da modernização do parque industrial brasileiro; esse governante utilizou-se do 
aparelho estatal para criar várias instituições nacionais que, em última instância, tinham o 
caráter normatizador e facilitador para desenvolver suas funções, beneficiando o capital.
 
 Explore
Leia a biografia de Getúlio Vargas:
http://www.historiabrasileira.com/biografias/getulio-vargas
A modernização do parque industrial brasileiro não foi suficientemente capaz de assegurar a 
participação da sociedade e a empregabilidade completa. Neste contexto, surgem as desigualdades 
sociais, por esta razão, o Estado assume a função de zelar pelo disciplinamento e reprodução 
da força de trabalho. Esta responsabilidade será atribuída às instituições de assistência social 
através da intervenção profissional do assistente social que tinha como objetivo a manutenção 
da força de trabalho submissa à produção.
As desigualdades sociais geram pobreza, desemprego, fome e miséria.
 
 Explore
Assista Tempos Modernos - Charles Chaplin que mostra a classe que vive do 
trabalho nas fábricas e o capitalista que tem a função de mando, ou seja a burguesia.
http://www.historiabrasileira.com/biografias/getulio-vargas
9
Glossário
Burguesia: significa a classe que detém os capitais, as empresas, os meios de produção capitalista.
Para garantir a submissão e adaptação do trabalhador ao capital, foram criadas as instituições 
de assistência social. Nesse contexto, o Serviço Social assume uma posição política conservadora, 
disciplinadora, corretiva e controladora dos trabalhadores, através da prática profissional 
desenvolvida nas instituições assistenciais, desepenhando funções políticas, econômicas e 
ideológicas vitais para a consolidação da burguesia no Brasil.
Institucionalização do Serviço Social: a prática profissional nas 
instituições
Na visão de Iamamoto (2011, p. 327), as grandes instituiçõesde assistência se desenvolveram 
no Brasil em um momento em que: 
 
 Diálogo com o Autor
O Serviço Social, como profissão se legitima dentro da divisão social do trabalho, 
onde o assistente social é entendido como profissional que domina um conjunto de 
conhecimentos, métodos e técnicas – em um projeto ainda em estado embrionário; é uma atividade 
profundamente marcada e ligada a sua origem católica, e as determinadas frações de classes, as 
quais ainda monopolizam seu ensino e prática. Neste sentido, o processo de institucionalização do 
Serviço Social será também o processo de profissionalização dos Asssistentes Sociais formadas nas 
Escolas especializadas.
Nestes termos, podemos considerar que o nascimento das grandes instituições assistenciais 
no Brasil (LBA, SESI, SENAI, LEÃO XIII) é considerado como o início de uma ação profissional 
institucionalizada, mais organizada do Serviço Social, em que parcela significativa de profissionais 
formados foi agregada como profissionais destas instituições. 
Observa-se que a prática dos assistentes sociais, na década de 1940, bem como, sua formação 
acadêmica era advinda da doutrina social da Igreja Católica, através do viés ideológico neotomista 
(ideologia fundada nas ideias de Santo Tómas de Aquino que deu suporte à formação das 
primeiras assistentes sociais no Brasil), que revelava uma intervenção profissional conservadora, 
acrítica e aliada ao sistema capitalista.
10
Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro
 
 Explore
Saiba mais sobre Santo Tomás de Aquino e Serviço Social:
http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n1_compreensao.htm
Reafirma-se que a prática dos assistentes sociais tinha como objetivo, ainda que, 
inconscientemente, legitimar um bloco conservador e dominante do qual as pioneiras do serviço 
social eram representantes.
Glossário
Pioneiras eram chamadas as primeiras assistentes sociais formadas no Brasil, em especial, as que 
cursaram a 1ª turma de Serviço Social na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1936.
A prática dos assistentes sociais era baseada no “enquadramento social”, que deve ser 
compreendido como uma forma de adaptar o indivíduo às funções e regras sociais estabelecidas, 
ou seja, o Serviço Social não tinha crítica que a sociedade era desigual e as desiguldades geravam 
muitas contradições sociais como: a pobreza, as péssimas condições de moradia, alcoolismo, 
drogadição, desorganização familiar etc. Todas essas questões eram atribuídas ao indivíduo 
particularizado, como se fosse um “fracasso pessoal” e não um desajuste no sistema econômico 
repleto de contradições sociais. 
Afirma Iamamoto (2011, p. 328) que o “Serviço Social mantém nas instituições sua ação 
educativa e doutrinária de “enquadramento” da população ou cliente”.
Glossário
Clientes são chamados os indivíduos que usam os serviços da Assistência Social. 
No processo de institucionalização do Serviço Social, verifica-se uma transformação, 
principalmente no que se refere à inserção da profissão na sociedade que, gradativamente, 
vai modificando a sua ideologia antes embasada na visão religiosa (doutrinária) e voluntária, 
para ganhar o status de agentes do Estado na condição de assalariado. Os assistentes sociais 
passam a ser empregados/funcionários do próprio Estado. No entanto, a prática profissional 
ainda permanece conservadora, exercendo suas funções profisssionais visando adequar os 
usuários/cliente ao sistema capitalista, apaziguando os conflitos entre a classe burguesa e a 
classe trabalhadora.
As práticas profissionais em que os assistentes sociais estavam inseridos nas instituições 
assistenciais estavam ligadas a cuidados paliativos como: medicina curativa, medicina preventiva, 
puericultura (cuidados infantis), recuperação motora, distribuições de cestas básicas e diversos 
auxílios, institutos de correção para menores, adultos e asilos (IAMAMOTO, 2011, p. 329).
http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n1_compreensao.htm
11
Em outras palavras, significa dizer que o Serviço Social trabalhava com parcelas da sociedade 
denominada de carentes, o que, até o presente momento, é uma realidade no seio profissional.
Glossário
O termo carente é entendido como indivíduos, sujeitos, desprovidos de recursos materiais para 
garantir sua sobrevivência e reprodução social.
Nas instituições assistenciais, a prática profissional, em sua grande maioria, era desenvolvida 
através dos serviços denominados de “plantão social” em que ficava um assistente social na 
recepção, a “triagem”, onde os assistentes sociais selecionavam os mais carentes para incluir 
nos benefícios sociais e os “encaminhamentos” onde eram encaminhados os contemplados 
com o benefício social. 
Nesse sentido, podemos afirmar que era excludente a forma de intervenção profissional, pois 
selecionavam os beneficiários pelo critério dos mais carentes, pela pobreza, não pela via do 
direito social.
Esse processo de excluir os usuários do Serviço Social pela condição econômica vai servir, 
fundamentalmente, de base para sustentar as desigualdades sociais, haja vista que mostra as 
instituições de assistência como a finalidade de realizar apenas a remediação dos problemas 
sociais e não para solucionar os conflitos e as desiguldades sociais. 
Portanto, “esses primeiros aspectos da intervenção do Serviço Social colocam-se entre 
a necessidade e a demanda da população, e o caráter seletivo e limitado do equipamento 
assistencial e previdenciário de que pode dispor” (IAMAMOTO, 2011, p. 332). 
A intervenção profissional do Serviço Social através do amparo das Instituições governamentais 
contribuirá, significativamente, para desencadear uma atuação profissional, pautada sobre o 
prisma de minimizar os conflitos de classe, individualizando os casos sociais, oferecendo apenas 
resolusões paliativas e pontuais na vida dos indivíduos.
O processo de individualizar os casos, ou seja, atribuir aos sujeitos a responsabilização pelas suas 
dificuldades sociais, era a metodologia utilizada pelo Serviço Social norte-americano influenciado 
pela teoria de Mary Ellen Richmond (1821 -1928), que foi a primeira assistente social a sistematizar o 
Serviço Social nos Estados Unidos, denominado Casework, ou Serviço Social de Caso, que analisa 
as questões sociais sobre o prisma da individualização dos problemas sociais.
Mary Ellen Richmond nasceu em Belleville, estado de Illinois, em 03 de agosto 
de 1861, seus pais mudaram–se para Baltimore onde, tempo depois, morrreram 
os dois de tuberculose. Morou com as tias e, aos 16 anos, mudou para New York. 
Leitora da literatura de Charles Dickens, que descrevia a miséria na Inglaterra pós-
revolução industrial, Mary Richmond criou a primeira escola de Serviço Social nos 
EUA, na Universidade de Columbia. 
12
Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro
Na sua vasta bibliografia, apontamos dois livros fundamentais para sua obra: o Diagnóstico 
Social, que levou dez anos escrevendo, no qual sistematizou as bases do Serviço Social no 
mundo e oi Casework, ou seja, Serviço Social de Caso, no qual estudava os indivíduos a 
partir de sua situação problema, o estudo de caso individual, utilizando entrevistas, técnicas e 
documentos privados, em que o Assistente Social faria um diagnóstico e proporia um tratamento 
para aqueles indivíduos; tal análise era pautada na acomodação das situações-problema dos 
indivíduos a eles mesmos, baseado no aconselhamento social.
Para Mary Richmond, 
“o trabalho social de caso e o desenvolvimento da personalidade pelo 
ajustamento consciente e compreensivo das relações sociais, o ajustamento do 
indivíduo deve ser indivíduo a indivíduo e não em massa” (VIEIRA, 1984, p.80).
 
 Explore
Conheça mais sobre a obra de Richmond. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v6n2_carla.htm
Nesses termos, a ação prática do Serviço Social objetivava obter da população mais 
empobrecida a aceitação das normas capitalistasvigentes, através do manuseio de 
conhecimentos técnicos de base funcionalista, que definia o que é “normal” e o que é 
“anormal”. A concepção funcionalista significa afirmar que todas as pessoas deveriam cumprir 
suas funções e papéis sociais, previamente, definidos pela sociedade, os que não cumprem 
são considerados “anormais” ou “patológicos”, como por exemplo: a mãe que abandona 
seu filho é considerada pela sociedade um indivíduo “anormal”, “patológico”, pois dentre os 
diversos papéis sociais atribuídos às mães, o principal deles é de amor infinito, incondicional aos 
filhos. Nesse sentido, a ação profissional era reintegrar os indivíduos à sociedade, considerando 
os que não se adaptavam como “desajustados socialmente”.
Para consolidar projeto de tal envergadura, o atendimento do Serviço Social era superficial, 
baseado em distribuição de benesses(favores), ações paternalistas que acomodavam os 
indivíduos impedindo que estes pudessem reagir diante da dominação do sistema capitalista.
http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v6n2_carla.htm
13
A busca de atualização do Serviço Social: os congressos de Serviço 
Social da década de 1940
A prática assistencialista desenvolvida pelo assistente social nas instituições caracterizada 
pelo paternalismo, ausência de direitos, autoritarismo dirigidos à classe proletária (trabalhadora) 
cria no Serviço Social uma atmosfera propícia para as discussões, ainda que embrionárias do 
ponto de vista crítico. Essas discussões foram feitas através de vários congressos realizados pelos 
profissionais na busca por uma resposta mais qualificada para o exercício profissional. 
Esses encontros, seminários e congressos reuniam os principais setores interessados das 
instituições, de profissionais de outras instituições de assistência, de entidades de assistência 
públicas e privadas do empresariado e da Igreja Católica. 
O primeiro Congresso Brasileiro de Serviço Social foi promovido pelo Centro de Estudos e 
Ação Social (CEAS), em 1947, e reuniu representantes ligados ao Serviço Social e da Assistência 
Social, para discutir as diretrizes preparatórias para o 2º Congresso Pan- Americano, que foi 
realizado no Brasil em 1949.
Destaca-se que, em 1945, aconteceu o Congresso Pan-Americano de Serviço Social no Chile, 
que se constituiu, por sua vez, como continuidade do Congresso Inter-Americano de Atlantic 
City (EUA 1941), que significou a reafirmação da influência norte-americana no Serviço Social 
latino americano, que representava uma marca ideológica, hegemônica deste poder em função 
do crescimento dos regimes socialistas nas proximidades do continente Latino Americano.
O Congresso Pan-Americano de 1945, realizado no Chile, reuniu 14 delegados estrangeiros. Os 
países latinos participaram; além das indicações de representantes- delegados da escolas oficias de 
Serviço Social, o Brasil participou com número expressivo de delegados assistentes sociais.
O encontro de 1945, no Chile, na concepção de Iamamoto (2012, p. 347), teve como temário 
debates importantes como:
O debate sobre o caráter do posicionamento político-ideológico da prática profissional 
nas instituições assistenciais. Importante destacar que, nesse encontro, a ala dos profissionais 
mais avançada/progressista é derrotada pela expressiva maioria de assistentes sociais que se 
posicionavam, favoravelmente, ao patronato, enquanto a ala denominada progressista que 
defendia os direitos dos trabalhadores perdem o debate político-ideólogico, prevalecendo, neste 
encontro, ainda o apoio e a intervenção profissional do assistente social ao empresariado e 
canais expressivo de poder. 
Na primeira parte, prevalecem os aspectos de neutralidade, a conciliação entre as classes 
sociais, ou seja, entre os donos de capital e a classe trabalhadora, e a intervenção profissional 
como elemento fundamental para promover a conciliação, a acomodação entre as classes, que 
são contraditórias por natureza. O Serviço Social faria essa suposta harmonia social, através de 
sua intervenção e ação educativa nas instituições de assistência social. 
14
Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro
Nessa etapa, foi muito discutida a integração entre e intercâmbio interamericano e a 
formação para o Serviço Social. Nesse sentido, o Congresso de 1945, no Chile, se posicionou 
favoravelmente à intervenção e integração interramericana, com informações sociais em 
diversas áreas como na proteção da infância, ao trabalho e apoio da Organização dos Estados 
Americanos – OEA.
A segunda etapa, discutida no Congresso de 1945, no Chile, foi direcionada para a formação 
do Assistente Social, quando se procurou definir as normas para o funcionamento das escolas 
especializadas que se multiplicavam no Continente Latino Americano. Essas escolas deveriam 
atender aos requisitos legais mínimos como: currículo básico, planos de trabalho prático que 
tivessem relação com o continente.
Nesse sentido, esse debate propicia a criação de entidades que pudessem normatizar a 
formação dos futuros profissionais, bem como definir as feições da regulamentação da profissão 
(preferencialmente que a formação dos assistentes sociais fosse voltada para os 
problemas do continente Latino Americano), do ensino e a luta pelo reconhecimenrto 
profissional. Esse processo foi frutífero, pois nascem a Associação Brasileira de Assistentes 
Sociais e a Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social (ABESS) que hoje é denominada 
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS).
 
 Explore
Site da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social
http://abepss.org.br
Observa-se que, nesse Congresso, discutem-se seis temas importantes para o Serviço Social 
como: Serviço Social de família, Serviço Social de menores, educação popular, lazer, Serviço 
Social médico, Serviço Social na indústria, agricultura e comércio.
 Essas temáticas demostram um pouco a face do Serviço Social brasileiro, principalmente 
no momento em que as instituições assistenciais e as coorporações empresariais em expansão 
passam a ser mercado para o exercício profissional em função do acelerado crescimento 
econômico brasileiro com a modernização e urbanização do país.
As ações da intervenção do Serviço Social brasileiro tinham como objetivo controlar a 
reprodução da miséria advinda com a modernização, e controlar as insatisfações populares 
com o aumento da miséria nacional.
http://abepss.org.br
15
O 2º Congresso Pan-Americano de Serrviço Social no Rio de 
Janeiro em julho de 1949
Esse Congresso é solenemente aberto pelo Presidente da República Eurico Gaspar Dutra, 
tinha como tema central o Serviço Social e a Família. 
Marilda Iamamoto (2012, p. 351):
[...] esclarece que o tom das discussões, debates e teses apresentadas no 
transcorrer desse congresso pouco se diferenciou relativamente ao Congresso 
de 1945 e ao de 1947. Apenas algumas poucas manifestações podem ser 
consideradas como inovadores- ou precussoras de futuras tomadas de posição 
da instituição – ou constetadores. Há sem dúvida, um discurso mais secularizado 
(menos apostalar), com mais ênfase na psicologia e na técnica.
Nestes termos, definem-se novas qualidades para o exercício profissional do assistente social 
como, por exemplo, “[...] ser equilbrado psico-afetivamente para eliminar os conflitos e não ser 
causa dos mesmos”. 
O Serviço Social se afirma como principal agente de atendimento de casos sociais individuais, 
tendo a entrevista como seu principal instrumento de trabalho, utlizando as dimensões 
de atendimento Caso, Grupo e Comunidade, com isso servindo a uma engrenagem social, 
capitalista, profundamente excludente.
16
Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro
Material Complementar
Para se aprofundar no tema desta unidade, leia as seguintes indicações:
SILVA. Ilda Lopes Rodrigues da; RICHMOND, Mary. Um olhar sobre os fundamentos do 
Serviço Social. Rio de Janeiro: CBCISS, 2011.Textos: 
BRITO. Raquel Cardoso; FIGUEIREDO, Ângela Leggerini. Desenvolvimento comunitário: 
uma experiência de parceria.
 » http://ref.scielo.org/4778bv
RATTNER, Henrique. Desenvolvimento de comunidade no processo de urbanização: 
notas para uma crítica das teorias sociológicas do planejamento.
 » http://ref.scielo.org/yrgjpt
RODRIGUEZ, Maria Raimunda Chagas Vargas. Depois da terra: Lutas e contradições no 
assentamento Palmares. São Paulo: 1993. Disponível em: http://www.pucsp.br/biblioteca
http://ref.scielo.org/4778bv
http://ref.scielo.org/yrgjpt
http://www.pucsp.br/biblioteca
17
Referências
Livros
IAMAMOTO, Marilda; CARVALHO Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: 
Esboço de uma interpretação histórico- metodológica. 33ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
VIERA, Balbina Ottoni. Serviço Social: Precursores e Pioneiros, Agir, Rio de Janeiro: 1984
RODRIGUEZ, Maria Raimunda Chagas Vargas. Depois da Terra: lutas e contradições no 
assentamento Palmares. São Paulo: 1993. Disponível em http://www.pucsp.br/biblioteca
Sites
http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n1_compreensão da pessoa Humana
18
Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro
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