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Alfabeto fonético e transcrição fonética APRESENTAÇÃO O alfabeto e o sistema de escrita ortográfica, conforme conhecemos e aprendemos desde muito cedo, permitem com que falantes de diferentes regiões dentro de um mesmo país, ou até mesmo de países diferentes que falam a mesma língua, possam se expressar por meio da modalidade escrita da língua sem grandes confusões de sentido. Essa uniformização é necessária e inevitável e é a solução mais inteligente concebida pelo homem para facilitar a disseminação da informação e do conhecimento, evitando que o modo como se fala comprometa o conteúdo veiculado. Você já imaginou como seria se, em cada estado brasileiro, os falantes escrevessem exatamente da forma como falam? Certamente a efetividade da comunicação seria comprometida. Documentos oficiais perderiam o seu caráter de uniformidade, livros didáticos teriam de sofrer sérias adequações e até mesmo informações técnicas, como a descrição de um medicamento (a bula), por exemplo, necessitaria de cuidados redobrados quando postos à leitura. A respeito do sistema de escrita ortográfica, existem tarefas para as quais a descrição criteriosa da forma como um sujeito realiza a produção de um determinado som é de extrema importância, como no caso da descrição de uma língua desconhecida, por exemplo, na análise das patologias de fala e no processo de ensino e de aprendizagem de um novo idioma. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá o alfabeto fonético e os princípios da transcrição fonética, que consideram a materialidade da fala na sua exata forma de expressão. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os preceitos da transcrição fonética.• Interpretar as tabelas fonéticas consonantal e vocálica.• Aplicar os princípios da transcrição fonética.• Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado DESAFIO Você é um foneticista e foi requisitado para realizar um trabalho linguístico de campo, com o objetivo de documentar e descrever uma língua da qual pouco se tem conhecimento e que nada sabemos ao certo acerca da organização sonora e da estrutura. O mapeamento dos sons que são produzidos pelos falantes nativos é de extrema importância para que os demais níveis de análise linguística possam ser desenvolvidos. Até o momento, você e sua equipe dispõem de apenas 9 itens lexicais com significados identificados. Considerando os dados dessa língua hipotética, elabore um quadro fonético dos sons das palavras elicitadas, registrando-os de acordo com os seguintes critérios de classificação: - Para consoantes: ponto de articulação, modo de articulação e sonoridade (dispondo o segmento vozeado de acordo com a convenção). - Para vogais: grau de abertura (altura), anterioridade/posterioridade, arredondamento/não- arredondamento dos lábios. Considere, para a elaboração do quadro fonético, apenas os correlatos articulatórios exigidos pelos dados que você dispõe. INFOGRÁFICO No infográfico apresentamos os princípios da escrita ortográfica e da transcrição fonética, dada a distinção que há nos níveis de representação. Embora apresentem objetivos de representação distintos, é necessário saber que, para que se desenvolva o sistema ortográfico de uma língua oral, é necessário que se conheça primeiro os elementos fônicos da língua em questão. Desta forma, as generalizações realizadas pelo sistema de escrita ortográfica só serão possíveis mediante o conhecimento que se tem do quadro fonético da língua. CONTEÚDO DO LIVRO No capítulo Alfabeto fonético e trancrição fonética, do livro "Fonética e fonologia do português", base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o alfabeto fonético internacional (IPA) e poderá compreender as razões pelas quais se faz necessária a utilização de um alfabeto específico para as transcrições dos sons da fala (você notará também que ele é diferente daquele que se baseia em preceitos ortográficos), assim como também entenderá quais os princípios fundamentais dessa transcrição. Boa leitura. Francisco Realce FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS Julio Cesar Cavalcanti Revisão técnica: Talita da Silva Campos Mestre em Linguística Especialista em Língua Portuguesa Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 C376f Cavalcanti, Julio Cesar. Fonética e fonologia do português / Julio Cesar Cavalcanti ; [revisão técnica: Talita da Silva Campos]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 112 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-164-8 1. Fonética. 2. Fonologia. 3. Língua Portuguesa. I. Título. CDU 81’34 2717_Fonetica_book.indb 2 14/09/2017 10:00:24 Alfabeto fonético e transcrição fonética Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os preceitos da transcrição fonética. Interpretar as tabelas fonéticas consonantal e vocálica. Aplicar os princípios da transcrição fonética. Introdução O alfabeto e o sistema de escrita ortográfica, conforme o conhecemos e aprendemos desde muito cedo, permitem que falantes de diferentes regiões dentro de um mesmo país, ou até mesmo de países diferentes nos quais se falam a mesma língua, possam se expressar por meio da modalidade escrita da língua sem grandes confusões de sentido. Essa uniformização, necessária e inevitável, é a solução mais inteligente con- cebida pelo homem para facilitar a disseminação da informação e do co- nhecimento, evitando que o modo como se fala comprometa o conteúdo veiculado. Você já imaginou como seria se em cada estado brasileiro os falantes escrevessem exatamente da forma como falam? Certamente a efetividade da comunicação seria comprometida. Documentos oficiais perderiam o seu caráter de uniformidade, livros didáticos teriam de sofrer sérias adequações e até mesmo informações técnicas, como a descrição de um medicamento (a bula), por exemplo, necessitariam de cuidados redobrados quando postos à leitura. A despeito da importância inegável do sistema de escrita orto- gráfica, existem tarefas para as quais a descrição criteriosa da forma como um sujeito realiza a produção de um determinado som é de extrema importância, como no caso da descrição de uma lín- U N I D A D E 2 U2C3_Fonetica.indd 37 11/09/2017 18:20:05 gua desconhecida, por exemplo, na análise das patologias de fala e no processo de ensino e aprendizagem de uma novo idioma. Neste capítulo, você vai conhecer o alfabeto fonético e os princípios da transcrição fonética, os quais consideram a materialidade da fala na sua exata forma de expressão. Princípios para a transcrição fonética A transcrição fonética obedece a uma convenção, segundo a qual o que ouvimos é representado em termos de segmentos chamados de consoantes ou vogais. Os foneticistas não usam os dados de línguas particulares para defi nir o valor dos segmentos, como o fazem os fonólogos, mas as possibilidades articulatórias do aparelho fonador humano. Assim, qualquer som que pode ser um fonema ou um alofone em uma língua será representado por um símbolo específi co (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012). É bastante comum as pessoas se perguntarem por que usar, para representar os sons nos estudos de fonética, um alfabeto diferente do alfabeto que usamos para escrever. A razão é simples: uma vez que a fonética lida com a substância da expressão (o som), deve-se tentar registrá-la o mais fielmente possível. São várias as motivações para utilizarmos um alfabeto diferente do alfabeto ortográfico (SOUZA; SANTOS, 2016). Em nenhuma língua do mundo a ortografia é representada exclusivamente de forma fonética, por isso é sempre difícil fazer a representação gráfica dos fonemas (CARDOSO, 2009). Qualquer pessoa já se deparou com problemas ortográficos do tipo: tal palavra é escrita com essa ou aquela letra? Crianças em fases iniciais de aprendizagem da grafia não sabem ao certo quando usar ‘ch’ou ‘x’, ‘s’ ou ‘z’ para escrever determinadas palavras (essa dúvida ocorre até mesmo por parte de sujeitos alfabetizados). Isso ocorre porque, na orto- grafia, um som não necessariamente corresponde a uma letra. A letra ‘x’, por exemplo, tem diferentes pronúncias (exame, xícara), e o ‘s’ pode assumir um som diferente como em sapo ou em asa. Por outro lado, assim como temos Alfabeto fonético e transcrição fonética38 U2C3_Fonetica.indd 38 11/09/2017 18:20:05 Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado uma letra que corresponde a mais de um som, um som pode corresponder a mais de uma letra (por exemplo, ‘nh’, ‘lh’, ‘ch’). Temos também casos em que se utilizam letras que não têm correspondente sonoro algum (como no caso do ‘h’ em hospital) (SOUZA; SANTOS, 2016). Outra razão para a utilização de um alfabeto fonético é que, ao operar com a substância da expressão, você tem que tentar ser o mais fiel possível a essa realidade. O alfabeto ortográfico já é uma abstração. Ninguém escreve como fala. A palavra “porta”, por exemplo, é grafada igualmente por falantes de todo o Brasil; no entanto, cada um pronuncia esse ‘r’ de maneira diferente. Essa abstração é importante para a uniformização e o entendimento (a veiculação do conteúdo), mas, se a preocupação é com a forma de falar (expressão), deve-se tentar identificar cada som exatamente do modo como é produzido (SOUZA; SANTOS, 2016). Dizemos que deve haver uma representação biunívoca, isto é, cada fonema deve corresponder a apenas um símbolo, e um símbolo corresponde apenas a um fonema (CARDOSO, 2009). É por isso que fazemos uso de um alfabeto fonético, que visa representar mais precisamente cada som da fala. Por exemplo, quando produzimos a palavra “ovo”, a segunda vogal não é igual à primeira, assemelha-se a um [u], o qual também não é como a primeira vogal de “uva”. Essa segunda vogal de ovo é mais central do que a vogal [u] e um pouco mais alta do que a vogal [o]. Há um símbolo fonético exclusivo para descrever esse som: [ʊ]. A mesma coisa ocorre, por exemplo, com a segunda vogal de “sete”. Ela não é baixa como um [e] nem é tão alta e anterior como um [i], o seu símbolo é o [I]. (SOUZA; SANTOS, 2016). Historicamente, foram conhecidos vários sistemas de transcrição fonética. Hoje, o mais difundido é o da Associação Internacional de Fonética, conhecida como IPA (International Phonetic Alphabet). Esse alfabeto já existe há cem anos e foi recente- mente reformulado em alguns aspectos menos importantes. Um outro sistema é o SIL (Summer Institute of Linguistics), difundido por Keneth Lee Pike e muito usado na transcrição de línguas indígenas. Hoje, esse alfabeto está cedendo lugar para o IPA (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012). 39Alfabeto fonético e transcrição fonética U2C3_Fonetica.indd 39 11/09/2017 18:20:05 Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Na Figura 1, apresentamos a tabela fonética proposta pela Associação Internacional de Fonética. Essa tabela propõe símbolos para transcrever qual- quer som possível de ocorrer nas línguas naturais. A partir dos parâmetros articulatórios que caracterizam a produção de cada som, somos capazes de inferir e até mesmo pronunciar os segmentos listados, ao menos aqueles pertencentes ao português. Fi gu ra 1 . O a lfa be to in te rn ac io na l d e fo né tic a (re vi sa do e m 1 99 3, a tu al iz ad o em 1 99 6) . Fo nt e: S ilv a (2 00 3, p . 4 1) . Alfabeto fonético e transcrição fonética40 U2C3_Fonetica.indd 40 11/09/2017 18:20:06 Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Fi gu ra 1 . O a lfa be to in te rn ac io na l d e fo né tic a (re vi sa do e m 1 99 3, a tu al iz ad o em 1 99 6) . ( Co nt in ua çã o) Fo nt e: S ilv a (2 00 3, p . 4 1) . 41Alfabeto fonético e transcrição fonética U2C3_Fonetica.indd 41 11/09/2017 18:20:06 No que diz respeito às consoantes, observe que, no eixo horizontal, a tabela classifica os segmentos em termos de lugar de articulação, enquanto que, no eixo vertical, classificam-se os segmentos em termos de modo de articulação. Quando os segmentos são apresentados em pares dentro da mesma categoria, teremos sempre um segmento desvozeado à esquerda e o vozeado à direita. Nos quadros vazios, nos quais não se observa nenhum símbolo, considera-se improvável a articulação pelo aparelho fonador humano. Tratando-se de vogais, temos, no eixo horizontal da tabela fonética vocálica, o parâmetro anterioridade/posterioridade, e, no eixo vertical, a altura ou grau de abertura. Quando os símbolos aparecem em pares, o segmento da es- querda representa a vogal não arredondada e o da direita, a vogal arredondada. Como referido por Silva (2003), segmentos consonantais podem ser pro- duzidos com uma propriedade articulatória secundária em relação às pro- priedades articulatórias fundamentais desse segmento. Por exemplo, quando pronunciamos uma sequência como “su” certamente arredondamos os lábios durante a articulação da consoante “s”. Uma vez que a articulação de seg- mentos consonantais normalmente não envolve o arredondamento dos lábios, dizemos que a labialização é uma propriedade articulatória secundária da consoante em questão. Propriedades articulatórias secundárias geralmente ocorrem de acordo com o contexto ou ambiente, ou seja, a partir de efeitos de segmentos adjacentes. Para marcar uma propriedade articulatória secundária, utilizamos um diacrítico ou símbolo adicional junto à consoante em questão (SILVA, 2003). Os diacríticos servem também para marcar outros fenômenos envolvidos na produção de fones. Por exemplo, quando sussurramos uma palavra como tendência, o [d], que é sonoro, é produzido como desvozeado nesse contexto. Para marcar esse desvozeamento, usa-se o diacrítico [ ̥ ] junto com o símbolo [d], temos então [d̥ ] (SOUZA; SANTOS, 2016). Alfabeto fonético e transcrição fonética42 U2C3_Fonetica.indd 42 11/09/2017 18:20:06 Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado A partir da tabela fonética apresentada na Figura 1, que explicita e classifica os diferentes tipos de segmentos com base em correlatos articulatórios e critérios relacionados à produção, podemos propor a transcrição para algumas palavras do português brasileiro. O símbolo ( ‘ ) marca, nesses casos, o acento primário das palavras. Veja alguns exemplos de transcrição fonética para o Português: Símbolo Classificação Escrita ortográfica Transcrição fonética p Oclusiva bilabial desvozeada “pato” [‘patʊ] b Oclusiva bilabial vozeada “bala” [‘bala] t Oclusiva alveolar desvozeada “teto” [‘tɛtʊ] d Oclusiva alveolar vozeada “data” [‘data] k Oclusiva velar desvozeada “casa” [‘kaza] g Oclusiva velar vozeada “galo” [‘galʊ] f Fricativa labiodental desvozeada “faca” [‘faka] v Fricativa labiodental vozeada “vaca” [‘vaka] s Fricativa alveolar desvozeada “sala” “casca” [‘sala] [‘kaska] z Fricativa alveolar vozeada “zelo” “casa” [‘zelʊ] [‘kaza] ʃ Fricativa alveopalatal desvozeada “chá” [‘ʃa] ʒ Fricativaalveopalatal vozeada “janela” [ʒa’nɛla] m Nasal bilabial vozeada “mala” [‘mala] n Nasal alveolar vozeada “nada” [‘nada] l Lateral alveolar vozeada “lata” [‘lata] [‘plana] (Continua) 43Alfabeto fonético e transcrição fonética U2C3_Fonetica.indd 43 11/09/2017 18:20:06 No português brasileiro, podemos transcrever as palavras “tia” e “dia” de duas diferentes maneiras, a depender da região a qual o falante pertença. Transcrevemos [‘tia] utilizando a oclusiva alveolar desvozeada e [‘dia] com a oclusiva alveolar vozeada para a pronúncia típica de alguns estados do nordeste, como Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba. Em contrapartida, para representar a pronúncia característica do sudeste brasileiro, usamos a africada alveopalatal desvozeada [tʃ], como em [‘tʃia], e a africada alveopalatal vozeada [‘dʒ] em [‘dʒia]. Existem, ainda, algumas variações na pronúncia do “R” para além da diferença típica existente entre a fricativa velar desvozeada [X] e o “R caipira” [ɹ] (retroflexa alveolar vozeada), a depender do dialeto do português analisado. Conforme descrito por Silva (2003), a fricativa velar vozeada [ɣ], pronúncia típica do dialeto carioca, é produzida com uma fricção audível na região velar. Esse segmento ocorre em final de sílaba seguida de consoante vozeada, como no caso de “carga” [‘kaɣga]. Já na fricativa glotal desvozeada [h], pronúncia típica do dialeto de Belo Horizonte, não ocorre fricção audível no trato vocal. Esse segmento ocorre em início de sílaba que seja precedida por silêncio e, portanto, encontra-se em início de palavra (“rata”); em início de sílaba que seja precedida por vogal (“marra”) e em início de sílaba que seja precedida por consoante (“Israel”). Em alguns dialetos, também pode ocorrer em final de sílaba, quando seguido por consoante desvozeada (“carta”), e em final de sílaba que coincide com final de palavra (“mar”). Temos também a fricativa glotal vozeada [ɦ] (pronúncia típica de Belo Horizonte), na qual também não ocorre fricção audível no trato vocal. Esse segmento ocorre em final de sílaba seguida de consoante vozeada, como em “carga” [‘kaɦga] (SILVA, 2003). Símbolo Classificação Escrita ortográfica Transcrição fonética ʎ Lateral palatal vozeada “malha” [‘maʎa] ɲ Nasal palatal vozeada “banho” [‘bãɲʊ] X Fricativa velar desvozeada “rato” “amarra” “mar” [‘Xatʊ] [a’maXa] [‘maX] ɾ Tepe alveolar vozeado (vibrante simples) “cara” “prata” [‘kaɾa] [‘pɾata] ř Vibrante alveolar vozeada (Vibrante múltipla) “rato” “maré” [‘ř atʊ] [‘mař ɛ] ɹ Retroflexa alveolar vozeada “par” [‘paɹ] (Continuação) Alfabeto fonético e transcrição fonética44 U2C3_Fonetica.indd 44 11/09/2017 18:20:07 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Tipos de transcrição fonética Existem dois tipos básicos de transcrições fonéticas que podem ser assumidas: a transcrição fonética ampla e transcrição fonética restrita. Ao transcrevermos foneticamente uma palavra como “quilo” podemos, por exemplo, registrá-la como [‘kʲilʷʊ] ou como [‘kilʊ]. A transcrição [‘kʲilʷʊ] explicita todos os detalhes observados articulatoriamente (incluindo as articulações secundárias). Esse tipo de transcrição é denominado transcrição fonética restrita. Observe que, na transcrição [‘kʲilʷʊ], explicita-se a palatalização de [k] seguido de [i] e também a labialização de [1] seguido de [ʊ]. Tanto a palatalização quanto a labializa- ção são previsíveis pela ocorrência do segmento seguinte (coarticulação por coprodução): consoantes tendem a ser palatalizadas quando seguidas de [i] e consoantes tendem a ser labializadas quando seguidas de [u] (SILVA, 2003). Em contrapartida, a transcrição [‘kilʊ] explicita apenas as propriedades segmentais e omite os aspectos condicionados por contexto ou características específicas da língua ou dialeto. Queremos dizer com isso que a palatalização e labialização não foram registradas em [‘kilʊ] (pois tanto a palatalização quanto a labialização são previsíveis pela vogal seguinte). No registro do [1], pode-se interpretá-lo como um segmento alveolar ou dental sem haver a necessidade de utilizar-se o símbolo [ l̪ ] (para caracterizar a produção na qual a ponta da língua toca entre os dentes e alvéolos, como fazem os gaúchos). Isso porque a generalização quanto aos segmentos serem dentalizados deve ser expressa para a língua como um todo. No caso de a língua fazer distinção entre segmentos alveolares e dentais, é relevante acrescentar o diacrítico [ l̪ ] à transcrição fonética (SILVA, 2003). Dependendo do grau de precisão que se quer na transcrição fonética, haverá um uso maior ou menor de diacríticos (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012). Denomina-se, dessa forma, transcrição fonética ampla aquela transcrição que explicita apenas os aspectos que não sejam condicionados por contexto ou características específicas da língua ou dialeto (SILVA, 2003). São apresentadas, a seguir, as articulações secundárias dos segmentos conso- nantais relevantes para a transcrição do português, como descrito por Silva (2003): Labialização – consiste no arredondameto dos lábios durante a produção de um segmento consonantal. A consoante que apresenta a propriedade secundária de labialização é seguida de uma vogal que é produzida com o arredondamento dos lábios. A labialização geralmente ocorre quando a consoante é seguida de vogais arredondadas (orais ou nasais) como em “tutu”, “só”, “bolo”, “rum”, “som”. Utilizamos o símbolo w colocado acima à direita do segmento para 45Alfabeto fonético e transcrição fonética U2C3_Fonetica.indd 45 11/09/2017 18:20:07 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado marcar a labialização: pʷ, bʷ, tʷ, dʷ, kʷ, gʷ, fʷ, vʷ, sʷ, zʷ, ʃʷ, ʒʷ, X ,̫ h ,̫ m ,̫ n ,̫ l ,̫ r ,̫ etc. (SILVA, 2003). Palatalização – consiste no levantamento da língua em direção à parte posterior do palato duro. Ou seja, a língua direciona-se para uma posição anterior (mais para a frente da cavidade oral) do que normalmente ocorre quando se articula um determinado segmento consonantal. A consoante que apresenta a propriedade secundária de palatalização apresenta um efeito auditivo de sequência de consoante seguida da vogal “i”. A palatalização geralmente ocorre quando uma consoante é seguida de vogais anteriores [i], [e], [ɛ] (orais ou nasais). Ocorre mais frequentemente com consoantes seguidas da vogal [i] como em “aliado, kilo, guia”. Pode ocorrer também em consoantes seguidas da vogal [e] como em “letra, leva, tento”. Utiliza-se o símbolo j colocado acima à direita do segmento para marcar a palatalização: kʲ, gʲ, tʲ, dʲ, lʲ (SILVA, 2003). Velarização – consiste no levantamento da parte posterior da língua em direção ao véu palatino concomitantemente à articulação de um determi- nado segmento consonantal. A consoante lateral [1] apresenta a propriedade articulatória secundária de velarização em certos dialetos do Sul do Brasil e do português europeu. O contexto em que a velarização ocorre é quando a lateral se encontra em final de sílaba: sal, salta. Utiliza-se o símbolo [ɫ] para transcrever a lateral velarizada nesses contextos (SILVA, 2003). Dentalização – algumas consoantes em português podem ser articuladas como dentais ou alveolares. Por exemplo, a pronúncia de “t” em “tapa” pode se dar com a ponta da língua tocando os dentes (sendo, portanto, uma consoante dental), ou pode se dar com a ponta da língua tocando os alvéolos (sendo, portanto, uma consoante alveolar). Consoantes dentais têm como articulador passivo os dentes incisivos superiores e consoantes alveolares tem como arti- culador passivo os alvéolos. Pode-se articular um segmento dental ou alveolar com o ápice ou com a lâmina da língua comoarticulador ativo. Geralmente, as consoantes listadas a seguir apresentam a propriedade de dentalização no dialeto paulista, enquanto, no dialeto mineiro, ocorre uma articulação alveolar para as mesmas consoantes. Marcamos a dentalização com o símbolo [ ̪ ] colocado abaixo da consoante em questão: t̪ d̪ s̪ z̪ n̪ ɾ̪ l̪ . Considerações para a transcrição fonética De acordo com Massini-Clagliari e Cagliari (2012), o treinamento fonético de transcrição comporta dois tipos de exercícios, sem os quais uma transcrição pode ser mal realizada. O primeiro é o treinamento auditivo, que faz com que o Alfabeto fonético e transcrição fonética46 U2C3_Fonetica.indd 46 11/09/2017 18:20:07 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado linguista saiba ouvir sons individuais (inseridos em qualquer tipo de contexto e de qualquer extensão) e reconhecer em cada segmento a categoria a que pertence, de acordo com as possibilidades articulatórias do aparelho fonador humano. O segundo é o treinamento de produção, que treina o linguista a produzir todos os segmentos individualmente ou de forma combinada com qualquer outro em qualquer sequência (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012). Existem alguns procedimentos básicos ou recomendações para se realizar uma transcrição fonética. Em primeiro lugar, é mais adequado realizar a transcrição da fala na presença do informante, fazendo uso de recursos de gravação (de preferência em vídeo) como forma apenas de documentação. O linguista ouve o informante e procura repetir o que ouviu até que este diga que está tudo correto. É a partir da percepção auditiva e da propriocepção (noção espacial que se tem do corpo, posição, orientação e força exercida pelos músculos e estruturas fonoarticulatórias na execução dos gestos articulatórios) que o linguista (foneticista) procede à identificação dos segmentos e à sua transcrição (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012). 1. Assinale a alternativa que melhor explicita os preceitos e contrastes da escrita ortográfica e da transcrição fonética. a) Enquanto o alfabeto fonético é uma abstração, o alfabeto ortográfico opera com a substância da expressão, descrevendo da forma mais fiel possível a realidade dos sons, sendo, portanto, mais exato. b) Dizemos que deve haver uma representação biunívoca – isto é, cada grafema corresponde a apenas um som, e um som corresponde apenas a um grafema. c) O alfabeto fonético lida com a substância da expressão, representando os sons da fala da maneira mais fiel possível. O alfabeto ortográfico, por sua vez, é uma abstração. d) Das línguas existentes, apenas nas línguas românicas, a exemplo do português e do espanhol, não há correspondência entre grafema e fonema. e) Os contrastes são mínimos, uma vez que temos uma correspondência quase que perfeita entre os elementos do alfabeto fonético e do alfabeto ortográfico. 2. Assinale a alternativa que apresenta uma adequada transcrição fonética das palavras janela, malha, rato e mala de acordo com as realizações 47Alfabeto fonético e transcrição fonética U2C3_Fonetica.indd 47 11/09/2017 18:20:07 Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado CARDOSO, D. P. Fonologia da língua portuguesa. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2009. MASSINI-CAGLIARI, G.; CAGLIARI, L. C. Fonética. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. (Org.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2012. v. 1. SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2003. SOUZA, P. C.; SANTOS, R. S. Fonética. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística II: princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2016. possíveis no português brasileiro. a) [ʃa’nɛla], [‘maʎa], [‘Xatʊ], [‘mala]. b) [ʒa’nɛla], [‘malha], [‘Xatʊ], [‘mala]. c) [ʒa’nɛla], [‘maʎa], [‘ʢatʊ], [‘mala]. d) [ʒa’nɛla], [‘maʎa], [‘Xatʊ], [‘mala]. e) [ja’nɛla], [‘maʎa], [‘Xatʊ], [‘mala]. 3. Assinale a alternativa que apresenta uma adequada transcrição fonética das palavras casa, teto, chá e nada de acordo as realizações possíveis no português brasileiro. a) [‘kaza], [‘tɛtʊ], [‘ʃa], [‘nada]. b) [‘casa], [‘teto], [‘chá], [‘nada]. c) [‘caza], [‘tɛtʊ], [‘ʃa], [‘nada]. d) [‘kaza], [‘tɛtʊ], [‘ʃa], [‘Nada]. e) [‘kaza], [‘tetʊ], [‘ʃa], [‘nada]. 4. A respeito das articulações secundárias no português brasileiro, assinale a alternativa correta. a) A labializarão consiste no não arredondamento dos lábios durante a produção de um segmento consonantal. b) A velarização consiste no não levantamento da parte posterior da língua em direção ao véu palatino concomitantemente à articulação de um determinado segmento consonantal. c) A palatalização geralmente ocorre quando uma consoante é seguida de vogais posteriores (orais ou nasais). d) O fato da consoante ser dental (dentalização) ou alveolar expressa uma variação linguística dialetal, não uma variação que seja condicionada pelo contexto (como é o caso da labialização). e) A palatalização consiste no levantamento da língua em direção a parte posterior dos incisivos superiores. 5. Assinale a alternativa que corresponde a uma transcrição fonética restrita. Verifique, ainda, se a transcrição está adequada, obedecendo a princípios articulatórios. a) [‘kilʊ] b) [‘kʲilʷʊ] c) [‘kʲilʊ] d) [‘kʷʲilʷʊ] e) [‘kʷilʲʊ] Alfabeto fonético e transcrição fonética48 U2C3_Fonetica.indd 48 11/09/2017 18:20:08 Francisco Realce Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR A transcrição fonética pode ser realizada a partir de diversos meios, desde aquele escrito, no qual o pesquisador com algum grau de familiaridade com os símbolos fonéticos executa em seu caderno de anotações (situação bastante comum em trabalhos linguísticos de campo) ou até mesmo por meios digitais com o auxílio de computador, tablet, etc. A recomendação é para que o pesquisador/professor sempre grave o conteúdo que está sendo anotado, o que permitirá reouvir e reanalisar, a fim de confirmar o que foi anotado, assegurando a consistência na transcrição. De bastante utilidade desde que foi criado em meados de 1995 pelos linguistas Paul Boersma e David Weenink, o software PRAAT tem sido uma importante ferramenta tanto para a segmentação, como para a transcrição do conteúdo linguístico da fala. É considerado o software para análise acústica mais difundido e respeitado pelos cientistas da fala. No vídeo a seguir você receberá orientações sobre como instalar o software em seu computador e sobre como é possível segmentar e transcrever foneticamente os dados da fala nesse sistema tão utilizado nas ciências fonéticas (articulatória, acústica e auditiva). Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Assinale a alternativa que melhor explicita os preceitos e os contrastes da escrita ortográfica e da transcrição fonética. A) Enquanto o alfabeto fonético é uma abstração, o alfabeto ortográfico opera com a substância da expressão, descrevendo o mais fiel possível a realidade dos sons, sendo, portanto, o mais exato. B) Dizemos que deve haver uma representação biunívoca, isto é, cada grafema correspondea apenas um som e um som corresponde apenas a um grafema. C) O alfabeto fonético lida com a substância da expressão, representando os sons da fala da maneira mais fiel possível. O alfabeto ortográfico, por sua vez, é uma abstração. D) Das línguas existentes, apenas nas línguas românicas, a exemplo do português e do espanhol, não há correspondência entre grafema e fonema. E) Os contrastes são mínimos, uma vez que temos uma correspondência quase que perfeita entre os elementos do alfabeto fonético e do alfabeto ortográfico. 2) Assinale a alternativa que apresenta uma adequada transcrição fonética das palavras "janela", "malha", "rato" e "mala", de acordo as realizações possíveis no português brasileiro. A) [ʃa'nɛla], ['maʎa], ['Xatʊ], ['mala]. B) [ʒa'nɛla], ['malha], ['Xatʊ], ['mala]. C) [ʒa'nɛla], ['maʎa], ['ʢatʊ], ['mala]. D) [ʒa'nɛla], ['maʎa], ['Xatʊ], ['mala]. E) [ja'nɛla], ['maʎa], ['Xatʊ], ['mala]. 3) Assinale a alternativa que apresenta uma adequada transcrição fonética das palavras "casa", "teto", "chá" e "nada", de acordo as realizações possíveis no português brasileiro. A) ['kaza], ['tɛtʊ], ['ʃa], ['nada]. B) ['casa], ['teto], ['chá], ['nada]. C) ['caza], ['tɛtʊ], ['ʃa], ['nada]. D) ['kaza], ['tɛtʊ], ['ʃa], ['Nada]. E) ['kaza], ['tetʊ], ['ʃa], ['nada]. 4) A respeito das articulações secundárias no português brasileiro, assinale a alternativa correta. A) A labialização consiste no não arredondameto dos lábios durante a produção de um segmento consonantal. B) A velarização consiste no não levantamento da parte posterior da língua em direção ao véu palatino, concomitantemente com a articulação de um determinado segmento consonantal. C) A palatalização, em geral, ocorre quando uma consoante é seguida de vogais posteriores (orais ou nasais). D) O fato da consoante ser dental (dentalização) ou alveolar expressa uma variação linguística dialetal e não uma variação que seja condicionada pelo contexto (como é o caso da labialização). E) A palatalização consiste no levantamento da língua em direção a parte posterior dos incisivos superiores. 5) Assinale a alternativa que corresponde a uma transcrição fonética restrita. Verifique ainda se a transcrição está adequada, obedecendo aos princípios articulatórios. A) ['kilʊ]. B) ['kʲilʷʊ]. C) ['kʲilʊ]. D) ['kʷʲilʷʊ]. E) ['kʷilʲʊ]. NA PRÁTICA Estudar uma língua estrangeira, ou até mesmo ensiná-la, pode implicar algumas dificuldades. Como garantir que o aluno, ao aprender uma determinada pronúncia de uma palavra, não a esqueça com o passar dos dias? O inventário sonoro de uma língua que não conhecemos parece bastante dinâmico, você já percebeu como as pronúncias dos segmentos podem variar dependendo do contexto e do sentindo? Veja o caso destas duas palavras em inglês. Em português, existem também formas variáveis de se pronunciar os segmentos, no entanto, somos menos sensíveis a essas diferenças dentro do nosso próprio dialeto. Uma maneira efetiva de se fornecer dados precisos acerca da pronúncia das palavras é aprender a transcrevê-las foneticamente. Na maior parte das vezes, apenas saber ler (interpretar) o som que um determinado símbolo fonético de uma língua representa já é suficientemente útil, tanto para ensinar como para aprender uma nova língua. É o que os dicionários de língua estrangeira fazem e trazem junto dos significados a transcrição fonética das palavras. Se você for professor de português de alunos estrangeiros, essa também é uma estratégia bastante efetiva. Treinar seus alunos a identificar a pronúncia dos sons por meio dos símbolos fonéticos, sem dúvida, irá ajudar a evitar graves erros de pronúncia, permitindo ao aluno uma maior independência. Assim, sempre que esquecer como uma palavra é pronunciada, basta consultar a sua transcrição fonética. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Gráfico do IPA interativo. Esta página interativa permite ouvir os sons que os símbolos fonéticos do IPA representam (de forma aproximada, pois há muita variação na forma como esses sons são produzidos dependendo do idioma e do contexto). Basta clicar em um símbolo para ouvir o som que o representa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Transcrição fonética. Esta página permite que você digite facilmente as transcrições fonéticas no Alfabeto Fonético Internacional (IPA). Basta clicar no símbolo que deseja inserir na sua transcrição fonética e pronto! Você pode editar seu texto na caixa e depois copiá-lo para um documento de Word, para uma planilha, etc. É uma ferramenta bastante prática e útil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Software PRAAT Este link lhe permite realizar o download gratuito do PRAAT, um software livre e utilizado para análise e síntese da fala. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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