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[Sobrenome] 1 
Konder, Leandro O que é dialética. Coleção Primeiros. São Paulo: Brasiliense, 2008. 
 
A dialética é uma forma de demonstrar uma tese por meio de um argumento capaz de definir 
e distinguir os conceitos envolvidos na discussão. Já na acepção moderna, dialética 
significava o modo de pensar as contradições da realidade, o modo de compreender a 
realidade, como essencialmente contraditória e em permanente transformação. 
 
 
o livro inicia trazendo a origem da dialética na Grécia antiga, onde era considerada a arte do 
diálogo. Para Aristóteles, Zênon de Eleia foi o criador da dialética. Porém outros consideram 
que foi Sócrates o primeiro fundador. 
 A dialética passou por várias concepções e atualmente significa um modo de pensarmos 
as contradições existentes na nossa realidade, ou seja, uma forma de pensar que a nossa 
realidade vive em permanente transformação. Mudamos para permanecer e permanecemos 
mudando. 
Nesse sentindo Heráclito de Éfeso é o que mais se aproxima no sentindo literal palavra da 
dialética, pois seus manuscritos tudo está em constante mudança: vida ou morte, sono ou 
vigília, juventude ou velhice, são realidades onde uma se transforma em outra. No entanto as 
concepções de Parmênides vieram a prevalecer sobre Heráclito, pois considerava as 
mudanças como um fenômeno superficial, e que na essência do ser era profunda e imutável, 
a metafísica. 
 A concepção metafísica prevaleceu historicamente por muitos anos, pois correspondia 
exatamente as classes dominantes queriam, ou seja, amarrar as concepções, valores, 
conceitos da sociedade, para impossibilitar que essa, ceda á tentação de mudar o regime 
vigente na época. 
 Portanto a dialética foi suprimida temporariamente da história, mas não foi extinta. 
Aristóteles depois de quase meio século da morte de Heráclito, reintroduziu as concepções 
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diáleticas, embora menos radical do que seu antecessor, mas é a ele que deve-se a 
sobrevivência da dialética, o lado dinâmico e mutável da realidade. 
 Na Idade Média ficou praticamente esquecida, pois a ideologia dominante da época era 
monopolizada pela Igreja. Mesmo nos mosteiros os padres levavam uma vida muito parada 
e monótona, enfraquecendo os escritos sobre a dialética. Assim a dialética teve que lutar para 
permanecer no campo filosófico. 
 A partir da segunda metade do século XVII as concepções dos filósofos começaram a 
mudar, tanto pelo amadurecimento do processo histórico, devido a Revolução Francesa, 
como as condições dos filósofos tiveram transformações sociais. O Iluminismo não trouxe 
tantas contribuições para o avanço da dialética. 
 No entanto, podemos considerar que Denis Diderot (1713-1784) teve uma parcela de 
contribuição para a dialética. “Sou como sou porque foi preciso que eu me tornasse assim. 
Se mudarem o todo, necessariamente eu também serei modificado. O todo está sempre 
mudando” – escreveu ele. Ao lado de Diderot, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) deu uma 
grande contribuição para a dialética na época, pois observava a estrutura da sociedade do 
seu tempo e as contradições que ocorriam em classes dominantes e dominadas. 
 Hegel (1770-1831), que sustentava a ideia da questão central da filosofia era o ser 
mesmo e não o do conhecimento. Hegel propõe uma superação da dialética, que nada mais 
é do que uma negação da realidade, a conservação de algo ideal para realidade e a elevação 
dela para um nível superior. Por exemplo com o trabalho: a matéria prima é quebrada, mas 
ao mesmo tempo é conservada, e assume uma nova forma. Hegel é considerado idealista, 
deixando de lado os movimentos da realidade material. 
 Entretanto, surge o alemão Karl Marx (1818-1883), materialista, que concordava com o 
Hegel que o trabalho era a mola que impulsionava o desenvolvimento humano, porém criticou 
a unilateralidade da concepção sobre o trabalho intelectual, deixando de lado o físico e 
material. “Divisão de trabalho e propriedade privada, são termos idênticos: um diz em relação 
à exploração do trabalho escravo a mesma coisa que o outro diz em relação ao produto de 
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exploração do trabalho escravo” – dizia Marx. A contradição ocorria na alienação do 
trabalhador frente ao seu trabalho. Os marxistas consideram que uma das formas de superar 
a divisão da sociedade em classes é dar início a um processo de desalienação do trabalho, 
por meio da luta de classes promovendo uma revolução socialista. 
Na dialética marxista, o conhecimento é totalizante, e a atividade humana é um 
processo de totalização, onde nunca alcança uma etapa final. A verdade é o todo, como Hegel 
já dizia. Para enxergar o todo precisamos ter uma visão do conjunto. A síntese é a visão do 
conjunto que permite o homem descobrir a estrutura significativa da realidade com qual ele 
enfrenta. Para conseguirmos o nível da totalização mais abrangente devemos nos recorrer à 
filosofia da história. 
Para análise dialética Marx coloca que precisamos fazer uma viagem do mais 
complexo (ainda abstrato) ao mais simples e feito o retorno do mais simples ao mais 
complexo (já concreto), como ele diz: “O concreto é concreto porque é a síntese de várias 
determinações, e a unidade da diversidade”. Marx pretendia escrever um livro sobre dialética, 
chegando até anunciar o projeto, mas não lhe restaram tempo para isso.

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