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Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Intestinos – aspectos da normalidade Órgãos com formato tubular. ID: 6 a 8 metros IG: 1,3 a 1,7 metros Funções: Digestão / absorção e excreção Intestino delgado Serosa: camada + externa, fina e brilhante Mucosa pregueada pela presença de vilosidades para aumentar a área de contato Tem a parede mais fina Intestino grosso Tem a parede mais espessa Patologia Intestinal I Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Histologia: Mucosa: Presença das vilosidades – projeções em dedo de luva; Borda em escova Epitélio simples colunar com cls mucoides Não possui vilosidades – possui invaginações no epitélio, denominadas criptas; Presença de + cls mucossecretoras (fator de proteção p/ o epitélio); Não tem borda em escova Epitélio simples colunar com cls mucoides Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Irrigação Doença Isquêmica Intestinal Causada por fluxo sanguíneo deficiente; Mais comum em idosos (>70 anos) → principal fator de ocorrência é placa de ateroma Alta morbidade e mortalidade; As consequências da isquemia dependem da intensidade e duração do processo isquêmico Podem ser eventos agudos – Ex: infarto intestinal ou eventos crônicos – Ex: angina abdominal/entérica (dor) Causas: Interrupção do fluxo sanguíneo Obstrução arterial → Ex: trombose ou embolia de a.a. mesentéricas Trombose associada à aterosclerose Embolia: IAM, endocardite, arritmias... (coração esquerdo) Obstrução venosa → Ex: trombose em v.v. mesentéricas Condições predisponentes: ICC; inflamação de órgãos abdominais; cirurgias, neoplasias ICC: a insuficiência gera uma dificuldade de contração → estase sanguínea na veia cava → estase sanguínea na circulação abdominal Inflamação dos órgãos abdominais/cirurgia: são geradas lesões endoteliais e redução do fluxo sanguíneo Quando há uma obstrução venosa, o sangue se acumula em uma determinada região visto que não tem a veia funcionando p/ fazer a drenagem → o sangue se acumula, os nutrientes são consumidos → dificuldade de passagem de um novo sangue por conta do grande acúmulo → isquemia Baixa perfusão tecidual: Ex: ICC, desidratação, estado de choque Fatores mecânicos: Ambas as artérias são provenientes da aorta. Os ramos arteriais formam arcadas – dupla circulação Irriga quase todo o delgado, com exceção do duodeno – que é irrigado pela a. gastroduodenal Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Isquemia intestinal crônica Gera o quadro de angina abdominal Ocorre geralmente por aterosclerose – uma placa na a. mesentérica obstruindo a luz vascular. Isso gera um fluxo sanguíneo e consequentemente hipoxia no local. Esse mecanismo estimula o metabolismo anaeróbico, gera a produção de ácido lático e produz a angina abdominal, caracterizada por dor intermitente, duração variável e piora após refeições. Ela é intermitente pois tem hora que o intestino trabalha mais e hora que trabalha menos. O problema da angina abdominal é virar uma isquemia prolongada, com maior obstrução e gerar um infarto intestinal. O processo de hipoxia pode gerar uma inflamação, que cursa com erosão e ulceração da mucosa . Em seguida é possível ter um processo de reparação da mucosa, com fibrose cicatricial, que quando é exagerada, pode provocar estenose no local. Isquemia intestinal aguda Depende principalmente da intensidade e duração Intensidade e duração baixas: gera um infarto da mucosa Das 4 camadas do intestino, a mucosa é a que tem o maior metabolismo – é a que mais precisa de oxigênio e nutrientes → dessa forma, qualquer isquemia pode gerar danos a mucosa. Principal causa: perfusão tecidual – Ex: choque e ICC (há irrigação, mas uma irrigação deficitária) Esse evento de infarto da mucosa pode ser precipitado por vasoconstrição – efeito colateral de medicamentos digitálicos usados em pcts com ICC. Se a causa é eliminada há o reparo das lesões → esse reparo pode ser por reconstituição epitelial ou por fibrose associada da mucosa. Melhor prognostico que do infarto transmural Saída de uma alça intestinal por meio de um orifício gerando um estrangulamento dessa alça. O pedículo vascular existente na região sofre uma compressão e a alça não fica bem irrigada Trave de fibrose entre 2 alças intestinais. Essa fibrose pode repuxar a alça de uma forma que ela pode se dobrar sobre si mesma e gerar uma obstrução do pedículo vascular com isquemia. Geralmente ocorre após manipulação cirúrgica do abdome Torção da alça sobre ela mesma. Os vasos da região ficam obstruídos, o sangue não penetra na região e ocorre a isquemia. Mais comum em megacolons Quando uma alça entra para dentro dela mesma. Geralmente ocorre em crianças de forma idiopática e em certos tumores. Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Intensidade e duração elevados: gera um infarto transmural – infarto de todas as camadas da parede Locais mais afetados: jejuno distal e íleo (ID) e flexura esplênica (IG) Geralmente o infarto é no intestino delgado devido a irrigação pela mesentérica superior A flexura esplênica sofre mais infartos na porção do intestino grosso devido a estar em um ponto de transição: é nela que termina a área de irrigação da mesentérica superior e começa a área de irrigação da mesentérica inferior → área de vulnerabilidade e de mudança do território vascular Principal causa: obstrução (trombo/embolia) da a. mesentérica superior (60%) Parede: Edemaciada, congesta, escurecida (vinhosa a enegrecida), com sangue na luz (a hemorragia da parede do infarto vermelho pode ir p/ a luz do intestino → pode gerar sangue vivo nas fezes) Limite nítido → obstrução arterial Quando a obstrução é arterial, o fluxo é interrompido de uma vez, logo a área infartada fica bem-marcada das demais Limite pouco definido → obstrução venosa Quando a obstrução é venosa o limite é mais irregular, visto que a irrigação não é cessada de uma vez só – as aterias continuam emitindo sangue para a região, que ira consumir os A cor normal da serosa é a do segmento IV. Os segmentos I, II e III demonstram uma serosa em sofrimento Prevalência de embolia na mesentérica superior: devido a angulação de saída do vaso da aorta. Além disso, o calibre de entrada da mesentérica superior é maior que da inferior Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica nutrientes aos poucos e em seguida um novo sangue arterial terá dificuldade de adentrar a região → a parede celular começa a sofrer isquemia em tempos diferentes, não gerando um limite tão bem definido. Macroscopia: Microscopia: necrose isquêmica + inundação hemorrágica. Há também a presença de infiltrado inflamatório polimorfonuclear neutrofílico Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Colonização bacteriana: como há a presença de bactérias na luz intestinal, essa área necrosada é um grande atrativo para colonização bacteriana, o que predispõe a perfuração. Clínica Dor abdominal súbita e intensa, em região periumbilical; Taquicardia / Hipotensão arterial; Redução ou abolição dos movimentos peristálticos – como a muscular também infartou, os movimentos peristálticos não são possíveis de serem realizados Náuseas, vômitos; Diarreia sanguinolenta (HDB). Hemorragia digestiva baixa: abaixo do ângulo de Treitz (jejuno, íleo e intestino grosso) → hematoquezia – sangue vivo nas fezes Hemorragia digestiva alta: acima do ângulo de Treitz (duodeno, estômago e esôfago) → quadro de melena – sangue digerido nas fezes Complicações: Choque hipovolêmico – devido hemorragia digestiva baixa (HDB) Íleo paralítico ou adinâmico – devido movimentos peristálticos Peritonite: perda de impermeabilidade da parede+ proliferação bacteriana Isso pode gerar um quadro de septicemia e choque séptico Não é preciso perfurar o intestino p/ ter peritonite – o intestino é um órgão impermeável, porém, com o quadro de infarto ele perde essa permeabilidade e deixa passar as bactérias que ficam na luz intestinal Pode gerar abdome em tabua Perfuração intestinal: isquemia + proliferação bacteriana Isso pode gerar um quadro de septicemia e choque séptico Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Prognostico: depende da extensão, tempo do diagnostico – mas em média 40 a 70% de mortalidade Apendicite aguda Inflamação aguda do apêndice cecal; Principal causa de abdome agudo cirúrgico; Mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens; H:M (2:1) Causas: em geral, obstrução da luz do apêndice Fecalitos A mucosa do apêndice é igual a do intestino grosso – função de absorção de água. Dessa forma, pode penetrar fezes dentro do apêndice e essa mucosa absorver água, gerando uma petrificação do conteúdo e formação dos fecalitos Parasitas Corpo estranho Tumores Patogênese Obstrução da luz → retenção de muco (produzido pela mucosa) → proliferação bacteriana e distensão da parede → pressão intraluminal → compressão venosa → isquemia → hipóxia + resposta inflamatória clínica Hiporexia, náuseas, vômitos Hiporexia: primeiro sintoma que aparece – falta de apendicite Febre Dor se inicia periumbilical e em seguida ela migra p/ a fossa ilíaca direita (Blumberg +) Sinal característico Ponto de McBurney: ponto de maior sensibilidade do apêndice Leucocitose com desvio para esquerda (devido ao consumo de neutrófilos) Morfologia Processo inicial: área de hiperemia e congestão discreta a serosa Distensão da luz do apêndice, hiperemia vascular significativa Necrose do apêndice Supuração Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Processo inflamatório agudo com destruição da parede apendicular – a mucosa é a camada que mais sofre esse processo Doença de Hirschsprung – Megacólon Aganglionico Congênito 1 em 5000 nascidos vivos; Esporádica ou associada a outras anomalias (ex: 10% Sd. de Down); Causa: aganglionose → plexos nervosos submucoso e mioentérico; A pessoa nasce sem gânglios (neurônios) nos plexos nervosos submucoso e mioentérico → com a ausência de neurônios nos plexos, não ocorre o movimento peristáltico H:M (4:1) Localização: retossigmoide (principal) Patogênese: Ausência de neurônios nos plexos nervosos → ausência de contrações peristálticas → obstrução funcional → dilatação do segmento intestinal à montante (proximal). Clínica Manifesta-se no período neonatal Ausência de eliminação de mecônio (1ª eliminação fecal do RN) Distensão abdominal Vômitos Constipação intestinal crônica Enterocolites associadas à estase Perfuração → peritonite → septicemia → choque séptico Diagnóstico: biópsia Infiltrado inflamatório presente nas camadas do apêndice A região dilatada está alterada MORFOLOGICAMENTE (alteração macroscópica), porém a AUSÊNCIA de neurônios está presente na porção ESTREITA (alteração microscópica) OBS: Enterite é do ID Colite é do IG Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Microscopia Presença do feixe nervoso, porém sem neurônios Doença Diverticular do Cólon Condição patológica adquirida Divertículos = dilatações saculares da mucosa e submucosa através da camada muscular da parede intestinal Diverticulose: divertículos múltiplos Idosos (> 60 anos) Localização: cólon sigmoide Patogênese: dois fatores principais 1) Fraqueza local da parede Os vasos por meio do mesentério penetram na parede intestinal, gerando um ponto de interrupção da sua continuidade → ponto de fraqueza. Os divertículos surgem em geral na borda mesocólica/borda mesentérica (local onde os vasos adentram na parede intestinal) 2) Aumento da pressão intraluminal (algo que faça uma pressão de dentro p/ fora, p/ a mucosa herniar) Padrão alimentar → dieta pobre em fibras e vegetais. É mais comum no cólon esquerdo do que no direito pois nele as fezes já estão mais formadas, o que aumenta a pressão luminal Definição de falso divertículo Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Clínica Maioria assintomática; Desconforto / dor abdominal tipo cólica; Constipação intercalada à diarreia; Distensão abdominal; Lesão do divertículo, gerando hemorragia geralmente discreta. Complicações: Inflamação do divertículo (diverticulite); Perfuração da parede do divertículo → peritonite, abscessos, fístulas; Reparação da inflamação com cicatrização excessiva → fibrose → estenose Doença Inflamatória Intestinal - Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa Condição idiopática, de inflamação prolongada, exacerbada e destrutiva direcionada ao TGI; Parece resultar da ativação do sistema imunitário por antígenos da microbiota normal do hospedeiro; Diarreia crônica e recidivante, que pode durar anos ou décadas; Mulheres, brancos, 20 a 40 anos; Patogênese: É desconhecida, mas gira em torno de 3 fatores: Resposta imunitária anormal à microbiota intestinal mediada por linfócitos T CD4+ OBS: mesmo que haja essa resposta imune associada, NÃO são doenças autoimune, visto que não há a produção de autoanticorpos que destroem a mucosa Defeito intrínseco do sistema imunitário? Falha nos mecanismos de supressão da resposta inflamatória? Medicamentos imunossupressores são usados no tratamento Composição alterada da microbiota intestinal; Estudos experimentais demonstram que animais isentos de bactérias não desenvolvem colite; só desenvolve colite aqueles colonizados Disfunção da barreira epitelial intestinal, facilitando o contato de antígenos da luz do intestino com a lâmina própria, onde se localizam as cls inflamatórias. Defeitos na função mecânica de barreira do epitélio que permite o contato dos antígenos bacterianos diretamente com as cls inflamatórias da lâmina própria, perpetuando a ação da resposta inflamatória imunitária. Além disso, sabe-se que há fatores genéticos associados Risco maior quando há membro da família afetado; Mais de 160 genes associados; Gene + importante: NOD2: - está mutado em 10% dos pacientes Ele codifica proteína anômala que se liga à peptidoglicanos bacterianos → ativa vias de sinalização inflamatória Resumo patogênese: Modificações na microbiota intestinal e alterações na barreira epitelial induzem resposta imunitária exagerada e destrutiva, em indivíduos geneticamente suscetíveis. OBS: Doença celíaca não entra nessa classificação pois é uma doença autoimune direcionada ao intestino delgado Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Propicia lesões morfológicas na mucosa → disabsorção (tanto de nutrientes no ID, quanto de água no IG → resultado: diarreia) Diarreia mucosanguinolenta, intermitente (vai e volta), com debilitação dos pacientes. Diagnóstico: associação entre clínica + laboratório + histopatologia OBS: 10% dos casos → Colite indeterminada (não diferencia entre Crohn e retocolite) Doença de Crohn Macroscopia: Congestão, edema e processo inflamatório → destruição epitelial → erosões → úlceras profundas e estreitas → coalescem → fissuras lineares e tortuosas → se atinge serosa → aderências ou fístulas com outros órgãos. Essas úlceras podem se coalescerem e formarem fissuras lineares e tortuosas, além de perfurarem a serosa Fistulas comuns: perianal, intestino-bexiga (fecalúria) Íleo afetado (Presença de úlceras estreitas e profundas ao lado de mucosa saudável) Fissuras Perfuração Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Como se trata de uma doença intermitente, nos períodos em que ela não está tão ativa, o organismo cessa o processo inflamatóriop/ reparar o órgão → fibrose transmural → pode gerar estenose da luz do intestino. Microscopia: Inflamação transmural Agregados linfoides Distorção arquitetural Ocorre devido aos períodos mais e menos ativos da doença Microabscessos de cripta Criptas = invaginações da mucosa → dentro delas é possível que tenha agregado de neutrófilos IIPMN Granulomas não caseosos (agregados de macrófagos) – SÓ DA EM CROHN Parte proximal – dilatação ocorre no segmento proximal Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Ulceração e fibrose Fissura Clínica: Variável, manifestações recorrentes; Início → ataques intermitentes de diarreia leve, febre e dor abdominal; Períodos assintomáticos → semanas, meses ou anos; Hematoquezia Complicações: Anemia Obstrução intestinal Perfuração → Fístulas, abscessos e peritonite → sepse Desidratação e desnutrição (diarreia e má absorção); Aumenta risco para Câncer Colorretal Retocolite ulcerativa Mucosa hiperemiada, granular, friável e que sangra com facilidade; Transição abrupta entre cólon doente e sadio. A doença migra no sentido proximal – começa no reto e vai progredindo no IG. Assim como Crohn, é uma doença intermitente – período de melhoras e pioras Como apenas a mucosa/submucosa foi lesada, durante o período de melhora, a mucosa tem uma capacidade regenerativa – ilhas de mucosa normal, que se localizam ao lado de mucosa ulcerada → formação de úlceras rasas limitadas à mucosa / submucosa; Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Pseudopólipos inflamatórios/regenerativa → essa porção só fica com o aspecto de pólipo por estar ao lado de uma área ulcerada. Área ulcerada Inflamação da mucosa Microscopia = ao Crohn, exceto pelos granulomas, que estão ausentes nesse caso Microabcesso de cripta; II PMN Distorção arquitetural da mucosa Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Comparação Doença de Crohn Retocolite Ulcerativa Exames laboratoriais (dosagem de anticorpos – tem baixa sensibilidade e por isso geralmente os dois dão como negativo) → não é um padrão, é o mais comum ASCA + / p-ANCA - ASCA - / p-ANCA + Região do intestino “Boca ao ânus” (íleo ± cólon) IG apenas Só reto (proctite), Retossigmoide Pancolite (todo o IG) Distribuição Lesões salteadas Lesões contínuas Úlceras Profundas, lineares Base estreita e profunda – 4 camadas (chamada de fissura) Rasas (superficiais) e largas – visto que só atinge até a submucosa Fissuras, fístulas e perfuração Sim Não Inflamação Transmural – de todas as camadas da parede Limitada a mucosa e submucosa Fibrose e estenose Sim Não (rara) Aspecto da parede Espessada Pode ter lesão até a serosa Delgada Aspecto da mucosa Pedra em calcamento Pseudopólipos Granulomas Sim (35%) Não Adenoma (benigno) e adenocarcinoma (maligno) Tumores primários de intestino delgado são muito raros Neoplasias secundarias – que deram metástase p/ o ID são mais comuns que os tumores primários Tumores do intestino grosso: Pólipos: Não neoplásicos: Pólipos hiperplásicos (crescem por hiperplasia, logo não são neoplásicos) - NÃO acarreta risco de malignidade Pólipos hamartomatosos (hamartoma = lesão constituída por tecido próprio (normal) do órgão que vai crescer de forma desordenada – quantidade aumentada e estrutura desordenada – carreiam risco AUMENTADO de malignidade Neoplásicos: Pólipos adenomatosos (benignos, porém possuem risco elevado p/ câncer colorretal) (Patologia Intestinal II) Neoplasias intestinais Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Câncer colorretal Pólipos colônicos → Pólipos hiperplásicos: hiperplasia de criptas e glds mucosas Resultam de hiperplasia, ou seja, aumento do número de criptas e glândulas da camada mucosa; Mais frequentes, pequenos (0,1 a 1,0 cm) e sésseis; Únicos ou múltiplos Mais comuns no retossigmoide; Principalmente a partir de 50 anos; Pólipos neoplásicos: proliferação neoplásica de criptas e glds mucosas Pólipos adenomatosos (adenomas) Proliferação de células epiteliais com diferentes graus de atipia celular (displasia); O adenoma sempre tem uma displasia de alto ou baixo grau É uma lesão benigna com chance de malignização Lesões elevadas formadas por criptas e glândulas da camada mucosa que se projetam para cima da linha da mucosa, formando protrusão para a luz colônica. Mucosa colonica – constituída por criptas e glândulas – NÃO TEM vilosidades A base de implantação do pólipo se da diretamente na mucosa Caracterizado por criptas bem definidas que são muitas vezes alongadas. Além disso, a maturação das cls tem que estar preservadas – sem displasia. A glândula também possui um aspecto serrilhado – não é bem redondinha, é mais irregular Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Únicos ou múltiplos; sésseis ou pediculados; até 10cm; Presença de eixo vascular evidente no pólipo pediculado Após 40 anos; principalmente após 50 anos; Mais comuns no cólon esquerdo (retossigmoide); Maioria assintomática; Potencial de evoluir para adenocarcinoma. Os adenomas em geral precedem o adenocarcinoma em cerca de 10-15 anos Nem todo adenoma vira adenocarcinoma, mas ele pode virar. Classificação: tubular, viloso e tubuloviloso Tubuloviloso: presença de áreas tubulares, com glândulas tubulares arredondadas e áreas com projeções papilíferas. Risco de malignização intermediário Adenoma tubular Maioria dos adenomas (75%); Glândulas tubulares com atipias epiteliais (displasia); Único ou múltiplos; Geralmente pequenos; Sésseis ou pediculados; Esporádicos ou síndromes genéticas. Menor risco de malignização Adenoma viloso Minoria (10%) dos adenomas Composto por projeções / ramificações papilíferas com atipias epiteliais (displasia); - diferentes graus de atipias Geralmente sésseis e únicos; Tamanho variável: até 10 cm Risco 10x maior do que o do Adenoma Tubular de transformação para Adenocarcinoma; Evolui para Adenocarcinoma em 30-50% dos casos Lesão lisa de aspecto liso ou cerebriforme Polipo cheio de glândulas arredondadas de padrão tubular Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Formas de ocorrência: Não esporádica ou aleatória: Não relacionada à transmissão genética ou familial; Pólipo único ou múltiplos (polipose colônica). Importância da colonoscopia a partir dos 50 anos Forma genética ou familiar: centenas ou milhares de pólipos; Polipose Colônica Familial – Polipose Adenomatosa Familial (FAP). Polipose adenomatosa familial (FAP): Doença genética, de herança autossômica dominante, causada por mutações do gene APC (adenomatous polyposis coli); Normalmente esse gene bloqueia o crescimento celular desordenado – como ele está mutado, ele perdeu essa função, não havendo o bloqueio do crescimento celular e culminando em um crescimento desordenado 2ª e 3ª décadas de vida; Numerosos pólipos adenomatosos (dezenas a milhares); Maioria dos pólipos são tubulares, mas pode ter vilosos também. Forma clássica: >100 pólipos (500 a 2500) Predomínio no cólon esquerdo Projeções/ramificações papilíferas – aspecto de árvore Projeções em dedo de luva/arboriformes Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Risco para desenvolvimento de câncer → 100% (se o pct não for tratado, em alguma fase da vida ele vai desenvolver câncer) Forma Atenuada <100 pólipos (± 50) Cólon direito Risco para desenvolvimento de câncer → 50% (em alguns casos é possível tirar só os pólipos, mas em outras situações é preciso tirar o cólon também) Síndrome de Gardner:lesões extra intestinais associadas aos pólipos do cólon Ex de lesões: osteomas, cistos cutâneos e tumores da tireoide Síndrome de Turcort: pólipos colônicos associados a tumores malignos do SNC Adenocarcinoma colônico 95% dos tumores malignos do intestino grosso; Neoplasia maligna de alta prevalência mundial; Brasil: neoplasia mais frequente do TGI (ambos os sexos); Local: cólon esquerdo (70%) → retossigmoide Pode ser esporádico ou hereditário: Esporádico: 60 a 80 anos Hereditários: < 50 anos, presença de síndromes genéticas familiares (FAP - pólipos, HNPCC – câncer colorretal hereditário não associado a polipose - pólipos) Patogênese: aumento de fatores agressores e redução dos protetores Fatores ambientais + alterações da genética molecular Fatores ambientais: Dieta / Hábitos alimentares + Estilo de vida Dieta: vitaminas e fibras e carboidratos refinados, carne vermelha e lipídeos vitaminas → da atividade de radicais livres na luz intestinal (lesivo p/ cls) fibras → bolo fecal e alteração da microbiota do pct → produção de substâncias oxidativas e toxicas p/ a mucosa → lentificação do trânsito fecal Carne vermelha e gorduras: a síntese hepática de colesterol e ácidos biliares, que podem ser convertidas em substâncias carcinogênicas pela microbiota intestinal Estilo de vida: sedentarismo, obesidade, tabagismo e alcoolismo Exercício físico estimula os movimentos peristálticos, reduzindo o tempo de contato do bolo fecal coma mucosa OBS: doenças inflamatórias como Crohn e colite aumentam a chance de um pct ter câncer de cólon Alterações da genética molecular: Perda da função de genes supressores de tumor e ativação de proto-oncogenes → aquisição do fenótipo maligno → carcinogênese TTO: colectomia total profilática – todo o cólon do pct é retirado Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Via supressora (via APC/-catenina) Nessa via há a mutação do gene APC – gene supressor de tumor Em condições normais, a proteína APC que é codificada por esse gene se liga a -catenina e a degrada (visto que ela não é benéfica p/ nossa célula). Quando esse gene está mutado, a -catenina fica livre, se desloca p/ o núcleo, onde ativa a transcrição do DNA e estimulando a proliferação celular. Além disso, ocorrem outras mutações, como do pro-oncogene K- RAS → isso estimula a proliferação celular e reduz a apoptose, levando a cl a se multiplicar de maneira desordenada. Nesse caso, as mutações ocorrem de forma sucessiva e cumulativa, dando origem à sequência adenoma-carcinoma. Essa sequência é responsável pelo surgimento de grande parte dos adenocarcinomas colônicos, sendo 80% esporádicos e apenas 1% hereditário Em geral são pcts com história de pólipos prévios Se for esporádico, o câncer tende a surgir entre a 6ª e 7ª décadas de vida Se for hereditário, relacionado a FAP – 5ª década de vida ou mais jovens Sequência adenoma → carcinoma: É o protótipo p/ o desenvolvimento da maioria dos carcinomas colorretais Muta 1 dos alelos do gene APC e leva a mucosa de risco Para haver realmente a disfunção do gene APC é preciso um 2º golpe – mutação com inativação do 2º alelo do gene. Com esse gene inativado, passa-se a ter dificuldade p/ degradar a -catenina Com o passar do tempo começa a surgir os adenomas, que vão acumular mutações (Ex: proto-oncogenes e de genes supressores de tumor) Com isso, podem surgir outras mutações adicionais e gerar um carcinoma invasor Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Fatores de risco do adenoma p/ evolução para adenocarcinoma colônico: Adenomas colônicos que apresentem: Componente viloso; Tamanho > 2,0 cm; Multiplicidade; Displasia de alto grau (DAG). Síndrome hereditária → Polipose colônica (adenomatosa) familial Via mutadora – instabilidade de microssatélites Mutação em genes de reparo do DNA – principalmente MSH2 e MLH1. Como há uma mutação no gene que repararia o DNA há a predisposição a proliferação celular. Instabilidade de microssatélites (IMS): Microssatélites correspondem a uma sequência repetitiva de nucleotídeos que ficam nesses genes de reparo do DNA, principalmente na porção codificadora desses genes. Caso ocorra uma mutação dessas partes repetitivas, provavelmente há um erro na ptn que ele vai codificar e que faria o reparo do DNA → aumenta a chance de erros na multiplicação. Podem gerar tumores esporádicos (15%) ou serem tumores vinculados a síndrome hereditária HNPCC – síndrome de Lynch Comum em pcts sem história de POLIPOSE (múltiplos pólipos, não apenas pólipos isolados) Há sim a presença de pólipos, porém são pólipos denominados adenoma serrilhado séssil (lesão plana que deixa a mucosa com aspecto mais granulado) Se for esporádico – idade de surgimento entre a 6ª e 7ª década de vida. Se for em contexto de síndrome de Lynch, idade inferior a 5ª década de vida. Síndrome de Lynch – Câncer de Cólon Hereditário não associado à polipose (HNPCC) Forma sindrômica mais comum de câncer de cólon e corresponde a 2 a 4% dos casos de câncer colorretal; Pacientes mais jovens (<50 anos); Cólon direito; Relacionada à mutação de genes de reparo do DNA → IMS Genes mais envolvidos: MSH2 e MLH1 Acúmulos sucessivos de mutações → essas mutações não afetam apenas o intestino, afetam cls epiteliais do organismo como um todo – por isso pode estar associado a outros tipos de câncer, como endométrio, ovário, estômago, pâncreas, vias biliares Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Macroscopia Cólon direito: Lesões ulcero-infiltrativas; Lesões polipoides / vegetantes / exofíticas; Luz ampla → crescimento lento (raramente se complicam com obstrução da luz – isso não é necessariamente bom, pois pode mascarar sintomas, gerando um diagnóstico tardio Fezes líquidas → obstrução rara Cólon esquerdo: Lesões úlcero-infiltrativas; Lesões anulares (envolvem toda a circunferência do órgão) e constritivas (cresce tanto p/ dentro da parede quanto p/ dentro da luz intestinal) → obstrução mais frequente Exame radiológico – enema opaco: injeta bário pelo canal anal do pct e realiza uma radiografia contrastada. O contraste deveria passar por toda a luz do órgão, mas houve um ponto de estreitamento → sinal da maça mordida – bem característico de adenocarcinoma colônico. Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Microscopia (não difere entre direita e esquerda) Mucosa colônica normal Área de adenocarcinoma Glds normais com mucossecreção Áreas de displasia Adenocarcinoma: Glds sendo formadas, invadindo e infiltrando a parede colônica Glds: arranjos tubulares de cls atípicas/neoplásicas Várias camadas de cls dispostas desordenadamente, pleomorfismo nuclear, nucléolos evidentes. Presença de debris celulares no centro das glds Glds neoplásicas infiltrando e invadindo a camada muscular própria Definição da microscopia do adenocarcinoma colônico: proliferação de cls colunares atípicas, formando glds, que invadem/infiltram as camadas da parede colônica Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Clínica Fase precoce: assintomático e pode permanecer assim por muito tempo – tumor de crescimento lento Cólon direito: silencioso e sinais e sintomas inespecíficos → fadiga e fraqueza por anemia crônica Cólon esquerdo: obstrução intestinal progressiva, alteração do hábito intestinal e das fezes: Diarreia Constipação → dor abdominal Perda de sangue nas fezes (oculto ou evidente – hematoquezia) Complicações: Emagrecimento acentuado (caquexia) Sangramento → crônico (anemia) ou agudo (HDB - hematoquezia) → choque hipov. Obstrução Perfuração → peritonite → sepse → choque séptico Fístulas Disseminação (ascite carcinomatosa, carcinomatoseperitoneal, infiltração de órgãos adjacentes ou metástases) Prognóstico: Profundidade de invasão da parede intestinal Metástases Sobrevida global em 5 anos – 30 a 65% Estadiamento (TNM) Carcinoma in situ – só na região do epitélio T1 acomete até a submucosa T2 chega até a muscular própria T3 chega até a subserosa T4 atinge a serosa e invade outros órgãos Ana Luiza F. Fonseca 74D Patologia Médica Tecido linfoide Glds neoplasicas Local mais comum de metástase devido ao intestino ser drenado pela veia porta
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