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Sinais Vitais OBJETIVOS • Explicar os princípios e os mecanismos de termorregulação. • Descrever as medidas de enfermagem que promovem a perda e a conservação de calor. • Discutir as mudanças fisiológicas associadas a febre. • Avaliar com precisão a temperatura corporal, pulso, respirações, saturação de oxigênio e pressão arterial. • Explicar a fisiologia da regulação normal de pressão arterial, pulso, saturação de oxigênio e respirações. • Descrever os fatores que causam variações em temperatura corporal, pulso, saturação de oxigênio, respirações, capnografia e pressão arterial. • Descrever as variações culturais e étnicas com avaliação da pressão arterial. • Identificar as variações de valores de sinal vital aceitáveis para um lactente, uma criança e um adulto. • Explicar as variações na técnica usada para avaliar os sinais vitais de um lactente, de uma criança e de um adulto. • Descrever os benefícios e as precauções que envolvem a automensuração da pressão arterial. • Identificar quando medir os sinais vitais. • Registrar e relatar com precisão as mensurações dos sinais vitais. • Delegar apropriadamente a mensuração dos sinais vitais à equipe de enfermagem. TERMOS-CHAVE Afebril, p. 490 Antipiréticos, p. 488 Arritmia, p. 491 Bradicardia, p. 491 Capnografia, p. 493 Condução, p. 480 Convecção, p. 481 Débito cardíaco, p. 489 Déficit de pulsação, p. 491 Diaforese, p. 481 Difusão, p. 492 Esfigmomanômetro, p. 498 Eupneia, p. 492 Evaporação, p. 481 Exaustão por calor, p. 483 Febril, p. 482 Febre, p. 482 Febre de origem desconhecida, p. 482 Geladura e queimadura pelo frio, p. 483 Hematócrito, p. 493 Hiato auscultatório, p. 500 Hipertensão, p. 596 Hipertermia, p. 483 Hipertermia maligna, p. 483 Hipotensão, p. 497 Hipotensão ortostática, p. 497 Hipotensão postural, p. 497 Hipotermia, p. 483 Hipoxemia, p. 492 Perfusão, p. 492 Pirexia, p. 482 Pirógenos, p. 482 Pressão arterial, p. 495 Pressão de pulso, p. 495 Pressão diastólica, p. 495 Pressão sistólica, p. 495 Radiação, p. 480 Saturação de oxigênio, p. 494 Sinais vitais, p. 478 Taquicardia, p. 491 Taxa metabólica basal (TMB), p. 480 Temperatura central, p. 479 Termogênese sem tremores por frio, p. 480 Termoplegia, p. 483 Termorregulação, p. 480 Tremores por frio, p. 480 Ventilação, p. 492 As medições mais frequentes e regulares obtidas pelos profissionais de saúde são as de temperatura, pulso, pressão arterial (PA), frequência respiratória e saturação de oxigênio. Como indicadores do estado de saúde, essas medidas indicam a efetividade dos sistemas circulatório, respiratório e neural e das funções corporais endócrinas. Por causa da sua importância, elas são chamadas de sinais vitais. A dor, um sintoma subjetivo, com frequência é chamada de outro sinal vital e é frequentemente medida com os outros (Cap. 44). A medição de sinais vitais fornece dados para determinar o estado de saúde normal de um paciente (dados de referência). Muitos fatores, tais como a temperatura do ambiente, o esforço físico do paciente e os efeitos da doença causam alterações dos sinais vitais, algumas vezes fora de uma variação aceitável. A avaliação dos sinais vitais fornece dados para identificar diagnósticos em enfermagem, implementar as intervenções planejadas e avaliar os resultados do cuidado. Uma alteração nos sinais vitais sinaliza uma mudança na função fisiológica e a necessidade de intervenção médica ou de enfermagem. Os sinais vitais são uma maneira rápida e eficiente de controlar a condição de um paciente ou identificar problemas e avaliar a resposta do paciente à intervenção. Quando você aprende as variáveis fisiológicas que influenciam os sinais vitais e reconhece a relação de suas alterações entre si e com os outros achados do exame físico, você pode fazer determinações precisas sobre os problemas de saúde de um paciente. Os sinais vitais e outras medidas fisiológicas são a base para a tomada de decisão clínica e a resolução de problemas. Muitos serviços adotam os escores de alerta inicial, o Early Warning Scores, determinados por dados de sinais vitais inseridos no prontuário eletrônico para alertar as enfermeiras para potenciais mudanças nas condições de seus pacientes. Diretrizes para a verificação dos sinais vitais Os sinais vitais são uma parte da base de dados de avaliação no histórico de enfermagem. Você os inclui em uma avaliação física completa (Cap. 31) ou os obtém individualmente para coletar os dados sobre a condição do paciente. O estabelecimento de uma base de dados dos sinais vitais durante um exame físico de rotina serve como uma linha de base para futuras avaliações. As necessidades de um paciente e sua condição determinam quando, onde, como e por quem os sinais vitais são mensurados. Você precisa: medir corretamente e, algumas vezes, delegar adequadamente a sua medição; saber os valores esperados (Quadro 30-1); interpretar os valores do seu paciente, comunicar os resultados de forma adequada e começar a intervenções conforme necessário. Usar as seguintes diretrizes para incorporar as medições dos sinais vitais para a prática de enfermagem: • A medição dos sinais vitais é sua responsabilidade. Você pode delegar a medição dos sinais vitais em determinadas situações (p.ex., em pacientes estáveis). No entanto, é sua responsabilidade rever os dados de sinais vitais, interpretar seu significado e pensar criticamente nas decisões sobre as intervenções. Quadro 30-1 Sinais Vitais Variações Aceitáveis para Adultos Variação de Temperatura Variação média de temperatura: 36 a 38°C Oral/timpânica média: 37°C Retal média: 37,5°C Axilar: 36,5°C Pulso 60 a 100 batimentos/minuto, forte e regular Oximetria de Pulso (SpO2) Normal: SpO2 ≥ 95% Respirações Adultos: 12 a 20 respirações/minuto, profundas e regulares Pressão Arterial Sistólica < 120 mmHg Diastólica < 80 mmHg Pressão de pulso: 30 a 50 mmHg Capnografia (EtCO2) Normal: 35 a 45 mmHg • Avalie os equipamentos para garantir que ele esteja funcionando corretamente e forneça resultados precisos. • Escolha um equipamento com base nas condições e características do paciente (p.ex., não usar um manguito de PA de tamanho adulto para uma criança). • Saiba a variação habitual dos sinais vitais do paciente. Esses valores podem diferir do intervalo aceitável para aquela idade ou estado físico. Os valores habituais do paciente servem como uma linha de base para a comparação com os resultados posteriores. Dessa forma, você é capaz de detectar uma mudança na condição ao longo do tempo. • Conheça a história médica do paciente, as terapias e os medicamentos prescritos. Algumas enfermidades ou tratamentos causam alterações previsíveis nos sinais vitais. Alguns medicamentos afetam um ou mais sinais vitais. • Controle ou minimize os fatores ambientais que afetam os sinais vitais. Por exemplo, a avaliação da temperatura de um paciente em uma sala quente e úmida pode produzir um valor que não é um indicador verdadeiro da sua condição. • Use uma abordagem organizada, sistemática quando são coletados os sinais vitais. Cada procedimento requer uma abordagem passo a passo para garantir a precisão. • Com base na condição do paciente, colaborar com os profissionais de saúde para decidir a frequência da avaliação de sinais vitais. No hospital, os profissionais de saúde pedem uma frequência mínima de medição de sinais vitais para cada paciente. Após a cirurgia ou intervenção de tratamento, você mede os sinais vitais com mais frequência para detectar complicações. Em uma clínica ou ambulatório, você obtém os sinais vitais antes que o profissional de saúde examine o paciente e depois de quaisquer procedimentos invasivos. Conforme a condição física do paciente piora, frequentemente é necessário monitorar os sinais vitais até a cada 5 a 10 minutos. A enfermeira é responsável por julgar se as avaliações mais frequentes são necessárias (Quadro 30-2). Quadro 30-2 Quando Medir os Sinais Vitais • Na internação em uma unidade de saúde • Ao avaliar um paciente durante as visitas domiciliares • Em umhospital, em uma programação de rotina de acordo com o pedido do profissional de saúde ou normas de práticas hospitalares antes, durante e após um procedimento cirúrgico ou procedimento diagnóstico invasivo • Antes, durante e após uma transfusão de sangue e hemoderivados • Antes, durante e após a administração de medicamentos ou terapias que afetam as funções cardiovascular, respiratória ou de controle de temperatura • Quando a condição física geral de um paciente muda (p.ex., perda de consciência ou aumento da intensidade da dor) • Antes, durante e depois das intervenções de enfermagem que influenciam um sinal vital (p.ex., antes de um paciente que estava previamente no leito deambular ou antes de um paciente realizar exercícios de amplitude de movimento) • Quando um paciente relata sintomas inespecíficos de desconforto físico (p.ex., sensação de “engraçado” ou “diferente”) • Use as medições dos sinais vitais para determinar indicações para administração de medicamentos. Por exemplo, dar certos medicamentos cardíacos somente dentro de uma variação de pulso ou valores da PA. Administre antipiréticos quando a temperatura estiver elevada fora do intervalo aceitável para o paciente. Conheça os limites aceitáveis para os seus pacientes antes de administrar os medicamentos. • Analise os resultados da medição de sinais vitais com base na condição do paciente e história clínica passado. • Verifique e comunique alterações significativas nos sinais vitais. As medições de linha de base fornecem um ponto de partida para identificar e interpretar com precisão possíveis mudanças. Quando os sinais vitais parecem anormais, faça com que outra enfermeira ou profissional de saúde repita a medição para verificar as leituras. Informe a enfermeira responsável ou o profissional de saúde imediatamente, registre os achados na documentação de seu paciente e relate as alterações de sinais vitais para as enfermeiras durante a comunicação de informações sobre o paciente (TJC, 2016) • Oriente o paciente ou familiar cuidador sobre a avaliação de sinais vitais e o significado dos resultados. Temperatura corporal Fisiologia A temperatura do corpo é a diferença entre a quantidade de calor produzido por processos corporais e a quantidade perdida para o ambiente externo. Apesar de extremos nas condições ambientais e da atividade física, os mecanismos de controle de temperatura dos seres humanos mantêm a temperatura central (temperatura dos tecidos profundos) relativamente constante (Fig. 30-1). Contudo, a temperatura da superfície varia, dependendo do fluxo de sangue para a pele e da quantidade de calor perdido para o ambiente externo. Os tecidos e células do corpo funcionam eficientemente dentro de um intervalo estreito, de 36°C a 38°C, mas não há uma temperatura única que seja normal para todas as pessoas. FIGURA 30-1 Variações dos valores de temperatura corporal normal e alterações anormais da temperatura. O local de medição de temperatura (oral, retal, membrana timpânica, artéria temporal, esofágico, artéria pulmonar, axilar ou até mesmo bexiga) é um fator que determina a temperatura de um paciente. Para os adultos jovens saudáveis, a temperatura oral média é de 37°C. Na população idosa, a temperatura central varia de 35°C a 36,1°C como resultado da imunidade diminuída (Touhy and Jett, 2014). A hora do dia também afeta a temperatura do corpo, com a temperatura mais baixa às 6h e a temperatura mais alta às 16h em pessoas saudáveis. As medidas invasivas, tais como com um cateter de artéria pulmonar, são consideradas temperaturas centrais; enquanto as temperaturas axilares são um reflexo da temperatura da superfície do corpo. É importante lembrar que uma medição de temperatura corporal consistente a partir de um único local permite monitorar padrões de temperatura corporal do seu paciente. À medida que você avalia essas tendências de temperatura, você pode colaborar com a equipe de saúde para determinar se um local de medição da temperatura corporal é mais apropriado. Regulação da Temperatura Corporal Os mecanismos fisiológicos e comportamentais regulam o equilíbrio entre a perda de calor e o calor produzido, ou termorregulação. Para a temperatura do corpo ficar constante e dentro de uma faixa aceitável, vários mecanismos mantêm a relação entre a produção e a perda de calor. Aplicar o conhecimento dos mecanismos de controle de temperatura para promover a regulação da temperatura. Controle Neural e Vascular O hipotálamo, localizado entre os hemisférios cerebrais, controla a temperatura corporal da mesma forma que um termostato funciona em casa. A temperatura confortável é o “ponto de ajuste” em que um sistema de aquecimento funciona. No lar, uma queda na temperatura ambiental ativa a caldeira de calefação, ao passo que um aumento da temperatura desliga o sistema. O hipotálamo detecta pequenas mudanças na temperatura corporal. O hipotálamo anterior controla a perda de calor, e o hipotálamo posterior controla a produção de calor. Quando as células nervosas no hipotálamo anterior ficam aquecidas além do ponto de ajuste, impulsos são enviados para reduzir a temperatura corporal. Mecanismos de perda de calor incluem transpiração, vasodilatação (alargamento dos vasos sanguíneos) e a inibição da produção de calor. O corpo redistribui sangue para vasos da superfície para promover a perda de calor. Se o hipotálamo posterior detectar que a temperatura do corpo está menor que o ponto de ajuste, o corpo inicia mecanismos de conservação de calor. A vasoconstrição (estreitamento dos vasos sanguíneos) reduz o fluxo de sangue para a pele e extremidades. A produção de calor compensatória é estimulada através de contração muscular voluntária e tremores musculares. Quando a vasoconstrição é ineficaz na prevenção da perda de calor adicional, começam os tremores. A doença ou o trauma do hipotálamo ou da medula espinhal, que transporta mensagens hipotalâmicas, provoca graves alterações no controle da temperatura. Produção de Calor A regulação da temperatura depende de processos de produção de calor normal. O calor produzido pelo corpo é um subproduto do metabolismo, que é a reação química em todas as células do corpo. O alimento é a fonte primária de combustível para o metabolismo. As atividades que requerem reações químicas adicionais aumentam a taxa metabólica. Conforme o metabolismo aumenta, calor adicional é produzido. Quando o metabolismo diminui, menos calor é produzido. A produção de calor ocorre durante o repouso, movimentos voluntários, tremor involuntário e termogênese sem tremores de frio. • O metabolismo basal é responsável pelo calor produzido pelo corpo em repouso absoluto. A taxa metabólica basal (TMB) média depende da área de superfície corporal. Os hormônios da tireoide também afetam a TMB. Ao promover a degradação de glicose e de gordura corporal, os hormônios da tireoide aumentam a taxa de reações químicas em quase todas as células do corpo. Quando grandes quantidades de hormônios da tireoide são secretadas, a TMB pode aumentar 100% acima do normal. A ausência de hormônios da tireoide reduz a TMB pela metade, causando uma diminuição na produção de calor. O hormônio masculino testosterona aumenta a TMB. Os homens têm uma TMB maior que as mulheres. • Os movimentos voluntários, tais como a atividade muscular durante o exercício, necessitam de energia adicional. A taxa metabólica aumenta durante a atividade, às vezes fazendo que a produção de calor aumente até 50 vezes o normal. • Os tremores por frio são uma resposta do organismo involuntária a diferenças de temperatura no corpo. O movimento do músculo esquelético durante os tremores por frio requer energia significativa. O tremor por frio algumas vezes aumenta a produção de calor 4 a 5 vezes mais que o normal. O calor que é produzido ajuda a compensar a temperatura corporal e o tremor por frio cessa. Em pacientes vulneráveis o tremor por frio drena severamente fontes de energia, resultando em uma maior deterioração fisiológica. • A termogênese semtremores por frio ocorre principalmente em recém-nascidos. Como os recém-nascidos não podem tremer por frio, uma quantidade limitada de tecido marrom vascular, presente no nascimento, é metabolizada para a produção de calor. Perda de Calor A perda de calor e a produção de calor ocorrem simultaneamente. A estrutura da pele e a exposição ao ambiente resultam na perda de calor normal constante através de radiação, condução, convecção e evaporação. A radiação é a transferência de calor a partir da superfície de um objeto para a superfície de outro sem contato direto entre os dois. Até 85% da área da superfície do corpo humano irradia calor para o ambiente. A vasodilatação periférica aumenta o fluxo de sangue a partir dos órgãos internos para a pele para aumentar a perda de calor radiante. A vasoconstrição periférica minimiza a perda de calor radiante. A radiação aumenta conforme a diferença de temperatura entre os objetos aumenta. A perda de calor por radiação pode ser considerável durante a cirurgia, quando a pele do paciente está exposta a um ambiente fresco. No entanto, se o ambiente for mais quente que a pele, o corpo absorverá o calor através de radiação. A posição do paciente aumenta a perda de calor de radiação (p.ex., a posição em pé expõe uma maior área de superfície de radiação, e ficar deitado em uma posição fetal minimiza a radiação de calor). Ajude a promover a perda de calor através de radiação pela remoção de roupa ou cobertores. Cobrir o corpo com roupas justas e escuras diminui a quantidade de calor perdido a partir de radiação. A condução é a transferência de calor de um objeto para outro com contato direto. Sólidos, líquidos e gases conduzem o calor através do contato. Quando a pele quente toca um objeto mais frio, o calor é perdido. A condução normalmente é responsável por uma pequena quantidade de perda de calor. Aplicar uma bolsa de gelo ou dar banho em um paciente com um pano frio aumenta a perda de calor por condução. A aplicação de várias camadas de roupa reduz a perda condução. O corpo ganha calor por condução quando entra em contato com os materiais mais quentes que a temperatura da pele (p.ex., a aplicação de uma almofada de aquatermia). A convecção é a transferência de calor para longe pelo movimento do ar. Um ventilador promove a perda de calor através de convecção. A taxa de perda de calor aumenta quando a pele umedecida entra em contato com o ar ligeiramente em movimento. A evaporação é a transferência da energia de calor quando um líquido é alterado para um gás. O corpo perde continuamente calor por evaporação. Aproximadamente 600 a 900 mL por dia evaporam da pele e dos pulmões, resultando em perda de água e de calor. Ao regular a perspiração ou transpiração, o corpo promove a perda de calor por evaporação adicional. Quando a temperatura do corpo sobe, o hipotálamo anterior sinaliza para as glândulas sudoríparas liberarem a transpiração através de minúsculos ductos na superfície da pele. O suor evapora, resultando em perda de calor. Durante o exercício físico mais de 80% do calor produzido é perdido por evaporação. A diaforese é a transpiração visível que ocorre principalmente na testa e na parte superior do tórax, embora ela possa ser observada em outros lugares no corpo. Para cada hora de exercício em condições de calor, de 0,5 a 2 L de fluido corporal podem ser perdidos no suor (Rowland, 2011). A evaporação excessiva provoca descamação da pele, prurido e secura das narinas e faringe. Uma temperatura corporal diminuída inibe a secreção de glândulas sudoríparas. Pessoas que têm uma ausência congênita de glândulas sudoríparas ou uma doença de pele grave que prejudica a transpiração são incapazes de tolerar temperaturas quentes, porque elas não conseguem se refrescar adequadamente. Pele na Regulação da Temperatura A pele regula a temperatura do meio de isolamento do corpo, vasoconstrição (que afeta a quantidade de fluxo sanguíneo e a perda de calor para a pele) e sensação de temperatura. A pele, o tecido subcutâneo e a gordura mantêm o calor no interior do corpo. Pessoas com mais gordura corporal têm mais isolamento natural que as pessoas magras e musculosas. A forma como a pele controla a temperatura do corpo é semelhante à maneira como um radiador de automóvel controla a temperatura do motor. Um motor de automóvel gera uma grande quantidade de calor. A água é bombeada através do motor para recolher o calor e transportá-lo para o radiador, onde um ventilador transfere o calor da água para o ar exterior. No corpo humano, os órgãos internos produzem calor; durante o exercício ou o aumento da estimulação simpática (tal como na resposta ao estresse), a quantidade de calor produzido é maior que a temperatura central normal. O sangue flui a partir dos órgãos internos, dissipando o calor para a superfície do corpo. A pele tem muitos vasos sanguíneos, especialmente nas áreas das mãos, pés e orelhas. O fluxo de sangue através dessas áreas vasculares de pele varia a partir de um fluxo mínimo de até 30% do sangue ejetado a partir do coração. O calor é transferido a partir do sangue, através das paredes dos vasos, para a superfície da pele e é perdido para o ambiente através dos mecanismos de perda de calor. A temperatura central do corpo permanece dentro de limites seguros. O grau de vasoconstrição determina a quantidade de fluxo sanguíneo e a perda de calor para a pele. Se a temperatura central for demasiadamente elevada, o hipotálamo inibe a vasoconstrição. Como resultado, os vasos sanguíneos dilatam e mais sangue atinge a superfície da pele. Em um dia quente e úmido, os vasos sanguíneos nas mãos estão dilatados e facilmente visíveis. Em contraste, se a temperatura central se tornar demasiado baixa, o hipotálamo inicia a vasoconstrição e o fluxo de sangue para a pele diminui para conservar calor. Controle Comportamental Os indivíduos saudáveis são capazes de manter a temperatura corporal confortável quando expostos a temperaturas extremas. A capacidade de uma pessoa para controlar a temperatura corporal depende (1) do grau de temperatura extrema, (2) da capacidade da pessoa para sentir se sente-se confortável ou desconfortável, (3) dos processos de pensamento ou emoções e (4) da mobilidade ou da capacidade da pessoa para tirar ou colocar roupas. Os indivíduos são incapazes de controlar a temperatura corporal se qualquer uma dessas habilidades for perdida. Por exemplo, os lactentes são capazes de sentir condições quentes desconfortáveis, mas precisam de ajuda para mudar seu ambiente. Os idosos algumas vezes precisam de ajuda para detectar ambientes frios e minimizar a perda de calor. As enfermidades, um nível de consciência diminuído ou processos de pensamento prejudicados resultam em uma incapacidade de reconhecer a necessidade de mudar o comportamento para o controle de temperatura. Quando as temperaturas tornam-se extremamente quentes ou frias, comportamentos que promovem a saúde, tais como tirar ou colocar roupas, têm um efeito limitado sobre o controle da temperatura. Fatores que Afetam a Temperatura Corporal Muitos fatores afetam a temperatura corporal. Mudanças na temperatura do corpo dentro de uma faixa aceitável ocorrem quando os mecanismos fisiológicos ou comportamentais alteram a relação entre a produção de calor e a perda de calor. Esteja ciente desses fatores ao avaliar as variações de temperatura e ao avaliar os desvios do normal. Idade Ao nascer, o recém-nascido deixa um ambiente quente e relativamente constante e entra em um no qual as temperaturas oscilam muito. Os mecanismos de controle de temperatura são imaturos. A temperatura de um lactente responde drasticamente a alterações no ambiente. Tome cuidado extra para proteger os recém-nascidos de temperaturas ambientais. Forneça a roupa adequada e evite a exposição dos lactentes a temperaturas extremas. Um recém-nascido perde até 30% do calor do corpo através da cabeça e, portanto, precisa usar um gorro para evitar a perda de calor. Quando protegido de condições ambientais extremas, a temperaturacorporal do recém-nascido fica geralmente dentro de 35,5°C a 37,5°C. A regulação da temperatura é instável até que as crianças atinjam a puberdade. A variação de temperatura normal gradualmente diminui à medida que o indivíduo se aproxima da idade adulta mais avançada. O idoso tem uma variação mais estreita de temperaturas corporal que o adulto jovem. As temperaturas orais de 35°C algumas vezes são encontradas em idosos em clima frio. Todavia, a temperatura corporal média dos idosos é de aproximadamente 35°C a 36,1°C. Os idosos são particularmente sensíveis a temperaturas extremas por causa da deterioração dos mecanismos de controle, do controle vasomotor particularmente precário (controle de vasoconstrição e vasodilatação), das quantidades reduzidas de tecido subcutâneo, da atividade reduzida das glândulas sudoríparas e do metabolismo reduzido. Exercício A atividade muscular requer um maior fornecimento de sangue e carboidrato e quebra de gordura. Qualquer forma de exercício aumenta o metabolismo e a produção de calor e, assim sendo, a temperatura corporal. O exercício extenuante e prolongado, tal como corrida de longa distância, aumenta temporariamente a temperatura corporal. Nível Hormonal Em geral, as mulheres experimentam maiores flutuações na temperatura corporal que os homens por causa das variações hormonais durante o ciclo menstrual, quando os níveis de progesterona sobem e descem ciclicamente. No momento que os níveis de progesterona estão baixos, a temperatura do corpo está alguns décimos de um grau abaixo do nível da linha de base. A temperatura mais baixa prevalece até que ocorra a ovulação. Ao longo da ovulação, maiores quantidades de progesterona entram no sistema circulatório e elevam a temperatura corporal para níveis na linha de base anteriores ou maiores. Essas variações de temperatura ajudam a prever o período mais fértil de uma mulher para se conseguir a gravidez. As alterações da temperatura corporal também ocorrem em mulheres durante a menopausa (cessação da menstruação). Com frequência, as mulheres que pararam de menstruar passam por períodos de calor corporal intenso e sudorese com duração de 30 segundos a 5 minutos. Nesses períodos, com frequência, a temperatura da pele tem aumentos intermitentes de até 4°C, chamados de fogachos, causados pela instabilidade dos controles vasomotores para a vasodilatação e a vasoconstrição. Ritmo Circadiano A temperatura corporal normalmente muda de 0,5°C a 1°C durante um período de 24 horas; porém, ela é um dos ritmos mais estáveis nos seres humanos. É geralmente menor entre 1h e 4h (Fig. 30-2). Durante o dia, a temperatura do corpo aumenta de forma constante até um valor de temperatura máxima aproximadamente às 16h e então diminui para os níveis da manhã. Os padrões de temperatura não são revertidos automaticamente nas pessoas que trabalham à noite e dormem durante o dia. Leva de 1 a 3 semanas para a reversão do ciclo. Em geral, o ritmo circadiano da temperatura não muda com a idade. FIGURA 30-2 Ciclo de temperatura por 24 horas. Estresse O estresse físico e emocional aumenta a temperatura do corpo através da estimulação hormonal e neural (Cap. 38). Essas alterações fisiológicas aumentam o metabolismo, o que aumenta a produção de calor. Com frequência, um paciente que está ansioso com a entrada em um hospital ou em um consultório de um profissional de saúde tem uma temperatura normal superior. Ambiente O ambiente influencia a temperatura do corpo. Quando colocado em uma sala quente, um paciente pode ser incapaz de regular a temperatura corporal pelos mecanismos de perda de calor, e a temperatura do corpo pode subir. Se o paciente estiver em ambiente externo, no frio, sem roupas quentes, a temperatura do corpo pode ser baixa como resultado de extensa perda de calor radiante e por condução. As temperaturas ambientais afetam lactentes e idosos com mais frequência, porque os seus mecanismos de regulação de temperatura são menos eficientes. Alterações de Temperatura As alterações na temperatura do corpo fora do intervalo habitual estão relacionadas com a produção excessiva de calor, a perda de calor excessiva, a produção de calor mínima, a perda de calor mínima ou qualquer combinação dessas alterações. Febre A febre, ou pirexia, ocorre porque os mecanismos de perda de calor são incapazes de acompanhar o ritmo da produção excessiva de calor, resultando em um aumento anormal da temperatura corporal. Uma febre geralmente não é prejudicial se ela ficar abaixo de 39°C em adultos ou abaixo de 40°C em crianças. Uma simples leitura da temperatura nem sempre indica uma febre. Em adição aos sinais físicos e sintomas de infecção, a determinação da febre baseia-se em várias leituras de temperatura em diferentes momentos do dia, em comparação com o valor normal para essa pessoa naquele momento. Uma febre verdadeira resulta de uma alteração do ponto de ajuste hipotalâmico. Os pirógenos, tais como bactérias e vírus, elevam a temperatura do corpo. Eles agem como antígenos, desencadeando respostas do sistema imunológico. O hipotálamo reage para elevar o ponto de ajuste, e o corpo responde produzindo e conservando o calor. Várias horas passam antes que a temperatura corporal atinja o novo ponto de ajuste. Durante esse período, a pessoa tem calafrios, tremores por frio e frio, embora a temperatura do corpo esteja aumentando (Fig. 30-3). A fase do calafrio resolve-se quando o novo ponto de ajuste, uma temperatura mais elevada, é alcançado. Ao longo da próxima fase, o platô, os calafrios diminuem, e a pessoa se sente quente e seca. Se o novo ponto de ajuste for “ultrapassado” ou se os pirógenos forem removidos (p.ex., destruição de bactérias por antibióticos), ocorre a terceira fase de um episódio febril. O ponto de ajuste do hipotálamo cai, iniciando respostas de perda de calor. A pele fica quente e ruborizada por causa da vasodilatação. A diaforese auxilia na perda de calor por evaporação. Quando a febre “cessa”, o paciente torna-se afebril. FIGURA 30-3 Efeito da alteração do ponto de ajuste de controle de temperatura hipotalâmico durante a febre. (Modificado de Guyton AC, Hall JE: Textbook of medical physiology, ed 12, Philadelphia, 2011, Saunders.) A febre é um importante mecanismo de defesa. Leves elevações da temperatura para até 39°C reforçam o sistema imunológico do corpo. Durante um episódio febril, a produção de leucócitos é estimulada. O aumento da temperatura reduz a concentração de ferro no plasma sanguíneo, suprimindo o crescimento de bactérias. A febre também combate as infecções virais através da estimulação do interferon, a substância natural de combate aos vírus do corpo. As febres e os padrões de febre servem a um propósito de diagnóstico. Os padrões de febre diferem, dependendo do pirógeno causador (Quadro 30-3). O aumento ou a diminuição na atividade de pirógenos resulta em picos de febre e declina em diferentes momentos do dia. A duração e o grau de febre depende da força do pirógeno e da capacidade do indivíduo para responder. O termo febre de origem desconhecida refere-se a uma febre com uma causa indeterminada. Quadro 30-3 Padrões de Febre Sustentada: Uma temperatura corporal constante continuamente acima de 38°C que tem pouca flutuação Intermitente: Picos de febre intercalados com níveis de temperatura habituais (A temperatura volta ao valor aceitável pelo menos uma vez a cada 24 horas.) Remitente: Picos e quedas de febre sem um retorno a níveis de temperatura aceitáveis. Reincidente: Períodos de episódios febris e períodos com valores de temperatura aceitáveis (Episódios febris e períodos de normotermia são com frequência mais longos que 24 horas.) No período de uma febre celular, o metabolismo aumenta, assim como o consumo de oxigênio. O metabolismo do corpo aumenta 10% para cada grau Celsius de elevação da temperatura. As frequências cardíaca e respiratória aumentam para preencher as necessidades metabólicas do organismo de nutrientes. O metabolismo aumentado utiliza energia que produz calor adicional.Se um paciente tem um problema cardíaco ou respiratório, o estresse de uma febre é grande. Uma febre prolongada enfraquece um paciente pelo esgotamento das reservas de energia. O metabolismo aumentado requer oxigênio adicional. Se o corpo não pode preencher essa demanda, ocorre hipóxia celular (oxigênio insuficiente). A hipóxia do miocárdio produz angina (dor no peito), e a cerebral produz confusão. As intervenções durante uma febre incluem a terapia de oxigênio. Quando a perda de água através do aumento da respiração e da diaforese for excessiva, o paciente está em risco de déficit de volume de líquidos. A desidratação é um sério problema para os idosos e crianças com baixo peso corporal. A manutenção do estado ótimo de volume de fluido é uma ação de enfermagem importante (Cap. 42). Hipertermia Uma temperatura corporal elevada relacionada com a incapacidade do corpo para promover a perda de calor ou reduzir a produção de calor é a hipertermia. Considerando que a febre é um deslocamento para cima no ponto de ajuste, a hipertermia resulta de uma sobrecarga dos mecanismos de termorregulação do corpo. Qualquer doença ou trauma no hipotálamo prejudica os mecanismos de perda de calor. A hipertermia maligna é uma condição hereditária da produção de calor descontrolada que ocorre quando as pessoas suscetíveis recebem certas medicações anestésicas. Termoplegia O calor deprime a função hipotalâmica. A exposição prolongada ao sol ou a um ambiente de alta temperatura supera os mecanismos de perda de calor do corpo. Essas condições causam termoplegia, definida como uma temperatura corporal de 40°C ou mais (Goforth e Kazman, 2015). A termoplegia é uma emergência de calor perigosa com uma alta taxa de mortalidade. Os pacientes em risco incluem os muito jovens ou muito velhos e aqueles que têm doença cardiovascular, hipotireoidismo, diabetes ou alcoolismo. Também estão em risco aqueles que tomam medicamentos que diminuem a capacidade do corpo para perder calor (p.ex., fenotiazinas, anticolinérgicos, diuréticos, anfetaminas antagonistas dos receptores beta-adrenérgicos) e aqueles que se exercitam ou trabalham arduamente (p.ex., atletas, trabalhadores da construção civil e agricultores). Os sinais e sintomas de termoplegia incluem tontura, confusão, delírio, excesso de sede, náuseas, cãibras musculares, distúrbios visuais e até mesmo incontinência. Os sinais vitais revelam uma temperatura corporal algumas vezes tão elevada quanto 45°C, com um aumento na frequência cardíaca (FC) e redução da PA. O sinal mais importante da termoplegia é a pele quente e seca. As vítimas de termoplegia não transpiram por causa da grave perda de eletrólitos e do mau funcionamento do hipotálamo. Se a doença progredir, um paciente com termoplegia torna-se inconsciente, com pupilas fixas não reativas. Ocorrem danos neurológicos permanentes a menos que sejam iniciadas medidas de resfriamento rapidamente. Exaustão por Calor A exaustão por calor ocorre quando a diaforese profusa resulta em excesso de perda de água e de eletrólitos. Causada pela exposição ao calor ambiental, um paciente apresenta sinais e sintomas de volume de líquido deficiente (Cap. 42). Os primeiros socorros incluem o transporte do paciente para um ambiente mais frio e a restauração do equilíbrio de fluidos e eletrólitos. Hipotermia A perda de calor durante a exposição prolongada ao frio ultrapassa a capacidade do corpo para produzir calor, causando hipotermia. A hipotermia é classificada por medições de temperatura central (Tabela 30-1). Algumas vezes, ela é não intencional, tal como cair no gelo de um lago congelado. Ocasionalmente, a hipotermia é induzida intencionalmente durante procedimentos cirúrgicos ou de emergência para reduzir a demanda metabólica e a necessidade do corpo por oxigênio. Tabela 30-1 Classificação de Hipotermia Celsius Fahrenheit Leve 34° a 36° 93,2° a 96,8° Moderada 30° a 34° 86,0° a 93,2° Severa < 30° < 86° A hipotermia acidental geralmente se desenvolve gradualmente e passa despercebida por várias horas. Quando a temperatura da pele cai abaixo de 34°C, o paciente sofre tremores por frio descontroladamente, perda de memória, depressão e julgamento precário. À medida que a temperatura do corpo cai mais ainda, caem a FC, a frequência respiratória e a PA. A pele torna-se cianótica. Os pacientes apresentam arritmias cardíacas, perda de consciência e falta de resposta a estímulos dolorosos se a hipotermia progredir. Em casos de grave hipotermia, a pessoa demonstra sinais clínicos semelhantes aos da morte (p.ex., falta de resposta a estímulos e respirações e pulso extremamente lentos). Quando se suspeitar de hipotermia, a avaliação da temperatura central é crucial. Um termômetro especial de leitura baixa é necessário, porque os dispositivos-padrão não registram abaixo de 35°C. A geladura ou queimadura pelo frio ocorre quando o corpo é exposto a temperaturas subnormais. Cristais de gelo formam-se no interior das células e ocorrem danos permanentes circulatório e tecidual. As áreas particularmente suscetíveis a geladuras são os lóbulos das orelhas, a ponta do nariz e os dedos das mãos e os artelhos dos pés. A área lesionada torna-se branca, cerosa e firme ao toque. O paciente perde a sensação na área afetada. As intervenções incluem medidas de aquecimento gradual, analgesia e proteção do tecido lesado. Processo de enfermagem Aplicar o processo de enfermagem e usar uma abordagem de pensamento crítico em seu cuidado dos pacientes. O processo de enfermagem fornece uma abordagem de tomada de decisão clínica para você desenvolver e implementar um plano individualizado de cuidado. O conhecimento da fisiologia da regulação da temperatura corporal é essencial para avaliar e evoluir a resposta de um paciente às alterações de temperatura e intervir de forma segura. Implemente medidas independentes para aumentar ou minimizar a perda de calor, promover a conservação de calor e aumentar o conforto. Essas medidas complementam os efeitos das terapias medicamente recomendadas durante a doença. Você também fornece educação para os membros da família, os pais das crianças ou outros cuidadores. Histórico de Enfermagem Em todo o processo de coleta de dados, deve-se avaliar cuidadosamente cada paciente e analisar criticamente os resultados para garantir que você tome decisões clínicas centradas no paciente exigidas para os cuidados de enfermagem seguros. Pelos Olhos do Paciente Identificar os valores do seu paciente, as crenças, os tratamentos atuais e as expectativas em relação ao tratamento da febre. Quando possível, selecionar o local de temperatura preferido pelo paciente. Incluir as preferências do paciente ao selecionar intervenções não farmacológicas para hipertermia (p.ex., cobertores de resfriamento, banhos tépidos, ventiladores). Locais A temperatura corporal central e da superfície podem ser medidas em diversos locais. As unidades de cuidados intensivos usam as temperaturas centrais da artéria pulmonar, esôfago e bexiga urinária. Essas medições requerem o uso de dispositivos invasivos contínuos colocados em cavidades do corpo ou órgãos e exibem continuamente leituras num monitor eletrônico. Use um termômetro para obter as medições de temperatura intermitentes da boca, reto, membrana timpânica ou artéria temporal. As medições de temperatura axilar, obtidas pela colocação de um termômetro sob a axila, não são recomendadas em adultos, porque elas mostraram ser imprecisas e refletir fracamente a temperatura central (Haugan et al., 2012; Reynolds et al., 2014). No entanto, as medições axilares mostraram ser tão confiáveis quanto a medição da temperatura retal em lactentes estáveis (Charafeddine et al., 2014). Você pode aplicar adesivos de termômetro quimicamente preparados não invasivos na pele. Os locais de temperatura oral, retal e cutânea dependem da circulação sanguínea eficaz no local de medição. O calor do sangue é conduzido para a sonda do termômetro. A temperatura timpânica baseia-se na radiação de calor do corpo para um sensorinfravermelho. Como a membrana timpânica compartilha o mesmo fornecimento de sangue arterial com o hipotálamo, ela é uma temperatura central. As medições da artéria temporal detectam a temperatura do fluxo de sangue cutâneo. Para garantir leituras de temperatura precisas, medir cada local corretamente (consultar Procedimento 30-1 mais adiante). A temperatura obtida varia, dependendo do local utilizado, mas está normalmente entre 36°C e 38°C. As temperaturas retais são geralmente 0,5°C maiores que as temperaturas orais. Cada um dos locais de medição de temperatura comuns tem vantagens e desvantagens (Quadro 30-4). Escolha o local mais seguro e mais preciso para cada paciente. Sempre que possível, use o mesmo local quando as medições repetidas são necessárias. Quadro 30-4 Vantagens e Desvantagens na Seleção dos Locais de Medição de Temperatura Vantagens do Local Limitações do Local Oral Facilmente acessível – não requer nenhuma mudança de posição Confortável para o paciente Fornece leitura da temperatura da superfície precisa Reflete uma mudança rápida da temperatura central Via confiável para medir a temperatura em pacientes que estão entubados Provoca atraso na medição se o paciente tiver recentemente ingerido líquidos quentes/frios ou alimentos, fumado ou estiver recebendo oxigênio por máscara/cânula Não para os pacientes que tiveram cirurgia oral, trauma, histórico de epilepsia ou calafrios Não para lactentes, crianças pequenas ou pacientes que estão confusos, inconscientes ou não cooperativos Risco de exposição a fluido corporal Membrana Timpânica Local facilmente acessível Reposicionamento de paciente mínimo exigido Obtida sem perturbar, em vigília ou reposicionando os pacientes Usada em pacientes com taquipneia sem afetar a respiração Sensível às mudanças de temperatura central Medição muito rápida (2 a 5 segundos) Não afetada pela ingestão oral de alimentos ou líquidos ou fumo Usada em recém-nascidos para reduzir a manipulação da criança e a perda de calor (Ozdemir et al., 2011) Não afetada pelas temperaturas ambientais (Schey et al., 2010) Mais variabilidade da medição que com outros dispositivos de temperatura central Requer a remoção de aparelhos auditivos antes da medição Requer tampa do sensor descartável com apenas um tamanho disponível Otite média e impactação de cerume distorce as leituras Não é usada em pacientes que tiveram a cirurgia do ouvido ou da membrana timpânica Não mede com precisão as mudanças de temperatura central durante e após o exercício Não obtém medição contínua Afetada por dispositivos de temperatura ambiente, tais como incubadoras, berços aquecidos e ventiladores faciais Quando utilizada em recém-nascidos, lactentes e crianças com menos de 3 anos, tenha cuidado para posicionar o dispositivo corretamente, porque a anatomia do canal auditivo torna difícil a posição Imprecisões relatadas causadas pelo posicionamento incorreto da unidade portátil Retal Defendida como a mais confiável quando é difícil ou impossível obter a temperatura oral Fica para trás da temperatura central durante as mudanças bruscas de temperatura Inadequada para pacientes com diarreia, distúrbios retais ou tendências hemorrágicas ou aqueles que fizeram cirurgia retal Exige posicionamento, é com frequência constrangedora para o paciente e gera ansiedade Risco de exposição de fluido corporal e danos à mucosa retal Requer lubrificação Inadequada para os sinais vitais de rotina em recém-nascidos Leituras influenciadas por fezes impactadas Pele Baixo custo Fornece leitura contínua Seguro e não invasivo Usado para recém-nascidos Medição fica atrás de outros locais durante as mudanças de temperatura, especialmente durante a hipertermia Adesão prejudicada pela diaforese ou suor Leitura afetada pela temperatura ambiental Não pode ser utilizada para pacientes com alergia a adesivos Artéria Temporal De fácil acesso sem mudança de posição Medição muito rápida Confortável sem nenhum risco de lesão do paciente ou enfermeiro Elimina a necessidade de se despir ou ser desenfaixado/desembrulhado Confortável para o paciente Usada em lactentes prematuros, recém-nascidos e crianças (Reynolds et al., 2014) Reflete uma mudança rápida da temperatura central Tampa do sensor não é necessária Imprecisa quando a cabeça está coberta ou há cabelo na testa Afetada pela umidade da pele, tal como diaforese ou sudorese Axilar Seguro e barato Confiável em lactentes estáveis a termo e prematuros (Charafeddine et al., 2014) Tempo de medição longo Requer posicionamento contínuo Medição fica atrás da temperatura central durante as mudanças bruscas de temperatura Não recomendada para a detecção de febre Requer exposição do tórax que pode resultar em perda de temperatura, especialmente em recém-nascidos Afetada pela exposição ao ambiente, incluindo o tempo de colocação do termômetro Subestima a temperatura central Termômetros Dois tipos de termômetros estão disponíveis para medir a temperatura corporal: eletrônico e descartável. O termômetro de vidro com coluna de mercúrio, que já foi o dispositivo-padrão, foi eliminado dos serviços de saúde nos Estados Unidos por causa dos riscos ambientais do mercúrio. No entanto, alguns pacientes ainda o usam em casa. Quando você encontrar um termômetro desse no domicílio, ensinar o paciente sobre os dispositivos de temperatura mais seguros e encorajar o descarte de produtos à base de mercúrio em locais apropriados para o descarte de produtos perigosos mais próximos. Os termômetros digitais descartáveis estão facilmente disponíveis para utilização no ambiente doméstico. Aqueles para uso domiciliar são úteis para a triagem de temperatura, mas não são tão precisos quanto os termômetros eletrônicos não descartáveis (Counts et al., 2014). Cada dispositivo mede a temperatura usando a escala Celsius ou Fahrenheit. Os termômetros eletrônicos convertem as escalas de temperatura pela ativação de um interruptor. Quando for necessário converter as leituras de temperatura, utilizar as seguintes fórmulas: 1. Para converter Fahrenheit para Celsius, subtrair 32 da leitura em Fahrenheit e multiplicar o resultado por 5/9. 2. Para converter Celsius para Fahrenheit, multiplicar a leitura em Celsius por 9/5 e adicionar 32 ao produto. Termômetro Eletrônico O termômetro eletrônico é composto por uma unidade com visor alimentada por bateria recarregável, um cabo de arame fino e uma sonda de processamento de temperatura coberta por uma cobertura de sonda descartável (Fig. 30-4). As sondas inquebráveis separadas estão disponíveis para uso oral e retal. Os termômetros eletrônicos fornecem dois modos de operação: uma temperatura preditiva de 4 segundos e uma temperatura padrão de 3 minutos. As enfermeiras usam o modo preditivo de 4 segundos, que melhora a precisão da medição. Um som toca e uma leitura aparece no visor da unidade quando a leitura de pico de temperatura foi medida. FIGURA 30-4 Termômetro eletrônico. A sonda azul é para uso oral. A sonda vermelha é para uso retal. Outra forma de termômetro eletrônico é usada exclusivamente para a temperatura timpânica. Um espéculo do tipo otoscópio com uma ponta de sensor infravermelho detecta o calor irradiado a partir da membrana timpânica. Em poucos segundos de colocação no canal auditivo, um som toca e uma leitura aparece no visor da unidade quando a leitura da temperatura de pico foi medida. Outra forma de termômetro eletrônico mede a temperatura da artéria temporal superficial. Um varredor portátil com uma ponta de sensor infravermelho detecta a temperatura do fluxo sanguíneo cutâneo pela varredura do sensor através da testa e exatamente atrás da orelha (Fig. 30-5). Após a conclusão da varredura, uma leitura aparece no visor da unidade. A temperatura da artéria temporal é uma medida não invasiva confiável da temperatura central. FIGURA 30-5 Termômetro de artéria temporal fazendo varredura da testa da criança. As maiores vantagens dos termômetros eletrônicos são que suas leituras aparecem empoucos segundos e eles são fáceis de ler. A bainha de plástico é inquebrável e ideal para crianças. Sua despesa é uma grande desvantagem. A limpeza de manutenção das sondas é uma consideração importante. Por exemplo, se não for devidamente limpa entre os pacientes, a contaminação gastrointestinal da sonda retal provocará a transmissão de doença. Limpe o termômetro diariamente com álcool e a sonda do termômetro com um algodão embebido em álcool após cada paciente, com especial atenção para as bordas onde a cobertura da sonda é presa na sonda. Termômetros de Ponto Químico Os termômetros de ponto químico de uso único ou reutilizáveis (Fig. 30-6) são tiras finas de plástico com um sensor de temperatura em uma extremidade. O sensor é constituído por uma matriz de pontos quimicamente impregnados que mudam de cor em diferentes temperaturas. Na versão Celsius, existem 50 pontos, cada um representando um incremento de temperatura de 0,1°C, ao longo de um intervalo de 35,5°C a 40,4°C. A versão em Fahrenheit tem 45 pontos com incrementos de 0,2°F e um intervalo de 96°F a 104,8°F. Os pontos químicos sobre o termômetro mudam de cor para refletir a leitura de temperatura, geralmente dentro de 60 segundos. A maioria é para uso individual. Em uma marca reutilizável para um único paciente, os pontos químicos voltam à cor original dentro de poucos segundos. Os termômetros de pontos químicos são geralmente para temperaturas orais. Você também pode usá-los para temperaturas retais quando cobertos por uma bainha de plástico e colocados por 3 minutos. Os termômetros de pontos químicos são úteis para temperaturas de triagem, especialmente em lactentes, crianças jovens e pacientes que estão entubados. Como eles com frequência subestimam a temperatura oral em 0,4°C (0,7°F) ou mais, use os termômetros eletrônicos para confirmar as medições feitas com um termômetro de ponto químico quando as decisões de tratamento estiverem envolvidas. Os termômetros de ponto químico são úteis quando se cuida de pacientes em isolamento protetor para evitar a necessidade de levar instrumentos eletrônicos ao quarto do paciente (Cap. 29). FIGURA 30-6 Tira de termômetro de uso único, descartável. Outro termômetro descartável útil para a temperatura de triagem é um adesivo ou fita sensível à temperatura. Aplicado na testa ou no abdome, áreas sensíveis químicas do adesivo mudam de cor em diferentes temperaturas. Esse tipo de termômetro também pode ser afetado pelas temperaturas ambientais. Diagnóstico de Enfermagem Depois de concluir a sua avaliação, agrupar as características definidoras para formar um diagnóstico de enfermagem (Quadro 30- 5). Por exemplo, um aumento na temperatura do corpo, pele avermelhada, pele quente ao toque e taquicardia indicam o diagnóstico de hipertermia. Indique um diagnóstico de enfermagem ou como uma alteração de temperatura em situação de risco ou focada no problema. Implemente ações para minimizar ou eliminar os fatores de risco se o paciente tiver um diagnóstico de risco. Exemplos de diagnósticos de enfermagem para pacientes com alterações de temperatura do corpo incluem o seguinte: • Risco de Desequilíbrio da Temperatura Corporal Quadro 30-5 Processo de Diagnóstico de Enfermagem Termorregulação Ineficaz Relacionada com Envelhecimento e Incapacidade para se Adaptar à Temperatura Ambiente Atividades de Avaliação Características Definidoras Obter sinais vitais, incluindo temperatura, pulso (Procedimento 30-2), respiração (Procedimento 30-3), SpO2 (Procedimento 30-4). Aumento da temperatura corporal acima da variação normal Taquicardia Taquipneia Hipoxemia Palpar a pele. Pele quente, seca Observar a aparência do paciente e o comportamento enquanto conversa e repousa. Inquietude Confusão Aparência ruborizada Revisar a história médica. Encontrado em apartamento não ventilado durante onda de calor; 85 anos com história de demência • Hipertermia • Hipotermia • Termorregulação Ineficaz • Risco de Hipotermia Uma vez que o diagnóstico estiver determinado, selecionar com precisão o fator relacionado para diagnósticos enfocados no problema. O fator relacionado permite que você desenvolva/estabeleça metas adequadas para o paciente e selecione as intervenções de enfermagem adequadas. No exemplo da hipertermia, um fator relacionado de atividade vigorosa resulta em intervenções muito diferentes daquelas de um fator relacionado de capacidade de transpirar diminuída. Planejamento de Enfermagem Durante o planejamento, integre o conhecimento adquirido a partir dos dados do histórico do paciente para desenvolver um plano de cuidado individualizado (Plano de Cuidado de Enfermagem). Combine as necessidades do paciente com as intervenções que são suportadas e recomendadas na literatura de pesquisa clínica. Metas e Resultados O plano de cuidado para um paciente com alteração na temperatura inclui metas realistas e individualizadas juntamente com resultados relevantes. Isso requer a colaboração do paciente e sua família no estabelecimento de metas e resultados e a seleção de intervenções de enfermagem. Estabelecer resultados esperados para medir o progresso rumo ao retorno da temperatura do corpo para uma faixa aceitável. Nos casos em que a alteração de temperatura requer ajudar os pacientes a modificar o seu ambiente, os objetivos podem ser de longo prazo (p.ex., a obtenção de roupas apropriadas para vestir em dias frios). Metas de curto prazo, tais como recuperar a faixa normal de temperatura do corpo, melhoram a saúde do paciente. No exemplo de um paciente que tem uma febre elevada e diaforese excessiva, o objetivo do cuidado é a obtenção de equilíbrio de fluidos e eletrólitos. O resultado é que a ingestão do paciente e a eliminação sejam equilibradas nas próximas 24 horas. Plano de cuidado de enfermagem Hipertermia Histórico de enfermagem Sr. Coburn é um professor de 56 anos que chega ao ambulatório com mal-estar. Sua história clínica inclui uma infecção urinária anterior. Vários de seus alunos saíram da escola ultimamente com resfriado. Ele tem se sentido mal durante os últimos 3 dias. Atividades para o Histórico de Enfermagem Achados /Características Definidoras* Palpar a pele. A pele do Sr. Coburn é quente e seca ao toque. Observar o comportament o do paciente enquanto fala e descansa. Sua respiração é com esforço; ele está usando os músculos acessórios do pescoço. Seu rosto está vermelho. Obter os sinais vitais. Pressão arterial no braço direito 116/62 mmHg, braço esquerdo 114/64 mmHg; pulso radial direito 128 batimentos/minuto, regular e latejante; frequência respiratória de 26 respirações/min, respirações profundas e regulares; SpO2 98% em ar ambiente; temperatura oral de 39,2°C. Rever a história clínica Ele admite fumar um maço de cigarros por dia e recentemente começou a expectorar um catarro amarelo esverdeado. Está cansado nos últimos 3 dias e, ao se levantar de manhã, sente-se tonto. * Características definidoras são mostradas em negrito. Diagnóstico de enfermagem: Hipertermia relacionada com processo infeccioso PLANEJAMENTO DE ENFERMAGEM Metas Resultados Esperados (NOC)† Termorregulação Sr. Coburn vai recuperar a faixa normal de temperatura corporal dentro das próximas 24 horas. A temperatura do corpo diminui pelo menos 1°C dentro das 8 horas seguintes. Ele indicará uma sensação de conforto e descanso no prazo de 48 horas seguintes. O paciente verbaliza aumento da satisfação com padrão de descanso e sono. O paciente relata aumento no nível de energia dentro dos próximos 3 dias. O equilíbrio de fluidos e eletrólitos do Sr. Coburn será mantido durante os próximos 3 dias. A ingestão é igual à eliminação nas próximas 24 horas. Não há evidência de hipotensão postural durante a deambulação. † Rótulos de classificação de resultado de Moorhead S et al: Nursing outcomes classification (NOC), ed 5, St Louis, 2013, Mosby. INTERVENÇÕES (NIC)‡ JUSTIFICATIVA Tratamento de Febre Orientar o Sr. Coburn a reduzir coberturas externas e manter as roupas e roupa de cama secas. Promovea perda de calor por condução e convecção. Orientá-lo a usar medicamentos antitérmicos prescritos com segurança quando necessário para o conforto. Antitérmicos reduzem o ponto de ajuste (Lehne, 2013). Orientar o Sr. Coburn a limitar a atividade física e aumentar para dois períodos de descanso por dia nos próximos 2 dias. Atividade e estresse aumentam a taxa metabólica, contribuindo para a produção de calor. Orientar o Sr. Coburn a aumentar os líquidos orais de escolha para 8 a 10 copos de 240 mL de líquidos diariamente. O aumento da taxa metabólica e diaforese associada a febre causam perda de fluidos corporais. ‡ Rótulos de classificação de intervenção de Bulechek GM et al: Nursing interventions classification (NIC), ed 6, St Louis, 2013, Mosby. AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM Ações de Enfermagem Resposta do Paciente/Achado Resultados Alcançados Obter a medida de temperatura corporal. A temperatura corporal é 37,8°C. Temperatura corporal dentro dos limites normais Obter as medidas de pressão arterial ortostática. As medidas de pressão arterial deitado, sentado e em pé estão dentro de 5 mmHg entre si. Sem evidência de hipotensão postural Perguntar ao Sr. Coburn se seu nível de energia mudou desde a última visita. Ele responde: “Estou dormindo muito melhor e voltei para o trabalho com muita energia.” Padrão de repouso e sono melhorado e nível de energia aumentado Definição de Prioridades Definir prioridades de cuidados no que diz respeito à extensão que a alteração de temperatura afeta um paciente. A gravidade de uma alteração de temperatura e seus efeitos, juntamente com o estado de saúde geral do paciente, influencia suas prioridades em seu cuidado. A segurança é uma prioridade primordial. Com frequência outros problemas médicos complicam o plano de cuidado. Por exemplo, o desequilíbrio da temperatura corporal afeta as necessidades corporais para fluidos. Os pacientes com problemas cardíacos frequentemente têm dificuldade para tolerar a terapia de reposição de fluido necessária. Trabalho em Equipe e de Colaboração Os pacientes com risco de temperatura corporal desequilibrada exigem um plano de cuidado individualizado direcionado para a manutenção da normotermia e redução dos fatores de risco. Por exemplo, é importante estabelecer o resultado a partir do qual o paciente pode explicar as ações apropriadas a serem tomadas e os recursos disponíveis na comunidade para uso (p.ex., estações de arrefecimento) durante uma onda de calor. Ensinar o paciente e o cuidador sobre a importância da termorregulação e as ações a serem tomadas durante o calor do ambiente excessivo. A educação é particularmente importante para os pais, que precisam saber como agir em casa e a quem chamar (p.ex., o consultório do profissional de saúde, a enfermeira do cuidado domiciliar), quando um lactente ou criança desenvolve um desequilíbrio de temperatura. Implementação Promoção de Saúde Ao manter o equilíbrio entre a produção e a perda de calor, você promove a saúde dos pacientes em risco de temperatura corporal desequilibrada. Considere a atividade do paciente, a temperatura do ambiente e as roupas. Ensine os pacientes a evitar o exercício extenuante em clima quente e úmido; beber líquidos, tais como água ou sucos de frutas claras antes, durante e após o exercício; e vestir roupas de cor clara, folgadas e leves. Ensinar também os pacientes a evitar o exercício em áreas com pouca ventilação, usar uma cobertura protetora sobre a cabeça quando ao ar livre e expor-se a climas quentes gradualmente. A prevenção é fundamental para os pacientes em risco de hipotermia. Ela envolve a educação dos pacientes, familiares e amigos. Os pacientes em risco incluem os muito jovens; os muito idosos; e as pessoas debilitadas por trauma, acidente vascular cerebral, diabetes, intoxicação por drogas ou alcoólica e sepse. Os pacientes que são mentalmente doentes ou deficientes algumas vezes são vítimas de hipotermia, porque eles não estão cientes dos perigos das condições de frio. Pessoas sem o adequado aquecimento doméstico, abrigo, alimentação ou vestimentas também estão em risco. Fadiga, pele de coloração escura, desnutrição e hipoxemia também contribuem para o risco de geladuras ou queimaduras pelo frio. Cuidado Agudo Febre Quando uma temperatura corporal elevada se desenvolve, inicie as intervenções para tratar a febre. O objetivo da terapia é aumentar a perda de calor, reduzir a produção de calor e prevenir complicações. A escolha de intervenções depende da causa; efeitos adversos; e força, intensidade e duração da elevação da temperatura. As enfermeiras são essenciais na avaliação e implementação de estratégias de redução de temperatura (Quadro 30-6). O profissional de saúde tenta determinar a causa da temperatura elevada isolando o pirógeno causador. Às vezes, é necessário obter amostras de cultura para análise laboratorial, tais como urina, sangue, catarro e locais de ferida (Cap. 29). Alguns medicamentos antibióticos são prescritos para serem administrados após as culturas terem sido obtidas. A administração de antibióticos destrói as bactérias pirogênicas e elimina o estímulo do corpo para a temperatura elevada. Quadro 30-6 Intervenções de Enfermagem para Pacientes com Febre Intervenções (A Menos que Contraindicado) • Obter culturas de sangue (antes de iniciar antibióticos) se solicitadas. Obter amostras de sangue para coincidir com picos de temperatura quando o organismo produtor de antígeno é mais prevalente. • Minimizar a produção de calor: reduzir a frequência das atividades que aumentam a demanda de oxigênio, tais como virar- se e ambular excessivamente; permitir períodos de descanso; limitar a atividade física. • Maximizar a perda de calor: reduzir o revestimento externo no corpo do paciente sem causar tremor por frio; manter o paciente, o vestuário e a roupa de cama secos. • Satisfazer os requisitos para aumento da taxa metabólica: fornecer terapia de oxigênio suplementar como requisitado para melhorar a entrega de oxigênio para as células do corpo; proporcionar medidas para estimular o apetite e oferecer refeições bem equilibradas; prover líquidos (pelo menos 8 a 10 copos de 240 mL para pacientes com função cardíaca e renal normal) a fim de repor os líquidos perdidos através da perda de água insensível e sudorese. • Promover o conforto do paciente: incentivar a higiene oral, porque as membranas mucosas orais secam facilmente a partir de desidratação; controlar a temperatura do ambiente sem induzir tremores por frio; aplicar pano úmido na testa do paciente. • Identificar o início e a duração das fases de episódios febris: analisar as medições de temperatura anteriores para descobrir tendências. • Iniciar orientações de saúde conforme indicado. • Controlar a temperatura ambiente para 21°C a 27°C. A maioria das febres em crianças são de origem viral, são breve e têm efeitos limitados. No entanto, as crianças ainda têm mecanismos de controle de temperatura imaturos, e as temperaturas podem subir rapidamente. Desidratação e convulsões febris ocorrem durante o aumento das temperaturas de crianças entre 6 meses e 3 anos. As convulsões febris são incomuns em crianças com mais de 5 anos. A extensão da temperatura, com frequência superior a 38,8°C, parece ser um fator mais importante que a rapidez do aumento da temperatura. As crianças estão particularmente em risco de déficit de volume de líquidos, porque elas podem perder rapidamente grandes quantidades de fluidos em proporção ao seu peso corporal. É importante manter os registros de ingestão e eliminação precisos, pesar o paciente diariamente, incentivar a ingestão de líquidos e fornecer cuidado oral regular. Às vezes, a febre é uma resposta de hipersensibilidade a um medicamento. As febres de medicamentos são com frequência acompanhadas de outros sintomas de alergia, tais como erupção cutânea ou prurido (coceira). O tratamento envolve a suspensão da medicação, o tratamento de qualquer comprometimento de integridade da pele e educação do pacientee da família sobre a alergia. Os antipiréticos são medicamentos que reduzem a febre. O acetaminofeno e os anti-inflamatórios não esteroides, tais como o ibuprofeno, salicilatos e indometacina, reduzem a febre aumentando a perda de calor. Apesar de não serem usados para tratar a febre, os corticosteroides reduzem a produção de calor por interferência na resposta hipotalâmica. É importante lembrar que os esteroides mascaram os sinais e sintomas de infecção por supressão do sistema imunológico. Assim sendo, os pacientes que têm prescrição de esteroides precisam ser monitorados de perto, especialmente se eles estiverem em risco de infecção. A terapia não farmacológica para a febre utiliza métodos que aumentam a perda de calor por evaporação, condução, convecção ou radiação. Certificar-se de que as medidas de enfermagem para melhorar a refrigeração do corpo não estimulem o tremor por frio, o qual é contraproducente, pois aumenta o gasto de energia em até 400%. Banhos tépidos com esponja, banhos com soluções de álcool e água, aplicação de compressas de gelo nas áreas de axilas e virilha e ventiladores foram previamente utilizados para reduzir a febre; contudo, evite essas terapias, porque levam a tremor por frio. Não há nenhuma vantagem desses métodos em relação aos medicamentos antipiréticos. Cobertores refrigerados por água circulante controlada por unidades motorizadas aumentam a perda de calor por condução. Seguir as instruções do fabricante para a aplicação de tais cobertores de hipotermia por causa do risco de ruptura da pele e “queimaduras pelo frio”. Colocar um lençol usado para banho no leito entre o paciente e o cobertor de hipotermia e envolver as extremidades distais (dedos das mãos, artelhos dos pés e genitália) reduz o risco de lesão de pele e tecido pela terapia de hipotermia. Envolver as extremidades do paciente reduz a incidência e a intensidade dos tremores por frio. Medicamentos tais como meperidina ou butorfanol reduzem os tremores por frio. Termoplegia A termoplegia é uma situação de emergência. O tratamento de primeiros socorros inclui levar o paciente para um ambiente mais frio; remover o excesso de roupas do corpo; colocar toalhas molhadas úmidas sobre a pele; e usar ventiladores oscilantes para aumentar a perda de calor por convecção. O tratamento médico de emergência inclui fluidos intravenosos (IV), irrigação do estômago e do intestino delgado com soluções frias e cobertores de hipotermia. Hipotermia O tratamento prioritário para a hipotermia é evitar uma queda adicional da temperatura corporal. Remover roupas molhadas, substituí-las por outras secas e envolver os pacientes em cobertores são as principais intervenções de enfermagem. Em caso de emergência longe de um serviço de saúde, fazer o paciente deitar-se sob cobertores ao lado de uma pessoa que está aquecida. Um paciente consciente beneficia-se de beber líquidos quentes, tais como sopa; evitar álcool e fluidos com cafeína. Também é útil manter a cabeça coberta, colocar o paciente perto de uma fogueira ou em um quarto quente, ou colocar almofadas de aquecimento ao lado de áreas do corpo (cabeça e pescoço) que perdem o calor mais rápido. Cuidado Restaurador e Contínuo Educar o paciente com uma febre sobre a importância de tomar e continuar quaisquer antibióticos conforme orientado até o curso do tratamento estar concluído. As crianças e os idosos estão em risco de volume de líquido deficiente, porque eles podem rapidamente perder grandes quantidades de fluidos em proporção ao seu peso corporal. A identificação de fluidos preferidos e o estímulo de ingestão de líquidos por via oral são importantes intervenções de enfermagem em curso. Avaliação de Enfermagem Pelos Olhos do Paciente Avaliar as perspectivas do seu paciente sobre os cuidados prestados. Ele ou ela está satisfeito(a) com os resultados do cuidado ou o plano de cuidados precisa ser modificado? Incluir o paciente na avaliação demonstra que você valoriza a sua perspectiva e contribui para a segurança do paciente. Resultados dos Pacientes Avaliar todas as intervenções de enfermagem comparando a resposta real do paciente com os resultados esperados do plano de cuidado. Determinar se as metas de cuidado foram atendidas e fazer revisões no plano de cuidado quando necessário. Depois de uma intervenção, medir a temperatura do paciente para avaliar a mudança. Além disso, usar outras medidas de avaliação tais como palpação da pele, do pulso e respirações. Se as terapias forem eficazes, a temperatura do corpo retorna para um intervalo aceitável, outros sinais vitais estabilizam e o paciente relata uma sensação de conforto. Pulso O pulso é o limite palpável do fluxo sanguíneo em uma artéria periférica. O sangue flui através do corpo num circuito contínuo. O pulso é um indicador indireto do estado circulatório. Fisiologia e Regulação Os impulsos elétricos provenientes do nodo sinoatrial (SA) viajam através do músculo cardíaco para estimular a contração cardíaca. Aproximadamente 60 a 70 mL de sangue entram na aorta a cada contração ventricular (volume sistólico [VS]). Com cada ejeção de VS, as paredes da aorta se distendem, criando uma onda de pulso que se desloca rapidamente na direção das extremidades distais das artérias. A onda de pulso movimenta-se 15 vezes mais rapidamente através da aorta e 100 vezes mais rapidamente através das pequenas artérias que o volume de sangue ejetado. Quando uma onda de pulso atinge uma artéria periférica, você pode senti-la pela palpação da artéria levemente contra o osso ou músculo subjacente. O número de sensações pulsantes ocorrendo em 1 minuto é a frequência de pulso. O volume de sangue bombeado pelo coração durante um minuto é o débito cardíaco, o produto de FC e o VS do ventrículo. Em um adulto, o coração normalmente bombeia 5.000 mL de sangue por minuto. Uma mudança em FC ou VS nem sempre altera o débito do coração ou a quantidade de sangue nas artérias. Por exemplo, se a FC de uma pessoa for de 70 batidas/minuto e o VS for de 70 mL, o débito cardíaco é de 4.900 mL/minuto (70 batimentos/minuto × 70 mL/batimento). Se a FC cair para 60 batimentos/minuto e o VS subir para 85 mL/batida, o débito cardíaco aumenta para 5.100 mL ou 5,1 L/minuto (60 batimentos/minuto × 85 mL/batida). Os fatores mecânicos, neurais e químicos regulam a força de contração ventricular e seu VS. Porém, quando esses fatores são incapazes de alterar o VS, uma variação em FC provoca uma alteração no débito cardíaco, o que afeta a PA. Conforme a FC aumenta, há menos tempo para as câmaras ventriculares do coração encherem. Conforme a FC aumenta sem uma mudança no VS, a PA diminui. Conforme a FC fica mais lenta, o tempo de enchimento é aumentado e a PA aumenta. A incapacidade da PA para responder a aumentos ou diminuições em FC indica um possível problema de saúde. Relatar isso para o profissional de saúde. Um pulso anormalmente lento, rápido ou irregular altera o débito cardíaco. Avalie a capacidade do coração para atender às demandas de tecido corporal de nutrientes pela palpação de um pulso periférico ou usando um estetoscópio para ouvir os sons cardíacos (frequência apical). Avaliação de Pulso Você pode avaliar qualquer artéria para a frequência de pulso, mas você normalmente usa a artéria radial, porque ela é fácil de palpar. Quando a condição de um paciente piora de repente, recomenda-se localizar o sítio da carótida para avaliar o pulso rapidamente. O coração continua fornecendo sangue através da artéria carótida para o cérebro tanto tempo quanto possível. Quando o débito cardíaco diminui significativamente, os pulsos periféricos enfraquecem e são difíceis de palpar. As localizações radial e apical são os locais mais comuns para a avaliação de frequência de pulso. Usar o pulso radial para ensinar os pacientes como monitorar as suas próprias FC (p.ex., atletas, pessoas que tomam medicamentos para o coração e pacientes que estão iniciando um regime de exercícios prescrito). Se o pulso radial for anormal ou intermitente resultante de arritmiasou se ele for inacessível devido a um curativo ou gesso, avaliar o pulso apical. Quando um paciente toma medicação que afeta a FC, o pulso apical fornece uma avaliação mais precisa da função cardíaca. O pulso braquial ou apical é o melhor local para avaliar o pulso de um lactente ou de uma criança pequena, porque outros pulsos periféricos são profundos e difíceis de palpar com precisão. A avaliação de outros sítios de pulso periférico, tais como a artéria braquial ou femoral, é desnecessária quando se obtêm rotineiramente os sinais vitais. Você avalia outros pulsos periféricos na realização de um exame físico completo, quando a cirurgia ou o tratamento prejudicaram o fluxo sanguíneo para uma parte do corpo, ou quando existem indicações clínicas de fluxo sanguíneo periférico comprometido (Cap. 31). A Tabela 30-2 resume os locais de pulso e os critérios de medição. O Procedimento 30-2 mais adiante apresenta a avaliação de frequência de pulso. Tabela 30-2 Locais de Verificação da Pulsação Local Localização Critérios de Avaliação Temporal Sobre o osso temporal da cabeça, acima e lateral ao olho Local facilmente acessível utilizado para avaliar o pulso em crianças Carótida Ao longo da borda medial do músculo esternoclidomastóideo no pescoço Local facilmente acessível utilizado durante o choque fisiológico ou parada cardíaca quando outros locais não estão palpáveis Apical Quarto a quinto espaço intercostal na linha mesoclavicular esquerda Local utilizado para auscultar o pulso apical Braquial Sulco entre os músculos bíceps e tríceps na fossa antecubital Local utilizado para avaliar o estado de circulação para a parte inferior do braço e auscultar a pressão arterial Radial Lado radial ou do polegar do antebraço no punho Local comum utilizado para avaliar o caráter do pulso perifericamente e o estado de circulação para a mão Ulnar Lado ulnar ou do dedo mínimo do antebraço no punho Local utilizado para avaliar o estado da circulação até a mão; também utilizado para realizar um teste de Allen Femoral Abaixo do ligamento inguinal, na metade da distância entre a sínfise púbica e a espinha ilíaca superior anterior Local utilizado para avaliar o caráter do pulso durante choque fisiológico ou parada cardíaca quando outros pulsos não estão palpáveis; utilizado para avaliar o estado da circulação para a perna Poplíteo Abaixo do joelho na fossa poplítea Local utilizado para avaliar o estado da circulação para a parte inferior da perna Tibial posterior Lado interno do tornozelo, abaixo do maléolo medial Local utilizado para avaliar a circulação para o pé Dorsal do pé Ao longo da parte superior do pé, entre os tendões de extensão do hálux Local utilizado para avaliar a circulação para o pé Uso de um Estetoscópio Avaliar a frequência apical requer um estetoscópio. As cinco principais partes do estetoscópio são as olivas auriculares, os binauriculares, o tubo de condução, a campânula e o diafragma (Fig. 30-7). FIGURA 30-7 Partes de um estetoscópio. As olivas auriculares de plástico ou borracha devem adaptar-se firmemente e confortavelmente em seus ouvidos. Os binauriculares devem ser angulados e fortes o suficiente para que as olivas auriculares permaneçam firmemente nos ouvidos sem causar desconforto. Para garantir a melhor recepção do som, as olivas auriculares seguem o contorno do canal do ouvido apontando para o rosto quando o estetoscópio está em posição. O tubo de polivinil é flexível e mede de 30 a 40 cm de comprimento. O tubo de condução mais longo diminui a transmissão de ondas sonoras; e o de paredes espessas e moderadamente rígido elimina a transmissão do ruído ambiental e impede que o tubo forme dobras, que distorcem a transmissão de ondas sonoras. Os estetoscópios têm tubos simples ou duplos. A peça torácica consiste em uma campânula e um diafragma que você gira para a posição. O diafragma ou campânula precisa estar na posição adequada durante o uso para ouvir sons através do estetoscópio. Com as olivas auriculares em seus ouvidos, bater levemente sobre o diafragma para determinar de que lado a peça torácica está funcionando. O diafragma é a porção circular plana da peça torácica coberta por um disco de plástico fino. Ele transmite sons agudos criados pelo movimento de alta velocidade do ar e sangue. Ausculte os sons do intestino, pulmão e coração com o diafragma. Sempre colocar o estetoscópio diretamente sobre a pele, porque a roupa obscurece o som. Posicione o diafragma para fazer uma vedação estanque e pressione firmemente contra a pele do paciente (Fig. 30-8). Não use o polegar para segurar o diafragma no lugar, porque você pode ouvir o pulso que está sendo transmitido através dele. FIGURA 30-8 Posicionamento do diafragma do estetoscópio firme e seguramente quando se auscultam as bulhas cardíacas agudas. A campânula é a peça torácica do estetoscópio, em forma oca, normalmente rodeada por um anel de borracha, o qual evita calafrios que resultariam do contato da pele do paciente com o metal frio. A campânula transmite sons de baixa frequência criados pelo movimento de baixa velocidade do sangue. Ausculte os sons do coração e vasculares com a campânula. Aplique a campânula levemente, descansando a peça torácica sobre a pele (Fig. 30-9). FIGURA 30-9 Posicionamento da campânula do estetoscópio levemente na pele para ouvir as bulhas cardíacas graves. Comprimir a campânula contra a pele reduz a amplificação de som de baixa frequência e cria um “diafragma de pele”. Alguns estetoscópios têm uma peça torácica que combina as características da campânula e do diafragma. Quando você usa uma leve pressão, a peça torácica é um diafragma; exercer mais pressão converte a campânula em um diafragma. O estetoscópio é um instrumento delicado e requer cuidado apropriado para a função ideal. Retire as olivas auriculares regularmente e limpe-as de cerume (cerúmen). Limpe a campânula e o diafragma entre os pacientes com um algodão antisséptico para eliminar microrganismos. Limpe o tubo de condução regularmente com água e sabão neutro. Características do Pulso A avaliação do pulso radial inclui a medição da frequência, do ritmo, da intensidade e da igualdade. Quando se ausculta um pulso apical, avalie a frequência e o ritmo apenas. Frequência Antes de medir o pulso, reveja a frequência de linha de base do paciente para comparação (Tabela 30-3). Alguns profissionais preferem fazer medições de frequência de pulso de linha de base conforme um paciente assume uma posição sentada, em pé e deitada. As alterações posturais afetam a frequência de pulso por causa de alterações no volume sanguíneo e atividade simpática. A FC aumenta temporariamente quando uma pessoa muda de uma posição deitada para uma posição sentada ou em pé. Tabela 30-3 Variações Aceitáveis de Frequência Cardíaca Idade Frequência Cardíaca (batimentos/min) Lactente 120 a 160 Toddler 90 a 140 Pré-escolar 80 a 110 Criança em idade escolar 75 a 100 Adolescente 60 a 90 Adulto 60 a 100 Ao avaliar o pulso, considere a variedade de fatores que influenciam a frequência de pulso (Tabela 30-4). Um único fator ou uma combinação desses fatores com frequência provoca mudanças significativas. Se você detectar uma frequência anormal enquanto palpa um pulso periférico, o próximo passo é avaliar a frequência apical. Esta exige auscultação de sons cardíacos, o que proporciona uma avaliação mais precisa da contração cardíaca. Tabela 30-4 Fatores que Influenciam a Frequência do Pulso Fator Aumenta a Frequência do Pulso Diminui a Frequência do Pulso Exercício físico Exercício de curta duração Coração condicionado por exercício de longa duração, resultando em menor pulso de repouso e retorno mais rápido ao nível de repouso após o exercício Temperatura Febre e calor Hipotermia Emoções Estimulação simpática aumentada por dor aguda e ansiedade, afetando a frequência cardíaca; efeito da dor crônica sobre a frequência cardíaca varia Estimulação parassimpática aumentada por dor severa não aliviada afetando a frequência cardíaca;
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