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Institucionalização do Serviço Social A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Maria Raimunda Chagas Vargas Rodriguez Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 5 Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Nesta unidade, vamos continuar nossos estudos sobre os fundamentos do Serviço Social, sua gênese no Brasil, sua institucionalização no país e a expansão na América Latina. A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro • Conjuntura política da década de 1940 • Institucionalização do Serviço Social: a prática profissional nas instituições • A busca de atualização do Serviço Social: os congressos de Serviço Social da década de 1940 6 Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro Contextualização A expansão e o desenvolvimento das atividades econômicas dos EUA foram lançados aos países de Terceiro Mundo, em especial no Brasil. E essas relações só lograram êxito em função das seguintes questões: mão de obra disponível, recursos naturais abundantes e a formação de um mercado consumidor nesses países. Neste contexto modernizador, surgem as desigualdades sociais. O Estado assume a função de zelar pelo disciplinamento e reprodução da força de trabalho, e será atribuída às instituições de assistência social a realização desta tarefa fundamental através da intervenção profissional do Assistente Social. O objetivo era a manutenção da força de trabalho submissa à produção, gerando riqueza para o capitalista. Nestes termos, podemos considerar que o nascimento das grandes instituições de assistência social no Brasil (LBA, SESI, SENAI, LEÃO XIII) foi também o início de uma ação profissional mais organizada do Serviço Social, em que parcela significativa de profissionais formados foi agregada como profissionais destas instituições. Nesse sentido, é importante nesta unidade comprender o início da modernização do país, a influência norte-americana no Brasil, com a teoria do desenvolvimentismo, e principalmente a interferência desta ideologia no trabalho profissional do Assistente Social. Entender este processo será inprescindível para a continuidade dos estudos nesta unidade. 7 Conjuntura política da década de 1940 A partir década de 1940, especialmente, na segunda Guerra Mundial (1945), afirmou-se a modernização da indústria brasileira, que teve início na década 1930, executada pelo presidente Getúlio Vargas (19/04/1882 a 24/08/1954). Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos de 1930 a 1945. Na década de 1940, o mundo capitalista, liderado pelos Estados Unidos da América (EUA), buscava alicerçar suas bases produtivas (produção de mercadorias) nos países periféricos. A expansão dos investimentos americanos no Continente Latino Americano tinha várias razões como: 1. amortecer a ideologia comunista no mundo, principalmente a experiência em Cuba; 2. a “contaminação comunista” nos países da América Latina, haja vista a proximidade geográfica deste continente com Cuba; 3. a readequação e expansão das atividades produtivas americana para outros continentes. Explore Fidel Castro - Líder Da Revolução Cubana » http://memoriascubanas.wordpress.com A expansão e o desenvolvimento das atividades econômicas dos EUA foram expandidos para os países de Terceiro Mundo, em especial no Brasil. E essas relações econômicas só lograram êxito no país em função da disponibilidade de mão de obra, recursos naturais abundantes, formação de um mercado consumidor e os incentivos fiscais doados pelo Estado nacional. A Expansão das atividades produtivas norte-americanas no Brasil foram bem sucedidas em razão destas quatro questões: mão de obra disponível, recursos naturais abundantes, formação de um mercado consumidor em expansão e incentivos fiscais doados pelo Estado Nacional. A conjuntura internacional e o caráter modernizador implementado no mundo pelos EUA, em relação aos países periféricos, se intensificou no Brasil rapidamente, forçando o Estado nacional a acelerar e implementar a modernização superficial no país, principalmente a modernização do parque industrial nacional. Fo nt e: W ik im ed ia C om m on s http://memoriascubanas.wordpress.com 8 Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro No Brasil (acompanhando a tendência conjuntural internacional), mais precisamente no Estado Novo, a pedido de Getúlio Vargas, instala-se, em 1942, a missão norte- americana denominada “Missão Cookie”, que tinha como objetivo planejar a produção interna de equipamento, os insumos essenciais e a renovação tecnológica da indústria brasileira (RODRIGUEZ, 2003). A partir dessa primeira iniciativa de planejamento estratégico para a modernização do Brasil, foram sistematicamente organizadas medidas governamentais, através da criação de uma rede de instituições estatais que visava subsidiar, orientar e sustentar o capital internacional e sua penetração no país. Com essa intenção clara de modernizar o país, foram criadas, em 1941, a Companhia de Siderurgia Nacional e, em 1942, a Companhia Vale do Rio Doce, subsidiada pelo capital norte-americano. Em 1943, surge a Companhia Nacional de Álcalis e, em 1944, a Fábrica de Motores. E, em 1945, é criada a Comissão de Planejamento Econômico Nacional (RODRIGUEZ, 2003). As evidências demonstram, nesse processo, que é lentamente estruturada uma sólida indústria de base com ênfase na siderurgia, energia, metais e minerais. Estava em curso no país uma elaborada e refletida ação governamental para acomodar o capital e os empreendimentos internacionais. Com o retorno de Getúlio Vargas ao Governo em 1951, através do voto popular, se viabilizou de forma definitiva a implantação de medidas para a modernização da sociedade brasileira e, consequentemente, da industrialização do país. Getúlio Vargas foi personagem importante na história da modernização do parque industrial brasileiro; esse governante utilizou-se do aparelho estatal para criar várias instituições nacionais que, em última instância, tinham o caráter normatizador e facilitador para desenvolver suas funções, beneficiando o capital. Explore Leia a biografia de Getúlio Vargas: http://www.historiabrasileira.com/biografias/getulio-vargas A modernização do parque industrial brasileiro não foi suficientemente capaz de assegurar a participação da sociedade e a empregabilidade completa. Neste contexto, surgem as desigualdades sociais, por esta razão, o Estado assume a função de zelar pelo disciplinamento e reprodução da força de trabalho. Esta responsabilidade será atribuída às instituições de assistência social através da intervenção profissional do assistente social que tinha como objetivo a manutenção da força de trabalho submissa à produção. As desigualdades sociais geram pobreza, desemprego, fome e miséria. Explore Assista Tempos Modernos - Charles Chaplin que mostra a classe que vive do trabalho nas fábricas e o capitalista que tem a função de mando, ou seja a burguesia. http://www.historiabrasileira.com/biografias/getulio-vargas 9 Glossário Burguesia: significa a classe que detém os capitais, as empresas, os meios de produção capitalista. Para garantir a submissão e adaptação do trabalhador ao capital, foram criadas as instituições de assistência social. Nesse contexto, o Serviço Social assume uma posição política conservadora, disciplinadora, corretiva e controladora dos trabalhadores, através da prática profissional desenvolvida nas instituições assistenciais, desepenhando funções políticas, econômicas e ideológicas vitais para a consolidação da burguesia no Brasil. Institucionalização do Serviço Social: a prática profissional nas instituições Na visão de Iamamoto (2011, p. 327), as grandes instituiçõesde assistência se desenvolveram no Brasil em um momento em que: Diálogo com o Autor O Serviço Social, como profissão se legitima dentro da divisão social do trabalho, onde o assistente social é entendido como profissional que domina um conjunto de conhecimentos, métodos e técnicas – em um projeto ainda em estado embrionário; é uma atividade profundamente marcada e ligada a sua origem católica, e as determinadas frações de classes, as quais ainda monopolizam seu ensino e prática. Neste sentido, o processo de institucionalização do Serviço Social será também o processo de profissionalização dos Asssistentes Sociais formadas nas Escolas especializadas. Nestes termos, podemos considerar que o nascimento das grandes instituições assistenciais no Brasil (LBA, SESI, SENAI, LEÃO XIII) é considerado como o início de uma ação profissional institucionalizada, mais organizada do Serviço Social, em que parcela significativa de profissionais formados foi agregada como profissionais destas instituições. Observa-se que a prática dos assistentes sociais, na década de 1940, bem como, sua formação acadêmica era advinda da doutrina social da Igreja Católica, através do viés ideológico neotomista (ideologia fundada nas ideias de Santo Tómas de Aquino que deu suporte à formação das primeiras assistentes sociais no Brasil), que revelava uma intervenção profissional conservadora, acrítica e aliada ao sistema capitalista. 10 Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro Explore Saiba mais sobre Santo Tomás de Aquino e Serviço Social: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n1_compreensao.htm Reafirma-se que a prática dos assistentes sociais tinha como objetivo, ainda que, inconscientemente, legitimar um bloco conservador e dominante do qual as pioneiras do serviço social eram representantes. Glossário Pioneiras eram chamadas as primeiras assistentes sociais formadas no Brasil, em especial, as que cursaram a 1ª turma de Serviço Social na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1936. A prática dos assistentes sociais era baseada no “enquadramento social”, que deve ser compreendido como uma forma de adaptar o indivíduo às funções e regras sociais estabelecidas, ou seja, o Serviço Social não tinha crítica que a sociedade era desigual e as desiguldades geravam muitas contradições sociais como: a pobreza, as péssimas condições de moradia, alcoolismo, drogadição, desorganização familiar etc. Todas essas questões eram atribuídas ao indivíduo particularizado, como se fosse um “fracasso pessoal” e não um desajuste no sistema econômico repleto de contradições sociais. Afirma Iamamoto (2011, p. 328) que o “Serviço Social mantém nas instituições sua ação educativa e doutrinária de “enquadramento” da população ou cliente”. Glossário Clientes são chamados os indivíduos que usam os serviços da Assistência Social. No processo de institucionalização do Serviço Social, verifica-se uma transformação, principalmente no que se refere à inserção da profissão na sociedade que, gradativamente, vai modificando a sua ideologia antes embasada na visão religiosa (doutrinária) e voluntária, para ganhar o status de agentes do Estado na condição de assalariado. Os assistentes sociais passam a ser empregados/funcionários do próprio Estado. No entanto, a prática profissional ainda permanece conservadora, exercendo suas funções profisssionais visando adequar os usuários/cliente ao sistema capitalista, apaziguando os conflitos entre a classe burguesa e a classe trabalhadora. As práticas profissionais em que os assistentes sociais estavam inseridos nas instituições assistenciais estavam ligadas a cuidados paliativos como: medicina curativa, medicina preventiva, puericultura (cuidados infantis), recuperação motora, distribuições de cestas básicas e diversos auxílios, institutos de correção para menores, adultos e asilos (IAMAMOTO, 2011, p. 329). http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n1_compreensao.htm 11 Em outras palavras, significa dizer que o Serviço Social trabalhava com parcelas da sociedade denominada de carentes, o que, até o presente momento, é uma realidade no seio profissional. Glossário O termo carente é entendido como indivíduos, sujeitos, desprovidos de recursos materiais para garantir sua sobrevivência e reprodução social. Nas instituições assistenciais, a prática profissional, em sua grande maioria, era desenvolvida através dos serviços denominados de “plantão social” em que ficava um assistente social na recepção, a “triagem”, onde os assistentes sociais selecionavam os mais carentes para incluir nos benefícios sociais e os “encaminhamentos” onde eram encaminhados os contemplados com o benefício social. Nesse sentido, podemos afirmar que era excludente a forma de intervenção profissional, pois selecionavam os beneficiários pelo critério dos mais carentes, pela pobreza, não pela via do direito social. Esse processo de excluir os usuários do Serviço Social pela condição econômica vai servir, fundamentalmente, de base para sustentar as desigualdades sociais, haja vista que mostra as instituições de assistência como a finalidade de realizar apenas a remediação dos problemas sociais e não para solucionar os conflitos e as desiguldades sociais. Portanto, “esses primeiros aspectos da intervenção do Serviço Social colocam-se entre a necessidade e a demanda da população, e o caráter seletivo e limitado do equipamento assistencial e previdenciário de que pode dispor” (IAMAMOTO, 2011, p. 332). A intervenção profissional do Serviço Social através do amparo das Instituições governamentais contribuirá, significativamente, para desencadear uma atuação profissional, pautada sobre o prisma de minimizar os conflitos de classe, individualizando os casos sociais, oferecendo apenas resolusões paliativas e pontuais na vida dos indivíduos. O processo de individualizar os casos, ou seja, atribuir aos sujeitos a responsabilização pelas suas dificuldades sociais, era a metodologia utilizada pelo Serviço Social norte-americano influenciado pela teoria de Mary Ellen Richmond (1821 -1928), que foi a primeira assistente social a sistematizar o Serviço Social nos Estados Unidos, denominado Casework, ou Serviço Social de Caso, que analisa as questões sociais sobre o prisma da individualização dos problemas sociais. Mary Ellen Richmond nasceu em Belleville, estado de Illinois, em 03 de agosto de 1861, seus pais mudaram–se para Baltimore onde, tempo depois, morrreram os dois de tuberculose. Morou com as tias e, aos 16 anos, mudou para New York. Leitora da literatura de Charles Dickens, que descrevia a miséria na Inglaterra pós- revolução industrial, Mary Richmond criou a primeira escola de Serviço Social nos EUA, na Universidade de Columbia. 12 Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro Na sua vasta bibliografia, apontamos dois livros fundamentais para sua obra: o Diagnóstico Social, que levou dez anos escrevendo, no qual sistematizou as bases do Serviço Social no mundo e oi Casework, ou seja, Serviço Social de Caso, no qual estudava os indivíduos a partir de sua situação problema, o estudo de caso individual, utilizando entrevistas, técnicas e documentos privados, em que o Assistente Social faria um diagnóstico e proporia um tratamento para aqueles indivíduos; tal análise era pautada na acomodação das situações-problema dos indivíduos a eles mesmos, baseado no aconselhamento social. Para Mary Richmond, “o trabalho social de caso e o desenvolvimento da personalidade pelo ajustamento consciente e compreensivo das relações sociais, o ajustamento do indivíduo deve ser indivíduo a indivíduo e não em massa” (VIEIRA, 1984, p.80). Explore Conheça mais sobre a obra de Richmond. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v6n2_carla.htm Nesses termos, a ação prática do Serviço Social objetivava obter da população mais empobrecida a aceitação das normas capitalistasvigentes, através do manuseio de conhecimentos técnicos de base funcionalista, que definia o que é “normal” e o que é “anormal”. A concepção funcionalista significa afirmar que todas as pessoas deveriam cumprir suas funções e papéis sociais, previamente, definidos pela sociedade, os que não cumprem são considerados “anormais” ou “patológicos”, como por exemplo: a mãe que abandona seu filho é considerada pela sociedade um indivíduo “anormal”, “patológico”, pois dentre os diversos papéis sociais atribuídos às mães, o principal deles é de amor infinito, incondicional aos filhos. Nesse sentido, a ação profissional era reintegrar os indivíduos à sociedade, considerando os que não se adaptavam como “desajustados socialmente”. Para consolidar projeto de tal envergadura, o atendimento do Serviço Social era superficial, baseado em distribuição de benesses(favores), ações paternalistas que acomodavam os indivíduos impedindo que estes pudessem reagir diante da dominação do sistema capitalista. http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v6n2_carla.htm 13 A busca de atualização do Serviço Social: os congressos de Serviço Social da década de 1940 A prática assistencialista desenvolvida pelo assistente social nas instituições caracterizada pelo paternalismo, ausência de direitos, autoritarismo dirigidos à classe proletária (trabalhadora) cria no Serviço Social uma atmosfera propícia para as discussões, ainda que embrionárias do ponto de vista crítico. Essas discussões foram feitas através de vários congressos realizados pelos profissionais na busca por uma resposta mais qualificada para o exercício profissional. Esses encontros, seminários e congressos reuniam os principais setores interessados das instituições, de profissionais de outras instituições de assistência, de entidades de assistência públicas e privadas do empresariado e da Igreja Católica. O primeiro Congresso Brasileiro de Serviço Social foi promovido pelo Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), em 1947, e reuniu representantes ligados ao Serviço Social e da Assistência Social, para discutir as diretrizes preparatórias para o 2º Congresso Pan- Americano, que foi realizado no Brasil em 1949. Destaca-se que, em 1945, aconteceu o Congresso Pan-Americano de Serviço Social no Chile, que se constituiu, por sua vez, como continuidade do Congresso Inter-Americano de Atlantic City (EUA 1941), que significou a reafirmação da influência norte-americana no Serviço Social latino americano, que representava uma marca ideológica, hegemônica deste poder em função do crescimento dos regimes socialistas nas proximidades do continente Latino Americano. O Congresso Pan-Americano de 1945, realizado no Chile, reuniu 14 delegados estrangeiros. Os países latinos participaram; além das indicações de representantes- delegados da escolas oficias de Serviço Social, o Brasil participou com número expressivo de delegados assistentes sociais. O encontro de 1945, no Chile, na concepção de Iamamoto (2012, p. 347), teve como temário debates importantes como: O debate sobre o caráter do posicionamento político-ideológico da prática profissional nas instituições assistenciais. Importante destacar que, nesse encontro, a ala dos profissionais mais avançada/progressista é derrotada pela expressiva maioria de assistentes sociais que se posicionavam, favoravelmente, ao patronato, enquanto a ala denominada progressista que defendia os direitos dos trabalhadores perdem o debate político-ideólogico, prevalecendo, neste encontro, ainda o apoio e a intervenção profissional do assistente social ao empresariado e canais expressivo de poder. Na primeira parte, prevalecem os aspectos de neutralidade, a conciliação entre as classes sociais, ou seja, entre os donos de capital e a classe trabalhadora, e a intervenção profissional como elemento fundamental para promover a conciliação, a acomodação entre as classes, que são contraditórias por natureza. O Serviço Social faria essa suposta harmonia social, através de sua intervenção e ação educativa nas instituições de assistência social. 14 Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro Nessa etapa, foi muito discutida a integração entre e intercâmbio interamericano e a formação para o Serviço Social. Nesse sentido, o Congresso de 1945, no Chile, se posicionou favoravelmente à intervenção e integração interramericana, com informações sociais em diversas áreas como na proteção da infância, ao trabalho e apoio da Organização dos Estados Americanos – OEA. A segunda etapa, discutida no Congresso de 1945, no Chile, foi direcionada para a formação do Assistente Social, quando se procurou definir as normas para o funcionamento das escolas especializadas que se multiplicavam no Continente Latino Americano. Essas escolas deveriam atender aos requisitos legais mínimos como: currículo básico, planos de trabalho prático que tivessem relação com o continente. Nesse sentido, esse debate propicia a criação de entidades que pudessem normatizar a formação dos futuros profissionais, bem como definir as feições da regulamentação da profissão (preferencialmente que a formação dos assistentes sociais fosse voltada para os problemas do continente Latino Americano), do ensino e a luta pelo reconhecimenrto profissional. Esse processo foi frutífero, pois nascem a Associação Brasileira de Assistentes Sociais e a Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social (ABESS) que hoje é denominada Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS). Explore Site da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social http://abepss.org.br Observa-se que, nesse Congresso, discutem-se seis temas importantes para o Serviço Social como: Serviço Social de família, Serviço Social de menores, educação popular, lazer, Serviço Social médico, Serviço Social na indústria, agricultura e comércio. Essas temáticas demostram um pouco a face do Serviço Social brasileiro, principalmente no momento em que as instituições assistenciais e as coorporações empresariais em expansão passam a ser mercado para o exercício profissional em função do acelerado crescimento econômico brasileiro com a modernização e urbanização do país. As ações da intervenção do Serviço Social brasileiro tinham como objetivo controlar a reprodução da miséria advinda com a modernização, e controlar as insatisfações populares com o aumento da miséria nacional. http://abepss.org.br 15 O 2º Congresso Pan-Americano de Serrviço Social no Rio de Janeiro em julho de 1949 Esse Congresso é solenemente aberto pelo Presidente da República Eurico Gaspar Dutra, tinha como tema central o Serviço Social e a Família. Marilda Iamamoto (2012, p. 351): [...] esclarece que o tom das discussões, debates e teses apresentadas no transcorrer desse congresso pouco se diferenciou relativamente ao Congresso de 1945 e ao de 1947. Apenas algumas poucas manifestações podem ser consideradas como inovadores- ou precussoras de futuras tomadas de posição da instituição – ou constetadores. Há sem dúvida, um discurso mais secularizado (menos apostalar), com mais ênfase na psicologia e na técnica. Nestes termos, definem-se novas qualidades para o exercício profissional do assistente social como, por exemplo, “[...] ser equilbrado psico-afetivamente para eliminar os conflitos e não ser causa dos mesmos”. O Serviço Social se afirma como principal agente de atendimento de casos sociais individuais, tendo a entrevista como seu principal instrumento de trabalho, utlizando as dimensões de atendimento Caso, Grupo e Comunidade, com isso servindo a uma engrenagem social, capitalista, profundamente excludente. 16 Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro Material Complementar Para se aprofundar no tema desta unidade, leia as seguintes indicações: SILVA. Ilda Lopes Rodrigues da; RICHMOND, Mary. Um olhar sobre os fundamentos do Serviço Social. Rio de Janeiro: CBCISS, 2011.Textos: BRITO. Raquel Cardoso; FIGUEIREDO, Ângela Leggerini. Desenvolvimento comunitário: uma experiência de parceria. » http://ref.scielo.org/4778bv RATTNER, Henrique. Desenvolvimento de comunidade no processo de urbanização: notas para uma crítica das teorias sociológicas do planejamento. » http://ref.scielo.org/yrgjpt RODRIGUEZ, Maria Raimunda Chagas Vargas. Depois da terra: Lutas e contradições no assentamento Palmares. São Paulo: 1993. Disponível em: http://www.pucsp.br/biblioteca http://ref.scielo.org/4778bv http://ref.scielo.org/yrgjpt http://www.pucsp.br/biblioteca 17 Referências Livros IAMAMOTO, Marilda; CARVALHO Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma interpretação histórico- metodológica. 33ª ed. São Paulo: Cortez, 2011. VIERA, Balbina Ottoni. Serviço Social: Precursores e Pioneiros, Agir, Rio de Janeiro: 1984 RODRIGUEZ, Maria Raimunda Chagas Vargas. Depois da Terra: lutas e contradições no assentamento Palmares. São Paulo: 1993. Disponível em http://www.pucsp.br/biblioteca Sites http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n1_compreensão da pessoa Humana 18 Unidade: A Influência Norte-Americana no Serviço Social Brasileiro Anotações
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