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TUTORIA 02 DE MAD I - DOENÇA DE CHAGAS

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MAD I 
TUTORIA 02 
1. Identificar e caracterizar a possível 
doença e suas principais formas 
clínicas. (Robbins e Cotran, p. 395) 
 
2. Identificar e caracterizar os possíveis 
agentes etiológicos e vetores. 
 
3. Relacionar as manifestações clínicas 
com os “mecanismos de agressão e de 
defesa - MAD”, evidenciando os 
principais processos patológicos 
envolvidos nesta doença. 
 
 
4. Caracterizar as principais formas de 
diagnóstico e tratamento. 
 
 
5. Relacionar os principais fatores de risco 
com a situação epidemiológica, na 
Bahia e no Brasil. 
 
 
MAD I 
IDENTIFICAR E CARACTERIZAR A 
POSSÍVEL DOENÇA (DOENÇA DE 
CHAGAS) E SUAS PRINCIPAIS FORMAS 
CLÍNICAS 
 A doença de Chagas, também 
conhecida como Tripanossomíase americana, 
é considerada uma doença tropical 
negligenciada, descoberta pelo pesquisador 
brasileiro Carlos Chagas em 1909, essa 
enfermidade afeta principalmente a América 
Latina, onde tal é considerada endêmica. 
O Trypanosoma cruzi é um protozoário 
parasito intracelular cinetoplastídeo, que 
causa a doença de Chagas. 
A doença de Chagas ocorre raramente 
na América do Norte, mas é muito comum na 
América do Sul, particularmente no Brasil. Os 
parasitos T. cruzi infectam muitos animais, 
incluindo gatos, cães e roedores. Os parasitos 
são transmitidos entre animais e humanos 
através de “barbeiros” (triatomídeos) os quais 
se escondem em rachaduras de casas 
pobremente construídas, se alimentam nos 
habitantes durante o sono, e eliminam os 
parasitos em suas fezes; os parasitos 
infectantes penetram no hospedeiro através de 
lesão na pele ou através de membranas 
mucosas. No local de entrada na pele, pode 
haver um nódulo eritematoso transitório 
denominado chagoma. 
A doença de Chagas manifesta-se em 
duas fases: a fase aguda e a fase crônica. A 
fase aguda, se dá em subsequência da 
infecção, e é caracterizada por apresentar uma 
elevada concentração do parasita no sangue, 
que pode se mostra presente por um intervalo 
de 40 a 60 dias, acarretando mortalidade do 
paciente em aproximadamente 10% dos casos. 
Apresenta uma sintomatologia moderada e 
atípica, apresentando sintomas que se 
assemelham a diversas outras infecções, e 
consequentemente a infecção não é 
comumente diagnosticada neste estágio. 
A fase crônica apresenta baixos níveis 
do parasita no sangue. Esôfago, coração, o 
cólon e o sistema nervoso periférico (gânglios e 
nervos) são exemplos de órgãos atingidos 
durante tal fase da patologia. Nessa fase a 
infecção, inicialmente, pode não apresentar 
sintomatologia, caracterizando- se então como 
assintomática por um intervalo de tempo que 
pode perdurar por vários anos. Posteriormente 
é evidenciado por meio do dano dos órgãos 
supracitados, onde o indivíduo por apresentar 
problemas como complicações cardíacas, 
megaesôfago, megacólon e lesões no sistema 
nervoso periférico, disfunções que podem 
acarretar na morte súbita do paciente. 
POR QUE A DOENÇA DE CHAGAS É TÃO 
PRESENTE NO BRASIL? 
 No Brasil, diversos fatores favoreceram 
a adaptação dos triatomíneos (barbeiros). Os 
ciclos da agricultura e da pecuária geraram um 
crescimento do desmatamento de grandes 
áreas e, consequentemente, a fuga dos 
animais silvestres. Sem sua fonte de alimento, 
os triatomíneos precisaram se adaptar aos 
seres humanos para poderem sobreviver. 
 No país, cinco espécies de triatomíneos 
possuem relevância epidemiológica – T. 
infestans, P. megistus, T. brasiliensis, T. 
pseudomaculata e T. sordida. As outras 47 
espécies encontradas em nosso território não 
são domiciliadas como as citadas e 
desenvolvem seu ciclo na natureza. Dentre as 
espécies mencionadas, a T. infestans já foi 
erradicada do país. 
FORMAS DE TRANSMISSÃO 
 As formas habituais de transmissão da 
doença de Chagas para o homem são: a 
vetorial, a transfusional, a transplacentária 
(congênita) e, mais recentemente, a 
transmissão pela via oral, pela ingestão de 
alimentos contaminados pelo T. cruzi. 
Mecanismos de transmissão menos comuns 
envolvem acidentes de laboratório, manejo de 
MAD I 
animais infectados, transplante de órgãos 
sólidos e leite materno. 
TRANSMISSÃO VETORIAL 
 A transmissão vetorial acontece pelo 
contato do homem suscetível com as excretas 
contaminadas dos triatomíneos, também 
conhecidos como “barbeiros” ou “chupões”. 
Esses, ao picarem os vertebrados, em geral 
defecam após o repasto, eliminando formas 
infectantes de tripomastigotas metacíclicos, 
que penetram pelo orifício da picada ou por 
solução de continuidade deixada pelo ato de 
coçar. 
TRANSMISSÃO TRANSFUSIONAL 
 A transmissão por transfusão de sangue 
da doença de Chagas é a segunda via mais 
importante de propagação da doença nos 
centros urbanos, sendo considerada a principal 
forma de transmissão em países não 
endêmicos (Canadá, Espanha, EUA e outros) e 
em países latino-americanos que estejam em 
processo de erradicação do vetor. 
 O Brasil, que nos anos 80 apresentava 
prevalência média de 7,03% em candidatos à 
doação de sangue, teve esse coeficiente 
diminuído para 3,18%, na década de 90, e 
atualmente para 0,6%, na hemorrede pública, 
e de 0,7%, na rede privada. Esses índices 
refletem a efetividade dos programas de 
combate ao vetor e maior controle do sangue e 
hemoderivados, através de uma rigorosa 
triagem clínica e da doação voluntária de 
sangue. Também a atuação mais efetiva da 
vigilância sanitária sobre os serviços de 
hemoterapia públicos e privados tem 
contribuído para o aumento da segurança 
transfusional e, consequentemente, para 
eliminação da transmissão sanguínea dessa 
doença. 
TRANSMISSÃO VERTICAL (CÔNGENITA) 
 A transmissão vertical ocorre quando a 
criança é infectada durante a gestação, parto, 
e em alguns casos durante a amamentação. A 
principal via da transmissão vertical é a 
transplacentária e pode ocorrer em qualquer 
fase da doença materna: aguda, 
indeterminada ou crônica. A transmissão 
também pode se dar em qualquer época da 
gestação, sendo mais provável no último 
trimestre, ou ocorrer na passagem no canal do 
parto, pelo contato das mucosas do feto com o 
sangue da mãe infectada. 
 A transmissão congênita deve ser 
considerada em crianças nascidas de mãe com 
sorologia positiva para T. cruzi. Para 
confirmação de caso, é necessário identificar 
os parasitos no sangue do recém-nascido ou 
sorologia positiva após os 6 meses de idade. 
 Em gestante ou lactante com 
diagnóstico de DCA ou coinfecção T. cruzi-HIV, 
recomenda-se não oferecer amamentação no 
peito em virtude da possibilidade de 
transmissão por meio do leite ou fissura 
mamilar. 
TRANSMISSÃO POR VIA ORAL 
 A transmissão do T. cruzi por via oral é 
comum entre animais (mamíferos), no ciclo 
primitivo deste parasito, por meio da ingesta de 
vetores e reservatórios infectados. É 
esporádica e circunstancial em humanos e 
ocorre quando alimentos são contaminados 
com o parasito, principalmente a partir de 
triatomíneo ou suas dejeções. Também, pode 
ocorrer por meio da ingesta de carne crua ou 
mal cozida de caça ou alimentos contaminados 
por urina ou secreção anal de marsupiais 
infectados, por acidentes em laboratório, ou 
por meio de hábitos primitivos de ingestão de 
triatomíneos. Sabe-se que a transmissão oral 
pode ocorrer a partir de formas 
tripomastigotas, epimastigotas e, 
provavelmente, de amastigotas. 
 Esse tipo de transmissão ocorre em 
locais definidos, em um determinado tempo, 
por diferentes tipos de alimentos – geralmente 
encontrando-se vetores ou reservatórios 
infectados nas imediações da área de 
produção, manuseio ou utilização do alimento 
MAD I 
contaminado. Entre os alimentos, podem-se 
incluir sopas, caldos, sucos de cana, açaí, 
bacaba, carne de caça semicrua. 
 (Apesar de muitas pessoas fazerem 
associação apenas com açaí-barbeiro, mas se 
um gambá – um hospedeiro intermediário – 
urinarem um alimento, também há chances de 
transmissão) 
 
TRANSMISSÃO POR ACIDENTES 
LABORATORIAIS 
 Acidentes laboratoriais também podem 
ocorrer devido a contato com culturas de T. 
cruzi, exposição às fezes infectadas de 
triatomíneos ou sangue (paciente ou animal) 
contendo formas tripomastigotas. 
 
TRANSMISSÃO POR TRANSPLANTE DE 
ÓRGÃOS 
 Nas duas últimas décadas, com o 
aumento do número de transplantes, essa via 
de transmissão tem adquirido relevância. A 
doença de Chagas aguda que ocorre após esse 
mecanismo de transmissão apresenta-se mais 
grave, uma vez que os receptores estão 
imunocomprometidos e os pacientes 
infectados apresentam manifestações clínicas 
de doença aguda: febre, nódulos cutâneos 
eritematosos, hepatoesplenomegalia, 
lnfadenomegalia, mialgias, cefaleia. A 
confirmação do diagnóstico da infecção é 
baseada no isolamento do agente, no sangue 
ou em biópsias de pele, e/ou soroconversão. 
ESTÁGIOS DA DOENÇA DE CHAGAS 
 De modo geral, reconhece-se a 
presença de três estágios na doença de 
Chagas: agudo, crônico indeterminado e 
crônico determinado: 
• Fase aguda (inicial): predomina o 
parasito circulante na corrente 
sanguínea, em quantidades 
expressivas. As manifestações de 
doença febril podem persistir por até 12 
semanas. Nesta fase, os sinais e 
sintomas podem desaparecer 
espontaneamente evoluindo para a 
fase crônica ou progredir para formas 
agudas graves que podem levar ao 
óbito. 
• Fase crônica – existem raros parasitas 
circulantes na corrente sanguínea. 
Inicialmente, esta fase é assintomática 
e sem sinais de comprometimento 
cardíaco e/ou digestivo. Pode 
apresentar-se como uma das seguintes 
formas: 
o Forma indeterminada – paciente 
assintomático e sem sinais de 
comprometimento do aparelho 
circulatório (clínica, eletrocardiograma e 
radiografia de tórax normais) e do 
aparelho digestivo (avaliação clínica e 
radiológica normais de esôfago e cólon). 
Esse quadro poderá perdurar por toda a 
vida da pessoa infectada ou pode 
evoluir tardiamente para a forma 
cardíaca, digestiva ou associada 
(cardiodigestiva); 
o Forma cardíaca – evidências de 
acometimento cardíaco que, 
frequentemente, evolui para quadros de 
miocardiopatia dilatada e insuficiência 
cardíaca congestiva (ICC). Essa forma 
ocorre em cerca de 30% dos casos 
crônicos e é a maior responsável pela 
mortalidade na doença de Chagas 
crônica; 
o Forma digestiva – evidências de 
acometimento do aparelho digestivo 
que, frequentemente, evolui para 
megacólon ou megaesôfago. Ocorre em 
cerca de 10% dos casos. 
o Forma associada (cardiodigestiva) – 
ocorrência concomitante de lesões 
compatíveis com as formas cardíacas e 
digestivas. 
MAD I 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 Na fase aguda (inicial), predomina o 
parasito circulante na corrente sanguínea, com 
parasitos abundantes, manifestações de 
doença febril, que podem persistir por até 12 
semanas. A evolução natural dessa fase, 
mesmo não tratada nem diagnosticada, 
culmina no desaparecimento espontâneo da 
febre e da maior parte das outras 
manifestações. Nela, também é possível 
detectar anticorpos IgM. Gradativamente, há 
redução da parasitemia e aumento gradual de 
anticorpos IgG (da 4ª a 6ª semana de infecção). 
 A manifestação mais característica é a 
febre, sempre presente, usualmente 
prolongada, constante e não muito elevada (de 
37,5º a 38,5ºC), podendo apresentar picos 
vespertinos ocasionais. 
 Na maioria dos casos aparentes, 
ocorrem: 
• prostração, diarreia, vômitos, 
inapetência, cefaleia, mialgias, 
aumento de gânglios linfáticos; 
• manchas vermelhas na pele, de 
localização variável, com ou sem 
prurido; 
• irritação em crianças menores, que 
apresentam frequentemente choro fácil 
e copioso. 
 
São comumente observados: 
• edema de face, membros inferiores ou 
generalizado; 
• tosse, dispneia, dor torácica, 
palpitações, arritmias; 
• hepatomegalia e/ou esplenomegalia, 
de leve a moderada; 
 
Os sintomas podem progredir para a 
forma aguda grave: 
• miocardite difusa com vários graus de 
severidade; 
• pericardite, derrame pericárdico, 
tamponamento cardíaco; 
• cardiomegalia, insuficiência cardíaca, 
derrame pleural. 
Sinais de porta de entrada, próprios da 
transmissão vetorial, como o sinal de Romaña 
(edema bipalpebral unilateral por reação 
inflamatória à penetração do parasito, na 
conjuntiva e adjacências) ou o chagoma de 
inoculação (lesões furunculóides, não 
supurativas, em membros, tronco e face, por 
reação inflamatória à penetração do parasito, 
que se mostram descamativas após 2 ou 3 
semanas), são menos frequentes, atualmente. 
 
Deve se ressaltar que a picada de um 
triatomíneo pode causar reações alérgicas 
locais ou sistêmicas, sem que isso signifique 
necessariamente infecção pelo T. cruzi. 
Em alguns casos por transmissão oral, 
foram observados sangramento digestivo 
(hematêmese, hematoquezia ou melena) e 
outros tipos de sinais hemorrágicos 
concomitantes. Quadros clínicos graves podem 
cursar com meningoencefalite, especialmente 
MAD I 
em lactente ou em casos de reativação 
(imunodeprimidos). 
 Na transmissão vertical (congênita), a 
maioria dos casos é assintomática. Não 
obstante, podem ocorrer: febre, 
hepatoesplenomegalia, sinais de cardiopatia 
aguda ou de comprometimento do sistema 
nervoso central (SNC), prematuridade ou 
natimorto. Cabe lembrar que, diante da 
suspeita ou ocorrência de caso de DCA 
congênita, a mãe deve ser diagnosticada, 
acompanhada e eventualmente tratada (não 
durante a gravidez). 
 Os pacientes imunodeprimidos, como 
os portadores de neoplasias hematológicas, os 
usuários de drogas imunodepressoras, ou os 
coinfectados pelo vírus da imunodeficiência 
humana adquirida, podem apresentar 
reativação da doença de Chagas, que deve ser 
confirmada por exames parasitológicos diretos 
no sangue periférico, em outros fluidos 
orgânicos ou em tecidos. 
FASE CRÔNICA 
 É uma fase assintomática. 
• Forma cardíaca: 
Ocorre alterações no coração, 
principalmente uma aparição de fibrose 
(formação de tecido conjuntivo) difusa em 
áreas inflamadas. O tecido muscular do 
coração começa a ser substituído por tecido 
conjuntivo (fibrose), o que é perigosíssimo! O 
miocárdio possui elementos responsáveis pela 
força do coração. Consequentemente, o 
coração perde a sua força, o que provoca a 
cardiomegalia, o aumento das fibras 
musculares, taquicardia e arritmias. 
• Forma digestiva: 
Ocorre alterações no aparelho digestivo, 
principalmente com o esôfago, cólon sigmóide 
e reto. 
Consequentemente, ocorre aumento do 
esôfago (megaesôfago) e aumento do cólon 
(megacólon). 
A principal característica está na 
dificuldade de deglutir alimentos sólidos, 
tendência a regurgitação, sensação de 
plenitude intratorácica, dor epigástrica, 
soluços, intensa salivação e até 
emagrecimento. 
 
APROFUNDAMENTO: 
 Na miocardite aguda letal, as mudanças 
são difusamente distribuídas ao longo do 
coração. Grupos de amastigotas causam 
aumento de fibras miocárdicas individuais e 
criam pseudocistos intracelulares. Ocorre 
necrose celular miocárdica focal acompanhada 
de infiltração inflamatória intersticial extensa, 
densa e aguda por todo o miocárdio, 
frequentemente associada à dilatação das 
quatro câmaras cardíacas. 
Na doença de Chagas crônica, o 
coração está tipicamente dilatado, 
arredondado, e aumentado em tamanho e 
peso. Frequentemente, existem trombos 
murais que, em cerca de metade dos casos de 
autópsia, deram origem a êmbolos pulmonares 
ou sistêmicos ou infartos. Ao exame 
histológico, existem infiltrados inflamatórios 
intersticiais e perivasculares compostos de 
linfócitos, plasmócitos e monócitos. Ocorrem 
focos dispersos de necrose de células 
miocárdicas e fibrose intersticial, 
especialmente em direção ao ápice do 
ventrículo esquerdo, o qual pode sofrer 
MAD I 
dilataçãoaneurismal e afinamento. Nos focos 
endêmicos brasileiros, tanto quanto metade 
dos pacientes com cardite letal também possui 
dilatação do esôfago ou cólon relacionada ao 
dano à inervação intrínseca desses órgãos. Nos 
estágios finais, entretanto, quando tais 
mudanças aparecem, os parasitos não podem 
ser encontrados nesses gânglios. A 
miocardiopatia chagásica crônica é 
frequentemente tratada por transplante 
cardíaco. 
 
MAD I 
IDENTIFICAR E CARACTERIZAR OS 
POSSÍVEIS AGENTES ETIOLÓGICOS E 
VETORES 
O agente etiológico, também chamado de 
patógeno, é o organismo responsável por 
provocar a doença, ou seja, é o que 
desencadeia os sinais e sintomas típicos de um 
determinado problema de saúde. No caso da 
dengue, o vírus causador da dengue seria o 
agente etiológico, e não o mosquito, que, como 
já vimos, é o vetor. 
AGENTE ETIOLÓGICO (TRYPANOSOMA 
CRUZI) 
 Trypanosoma cruzi é um flagelado da 
família Trypanosomatidae e de ordem 
Kinetoplastida. Ele possui um cinetoplasto, que 
é uma mitocôndria modificada rica em KDNA 
(DNA mitocondrial). 
 
Em seu ciclo vital, o parasito exibe 
formas amastigota, epimastigota e 
tripomastigota, ou de transição entre elas. A 
tripomastigota ainda pode ser didivida em 
tripomastigota sanguínea e tripomastigota 
metacíclica. 
 Nos hospedeiros vertebrados ocorrem 
os tripomastigotas de tipo sanguícola e os 
amastigotas intracelulares, enquanto nos 
hospedeiros invertebrados e em meios de 
cultura predominam as formas epimastigotas, 
que passam depois a tripomastigotas 
metacíclicos. 
 
 
VETOR (TRIATOMÍNEOS) 
Doença de Chagas é transmitida por 
insetos hemípteros hematófagos da família 
Reduviidae e subfamília Triatominae. 
 Como diferenciar o barbeiro de outros 
percevejos? 
 
 Os triatomíneos são vulgarmente 
chamados de barbeiros, mas, devido a 
variação linguística intensa no país, também 
são referidos como chupões, procotós, vum-
vum, chupança, vinchucas, etc. 
 Em geral, têm tamanho entre 2 e 3 cm, 
mas podem variar de 0,5 a 4,5 cm. Sua cabeça 
é longa, os olhos salientes, as antenas 
implantadas nas laterais da cabeça e a 
probóscida fica dobrado sob a mesma, sendo 
curto e reto, não ultrapassando o primeiro par 
de pernas. A maioria das espécies de barbeiro 
habita os ambientes silvestres, ninhos de 
gambás, locas de tatu e uma série de outros 
diferentes hábitats, apresentando preferência 
por abrigos em pedras, tocas de animais no 
solo e palmeiras, cada gênero apresentando 
sua especificidade. Vivem, em média, dois 
anos. 
MAD I 
 
 
 A distinção dos sexos é feita 
observando-se a parte posterior do abdômen 
que, em vista dorsal, é contínua nos machos e 
chanfrada nas fêmeas. 
 
PRINCIPAIS ESPÉCIES DE TRIATOMÍNEOS 
 As principais espécies de triatomíneos 
possuem boa adaptação à habitação humana, 
alto grau de antropofilia (interesse em 
humanos) e tem curto espaço de tempo entre 
hematofagia e defecação. 
No Brasil, pela ordem de importância, 
temos as seguintes espécies: 
1. Triatoma infestans 
2. Panstrongylus megistus 
3. Triatoma brasiliensis 
4. T. pseudomaculata 
5. T. sórdida 
T. INFESTANS 
 Nas áreas onde não é combatido pode 
apresentar infestações em altíssimas 
densidades, não sendo raro o encontro de 
3.000 ou mais insetos dentro de uma única 
casa. Esta característica conferiu-lhe o título de 
espécie mais importante no Brasil, apesar de 
não ser autóctone ( natural do país ou da região 
em que habita). 
 
T. BRASILIENSIS 
 É a principal espécie vetora do T. cruzi 
no Nordeste, sendo encontrada no meio 
silvestre (sob pedras, em associação com 
roedores), peridomiciliar e domiciliar. Seu 
centro de dispersão corresponde ao domínio 
paisagístico da caatinga. Espécie 
extremamente voraz, chegam a atacar o 
homem e os animais mesmo durante o dia. 
T. SORDIDA 
MAD I 
 T. sordida que tem centro de 
endemismo nos cerrados é a espécie 
predominante na Bahia e nos estados das 
regiões sudeste e centro-oeste, incluindo áreas 
de transição para a Amazônia. 
 
T. PSEUDOMACULATA E T. BRASILIENSIS 
 Triatoma brasiliensis e Triatoma 
pseudomaculata tem como centro de 
endemismo o semiárido do nordeste, ainda 
que aquela última fosse bastante mais 
dispersa. Ambas são autóctones. 
 
VETOR (HOSPEDEIROS VETERBRADOS) 
 Pode ser rato, gambá, tatu, etc. Podem 
ser reservatórios naturais do parasita 
responsável pela Doença de Chagas. 
 
CICLO DE VIDA DO TRYPANOSOMA CRUZI 
 O hospedeiro invertebrado é infectado 
pelo Trypanosoma cruzi (na forma de 
tripomastigotas sanguíneas) por meio do 
repasto sanguíneo. As tripomastigotas 
sanguíneas se tornam epimastigotas, que se 
reproduzem no tubo digestivo do vetor e se 
transformam em tripomastigotas metacíclicas 
no reto. 
 O vetor infectado pica o ser humano e 
defeca sobre a pele as tripomastigotas 
metacíclicas. As tripomastigotas penetram a 
pele por uma mucosa ou alguma lesão na pele. 
As tripomastigotas invadem as células, 
diferenciam em amastigotas e se multiplicam. 
 
 
TRIPOMASTIGOTAS METACÍCLICAS 
 Chama-se de metacíclicos os parasitas 
tripomastigotas recentes no organismo, ou 
seja, os primários, provindos diretamente da 
infecção inicial, tradicionalmente relacionadas 
ao repasto sanguíneo do inseto vetor. 
TRIPOMASTIGOTAS SANGUÍNEAS 
 Considera-se como tripomastigotas 
sanguíneos, os tripomastigotas liberados na 
corrente sanguínea posteriormente a 
replicação interna do parasito na célula 
hospedeiras, ou seja, os parasitas secundários, 
MAD I 
que já passaram pelos processos internos do 
curso interno da infecção do T. cruzi. 
AMASTIGOTAS 
 Aponta-se como amastigotas, os 
parasitas que apresentam estrutura circular, 
com redução quase que por completo do 
flagelo e restruturação interna quase completa, 
contidos geralmente no interior das células. 
Devido a essa localização onde estes são 
comumente encontrados, essa fase é 
considerada como a fase intracelular de 
Trypanosoma cruzi, porém estudos apontam 
que esse padrão não é obrigatório, já sendo 
descritas formas amastigotas extracelulares. 
EPIMASTIGOTAS INTESTINAIS 
 Os flagelados que chegam à porção 
posterior do intestino médio do inseto 
encontram aí um meio extremamente favorável 
onde se instalam permanentemente, pois a 
infecção mantém-se nessa região durante toda 
a vida do inseto. 
 
 
 
 
MAD I 
RELACIONAR AS MANIFESTAÇÕES 
CLÍNICAS COM OS “MECANISMOS DE 
AGRESSÃO E DE DEFESA - MAD”, 
EVIDENCIANDO OS PRINCIPAIS 
PROCESSOS PATOLÓGICOS 
ENVOLVIDOS NESTA DOENÇA 
 Como foi visto, a fase aguda da Doença 
de Chagas pode ser sintomática ou 
assintomática, sendo que a última é mais 
frequente. 
 A fase aguda sintomática inicia-se com 
manifestações locais após o T. cruzi picar a 
pele. As principais manifestações são: sinal de 
Romana e o chagoma de inoculação. Estas 
lesões aparecem em 50% dos casos agudos 
dentro de 4-10 dias após a picada do barbeiro, 
regredindo em um ou dois meses. 
 
 O sinal de Romana se caracteriza por 
edema bipalpebral unilateral que geralmente é 
associado a conjuntivite, dacriadenite 
(inflamação da glândula lacrimal) e aumento 
ganglionar pré-auricular. 
 O chagoma é uma inflamação aguda 
local na derme e hipoderme no ponto de 
inoculação do parasito. Microscopicamente, a 
lesão lembra um furúnculo que não chega à 
supuração, seguida de regressão lenta 
acompanhada de descamação. 
 A fase crônica pode ocorrer da forma 
indeterminada, ou seja, sem sintomas. Após a 
fase aguda, os sobreviventes passam por um 
longo período assintomático (entre 10 a 30 
anos). Esta é a fase indeterminada e é 
caracterizada por: (1) positividade de exames 
sorológicos ou parasitológicos; (2) ausência de 
sintomas e sinais da doença; (3) 
eletrocardiograma convencional normal; (4) 
coração, esôfago e cólon radiologicamente 
normais. 
 A fase crônica sintomática, no entanto, 
apresenta sintomase sinais. Certo número de 
chagásicos após permanecerem 
assintomáticos por vários anos, com o correr do 
tempo apresentam sintomatologia relacionada 
com o sistema cardiocirculatório (forma 
cardíaca), digestivo (forma digestiva), ou 
ambos (forma cardiodigestiva ou mista). Na 
fase crônica sintomática, observa-se 
reativação intensa do processo inflamatório, 
com dano destes órgãos, nem sempre 
relacionada com o parasito, que se encontra 
extremamente escasso nesta fase. 
FORMA CRÔNICA SINTOMÁTICA DO TIPO 
CARDÍACA 
 Na cardiopatia chagásica crônica 
sintomática (forma cardíaca), o fato clínico 
principal é a insuficiência cardíaca congestiva 
(ICC) e isto se deve a diminuição da massa 
muscular que se encontra muito destruída 
devido a substituição dos elementos típicos do 
coração por áreas de fibrose. 
 A destruição do SNA simpático e 
parassimpático e ao próprio exsudato 
inflamatório em atividade são os responsáveis 
pelos sintomas. 
Outro fator responsável pelas arritmias 
é a lesão vorticilar ou aneurisma de ponta, ou 
seja, uma lesão encontrada no ápice dos 
ventrículos, na qual há pobreza de células 
musculares com consequente herniação do 
endocárdio. 
Além da insuficiência cardíaca, devido 
ao retardamento da circulação e da hipóxia, 
são frequentes os fenômenos 
tromboembólicos. A trombose é a formação de 
um coágulo no sangue (trombo) que obstrui ou 
dificulta a circulação de um vaso sanguíneo 
qualquer. Os trombos cardíacos são frequentes 
(76% dos casos que desenvolvem insuficiência 
cardíaca), mas também podem se formar nas 
veias dos membros inferiores. 
MAD I 
A partir destes trombos, desprendem-se 
êmbolos que podem originar infartos no 
coração, pulmões, rins, baço, encéfalo, etc, 
causando assim a morte súbita. 
 O comprometimento do sistema 
autônomo regulador das contrações cardíacas 
(nódulo sinusal, nódulo atrioventricular e feixe 
de Hiss) traz como consequência uma grande 
variedade de perturbações, tanto na formação 
dos estímulos (arritmia, extra-sístoles), como 
na sua propagação (bloqueio atrioventriculares 
de grau variável, bloqueio do ramo direito do 
feixe de Hiss, esta última alteração 
considerada patognomônica da doença de 
Chagas). 
 Quando os mecanismos de 
compensação cardíacos tornam-se incapazes 
de superar as deficiências de sua força de 
contração, surge o quadro de ICC, que se 
traduz clinicamente por dispneia de esforço, 
insônia, congestão visceral e edema dos 
membros inferiores evoluindo em dispnéia 
continua, anasarca e morte. 
 
FORMA CRÔNICA SINTOMÁTICA DO TIPO 
DIGESTIVA 
 No Brasil, a forma digestiva da doença 
está presente em cerca de 7% a 11% dos 
casos. As manifestações digestivas são 
representadas principalmente no Brasil e na 
Argentina pelos megas, onde aparecem 
alterações morfológicas e funcionais 
importantes, caracterizando o megaesôfago e 
o megacólon. 
 O megaesôfago pode surgir em 
qualquer idade, desde a infância até a velhice. 
A maioria dos casos, no entanto, é observada 
entre 20 e 40 anos. Aparece mais no sexo 
masculino do que no feminino, e é mais 
frequente na zona rural endêmica. Os sintomas 
principais são: disfagia, odinofagia, dor 
retroestemal, regurgitação, pirose, soluço, 
tosse e sialose. 
 O megacólon compreende as dilatações 
dos cólons (sigmóide e reto) e são mais 
frequentes depois da do esôfago. O diagnóstico 
é feito mais tardiamente porque a obstipação, 
o sintoma mais frequente do megacólon, é 
encontrado em outras patias digestivas. É mais 
frequente no adulto entre 30 e 60 anos e mais 
no homem do que na mulher. É frequente a 
associação com o megaesôfago e este fato 
agrava em muito a desnutrição. 
FORMA CRÔNICA SINTOMÁTICA DO TIPO 
MISTA 
 A denominação de formas mistas da 
doença tem sido atribuída aos casos em que o 
paciente apresenta superposição de 
alterações clínicas de mais de uma das formas 
clínicas anteriormente mencionadas. 
MECANISMO DE AGRESSÃO E DEFESA DA 
DOENÇA DE CHAGAS 
 Inúmeros fatores influenciam direta ou 
indiretamente no aparecimento das lesões 
produzidas pelo T. Cruzi. Alguns são devidos ao 
parasito (eventos iniciais na relação parasito-
hospedeiro dependentes de mecanismos 
ligantes específicos, polimorfismo, tropismo 
celular, virulência do clone, cepa ou raça do 
parasita, reinfecção, infecções mistas, seleção 
clonal etc.). Outros são inerentes ao hospedeiro 
(constituição genética, sexo, idade, raça, 
resposta imunitária, nutrição, tipos de células 
que interagem com o parasito, como 
macrófagos profissionais e células não-
permissíveis, células musculares, neuróglia 
central e periférica, fibroblasto, mastócitos e 
outros). 
MAD I 
FASE AGUDA 
 Após a picada do hospedeiro 
intermediário e infecção do hospedeiro 
definitivo, o T. cruzi pode parasitar qualquer 
célula. As mais frequentemente parasitadas 
são: (1) macrófagos, (2) células de Schwann, 
(3) micróglia, (4) fibroblastos e (5) células 
musculares lisas estriadas. 
 Os macrófagos são as células com 
maior chance de adesão. 
 Nessa fase, ao parasitar uma célula, 
esse parasito pode sofrer modificações como 
também a sua célula hospedeira, o que faz 
liberar amastígota, epimastígota ou 
tripomastígota no interstício, além de 
organelas da célula hospedeira. 
 Essa liberação de conteúdos no 
interstício, surge uma inflamação aguda focal 
estabelecendo, já na segunda semana, uma 
imunidade. Mesmo assim, os parasitos não são 
detidos no foco inflamatório inicial, indo 
parasitar aleatoriamente qualquer órgão. 
 O coração pode ser lesado na fase 
aguda. A presença do T. cruzi no corpo passa a 
ser grande e difusa, o que permite a formação 
de ninhos de amastigotas nas células 
musculares, nos histiócitos, nos fibroblastos, 
células gliais e raramente nos neurônios dos 
plexos nervosos. A miocardite surge em 
correspondência com os ninhos rompidos. O 
exsudato inflamatório que predomina é o de 
células monocucleadas, como linfócitos, 
macrófagos e por vezes granulócitos 
neutrófilos e eosinófilos. 
 A presença de focos inflamatórios é 
proporcional aos ninhos de parasitas 
presentes. Deste modo, a inflamação, de início 
focal, pode se estender a todo órgão, tornando-
se difusa, grave e podendo levar a morte, como 
acontece por exemplo na miocardite chagásica 
aguda ou meningoencefalite. 
 Macroscopicamente, há aumento da 
área cardíaca devido ao hidropericárdio e ao 
próprio coração que se mostra globoso, flácido 
e muito congesto em consequência da 
inflamação que acomete simultaneamente os 
três folhetos: pericárdio, miocárdio e 
endocárdio. 
FASE CRÔNICA INDETERMINADA 
 Os indivíduos que sobrevivem a fase 
agudam assintomática ou sintomática evoluem 
para a fase crônica e podem permanecer 
assintomáticos ou com infecção latente (forma 
indeterminada) por vários anos ou durante 
toda sua vida. 
FASE CRÔNICA DO TIPO CARDÍACA 
 Alguns pacientes podem 20 a 30 anos 
após a infecção apresentar a cardiopatia 
chagásica crônica (CCC) sintomática que pode 
levá-lo a morte. 
 Macroscopicamente, o coração mostra-
se: 
1) Volume do coração aumentado e 
mais pesado (cardiomegalia) 
2) Coração congesto com 
espessamentos nodulares branco-
peroláceos no epicárdio ao longo 
das coronárias; 
3) Hipertrofia das paredes 
ventriculares e atriais; 
4) Dilatação dos anéis das válvulas 
tricúspide e mitral 
5) Presença da chamada lesão 
vorticilar ou aneurisma de ponta 
FASE CRÔNICA DO TIPO DIGESTIVA 
 O tubo digestivo, ainda durante a fase 
aguda da infecção, também é atingido pelo T. 
cruzi que parasita, ao acaso, as células 
musculares, os fibroblastos e principalmente o 
sistema nervoso intramural (plexos de 
Meissner e Auerbach). 
 Dependendo do grau e da extensão das 
lesões, é possível surgir sinais de 
incoordenação motoras acompanhados de 
alterações da secreção e absorção. Somente 
MAD I 
nos casos mais graves, 10a 20 anos após a 
infecção inicial, é que surge em 20% a 30% dos 
pacientes o megaesôfago e o megacólon. 
 Entende-se megas COMO dilatações 
permanentes e difusas de vísceras ocas ou de 
canais acompanhados, ou não, de 
alongamento da parede. 
 Macroscopicamente, o mega possui as 
seguintes características: (1) dilatação 
permanente; (2) espessamento muscular; (3) 
alterações da mucosa; (4) porção terminal sem 
lesão aparente. 
 Microscopicamente, observa-se: (1) 
parasitismo acentuado na fase aguda das 
células musculares; (2) miosite, 
periganglionite, ganglionite, perineurite e 
neurite em focos sistematizados com 
predominância das células mononucleadas; (3) 
fibrilopoese focal e difusa, não-relacionada 
diretamente com os focos inflamatórios; (4) 
hipertrofia das células musculares íntegras, 
principalmente da camada muscular interna; 
(5) inflamação crônica da mucosa e a 
submucosa, as vezes com ulcerações e/ ou 
perfurações. 
 Existem muitos fatores patogenéticos e 
fisiopatológicos para essas alterações, sendo 
que a denervação parassimpática (que ocorre 
tanto no coração quanto no mega) seja o mais 
importante. Além da denervação, também é 
observado: 
1. alterações morfofuncionais das 
glândulas do intestino que secretam 
varios tipos de hormônios 
2. alterações do reflexo peristáltico 
intrínseco com relação ao extrínseco 
3. alterações para mais ou para menos 
da neurossecreção dos gânglios 
simpáticos (catecolaminas, 
indolaminas), que permanecem 
íntegros interferindo na motilidade e 
condutibilidade das células 
musculares 
4. fibrose difusa, presente tanto na 
CCC quanto nos megas e 
responsável, com toda 
probabilidade, pela incapacidade 
contrátil do órgão 
INTERAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO 
 A fase inicial do processo de interação T. 
cruzi-célula hospedeira envolve, inicialmente, a 
adesão do parasita à superfície da célula. 
Todas as formas do ciclo evolutivo aderem-se à 
célula, sendo o grau de adesão, variável de 
acordo com a cepa do parasita, com a forma 
evolutiva e com o tipo de célula hospedeira. 
 A adesão decorre de um processo de 
reconhecimento celular em que proteínas e 
glicoproteínas, presentes tanto na superfície 
celular do hospedeiro como do parasito, estão 
envolvidas, tendo sido identificadas, ou por 
meios indiretos usando anticorpos 
monoclonais específicos ou por meios diretos 
usando ensaios de ligação. 
 A participação do ácido siálico no 
processo de interação é evidente. Formas 
tripomastigotas expressam, em sua superfície, 
grandes quantidades de uma proteína com 
atividade transialidásica, pertencente a uma 
grupo de famílias multigênicas que codificam 
para um grupo heterogêneo de proteínas 
enzimaticamente ativas, que variam de 100 a 
200 kDa (BARROS et al., 1996). A trans-
sialidase está ligada à membrana do parasita 
através de âncoras de glicosil fosfatidil inositol 
(GPI) e atua especificamente removendo 
resíduos de ácido siálico ligados na posição α-
2,3 de glicoproteínas, glicolipídeos e 
oligossacarídeos, transferindo-os para 
moléculas aceptoras localizadas na superfície 
do parasito, como oligossacarídeos O-ligados 
de glicoproteínas de 70-200 kDa, conhecidos 
como Ssp3. Em formas tripomastigotas 
metacíclicas, o ácido siálico é incorporado em 
antígenos de 35/55 kDa. A remoção de 
resíduos de ácido siálico de sua superfície 
promovem um aumento da interação do 
parasito com a célula hospedeira. As vias de 
MAD I 
sinalização acionadas são distintas de acordo 
com a cepa do parasito. 
 A glicoproteína pertencente à família 
das trans-sialidases, denominada gp83, possui 
importante papel na interação de T. cruzi com 
a célula hospedeira, interagindo com o receptor 
p74 presente na superfície celular do 
hospedeiro, atuando como um ligante universal 
utilizado por T. cruzi para a infecção de células 
fagocíticas e não-fagocíticas (VILLALTA et al., 
2001). Outras proteínas são, a gp85, capaz de 
se ligar a laminina e fibronectina, e a penetrina, 
ambas relacionadas ao processo de invasão de 
células utilizado pela forma tripomastigota. 
 A glicoproteína gp82, presente na forma 
tripomastigota metacíclica é uma molécula de 
adesão (NEIRA et al., 2003) que se liga na 
célula hospedeira via receptores específicos, 
levando a uma via de sinalização, mediada por 
PTK e outros mensageiros, disparando uma 
mobilização de Ca2+, um evento essencial 
para a internalização do parasito. 
 Estudos de KULKARNI et al. (2009) 
demonstram a importância da glicoproteína 
pertencente à família das metaloproteases, 
GP63, no processo de infecção da célula 
hospedeira. Expressa em todas os estágios do 
ciclo de vida do parasito, esta possui diferentes 
isoformas que participam na invasão celular. 
 No processo de invasão celular, 
diversas moléculas presentes na superfície das 
formas infectantes são mobilizadas. Os 
primeiros estágios dentro das células 
hospedeiras compreendem a formação de 
vacúolos ligados à membrana celular seguido 
de ruptura da membrana e do acesso do 
parasito ao citoplasma. O vacúolo no qual o 
parasito se instala tem pH ácido, condição que 
pode ser modificada através de agentes que 
inibem o processo de acidificação e permitem 
o escape do parasito para o citoplasma. O 
parasito, neste estágio, sintetiza e secreta uma 
proteína formadora de poros 
transmembrânicos (Tc-Tox) que compartilha 
epítopos com o componente C9 do sistema 
complemento. 
Outras proteínas estágio-específicas, 
importantes em diversos processos biológicos 
do parasito, têm sido descritas em muitos 
trabalhos. Em formas epimastigotas, existem 
evidências de que uma glicoproteína de 72 
kDa, conhecida como gp72, atue como aceptor 
do componente C3 do complemento, 
participando da ativação da via alternativa e 
também levando estas formas à lise quando 
incubadas com soro fresco (JOINER et al., 
1985). Estudos apontam que gp72 está 
envolvida na adesão do flagelo ao corpo celular 
(COTRIM et al., 1995). Em relação à forma 
amastigota, uma proteína bem caracterizada é 
a glicoproteína de 84 kDa, que representa a 
proteína de superfície majoritária ancorada à 
membrana via GPI, facilmente liberada da 
superfície celular (BARROS et al., 1996). 
PAPEL DO SISTEMA COMPLEMENTO NA 
RESPOSTA IMUNE 
 O Sistema Complemento consiste num 
conjunto de aproximadamente 30 proteínas 
plasmáticas, a maioria das quais zimógenos, 
presentes na fase fluída ou como integrantes 
de membranas celulares atuando como um 
importante mecanismo efetor da imunidade 
humoral tendo participação em uma série de 
eventos da imunidade inata, como a 
inflamação, fagocitose e citólise celular, 
podendo atuar tanto em indivíduos imunes, 
que possuem anticorpos ou células capazes de 
responder a componentes do agente invasor, 
como em indivíduos não imunes, basicamente 
através de duas vias de ativação, a via clássica 
e a alternativa. De uma maneira geral seus 
componentes formam um sistema de ativação 
altamente organizado que através de 
proteólise sequencial, geram enzimas ativas 
com propriedades proteolíticas. Este sistema é 
encontrado em mamíferos, aves, répteis, 
anfíbios e peixes. Suas principais funções 
biológicas são a lise celular, opsonização por 
fragmentos proteolíticos que potencializam o 
MAD I 
processo fagocítico, eliminação de 
imunocomplexos, formados por ligação 
antígeno-anticorpo, da circulação sanguínea e 
ativação de processos inflamatórios através da 
ativação de leucócitos polimorfonucleares e 
respostas vasculares. Além disso, o C 
representa um eficiente sistema de 
discriminação do "próprio" e "não próprio" 
(YOSHIDA, 2006). 
 A ativação do C pode ocorrer por meio 
de duas vias principais: a via clássica que é 
ativada na presença de certos isótipos de 
anticorpos (IgG e IgM), e a via alternativa que 
independe da presença de anticorpos para sua 
ativação, sendo ativada sobre a superfíciecelular de micro-organismos. Uma terceira 
cascata de ativação recebe o nome de via das 
lectinas, por ser ativada pela ligação de 
polissacarídeos na superfície de micro-
organismos à lectinas circulantes, como as 
lectinas ligantes de manose (MBL). As três vias 
distinguemse quanto aos passos iniciais da 
ativação, mas culminam na formação de um 
complexo enzimaticamente ativo que atua 
sobre uma das principais proteínas que fazem 
parte deste sistema, a proteína C3. A partir daí 
inicia-se uma sequência de eventos comuns 
levando à inserção do complexo de ataque à 
membrana (MAC) como ponto final. A 
sequência de ativação consiste numa etapa 
inicial, seguida da etapa de amplificação da 
cascata e finaliza na etapa lítica, 
correspondente à formação do MAC. 
 A ativação da via clássica se dá pela 
ligação de anticorpos à antígenos presentes na 
fase fluída ou ligados à superfície de células 
alvo. Em seguida à agregação do anticorpo com 
o antígeno, o primeiro componente, 
denominado C1 (complexo macromolecular de 
três proteínas, C1q, C1r e C1s), liga-se através 
do subcomponente C1q à porção Fc do 
anticorpo, promovendo uma mudança 
conformacional fazendo com que C1r exponha 
um sítio ativo capaz de clivar C1s, 
transformando-o numa enzima proteolítica 
com atividade de esterase, que então cliva o 
componente C4 em duas subunidades, C4a e 
C4b. Este último, após a clivagem, expõe um 
grupamento tio-éster especial que contribui 
com a energia química nele armazenada para 
ser utilizada na sua ligação covalente à 
superfície do micro-organismo. 
 Posteriormente o componente C2 liga-
se a C4b, sendo também clivado pela 
subunidade C1s, gerando dois fragmentos, C2a 
e C2b. O fragmento C2a permanece ligado ao 
componente C4b formando a enzima 
conhecida como C3 convertase da via clássica, 
cujo sítio enzimaticamente ativo presente em 
C2a apresenta afinidade pela proteína C3, 
clivando-a e gerando fragmentos C3b de 
relevante função no sistema (ABBAS et al., 
2012). 
 A via alternativa consiste em um 
primeiro mecanismo de reconhecimento no 
hospedeiro não imune para uma gama de 
micro-organismos. Sua ativação, de maneira 
constante, ocorre no plasma em condições 
normais, através da hidrólise espontânea de 
uma ligação tio-éster, presente na molécula de 
C3 nativa, gerando uma C3 convertase inicial, 
a C3(H2O). Com alta instabilidade, esta 
molécula forma ligações com sítios aceptores 
localizados na superfície de células alvo, onde 
se liga ao fator B, que é clivado pelo fator D, 
gerando os fragmentos Ba e Bb, 
permanecendo Bb ligado ao complexo, 
conhecido como C3 convertase de iniciação 
que cliva C3 em C3a e C3b. Quando grandes 
quantidades de C3b reativos depositam-se 
sobre aceptores nas superfícies celulares, 
criam-se condições para a formação e 
amplificação da C3 convertase da via 
alternativa. 
 Outra via de ativação do sistema 
complemento, denominada via das lectinas, 
inicia-se pela ligação de MBL a carboidratos 
contendo manose presentes em micro-
organismos. Esta via inicia-se pela ativação de 
duas serinas proteinases associadas à MBL, 
MASP-1 e MASP-2, que são homólogas a C1r e 
C1s. Sua ativação leva à clivagem de C4 e C2, 
MAD I 
gerando C4bC2a, que é a C3 convertase da via 
clássica, ativando-se desta forma o sistema 
complemento (MATSUSHITA et al., 2000). 
 A última etapa da ativação do 
complemento inicia-se com a formação das C5 
convertases, pela agregação de fragmentos 
C3b às C3 convertases formadas por qualquer 
das três vias. Subsequentemente, o 
componente C5 é clivado, gerando os 
fragmentos C5a e C5b. A formação do MAC 
ocorre pela associação das proteínas C6, C7, 
C8 e várias moléculas de C9 ao fragmento C5b 
levando à inserção de uma estrutura em forma 
de poro na membrana celular, que através de 
um desequilíbrio osmótico, promove a lise 
celular. 
 Da ativação do sistema complemento, 
formam-se peptídeos potencialmente capazes 
de operar como mediadores do processo 
inflamatório, da fagocitose e da citotoxicidade. 
Os fragmentos C5a, C3a e C4a, denominados 
anafilatoxinas, participam dos fenômenos 
iniciais no processo inflamatório agudo, 
enquanto os fragmentos C3b e C4b, 
depositados na superfície do patógeno são 
reconhecidos por células portadoras de 
receptores específicos, potencializando a 
fagocitose ou citotoxicidade. 
 A ativação do sistema complemento 
precisa ser regulada para evitar que ocorra um 
consumo desnecessário de seus componentes 
e para que não haja ativação e deposição do 
complexo MAC sobre as próprias células do 
indivíduo. Tal controle é realizado através de 
proteínas regulatórias que se encontram 
solúveis no plasma e na membrana celular. 
Essa regulação pode ocorrer através de: 1) 
decaimento espontâneo de proteínas e 
complexos enzimáticos ativados; 2) 
desestabilização e inibição da ativação de 
complexos; e 3) clivagem proteolítica de 
componentes ativados. 
 As células do hospedeiro vertebrado são 
protegidas do ataque lítico devido à presença 
de componentes inibitórios dos processos de 
ativação. 
 A regulação do sistema complemento 
pode ocorrer antes e/ou após a formação de 
C3b, proteína chave no funcionamento da 
cascata, sendo que muitos dos mecanismos 
visam o controle da geração de C3b (ABBAS et 
al., 2012). Estas proteínas regulatórias podem 
se apresentar como componentes de 
membrana, como o fator acelerador de 
decaimento (Decay Acceleranting Factor - DAF 
ou CD55); receptor tipo 1 do complemento 
(Complement Receptor 1 - CR1 ou CD35); fator 
de restrição homóloga (Human Restriction 
Factor - HRF); inibidor de membrana da lise 
reativa (MIRL ou CD59) e proteína cofator de 
membrana (Membrane Cofator Protein - MCP 
ou CD46), ou na fase fluída como o inibidor de 
C1 esterase (C1 inhibitor - C1 INH), Fator I, 
Fator H, proteína ligante de C4 (C4 binding 
protein - C4bp), entre outros. 
 A glicoproteína denominada fator 
acelerador do decaimento das C3 convertases 
(DAF) possui um peso molecular de 70 kDa, 
podendo apresentar diferentes massas 
moleculares dependendo do tecido em que se 
apresenta. DAF é expressa essencialmente em 
células hematopoiéticas e células endoteliais, 
mas está presente também na fase fluída e 
possui a função biológica de acelerar o 
decaimento das C3 convertases das vias 
clássica e alternativa. Atua acelerando a 
dissociação dos fragmentos C2a e Bb dos seus 
respectivos sítios de ligação, prevenindo assim 
a permanência funcional das C3 convertases 
das vias clássica e alternativa (ABBAS et al., 
2012). A proteína DAF purificada tem a 
capacidade de reincorporar-se nas membranas 
celulares como uma proteína de membrana 
funcional. Semelhantemente à proteína 
reguladora CD59 e outros componentes do 
sistema complemento, DAF está ligada à 
superfície celular através de âncoras de glicosil 
fosfatidil inositol (GPI). 
 
MAD I 
 
IMUNIDADE NA DOENÇA DE CHAGAS 
 A infecção por T. cruzi mobiliza vários 
mecanismos humorais e celulares da resposta 
imune inata e adquirida. 
 Em consequência, o parasita passa a 
ser continuamente combatido, tendo sua 
multiplicação reduzida. Entretanto, ele persiste 
indefinidamente no hospedeiro, assim como a 
resposta imune. 
 Como consequência, lesões teciduais 
resultantes desta atividade imunológica 
prolongada acumulam-se, podendo 
desencadear as diversas formas clínicas da 
doença. 
IMUNIDADE INATA 
 Diversos mecanismos efetores 
humorais e celulares estão envolvidos na 
resposta imune inata do hospedeiro à infecção 
pelo T. cruzi (CUERVO et al., 2011). 
 A via alternativa do Complemento é 
ativada sobre as formas epimastigotas, 
levando-as à lise. As formas tripomastigotas 
infectantes são resistentes à ação lítica do 
Complemento, sendo esta resistência 
associada à expressão de moléculas em sua 
superfície com propriedades associadas à 
proteína regulatóriaDAF humana, uma 
proteína de membrana que desestabiliza a 
estrutura da C3 convertase depositada. Ao 
menos duas proteínas clonadas e identificadas 
de tripomastigotas, T-DAF e gp160, 
apresentam homologia na sequência de DNA 
com o DAF e estão implicadas na resistência do 
parasita ao ataque do Complemento 
(TAMBOURGI et al., 1993). 
 Um importante sistema de 
reconhecimento da imunidade inata é definido 
pela proteína ligante de manose e pelo 
receptor de manose, expresso na superfície de 
macrófagos e células dendríticas. Estas 
proteínas reconhecem padrões moleculares na 
superfície de micro-organismos, que 
normalmente estão ausentes nas células do 
hospedeiro, discriminando assim o não próprio, 
permitindo sua internalização por células 
fagocíticas. Formas amastigotas, 
diferentemente de tripomastigotas e 
epimastigotas, portam a capacidade de se 
ligarem à proteína ligante de manose sérica e 
de aderirem a macrófagos expressando o 
receptor de manose (KAHN et al., 1995). 
 As células NK são de grande 
importância na imunidade inata contra o T. 
cruzi, limitando o crescimento parasitário e 
promovendo o desenvolvimento da imunidade 
adquirida (SCOTT e TRINCHIERI, 1995). A 
invasão de macrófagos, leva à secreção de IL-
12, que ativa as células NK a produzirem IFN-γ 
(ALIBERTI et al., 1996), que atua 
reciprocamente sobre macrófagos ativando-os 
para a atividade microbicida (GAZZINELI et al., 
1992). A citocina pró-inflamatória TNF-α 
produzida por macrófagos durante a infecção 
por T. cruzi, participa dessa interação de forma 
sinérgica tanto com IL-12 como com IFN-γ. 
Diversos estudos demostraram os papéis 
protetores de IFN-γ (OSWALD et al., 1992) e de 
TNF-α (SANTOS LIMA et al., 1997), sendo que 
TNF-α também apresenta efeitos deletérios na 
resposta do hospedeiro. Em associação ao 
TNF-α, o IFN-γ induz a produção de NO, através 
da ativação da expressão da enzima NO-
sintase em macrófagos, com atividade tóxica 
sobre T. cruzi (MUÑOZ-FERNANDEZ et al., 
1992). 
 Citocinas como IL-10 e TGF-β exibem 
um importante papel regulatório na infecção 
por T. cruzi, inibindo in vitro a produção de NO 
e a atividade tripanocida de macrófagos 
infectados e ativados por IFN-γ (GAZZINELI et 
al., 1992; ROFFÊ et al., 2012). IL-17 consiste 
numa citocina chave na resposta inflamatória 
em infecções bacteriansa e fúngicas, sendo 
importante na proteção do hospedeiro contra 
a infecção de T. cruzi em sua fase aguda 
(MIYAZAKI et al., 2010). 
 
MAD I 
 
 
 
 
 
 
IMUNIDADE ADQUIRIDA 
 A infecção do hospedeiro pelo T. cruzi 
difere de maneira importante de outros micro-
organismos patogênicos intracelulares, devido 
à importância imunoprotetora que a resposta 
imune humoral apresenta na doença de 
Chagas. A infecção aguda causa uma intensa e 
diversificada ativação de linfócitos B, com 
hiperprodução de imunoglobulinas. O 
aparecimento de anticorpos específicos está 
relacionado com a queda da parasitemia 
(NORRIS et al., 1994) e os isotipos IgG1, IgG2a 
e IgG2b estão associados com anticorpos 
envolvidos na eliminação de formas 
sanguíneas do parasita. Estudos 
demonstraram a existência de anticorpos 
associados com um estado de proteção do 
hospedeiro, capazes de reagir apenas com 
formas vivas do parasita, e de induzir nestas a 
lise por Complemento. Estes anticorpos foram 
denominados anticorpos líticos (KRETTLI & 
BRENER, 1982). O nível destes decai muito em 
animais cronicamente infectados, após 
tratamento quimioterápico, diferentemente 
dos anticorpos anti-T. cruzi convencionais, que 
permanecem presentes, sendo a ausência de 
anticorpos líticos então, utilizada como critério 
de cura para a doença de Chagas. 
 A resposta imune celular efetora contra 
a infecção por T. cruzi tem sido alvo de diversos 
estudos, que demonstraram que a resistência 
à infecção caracteriza-se por uma resposta do 
tipo Th1 mais precoce e de maior amplitude, 
sendo que a evolução para a forma crônica 
caracteriza-se por uma perda na atividade Th1, 
com uma substituição para a atividade Th2 
(ZHANG & TARLETON, 1996; KUMAR & 
TARLETON, 2001) 
 
 
 
 
 MECANISMO DE EVASÃO 
 O complexo ciclo de vida do T. cruzi 
envolve o surgimento de uma série de 
características que permitem a sua 
sobrevivência nos diversos microambientes no 
inseto vetor e no hospedeiro vertebrado. As 
formas infectantes para o hospedeiro 
vertebrado desenvolveram diversos 
mecanismos que permitissem a sua 
sobrevivência no meio hostil, representado 
pelas células e pela corrente sanguínea do 
hospedeiro, como a expressão de moléculas 
em sua superfície com capacidade de interferir 
na ativação das vias clássica e alternativa do 
Complemento (ANSAADDO & INAL, 2010). 
Outros mecanismos de evasão utilizados são a 
renovação de moléculas de superfície através 
de vias endocíticas que auxiliam o parasito a 
livrarse de anticorpos ligados à sua membrana, 
e a liberação de imunocomplexos ligados à 
membrana mediada por clivagem de 
glicoproteínas ancoradas através de âncoras 
de glicosil fosfatidil inositol (GPI), mediada por 
fosfolipases. 
 Com relação à atividade 
anticomplemento, os parasitas podem resistir 
à lise, porque eles não iniciam a ativação do 
complemento, porque eles bloqueiam a 
cascata após sua iniciação, ou porque o 
complexo MAC não causa prejuízo à estrutura 
da membrana. Formas amastigotas, por 
exemplo, são muito eficientes em ativar o 
complemento, mas escapam da morte através 
da expressão de uma proteína em sua 
superfície que se liga ao complexo C5b-9 
interferindo na inserção de poros funcionais na 
membrana do parasita. Tripomastigotas 
MAD I 
podem se tornar resistentes à lise, pela ligação 
ineficiente do fator B ao componente. 
 A base da resistência de tripomastigotas 
à lise mediada pelo complemento é de 
natureza multifatorial. Diversas glicoproteínas 
de membrana específicas de tripomastigotas 
participam e previnem eficientemente a 
ativação do complemento sobre a superfície do 
parasita. Algumas destas moléculas como 
gp160, gp58/68, e T-DAF, que possuem 
atividade regulatória do complemento, têm 
sido identificadas baseadas em sua habilidade 
de inibir o desenvolvimento e/ou acelerar o 
decaimento da C3 convertase, a enzima central 
na cascata do complemento. 
 Gp160 encontra-se ligada na superfície 
através de uma âncora de glicosil fosfatidil 
inositol (GPI), sendo inicialmente isolada de 
proteínas ativamente liberadas por parasitas e 
caracterizada como tendo uma massa 
molecular de aproximadamente 160 kDa 
(NORRIS & SCHRIMPF, 1994). Esta 
glicoproteína foi clonada, apresentando 
similaridades funcionais e genéticas com a 
proteína DAF humana (CD55), interferindo na 
formação das C3 convertases das vias clássica 
e alternativa, através da sua ligação a C3b e 
C4b. A sequência gênica obtida na clonagem, 
denominada CRP-10 codifica uma variante de 
gp160 que se mostrou funcional através da 
transfecção do gene em formas epimastogotas 
sensíveis ao complemento, que após a 
transfecção produziram uma proteína 
funcional ligante de C3 tornando-se resistentes 
à lise pelo complemento (NORRIS, 1998). 
 Outra glicoproteína tripomastigota-
específica denominada gp58/68, também é 
encontrada na superfície do parasita, atuando 
na inibição apenas da C3 convertase da via 
alternativa, interagindo com o fator B mais 
eficientemente do que com C3b, não 
apresentando atividade aceleradora de 
decaimento de convertases. 
 Diversos trabalhos demonstraram que 
certos componentes de superfície de 
tripomastigotas que interferem na ativação do 
complemento, quando inativados por 
tratamento enzimático, removidos ou 
bloqueados por sensibilização com fragmentos 
Fab de IgG obtidos de camundongos 
infectados, transformam os parasitos em 
ativadores da via alternativa do complemento 
(KIPNIS et al., 1985; KIPNIS et al., 1987). O 
aquecimentodas formas tripomastigotas a 45 
oC por 10 minutos as torna susceptíveis à lise 
pela via alternativa. Os sobrenadantes destes 
parasitas aquecidos foram recuperados e 
testados em ensaio de lise de hemácias de 
carneiro, mostrando-se capazes de inibir a 
formação da C3 convertase da via clássica do 
Complemento, readquirindo a resistência à lise 
após 4 horas a 37oC. Esta atividade parecia ser 
análoga àquela desempenhada pelo DAF 
humano e por esta similaridade, estes 
componentes foram denominados T-DAF 
(TrypomastigoteDecay Accelerating Factor) 
(KIPNIS et al., 1986). 
 Estudos de CESTARI et al., (2012) 
apresentam evidências de um novo 
mecanismo de evasão ao sistema imune 
desenvolvido por T. cruzi, mediado por 
vesículas derivadas da membrana plasmática 
da célula do hospedeiro. Formas 
tripomastigotas metacíclicas induzem a 
formação destas vesículas, que após liberadas 
formam um complexo na superfície do parasito 
levando à estabilização e inibição da C3 
convertase resultando no aumento da 
sobrevivência do parasito. 
 
MAD I 
CARACTERIZAR AS PRINCIPAIS 
FORMAS DE DIAGNÓSTICO E 
TRATAMENTO 
 O diagnóstico pode ser realizado por 
análise clínica ou laboratorial. 
CLÍNICO 
 Observa-se a origem do paciente, a 
presença dos sinais de porta de entrada (sinal 
de Romana e/ou Chagoma de inoculação) 
acompanhadas de febre irregular ou ausente. 
Analisa também queixas de taquicardia, 
adenopatia-satélite ou generalizada (inchaço 
de gânglios linfáticos), hepatoesplenomegalia 
(aumento do fígado/baço), edema 
generalizado ou dos pés fazem suspeitar de 
fase aguda de doença de Chagas. 
As alterações cardíacas acompanhados 
de sinais de insuficiência cardíaca confirmadas 
pelo eletrocardiograma e as alterações 
digestivas e do esôfago e do cólon (reveladas 
pelos raios X) fazem suspeitar de fase crônica 
da doença. Entretanto, em ambos os casos, há 
necessidade de confirmação do diagnóstico 
por métodos laboratorial. 
LABORATORIAL 
 Os métodos de diagnóstico laboratorial 
apresentam diferentes resultados se aplicados 
na fase aguda ou crônica da infecção. 
Na fase aguda, observam-se: alta 
parasitemia, presença de anticorpos 
inespecíficos e início de formação de 
anticorpos específicos (IgM e IgG) que podem 
atingir níveis elevados. Nesta fase, 
recomenda-se: pesquisa direta e, se 
necessário, pesquisa indireta do parasito. 
EXAMES PARASITOLOGICOS 
1. Exame de sangue a fresco com gota 
de sangue colocada entre lâmina e 
larnínula.7 
2. Exame de sangue em gota espessa 
(Capítulo 55). Este mktodo tem 
mais chances de detectar o 
parasito do que o método anterior 
3. Esfregaço sangüíneo corado pelo 
Giemsa. Este método oferece 
vantagem por permitir observar a 
morfologia do parasito, mas só será 
possível em casos de parasitemia 
muito elevada 
4. Cultura de sangue ou material de 
biópsia (linfonodos), em meios 
próprios como LIT ou NNN (Capítulo 
57) ou meios difásicos de ágar 
sangue 
5. Inoculação do sangue (0,Sml) ou 
creme leucocitário em 
camundongos jovens, 
preferencialmente de linhagens 
isogênicas, muito susceptíveis a 
infecção 
6. Métodos de concentração. Entre os 
métodos de concentração, o que 
tem dado melhores resultados é o 
método de Strout. Consiste 
basicamente em deixar o sangue 
coagular e retrair o coágulo 
7. O xenodiagnóstico e a hemocultura 
são métodos muito sensíveis na 
fase aguda. O xenodiagnóstico pode 
chegar a 100% de positividade. 
Estas técnicas não são 
normalmente indicadas, uma vez 
que nestes métodos os exames e 
obtenção dos resultados ocorrem 
após 30 dias. 
 Qualquer um dos métodos citados, mas 
principalmente os três primeiros, são também 
empregados para o diagnóstico de transmissão 
congênita e transfusional. 
EXAMES SOROLÓGICOS 
1. Reação de precipitação ou precipitina. 
Das reações sorológicas esta foi, no 
passado, a mais indicada na fase 
aguda, pois apresenta cerca de 95% de 
sensibilidade a partir do sétimo dia de 
infecção. É uma reação específica, de 
execução simples e realizada em tubo 
MAD I 
capilar, com antígeno homólogo 
(polissacárides de formas de cultura do 
7: cruzi). Forma-se um precipitado na 
interface do antígeno, com o soro, 
conseqüente da reação antígeno-
anticorpo. Esta técnica encontra-se em 
desuso e seu emprego não tem sido 
recomendado. 
2. Reação de imunofluorescência indireta 
(RIFI). Apresenta alta sensibilidade a 
partir do 15"ia de infecção, detectando 
anticorpos da classe IgM, que 
raramente ocorrem na fase crônica da 
doença, mas que são constantes na 
fase aguda, com títulos elevados. Desta 
forma, a RIFI é uma reação sorológica 
de escolha para o diagnóstico da fase 
aguda da doença de Chagas 
 
Na fase crônica, observam-se: 
baixíssima parasitemia, presença de 
anticorpos específicos (IgG). Nesta fase, a 
presença de anticorpos IgM é discutida, só 
sendo detectada esporadicamente em baixos 
títulos. 
Recomendam-se métodos sorológicos 
(imunofluorescência indireta, ELISA, 
hemaglutinação indireta ou fixação de 
complemento) ou a pesquisa do parasito por 
métodos indiretos (xenodiagnóstico, 
hemocultura ou inoculação em animais de 
laboratório). Estes métodos de diagnóstico 
parasitológicos tomam-se especialmente 
necessários quando a sorologia é duvidosa ou 
quando se deseja verificar a eficácia de 
tratamento. 
PROXILAXIA 
 A profilaxia da doença de Chagas está 
intimamente ligada a melhoria das condições 
de vida de nosso camponês, bem como a 
modificação do hábito secular de destruição da 
fauna e da flora. Sabemos que para se alcançar 
isto será necessário modificar a estrutura 
agrária brasileira e a educação sanitária. São 
metas enormes, mas reputamos as de maior 
relevância, pois são medidas básicas, capazes 
de evitar grande número de doenças e de 
tornar o Brasil um país forte e seguro. 
COMBATE A TRANSMISSÃO ORAL 
 Cuidados de higiene na produção e 
manipulação artesanal de alimentos de origem 
vegetal. Ainda há a necessidade de incentivos 
à pesquisa para que conhecimentos gerados 
relacionados à viabilidade do T. cruzi em 
diferentes alimentos, técnicas de detecção e 
de inativação e formas de contaminação dos 
alimentos pelo T. cruzi, entre outros, auxiliem 
na compreensão da transmissão oral desse 
parasito e sua melhor interpretação 
epidemiológica, de prevenção e controle. 
Programas de capacitação para os batedores 
artesanais, tecnologia para processamento da 
polpa de açaí e o controle da qualidade são 
investimentos que devem ser realizados para 
que esse produto tão importante para 
população. 
TRATAMENTO 
 A terapêutica da doença de Chagas 
continua parcialmente ineficaz, apesar dos 
grandes esforços. 
Diversas drogas vêm sendo testadas em 
animais e algumas delas têm sido usadas no 
homem, mas nenhuma consegue suprimir a 
infecção pelo T. cruzi e promover uma cura 
definitiva em todos pacientes tratados. 
Além do problema da terapêutica 
específica, uma dificuldade enfrentada pelos 
pesquisadores refere-se ao critério de cura. 
 Outro problema enfrentado refere-se a 
diferenças regionais de susceptibilidade do T. 
cruzi a droga, o que na verdade reflete a 
diversidade genética do parasito. Assim, o 
Nifurtimox, por exemplo, mostra-se eficiente 
em chagásicos crônicos na Argentina, porém é 
pouco eficaz em Minas Gerais. 
MAD I 
 Índices de cura de 70% ou mais foram 
alcançados com o uso de nifurtimox e 
benzonidazol na fase aguda da infecção 
dependendo da região. 
Um ponto, entretanto, deve ser 
salientado: as drogas são mais eficientes 
quando aplicadas em esquemas terapêuticos 
prolongados para manutenção de níveis 
duradouros e eliminação das formas 
sanguíneas até a exaustão das formas 
teciduais. 
São o nifurtimox (Lampit) e o 
benzonidazol (Rochagan). Estes medicamentos 
são indicados especialmente nos casos agudos 
que tenham ocorrido por transmissão natural, 
portransfusão sanguínea ou acidental, 
reagudização por qualquer droga ou doença 
imunossupres- sora e na prevenção da 
transmissão por transplantes de órgão 
De toda a forma, o objetivo é, 
precocemente, diminuir ou eliminar a infecção, 
o que tem sido mais fácil durante a fase aguda 
ou infecção recente. 
Nos casos crônicos, apesar da pouca 
eficiência dos medicamentos, aconselha-se o 
seu emprego. 
Nifurtimox - age contra as formas 
sanguíneas e parcialmente contra as formas 
teciduais. É administrado via oral, sob a forma 
de comprimido na dose 8 a 12mgkg por dia, até 
90 dias. Tem efeitos colaterais. 
Benzonidazol - possui efeitos apenas 
contra as formas sanguíneas. Deve ser 
empregado em comprimidos, por via oral, na 
dose de 5 a 8mgkg por dia, durante até 60 dias. 
Muitos estudos têm sido conduzidos na 
procura de terapias alternativas para o 
tratamento da doença de Chagas. 
Alguns deles, como o uso dos derivados 
azólicos ou de citocinas associadas ao 
benzonidazol (imunoquimioterapia) em 
modelos experimentais, vêm se constituindo 
em potenciais tratamentos para a infecção. 
DESCREVER SUAS PRINCIPAIS MEDIDAS 
PROFILÁTICAS E DE CONTROLE 
 O controle do barbeiro é feito 
principalmente através da aplicação de 
inseticidas, sendo que o inseto geralmente não 
desenvolve resistência a esses. Em décadas 
anteriores, o inseticida mais utilizado era o BHC 
mas, por ser altamente tóxico para os humanos 
e também para animais domésticos, 
atualmente tem sido substituído por inseticidas 
menos tóxicos como, por exemplo, os 
piretróides (deltametrina, alfacipermetrina, 
betacipermetrina e outros), em geral, com 
efeito residual maior que um ano (Marcondes, 
2001). Outros inseticidas, tais como o 
Malathion e o Dieldrin (organoclorado), têm 
sido utilizados em outros países. No entanto, a 
alta toxicidade destes em contrapartida com os 
bons resultados dos piretróides faz com que 
não sejam utilizados no Brasil. 
 O inseticida a ser utilizado deve ser 
escolhido sob algumas considerações, a serem 
encaradas a longo prazo: o custo, o gasto com 
pessoal e transporte, e a toxicidade para o 
homem. Uma vez apresentando resultados, o 
inseticida é reaplicado apenas nos locais onde 
o barbeiro for encontrado novamente. 
 Apesar do controle feito através dos 
inseticidas, a melhor maneira de minimizar as 
infestações ainda seria a prevenção, mediante 
a melhoria dos tipos de habitações e hábitos de 
higiene de seus moradores, o que levaria à 
diminuição dos insetos nos domicílios e 
peridomicílios. Outra medida básica, mas não 
menos importante, seria o cuidado com os 
animais domésticos, evitando a entrada 
desses nas casas e deixando os lugares em 
que costumam dormir livres de sujeiras e 
entulhos. É fundamental a educação das 
populações de locais de risco quanto a 
conhecer os barbeiros e a importância de saber 
que esses podem lhes transmitir uma doença 
MAD I 
grave, ainda sem vacina e/ou soro eficiente, e 
que pode levar ao óbito. 
 A melhoria habitacional talvez seja a 
mais importante estratégia de prevenção 
contra a transmissão vetorial da endemia, uma 
vez que os triatomíneos não infestam moradias 
de boa qualidade (alvenaria) e em boas 
condições de higiene. Esse fato muitas vezes 
está relacionado à condição econômica dos 
moradores, refletindo o status social da 
doença, que incide exatamente sobre 
populações rurais, marginalizadas e excluídas. 
Dias (1998) comenta que “...dessa forma, uma 
perspectiva programática e de amplo alcance 
no âmbito rural só pode ocorrer em termos de 
iniciativas governamentais, o que nunca 
aconteceu realmente no Brasil. 
 A melhoria habitacional é mais 
significativa para as populações rurais do que 
o uso do inseticida, por ser de caráter 
definitivo. A participação comunitária é de vital 
importância em qualquer programa 
habitacional, uma vez que alterar a moradia 
significa uma intervenção profunda nas 
relações familiares e interfamiliares, pois 
requer mudanças nos hábitos de higiene e na 
própria forma de ocupar esse novo ambiente. 
Além disso, verifica-se que essas populações 
não melhoram ou reconstroem a casa por 
vários motivos, tais como: falta de recursos, 
não serem donas do terreno que ocupam e 
necessidade de freqüentes mudanças de 
residência para estabelecimento de novas 
lavouras de subsistência (Dias, 1998). 
 No Brasil, a transmissão natural da 
doença de Chagas foi grandemente reduzida e 
grande parte das regiões infestadas por 
Triatoma infestans, que já foi considerado o 
principal vetor, hoje encontra-se apenas sob 
estado de vigilância. A redução da transmissão 
vetorial resulta, a médio prazo, na diminuição 
de doadores de sangue e gestantes infectados, 
o que reduz os riscos da transmissão 
transfusional e congênita (Dias & Coura, 1997; 
Dias & Schofield, 1998). 
 Apesar dos avanços alcançados, é 
fundamental manter atenta vigilância 
epidemiológica, com real comprometimento da 
população e dos serviços locais de saúde. 
Vinhaes & Dias (2000) comentam que “Para o 
Brasil, esse desafio é hoje ainda maior, quando 
se observa uma progressiva descentralização 
da Fundação Nacional de Saúde, devendo suas 
atividades ser absorvidas por estados e 
municípios, além da falta de recursos 
financeiros suficientes para os programas de 
controle.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAD I 
ANEXO 
 Enquanto a maioria dos patógenos 
intracelulares evita os conteúdos tóxicos dos 
lisossomas, o T. cruzi realmente necessita de 
breve exposição ao fagolisossomo ácido para 
estimular o desenvolvimento das amastigotas 
(ciclo de vida intracelular e sem movimento), o 
estágio intracelular do parasito. Para ser 
exposto ao lisossomo, as tripomastigotas de T. 
cruzi estimulam um aumento na concentração 
de cálcio citoplasmático nas células 
hospedeiras, o que promove a fusão do 
fagossomo e lisossomo. Além de estimular o 
desenvolvimento da amastigota, o baixo pH do 
lisossoma ativa proteínas formadoras de poros 
que rompem a membrana lisossômicas, 
liberando o parasito no citoplasma celular. Os 
parasitos se reproduzem na forma de 
amastigotas arredondadas no citoplasma das 
células hospedeiras, e então desenvolvem 
flagelos, lisam a célula hospedeira, entram na 
corrente sanguínea e penetram nos músculos 
liso, esquelético e cardíaco. 
 Na doença de Chagas aguda, a qual é 
branda na maioria dos indivíduos, o dano 
cardíaco resulta de invasão direta das células 
miocárdicas por organismos e subsequente 
inflamação. Raramente, a doença de Chagas 
aguda se apresenta com alta parasitemia, 
febre ou dilatação cardíaca progressiva e 
insuficiência cardíaca, frequentemente com 
linfadenopatia generalizada ou 
esplenomegalia. Na doença de Chagas crônica, 
a qual ocorre em 20% das pessoas 5 a 15 anos 
após a infecção inicial, o mecanismo de dano 
cardíaco e ao trato digestivo é controverso; ele 
provavelmente resulta de uma resposta imune 
induzida por parasitos T. cruzi, os quais ainda 
estão presentes em pequenos números. Um 
infiltrado inflamatório evidente do miocárdio 
pode ser induzido por organismos escassos. 
Alternativamente, parasitos podem induzir uma 
resposta autoimune, de forma que anticorpos e 
células T que reconhecem proteínas do 
parasito reajam de forma cruzada com células 
miocárdicas do hospedeiro, células nervosas e 
proteínas extracelulares como a laminina. O 
dano às células miocárdicas e às vias de 
condução causa miocardiopatia dilatada e 
arritmias cardíacas, enquanto o dano ao plexo 
mioentérico causa dilatação do cólon 
(megacólon) e esôfago.

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