Buscar

antropologia-filosofica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Montes Claros/MG - 2014
Luciney Sebastião da Silva
Antropologia 
Filosófica
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Humberto Velloso Reis
EDITORA UNIMONTES
Conselho Consultivo
Antônio Alvimar Souza 
César Henrique de Queiroz Porto
Duarte Nuno Pessoa Vieira
Fernando Lolas Stepke
Fernando Verdú Pascoal
Hercílio Mertelli Júnior
Humberto Guido
José Geraldo de Freitas Drumond
Luis Jobim
Maisa Tavares de Souza Leite
Manuel Sarmento
Maria Geralda Almeida
Rita de Cássia Silva Dionísio
Sílvio Fernando Guimarães Carvalho
Siomara Aparecida Silva 
CONSELHO EDITORIAL
Ângela Cristina Borges
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Jânio Marques Dias
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Káthia Silva Gomes
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camila Pereira Guimarães
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner veloso rocha
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de Melo Franco
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
rogério Othon teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Ângela cristina Borges
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Anete Marília Pereira
Chefe do Departamento de História/Unimontes
Francisco Oliveira Silva
Jânio Marques Dias
Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
cléa Márcia Pereira câmara
Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
Helena Murta Moraes Souto
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
carlos caixeta de Queiroz
Ministro da Educação
José Henrique Paim Fernandes
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João carlos teatini de Souza clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Narcio rodrigues da Silveira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos reis canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício rodrigues Neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques Dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autor
Luciney Sebastião da Silva
É mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Ouro Preto. Bacharel e Licenciado em 
Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Fez especialização em Filosofia 
pela Universidade Estadual de Montes Claros e Gestão Pública Municipal pelas Faculdades 
Santo Agostinho em Montes Claros. Atualmente é professor da Favenorte – Montes Claros, 
como também foi professor do Departamento de Filosofia – Unimontes, das Faculdades Santo 
Agostinho e da Faculdade Vale do Gorutuba. Nestas quatro Instituições teve oportunidade 
de lecionar disciplinas na área de Ciências Humanas, Ciências Gerenciais, Ciências Biológicas 
e da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas e Tecnológicas, como por exemplo, as 
disciplinas de Introdução à Filosofia, Filosofia da Educação, Filosofia da Educação em Artes, 
Filosofia do Direito, Filosofia da Ciência, Filosofia e Ética, Ética e Responsabilidade Social, Ética 
Profissional, Bioética, Antropologia Social, Teoria Política, entre outras. Atuou também como 
professor conteudista e professor tutor nas TICs e como professor formador nos cursos de 
graduação em História e Artes Visuais na UAB/Unimontes. 
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
A antropologia filosófica: sua natureza e tarefa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Conceituação e objeto a antropologia filosófica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.3 Breve história da antropologia filosófica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
1.4 A Antropologia filosófica e sua legitimidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
1.5 Marco metodológico da antropologia filosófica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
As concepções de ser humano na antropologia filosófica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 A concepção clássica do homem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 A concepção cristão-medieval. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
2.4 A concepção moderna de homem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
2.5 A concepção do homem na filosofia contemporânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
As estruturas fundamentais do ser humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
3.2 A categoria do corpo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
3.3 A categoria da afetividade. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4 A categoria do psiquismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
3.5 A categoria do espírito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Antropologia filosófica e religião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
8
UAB/Unimontes - 3º Período
4.2 O fenômeno da religiosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
4.3 O homem e a religião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .51
Atividade de Aprendizagem – AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
9
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a): 
É com muita satisfação que iniciamos nossos estudos de Antropologia Filosófica, isto é, estu-
dos que pretendem pensar sobre a clássica indagação: O que é o homem? Enfatizamos que, ao 
pensar essa questão, não procuramos apenas responder a pergunta, mas, sobretudo pensarmos 
sobre a pergunta. Desse modo, o que nos impulsiona a fazer essa pergunta fundamental sobre 
o homem está na raiz da própria Filosofia, ou seja, é nossa capacidade de admirar e de ficar 
perplexo diante do mundo. Essa condição alimenta nossa inquietação e busca de sentidos para a 
vida e, na Antropologia Filosófica, esse procedimento volta-se para o homem.
Vivemos numa cultura da calmaria e da normalidade e, ao mesmo tempo, sob a urgência de 
um mundo pragmático. Estamos sempre ocupados com coisas práticas e com o consumismo de-
senfreado e, no entanto, não é comum que nos ocupemos com perguntas reflexivas em que nos-
sa condição humana torna-se questionável a si mesma. As insatisfações de vários níveis se multi-
plicam cotidianamente em várias esferas de inter-relações, na família, na educação, na sociedade, 
na religião, na ética, na política, na economia, no direito, colocando em xeque não apenas essas 
instâncias, mas a própria sociabilidade humana.
Diante dessa crise de legitimação e funcionamento das instituições, o homem é chamado 
a se posicionar e tomar decisões que não se restringem a meros formalismos e legalidade, mas 
a rever a sua própria condição humana, de ser-no-mundo. Eis, então, um estudo preparado 
para você, acadêmico, que não oferece uma fórmula mágica ou milagrosa para confecção de um 
homem perfeito nem uma receita que possa resolver todos os problemas do mundo, mas que 
pretende convidá-lo a pensar e refletir filosoficamente sobre o que é mais fundamental para o 
homem, ou seja, ressignificar a sua condição humana à luz dos preceitos estéticos, éticos e de 
preceitos ligados a sua autotranscendência e religiosidade. 
 Para tanto, este Caderno Didático está estrategicamente organizado em quatro unida-
des, que parte de elementos básicos da Antropologia Filosófica, como a sua definição, sua na-
tureza, sua tarefa, sua história, sua legitimidade acadêmica e se estende a compreensão do 
fenômeno humano por meio de um breve esboço da história das concepções do homem e, con-
secutivamente, da análise das estruturas fundamentais do ser humano, inclusive propõe-se tam-
bém uma compreensão do homem sob a ótica da religiosidade. 
Nesse sentido, esperamos que este material possa contribuir significativamente para sua 
formação acadêmica e pessoal.
Desejamos a você uma ótica leitura e estudos! 
11
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
UNIDADE 1 
A antropologia filosófica: sua 
natureza e tarefa
1.1 Introdução
Iniciaremos nossos estudos fazendo algumas considerações que julgamos fundamentais 
para entendermos a natureza e tarefa da Antropologia Filosófica, bem como para termos uma 
compreensão mais ampla da Antropologia Filosófica. Nesse sentido, em nossa Unidade I, sobre 
a natureza e tarefa da Antropologia Filosófica, convidamos você a recordar o sentido que a Filo-
sofia teve e ainda tem para o homem em seu contexto histórico. Na sequência, trataremos de sua 
conceituação e objeto; esboçaremos uma breve história da Antropologia Filosófica; versare-
mos sobre a sua legitimidade e seu marco metodológico. Certamente esse retorno à natureza 
e atividade filosófica em si [Cf. Box 1] facilitará nossa compreensão do que seria a empreitada 
da Antropologia Filosófica, ou seja, de um filosofar sobre o homem. Segundo os estudiosos da 
filosofia, o exercício de investigação que os filósofos empreenderam, na Grécia antiga por volta 
do século VI a.C, e, por ocasião do nascimento da Filosofia, decorreu do modo como os primeiros 
filósofos enfrentaram a realidade, ou seja, a investigação filosófica começou quando eles se sen-
tiram admirados ou ficaram perplexos diante da realidade em que estavam inseridos e, a partir 
daí, começaram a fazer inúmeras perguntas. 
Box 1
Significado de Filosofia
O que é Filosofia
Filosofia é uma palavra grega que significa «amor à sabedoria” e consiste no estudo de 
problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valo-
res morais e estéticos, à mente e à linguagem.
Filósofo é um indivíduo que busca o conhecimento de si mesmo, sem uma visão 
pragmática, é movido pela curiosidade e sobre os fundamentos da realidade. Além do de-
senvolvimento da filosofia como uma disciplina, a filosofia é intrínseca à condição huma-
na, não é um conhecimento, mas uma atitude natural do homem em relação ao universo 
e seu próprio ser.
A filosofia foca questões da existência humana, mas diferentemente da religião, não 
é baseada na revelação divina ou na fé e sim na razão. Dessa forma, a filosofia pode ser 
definida como a análise racional do significado da existência humana, individual e coleti-
vamente, com base na compreensão do ser. Apesar de algumas semelhanças com a ciên-
cia, muitas das perguntas da filosofia não podem ser respondidas pelo empirismo experi-
mental.
A filosofia pode ser dividida em vários ramos. A filosofia do ser, por exemplo, inclui a metafí-
sica, ontologia e cosmologia, entre outras disciplinas. A filosofia do conhecimento inclui a lógica 
e a epistemologia, enquanto a filosofia de trabalho está relacionada a questões como a ética.
Diversos filósofos deixaram seu nome gravado na história mundial, com suas teorias que 
são debatidas, aceitas e condenadas até os dias de hoje. Alguns desses filósofos são Aristóte-
les, Pitágoras, Platão, Sócrates, Descartes, Locke, Kant, Freud, Habermas e muitos outros. Cada 
um desses filósofos fez suas teorias baseadas nas diversas disciplinas da filosofia, lógica, meta-
física, ética, filosofia política, estética e outras.
12
UAB/Unimontes - 3º Período
De acordo com Platão, um filósofo tenta chegar ao conhecimento das Ideias, do verdadei-
ro conhecimento caracterizado como episteme, que se opõe à doxa, que é baseado somen-
te na aparência. Segundo Aristóteles, o conhecimento pode serdivido em três categorias, de 
acordo com a conduta do ser humano: conhecimento teórico (matemática, metafísica, psicolo-
gia), conhecimento prático (política e ética) e conhecimento poético (poética e economia).
Nos dias de hoje, a palavra “filosofia” é muitas vezes usada para descrever um conjunto 
de ideias ou atitudes, como por exemplo: “filosofia de vida”, “filosofia política”, “filosofia da edu-
cação”, “filosofia reggae” etc.
Origem da Filosofia
A Filosofia surgiu na Grécia Antiga, por volta do século VI a.C. Naquela altura, a Grécia 
era um centro cultural importante e recebia influências de várias partes do mundo. Assim, o 
pensamento crítico começou a florescer e muitos indivíduos começaram a procurar respostas 
fora da mitologia grega. Essa atitude de reflexão que busca o conhecimento significou o nas-
cimento da Filosofia.
Antes de surgir o termo filosofia, Heródoto já usava o verbo filosofar e Heráclito usava o 
substantivo filósofo. No entanto, vários autores indicam que Tales de Mileto foi o primeiro filó-
sofo (sem se descrever como tal) e Pitágoras foi o primeiro que se classificou como filósofo ou 
amante da sabedoria.
Fonte: Disponível em: http://www.significados.com.br/filosofia/ Acesso em: 28 jun. 2014.
E em todo o ato de pensar e de perguntar, o homem, invariavelmente, vive a experiência do 
existir, pois assim pode fazer escolhas e decidir sobre sua vida, tendo ele a certeza do seu próprio 
Eu. Veja Sócrates (469-399 a.C), na figura 1, considerado como o pensador responsável por trans-
ferir os questionamentos sobre a natureza física (physis) para a natureza humana (anthropos), 
provocando uma revolução no campo da política, do direito, da justiça, da religiosidade, da ética, 
dos valores e da verdade e seus fundamentos.
Percebemos, desse modo, que o filósofo 
diz respeito a uma pessoa curiosa, indagado-
ra e, sobretudo, a um sujeito que se questio-
na e que faz perguntas sobre o que observa 
na realidade em que está inserido, seja no 
campo social, político, religioso, econômico, 
cultural. Foram muitas as questões filosófi-
cas que preocuparam o homem ao longo da 
história, das quais podemos citar, por exem-
plo, os assuntos ligados ao descobrimento do 
universo. Sobre essa questão, o homem pre-
tendeu entender de onde tudo começou e o 
seu funcionamento; noutras palavras, ele quis 
saber se o cosmo (Kósmos) era governado por 
uma inteligência ou providência divina ou 
se todo seu funcionamento estaria ligado ao 
acaso.
O mais instigante de tudo isso é que o 
homem também quis investigar e entender 
a sua própria condição humana, ou seja, o homem se empenhou em saber quem ele é, o seu 
modo de ser e existir. Ele quis conhecer sua própria estrutura de pensar e sua maneira de agir 
perante os outros. São estas e outras indagações que levam a Filosofia a investigar e entender 
o homem como tal. E é justamente esse exercício filosófico voltado para o próprio homem, 
que define e justifica o porquê de uma Antropologia Filosófica, posto que ela propõe-se com-
preender o homem em sua experiência sobre si mesmo e, racionalmente, responder a pergun-
ta: O que é o homem?Trataremos dessa temática, começando por elaborar uma definição des-
sa disciplina na parte seguinte.
DIcA
Sobre Sócrates e sua 
contribuição filosófica, 
assista ao vídeo: Só-
crates. Filme de 1971, 
dirigido por Roberto 
Rossellini. Edição es-
pecial. Disponível em: 
<http://www.filme-
sepicos.com/2009/09/
socrates-1971.html#.
U9o5NqPSSzs> Acesso 
em: 5 abr. 2014.
Figura 1: O filósofo 
Sócrates.
Fonte: Brasil escola. Dis-
ponível em: http://www.
brasilescola.com/filosofia/
socrates.htm. Acesso em: 
5 de abr. 2014.
►
13
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
1.2 Conceituação e objeto a 
antropologia filosófica
A definição de Antropologia Filosófica está estritamente ligada ao seu objeto de estudo, ou 
seja, à compreensão do homem. Acerca dessa compreensão interpõe-se o caráter investigativo 
da própria Filosofia. Assim sendo, sobre a Filosofia (do grego Φιλοσοφία, literalmente – amor à 
sabedoria) podemos entender que ela pressupõe um estudo conceitual que almeja a espe-
culação e a compreensão da essência dos fenômenos estudados; e a Antropologia (do grego 
ἄνθρωπος, transliteral - anthropos, “homem”, e λόγος, logos, “razão” / “pensamento” / “discurso” / 
“estudo”), por sua vez, empenha-se no estudo do homem no intuito de compreender e expressar 
o que ele é e, sobretudo o que ele pode e deve ser. Nesses termos, podemos dizer que a An-
tropologia Filosófica é considerada uma disciplina filosófica autônoma e sistemática que busca 
compreender o fenômeno humano de maneira totalizante, considerando todas as suas dimen-
sões. Acerca disso, Mondin ressalta que é justamente pelo fato da investigação partir de um fi-
lósofo que este: “[...] se empenha em buscar resposta total, completa, exaustiva, última, resposta 
em condições de esclarecer plenamente o que seja o homem tomado globalmente, em seu todo, 
o que ele seja efetivamente além e sob as aparências [...]” (MONDIN, 2005, p.14). 
Embora a investigação sobre o 
homem seja antiga, o termo Antropo-
logia só começa a ser usado no século 
XVI pelo humanista Otto Casmann que 
publica, em 1596, uma obra intitulada 
Psychologia anthropologica, a qual 
versa sobre a alma e o corpo. O termo 
tornou-se mais conhecido por mérito 
do filósofo Immanuel Kant que intitu-
lou uma de suas obras de Antropolo-
gia de um ponto de vista pragmá-
tico. O termo não foi criado por Kant, 
mas nesta obra de 1798, o filósofo ale-
mão esboça sistematicamente as con-
dições em que o homem elabora a sua 
própria existência e, para o conheci-
mento dessa condição existencial, uma 
antropologia não deve ser apenas teó-
rica [conhecimento geral do homem 
e de suas faculdades], mas também 
pragmática [conhecimento centrado 
em tudo aquilo que pode ampliar sua 
habilidade] na medida em que conhe-
cer o homem pressupõe entender seus 
interesses e, ao mesmo tempo, conhe-
cer o mundo naquilo que ele possa 
atender aos fins humanos.
O termo Antropologia Filosófica foi cunhado nos anos vinte do século XX e seu sucesso está 
ligado ao livro de Max Scheler, A posição do Homem no cosmos. Segundo Mondin (2005), o 
uso filosófico do termo Antropologia, tem uma tradição muito sólida; no entanto, ele foi apro-
priado e monopolizado por outros campos, que resultou na divisão de três disciplinas diferentes: 
Antropologia Física, Antropologia Etnográfica ou Cultural e Antropologia Filosófica que preten-
der estudar o homem do ponto de vista dos seus princípios últimos.
Podemos entender que a antropologia geral divide-se em vários ramos [cultural, linguística, 
arqueológica, aplicada, física] donde, no estudo da Antropologia, percebe-se a preocupação com 
as condições de existência dos grupos humanos, na qual os antropólogos utilizam em seus estu-
dos, e abordagens de termos específicos para distinguir metodologicamente os níveis de análise 
ou as tradições acadêmicas. 
DIcA 
Para ilustrar um pouco 
mais o objeto da 
Antropologia Filosófica, 
convido você a assistir 
ao vídeo “o que é o 
homem na filosofia”. 
Disponível em: <www.
youtube.com/watch?-
v=Ogdtvj0xgqU> Aces-
so em: 15 maio. 2014.
AtIvIDADE 
A partir do que já foi 
exposto até aqui, con-
vido você a organizar 
essas informações 
preliminares e reelabo-
rar uma definição de 
Antropologia Filosófica. 
Em seguida, proponha 
ao professor formador 
uma postagem de tal 
definição, no Fórum de 
discussão da Disciplina.
DIcA
Para obter uma com-
preensão mais ampla e 
detalhada da obra de 
Kant, leia: KANT, Imma-
nuel. Antropologia 
de um ponto de vista 
pragmático. Trad. Célia 
Aparecida Martins. São 
Paulo: Iluminuras, 2006.
◄ Figura 2: Homem
Fonte: Antropologia Geral. 
Disponível em: http://
www.brasilemalta.net/
antropologia-cultural-so-cial-filosofica.html. Acesso 
em: 6 de abr.2014.
14
UAB/Unimontes - 3º Período
Não adentraremos nas especificidades de cada uma dessas disciplinas ou escolas antropo-
lógicas, mesmo porque nossa intenção é tratar mais detidamente da Antropologia Filosófica. En-
tretanto, salientamos que, para empreendermos um estudo profundo sobre o objeto da Antro-
pologia e almejarmos respostas convincentes sobre a pergunta o que é o homem?, é necessário 
certa cautela sobre que tipo de antropologia devemos explorar para não reduzir as manifesta-
ções do fenômeno humano a uma única base explicativa.
A Antropologia é o estudo do homem num sentido muito amplo, pois sua abordagem en-
volve várias das dimensões humanas. Assim, cada uma das áreas de estudos deve ser previamen-
te demarcada por escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados. Desse modo, nenhum 
dogma consegue abarcar o homem em sua plenitude e somente a conjunção das escolas antro-
pológicas pode contribuir para a tarefa de abordar o fenômeno humano, uma vez que para enten-
der o homem é preciso considerar toda a complexidade e mistérios da experiência existencial.
Em se tratando especificamente de Antropologia Filosófica, Vaz (2001) salienta que existem 
centros de referência que privilegiam a compreensão do homem, isto é, podemos falar de três 
polos epistemológicos que explicitam os aspectos da realidade humana que são o polo das for-
mas simbólicas, referentes às ciências da cultura; o polo do sujeito que, segundo o autor, é si-
tuado no horizonte das ciências do indivíduo e do seu agir individual, social e histórico; e o polo 
da natureza, que diz sobre o universo das ciências naturais do homem.
Precisamos, desse modo, buscar uma articulação entre os três polos citados por Vaz (2001), 
e tal procedimento deve ocorrer de forma dialética, obedecendo a um procedimento metodoló-
gico adequado para que o discurso filosófico sobre o homem não seja comprometido. Ademais, 
ao interrogarmos sobre o homem, estamos convencidos de que esta questão é predominante-
mente filosófica, como já ressaltamos, e que ela se arrasta por um longo período da história. Ve-
jamos a seguir esses pontos fundamentais para a compreensão do fenômeno humano, ou seja, 
o da história e da legitimidade da Antropologia Filosófica e da questão metodológica acerca do 
estudo do homem em sua plenitude.
1.3 Breve história da antropologia 
filosófica
Embora o termo Antropologia, como já notamos, aparece na história da filosofia recente-
mente, o estudo sobre o homem tem raízes profundas e diversificadas. Linton (2000) recorda so-
bre a abordagem antropológica e da complexidade de um estudo do homem que tampouco se 
pode, por sua vez, determinar o lugar de origem de nossa espécie e, segundo esse autor, “Pare-
ce que muito antes de surgir o Homo sapiens, formas semi-humanas ocuparam todas as regiões 
tropicais, quentes e temperadas do Novo Mundo.” (LINTON, 2000, p.27). Mesmo sobre qualquer 
indagação filosófica sobre o homem, é importante salientar que do aparecimento de nossos 
ancestrais até culminar no emblemático Homo sapiens, conforme se observa na figura 3, foram 
muitos indivíduos que emergiram de alguma espécie em evolução e não necessariamente por 
um único par, como é o caso de Adão e Eva.
DIcA 
Sobre conceitos, 
definições, significados 
e termos da Antropolo-
gia, acesse http://www.
significados.com.br/
antropologia/
GLOSSárIO
Epistemologia: é a 
disciplina que toma as 
ciências como objeto 
de investigação com 
vistas ao agrupamento 
do conhecimento cien-
tífico da filosofia das 
ciências e da história 
das ciências. (JAPIASSÚ, 
Hilton e MARCONDES, 
Danilo. Dicionário 
básico de filosofia. Rio 
de Janeiro: Zahar, 2006. 
pp.88)
GLOSSárIO
Fenômeno: é a apa-
rência sensível que se 
contrapõe à realidade, 
podendo ser considera-
do manifestação desta, 
ou que se contrapõe ao 
fato, do qual pode ser 
considerado idêntico. 
É este sentido que essa 
palavra normalmente 
assume na linguagem 
comum. (ABBAGNANO, 
Nicola. Dicionário de 
filosofia. São Paulo: 
Martins Fontes, 2003. 
pp.436)
Figura 3: O homo 
sapiens sapiens
Fonte: Ciência do uni-
verso. Disponível em: 
http://cienciadouniverso.
blogspot.com.br/2010/12/
homo-sapiens-sapiens.
html. Acesso em: 7 de abr. 
2014
►
15
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
Notamos com isso que, sob o ponto de vista antropológico, os conceitos e interpretações 
que procuram explicar e compreender o homem podem sofrer inúmeras variações e, nesse sen-
tido, nosso intento de esboçar um histórico da Antropologia Filosófica concentra-se tão somente 
naquela investigação que o homem fez de si mesmo através dos séculos. Ao traçar esse percurso 
não pretendemos reduzir o entendimento do homem em sua condição de racionalidade, de li-
berdade e de sociabilidade, ou sintetizar essas dimensões apenas num modo metafísico, mas, so-
bretudo, entender o homem contextualizado, buscando sublinhar os aspectos históricos, sociais, 
políticos, culturais, religiosos e filosóficos nos quais ele está inserido.
Segundo Mondin (2005), o homem foi estudado tanto pela filosofia grega quanto pela cris-
tã, pela filosofia moderna e pela contemporânea. Em cada período destes, o homem recebe uma 
atenção a partir de uma perspectiva diferenciada, o que repercute decisivamente na imagem 
que se tem do homem. Desse modo, na filosofia clássica grega, a ênfase que se deu foi a cosmo-
cêntrica, que afirma a prioridade do mundo natural para análise e ordem da existência real. Esse 
princípio natural deve ocupar também o centro de referência de toda explicação filosófica, ao 
passo que, na filosofia cristã, a perspectiva de estudo do homem foi teocêntrica, que considera 
Deus como o fundamento de toda a ordem do mundo, sendo assim, o significado e o valor das 
ações humanas são atribuídas a Deus. Já na filosofia moderna e na contemporânea, prevaleceu a 
perspectiva antropocêntrica na qual se ressalta que o homem ou a humanidade deve permane-
cer como o centro de referência para análises do entendimento de todas as questões humanas.
1.3.1 Perspectiva cosmocêntrica
Acompanharemos a seguir esta divisão da história da Antropologia Filosófica proposta por 
Mondin (2005), cujas antropologias elaboradas, na perspectiva cosmocêntrica, destacam-se as 
contribuições de Platão, Aristóteles e Plotino. Na visão de Platão (427-347a.C), o homem é cons-
tituído essencialmente de alma e, portanto, é um ser imortal dada a imortalidade da alma. No 
entanto, o homem tem um corpo que constitui um problema para essa condição essencialmente 
humana. A saída desse engodo é libertar a alma da prisão que o corpo representa. 
De certo, o entendimento de Platão sobre 
homem é perpassado por uma ideia de ser hu-
mano que pode ascender ao mundo perfeito – 
Mundo das Ideias – isso porque ele é um ser 
espiritual e não está necessariamente refém 
da condição corpórea. Observe, na figura 4, 
Platão apontando para as coisas do alto, isto é, 
simbolizando a prioridade dada pelo filósofo 
ao mundo superior das Ideias. 
Para Aristóteles (384-322 a.C), no entan-
to, além de desfrutar da condição espiritual da 
alma – De anima – para a constituição de sua 
humanidade, o homem tem também o corpo 
para constituir sua condição essencial; vale 
ressaltar que Aristóteles reconhece que a alma 
é superior ao corpo. Para entendermos melhor 
essa concepção antropológica em Aristóte-
les, basta nos lembrarmos de sua concepção 
de homem entre uma vida ética e política, ou 
seja, o homem tende a alcançar sua condição 
humana e virtuosa por excelência à medida 
que souber conciliar sua natureza (Política) 
com a atividade reflexiva (Ética). 
Já Plotino (205-270 a.C) retoma a con-
cepção platônica da dicotomia – corpo e alma 
– e afirma que a Noesis, ou seja, o conheci-
mento intelectivopertence exclusivamente à 
alma e os demais conhecimentos processados 
na atividade humana mediados pelo corpo 
são conformados à alma. No campo religioso, 
GLOSSárIO 
Metafísica: define-se 
como filosofia primeira, 
como ponto de partida 
do sistema filosófico, 
tratando daquilo que é 
pressuposto por todas 
as outras partes do 
sistema, na medida em 
que examina os princí-
pios e causas primeiras, 
e que se constitui como 
doutrina do ser em ge-
ral, e não de suas deter-
minações particulares; 
inclui ainda a doutrina 
do Ser Divino ou do Ser 
Supremo. (JAPIASSÚ, 
Hilton e MARCONDES, 
Danilo. Dicionário 
básico de filosofia. Rio 
de Janeiro: Zahar, 2006. 
pp.185-186)
DIcA 
Sobre Platão e sua 
teoria das ideias, leia 
o mito da caverna. 
Disponível em: <www.
brasilescola.com/filo-
sofia/mito-caverna-pla-
tao.htm>. Acesso em: 5 
mar. 2014.
◄ Figura 5: Aristóteles 
ensinando Alexandre, O 
Grande.
Fonte: Wikipédia. 
Disponível em: http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Arist%C3%B3teles
Acesso em: 9 de abr. 2014.
◄ Figura 4: Platão
Fonte: A filosofia. Dispo-
nível em: http://afilosofia.
no.sapo.pt/platao1.htm
Acesso em: 9 de abr. 2014
16
UAB/Unimontes - 3º Período
esse neoplatonismo apresenta contribuições para a noção de transcendência em relação a Deus, 
que por ser concebido como algo Inefável, somente pode ser atingido na sua plenitude por meio 
do êxtase, que é uma fulguração divina, superior à filosofia.
1.3.2 Perspectiva cristã
Quanto à perspectiva cristã, muda-se o 
modo de conceber o homem e proclama-se 
Deus como o centro do universo. Neste perío-
do iluminado pelo Cristianismo, as reflexões 
antropológicas deixam de enfatizar a questão 
do cosmos ou da natureza, tal como faziam os 
gregos, para então defender a questão da sal-
vação. A concepção de homem está moldada 
pela relação suposta ou estabelecida entre 
Deus e a humanidade, na qual alguns autores 
cristãos vão desenvolver suas antropologias. 
Entre elas, destacam-se as contribuições de 
Agostinho e de Tomás de Aquino, respectiva-
mente, por meio da Patrística e da Escolástica.
Na Patrística, cuja abordagem antropo-
lógica se deve a Santo Agostinho (354-430), 
este se inspira em Platão e defende que o es-
tudo da alma é fundamental para a compreen-
são do homem, visto que por ela se chega a 
Deus. Nota-se, com a apropriação platônica, 
que Santo Agostinho enaltece o conhecimen-
to intelectivo e a questão da alma. Ao elevar 
essas condições para compreensão elevada do 
homem, ele ressalta e desmerece as imposi-
ções do corpo, uma vez que o corpo propicia o 
pecado e afasta o homem da salvação. 
Na Escolástica, outro representante do 
período cristão é Santo tomás de Aquino 
(1226-1274) que diverge, em partes, de Santo 
Agostinho no que se refere ao platonismo. Na 
sua antropologia, entrevê que Aristóteles, e 
não Platão, oferece uma concepção mais sóli-
da de homem, embora incompatível com a re-
velação cristã. Nesse sentido, Santo Tomás de 
Aquino propõe uma antropologia apropriada 
ao Cristianismo, concebendo o homem com 
um ser essencialmente de alma e corpo, tendo 
essas duas dimensões uma unidade profun-
da. No entanto, esse pensador defende que a 
morte do corpo não implica na morte da alma, 
já que esta é prioritária em relação à finitude 
corporal.
1.3.3 Perspectiva 
antropocêntrica
A abordagem antropológica moderna e 
a contemporânea descarta o enquadramento 
cosmocêntrico dos pensadores gregos, bem 
DIcA 
Sobre Alexandre, O 
Grande, bem como sua 
relação com a sabe-
doria de seu professor 
Aristóteles, assista ao 
vídeo: Alexandre, O 
Grande. Filme de 1956, 
dirigido por Robert 
Rossen. Disponível em: 
<www.filmesepicos.
com/2009/05/alexan-
dre-o-grande-1956.
html#.U9o67KPSSzs> 
Acesso em: 5 mai. 2014.
Figura 8: Santo Tomás 
de Aquino
Fonte: Wikipédia. 
Disponível em: http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Filosofia
Acesso em: 10 de abr. 
2014.
►
Figura 7: Santo 
Agostinho
Fonte: Epigrafes históri-
cas. Disponível em: http://
epigrafeshistoricas.blogs-
pot.com.br/2013/01/san-
to-agostinho.html Acesso 
em: 10 de abr. 2014.
►
Figura 6: Plotino
Fonte: Wikipédia. Dispo-
nível em: http://www.
mundodafilosofia.com.br/
page22.html
Acesso em: 10 de abr. 
2014.
►
17
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
como a perspectiva teocêntrica dos autores cristãos. Passa-se então a entender o homem como 
o ponto de partida da pesquisa filosófica. Podemos citar, por exemplo, Descartes, Pascal, Spinoza, 
Leibniz que cada qual, ao seu modo, elabora suas antropologias de forma crítica, conservando 
o rigor filosófico para a compreensão do homem e, sobretudo em suas pesquisas, prevalece o 
cunho metafísico.
Todavia uma nova perspectiva antropológica decorre a partir de Kant, que procurou pro-
var as incoerências das pretensões metafísicas, convicto de que a mente humana não é capaz de 
abarcar um saber absoluto do mundo, de Deus ou até mesmo do homem. Quanto a isso, Mon-
dim ressalta que: “Kant tentou elaborar uma antropologia de índole prática, mostrando que o ho-
mem é ser diferente dos outros no seu valor, na sua dignidade, na sua condição de pessoa, e que 
a essas características deve corresponder comportamento adequado.” (MONDIN, 2005, p.12).
Essas contribuições kantianas, somadas 
aos progressos da ciência, à questão da cons-
ciência histórica e a outros fatores dos séculos 
XIX e XX repercutiram numa reviravolta signi-
ficativa na Antropologia Filosófica da moder-
nidade. A figura 9 ilustra, através de sua ideia 
de simetria, a inclinação antropocêntrica do 
homem moderno e o quanto as demandas de 
tal contexto influenciaram essa nova visão e 
imagem do homem. Podemos entender, a par-
tir do desenho, que o conhecimento humano 
passava a ser a medida de todas as coisas cujo 
antropocentrismo permaneceu inabalável por 
longo tempo e apenas metamorfoseou-se 
para atender, de agora em diante, as exigên-
cias do homem. 
Nesse sentido, o viés metafísico que pre-
tendeu pronunciar sobre o que é o homem 
cede lugar a novas formas de investigar e 
compreender o fenômeno humano, ou seja, a 
investigação antropológica passa a se ampa-
rar no terreno da história, da ciência, da cultu-
ra, da fenomenologia, da psicanálise, da religião, entre outros. Mondin (2005, p.13) oferece uma 
síntese de novas imagens do homem que se delineia mediante essa reviravolta e, assim, conclui 
afirmando que, certamente, a Antropologia Filosófica está mais apta a desenvolver um discurso 
tanto mais rico como mais completo a respeito do homem do que esteve no passado. 
1.4 A Antropologia filosófica e sua 
legitimidade
Se, de fato, podemos afirmar algo sobre a legitimidade da Antropologia Filosófica, esse es-
tatuto de legalidade decorre do enfoque que se dá ao homem. Certamente a Antropologia Física 
e a Antropologia Cultural produzem resultados consideráveis para a compreensão do homem. 
Igualmente podemos ressaltar as grandes contribuições das ciências especializadas, ou seja, da 
linguística, da medicina, da psicologia, da sociologia, da economia, das ciências políticas e outras 
que produzem informações relevantes para decifrar o universo humano. 
Entretanto, é a Antropologia Filosófica que pretende ultrapassar o conhecimento parcial e su-
perficial do homem, procurando entendê-lo na sua totalidade. Mondin enfatiza que: “[...] a antro-
pologia filosófica se propõe desmascarar a auto-suficiência do saber científico e mostra que a rea-
lidade humana traz problemas que a razão de per si não consegue resolver.” (MONDIN, 2005, p.14).
Todavia, o problema é recolocado e caberia, desse modo, uma indagação após a constata-
ção filosófica do próprio Kant de que a coisa em si é inalcançável senão com o auxílio das ciên-
cias matemáticas e físicas, isto é, como compreender o homem em sua plenitude,uma vez que 
DIcA 
Para tomar conheci-
mento deste esboço 
sobre a imagem do 
homem, consulte esta 
obra citada de Mon-
din. MODIM, Batista. O 
homem: quem é ele? 
Elementos de Antropo-
logia Filosófica. 6.ed. 
São Paulo: Paulinas, 
2005, p.13.
◄ Figura 9: Homem 
Vitruviano, de Leonardo 
da Vinci
Fonte: Wikipédia. Disponí-
vel em: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Antropologia
Acesso em: 15 de abr. 2014.
18
UAB/Unimontes - 3º Período
não se pode conferir estatuto de conhecimento seguro a não ser pela investigação e constatação 
científica? E, nesse caso, a antropologia filosófica parece carecer de tais preceitos.
De fato, podemos concordar que para decifrar a natureza e compreender os fenômenos fí-
sicos ou, até mesmo os da biologia e fisiologia humana, precisamos de uma explicação, do tipo, 
científica, tal como podemos imaginar observando a figura 10. Entretanto, quando o assunto é 
o homem, a abordagem há de ser pela compreensão e por isso que o estatuto epistemológico da 
Antropologia Filosófica passa pelo conhecimento compreensivo e não pelo explicativo. Mondin 
(2005) recorda que renomados filósofos, como Bergson, James, Dilthey, Scheler, Heidegger, Ga-
damer, Ricoeur, entre outros, convenceram-se de que, além da forma científica, existem outras 
extracientíficas para explicar uma realidade.
Não queremos duvidar de que a ciência e toda a racionalidade dela desencadeada seja 
importante para o melhoramento das condições de vida humana. Desde seus indícios remo-
tos e, sobretudo com a sua afirmação no período moderno, pôde-se demonstrar que o homem 
conquistou uma posição e dimensão no universo e, por meio da ciência, o homem também 
pôde adquirir melhor conhecimento de si, afirmando sua condição de sociabilidade. Parado-
xalmente, nota-se que a ciência ameaça o humanismo e pode restringir a compreensão do 
fenômeno humano. 
Essa situação se deve ao fato de que a ciência tem seus limites e nunca seus métodos de 
medição e de experimentação, como no caso pretendido pelas ciências exatas, poderão abarcar 
o homem por completo. Quanto à impossibilidade do pressuposto de exatidão científica para a 
compreensão do humanismo, Nogare acentua que: “[...] o homem é algo mais que pura natureza 
física.” (NOGARE, 1985, p.209). O homem é um ser multidimensional e, ao mesmo tempo, um ser 
imerso num universo de incertezas.
Para concluir esse tópico, voltamos ao problema anteriormente colocado sobre as preten-
sões da ciência mencionadas por Kant, mas aqui recordando que ele próprio, em seu projeto 
filosófico, retomado pelas celebres perguntas fundamentais: O que posso saber? O que devo 
fazer? O que me é permitido esperar?, finalmente Kant apresenta a questão central e mais 
abrangente de toda a filosofia, ou seja, o que é o homem? Certamente, a resposta a essa inda-
gação somente será contemplada por meio do exercício filosófico, pois a ciência não consegue 
penetrar satisfatoriamente no conhecimento da pessoa humana, em sua plenitude e realização 
autêntica. E, nesse caso, a ciência nunca poderá dispensar a filosofia para a investigação e com-
preensão do homem.
Figura 10: Biologia e 
Fisiologia humana
Fonte: Culturamix. Dispo-
nível em: http://cultura.
culturamix.com/ciencias/
biologia/biologia-anato-
mia-humana.Acesso em: 
15 de abr. 2014.
►
19
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
1.5 Marco metodológico da 
antropologia filosófica 
O problema que ronda a Antropologia Filosófica é denominado método. Por isso, vamos tra-
tar agora dos problemas filosóficos e metodológicos inerentes às ciências do homem. De acordo 
com Vaz, a fonte desses problemas pode ser compreendida pelo fato de que: “[...] tanto a expe-
riência natural como a ciência voltam-se para o próprio homem que é, a um tempo, sujeito e 
objeto da interrogação filosófica.” (VAZ, 2001, p.13). Nesse sentido, acompanharemos a exposição 
desses problemas que se encontram, por um lado, em torno da natureza, sob a égide das ciên-
cias empírico-formais ou das ciências naturais do homem; e, por outro lado, em torno dos polos 
do sujeito e da cultura, problemas que serão abarcados pelas ciências hermenêuticas.
No primeiro caso, sobre os problemas filosóficos relacionados às ciências naturais, estes gi-
ram em torno de dois pontos, ou seja, o primeiro se refere à origem natural do homem na medi-
da em que se pretende alcançar sua essência, obedecendo a uma linha de derivação natural e, o 
segundo ponto, diz respeito à consideração da estrutura dicotômica do homem (corpo e alma) e 
para se alcançar do mesmo uma síntese ontológica – um discurso do Ser como ser. 
No segundo caso de problemas filosóficos, que diz respeito às ciências hermenêuticas, es-
ses estão diretamente relacionados ao campo das ciências humanas e, segundo Vaz (2001, p.13-
17), tais problemas podem ser enumerados da seguinte forma:
1. O problema da cultura, que aponta para o mundo pelo qual o homem exprime a reali-
dade e a si mesmo. Nesse caso, a interrogação reside na origem e evolução da cultura e 
sobre o papel do homem neste processo.
2. Sobre o problema da sociedade, nota-se a questão da essência do homem como ser so-
cial e ao mesmo tempo ser produtor em decorrência das mudanças profundas da socieda-
de ocidental nos últimos três séculos.
3. O problema do psiquismo está, por sua vez, ligado ao da linguagem, que conjuntamente 
operam de forma reducionista na concepção de homem, ora reduzindo o psiquismo ao 
somático, ora na redução do psiquismo ao noético. 
4. Quanto ao problema da história, ressalta-se a questão do tempo histórico como referên-
cia de tempo da realização humana em contraposição ao tempo físico, daí um desdobra-
mento que é a questão da existência histórica e da história narrada. No que se refere ao 
problema da religião, basta recordar que a própria origem da Filosofia na Grécia antiga é 
marcada pela linguagem religiosa dos mitos, daí tal problema decorrer e se arrastar à luz 
de uma associação do homem religioso às outras dimensões do homem, tematizadas pela 
própria filosofia.
5. E, finalmente, o problema do ethos que, por sua vez envolve todos os demais por impli-
car a prerrogativa essencial do homem, isto é, o ethos refere-se à dimensão consciente do 
agir humano seja de forma social ou individual, pautada pelos pressupostos teleológicos 
e axiológicos [valorativo].
Passaremos agora a esboçar outros pontos da questão metodológica da Antropologia Filo-
sófica, tendo em vista o problema já realçado no início deste tópico que é a questão da demar-
cação de seu objeto – O que é o homem? – e sobre ele pressupor que a própria razão seja capaz 
de dar respostas. Rabuske (2005, p. 16) salienta que o fato de o homem perguntar pela sua pró-
pria essência já denota que ele já sabe algo de si mesmo. 
Uma abordagem antropológica de cunho filosófico é propícia para a compreensão sistemá-
tica e ampla do homem visto que, por ser enigmático e misterioso, o homem não se compreende 
perfeitamente. Quanto a isso, almeja-se um rigor imprescindível no tocante ao método e estra-
tégias de abordagem adequadas, uma vez que, pela metodologia, visa a traçar as condições de 
possibilidade de compreensão do fenômeno humano e, consequentemente, expressar intelec-
tualmente essa compreensão por meio de conceitos e categorias.
Segundo Vaz (2001), o discurso filosófico sobre o homem estará, invariavelmente, sujeito ao 
risco do reducionismo pelo próprio homem, já que é um homem que fala sobre o outro homem. 
Por isso, o autor adverte que: “A tarefa que se propõe a Antropologia filosófica é identificar essas 
categorias, definir seu conteúdo, e articulá-las de modo a que se constitua com elas um discurso 
GLOSSárIO 
Hermenêutica: sig-
nifica originalmente 
teoria da interpretação. 
Atualmente é chamada 
de hermenêutica uma 
corrente filosófica con-
temporânea, surgida 
pela metade do séculoXX e caracterizada em 
grandes linhas pela 
ideia de que a verda-
de seja fruto de uma 
interpretação. (D’AGOS-
TINI, Franca. Analíticos 
e continentais: guia à 
filosofia dos últimos 
trinta anos. Trad. Benno 
Dischinger. São Leopol-
do, RS: Editora Unisinos, 
2002. pp.396)
DIcA
Sobre a aproximação 
do homem com a 
natureza e também 
sobre a abordagem 
do homem pela 
psicologia nos moldes 
das ciências naturais, 
consulte Psicologia em 
Estudo, Maringá, v. 16, 
n. 4, p. 509-510, out./
dez. 2011. Disponível 
em: <http://www.
scielo.br/pdf/pe/v16n4/
a01v16n4.pdf> Acesso 
em: 5 mai. 2014.
GLOSSárIO
Noético: diz respeito à 
noese, que na fenome-
nologia husserliana, 
ao analisar o vivido da 
consciência, o noema 
é esse algo de que a 
consciência tem cons-
ciência; e a noese se 
identifica com a própria 
visada da consciência. 
Assim a noese é o ato 
mesmo de pensar, e o 
noema é o objeto desse 
pensamento. (JAPIAS-
SÚ, Hilton e MARCON-
DES, Danilo. Dicionário 
básico de filosofia. Rio 
de Janeiro: Zahar, 2006. 
pp.202)
20
UAB/Unimontes - 3º Período
sistemático.” (VAZ, 2001, p.159). Para o autor, o procedimento metodológico da Antropologia Fi-
losófica abarcará três níveis de conhecimento do homem, a saber:
1. O primeiro é a pré-compreensão que diz respeito à experiência natural do conhecimen-
to, cuja expressão se dá por meio de representações, crenças e símbolos, os quais são con-
textualizados na cultura. 
2. O segundo nível é a compreensão explicativa que está associada ao conhecimento cien-
tífico, que obedece e se orienta, por sua vez pelos padrões explicativos e metodológicos 
da mesma. 
3. E o terceiro nível é a compreensão filosófica, um tipo de conhecimento que define as 
condições transcendentais ou de inteligibilidade das formas de compreensão do homem. 
Além disso, algumas circunstâncias devem ser observadas ao longo do percurso metodológi-
co no âmbito da Antropologia Filosófica, das quais podemos ressaltar a questão do homem ser o 
objeto e, ao mesmo tempo, produtor de conhecimento de si mesmo. Outra situação está ligada à 
questão do conceito, visto que pela expressão conceitual a caracterização do fenômeno humano 
assume o nível de compreensão filosófica. A terceira ocorrência a ser destacada diz respeito ao 
discurso, o qual deverá ser articulado formalmente, visando sempre e, dialeticamente, à integração 
da unidade do sujeito. Este é o nível pelo qual a Antropologia Filosófica distingue-se do discurso da 
pré-compreensão e de outros discursos das ciências, até mesmo das ciências humanas.
Mondin (2005) esclarece que a investigação antropológica traz consigo características de 
qualquer pesquisa que lida com cognições de valor universal. Para esse autor, a Antropologia Fi-
losófica exige um método muito complexo constituído por duas fases principais, ou seja, a feno-
menológica e a transcendental, cuja primeira, em linhas gerais, atenta-se aos dados relativos ao 
ser do homem e, na segunda, propõe-se revelar o significado último desses dados.
Não é nosso objetivo discorrer sobre as correntes filosóficas e nem tratar da Fenomenologia 
[Cf. Box 2] propriamente dita, apenas ressaltar que o tocante à fase fenomenológica, Mondin 
(2005) salienta que o método da Antropologia distingue-se da ciência porque compreende não 
apenas a observação objetiva, mas considera também a introspecção; e quanto ao método trans-
cendental, o autor salienta que: “[...] move-se a partir dos fenômenos e os estuda profundamente 
com a finalidade de descobrir suas raízes últimas.” (MONDIN, 2005, p.17).
Não há, portanto uma análise fenomenológica, na Antropologia Filosófica, sem uma inter-
pretação de cunho universal e, por assim dizer, metafísico dos pressupostos do fenômeno hu-
mano, de outro modo, deve-se realizar uma avaliação transcendental das condições de possi-
bilidade da manifestação fenomênica. Isso não quer dizer que estamos retratando dois métodos 
distintos para análise do homem, mas ressaltando que se exige um método no qual se tenha 
duas fases, tal como salientamos inicialmente nas palavras de Mondin (2005) e que essas fases 
devem se pautar por uma estreita sintonia. Em suma, o marco metodológico da Antropologia Fi-
losófica, por dispor de um objeto peculiar – o homem – e da exigência de um método adequado 
para compreendê-lo em sua plenitude, deve pautar-se pela interseção do rigor metafísico e das 
condições da ethos em que o homem estabelece sua vivência.
Box 2
OS FENOMENOLOGIStAS
A fenomenologia estuda como as coisas são apresentadas ou representadas. Os feno-
menologistas tentam ir além da aparência, ou superfície sensível, para revelar a natureza da 
consciência em si.
EDMUND HUSSERL (1859-1938) foi o fundador da fenomenologia. Ele quis abolir as teo-
rias sobre a realidade e restaurar a certeza na filosofia. Seu método era descrever exatamente 
como a realidade se apresenta à consciência. Ele quis transformar a filosofia em uma ciência 
precisa. Acreditava que sem isso as ciências tradicionais não teriam uma base firme e nunca 
poderiam ter certeza do que estavam fazendo. A filosofia de Husserl começa com o que ele 
chamou de “ponto de vista natural”, o mundo cotidiano experimentado por cada indivíduo. Seu 
método é realizar uma “redução fenomenológica” dessa experiência. Isso leva a ignorar todas 
as suposições pessoais, filosóficas e até científicas previamente adquiridas sobre uma coisa e 
então examinar o que restou. O objetivo é revelar exatamente como a mente funciona. Husserl 
acreditava que é possível retroceder e realizar uma redução fenomenológica da consciência 
em si. Ele chamou essa consciência “pura”, que seria capaz de observar a consciência “cotidiana” 
trabalhando, de “ego transcendental”. Isso poderia ser o começo de todo o conhecimento. 
GLOSSárIO
Fenomenologia: é 
um método, o que 
significa dizer que ela 
é o “caminho” da crítica 
do conhecimento 
universal das essências. 
Assim, para Husserl, 
a fenomenologia é o 
“caminho” (método) 
que tem por “meta” 
a constituição da 
ciência da essência 
do conhecimento ou 
doutrina universal das 
essências. Cf. GALEFFI, 
Dante Augusto. O que é 
isto – a fenomenologia 
de Husserl?. In.: Revista 
Ideação, Feira de San-
tana. n.5, p.13-36, jan./
jun. 2000
21
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
Apenas uma pequena parte do que Husserl escreveu foi publicada. A maioria de seus 
textos permanece em um arquivo na Bélgica.
MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) foi o aluno mais famoso de Husserl e trabalhou como 
seu assistente. O principal interesse de Heidegger era a existência (ou “ser”) em si, baseado na 
questão fundamental filosófica: “Por que há algo em vez de não haver nada?”. Em seu trabalho 
mais famoso, “O ser e o tempo”, Heidegger usa o método da redução fenomenológica de Hus-
serl para descrever a existência humana. Entretanto, a versão de Heidegger da fenomenologia 
não separa o mundo exterior da consciência humana individual. Ele achava que não pode-
mos nos separar do mundo. Em primeiro lugar somos todos “seres-no-mundo”. Heidegger in-
ventou uma porção de palavras compostas, porque julgou a linguagem limitada demais para 
descrever a espécie humana. Heidegger identificou “cuidado” como a característica que sepa-
ra a humanidade do resto da existência. Com isso, ele quis se referir ao interesse ativo que as 
pessoas demonstram por tudo o que percebem, como família, animais de estimação, política, 
história e o futuro.
MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961) emprestou muitas ideias de Husserl. Sua objeção 
básica à fenomenologia de Husserl era que estava baseada na experiência mental em vez de 
na corporal. Em seu primeiro grande livro, “A fenomenologia da percepção”, Merleau-Ponty 
argumentou que a maneira como usamos nosso corpo determina como experimentamos o 
mundo. Assim como Kant, ele acreditava que todasas nossas ideias vêm de impressões senso-
riais que são moldadas por certas regras de entendimento. Mas ele discordou que essas regras 
fossem puramente mentais. Acreditava que o entendimento é moldado por regras do corpo. 
Neste livro, ele demonstrou como as pessoas cujo corpo foi lesado ou debilitado experimen-
tam o mundo diferentemente.
Fonte: Disponível em: http://epigrafeshistoricas.blogspot.com.br/2013/01/immanuel-kant-o-que-e-ilustracao.html 
Acesso em: 25 jun. 2014.
Referências
LINTON, Ralf. O homem: uma introdução à antropologia. 12ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MODIM, Batista. O homem: quem é ele?Elementos de Antropologia Filosófica. 6.ed. São Paulo: 
Paulinas, 2005.
NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos e anti-humanismos: introdução à antropologia filosófica. 
9ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
RABUSKE, E. Antropologia filosófica. São Paulo: Vozes, 2005.
VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Antropologia Filosófica I. São Paulo: Loyola, 2001.
23
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
UNIDADE 2
As concepções de ser humano na 
antropologia filosófica
2.1 Introdução
Já destacamos, na Unidade I, que a Antropologia Filosófica busca compreender o homem 
na sua essência e plenitude e, para isso, ela estuda cuidadosamente todos os aspectos da feno-
menologia do existir humano. Tendo compreendido essa tarefa da Antropologia Filosófica, pas-
saremos, nesta Unidade II, a desenvolver um estudo das concepções do homem no transcurso 
da Antropologia Filosófica, ou seja, por meio de uma digressão, esboçaremos a história das con-
cepções de ser humano na filosofia ocidental. 
Ao propormos um histórico dessas concepções do homem, é preciso advertir que o caráter 
do homem só poderá ser compreendido nos termos de sua consciência e na observação de re-
lações imediatas com seus pares.Cassirer, em Ensaio sobre o homem, explicou sobre isso que: 
“Não podemos descobrir a natureza do homem do mesmo modo que podemos detectar a na-
tureza das coisas físicas. As coisas físicas podem ser descritas nos termos de suas propriedades 
objetivas [...].” (CASSIRER, 2005, p.16).
Nesta Unidade, apresentaremos de forma sistemática a história das concepções de ser hu-
mano na filosofia ocidental, a qual será organizada da seguinte forma: primeiramente, a concep-
ção clássica do homem e suas subdivisões, ou seja, iniciaremos com a concepção do homem 
na cultura arcaica grega até a concepção neoplatônica do homem; em seguida, analisaremos a 
concepção cristão-medieval; após esta, trataremos da concepção moderna de homem; e, por 
fim, a concepção do homem na filosofia contemporânea.
Mas, antes dessa exposição histórica, traçaremos o pano de fundo de nossa proposta, isto 
é, a hipótese de que a ideia de homem perdeu sua unidade nos últimos séculos e, dessa forma, 
tentaremos apresentar uma caracterização geral de ser humano e, ao mesmo tempo, problema-
tizá-la para que, daí em diante, você possa empreender uma compreensão dialética a partir das 
concepções fornecidas ao longo do pensamento ocidental.
O ponto central desse panorama, no qual o homem está inserido, é a significação humana, 
sobretudo na modernidade. Muitos teóricos se empenharam e outros tantos se empenham em 
oferecer pistas para essa compreensão, podendo destacar dentre eles Hannah Arendt, Albert Ca-
mus, Gilles Lipovetsky, Zygmunt Bauman, entre outros, dos quais faremos questão de apresentar 
partes de suas análises. Em certa medida, esses autores lançam luz sobre o individualismo e uma 
consequente crise ou confusão de sentido que assola a condição social de vida humana.
Esse diagnóstico sobre o homem na modernidade é muito bem pontuado por Berger e 
Luckmann ao enfatizar que: “O sentido se constitui na consciência humana: na consciência do in-
divíduo, que se individualizou num corpo e se tornou pessoa através de processos sociais”. (BER-
GER e LUCKMANN, 2004, p.14). Esses autores reforçam que essa consciência e individualidade, 
bem como a sociabilidade estabelecida à sua luz, tornaram-se características de nossa espécie.
Avaliando-se as relações humanas, nota-se que as vivências são puramente e predominan-
temente subjetivas, embora a maioria das soluções para os problemas nos quais o indivíduo está 
envolvido só pode ser encontrada no âmbito da intersubjetividade. Uma rápida análise antro-
pológica do que foi introduzido até aqui leva-nos a pensar que o homem, diante desse quadro 
marcado pela crise de sentido e pelo individualismo moderno, se vê isento ou divido entre a res-
ponsabilidade por suas ações e a possibilidade de manter uma relação social comprometida com 
os demais.
Segundo Lipovetsky (2005), esse momento é denominado A era do vazio (Box 3), em que 
se constata uma deserção social. Nela, o homem torna-se indiferente, sua certeza perde o caráter 
DIcA
Para saber mais sobre 
o individualismo na 
sociedade contempo-
rânea, leia também: 
VELHO, Gilberto. Indi-
vidualismo e Cultura: 
notas para uma antro-
pologia da sociedade 
contemporânea. Rio de 
Janeiro: Zahhar, 2004.
24
UAB/Unimontes - 3º Período
de ser absoluta, pode-se ou deve-se adaptar-se a tudo, suas opiniões são suscetíveis de modifi-
cações rápidas e, além disso, nota-se uma perda de sentido da continuidade histórica que, se por 
um lado, descarta-se o significado as tradições; por outro, as projeções por vir são igualmente ir-
relevantes e desmerecidas. Uma das consequências mais acentuada da nossa avaliação antropo-
lógica é a forma com que os valores humanos e com que as instituições sociais são abandonadas.
Box 3
A era do vazio: ensaios sobre o individualismo contemporâneo
Filósofo francês, Gilles Lipovetsky (1944) não criou o termo pós-modernidade, mas é um 
dos seus maiores estudiosos – embora atualmente prefira utilizar hipermodernidade. Em A 
era do vazio, de 1983, mostra as causas e os primeiros efeitos do fenômeno da pós-moder-
nidade, sendo o principal deles o que o autor vai chamar de processo de personalização. Tra-
ta-se de uma valorização do indivíduo que fará inclusive diminuir a interação entre o Eu e o 
Outro. Em resumo, ele lista o enfraquecimento da sociedade, dos costumes do indivíduo con-
temporâneo, da era do consumo de massa, a emergência de um modo de socialização e de 
individualização inédito, numa ruptura com o que foi instituído a partir dos séculos XVII e XVIII 
como suas principais características.
A partir desse processo, Lipovetsky analisa diversos fenômenos decorrentes da per-
sonificação, em seis artigos. No prefácio, ele explica esse processo com mais detalhamen-
tos. No primeiro artigo, A sedução não para, mostra como a sedução é a nova regente dos 
processos sociais, não só nas relações interpessoais. A indiferença pura, o segundo artigo, 
denota que o processo de personificação incentiva a indiferença na sociedade pós-mo-
derna, a ponto de atingir a política. Com a metáfora do deserto, desde os espaços públi-
cos até a mente humana, ele defende que o indivíduo cada vez mais foca em si mesmo e 
esvazia o social.
Em Narciso, ou a estratégia do vazio, aprofunda a descrição do processo de personifica-
ção, a partir da figura de Narciso. Mas não se trata do narcisismo no estrito sentido freudiano, 
mas sim de um neonarcisismo, de exaltação do eu e abdicação do social e político. No longo 
quarto artigo Modernismo e pós-modernismo, ele vai diferencia os dois movimentos, a dizer: 
enquanto o primeiro exalta a revolução e a diferenciação da vanguarda, o segundo vai, após 
o esgotamento da vanguarda, perder o caráter revolucionário e a ideia de ideal comum – o 
individual fala mais alto.
Nos dois últimos, discute a personificação no humor e na violência. Para ele, o humor in-
vadiu diversas plataformas, não somente aquelas tradicionalmente ligadas ao riso. Chega aos 
títulos de jornais, à publicidade e à moda. É como se todos rissem de si mesmos, sem denegrir 
os outros. Quantoà violência, ele defende que esta está suavizada, devido à pacificação que a 
sociedade pós-moderna traz.
O texto é rápido – Lipovetsky troca de assunto e objeto a todo o momento – o que torna 
difícil uma sintetização de sua, digamos, narrativa. No entanto, o embasamento teórico é o 
mesmo do início ao fim. Sem se aprofundar exatamente nas causas dos processos e mais em 
suas consequências e manifestações, teoricamente acaba repetitivo: tudo é o tal processo de 
personificação. Vale ler o pósfácio por completo para entender essa teoria e suas manifesta-
ções mais recentes.
Fonte: Disponível em: http://dekoboko.com.br/fukushiroluiz/?p=1. Acesso em: 30 jun. 2014.
Essa situação do homem, que é constatada 
na modernidade, em que seu egoísmo sobre-
põe a responsabilidade social, reporta-nos, por 
sua vez, a necessidade de homem se posicionar 
diante de si e surge como condição, antes mes-
mo, mais para a simples sobrevivência da espé-
cie humana do que como imperativo ético ou 
até mesmo religioso. O autoconhecimento dei-
xa de ser um interesse meramente teórico ou 
um tema de simples curiosidade, passando a se 
constituir como um compromisso indispensável 
do qual o homem não poderá se esquivar.
DIcA
Leia também o 
poema de Manoel 
Bandeira sobre a 
condição humana. 
Disponível em: <http://
literaturaemconta-
gotas.wordpress.
com/2008/11/25/o-
bicho-de-manuel-ban-
deira/>Acesso em 10 
jun. 2014.
Figura 11: Crise 
existencial
Fonte: Modernidade e 
crise de valores. Dispo-
nível em: http://stoa.usp.
br/andredutra/weblog/
skip=20
Acesso em: 20 de abr. 
2014.
►
25
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
De acordo com Cassirer (2005), em Ensaios sobre o homem, a crise do conhecimento de si 
do homem, tal como sugere a figura 11, é considerada a mais alta meta da indagação filosófica 
e é, sob o amparo desta reflexão que passaremos, na parte seguinte, a analisar as concepções de 
homem ao longo da história do pensamento ocidental. Faremos isso, sobretudo com base nas 
interpretações e classificação de Vaz (2001).
2.2 A concepção clássica do 
homem
A civilização ocidental recebeu da cultura clássica greco-romana o seu primeiro conjunto de 
ideais e valores, daí a importância de estudá-la para a compreensão do homem. No tocante à 
cultura grega, podemos afirmar que dois traços são característicos de seu espírito: o primeiro, 
refere-se à ideia de o homem se constituir como ser do discurso (zôo logikón); o segundo, a ideia 
de o homem ser comparado a um animal político (zôo politikón). Além disso, podemos dizer tam-
bém que estão ligadas a esses dois traços a questão da contemplação e a questão do agir cujos 
preceitos da ação são pautados pela moralidade política.
Para desenvolvermos essa compreensão do homem cujas raízes são denominadas clássicas, 
dividiremos este período, sinteticamente em sete partes, ou seja, primeiramente trataremos da 
concepção do homem na cultura arcaica grega e, em seguida, na filosofia pré-socrática, na tran-
sição socrática, na antropologia platônica, na aristotélica, na idade helenística, e na antropologia 
neoplatônica.
Da concepção do homem na cultura 
arcaica grega podemos dizer seguramente 
que ela é permeada de um conjunto de ele-
mentos ricos e, ao mesmo tempo, complexos 
que favorecem a compreensão da imagem 
do homem. O primeiro conjunto desses ele-
mentos está ligado à questão religiosa, que 
traça a relação entre o mundo dos deuses e o 
mundo dos mortais. Desse modo, a situação 
e compreensão do homem estão ligadas ao 
desfecho dessa relação dele com o divino. 
Outro conjunto se refere à questão cos-
mológica, cuja contemplação da ordem do 
mundo marca uma peculiaridade do homem 
grego. Primeiramente, pela questão da admi-
ração (thauma) que reivindicará para si o seu 
modo de vida teorética; e, segundo, pela ques-
tão da ideia de necessidade (anánke) inscrita na 
ordem do mundo, necessidade essa que marca-
rá a ligação entre a liberdade humana à ordem 
do universo por meio do conceito de natureza 
(physis). Noutras palavras, para os gregos, o cos-
mo é comparado ao mundo natural, um espa-
ço ou uma realidade ordenada de acordo com 
certos princípios racionais e leis. O cosmo é en-
tendido como uma ordem que se opõe à falta 
de ordem (caos), assim é conferido à razão esse 
papel de organização da realidade. O entendi-
mento humano do mundo é possível graças à 
racionalidade que está implícita na própria or-
dem do universo. A figura 13 pretende ilustrar 
essa demarcação racional [geométrica e mate-
mática] do universo ou essa compatibilidade 
entre a razão humana e a ordem cósmica.
AtIvIDADE 
Acompanhe a partir 
do próximo tópico, 
essa exposição das 
concepções de homem 
e ao término desta 
unidade escolha uma 
de tais concepções e 
faça uma defesa da 
mesma, no Fórum de 
discussão, tendo em 
vista a possibilidade de 
ela expressar de forma 
mais abrangente o 
fenômeno humano.
DIcA
Sobre mitologia consul-
te o site:<www.on.br/
glossario/alfabeto/m/
mitologiaEm cache - 
Similares>. Acesso em 
15 jun. 2014
◄ Figura 13: O mundo 
cósmico grego
Fonte: Physis grega. 
Disponível em: http://
antoniogarcianeto.files.
wordpress.com/2013/01/
blog5.jpg. Acesso em: 23 
de abr. 2014.
◄ Figura 12: Zeus, deus 
grego
Fonte: Mitologia e religião. 
Disponível em:http://his-
toriapibid2011.wordpress.
com/2013/06/10/interven-
cao-1o-c-grecia-2/. Acesso 
em: 23 de abr. 2014.
26
UAB/Unimontes - 3º Período
O terceiro conjunto de elementos tem um sentido antropológico, além do que já ressalta-
mos sobre a vida religiosa, mostra-se latente a situação do homem entre os aspectos apolíneos 
e os dionisíacos sendo que, no primeiro caso, o homem está guiado pela luz do pensamento 
cujas ações são racionais e comedidas e, no segundo caso, as forças do desejo e da paixão inter-
ferem no viver do homem. Outros fatores que retratam essa questão antropológica dizem res-
peito à vida social e política, sobretudo pelo modo dessa vida ser orientada pela excelência da 
virtude (areté).
Para a concepção do homem na filosofia pré-socrática, devemos salientar que aque-
le momento dominado pela ideia de physis, que pontuamos anteriormente, cuja referência de 
individualidade do homem deve-se à ideia de ordem cósmica, de fato marcou a cultura arcaica 
grega. Contudo, ao longo desse período clássico, o problema antropológico é deslocado sob a 
influência das transformações ocorridas na sociedade grega, sobretudo pelas guerras e pelas exi-
gências da democracia.
Diógenes de Apolônia é quem representa essa transição que contribui para a ideia de ho-
mem como estrutura corporal e espiritual. Daí as interrogações filosóficas sobre o homem serem 
orientadas pelos problemas da educação (Paidéia) e da sabedoria (Sophía). Ressalta-se, além des-
ses dois momentos básicos, que o pensamento sobre o homem nesse período também contou 
com a contribuição dos sofistas, que faz da antropologia uma possibilidade de investigação so-
bre o homem entre o saber teórico e as habilidades práticas.
Segundo Vaz (2001, p.32-33), são al-
gumas das ideias diretrizes da sofística: 
o conceito de uma natureza humana; o 
conceito de narração histórica pela in-
vestigação; a oposição entre a convenção 
e natureza; individualismo relativista; a 
concepção de um desenvolvimento pro-
gressivo da cultura; a análise do homem 
como ser de necessidade e carência; e a 
ideia fundamental do homem como ser 
dotado de logos e, por sua vez, da capaci-
dade de persuadir. 
Sobre a concepção do homem na 
transição socrática, certamente o filó-
sofo Sócrates é considerado um marco da compreensão sobre o homem no período clássico, 
como também influenciou toda a história de pensamento. Isso deve ao fato de que sua reflexão 
sobre a alma (psyché) permite ao homem uma avaliação sobre sua interioridade e virtude,sobre-
tudo a compreensão da grandeza humana, pois é a alma que constitui a essência do homem, 
reforçada pela Figura 15, sobre sua postura irredutível diante da morte.
DIcA
Sobre o Universo do 
ponto de vista da Astro-
nomia, complementan-
do essa compreensão 
sobre a ordem cósmica 
grega, consulte http://
astronomy-univer-
so.blogspot.com.
br/2012/09/alem-da-
fronteira-do-cosmos.
html.
GLOSSárIO
Apolíneo: é o princípio 
da individuação, pelo 
qual cada ser é o que 
é, mas também do 
equilíbrio e do come-
dimento, pelo qual se 
contenta com sê-lo. 
Opõe-se ao princípio 
dionisíaco, que ó o 
de descomedimento, 
da fusão, do devir, do 
ilimitado – do trágico. 
Esses dois princípios 
são complementares. 
(COMTE-SPONVILLE, 
André. Dicionário 
filosófico. São Paulo: 
Martins Fontes, 2003. 
pp.56)
Figura 15: Sócrates e 
psyché
Fonte: Imortalidade da 
alma. Disponível em: 
http://www.revistafilo-
sofia.com.br/ESFI/Edico-
es/35/imprime142167.asp
Acesso em: 28 de abr. 
2014.
►
Figura 14: A sofística e a 
vida prática 
Fonte: Os sofistas. 
Disponível em: http://1.
bp.blogspot.com/-T1XU-
xlg7dkc/Th48DAwrItI/
AAAAAAAAAKQ/YlC4Lq-
sOsOU/s1600/sofistas.jpg
Acesso em: 23 de abr. 
2014.
►
27
Ciência da Religião - Antropologia Filosófica
Dessa ideia de investigação da interioridade, a qual é reforçada pelo preceito délfico do “co-
nhece-te a ti mesmo”, pressupõe-se que o homem adquira a compreensão teleológica do bem e 
de como escolher os melhores resultados e, consequentemente, a valorização da ética é notável. 
Essa perspectiva socrática proporciona ao homem a capacidade intelectual para direcionar diale-
ticamente o pensar, para a ação virtuosa no curso das relações e convivência humana. 
 A concepção do homem na antropologia platônica pode ser sintetizada a partir da 
conciliação do que já mencionamos sobre a tradição pré-socrática quanto à questão cosmológi-
ca; da contribuição sofística daquilo que se considera o homem como ser de cultura; e da posi-
ção socrática da qual enaltece a alma como a essência do homem. A Figura 16 ilustra o modelo 
platônico da Teoria dos dois mundos.
Segundo Vaz,(2001) essa antropologia platônica é resultante da unificação dinâmica de te-
mas, donde o autor enfatiza: “[...] cuja oposição se concilia do ponto de vista de uma realidade 
transcendental à qual o homem se ordena pelo movimento profundo e essencial de todo o seu 
ser: a realidade das Ideias.” (VAZ, 2001, p.36). Assim, muitos elementos para a compreensão do 
homem podem ser encontrados em várias obras platônicas, como por exemplo, Apologia, crí-
ton, Menon, Fédon, Fedro, Banquete, república, timeu, Leis.
Sobre a concepção do homem na antropologia aristotélica é importante ressaltar que, 
nela, a antropologia passa a ter seus aspectos de ciência graças a Aristóteles, que soube elabo-
rar uma síntese científico-filosófica quanto ao estudo do homem. A concepção aristotélica de ho-
mem esboça uma linha evolutiva que se tornou base para estudos posteriores e que ainda hoje a 
ela é recorrida. Pode-se considerar como os mais importantes de seus traços: 
1. O primeiro traço se refere à estrutura biopsíquica do homem na medida em que o ho-
mem é um ser composto por vida psíquica e somática, ou seja, alma e corpo; 
2. O segundo traço se refere a sua racionalidade e denomina o homem como zôon logikón, 
visto que o logos e sua racionalidade o diferem dos demais seres vivos e dela pode-se in-
dicar três pontos: o primeiro está ligado à psyché no homem, sua estrutura e suas fun-
ções; o segundo, diz respeito ao finalismo da razão, ou seja, a atividade intelectual alme-
ja um fim; e o terceiro ponto se refere aos processos formais do conhecimento; 
3. O terceiro traço é caracteriza o homem como ser ético-político e, sobre esse ponto, avalia-
se que Aristóteles é o precursor da antropologia que unifica as dimensões Ética e Política; 
4. O quarto traço notifica o homem com ser da paixão e do desejo por entender que o es-
tudo integral do homem é indispensável sem considerar tais elementos.
Do ponto de vista filosófico, o período sobre a concepção do homem no helenismo é 
caracterizado pelo advento do individualismo que decorre do declínio e fim da polis grega em 
seus preceitos de comunidade. Tal período está divido em Epicurismo e Estoicismo. O primeiro 
concebe o homem como um ser-que-sente, donde o conhecimento começa e termina com a 
sensação, tendo representações mentais e sentimentos de prazer. No segundo caso, da antropo-
logia estoica, trata-se das condições do homem e seu viver feliz, condição essa conhecida pela 
expressão eudaimonía. Nela, o indivíduo é senhor de si mesmo.
A concepção neoplatônica do homem, cujo modelo é inspirado na filosofia do neoplato-
nismo, do século III-IV d.C, tem características bem distintas, visto que em seu cerne, aspectos de 
filosofia e de religião encontram-se reunidos. Isso está ligado à imposição e aos interesses do im-
pério romano. A partir daí, a necessidade religiosa representou a mais poderosa força espiritual 
daquele período da era cristã.
◄ Figura 16: Teoria das 
Ideias
Fonte: Mundo de Platão. 
Disponível em:http://
fabiomesquita.files.
wordpress.com/2010/04/
platao.gif
Acesso em: 28 de abr. 2014.
28
UAB/Unimontes - 3º Período
A obra de Plotino torna-se um marco da imagem neoplatônica de homem, ressaltando-se 
as seguintes características: a ideia inteligível do homem; a estrutura do homem que reflete a 
estrutura triádica da realidade superior; e a descida da alma no corpo, sendo, para Plotino, um 
evento natural. Assim sendo, o homem é pensado, nessa concepção, considerando sua unicida-
de, sua liberdade e seu dualismo.
2.3 A concepção cristão-medieval
A concepção medieval do homem é notada na cultura ocidental do século VI ao século XV, 
embora seus reflexos incidam sobre as concepções antropológicas moderna e contemporânea. 
Basicamente, essa concepção origina de duas fontes, a saber, da tradição bíblica, vetero e neotes-
tamentária e da tradição filosófica grega, que será reconstituída por outros pensadores medie-
vais, como veremos a seguir. Quanto à tradição bíblica do homem, é entendido que a linguagem 
religiosa da salvação é responsável pela formação de um discurso antropológico. 
Os traços fundamentais dessa antropologia filosófica é a unidade radical do ser do homem 
que se subentende na observação da Palavra de Deus. Nesse caso, o desígnio da salvação brota 
do dom de Deus, cabendo ao homem dar uma resposta ou uma aceitação. Outro traço é a ma-
nifestação progressiva do ser e do destino do homem cuja história de revelação poderá ser com-
preendida e comparada com a revelação e gestos salvíficos de Deus.
De um modo geral, a antropologia me-
dieval se assentará em três fontes fundamen-
tais, ou seja, na Sagrada Escritura, nos padres 
da Igreja, nos filósofos e escritores gregos e 
latinos. Ressaltaremos somente que Santo 
Agostinho e Santo Tomás de Aquino são dois 
expressivos representantes desse contexto. De 
acordo com Cassirer (2005), Santo Agostinho 
é considerado o fundador da filosofia medie-
val, além de situar na passagem da filosofia 
grega para a era cristã.
O autor acrescenta também que, para 
Santo Agostinho, a filosofia grega exaltou so-
bremaneira o poder da razão, mas que sem a 
revelação divina, ela torna-se uma das coisas 
mais questionáveis do mundo, por isso o ho-
mem adâmico precisa ser reconstituído para 
que o homem possa recuperar a sua essência 
anterior por meio da ajuda sobrenatural. Em-
bora Santo tomás de Aquino confere à razão 
humana um poder diferenciado em relação a 
Santo Agostinho, no entanto ele não se desvia dos preceitos da filosofia medieval, e também se 
convence de que a razão não deva ser usada sem o auxílio e orientação da graça de Deus.
2.4 A concepção moderna de 
homem

Continue navegando