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0 6 - Filosofia - FATIN

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Filosofia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Filosofia 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enock Correia de Araújo 
Gerson Francisco de Arruda Júnior 
Hildeberto Alves da Silva Júnior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
2018 by FATIN 
 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reduzida ou transmitida de qualquer modo ou qualquer outro meio, eletrônico 
mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de 
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por 
escrito, da FATIN. 
 
Editores: 
Gerson Francisco de Arruda Júnior 
Hildeberto Alves da Silva Júnior 
Stéfano Alves dos Santos 
 
 
Supervisora de produção Editorial: Gerli Alves 
Coordenadora de Produção Editorial: Hilgerly Gomes 
Revisão: Thaís Henrique dos Santos da Matta 
Assessoria Técnica: Thalyson Gomes 
Capa: Hildeberto Alves 
Diagramação: Flávio Marinho 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CDD 
É proibida a reprodução total ou parcial deste livro. 
 
 Araújo, Enock Correia de; Arruda Júnior, Gerson Francisco de; 
Silva Júnior, Hildeberto Alves da. 
 
 Filosofia / Enock Correia de Araújo, Gerson Francisco de Arruda; 
Júnior; Hildeberto Alves da Silva Júnior. Filosofia, Igarassu, 2018. 163 p. 
 
ISBN: 
 
1. Filosofia. 2. Conhecimento. 3. Saberes. 
 
CDD – 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não 
tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que 
retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os 
mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover 
montanhas, mas não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos 
pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser 
queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá. O amor é 
paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se 
orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira 
facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a 
injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo 
espera, tudo suporta”. (I Co 13:1-7). 
Nunca se esqueça disto! 
Oi! Tudo bem? Sou Sr. FATIN, alguns já 
me conhecem de outras disciplinas. Estarei 
com você em cada unidade deste guia de 
estudos. Vou aparecer trazendo assuntos 
interessantes. 
A você, desejo sucesso nesta nova disciplina! 
6 
7 
SUMÁRIO 
 
METODOLOGIA DE ESTUDO DA DISCIPLINA .......................... 13 
 
UNIDADE 1 ........................................................................................... 15 
 
TÓPICO 1 .............................................................................................. 17 
FILOSOFIA: DEFINIÇÃO .................................................................. 17 
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 17 
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................... 17 
1.2 DEFINIÇÕES .................................................................................... 18 
1.3 UTILIDADE ...................................................................................... 22 
1.4 ETIMOLÓGICA ............................................................................... 24 
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 26 
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................... 29 
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 30 
 
TÓPICO 2 .............................................................................................. 31 
DISCIPLINAS DA FILOSOFIA .......................................................... 31 
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 31 
2.1 ÉTICA ............................................................................................... 31 
2.2 FILOSOFIA SOCIAL E POLÍTICA ................................................. 32 
2.3 ESTÉTICA ........................................................................................ 33 
2.4 LÓGICA ............................................................................................ 33 
2.5 RELIGIÃO ........................................................................................ 35 
2.6 HISTÓRIA DA FILOSOFIA ............................................................ 35 
2.7 FILOSOFIA DA HISTÓRIA ............................................................ 36 
2.8 FILOSOFIA DA CIÊNCIA ............................................................... 36 
2.9 EPISTEMOLOGIA ........................................................................... 37 
2.10 METAFÍSICA ................................................................................. 37 
2.11 FILOSOFIA DA MENTE ............................................................... 38 
2.12 TEORIA DA AÇÃO ....................................................................... 38 
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 39 
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................... 41 
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 42 
 
TÓPICO 3 .............................................................................................. 43 
COMO SABER O CERTO ................................................................... 43 
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 43 
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8 
3.1 TEORIAS SOBRE O CERTO .......................................................... 43 
3.2 O CORRETO E ERRADO PARA O CRISTÃO .............................. 47 
3.3 RELAÇÃO ENTRE NORMAS E CONSEQUÊNCIAS ................... 48 
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 51 
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................... 53 
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 54 
 
UNIDADE 2 ........................................................................................... 55 
 
TÓPICO 1 .............................................................................................. 57 
O QUE É A LÓGICA? ..................................................................... 8957 
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 57 
1.1 DEFINIÇÃO DE LÓGICA ............................................................... 57 
1.2 AS LEIS DO PENSAMENTO .......................................................... 58 
1.2.1 Princípio da Identidade ................................................................ 59 
1.2.2 Princípio da Não Contradição ..................................................... 60 
1.2.3 Princípio do Terceiro Excluído ................................................... 60 
1.3 DIVISÃO DA LÓGICA ....................................................................61 
1.3.1 Divisão da Lógica Clássica ........................................................... 62 
1.3.2 Divisão da Lógica Clássica ........................................................... 62 
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 64 
RESUMO DO TÓPICO 1 ..................................................................... 78 
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 79 
 
TÓPICO 2 ............................................................................................ 890 
O QUE É UMA PROPOSIÇÃO? ........................................................ 89 
2.1 DEFINIÇÃO DE PROPOSIÇÃO ..................................................... 89 
2.2 SENTENÇA X PROPOSIÇÃO......................................................... 89 
2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES ....................................... 89 
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 85 
RESUMO DO TÓPICO 2 ..................................................................... 88 
AUTOATIVIDADE ............................................................................... 89 
 
TÓPICO 3 .............................................................................................. 90 
ARGUMENTOS .................................................................................... 90 
3.1 DEFINIÇÃO DE ARGUMENTO ..................................................... 90 
3.2 TIPOS DE ARGUMENTOS ............................................................. 90 
3.2.1 Dedutivo......................................................................................... 90 
3.2.2 Indutivo ......................................................................................... 91 
3.3 VALIDADE E VERDADE ............................................................... 92 
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9 
3.3.1 Relação entre verdade/falsidade e validade/invalidade ............. 93 
3.4 INDICATORES DE PREMISSAS E CONCLUSÃO ....................... 95 
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................... 96 
RESUMO DO TÓPICO 3 ..................................................................... 99 
AUTOATIVIDADE ............................................................................. 100 
 
TÓPICO 4 ............................................................................................ 102 
O QUE É O CONHECIMENTO? ..................................................... 102 
INTRODUÇÃO ................................................................................... 102 
4.1 O QUE É A TEORIA DO CONHECIMENTO .............................. 102 
4.1.1 O que é o conhecimento?............................................................ 103 
4.1.2 A possibilidade do conhecimento .............................................. 104 
4.1.3 A origem do conhecimento ......................................................... 108 
LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................... 111 
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................... 113 
AUTOATIVIDADE ............................................................................. 114 
 
UNIDADE 3 ......................................................................................... 115 
 
TÓPICO 1 ............................................................................................ 117 
FÉ SOMENTE ..................................................................................... 117 
INTRODUÇÃO ................................................................................... 117 
1.1 SORËN KIERKEGAARD .............................................................. 118 
1.2 KARL BARTH ................................................................................ 121 
1.3 TERTULIANO ................................................................................ 123 
LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................... 125 
RESUMO TÓPICO1 ........................................................................... 128 
AUTOATIVIDADE ............................................................................. 129 
 
TÓPICO 2 ............................................................................................ 130 
RAZÃO SOMENTE ............................................................................ 130 
2.1 KANT .............................................................................................. 130 
2.2 SPINOZA ........................................................................................ 131 
2.3 RACIONALISTAS MODERNOS ................................................ 1322 
LEITURA COMPLEMENTARES .................................................... 134 
RESUMO TÓPICO 2 ........................................................................ 1366 
AUTOATIVIDADE ........................................................................... 1377 
 
TÓPICO 3 .......................................................................................... 1388 
RAZÃO E FÉ SE COMPLEMENTAM .......................................... 1388 
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10 
3.1 JUSTINO ....................................................................................... 1388 
3.2 CLEMENTE ..................................................................................1399 
3.3 AGOSTINHO ................................................................................ 1411 
3.4 TOMÁS DE AQUINO .................................................................... 142 
LEITURA COMPLEMENTAR ....................................................... 1477 
RESUMO TÓPICO 3 .......................................................................... 150 
AUTOATIVIDADE ............................................................................. 151 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................ 1522 
 
 
 
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11 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 Prezado (a) acadêmico (a), 
 Neste exato momento, você estudará conosco a disciplina 
de filosofia. É o início de uma jornada divertida e séria, que te fará 
descobrir novos horizontes de saberes que serão muito úteis em sua 
jornada acadêmica e pessoal. O saber que você irá descobrir nestas 
páginas te ajudará descobrir novos padrões de reflexão que servirão 
para ampliar sua construção do saber. 
 A filosofia, hoje, tem sido procurada dado que sua utilidade 
é destacada para a reflexão, análise e aplicação. 
 A filosofia sempre vai nos desafiar ao debate construtivo 
sobre a realidade, a verdade, o conhecimento. É possível conhecer? 
O que é a verdade? O que é a realidade e a realidade ulterior? Essas 
e outras perguntas serão estudadas ao longo de nosso material de 
estudos. 
 A filosofia não é só teoria, ou seja, ela não se detém apenas 
à discussão de assuntos na sala de aula. Se assim fosse, sua 
utilidade seria duvidosa. A filosofia exige de nós prática. Isso 
mesmo! A cada conhecimento adquirido você deve sempre fazer a 
pergunta: Como posso ajudar a mim e a meu próximo e contribuir 
para melhorar o mundo com o conhecimento adquirido? 
 Nesse estudo, o comprometimento com a verdade deve estar 
sempre em nossa mente. Gratidão sempre em nosso coração e amor 
12 
sempre como a soma de que reconhecemos que tudo que somos, 
temos e aprendemos vem de Deus. Nele (Deus) reside todo saber. 
 “A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e 
aprender ainda mais” (Aristóteles). 
Bons Estudos! 
Enock Correia de Araújo
13 
 
 
 
 
EMENTA: 
 
Buscar compreender o “estar-no-mundo”. Uma análise sobre a 
atuação da filosofia. O filosofar como uma atitude natural da 
humanidade. Abordar questões de ordem existencial. A relação 
com o outro. O cotidiano e os valores. Problematizar a respeito de 
“o quê”, “como”, “quando”, “onde” que se destina ao ato do 
filosofar. 
 
PROPÓSITO: 
Esta disciplina objetiva alcançar as seguintes compreensões: 
 
• Desenvolver os conhecimentos básicos da compreensão 
filosófica; 
• Conhecer os fundamentos filosóficos e sua relação com as 
demais formas de conhecimentos; 
• Analisar as conceituações e os critérios sobre a verdade; 
• Perceber a relação da filosofia com a autoconsciência do outro e 
de si mesmo. 
METODOLOGIA DE ESTUDO DA DISCIPLINA 
14 
15 
 
 
 
Enock Correia Araújo 
Filosofia 
 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
Ao final da unidade você será capaz de: 
 
 Problematizar e buscar definições e etimologia. 
 Conhecer as disciplinas da filosófica. 
 Entender como saber o certo. 
 
GUIA DE ESTUDOS 
A primeira Unidade se divide em: 
 
TÓPICO 1 – PROBLEMATIZAÇÃO, DEFINIÇÕES, 
UTILIDADE E ETIMOLOGIA 
TÓPICO 2 – DISCIPLINAS FILOSÓFICAS 
TÓPICO 3 – COMO SABER O CORRETO 
 
 
UNIDADE 1 
16 
 
17 
TÓPICO 1 
 
FILOSOFIA: DEFINIÇÃO 
 
INTRODUÇÃO 
 Neste primeiro tópico, trataremos de assuntos relacionados 
à busca pela definição da filosofia: problematização, definições, 
utilidade e etimologia. 
 
1.1. PROBLEMATIZAÇÃO 
 É comum ao ser humano diante do que lhe causa espanto 
ou admiração querer definir para entender o objeto em 
perspectiva. Entretanto, dentre tantas coisas neste mundo que não 
podemos obter uma única resposta, a filosofia é uma delas. Ela não 
pode ser definida de modo simples e direto. 
 As diversas disciplinas científicas se caracterizam por 
atuarem em uma determinada área do saber. A filosofia, no entanto, 
se caracteriza por buscar entender qualquer objeto tomado como 
investigação. Na verdade, o homem busca conhecer tudo. O 
homem é curioso por natureza. 
 Para Mondin (2009, p.5), o homem é naturalmente filósofo, 
“amigo da filosofia”. Ávido de saber, não se contenta em viver o 
18 
momento presente e aceitar passivamente as informações 
fornecidas pela experiência imediata. Com seu olhar interrogativo, 
quer conhecer o porquê das coisas, sobretudo o porquê da própria 
vida. 
 Para conhecer a realidade em sua volta, a pessoa comum 
elabora questionamentos e os resolvem sem o uso de métodos e 
lógicas. Entretanto, há pessoas que se entregaram à tarefa de 
investir sua energia psíquica para pesquisar e propor, de modo 
definitivo, soluções pensadas exaustivamente e organizadas 
metodologicamente. Essas pessoas são conhecidas como filósofos. 
 
1.2. DEFINIÇÕES 
 Se a filosofia atende a uma função social, surge a pergunta: 
o que é filosofia? É aí que temos várias compreensões de filósofo 
para filósofo. Citando Edmund Husserl, Aranha e Martins (1998) 
dizem que “ele sabe o que é filosofia, ao mesmo tempo em que não 
sabe”. Essa posição reflete bem que definir filosofia é uma questão 
filosófica. A seguir, temos as seguintes compreensões sobre 
filosofia. 
 A filosofia é uma cosmovisão de uma civilização. 
Esta posição é generalista e significa entender a filosofia 
como um agrupamento de pensamentos, virtudes e 
comportamentos que são assimilados pela sociedade. Essa 
19 
posição é generalista e dificulta entender claramente o que é 
filosofia. Não há separação entre filosofia e pensamentos 
gerais; entre filosofia e moralidade; e entre filosofia e 
virtudes. É uma visão de um conjunto social e não 
individual, que não define a labuta específica da filosofia. 
Por isso, não podemos aceitá-la. 
 
 A filosofia é sabedoria de vida. Esta definição de 
filosofia é percebida como um resultado da atitude de 
algumas pessoas sobre a vida moral, dedicando-se a 
contemplação do cosmos e a aprender com ele a controlar 
suas vidas de modo ético e sábio. Nesta concepção, a 
filosofia seria uma contemplação da vida e dos homens na 
direção de uma vida justa, sábia e feliz. Assim, podemos 
entender que esta concepção superficialmente defende o 
que se espera da filosofia e não diz o que realmente é a 
função da filosofia. 
 
 A filosofia é um esforço racional de entender o 
cosmos como um todo organizado e possuidor de 
sentido. Nesta definição, a filosofia se separa da concepção 
religiosa sobre o universo. Ambas têm um fundamento 
distinto. A filosofia se funda na razão e a religião na 
revelação divina. A filosofia busca debater exaustivamente 
o sentido e a sustentação da realidade. Esta definição é 
20 
complexa, porque diz que a filosofia concede a explicação 
global do cosmos, o que se sabe ser impossível. 
 
 A filosofia é o fundamento gnosiológico, 
epistemológico e moral. A filosofia tem a preocupação de 
saber se tal produção de determinado conhecimento é 
racional ou não, examinando a origem, a forma e o 
conteúdo relacionado às qualidades morais, políticas, artes e 
culturas, entendendo as causas e as formas das ilusões e dos 
preconceitos particular e grupal, com as atualizações 
ocorridas na história dos conceitos, das ideias e dos valores. 
 
 A filosofia estuda a consciência humana em suas 
múltiplas dimensões: percepção, imaginação, memória, 
linguagem, inteligência, experiência, reflexão, 
comportamento,vontade, desejo e paixões, buscando 
definir as formas e o conteúdo dessas dimensões de 
interação entre o homem e o universo, entre o homem 
consigo mesmo e com o outro. 
 Finalmente, a Filosofia tem o fito de estudar e interpretar 
as ideias ou os significados gerais como: a realidade, o mundo, a 
natureza, a cultura, a história, a subjetividade, a objetividade, a 
diferença, a repetição, a semelhança, o conflito, a contradição, a 
mudança, etc. 
21 
 Não menosprezando a questão da essência da realidade, a 
filosofia busca separar-se das ciências e das artes voltando sua 
atenção para o mundo do tempo e do espaço em uma situação 
particular: quando perdemos nossas certezas diárias e quando 
outras áreas do saber ainda não elaboraram respostas para resolver 
essas incertezas perdidas. Quando a ciência, a arte e o senso 
comum não sabem o que dizer, a filosofia busca resolver os 
conflitos agnósticos e de ceticismo a que somos acometidos. 
 A filosofia aprofunda o exame da questão de nossas 
incertezas e se firma como análise (das circunstâncias da ciência, 
da religião, da arte, da moral), reflexão (retorno da consciência 
sobre si mesma para entender seu potencial para conhecimento, 
sentimento e ação) e crítica (das ilusões e das ideias 
preconceituosas individuais e coletivas, das teorias e práticas 
científicas, políticas e artísticas). Essas funções devem ser dirigidas 
para construções filosóficas de compreensões gerais. Ademais, a 
filosofia é a busca do fundamento e do discernimento da realidade 
em suas várias dimensões, indagando o que são as coisas, qual sua 
permanência, e qual a necessidade interna que as transforma em 
outras. 
 Para vislumbrar o universo espacial e temporal, a filosofia 
precisa estudar tudo, a totalidade das coisas. Qualquer coisa pode 
ser seu objeto de investigação. Como exemplo, temos: a ciência, a 
religião, a política, a sociedade, a psicologia, a arte, a história, a 
antropologia, etc. 
22 
 Chauí (2000) descreve a análise de Kant de que as questões 
basilares da filosofia são as seguintes: 
O que podemos saber? Tratar-se da questão do 
conhecimento, ou seja, a sustentação do pensamento 
geral e particular. 
Que podemos fazer? É a questão sobre a ética e a 
manifestação humana, ou seja, as bases da ética, da 
política, das artes, das técnicas e da história. 
Que podemos aguardar? É a indagação sobre a 
continuidade da existência humana após a morte, ou 
seja, o pensamento religioso. 
 
1.3. UTILIDADE 
 A questão do que é útil depende do ponto de vista ou 
objetivo que se tenha em mente. Se a pessoa deseja saber sobre um 
dado conhecimento para utilização imediáticas como a que serve à 
formação profissional - engenharia, medicina, advocacia, etc., a 
filosofia não se destina a esse fim e não será importante a quem 
objetiva essa meta. Assim, a filosofia seria entendida como sem 
utilidade. 
 Entretanto, já que ela não é de uma utilidade imediata, 
pragmática, a filosofia é necessária. A filosofia proporciona um 
vislumbre além da nossa perspectiva material e ascende à esfera do 
ainda não descoberto, da atitude que deveria ser primordial e se 
encontra alienada - o exercício do pensar sobre seus próprios 
pensamentos, sentimentos e ações se tornando consciente de sua 
23 
interioridade e dessa descoberta o que é capaz de mudar em si, 
torna a filosofia relevante. 
 O autoconhecimento é primordial na busca do saber. Como 
disse Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. Todo saber deve iniciar 
no autoconhecimento para depois se voltar para as coisas a nossa 
volta. Ele inicia de dentro para fora. É preciso ir além da matéria 
para enxergar o verdadeiro sentido da nossa existência. De superar 
a si mesmo sempre para encontrar o novo. De não aceitar as coisas 
passivamente sem antes compreendê-las. Nesse sentido, a filosofia 
incomoda quando questiona quem está no poder por ser ela 
libertária. 
 Aranha e Martins (2009, p.17), criticam os pensadores que 
ficam do lado dos poderosos contra a liberdade humana ao dizerem 
o seguinte: 
É bem verdade, alguns dirão, sempre houve e ainda 
haverá pensadores que bajulam os poderosos e 
emprestam suas vozes e argumentos para defender 
tiranos. Nesse caso, porém, estamos diante das 
fraquezas do ser humano, seja por estar sujeito a 
enganos, seja por sucumbir ao temor ou ao desejo de 
prestígio e glória. 
 Chauí (2010, p. 29), apresenta algumas definições de 
filosofia na concepção de alguns dos grandes filósofos da 
humanidade: 
Platão definia filosofia como “um saber verdadeiro 
que deve ser usado em benefício dos seres humanos 
para que vivam numa sociedade justa e feliz” 
24 
Kant afirmou que a filosofia “é o conhecimento que 
a razão adquire de si mesma para saber o que pode 
conhecer, o que fazer e o que pode esperar, tendo 
como finalidade a felicidade humana”. 
Espinosa afirmou que a filosofia “é um caminho 
árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por 
todos, se desejarem a liberdade e a felicidade”. 
 Mondin (2009, p. 5), apresentou outras definições de 
filosofia de grandes filósofos da humanidade: 
Aristóteles disse que a filosofia estuda “as causa 
últimas de todas as coisas”. Descartes afirmou que a 
filosofia “ensina a bem raciocinar”. Hegel concebeu 
a filosofia como o “saber absoluto”. Cícero definiu a 
filosofia como “o estudo das causas humanas e 
divinas das coisas”. 
 
1.4. ETIMOLÓGICA 
 A palavra “filosofia” é de origem grega, e é composta pelos 
termos “filos” e “sofia”. O termo “filos” significa aquele que é 
amigável, ou amigo e deriva de “filia”, que significa amizade. O 
termo “sofia” quer dizer sabedoria e dela vem a palavra “sofos”, 
que origina o termo “sábio”. Sendo assim, unindo os dois termos, 
teremos o significado etimológico de filosofia que é amizade pelo 
saber ou amor pelo saber. 
 A filosofia está relacionada pela vontade do saber, por amar 
o conhecimento e buscá-lo. Chauí (2010) diz que “filosofia indica a 
disposição interior de quem estima o saber, ou o estado de espírito 
da pessoa que deseja o conhecimento, o procura e o respeita”. 
25 
Foi Pitágoras, filósofo grego, quem primeiro usou o termo 
“filósofo”, ao afirmar que só os deuses conheciam o saber absoluto, 
enquanto os homens poderiam apenas desejá-lo ou amá-lo, 
tornando-se um filósofo. A filosofia não visa à competição, capital 
ou mercado, mas apenas o saber. A verdade está disponível a quem 
estiver interessado e determinado a encontrá-la. 
 
26 
 
 
 
 
[O QUE É FILOSOFIA] 
O problema crucial é o seguinte: a filosofia aspira a verdade 
total, que o mundo não quer. A filosofia é, portanto, perturbadora 
da paz. 
E a verdade o que será? A filosofia busca a verdade nas 
múltiplas significações do ser- verdadeiro segundo os modos do 
abrangente. Busca, mas não possui o significado e substância da 
verdade única. Para nós, a verdade não é estática e definitiva, mas 
movimento incessante, que penetra o infinito. 
No mundo, a verdade está em conflito perpétuo. A filosofia 
leva esse conflito ao extremo, porém o despe de violência. Em suas 
relações com tudo quanto existe, o filósofo vê a verdade revelar-se 
a seus olhos, graças ao intercâmbio com outros pensadores e ao 
processo que o torna transparente a si mesmo. 
Quem se dedica à filosofia põe-se à procura do homem, escuta o 
que ele diz, observa o que ele faz e se interessa por sua palavra e 
ação, desejoso de partilhar, com seus concidadãos, do destino 
comum da humanidade. 
LEITURA COMPLEMENTAR 
27 
Eis por que a filosofia não se transforma em credo. Está em 
contínua pugna consigo mesma. 
Qual o papel da filosofia? Ensina, pelo menos, a não nos 
deixarmos iludir. Não permite que se descarte fato algum e 
nenhuma possibilidade. Ensina a encarar a catástrofe possível. Em 
meio à serenidade do mundo, ela faz surgir a inquietude. Mas 
proíbe a atitude tola de considerar inevitável a catástrofe.Com 
efeito, apesar de tudo, o futuro depende também de nós. 
Se fosse vigorosa em sua elaboração, convincente por seus 
argumentos e digna de fé pela integridade de seus expositores, a 
filosofia poderia tornar-se instrumento de salvação. Só ela tem o 
poder de alterar nossa forma de pensamento. 
Mesmo diante do desastre possível e total, a filosofia 
continuaria a preservar a dignidade do homem em declínio. Numa 
comunidade de destinos, que se apoie na verdade, o homem encara 
face a face seja o que for. 
Não se confunde o declínio com o nada. Em meio ao 
desastre, a última palavra cabe ao homem, que ama e conserva 
confiança incompreensível no fundamento das coisas. Para falar 
sob forma de enigma: a origem de que brotaram o universo, a terra, 
a vida, o homem e a História encerra possibilidades que nos são 
inacessíveis. Enfrentando de frente o desastre, asseguramo-nos 
dessas possibilidades. 
28 
Fazemos uma tentativa, à qual outras hão de seguir-se, 
continuadamente. Mas, presentes, por um instante, nessa tentativa, 
o amor e a verdade atestam tratar-se de mais que uma tentativa. 
Uma palavra de eternidade foi pronunciada. Nenhum pensamento 
suscetível de ser concretizado, nenhum conhecimento, nada de 
fisicamente tangível, nenhum dos enigmas por nós mencionados 
pode adentrar a eternidade. 
Mas, para além de todos os enigmas, o pensamento penetra 
no silencio pleno de insondável razão. 
(JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico. 3. ed. Trad. de 
Leônidas Hegenberg. São Paulo: Cultrix. 1965, p. 138 e 147-148). 
 
29 
 
 
 
 
 
 Não podemos definir a filosofia de modo simples e direto. 
 
 Há pessoas que se entregaram a tarefa de investir sua 
energia psíquica para pesquisar e propor de modo definitivo 
soluções pensadas, exaustiva e organizadas 
metodologicamente, elas são conhecidas como filósofos. 
 
 A filosofia é uma forma de saber, um saber puramente 
racional. 
 
 A finalidade da filosofia é a liberdade e a felicidade. 
 
RESUMO DO TÓPICO 1 
30 
 
 
 
 
1. É possível definir a filosofia? 
 
2. O que é filosofia? 
 
3. Qual a utilidade da filosofia? 
 
4. Como a filosofia pode contribuir para a consciência social? 
 
AUTOATIVIDADE 
31 
TÓPICO 2 
 
DISCIPLINAS DA FILOSOFIA 
 
INTRODUÇÃO 
 Neste tópico, apresentaremos as disciplinas da filosofia. O 
Objetivo é apresentar os assuntos mais discutidos pelos filósofos, a 
saber, ética, filosofia social e política, estética, lógica, religião, 
história da filosofia, filosofia na história, filosofia da ciência, 
epistemologia, metafísica, filosofia da mente e teoria da ação. 
 
2.1. ÉTICA 
 No meio filosófico, o estudo da ética teve atenção especial. 
Diariamente lidamos com questões referentes à moralidade, e 
decidimos entre o que é certo e o que é errado. A ética lida com 
situações práticas. O termo “ética” tem vários significados: (1) 
refere-se a regras ou princípios que indicam o que é permitido e o 
que não é permitido: (2) refere-se aos princípios que guiam os 
comportamentos; (3) o termo é usado para significar literalmente 
uma área da filosofia – uma matéria teórica. 
Para Geisler e Feinberg (1996), “o filósofo moral está 
interessado na natureza da vida virtuosa, no seu valor último, e na 
32 
propriedade de certas ações e estilos de vida”. Também é um 
estudo de conceitos éticos como bom, errado, certo, responsável, 
deve e deveria. Outros sustentam que ela é um questionamento 
normativo; avaliam objetivos e modos de vida se são relevantes. 
Tem-se defendido que os princípios para uma ação universal ou 
absoluta seja inaceitável. Outra vertente de oposição ao 
universalismo de ação, pertencente à escola analítica do 
positivismo lógico, defendem que expressões de princípios morais 
não servem a todos, mas que no mínimo, servem para aprovação ou 
desaprovação. Esta ideia ética chama-se emotivismo. 
 
2.2. FILOSOFIA SOCIAL E POLÍTICA 
 Essa questão também está ligada a ética, por tratar do 
comportamento coletivo da sociedade, seus fins. Analisa as atitudes 
da sociedade e o papel do Estado em favorecer as metas sociais. Ao 
tratar desse tema, Mondin (2009, p. 133) ao tratar desse tema 
escreveu o seguinte: 
O homem é um animal essencialmente político e 
sociável, como já havia observado Aristóteles na sua 
política. {...} o menor dos atos humanos e qualquer 
realidade, por mais minúscula que seja, estão 
envolvidos num regime social e político que os 
dirige e os compenetra por toda parte. Assim, em 
nosso tempo, os problemas sociais e políticos 
adquiriram importância fundamental. 
 A questão política trata do entendimento do Estado. É 
inquirido a sua origem, estruturação, forma de governo mais 
33 
adequada, e sua finalidade. Também trata de compreender a “sua 
natureza ética e sua relação com a moralidade social, entre estado e 
os cidadãos, entre estado e igreja, entre estado e partidos”. 
 
2.3. ESTÉTICA 
 Falar de arte talvez não seja um hábito das pessoas em 
geral. Entretanto, essa questão na filosofia foi pensada e vários 
pensadores contribuíram na formação desse conceito. Talvez você 
já discutiu com alguém e opinou sobre o gosto por alguma obra de 
arte e não obteve êxito. Existe uma frase popular que diz: “gosto 
não se discute”. Em filosofia, o gosto se discute, para entender seus 
vários aspectos. Ideias de beleza, gosto e arte são analisadas no 
ramo da filosofia chamada estética. Mas tal análise ultrapassa o 
estudo desses termos e indaga sobre o estilo, propósito do criador, e 
da imaginação criativa na arte. Questiona-se sobre a obra de arte, 
sobre que fator ou fatores influenciam na produção de qualquer 
objeto na área artística. Estuda-se a influência social e cultural da 
arte, tanto para acomodar como para transformar a sociedade. 
 
2.4. LÓGICA 
 A lógica não é filosofia. Ela é um instrumento utilizado pela 
filosofia para produzir um saber organizado e correto do ponto de 
vista da argumentação racional. Aristóteles é conhecido como o pai 
da lógica. Ele criou o silogismo para apresentar o funcionamento 
34 
da lógica e demonstrar sua eficiência, mas também demonstrou 
como identificar um argumento mentiroso ou um sofisma. 
A lógica estuda o pensamento enquanto pensado. 
Basicamente, a lógica está a nossa disposição para lidar com o 
conhecimento por ser considerado complexo. Mondin (2009, p. 11) 
nos diz que “a lógica não pressupõe uma gnosiologia, da qual é 
antes de tudo um instrumento indispensável para atingir a verdade. 
Ao contrário, pressupõe a psicologia. Pois é por meio desta que 
vem a saber quais são os tipos de conhecimento de que a mente 
humana é dotada. Obtidas essas informações (dadas pela 
psicologia), a lógica trata de estudar as condições fundamentais que 
possibilitam tais tipos de conhecimento e de estabelecer as normas 
de seu funcionamento correto”. 
 A lógica é subdividida em três grandes ramos, cada um 
visando seu propósito. A primeira, a lógica formal, objetiva a 
análise das qualidades dos pensamentos para firmar as regras da 
argumentação correta. A segunda, a lógica transcendental, investiga 
o valor dos nossos conhecimentos, como eles se justificam como 
verdadeiro. A terceira, a lógica matemática, que fornece as regras 
sobre o relacionamento dos termos entre si, para, em seguida, 
definir o tipo de explicação adequada, ao ser adotado. 
 
 
 
35 
2.5. RELIGIÃO 
 Nesse assunto, a filosofia se dedica a questionar a religião. 
Desde que o homem surgiu, ele pratica a religião. A religião está 
presente em todas as culturas. Não há uma cultura na história da 
humanidade que não tenha expressado sua religiosidade. Dessas 
experiências se pensa no homem como ser religioso. 
Para Mondin (2009), “A religião, com efeito, é um 
fenômeno real, típico do homem, porém é também um fenômeno 
problemático e – ousarei dizer – o mais problemático de todos”. As 
indagações dosfilósofos são sobre os seguintes assuntos: a 
natureza da religião; as características que definem as crenças nas 
religiões; os argumentos sobre a existência de Deus; atributos de 
Deus; linguagem religiosa; problema do mal. 
 
2.6. HISTÓRIA DA FILOSOFIA 
 Esse ramo trata da questão de levantar as influências 
ideológicas que contribuíram para o surgimento de diversas 
filosofias. São observadas como tais filosofias persuadiram 
sociedades e instituições, quem são os homens que as formularam e 
como as escolas filosóficas foram fundadas e avançaram. Exemplo: 
escola socrática, escola agostiniana, escola empirista, escola 
racionalista etc. 
36 
2.7. FILOSOFIA DA HISTÓRIA 
 Essa disciplina nada tem a ver com a história da filosofia, 
mas consiste numa crítica reflexiva sobre a ciência histórica 
utilizando-se também de elementos analíticos e especulativos. O 
filósofo histórico analisa conceitos e métodos históricos. Esse 
estudo questiona a meta da explicação histórica; se o relato 
histórico deve ser considerado objetivo; se o que diz um historiador 
tem o mesmo peso da declaração cientifica; se a história é cíclica 
ou linear; se existe ou não uma história universal. 
 
2.8. FILOSOFIA DA CIÊNCIA 
 Segundo Cotrim (2002, p. 239), “a ciência se caracteriza 
pela busca de conhecimento sistemático e seguro dos fenômenos do 
mundo”. A ciência tem como uma de suas metas, tornar o mundo 
compreensível de modo que o ser humano possa controlar a 
natureza. O homem passa, através da ciência, a ser o administrador 
da natureza mediante o conhecimento. Compete, portanto, ao 
filósofo da ciência refletir sobre essa ambiguidade da ciência 
(avanço tecnológico e regressão dos valores humanos), suas 
pretensões, suas possibilidades, seus acertos e erros, buscando 
compreender algumas questões, como, por exemplo: qual a 
especificidade do saber científico, quais as condições e limites 
desse conhecimento, qual o sentido da ciência para a vida humana, 
quais os limites da atividade científica. 
37 
2.9. EPISTEMOLOGIA 
 Nesta disciplina, discute-se sobre a gênese e a natureza do 
conhecimento. É um tema de destaque da filosofia, pois trata de 
entender: como sabemos sobre algo? Como é possível justificar que 
alguém sabe? É possível atingir a verdade de qualquer coisa? O que 
nos fornece a percepção sensorial é verdadeiro? O que pensamos 
sobre algo é o que o objeto é? O objetivo é se ocupar das 
capacidades e incapacidades de quem sabe. 
 
2.10. METAFÍSICA 
 A metafísica é uma disciplina complexa da filosofia. Ela 
tem a ver com o nascimento da filosofia. O significado do termo 
“metafísica” é “além da física”. Trata-se de estudar uma realidade 
que está além da matéria. É o estudo do ser ou da realidade; é 
analisar a existência e natureza do que é conhecido. 
As questões que se busca entender são: quais os elementos 
básicos e objetivos da realidade? Como definir o espaço e o tempo? 
Todo efeito foi causado? Existem coisas universais, quem são? 
Existe algo ou alguém imutável? Em fim, os pensadores antigos 
chegaram a conclusão de que a composição da realidade era de 
quatro elementos: água, ar, fogo e terra. 
 
38 
2.11. FILOSOFIA DA MENTE 
 Do desenvolvimento da metafísica, na contemporaneidade, 
surgiu a filosofia da mente. Ela estuda a mente humana e também 
sua ligação com o corpo. Questiona a possibilidade da construção 
de inteligências artificiais que funcionam com a mente humana e 
em que nível os homens são como máquinas. As questões 
levantadas por essa disciplina são as seguintes: a mente humana 
pode ser considerada uma realidade? Quais as características do 
que é mental? A consciência tem relação com posturas mentais? 
Que relação há entre mente e corpo? Como os homens são 
parecidos como a máquina? É possível fazer inteligências artificiais 
estruturadas como mentes? 
 
2.12. TEORIA DA AÇÃO 
 Essa disciplina é nova no âmbito da filosofia e está ligada a 
várias outras disciplinas filosóficas. Todas as áreas da filosofia não 
avançariam sem as questões levantadas pela teoria da ação. Esta é 
responsável pela praticidade da avaliação das diversas disciplinas 
filosóficas. Eis algumas das questões feitas por essa disciplina: o 
que é uma ação e como se relaciona com um fato? Que relação há 
entre a ação e o desejo? 
39 
 
 
 
 
 
OS FILÓSOFOS E A FILOSOFIA 
 
Filósofos diferentes têm posturas diversas com relação a esta 
imagem institucional de sabedoria e compreensão. O filósofo que 
descrevi até agora leva muito a sério o seu papel de guardião da 
tradição: para ele a possibilidade e a alternativa são um risco 
perigoso, do qual deve se proteger, e suas “demonstrações” têm 
exatamente o objetivo de afastar do público ignorante o espectro da 
catástrofe. Mas há, ainda, o filósofo que tem simpatia pelas 
alternativas, que, na verdade, está convencido de que certa 
alternativa (um tipo de sociedade, ou organização econômica, ou 
legal, ou uma determinada prática científica) seja muito melhor que 
a realidade atual: este se dedicará com fervor missionário a fazer 
propaganda da sua alternativa preferida e a convencer o mundo de 
seu trágico erro. E, por fim, há o filósofo mais desencantado (ou 
mais cínico) que se rebela contra a imagem institucional, pelo 
menos no nível do discurso, e que, portanto, mais naturalmente se 
escuda atrás de outros tipos sociais: o escritor, o esteta, o 
provocador. Este não crê saber como estão as coisas ou como 
deveriam estar, não tem sabedoria à venda mas, no entanto, 
LEITURA COMPLEMENTAR 
40 
continua a criticar toda a (presumível) sabedoria existente, a 
revelar-lhe a ausência de fundamentos, não porque tenha algo 
melhor fundamentado a oferecer, mas porque a sua tarefa, ou 
paixão ou destino, é o de revelar a falta de fundamento de cada 
crença, de cada prática, obrigar as pessoas a primeiro tipo; Platão e 
Marx, do segundo; Sócrates e Nietzsche, do terceiro. E todos, 
embora com motivações diferentes, deram a sua importante 
contribuição para o alargamento das fronteiras do possível que 
constituía o seu verdadeiro objetivo. 
(BEMCIVENGA, Ermano. Giochiamo com la filosofia. Milão: Amoldo 
Mondadori, 1990). 
41 
 
 
 
 
 
Conhecer as disciplinas da filosofia, que são frutos da curiosidade 
dos pensadores do passado e do presente, é vital para conhecer e 
entender a filosofia, pois é através dessas disciplinas que podemos 
melhor entender a função da filosofia ou mesmo ter uma melhor 
noção do que é filosofia. Cada disciplina estudada acima foi objeto 
de estudo dos diversos filósofos, e hoje podemos vislumbrar toda 
discussão que cada uma delas pode nos oferecer e, assim, poder 
avançar em seu estudo. 
RESUMO DO TÓPICO 2 
42 
 
 
 
 
 Faça uma crítica analisando os pontos fortes de cada 
disciplina filosófica como também os pontos negativos que 
podem ser encontrados em cada proposta epistemológica. 
AUTOATIVIDADE 
43 
TÓPICO 3 
 
COMO SABER O CERTO 
 
INTRODUÇÃO 
 A questão de como saber o certo foi muito debatida ao 
longo do tempo e por isso temos vários pontos de vista sobre esse 
assunto. O que é correto? O que é bom? O que é errado? São 
questões éticas de alta importância sobre o conhecimento e ações 
humanas. Neste tópico, trataremos das teorias sobre o que é correto 
e bom, bem como sobre o que certo na perspectiva cristã. 
 
3.1. TEORIAS SOBRE O CERTO 
Há quem entenda que quem tem o poder tem o direito. Tudo 
que acompanha quem tem o poder, seja qual for, integra-se ao que 
é certo. Na República de Platão, Trasímaco afirmava que “a justiça 
existe no interesse da parte mais forte”. Conforme Geisler e 
Feinberg (1996), os que discordam dessa posição distingue o poder 
e a bondade, acreditando que é possível ser bom sem poder, e 
poderoso sem bondade. Exemplo: ditadores, candidatos a cargo de 
poder etc. 
44 
 Outros defendem que o conceito de certo é definidopelo 
grupo social a que o indivíduo está integrado. Ou seja, a orientação 
sobre o que é correto é, na verdade, cultural. O resultado dessa 
concepção é a relativização do conceito do que é certo, pois varia 
de cultura para cultura. O que pode ser certo em uma cultura pode 
não ser em outras. 
 Também há quem entenda que é o indivíduo que define o 
que é certo ou errado, o bom e o ruim, conforme sua vontade. Essa 
compreensão é conhecida como relativismo. Ou seja, o que é 
correto para alguém, pode estar incorreto para outro alguém. O 
pensamento do filósofo grego Protágoras “o homem é a medida de 
todas as coisas” descreve bem essa concepção. 
 Ao discordar das posições individualistas, alguns acreditam 
que o certo não é encontrado, nem na individualidade nem nas 
sociedades individuais, mas na humanidade inteira. Esta julga o 
que é certo e dessa perspectiva global surge à influência para a 
decisão particular ou individual. A humanidade é quem determina 
as coisas, incluindo o que é certo. 
 Outra posição antiga propõe o conceito de correto como a 
ação moderada. O certo é encontrado no entremeio de atitudes 
paradoxal. A moderação era compreendida como a via certa da 
ação. Exemplo: a temperança se localiza entre a tolerância e a 
insensibilidade. O orgulho é o termo médio entre vaidade e 
humanidade. Enfim, a moderação pode ser uma boa orientação para 
45 
a vida prática em geral, mas não é uma clara descrição do que é 
certo, do ponto de vista universal. 
 Existem alguns pensadores que negam a existência do que é 
certo ou do que é errado. Estes pensadores são chamados de 
antinomistas (contra-lei). Estes trocam o termo “deve” pela frase 
“sinto”. A ética não é vista como mandamentos e sim como 
manifestação do sentimento pessoal. A objeção a esse ponto de 
vista está na concepção de que o correto ou verdadeiro é uma 
questão de gosto. Este conceito de ética não descreve a realidade do 
conceito “deve”. Como se pode basear “devo” como significando 
“sinto”? 
 Por outro lado, temos a posição dos hedonistas (ética do 
prazer), que definem o que é certo como sendo a experiência 
prazerosa e a desprazeroza como a atitude errada. A revelação entre 
certo e errado depende de uma situação prazer ou desprazer. A 
proposta pode ser entendida como o fator que conduz ao ápice do 
prazer e a redução da dor é a decisão correta a tomar. 
 A escola dos utilitaristas propõe, aprofundando o 
hedonismo, que o certo é aquilo que traz “o maior bem para o 
maior número de pessoas”. Geisler (2007) cita dois utilitaristas com 
pontos de vista distintos: Bentham, que propôs que o bem deve ser 
compreendido na esfera quantitativa – o quanto de prazer era 
atingindo e por quanto tempo; e Stuart Mill, que focou no aspecto 
46 
qualitativo do bem, por acreditar que há bens físicos maiores que 
outros. 
 Definir o bem ou o certo com base em algo será preciso 
perguntar se esse algo é certo ou bom. Se o bem é o prazer, pode-se 
questionar se o resultado trará o bem ou o mau. É preciso saber se o 
objeto tomado como certo ou bom é de natureza boa ou correta. A 
escolha do bem deve resultar da capacidade de que o desejo por ele 
garanta sua finalidade. 
 Há quem defenda que o bem não pode ser essencialmente 
compreendido. Geisler e Feinberg (1996) citando G. Moore, “o 
bem é um conceito que não pode ser nem analisado nem definido”. 
Na vertente de Moore, todo esforço de definir o bem ou certo não 
passa de falácia natural. Ou seja, dizemos que o bem é bom 
mediante a dedução de que naturalmente o bem é conhecido como 
bom. A ideia de que o bem é bom é intuída. Conhecemos os 
derivados do bem, mas não o próprio bem por não conseguir defini-
lo. 
 Pensadores cristãos procuraram oferecer uma solução 
defendendo que o bem e o certo só podem ser assim pensados em 
conformidade com o propósito divino e o errado como decisões 
opostas aos propósitos de Deus. O bem não pode ser definido como 
alguma coisa abaixo do que é uma realidade ulterior (além da 
matéria, imaterial). Os propósitos divinos são eficazes e o conteúdo 
bíblico preceitua sua vontade. Portanto, o bem e o correto estão 
47 
descritos na Bíblia tendo como seu autor o sumo bem (Deus). A 
vontade de Deus é boa por ser ele bom. 
 
3.2. O CORRETO E O ERRADO PARA O CRISTÃO 
Dos pontos de vistas acima apontados, temos uma boa ideia 
de como é complexa a questão do certo e do errado. Como 
tentativas de explicar o fenômeno do certo e do errado, todas as 
teorias acima deram sua contribuição para o debate. Na sequência, 
veremos a proposta cristã do que seja o certo e o errado, de como 
tais conceitos são elaborados. 
 O princípio do correto se baseia no caráter de Deus: 
santidade, imutabilidade, justiça e amor. O Deus cristão é 
compreendido não como arbitrário, ou dependente de algo maior 
que ele mesmo. Sua vontade é seu caráter em ação, e nada é 
superior a ele. Em Rm: 12.2, o apóstolo Paulo disse: “... A vontade 
de Deus é boa perfeita e agradável”. Portanto, obedecer a vontade 
de Deus é a forma correta de fazer o que é certo e bom. De que 
forma podemos saber sua vontade? Mediante o universo, incluindo 
a humanidade (Sl 19.1-4), e a Bíblia, as escrituras conhecida como 
a sua palavra. 
 Toda humanidade criou códigos morais embasados em 
princípios éticos que testificam a lei moral absoluta no interior do 
homem (Rm 2.14,15). Entretanto, apesar dos princípios básicos de 
48 
ética adotados pelas diversas culturas, o homem vive aquém do que 
desejaria viver. Isso se justifica pela natureza (moralidade humana) 
caída e precisa de Cristo para redimi-lo (resgatá-lo moralmente e 
espiritualmente). 
A realidade da universalidade da lei moral é claramente 
percebida nas ações dos não-cristãos, em acreditar no que deve ser 
feito, apesar de não fazerem. O interessante aqui é a consciência do 
que deve fazer que nos conduzam a posição de aceitar a lei moral 
como absoluta. Então, pela existência da lei moral na existência 
humana somos levados à ideia de que há uma vontade suprema 
direcionando nossos comportamentos, ainda que pratiquemos ou 
não. 
 
3.3. RELAÇÃO ENTRE NORMAS E CONSEQUÊNCIAS 
 As normas foram criadas com a finalidade de controlar o 
comportamento humano. Ela atende a necessidade de conscientizar 
o indivíduo de que seu comportamento deve pautar em alguns 
padrões pré-definidos para o bom funcionamento do ambiente em 
que se encontra. Normatizar é informar que a liberdade individual 
deve seguir as regras sociais para um melhor andamento da vida 
social. Liberdade sem regras se torna libertinagem. Entretanto, as 
normas foram criadas pelos homens para orientar as ações do 
próprio homem para lhe trazer segurança e tranquilidade. Sem 
normas a vida seria uma bagunça. 
49 
 Não se pode viver a vida sem regras. Seja lá como for, todos 
nós precisamos de normas para se conduzir de forma a respeitar os 
outros e a nós mesmos. Somos seres morais e, como tais, temos que 
nos comportar seguindo as normas, que são sempre sociais, doutra 
forma, seríamos como animais, regidos apenas pelos instintos 
fazendo sempre o que quisesse. Então, desde cedo aprendemos a 
nos comportar para que possamos nos tornar cidadãos adaptados a 
vida social e não sejamos indivíduos à margem da sociedade, que 
cria a sua própria regra e se torna estranho e assustador. 
 Quando passamos a viver do nosso jeito, sem regras, como 
fora da lei, a sociedade nos expulsa de sua companhia. Existem 
várias maneiras de ser punido pela sociedade. Se você trabalha em 
uma empresa e quer fazer as coisas do jeito que você acha que é 
certo, recebe uma bronca; se teimar, recebe outra chamada; e, se 
tornar a fazer de novo, é demitido. Outro caso é do filho que não 
obedece aos pais. Geralmente é punido com palmadas, suspensão 
de alguma coisa desejada, ficar na cadeira da reflexão, se alguém 
tirar algum objeto de outrem poderá ser preso, etc.Sempre existe 
consequência para quem desobedece às normas sociais. As 
normais são vitais para os indivíduos e para a sociedade, logo, 
nenhum grupo social pode sobreviver sem elas. 
 As normas e as punições variam de sociedade para 
sociedade. No entanto, o que devemos atentar é que elas são uma 
realidade. Se as normas não existissem, o caos seria instalado. 
Como exemplo de caos, temos a guerra. Em estado de guerra, o 
50 
caos é instaurado e todas as desgraças acontecem por causa da 
suspensão da lei. Nossa constituição brasileira reza que temos o 
direito de ir e vir. No entanto, essa liberdade só funciona em estado 
de paz e não de guerra. Em época de guerra, não há regras e as 
coisas mais complexas, que em estado de paz onde a regra em 
funcionamento não permitiria, socialmente acontecem. Não 
existem normas em época de guerra e agente só sabe o valor dela 
quando a perde. 
51 
 
 
 
 
 
DA DISTINÇÃO ENTRE CONHECIMENTO PURO E 
EMPÍRICO 
 
Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento começa com a 
experiência; do contrário, por meio do que a faculdade de 
conhecimento deveria ser despertada para o exercício senão através 
de objetos que toquem nossos sentidos e em parte produzem por si 
próprios representações, em parte põem em movimento a atividade 
do nosso entendimento para compará-las, conectá-las ou separá-las 
e, desse modo, assimilar a matéria bruta das impressões sensíveis a 
um conhecimento dos objetos que se chama experiência? Segundo 
o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a 
experiência, e todo o conhecimento começa com ela. Mas, embora 
todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por 
isso todo ele se origina justamente da experiência. Pois poderia 
bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento de experiência 
seja um composto daquilo que recebemos por impressões e daquilo 
que a nossa própria faculdade de conhecimento (apenas provocada 
por impressões sensíveis) fornece de si mesma, cujo aditamento 
não distinguimos daquela matéria-prima antes que um longo 
exercício nos tenha chamado a atenção para ele e nos tenha tornado 
aptos a abstraí-lo. Portanto, é uma questão que requer pelo menos 
uma investigação mais pormenorizada e que não pode ser logo 
despachada devido aos ares que ostenta, a saber, se há um tal 
conhecimento independente da experiência e mesmo de todas as 
LEITURA COMPLEMENTAR 
52 
impressões dos sentidos. Tais conhecimentos denominam-se a 
priori e distinguem-se dos empíricos, que possuem suas fontes a 
posteriori, ou seja, na experiência. (...) No que se segue, portanto, 
por conhecimentos a priori entenderemos não os que ocorrem 
independente desta ou daquela experiência, mas absolutamente 
independente de toda a experiência. Opõem-se-lhes os 
conhecimentos empíricos ou aqueles que são possíveis apenas a 
posteriori, isto é, por experiência. Dos conhecimentos a priori 
denominavam-se puros aqueles aos quais nada de empírico está 
mesclado. Assim, por exemplo, a proposição: cada mudança tem 
sua causa, é uma proposição a priori, só que não pura, pois 
mudança é um conceito que só pode ser tirado da experiência. 
(KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Trad. de Tânia Maria Bernkopf. São 
Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 25-26. (Os pensadores)). 
53 
 
 
 
 
 
Vimos neste tópico: 
 
 Que é muito diversa a compreensão sobre o que é certo e 
errado. 
 
 Que, para o cristão, o critério de verdade está no modo do 
ser de Deus. 
 
 Que há uma relação entre a existência da lei e as 
consequências sofridas pelos humanos quando a transgride. 
RESUMO DO TÓPICO 3 
54 
 
 
 
 
1. O que você entendeu sobre as teorias que explicam o que é 
correto? 
 
2. Como podemos entender o que é bom? 
 
3. É possível fazer o que é correto? 
 
4. Por que a ideia de normas deve trazer consigo as 
consequências? 
AUTOATIVIDADE 
55 
 
 
Gerson Francisco de Arruda Júnior 
 
Lógica e Epistemologia: 
Conceitos Introdutórios 
 
 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
Ao final da unidade você será capaz de: 
 
 Entender o que é a lógica e de que ela trata; 
 Saber o que é uma proposição e seus tipos; 
 Conhecer os tipos de argumentos e como 
identificar premissas e conclusão; 
 Definir o que é conhecimento; 
 Caracterizar o conhecimento e as possibilidades de 
obtê-lo. 
 
GUIA DE ESTUDOS 
A Segunda Unidade se divide em: 
 
TÓPICO 1 – O QUE É A LÓGICA? 
TÓPICO 2 – O QUE É UMA PROPOSIÇÃO? 
TÓPICO 3 – ARGUMENTOS 
TÓPICO 4 – O QUE É O CONHECIMENTO? 
 
 
UNIDADE 2 
56 
 
57 
TÓPICO 1 
 
O QUE É A LÓGICA? 
 
INTRODUÇÃO 
 Apesar de ser uma disciplina da filosofia, a lógica está 
presente em todas as nossas atividades. Ao abrirmos a nossa boca 
para dar algum pronunciamento sobre o mundo ou ao pensarmos 
algo sobre ele, precisamos da lógica. O presente tópico tem como 
objetivo definir o que é a lógica e mostrar as suas divisões. 
 
1.1. DEFINIÇÕES DE LÓGICA 
Ao considerarmos o tema da lógica na filosofia, termos que 
destacar dois importantes aspectos que caracterizam o estudo da 
lógica. 
O primeiro é o aspecto ontológico, visto que a lógica (do 
grego “logos”) está intimamente ligada à racionalidade do mundo. 
Esse aspecto está relacionado ao modo como o mundo é e como ele 
se apresenta a nós. O segundo aspecto é o aspecto linguístico, que 
está relacionado à linguagem e ao modo de dizer o mundo. 
58 
O aspecto linguístico é o aspecto que será considerado nas 
seguintes definições de lógica. Pode-se definir a lógica como “o 
estudo dos argumentos válidos”. Nesse caso, ela “é a tentativa 
sistemática para distinguir argumentos válidos dos inválidos” 
(NEWTON-SMITH, 2011, p. 13). 
A lógica também pode ser concebida como “o estudo de 
inferências válidas”. Desse modo, ela se caracteriza por se 
apresentar como sendo “uma teoria da inferência” (SILVESTRE, 
2011, p. 19). Sendo uma teoria da inferência, há dois aspectos 
fundamentais que caracterizam a lógica. O primeiro deles é o 
aspecto Inferencial, que se ocupa com o estudo das inferências 
válidas; o segundo é o aspecto Representacional, que se ocupa 
com o estudo de maneiras adequadas de representar enunciados. 
Tais aspectos definem o escopo da lógica. Ou seja, ela se ocupa das 
inferências válidas e do modo como os enunciados devem ser 
simbolizados. 
Outra maneira de definir a lógica é considerando-a como o 
“estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o 
raciocínio correto do incorreto” (COPI, 1981, p. 19). 
 
1.2. AS LEIS DO PENSAMENTO 
Quando se estuda lógica, sobretudo a lógica clássica, é 
imprescindível dirigir nossa atenção para as chamadas “Leis do 
59 
Pensamento”. Tais Leis são princípios fundamentais de todo o ser 
(realidade), de toda a maneira correta de pensá-lo, e de toda a 
maneira de se falar dele com sentido. Desse modo, as Leis do 
Pensamento são princípios da Razão. Tais princípios são: o 
Princípio da Identidade, o Princípio da Não Contradição, e o 
Princípio do Terceiro Excluído. Cada um desses princípios ou leis 
pode ser considerado a partir dos pontos de vista ontológico, lógico 
e epistemológico. 
 
1.2.1. Princípio da Identidade 
O Princípio da Identidade talvez seja o princípio menos 
difícil de ser entendido. 
Do ponto de vista ontológico, ele pode ser anunciado da 
seguinte maneira: “uma coisa é sempre idêntica a si mesma”. Por 
exemplo: o lápis que agora tenho em minha mão é igual a ele 
mesmo. Nada pode ser diferente de si mesmo. 
Do ponto de vista lógico, o Princípio da Identidade é 
descrito como uma identidade entre o todo e as suas partes, isto é, 
“entre o todo e as suas partes há sempre uma identidade”. 
Já do ponto de vista epistêmico, ele é assim apresentado: 
“uma coisa é sempre pensada como igual a si mesma”. 
 
60 
1.2.2. Princípio da Não Contradição 
A segunda Lei do Pensamento é o Princípio da Não 
Contradição. Tal princípio foi assim anunciado pelofilósofo 
Aristóteles, no livro gama da sua Metafísica: “O mesmo atributo 
não pode pertencer e não pertencer à mesma coisa, ao mesmo 
tempo e sob o mesmo aspecto” (ARISTÓTELES, 1969, III). 
Do ponto de vista ontológico, tal princípio é assim descrito: 
“nada pode ser A e não-A ao mesmo tempo e sob as mesmas 
condições”. Por exemplo, ninguém pode ser pai e não-pai ao 
mesmo tempo e sob as mesmas condições. 
Do ponto de vista lógico, a Lei da Não Contradição é assim 
apresentada: “um enunciado não pode ser, ao mesmo tempo, 
verdadeiro e falso”. 
Já do ponto de vista epistêmico, o Princípio da Não 
Contradição é descrito da seguinte maneira: “não se pode pensar A 
de algo (predicar) e negá-lo (negar a predicação), ao mesmo tempo 
e sob as mesmas condições”. 
 
1.2.3. Princípio do Terceiro Excluído 
A última das Leis do Pensamento, mas não menos 
importante do que as outras, é o Princípio do terceiro Excluído. 
61 
Do ponto de vista ontológico, tal princípio é entendido da 
seguinte forma: “uma coisa é ou não é, não há meio termo”. Por 
exemplo, alguém é professor ou não é professor. Ninguém pode ser 
meio professor. 
Do ponto de vista lógico, ele é muito simples de ser 
anunciado: “dada uma proposição, podemos dizer que ela é 
verdadeira ou falsa, a terceira opção é excluída”. 
Já do ponto de vista epistêmico, a lei do Terceiro Excluído 
pode ser assim apresentado: “quando pensada, uma proposição ou é 
verdadeira ou é falsa, uma terceira opção é excluída”. 
 
1.3. DIVISÃO DA LÓGICA 
A lógica como disciplina da filosofia está dividida em dois 
grupos: a Lógica Clássica e a Lógica Não-Clássica. 
A Lógica Clássica é caracterizada por ser binária, isto é, ela 
só admite dois valores de verdade, a saber, o verdadeiro e o falso. 
Já a Lógica, ou melhor, as Lógicas Não-Clássicas não são 
binárias e, exatamente por isso, admitem outros valores de verdade 
além do verdadeiro e do falso. 
 
 
62 
1.3.1. Divisão da Lógica Clássica 
A Lógica Clássica se divide em: 
a) lógica PROPOSICIONAL (das proposições), que tem 
como unidade base a proposição que exprime um acontecimento. 
Ex: “O Brasil é um país da América Latina”. Esta lógica está ligada 
à investigação dos juízos compostos e, por isso, é considerada 
como uma lógica Interproposicional. 
b) lógica de PREDICADOS, cuja unidade base são os 
termos no interior da proposição. É uma lógica Intraproposicional. 
 
1.3.2. Divisão da Lógica Não-Clássica 
A Lógica Não-Clássica se divide em: 
a) COMPLEMENTARES, que complementam a lógica 
clássica com a introdução de novos operadores lógicos. São 
exemplos de Lógicas Não-Clássicas complementares: 
- Lógica Modal, que acrescenta os seguintes operadores 
lógicos: possibilidade, contingência e necessidade. 
 - Lógica Deôntica, que acrescenta os operadores lógicos: 
permitir, proibir, indiferente, obrigatório. 
- Lógica do Tempo, que acrescenta os operadores lógicos 
temporais: ontem, hoje, amanhã, agora. 
63 
b) NÃO-COMPLEMENTARES, concebidas como novas 
lógicas, rivais da Lógica Clássica. Seu objetivo é superar os limites 
teóricos da Lógica Clássica. São exemplos de Lógicas Não-
Clássicas Não-complementares: 
- Lógica Trivalente, que acrescenta o valor de verdade 
“indeterminado”. Ex: “Gerson dará aulas amanhã” tem valor 
indeterminado, pois nem é verdadeiro, nem falso. Esse tipo de 
lógica tenta romper com a lei do terceiro excluído. 
- Lógica Paraconsistente, que admite que uma sentença e a 
sua negação podem ser ambas verdadeiras. Esse tipo de lógica tenta 
romper com a lei da não-contradição. 
- Lógica Não-Reflexiva, é aquela para a qual o princípio da 
identidade não vale em geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
64 
 
 
 
 
Limites do papel da lógica na filosofia 
Aristóteles considerava a lógica um instrumento filosófico 
imprescindível e a tradição escolástica cultivou a argumentação 
estritamente silogística. No entanto, a cultura filosófica está hoje 
dividida quanto ao papel da lógica na filosofia. Ao inaugurar a 
filosofia da época moderna, Descartes introduziu também um 
profundo desprezo pela lógica silogística, a única então conhecida, 
enquanto instrumento filosófico. É irónico que os filósofos mais 
argumentativos da época moderna, como Descartes e David Hume, 
tenham desprezado o papel da lógica na filosofia. Esta atitude ficou 
sem dúvida a dever-se às insuficiências da própria lógica silogística 
e talvez também ao juízo nem sempre justo daqueles que, ao 
procurar inovar numa dada área do conhecimento, sentem o legado 
deixado pela tradição como um obstáculo incómodo aos seus novos 
propósitos e métodos. É neste contexto que temos de entender a 
afirmação de Kant de que a lógica era, já no seu tempo, uma 
disciplina acabada e perfeita (Cf. Crítica da Razão Pura, BVIII). 
Um século mais tarde, Frege e Russell iriam provar que Kant 
LEITURA COMPLEMENTAR 
65 
estava profundamente enganado: muito havia ainda a fazer no 
estudo da lógica. 
O advento da lógica moderna de Frege e Russell cristalizou 
duas atitudes antagônicas quanto ao papel da lógica na filosofia. 
Por um lado, há filósofos que ignoram a lógica (seja ela moderna 
ou silogística), à semelhança dos seus antecessores do 
Renascimento. Por outro lado, filósofos houve, como Carnap, que 
viram na lógica moderna o instrumento que em última análise 
permitiria a solução dos problemas filosóficos. Hoje em dia já 
ninguém partilha com Carnap esta crença errada nos poderes da 
sintaxe da lógica dedutiva. No entanto, continua a fazer-se sentir 
uma divisão quanto ao papel da lógica na filosofia. De um lado, 
continuam aqueles que negam à lógica qualquer pertinência para a 
filosofia e, do outro, aqueles que, apesar de não acreditarem que a 
lógica possa resolver os problemas da filosofia, lhe reservam 
todavia um papel importante. É a esse papel, e aos seus limites, que 
resolvi dedicar estas páginas, sem pressupor por parte do leitor 
qualquer conhecimento de lógica. 
 
A natureza da lógica 
O conhecimento humano tem duas fontes: a experiência e a 
razão. Na linguagem filosófica é costume dizer-se que uma 
proposição é a priori se a sua verdade pode ser conhecida sem 
66 
apelar para a experiência; e a posteriori se pelo contrário só 
podemos conhecer a sua verdade através da experiência. 
Um raciocínio é o processo pelo qual se chega a uma 
conclusão, partindo de uma sequência de proposições, a que se 
chamam premissas. As premissas e a conclusão podem ser a priori 
ou a posteriori. 
É necessário distinguir o conceito lógico de raciocínio do 
conceito psicológico de raciocínio. O conceito psicológico de 
raciocínio denota aquela atividade mental que os seres humanos 
realizam desta ou daquela maneira, melhor ou pior, com prazer ou 
não. O conceito lógico de raciocínio é uma abstração independente 
de factores psicológicos. A lógica não estuda o fenómeno 
psicológico do raciocínio; isso é estudado por parte da psicologia. 
A lógica não é uma disciplina empírica acerca da maneira como as 
pessoas raciocinam de facto. A lógica é uma disciplina a priori que, 
entre outras coisas, estabelece as normas que as pessoas têm de 
cumprir se desejam realmente alcançar o raciocínio correcto ou 
válido. Se a lógica fosse uma disciplina empírica acerca da maneira 
como as pessoas pensam de facto, teria de admitir como correctos 
ou válidos aqueles raciocínios que a maioria das pessoas realizam 
supondo serem correctos ou válidos. Mas a verdade é que os 
raciocínios incorrectos ou logicamente inválidos não se tornam 
válidos mesmo que todas as pessoas os tomem como válidos. 
67 
É necessário agora distinguir claramente a validade, ou a 
correção de um raciocínio, da verdade. A validade é uma 
propriedade dos raciocínios e não das proposições que os 
compõem, ao passo que a verdade é uma propriedade das 
proposições que compõem os raciocínios. Isto é, uma proposição 
pode ser verdadeira ou falsa; masnão faz sentido dizer que é válida 
ou inválida. Pelo contrário, um raciocínio é válido ou inválido mas 
não faz sentido dizer que é verdadeiro ou falso. Esta não é uma 
mera convenção, nem uma distinção meramente verbal; ela 
corresponde à diferença que existe entre a avaliação de um 
raciocínio e a avaliação de uma proposição. Avaliar uma 
proposição é muito diferente de avaliar um raciocínio. 
Quando avaliamos um raciocínio e sancionamos a sua 
qualidade, afirmamos que ele nos “conduz” à verdade, assumindo 
que as premissas são verdadeiras. Esta verdade a que ele nos 
“conduz” é a proposição que se conclui. Assim, avaliar 
positivamente um raciocínio é afirmar que, assumindo a verdade 
das suas premissas, ele nos garante a verdade da conclusão. Logo, 
temos de distinguir essa qualidade que os bons raciocínios têm, que 
consiste em garantir a verdade das suas conclusões, da própria 
verdade das suas conclusões: é preciso distinguir o comboio que 
nos conduz ao Porto, do Porto. 
A melhor forma de explicar a diferença entre verdade e 
validade é através de um exemplo. Tome-se o seguinte raciocínio: 
68 
Sócrates e Platão eram egípcios. 
Logo, Sócrates era egípcio. 
 
Este raciocínio é claramente válido. Mas é a sua premissa 
verdadeira? Pode ser verdadeira ou falsa; a lógica nada nos diz 
sobre isso. E a sua conclusão é verdadeira ou falsa? A lógica 
também não diz. O que a lógica afirma é que se a premissa for 
verdadeira, então a conclusão também é verdadeira: é por isso que 
é um raciocínio dedutivo válido. É aliás isso mesmo que é um 
raciocínio dedutivo válido. Um raciocínio dedutivo válido é aquele 
em que se as premissas forem verdadeiras, a conclusão também 
será verdadeira. Claro está que se as premissas forem falsas a 
conclusão pode ser falsa, ainda que o raciocínio seja válido. 
A lógica estuda as leis da inferência dedutiva. A lógica 
estuda as leis que permitem que de premissas verdadeiras se 
derivem conclusões verdadeiras. A lógica não pode pronunciar-se 
sobre a verdade das premissas de um raciocínio; afirma apenas que 
a conclusão de um raciocínio é verdadeira se, e só se, (1) o 
raciocínio for válido; e (2) as premissas forem todas verdadeiras. 
Está claro que existem outros tipos muito comuns de 
raciocínio: a indução e analogia. Mas nestes casos as conclusões 
não se seguem logicamente das premissas. Um raciocínio indutivo 
razoável é ainda um raciocínio dedutivamente inválido. Note-se 
69 
que as premissas de um raciocínio dedutivo tanto podem ser a 
priori como a posteriori. Porém, as teorias e os argumentos 
tipicamente filosóficos não só são dedutivos, como muitas vezes as 
premissas desses argumentos são a priori, no sentido em que não 
são confirmáveis ou refutáveis pela experiência. Teorias e 
argumentos indutivos e com premissas a posteriori são típicos das 
disciplinas empíricas como a história ou a física. 
 
Verdade e ilusão 
Se um raciocínio for válido ou correcto e se as suas 
premissas forem verdadeiras, a sua conclusão também será 
verdadeira. Está claro que podemos obter conclusões verdadeiras a 
partir de premissas falsas com raciocínios inválidos; por exemplo: 
Nenhum pássaro é preto. 
Logo, algumas coisas pretas são pássaros. 
 
Também podemos obter conclusões verdadeiras a partir de 
premissas falsas com raciocínios válidos; por exemplo: 
Sócrates era francês e Platão era grego. 
Logo, Sócrates era francês ou Platão era grego. 
 
70 
Estes dois exemplos mostram como se pode chegar a 
conclusões verdadeiras — o principal interesse dos filósofos — 
partindo quer de premissas falsas, quer de raciocínios inválidos. 
Chegámos por isso ao ponto em que os mais saudavelmente 
cépticos perguntarão que papel poderá a lógica ter na filosofia, 
considerando que podemos ter as seguintes situações: 
1) raciocínios inválidos com premissas falsas e conclusões falsas; 
2) raciocínios inválidos com premissas verdadeiras e conclusões 
verdadeiras; 
3) raciocínios inválidos com premissas verdadeiras e conclusões 
falsas; 
4) raciocínios inválidos com premissas falsas e conclusões 
verdadeiras; 
e ainda: 
5) raciocínios válidos com premissas falsas e conclusões falsas; 
6) raciocínios válidos com premissas falsas e conclusões 
verdadeiras; 
E que, para além de distinguir claramente os argumentos 
válidos dos inválidos, a lógica só nos garante que 
7) em raciocínios válidos com premissas verdadeiras as conclusões 
são também verdadeiras. 
71 
Para responder a esta pergunta tenho de voltar a lembrar o 
facto de que todo o conhecimento humano é fruto ou da 
experiência ou do raciocínio. Se optarmos por uma postura 
intelectual honesta não podemos deixar de nos perguntar como 
poderemos nós distinguir o conhecimento verdadeiro da mera 
ilusão. Que critério podemos nós usar que nos permita distinguir a 
verdade da ilusão? A resposta depende do domínio de 
conhecimento a que nos referimos. Se estamos no domínio do 
conhecimento empírico temos a experiência como guia: ninguém 
acredita numa proposição que afirma que todos os pássaros são 
pretos quando o nosso canário é amarelo, ainda que esta seja 
defendida por uma qualquer grande autoridade, com um léxico 
terrorista e uma gramática barroca. 
Mas como poderemos nós distinguir a verdade da ilusão, do 
erro e da falsidade quando as proposições que proferimos estão 
completamente fora do alcance da experiência? Se alguém nos 
afirma que os humanos são essencialmente racionais, mas 
acidentalmente bípedes, como reagir a esta afirmação? É 
certamente muito diferente daquela outra que afirmava que todos 
os pássaros são pretos. Nesse caso tínhamos a experiência para 
confirmar ou refutar tal ideia. Mas agora não temos tal coisa. E se 
estamos num domínio cognitivo não podemos considerar como 
argumento o facto de essa pessoa afirmar ter tido uma experiência 
mística em que essa verdade lhe foi revelada. Talvez ela pense que 
teve essa experiência; mas como vamos nós conseguir distinguir a 
72 
experiência verdadeira que ela pensa que teve, da ilusão de que a 
teve? Num contexto cognitivo é irrelevante apelar para 
experiências pessoais que não podem ser repetidas por terceiros e 
que nem eles próprios podem distinguir da mais banal das ilusões 
— ainda que isso seja reconfortante de um ponto de vista afetivo e 
pessoal (para aquelas pessoas que são pouco exigentes quanto ao 
valor de verdade daquilo em que querem acreditar). Mas a ciência, 
a filosofia e a arte não são pessoais mas sim públicas, discutíveis, 
passíveis de controlo por terceiros. Não se aceita uma lei da física 
que só se verifica no laboratório de um cientista quando ele está 
sozinho; não se aceita uma proposição da filosofia para a qual não 
há argumentos discutíveis, mas que o filósofo afirma sentir ser 
verdadeira; não se aceita o valor de um quadro que ninguém 
consegue jamais apreciar exceto aquele mesmo que o pintou. 
 
Lógica, argumentos, filosofia 
A tarefa da filosofia, tal como a tarefa das ciências, é 
descobrir proposições verdadeiras. Mas ao contrário do que 
acontece com as ciências empíricas, a experiência raramente 
fornece à filosofia um critério para distinguir a verdade da 
falsidade. Assim, apesar de a lógica parecer fornecer tão pouco, é 
afinal o único meio seguro que temos para excluir argumentos que, 
ainda que conduzam à verdade, o fazem de forma tal que não 
podemos realmente saber se estamos perante a verdade ou perante a 
73 
ilusão. A lógica não pode decidir se as premissas são ou não 
verdadeiras; a lógica não pode tão pouco decidir se a conclusão de 
um raciocínio é verdadeira ou não; mas a lógica diz-nos se tal 
conclusão resulta realmente ou não de tais premissas. 
É a lógica que permite distinguir claramente os argumentos 
válidos das falácias. Uma falácia é um argumento inválido que no 
entanto parece ser válido. Quando o nosso campo de investigação 
excede claramente a

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