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Alfabeto fonético e transcrição fonética

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Alfabeto fonético e transcrição fonética
APRESENTAÇÃO
O alfabeto e o sistema de escrita ortográfica, conforme conhecemos e aprendemos desde muito 
cedo, permitem com que falantes de diferentes regiões dentro de um mesmo país, ou até mesmo 
de países diferentes que falam a mesma língua, possam se expressar por meio da modalidade 
escrita da língua sem grandes confusões de sentido. Essa uniformização é necessária e inevitável 
e é a solução mais inteligente concebida pelo homem para facilitar a disseminação da 
informação e do conhecimento, evitando que o modo como se fala comprometa o conteúdo 
veiculado.
Você já imaginou como seria se, em cada estado brasileiro, os falantes escrevessem exatamente 
da forma como falam? Certamente a efetividade da comunicação seria comprometida.
Documentos oficiais perderiam o seu caráter de uniformidade, livros didáticos teriam de sofrer 
sérias adequações e até mesmo informações técnicas, como a descrição de um medicamento (a 
bula), por exemplo, necessitaria de cuidados redobrados quando postos à leitura.
A respeito do sistema de escrita ortográfica, existem tarefas para as quais a descrição criteriosa 
da forma como um sujeito realiza a produção de um determinado som é de extrema importância, 
como no caso da descrição de uma língua desconhecida, por exemplo, na análise das patologias 
de fala e no processo de ensino e de aprendizagem de um novo idioma.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá o alfabeto fonético e os princípios da transcrição 
fonética, que consideram a materialidade da fala na sua exata forma de expressão. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer os preceitos da transcrição fonética.•
Interpretar as tabelas fonéticas consonantal e vocálica.•
Aplicar os princípios da transcrição fonética.•
Francisco
Realce
Francisco
Realce
Francisco
Realce
Francisco
Sublinhado
DESAFIO
Você é um foneticista e foi requisitado para realizar um trabalho linguístico de campo, com o 
objetivo de documentar e descrever uma língua da qual pouco se tem conhecimento e que nada 
sabemos ao certo acerca da organização sonora e da estrutura.
O mapeamento dos sons que são produzidos pelos falantes nativos é de extrema importância 
para que os demais níveis de análise linguística possam ser desenvolvidos. Até o momento, você 
e sua equipe dispõem de apenas 9 itens lexicais com significados identificados.
Considerando os dados dessa língua hipotética, elabore um quadro fonético dos sons das 
palavras elicitadas, registrando-os de acordo com os seguintes critérios de classificação:
- Para consoantes: ponto de articulação, modo de articulação e sonoridade (dispondo o segmento 
vozeado de acordo com a convenção).
- Para vogais: grau de abertura (altura), anterioridade/posterioridade, arredondamento/não-
arredondamento dos lábios.
 
Considere, para a elaboração do quadro fonético, apenas os correlatos articulatórios 
exigidos pelos dados que você dispõe.
INFOGRÁFICO
No infográfico apresentamos os princípios da escrita ortográfica e da transcrição fonética, dada 
a distinção que há nos níveis de representação. Embora apresentem objetivos de representação 
distintos, é necessário saber que, para que se desenvolva o sistema ortográfico de uma língua 
oral, é necessário que se conheça primeiro os elementos fônicos da língua em questão.
Desta forma, as generalizações realizadas pelo sistema de escrita ortográfica só serão possíveis 
mediante o conhecimento que se tem do quadro fonético da língua.
CONTEÚDO DO LIVRO
No capítulo Alfabeto fonético e trancrição fonética, do livro "Fonética e fonologia do 
português", base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o alfabeto fonético 
internacional (IPA) e poderá compreender as razões pelas quais se faz necessária a utilização de 
um alfabeto específico para as transcrições dos sons da fala (você notará também que ele é 
diferente daquele que se baseia em preceitos ortográficos), assim como também entenderá quais 
os princípios fundamentais dessa transcrição.
Boa leitura.
Francisco
Realce
FONÉTICA E 
FONOLOGIA DO 
PORTUGUÊS
Julio Cesar 
Cavalcanti
Revisão técnica:
Talita da Silva Campos
Mestre em Linguística
Especialista em Língua Portuguesa
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
C376f Cavalcanti, Julio Cesar.
Fonética e fonologia do português / Julio Cesar 
Cavalcanti ; [revisão técnica: Talita da Silva Campos]. – 
Porto Alegre : SAGAH, 2017.
112 p. : il. ; 22,5 cm. 
ISBN 978-85-9502-164-8
1. Fonética. 2. Fonologia. 3. Língua Portuguesa. I. 
Título. 
CDU 81’34
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Alfabeto fonético e 
transcrição fonética
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer os preceitos da transcrição fonética.
  Interpretar as tabelas fonéticas consonantal e vocálica.
  Aplicar os princípios da transcrição fonética.
Introdução
O alfabeto e o sistema de escrita ortográfica, conforme o conhecemos 
e aprendemos desde muito cedo, permitem que falantes de diferentes 
regiões dentro de um mesmo país, ou até mesmo de países diferentes 
nos quais se falam a mesma língua, possam se expressar por meio da 
modalidade escrita da língua sem grandes confusões de sentido. Essa 
uniformização, necessária e inevitável, é a solução mais inteligente con-
cebida pelo homem para facilitar a disseminação da informação e do co-
nhecimento, evitando que o modo como se fala comprometa o conteúdo 
veiculado. Você já imaginou como seria se em cada estado brasileiro os 
falantes escrevessem exatamente da forma como falam? Certamente a 
efetividade da comunicação seria comprometida. Documentos oficiais 
perderiam o seu caráter de uniformidade, livros didáticos teriam de sofrer 
sérias adequações e até mesmo informações técnicas, como a descrição 
de um medicamento (a bula), por exemplo, necessitariam de cuidados 
redobrados quando postos à leitura.
A despeito da importância inegável do sistema de escrita orto-
gráfica, existem tarefas para as quais a descrição criteriosa da forma 
como um sujeito realiza a produção de um determinado som é 
de extrema importância, como no caso da descrição de uma lín-
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gua desconhecida, por exemplo, na análise das patologias de fala 
e no processo de ensino e aprendizagem de uma novo idioma.
Neste capítulo, você vai conhecer o alfabeto fonético e os princípios da 
transcrição fonética, os quais consideram a materialidade da fala na sua 
exata forma de expressão.
Princípios para a transcrição fonética
A transcrição fonética obedece a uma convenção, segundo a qual o que 
ouvimos é representado em termos de segmentos chamados de consoantes ou 
vogais. Os foneticistas não usam os dados de línguas particulares para defi nir 
o valor dos segmentos, como o fazem os fonólogos, mas as possibilidades 
articulatórias do aparelho fonador humano. Assim, qualquer som que pode ser 
um fonema ou um alofone em uma língua será representado por um símbolo 
específi co (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012).
É bastante comum as pessoas se perguntarem por que usar, para representar os sons 
nos estudos de fonética, um alfabeto diferente do alfabeto que usamos para escrever. 
A razão é simples: uma vez que a fonética lida com a substância da expressão (o som), 
deve-se tentar registrá-la o mais fielmente possível. São várias as motivações para 
utilizarmos um alfabeto diferente do alfabeto ortográfico (SOUZA; SANTOS, 2016).
Em nenhuma língua do mundo a ortografia é representada exclusivamente 
de forma fonética, por isso é sempre difícil fazer a representação gráfica dos 
fonemas (CARDOSO, 2009). Qualquer pessoa já se deparou com problemas 
ortográficos do tipo: tal palavra é escrita com essa ou aquela letra? Crianças 
em fases iniciais de aprendizagem da grafia não sabem ao certo quando usar 
‘ch’ou ‘x’, ‘s’ ou ‘z’ para escrever determinadas palavras (essa dúvida ocorre 
até mesmo por parte de sujeitos alfabetizados). Isso ocorre porque, na orto-
grafia, um som não necessariamente corresponde a uma letra. A letra ‘x’, por 
exemplo, tem diferentes pronúncias (exame, xícara), e o ‘s’ pode assumir um 
som diferente como em sapo ou em asa. Por outro lado, assim como temos 
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uma letra que corresponde a mais de um som, um som pode corresponder a 
mais de uma letra (por exemplo, ‘nh’, ‘lh’, ‘ch’). Temos também casos em que 
se utilizam letras que não têm correspondente sonoro algum (como no caso 
do ‘h’ em hospital) (SOUZA; SANTOS, 2016).
Outra razão para a utilização de um alfabeto fonético é que, ao operar com 
a substância da expressão, você tem que tentar ser o mais fiel possível a essa 
realidade. O alfabeto ortográfico já é uma abstração. Ninguém escreve como 
fala. A palavra “porta”, por exemplo, é grafada igualmente por falantes de todo 
o Brasil; no entanto, cada um pronuncia esse ‘r’ de maneira diferente. Essa 
abstração é importante para a uniformização e o entendimento (a veiculação do 
conteúdo), mas, se a preocupação é com a forma de falar (expressão), deve-se 
tentar identificar cada som exatamente do modo como é produzido (SOUZA; 
SANTOS, 2016). Dizemos que deve haver uma representação biunívoca, 
isto é, cada fonema deve corresponder a apenas um símbolo, e um símbolo 
corresponde apenas a um fonema (CARDOSO, 2009).
É por isso que fazemos uso de um alfabeto fonético, que visa representar 
mais precisamente cada som da fala. Por exemplo, quando produzimos a palavra 
“ovo”, a segunda vogal não é igual à primeira, assemelha-se a um [u], o qual 
também não é como a primeira vogal de “uva”. Essa segunda vogal de ovo é 
mais central do que a vogal [u] e um pouco mais alta do que a vogal [o]. Há 
um símbolo fonético exclusivo para descrever esse som: [ʊ]. A mesma coisa 
ocorre, por exemplo, com a segunda vogal de “sete”. Ela não é baixa como 
um [e] nem é tão alta e anterior como um [i], o seu símbolo é o [I]. (SOUZA; 
SANTOS, 2016).
Historicamente, foram conhecidos vários sistemas de transcrição fonética. Hoje, o 
mais difundido é o da Associação Internacional de Fonética, conhecida como IPA 
(International Phonetic Alphabet). Esse alfabeto já existe há cem anos e foi recente-
mente reformulado em alguns aspectos menos importantes. Um outro sistema é o 
SIL (Summer Institute of Linguistics), difundido por Keneth Lee Pike e muito usado na 
transcrição de línguas indígenas. Hoje, esse alfabeto está cedendo lugar para o IPA 
(MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012).
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Na Figura 1, apresentamos a tabela fonética proposta pela Associação 
Internacional de Fonética. Essa tabela propõe símbolos para transcrever qual-
quer som possível de ocorrer nas línguas naturais. A partir dos parâmetros 
articulatórios que caracterizam a produção de cada som, somos capazes de 
inferir e até mesmo pronunciar os segmentos listados, ao menos aqueles 
pertencentes ao português.
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No que diz respeito às consoantes, observe que, no eixo horizontal, a tabela 
classifica os segmentos em termos de lugar de articulação, enquanto que, no 
eixo vertical, classificam-se os segmentos em termos de modo de articulação. 
Quando os segmentos são apresentados em pares dentro da mesma categoria, 
teremos sempre um segmento desvozeado à esquerda e o vozeado à direita. 
Nos quadros vazios, nos quais não se observa nenhum símbolo, considera-se 
improvável a articulação pelo aparelho fonador humano.
Tratando-se de vogais, temos, no eixo horizontal da tabela fonética vocálica, 
o parâmetro anterioridade/posterioridade, e, no eixo vertical, a altura ou 
grau de abertura. Quando os símbolos aparecem em pares, o segmento da es-
querda representa a vogal não arredondada e o da direita, a vogal arredondada.
Como referido por Silva (2003), segmentos consonantais podem ser pro-
duzidos com uma propriedade articulatória secundária em relação às pro-
priedades articulatórias fundamentais desse segmento. Por exemplo, quando 
pronunciamos uma sequência como “su” certamente arredondamos os lábios 
durante a articulação da consoante “s”. Uma vez que a articulação de seg-
mentos consonantais normalmente não envolve o arredondamento dos lábios, 
dizemos que a labialização é uma propriedade articulatória secundária da 
consoante em questão. Propriedades articulatórias secundárias geralmente 
ocorrem de acordo com o contexto ou ambiente, ou seja, a partir de efeitos 
de segmentos adjacentes. 
Para marcar uma propriedade articulatória secundária, utilizamos um 
diacrítico ou símbolo adicional junto à consoante em questão (SILVA, 2003). 
Os diacríticos servem também para marcar outros fenômenos envolvidos na 
produção de fones. Por exemplo, quando sussurramos uma palavra como 
tendência, o [d], que é sonoro, é produzido como desvozeado nesse contexto. 
Para marcar esse desvozeamento, usa-se o diacrítico [ ̥ ] junto com o símbolo 
[d], temos então [d̥ ] (SOUZA; SANTOS, 2016).
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A partir da tabela fonética apresentada na Figura 1, que explicita e classifica os diferentes 
tipos de segmentos com base em correlatos articulatórios e critérios relacionados 
à produção, podemos propor a transcrição para algumas palavras do português 
brasileiro. O símbolo ( ‘ ) marca, nesses casos, o acento primário das palavras. Veja 
alguns exemplos de transcrição fonética para o Português:
Símbolo Classificação
Escrita 
ortográfica
Transcrição 
fonética
p Oclusiva bilabial desvozeada “pato” [‘patʊ]
b Oclusiva bilabial vozeada “bala” [‘bala]
t Oclusiva alveolar desvozeada “teto” [‘tɛtʊ]
d Oclusiva alveolar vozeada “data” [‘data]
k Oclusiva velar desvozeada “casa” [‘kaza]
g Oclusiva velar vozeada “galo” [‘galʊ]
f Fricativa labiodental desvozeada “faca” [‘faka]
v Fricativa labiodental vozeada “vaca” [‘vaka]
s Fricativa alveolar desvozeada “sala”
“casca”
[‘sala]
[‘kaska]
z Fricativa alveolar vozeada “zelo”
“casa”
[‘zelʊ]
[‘kaza]
ʃ Fricativa alveopalatal desvozeada “chá” [‘ʃa]
ʒ Fricativaalveopalatal vozeada “janela” [ʒa’nɛla]
m Nasal bilabial vozeada “mala” [‘mala]
n Nasal alveolar vozeada “nada” [‘nada]
l Lateral alveolar vozeada “lata” [‘lata]
[‘plana]
(Continua)
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No português brasileiro, podemos transcrever as palavras “tia” e “dia” de duas diferentes 
maneiras, a depender da região a qual o falante pertença. Transcrevemos [‘tia] utilizando 
a oclusiva alveolar desvozeada e [‘dia] com a oclusiva alveolar vozeada para a 
pronúncia típica de alguns estados do nordeste, como Alagoas, Sergipe, Pernambuco, 
Paraíba. Em contrapartida, para representar a pronúncia característica do sudeste 
brasileiro, usamos a africada alveopalatal desvozeada [tʃ], como em [‘tʃia], e a 
africada alveopalatal vozeada [‘dʒ] em [‘dʒia].
Existem, ainda, algumas variações na pronúncia do “R” para além da diferença típica 
existente entre a fricativa velar desvozeada [X] e o “R caipira” [ɹ] (retroflexa alveolar 
vozeada), a depender do dialeto do português analisado.
Conforme descrito por Silva (2003), a fricativa velar vozeada [ɣ], pronúncia típica do 
dialeto carioca, é produzida com uma fricção audível na região velar. Esse segmento 
ocorre em final de sílaba seguida de consoante vozeada, como no caso de “carga” 
[‘kaɣga]. Já na fricativa glotal desvozeada [h], pronúncia típica do dialeto de Belo 
Horizonte, não ocorre fricção audível no trato vocal. Esse segmento ocorre em início 
de sílaba que seja precedida por silêncio e, portanto, encontra-se em início de palavra 
(“rata”); em início de sílaba que seja precedida por vogal (“marra”) e em início de sílaba 
que seja precedida por consoante (“Israel”). Em alguns dialetos, também pode ocorrer 
em final de sílaba, quando seguido por consoante desvozeada (“carta”), e em final de 
sílaba que coincide com final de palavra (“mar”). Temos também a fricativa glotal 
vozeada [ɦ] (pronúncia típica de Belo Horizonte), na qual também não ocorre fricção 
audível no trato vocal. Esse segmento ocorre em final de sílaba seguida de consoante 
vozeada, como em “carga” [‘kaɦga] (SILVA, 2003).
Símbolo Classificação
Escrita 
ortográfica
Transcrição 
fonética
ʎ Lateral palatal vozeada “malha” [‘maʎa]
ɲ Nasal palatal vozeada “banho” [‘bãɲʊ]
X Fricativa velar desvozeada “rato”
“amarra”
“mar”
[‘Xatʊ]
[a’maXa]
[‘maX]
ɾ Tepe alveolar vozeado
(vibrante simples)
“cara”
“prata”
[‘kaɾa]
[‘pɾata]
ř Vibrante alveolar vozeada 
(Vibrante múltipla)
“rato”
“maré”
[‘ř atʊ]
[‘mař ɛ]
ɹ Retroflexa alveolar vozeada “par” [‘paɹ]
(Continuação)
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Francisco
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Francisco
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Tipos de transcrição fonética
Existem dois tipos básicos de transcrições fonéticas que podem ser assumidas: 
a transcrição fonética ampla e transcrição fonética restrita. Ao transcrevermos 
foneticamente uma palavra como “quilo” podemos, por exemplo, registrá-la 
como [‘kʲilʷʊ] ou como [‘kilʊ]. A transcrição [‘kʲilʷʊ] explicita todos os detalhes 
observados articulatoriamente (incluindo as articulações secundárias). Esse tipo 
de transcrição é denominado transcrição fonética restrita. Observe que, na 
transcrição [‘kʲilʷʊ], explicita-se a palatalização de [k] seguido de [i] e também 
a labialização de [1] seguido de [ʊ]. Tanto a palatalização quanto a labializa-
ção são previsíveis pela ocorrência do segmento seguinte (coarticulação por 
coprodução): consoantes tendem a ser palatalizadas quando seguidas de [i] e 
consoantes tendem a ser labializadas quando seguidas de [u] (SILVA, 2003).
Em contrapartida, a transcrição [‘kilʊ] explicita apenas as propriedades 
segmentais e omite os aspectos condicionados por contexto ou características 
específicas da língua ou dialeto. Queremos dizer com isso que a palatalização 
e labialização não foram registradas em [‘kilʊ] (pois tanto a palatalização 
quanto a labialização são previsíveis pela vogal seguinte). No registro do 
[1], pode-se interpretá-lo como um segmento alveolar ou dental sem haver a 
necessidade de utilizar-se o símbolo [ l̪ ] (para caracterizar a produção na qual 
a ponta da língua toca entre os dentes e alvéolos, como fazem os gaúchos). 
Isso porque a generalização quanto aos segmentos serem dentalizados deve 
ser expressa para a língua como um todo. No caso de a língua fazer distinção 
entre segmentos alveolares e dentais, é relevante acrescentar o diacrítico [ l̪ 
] à transcrição fonética (SILVA, 2003). Dependendo do grau de precisão que 
se quer na transcrição fonética, haverá um uso maior ou menor de diacríticos 
(MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012).
Denomina-se, dessa forma, transcrição fonética ampla aquela transcrição 
que explicita apenas os aspectos que não sejam condicionados por contexto 
ou características específicas da língua ou dialeto (SILVA, 2003).
São apresentadas, a seguir, as articulações secundárias dos segmentos conso-
nantais relevantes para a transcrição do português, como descrito por Silva (2003):
Labialização – consiste no arredondameto dos lábios durante a produção de 
um segmento consonantal. A consoante que apresenta a propriedade secundária 
de labialização é seguida de uma vogal que é produzida com o arredondamento 
dos lábios. A labialização geralmente ocorre quando a consoante é seguida de 
vogais arredondadas (orais ou nasais) como em “tutu”, “só”, “bolo”, “rum”, 
“som”. Utilizamos o símbolo w colocado acima à direita do segmento para 
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marcar a labialização: pʷ, bʷ, tʷ, dʷ, kʷ, gʷ, fʷ, vʷ, sʷ, zʷ, ʃʷ, ʒʷ, 
X ,̫ h ,̫ m ,̫ n ,̫ l ,̫ r ,̫ etc. (SILVA, 2003).
Palatalização – consiste no levantamento da língua em direção à parte 
posterior do palato duro. Ou seja, a língua direciona-se para uma posição 
anterior (mais para a frente da cavidade oral) do que normalmente ocorre 
quando se articula um determinado segmento consonantal. A consoante que 
apresenta a propriedade secundária de palatalização apresenta um efeito 
auditivo de sequência de consoante seguida da vogal “i”. A palatalização 
geralmente ocorre quando uma consoante é seguida de vogais anteriores 
[i], [e], [ɛ] (orais ou nasais). Ocorre mais frequentemente com consoantes 
seguidas da vogal [i] como em “aliado, kilo, guia”. Pode ocorrer também em 
consoantes seguidas da vogal [e] como em “letra, leva, tento”. Utiliza-se o 
símbolo j colocado acima à direita do segmento para marcar a palatalização: 
kʲ, gʲ, tʲ, dʲ, lʲ (SILVA, 2003).
Velarização – consiste no levantamento da parte posterior da língua em 
direção ao véu palatino concomitantemente à articulação de um determi-
nado segmento consonantal. A consoante lateral [1] apresenta a propriedade 
articulatória secundária de velarização em certos dialetos do Sul do Brasil e 
do português europeu. O contexto em que a velarização ocorre é quando a 
lateral se encontra em final de sílaba: sal, salta. Utiliza-se o símbolo [ɫ] para 
transcrever a lateral velarizada nesses contextos (SILVA, 2003).
Dentalização – algumas consoantes em português podem ser articuladas 
como dentais ou alveolares. Por exemplo, a pronúncia de “t” em “tapa” pode se 
dar com a ponta da língua tocando os dentes (sendo, portanto, uma consoante 
dental), ou pode se dar com a ponta da língua tocando os alvéolos (sendo, 
portanto, uma consoante alveolar). Consoantes dentais têm como articulador 
passivo os dentes incisivos superiores e consoantes alveolares tem como arti-
culador passivo os alvéolos. Pode-se articular um segmento dental ou alveolar 
com o ápice ou com a lâmina da língua comoarticulador ativo. Geralmente, 
as consoantes listadas a seguir apresentam a propriedade de dentalização no 
dialeto paulista, enquanto, no dialeto mineiro, ocorre uma articulação alveolar 
para as mesmas consoantes. Marcamos a dentalização com o símbolo [ ̪ ] 
colocado abaixo da consoante em questão: t̪ d̪ s̪ z̪ n̪ ɾ̪ l̪ .
Considerações para a transcrição fonética
De acordo com Massini-Clagliari e Cagliari (2012), o treinamento fonético de 
transcrição comporta dois tipos de exercícios, sem os quais uma transcrição 
pode ser mal realizada. O primeiro é o treinamento auditivo, que faz com que o 
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linguista saiba ouvir sons individuais (inseridos em qualquer tipo de contexto e 
de qualquer extensão) e reconhecer em cada segmento a categoria a que pertence, 
de acordo com as possibilidades articulatórias do aparelho fonador humano. O 
segundo é o treinamento de produção, que treina o linguista a produzir todos 
os segmentos individualmente ou de forma combinada com qualquer outro em 
qualquer sequência (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012).
Existem alguns procedimentos básicos ou recomendações para se realizar 
uma transcrição fonética. Em primeiro lugar, é mais adequado realizar a 
transcrição da fala na presença do informante, fazendo uso de recursos de 
gravação (de preferência em vídeo) como forma apenas de documentação. O 
linguista ouve o informante e procura repetir o que ouviu até que este diga 
que está tudo correto. É a partir da percepção auditiva e da propriocepção 
(noção espacial que se tem do corpo, posição, orientação e força exercida pelos 
músculos e estruturas fonoarticulatórias na execução dos gestos articulatórios) 
que o linguista (foneticista) procede à identificação dos segmentos e à sua 
transcrição (MASSINI-CLAGLIARI; CAGLIARI, 2012).
1. Assinale a alternativa que 
melhor explicita os preceitos e 
contrastes da escrita ortográfica 
e da transcrição fonética.
a) Enquanto o alfabeto fonético 
é uma abstração, o alfabeto 
ortográfico opera com a 
substância da expressão, 
descrevendo da forma mais fiel 
possível a realidade dos sons, 
sendo, portanto, mais exato.
b) Dizemos que deve haver uma 
representação biunívoca 
– isto é, cada grafema 
corresponde a apenas um 
som, e um som corresponde 
apenas a um grafema.
c) O alfabeto fonético lida com 
a substância da expressão, 
representando os sons da fala 
da maneira mais fiel possível. 
O alfabeto ortográfico, por 
sua vez, é uma abstração.
d) Das línguas existentes, apenas 
nas línguas românicas, a exemplo 
do português e do espanhol, 
não há correspondência 
entre grafema e fonema.
e) Os contrastes são mínimos, 
uma vez que temos uma 
correspondência quase que 
perfeita entre os elementos 
do alfabeto fonético e do 
alfabeto ortográfico.
2. Assinale a alternativa que apresenta 
uma adequada transcrição fonética 
das palavras janela, malha, rato e 
mala de acordo com as realizações 
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CARDOSO, D. P. Fonologia da língua portuguesa. São Cristóvão: Universidade Federal 
de Sergipe, CESAD, 2009.
MASSINI-CAGLIARI, G.; CAGLIARI, L. C. Fonética. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A. C. (Org.). 
Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2012. v. 1.
SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2003.
SOUZA, P. C.; SANTOS, R. S. Fonética. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística II: 
princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2016.
possíveis no português brasileiro.
a) [ʃa’nɛla], [‘maʎa], [‘Xatʊ], [‘mala].
b) [ʒa’nɛla], [‘malha], [‘Xatʊ], [‘mala].
c) [ʒa’nɛla], [‘maʎa], [‘ʢatʊ], [‘mala].
d) [ʒa’nɛla], [‘maʎa], [‘Xatʊ], [‘mala].
e) [ja’nɛla], [‘maʎa], [‘Xatʊ], [‘mala].
3. Assinale a alternativa que apresenta 
uma adequada transcrição fonética 
das palavras casa, teto, chá e 
nada de acordo as realizações 
possíveis no português brasileiro.
a) [‘kaza], [‘tɛtʊ], [‘ʃa], [‘nada].
b) [‘casa], [‘teto], [‘chá], [‘nada].
c) [‘caza], [‘tɛtʊ], [‘ʃa], [‘nada].
d) [‘kaza], [‘tɛtʊ], [‘ʃa], [‘Nada].
e) [‘kaza], [‘tetʊ], [‘ʃa], [‘nada].
4. A respeito das articulações 
secundárias no português brasileiro, 
assinale a alternativa correta. 
a) A labializarão consiste no não 
arredondamento dos lábios 
durante a produção de um 
segmento consonantal.
b) A velarização consiste no não 
levantamento da parte posterior 
da língua em direção ao véu 
palatino concomitantemente à 
articulação de um determinado 
segmento consonantal.
c) A palatalização geralmente 
ocorre quando uma 
consoante é seguida de vogais 
posteriores (orais ou nasais).
d) O fato da consoante ser dental 
(dentalização) ou alveolar 
expressa uma variação linguística 
dialetal, não uma variação que 
seja condicionada pelo contexto 
(como é o caso da labialização).
e) A palatalização consiste no 
levantamento da língua em 
direção a parte posterior 
dos incisivos superiores.
5. Assinale a alternativa que 
corresponde a uma transcrição 
fonética restrita. Verifique, 
ainda, se a transcrição está 
adequada, obedecendo a 
princípios articulatórios.
a) [‘kilʊ]
b) [‘kʲilʷʊ]
c) [‘kʲilʊ]
d) [‘kʷʲilʷʊ]
e) [‘kʷilʲʊ]
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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
 
DICA DO PROFESSOR
A transcrição fonética pode ser realizada a partir de diversos meios, desde aquele escrito, no 
qual o pesquisador com algum grau de familiaridade com os símbolos fonéticos executa em seu 
caderno de anotações (situação bastante comum em trabalhos linguísticos de campo) ou até 
mesmo por meios digitais com o auxílio de computador, tablet, etc.
A recomendação é para que o pesquisador/professor sempre grave o conteúdo que está sendo 
anotado, o que permitirá reouvir e reanalisar, a fim de confirmar o que foi anotado, assegurando 
a consistência na transcrição. De bastante utilidade desde que foi criado em meados de 1995 
pelos linguistas Paul Boersma e David Weenink, o software PRAAT tem sido uma importante 
ferramenta tanto para a segmentação, como para a transcrição do conteúdo linguístico da fala. É 
considerado o software para análise acústica mais difundido e respeitado pelos cientistas da fala.
No vídeo a seguir você receberá orientações sobre como instalar o software em seu computador 
e sobre como é possível segmentar e transcrever foneticamente os dados da fala nesse sistema 
tão utilizado nas ciências fonéticas (articulatória, acústica e auditiva).
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Assinale a alternativa que melhor explicita os preceitos e os contrastes da escrita 
ortográfica e da transcrição fonética. 
A) Enquanto o alfabeto fonético é uma abstração, o alfabeto ortográfico opera com a 
substância da expressão, descrevendo o mais fiel possível a realidade dos sons, sendo, 
portanto, o mais exato.
B) Dizemos que deve haver uma representação biunívoca, isto é, cada grafema correspondea 
apenas um som e um som corresponde apenas a um grafema.
C) O alfabeto fonético lida com a substância da expressão, representando os sons da fala da 
maneira mais fiel possível. O alfabeto ortográfico, por sua vez, é uma abstração.
D) Das línguas existentes, apenas nas línguas românicas, a exemplo do português e do 
espanhol, não há correspondência entre grafema e fonema.
E) Os contrastes são mínimos, uma vez que temos uma correspondência quase que perfeita 
entre os elementos do alfabeto fonético e do alfabeto ortográfico.
2) Assinale a alternativa que apresenta uma adequada transcrição fonética das palavras 
"janela", "malha", "rato" e "mala", de acordo as realizações possíveis no português 
brasileiro.
A) [ʃa'nɛla], ['maʎa], ['Xatʊ], ['mala].
B) [ʒa'nɛla], ['malha], ['Xatʊ], ['mala].
C) [ʒa'nɛla], ['maʎa], ['ʢatʊ], ['mala].
D) [ʒa'nɛla], ['maʎa], ['Xatʊ], ['mala].
E) [ja'nɛla], ['maʎa], ['Xatʊ], ['mala].
3) Assinale a alternativa que apresenta uma adequada transcrição fonética das palavras 
"casa", "teto", "chá" e "nada", de acordo as realizações possíveis no português 
brasileiro. 
A) ['kaza], ['tɛtʊ], ['ʃa], ['nada].
B) ['casa], ['teto], ['chá], ['nada].
C) ['caza], ['tɛtʊ], ['ʃa], ['nada].
D) ['kaza], ['tɛtʊ], ['ʃa], ['Nada].
E) ['kaza], ['tetʊ], ['ʃa], ['nada].
4) A respeito das articulações secundárias no português brasileiro, assinale a alternativa 
correta. 
A) A labialização consiste no não arredondameto dos lábios durante a produção de um 
segmento consonantal.
B) A velarização consiste no não levantamento da parte posterior da língua em direção ao véu 
palatino, concomitantemente com a articulação de um determinado segmento consonantal.
C) A palatalização, em geral, ocorre quando uma consoante é seguida de vogais posteriores 
(orais ou nasais).
D) O fato da consoante ser dental (dentalização) ou alveolar expressa uma variação linguística 
dialetal e não uma variação que seja condicionada pelo contexto (como é o caso da 
labialização).
E) A palatalização consiste no levantamento da língua em direção a parte posterior dos 
incisivos superiores.
5) Assinale a alternativa que corresponde a uma transcrição fonética restrita. Verifique 
ainda se a transcrição está adequada, obedecendo aos princípios articulatórios. 
A) ['kilʊ].
B) ['kʲilʷʊ].
C) ['kʲilʊ].
D) ['kʷʲilʷʊ].
E) ['kʷilʲʊ].
NA PRÁTICA
Estudar uma língua estrangeira, ou até mesmo ensiná-la, pode implicar algumas dificuldades. 
Como garantir que o aluno, ao aprender uma determinada pronúncia de uma palavra, não a 
esqueça com o passar dos dias?
O inventário sonoro de uma língua que não conhecemos parece bastante dinâmico, você já 
percebeu como as pronúncias dos segmentos podem variar dependendo do contexto e do 
sentindo?
Veja o caso destas duas palavras em inglês.
 
Em português, existem também formas variáveis de se pronunciar os segmentos, no entanto, 
somos menos sensíveis a essas diferenças dentro do nosso próprio dialeto. 
Uma maneira efetiva de se fornecer dados precisos acerca da pronúncia das palavras é aprender 
a transcrevê-las foneticamente. Na maior parte das vezes, apenas saber ler (interpretar) o som 
que um determinado símbolo fonético de uma língua representa já é suficientemente útil, tanto 
para ensinar como para aprender uma nova língua.
É o que os dicionários de língua estrangeira fazem e trazem junto dos significados a transcrição 
fonética das palavras. Se você for professor de português de alunos estrangeiros, essa também é 
uma estratégia bastante efetiva. Treinar seus alunos a identificar a pronúncia dos sons por meio 
dos símbolos fonéticos, sem dúvida, irá ajudar a evitar graves erros de pronúncia, permitindo ao 
aluno uma maior independência. Assim, sempre que esquecer como uma palavra é pronunciada, 
basta consultar a sua transcrição fonética.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Gráfico do IPA interativo. 
Esta página interativa permite ouvir os sons que os símbolos fonéticos do IPA representam 
(de forma aproximada, pois há muita variação na forma como esses sons são produzidos 
dependendo do idioma e do contexto). Basta clicar em um símbolo para ouvir o som que o 
representa.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Transcrição fonética. 
Esta página permite que você digite facilmente as transcrições fonéticas no Alfabeto 
Fonético Internacional (IPA). Basta clicar no símbolo que deseja inserir na sua transcrição 
fonética e pronto! Você pode editar seu texto na caixa e depois copiá-lo para um 
documento de Word, para uma planilha, etc. É uma ferramenta bastante prática e útil.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Software PRAAT 
Este link lhe permite realizar o download gratuito do PRAAT, um software livre e 
utilizado para análise e síntese da fala.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

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