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Ética, política e 
sociedade
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 1 19/06/14 12:31
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 2 19/06/14 12:31
Ética, política e 
sociedade
Fábio Roberto Tavares
Márcia Bastos de Almeida
Sergio de Goés Barboza
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 3 19/06/14 12:31
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Tavares, Fábio Roberto
T231e Ética, política e sociedade / Fábio Roberto Tavares, 
Márcia Bastos de Almeida, Sergio de Goes Barboza. – 
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
 192 p.
 ISBN 978-85-68075-15-9
 1. Moral. 2. Princípio. I. Almeida, Márcia Bastos de. II. 
Barboza, Sergio de Goes. III. Título.
 CDD 177.2
© 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, 
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e 
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora 
e Distribuidora Educacional S.A.
Diretor editorial e de conteúdo: Roger Trimer
Gerente de produção editorial: Kelly Tavares
Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso
Coordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento
Editor: Casa de Ideias
Editor assistente: Marcos Guimarães
Revisão: Francisco Mariani Casadore 
Diagramação: Casa de Ideias
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 4 19/06/14 12:31
Unidade 1 — Princípios da ética e moral ocidental .......1
Seção 1 Formação da moral ocidental e racionalizações éticas .........3
1.1 A moral e a ética ocidentais .................................................................4
1.2 A moral é temporal e é reflexo dos costumes da sociedade ................11
Seção 2 Individualidade e coletividade ............................................20
2.1 O indivíduo e a coletividade ..............................................................20
Seção 3 O determinismo, a liberdade e a subjetividade social .........31
3.1 Nascidos para a liberdade ..................................................................32
Unidade 2 — Correntes filosóficas e a construção 
da moral ................................................43
Seção 1 A filosofia de Hegel e a moral .............................................44
1.1 Conhecendo um pouco de Hegel ......................................................45
Seção 2 Kant e o imperativo categórico ...........................................56
2.1 O imperativo categórico ....................................................................56
2.2 Os imperativos ...................................................................................60
2.3 Os imperativos hipotético e categórico ..............................................63
2.4 As fórmulas do imperativo categórico ................................................65
Seção 3 Nietzsche e a genealogia da moral ....................................69
3.1 A moral em Nietzsche........................................................................70
Unidade 3 — Construção da política ocidental ...........87
Seção 1 Fundamentos da política ocidental e o contrato social .......89
1.1 Fundamentando a política e o contrato ocidental ..............................90
Sumário
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 5 19/06/14 12:31
vi É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Seção 2 Formação do Estado liberal ...............................................102
2.1 Liberalismo de Estado ......................................................................102
Seção 3 Realismo político e tipos de regimes políticos no Brasil ....112
3.1 A política real ..................................................................................112
Unidade 4 — Sociedade e globalização .....................131
Seção 1 Indivíduo e sociedade .......................................................134
1.1 Ação social e seus tipos ...................................................................134
1.2 Objeto da sociologia ........................................................................135
1.3 A definição de ação social de Max Weber .......................................136
1.4 Conceito de ação social ...................................................................136
1.5 O método de Weber ........................................................................137
1.6 O espírito capitalista e a ética protestante ........................................137
1.7 O processo de racionalização do mundo moderno ..........................139
1.8 A teoria burocrática .........................................................................140
1.9 Racionalidade prática ......................................................................140
1.10 Racionalidade teórica ......................................................................141
1.11 Racionalidade substantiva ................................................................141
1.12 Racionalidade formal .......................................................................141
Seção 2 Os tipos de sociedades e a vida coletiva ...........................144
2.1 Émile Durkheim ...............................................................................144
2.2 O objeto de estudo ..........................................................................144
2.3 Estudar a sociedade como “coisa” ...................................................146
2.4 Fato normal e patológico .................................................................147
2.5 A sociedade de solidariedade mecânica e a sociedade de 
solidariedade orgânica .....................................................................148
2.6 Desafios para o enfrentamento das questões sociais no mundo 
capitalista ........................................................................................150
2.7 Marx e a religião ..............................................................................153
2.8 Será que Marx estava alinhando a religião a todas as drogas 
que existiam no século XIX? .............................................................154
2.9 Quais eram os interesses dos britânicos? ..........................................154
2.10 O que Karl Marx queria? ..................................................................155
2.11 Ideologia e alienação .......................................................................155
2.12 O marxismo vulgar ou marxismo sem Marx .....................................157
2.13 Karl Marx: “Tudo que sei é que não sou marxista” ...........................158
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 6 19/06/14 12:31
s u m á r i o vii
2.14 Materialismo histórico e dialético ....................................................159
2.15 O Estado e a sociedade ....................................................................161
Seção 3 A globalização e a formação cultural da 
sociedade global ...............................................................162
3.1 A Divisão Internacional do Trabalho ................................................162
3.2 A globalização na perspectiva dos clássicos da sociologia ...............163
3.3 Algumas características do capital ...................................................166
3.4 Diálogo entre Adam Smith e Karl Marx ............................................167
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 7 19/06/14 12:31
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 8 19/06/14 12:31
A vida nos apresenta situações em que as condutas morais se transforma 
constantemente. Mas, em meio às transformações das condutas morais, dos 
costumes que a sociedade vem sofrendo, os valores vão se transformandoem outros.
A ética e a moral são os condutores para a sustentabilidade de uma 
sociedade mais humana, mais justa, mais igualitária. É o bem comum que 
subsidia as condições para as condutas morais, para a manutenção de valores 
que coadunam com o interesse coletivo. Essas temáticas estarão presentes 
na unidade 1, além de conceitos que nos farão compreender melhor a ética, 
a moral, o sujeito e a sociedade.
Somos sujeitos sociais e vivemos em conjunto, em uma organização 
social. Nós nascemos, vivemos e morremos em uma organização. Essas or-
ganizações são geridas por uma política. Quando nascemos, dependemos 
de um hospital e, portanto, de uma política de saúde pública; se vamos para 
uma creche ou escola de educação infantil, dependemos de uma política 
educacional.
Você vai acompanhar o movimento do pensamento que construiu as 
teorias filosóficas a partir das concepções dos filósofos. De forma linear e 
gradativa, começamos com a ideia de política na Grécia Antiga, até o modelo 
adotado pelo Estado brasileiro. Em alguns momentos vamos apresentar dicas 
de leituras e filmes para que você possa utilizar outros instrumentos que lhe 
servirão de aprendizado.
Quando o assunto é política, podemos nos calar e apenas ouvir, ou nos 
inflamar com discussões que orbitam entre o senso comum e a paixão cega 
por um candidato ou partido político. Essas posturas, no entanto, não tra-
duzem o verdadeiro sentido de discussão ou pensamento político, mas de 
discussão partidária e individualista.
Apresentação
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 9 19/06/14 12:31
x É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
É pouco? Acredito que não. Tudo isso foi desenvolvido para que você 
possa, no exercício da leitura, do estudo, do aprofundamento, compreender 
e fixar o aprendizado de forma autônoma, que é a intenção desse modelo 
de ensino — Ead.
Dando continuidade aos estudos, perpassaremos também pela explicação 
sociológica da vida coletiva, focando as três principais linhas mestras, ou seja, 
a Sociologia compreensiva ou interpretativa, a Sociologia positiva e as ideias 
centrais do pensamento de Marx a respeito da sociedade capitalista.
Bons estudos.
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 10 19/06/14 12:31
 Seção 1: Formação da moral ocidental e 
racionalizações éticas
Nesta seção, você terá oportunidade de aprender e 
refletir sobre a moral e a ética, suas diferenças, suas 
proximidades e sua importância na vida ocidental. 
Trabalharemos algumas questões que apresentam 
as origens ou bases fundamentais da existência hu-
mana, ou seja, a gênese da consciência moral, aquilo 
que possibilita aos seres humanos serem considera-
dos homens, utilizando o filtro da racionalidade ética. 
Vamos estudar a ética e a moral com a contribuição 
de grandes pensadores, como Platão, Sócrates, Aris-
tóteles, Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino.
Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, você terá a oportu-
nidade de identificar o conceito e a etimologia de ética e moral, 
assim como entender a formação da moral ocidental e como vão 
sendo construídas as racionalizações éticas. Você poderá analisar e 
refletir sobre o indivíduo e suas relações na coletividade presentes 
na sociedade. Você terá a oportunidade de identificar a importân-
cia do determinismo, da liberdade e da subjetividade social para o 
indivíduo e para a sociedade.
Princípios da ética
e moral ocidental
Unidade 1
Fábio Roberto Tavares
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 1 19/06/14 12:31
 Seção 2: Individualidade e coletividade
Aqui você vai estudar como se dá a relação do indi-
víduo com a coletividade, qual a realidade de cada 
um, como se entende a individualidade e a coletivi-
dade para alguns pensadores. Você também poderá 
identificar como a ética contribui para a definição 
das regras de ação recomendáveis ao coletivo e aos 
indivíduos.
 Seção 3: O determinismo, a liberdade e a 
subjetividade social
Nesta seção, você encontrará conceitos e questio-
namentos que são feitos continuamente em nossas 
vidas, como: Somos livres ou nascemos determina-
dos? Nossas escolhas são livres ou são determinadas 
por quais fatores? Queremos, nesta seção, provo-
car as questões sobre os modelos de conduta que 
aprendemos como certo e errado e, por isso, quando 
falamos de certo e errado estamos, também, falando 
de liberdade e como as noções de liberdade e justiça 
se refletem na relação entre indivíduo e sociedade.
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 2 19/06/14 12:31
p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 3
Introdução ao estudo
Ao longo da história da humanidade, várias têm sido as áreas que fomentam 
reflexões acerca da ética e da moral, especificamente no Ocidente — até porque 
a humanidade necessita de acordos para que a sua interação e convivência 
se tornem sustentáveis. É nessa perspectiva da convivência, do entendimento, 
que queremos trabalhar os conceitos de ética, de moral e suas racionalizações.
Não podemos falar de ética sem vislumbrar a filosofia como fundamento 
da própria ética e da moral. A filosofia foi campo fértil ao longo da história da 
humanidade para o desenvolvimento da moral e da ética como parte de uma 
sociedade que queremos sempre melhor. Enquanto a filosofia nos lança nos 
questionamentos acerca do que é certo e do que é errado, a ética nos conduz 
no caminho daquilo que acreditamos ser o melhor para nós mesmos e para os 
outros. Com esta unidade, você terá oportunidade de aprender a construção 
histórica e social da moral, bem como os conceitos de valor e da ética. Também 
terá oportunidade de perceber que a moral está fundamentada (como a funda-
ção de uma construção) a um ethos, constituído durante a modernidade pelo 
modelo epistemológico inaugurado naquele período. Você poderá analisar e 
refletir sobre os valores que norteiam o nosso agir nos dias atuais e como esse 
agir foi se modificando na história da cultura ocidental, como o determinismo, 
a liberdade e a subjetividade estão presentes no nosso dia a dia. Vamos lá? 
Bons estudos.
Seção 1 Formação da moral ocidental e 
racionalizações éticas
Caro acadêmico, queremos conversar sobre a ética e suas caracterizações 
e racionalizações. Queremos, aqui, perceber que há uma interface entre moral e 
ética que é indissociável. O importante desse estudo é dar destaque ao conceito de 
moral, e você compreender o comportamento humano em relação ao que é moral. 
Podemos dizer, recorrendo aos textos de Platão e Aristóteles, que, no Oci-
dente, a ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates.
Para Sócrates, o conceito de ética iria além do senso comum da sua época, 
o corpo seria a prisão da alma, que é imutável e eterna. Existiria um “bem em 
si” próprio da sabedoria da alma e que pode ser rememorado pelo aprendizado. 
Essa bondade absoluta do homem tem relação a uma ética anterior à experiência, 
pertencente à alma, e que o corpo, para reconhecê-la, teria que ser purificado.
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4 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Aristóteles subordina sua ética à política, acreditando que na monarquia 
e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que esta é um privilégio de 
poucos indivíduos.
Também diz que, na prática ética, nós somos o que fazemos, ou seja, o 
homem é moldado na medida em que faz escolhas éticas e sofre as influências 
dessas escolhas.
Aristóteles, filósofo grego antigo, compartilha conosco a ideia de que o 
mundo essencialista é o mundo da contemplação. No pensamento filosófico 
dos antigos, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem 
ser alcançados pela conduta virtuosa. Para a ética essencialista, o homem era 
visto como um ser livre, sempre em busca da perfeição. Esta, por sua vez, seria 
equivalenteaos valores morais que estariam inscritos na essência do homem. 
A partir dessa pequena introdução para a ética ocidental desses grandes pen-
sadores, vamos então nos aprofundar nessa temática.
1.1 A moral e a ética ocidentais
Dessa forma — para ser ético —, o homem deveria entrar em contato com 
a própria essência, a fim de alcançar a perfeição.
Costuma-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista, em três aspectos:
1. o agir em conformidade com a razão;
2. o agir em conformidade com a natureza e com o caráter natural de cada 
indivíduo;
3. a união permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e política (va-
lores da sociedade).
A ética era uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de 
propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos.
Há duas obras que gostaríamos de mencionar que poderão lhe servir de base para aprofunda-
mento de estudos. Uma delas é de Adolfo Sanchez Vázquez, sobre a ética. A outra é uma obra 
de introdução à filosofia, com a contribuição de vários autores e organização da filósofa brasileira 
Marilena Chaui. Confiram a indicação bibliográfica das duas obras:
1. SANCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. 267 p.
2. CHAUI, Marilena; FERES, Olgária et al. Primeira filosofia: lições introdutórias. São Paulo: 
Brasiliense, 1987.
Para saber mais
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 5
Não se pode imaginar a construção da ética e da moral ocidental sem 
considerar a contribuição do Cristianismo para essas duas dimensões. Por isso, 
vamos dar um pulo cronológico e ideológico e trazer dois pensadores que se 
destacam: Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona. 
1.1.1 Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona
Figura 1.1 Tomás de aquino
Fonte: Mishabender/Shutterstock (2014).
Com o Cristianismo romano, através de Tomás de Aquino e Agostinho de Hi-
pona incorpora-se a ideia de que a virtude se define a partir da relação com Deus, e 
não com a cidade ou com os outros. Deus, nesse momento, é considerado o único 
mediador entre os indivíduos. As duas principais virtudes são a fé e a caridade.
É interessante conhecermos melhor quem é Tomás de Aquino, como ele viveu, o que o influen-
ciou para ele ter essa expressividade através de seu pensamento e também como foi sua vida. 
Você pode encontrar essas informações no link: <http://www.infoescola.com/filosofos/
tomas-de-aquino>.
Para saber mais
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6 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Através do pensamento cristão, elaborado por Tomás e Agostinho, se afirma 
a ética do livre arbítrio, sendo que o primeiro impulso da liberdade dirige-se 
para o mal (pecado). O homem passa a ser fraco, pecador, dividido entre o bem 
e o mal. O auxílio para a melhor conduta é a lei divina. A ideia do dever surge 
nesse momento. Com isso, a ética passa a estabelecer três tipos de conduta; a 
moral ou ética (baseada no dever), a imoral ou antiética e a indiferente à moral.
Outros pensadores vão ingressar nessa discussão ainda do círculo cristão 
e também de outras vertentes: Lutero, Copérnico, Descartes, Kant. Vejamos as 
suas contribuições.
As profundas transformações que o mundo sofre a partir do século XVII 
com as revoluções religiosas, por meio de Lutero; científica, com Copérnico 
e filosófica, com Descartes, oprimem um novo pensamento na Era Moderna, 
caracterizada pelo Racionalismo Cartesiano — agora a razão é o caminho para 
a verdade, e para chegar a ela é preciso um discernimento, um método. Em 
oposição à fé surge, agora, o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e 
comparar. Esse é um marco na história da humanidade, que, a partir daí, acolhe 
um novo caminho para se chegar ao saber: o saber científico, que se baseia 
num método, e o saber sem método, que é mítico ou empírico.
Figura 1.2 A humanidade busca o saber 
Fonte: Pinkypills/Shutterstock (2014).
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 6 19/06/14 12:31
p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 7
A ética moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos devem 
ser tratados sempre como fim da ação e nunca como meio para alcançar seus 
interesses. Essa ideia foi contundentemente defendida por Immanuel Kant. 
Agostinho de Hipona é outra figura de grande expressão no pensamento 
ocidental quando se trata da ética e da moral. Agostinho e Tomás, santos re-
conhecidos da Igreja Católica, foram grandes pensadores também na área da 
teologia e da filosofia. Foram também os maiores representantes de dois mo-
vimentos — a patrística e a escolástica, que tinham a intenção de aproximar 
a fé e a razão. 
A linha de pensamento de Santo Agostinho girava em 
torno de dualismos, herança de Platão e dos maniqueístas 
orientais. Bem e mal, corpo e espírito eram totalmente 
separados. O filósofo condenava os pecados da carne e 
alegava que a fé era o essencial para a vida. Segundo 
Scofano, seguia uma lógica “primeiro eu creio, depois 
explico”. São Tomás de Aquino ia na contramão de Santo 
Agostinho, colocando a razão em primeiro lugar. Tentava 
até mesmo explicar a fé por meios racionais, alegando 
que podia provar a existência de Deus. Argumentava que 
tudo está em movimento e todo movimento é causado 
por alguém; desse modo, é preciso que haja uma causa 
inicial, um “primeiro motor”, como chamava. Além disso, 
constatou que é preciso que haja um Deus para que o 
universo esteja em tão perfeita harmonia (LINS, 2009).
Podemos, então, afirmar que esses dois pensadores tinham um grande cui-
dado e afinco em trazer para o mesmo nível fé, filosofia e religião. Parece-nos 
impossível, mas, se buscarmos suas obras, veremos que isso foi possível, dada 
a vasta obra dessas duas grandes expressões do pensamento ocidental. 
Tomás propõe uma nova ética. Em que consiste essa nova ética?
Questões para reflexão
Caro estudante, você viu até aqui os referenciais éticos e suas caracteriza-
ções e racionalizações. E também o que escreveram alguns pensadores em di-
ferentes vertentes. Uma das condições para podemos entender alguns conceitos 
é verificar, na própria história, como há uma evolução de conceitos. Vamos lá.
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8 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Estudar ética, falar de ética, refletir sobre a ética é, portanto, entender 
toda a dimensão da sociedade, da humanidade. A ética, por si só, não vai 
elaborar um manual de condutas, nem tampouco elencar um rol de atitudes 
certas e erradas.
Embora a ética seja um assunto basicamente filosófico, seu campo de 
atuação e reflexão pode ser estendido por todas as áreas. A ética também 
se divide em vários campos do saber: teologia, filosofia, psicologia, direito, 
economia e outros.
A ética como disciplina teórica busca explicar e indicar o melhor com-
portamento do ponto de vista moral, mas, como toda teoria, não se distancia 
da prática, porque é a prática do comportamento humano que a sustenta e 
tem como função fundamental “[...] explicar, esclarecer ou investigar uma 
determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes” (SANCHEZ; 
VAZQUEZ, 1970, p. 20). 
Os problemas teóricos da ética podem ser divididos em dois campos (VALLS, 
1996):
1. os problemas gerais e fundamentais — liberdade, consciência, bem, 
valor, lei e outros;
2. os problemas específicos — aplicação concreta, ou seja, ética profissio-
nal, ética política, entre outros.
Srour (2013) aborda sobre as acepções e confusões que a ética provoca. 
Ele considera que existam três tipos de acepções que podem causar confusões, 
porque ampliam demais as concepções da ética: 
1. A ética é descritiva —que corresponde a juízo de valor, ou seja, quem 
tem boa conduta pode ser considerado uma pessoa ética, virtuosa e 
íntegra. Enquanto quem não condiz com as expectativas sociais pode 
ser considerado ‘sem ética’. Nesse sentido, Srour (2011) considera que a 
ética assume uma ideia simplista reduzida a um valor social, ou apenas 
um adjetivo.
2. A ética é prescritiva — a ética como “[...] sistema de normas morais ou 
a um código de deveres” (SROUR, 2011, p. 19), ou seja, os padrões mo-
rais que deveriam conduzir categorias sociais ou organizações passam 
a se chamar de código de ética; nesse sentido de prescrição, a ética e a 
moral tornam-se sinônimo indistinguível.
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 9
3. A ética é reflexiva — que corresponde à teoria de um estudo sistemático 
como objeto de investigação que, ao transitar por diferentes áreas, pode 
ser considerada:
 Ética filosófica — que reflete sobre a melhor maneira de viver (ideais 
morais).
 Ética científica — que estuda, observa, descreve e explica os fatos 
morais (a moralidade como fenômeno).
É essa ética, com todas as suas nuances, que nos auxilia a compreender a constru-
ção da moral ocidental. O Brasil é um país muito característico nesse grupo e a partir 
de sua reflexão vamos voltar nosso estudo para o Brasil para percebermos melhor.
Ainda de acordo com Srour (2013), a ética é perene e a moral é mutável. A 
ideia de ética é que ela não muda, a ética faz reflexões acerca dos costumes, 
que é o campo da moral. Para melhor compreendermos, no Brasil, temos a 
história da mulher como um bom exemplo de mudança de costumes e, por 
conseguinte, mudança de valores morais.
DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997.
Essa obra conta a trajetória das mulheres desde o Brasil no período colonial. O livro conta a 
história da mulher, os principais aspectos de seu tempo e interseções, como: família, trabalho, 
mídia, literatura, violência, entre outros.
Para saber mais
Figura 1.3 A conquista da mulher
Fonte: Divulgação/Editora Contexto (2014).
book_INICIAIS_ETICA_POLITICA_SOCIEDADE.indb 9 19/06/14 12:31
10 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Até a década de 1930, a mulher não podia votar e nem ser votada. Portanto, 
o sufrágio feminino foi uma conquista de equiparar a mulher ao homem e 
torná-la um membro da sociedade como qualquer outro, ou seja, uma pessoa 
participativa aos desígnios políticos do país.
No cenário político nacional, a primeira mulher a se tornar deputada federal 
foi em 1933, e somente em 1979 foi eleita a primeira senadora. Em 2011 o 
país elege, pela primeira vez, uma mulher como Presidente da República. Se 
você observar os anos — 1933, 1979 e 2011 —, verá o quanto demora para 
que os valores se transformem e, ao mesmo tempo, depois de estabelecida a 
mudança, esses valores tornam-se tão familiares que nem mais pensamos nessa 
trajetória de conquista e transformação.
No mundo do trabalho, a mulher conquistou espaço tardiamente, e, por esse 
motivo, várias são ainda as desigualdades entre a mulher e o homem no mundo 
do trabalho. Existem diversas pesquisas que apontam mulheres e homens com 
mesmo nível de escolaridade e mesma função, mas que têm salários diferentes.
Veja, então, caro acadêmico, que não se pretende aqui fazer nenhum tipo 
de apologia à mulher, muito pelo contrário, porque a mulher não precisa disso, 
a mulher é só um bom exemplo para que possamos perceber o quanto ela se 
transformou e contribuiu pra a transformação da sociedade. Antes ela não vo-
tava e nem era votada, antes ela não trabalhava fora de casa, antes a sua vida 
limitava-se a cuidar de filhos e marido e da casa. E hoje?
Figura 1.4 As mulheres na busca da igualdade de direitos 
Fonte: Divulgação/Mujeres em Red (2014).
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 11
1.2 A moral é temporal e é reflexo dos costumes da 
sociedade
A partir dessa reflexão sobre a mulher, podemos perceber que a moral são 
os costumes, são as práticas do comportamento humano e as práticas aceitáveis 
de uma sociedade. Então, como esses costumes, práticas e culturas mudam? 
Mudam quando a própria sociedade clama por mudanças ou quando, a partir 
de um movimento de um grupo, procura-se conscientizar o resto da sociedade 
da importância de pensar e agir diferente. Foi dado o exemplo da mulher, mas 
muitos outros são exemplos que se enquadrariam nesse momento para ilustrar 
essa transformação de valor e costume, a exemplo da homossexualidade, doen-
ças que carregavam preconceitos e hoje não mais, entre outros. 
Pode-se dizer que a moral é mutável, como diziam os romanos — “o tem-
pora, o mores” — ou seja, os costumes mudam com o tempo. Srour (2013,
p. 56) elenca alguns itens para a compreensão do que vem a ser moral:
 É um sistema de normas culturais que pauta as con-
dutas dos agentes sociais de uma determinada coleti-
vidade e lhes diz o que é certo ou não fazer;
 Depende da adesão de seus praticantes aos pressupos-
tos e valores que lhes servem de fundamentos;
 Representa um posicionamento diante das questões 
polêmicas ou sensíveis e constitui um discurso que 
justifica interesses coletivos;
 Organiza expectativas coletivas ao selecionar e definir 
melhores práticas a serem observadas;
 Tem natureza simbólica, essência histórica e caráter 
plural, e seus cânones variam à medida que espelham 
as coletividades históricas que o cultivam.
Srour (2013, p. 57) ainda resume a moral comparativamente à ética:
Por isso mesmo, as morais são as nervuras sensíveis das 
culturas e dos imaginários sociais, as peças de resistên-
cia que armam as identidades organizacionais, códigos 
genéticos das condutas sociais requeridas pelas coletivi-
dades. Assim sendo, enquanto as morais correspondem às 
representações mentais que dizem aos agentes sociais o 
que se espera deles, quais comportamentos são recomen-
dados e quais não o são, a ética diz respeito à disciplina 
teórica e ao estudo sistemático dessas morais e de suas 
práticas efetivas.
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12 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Acadêmico, você deve se perguntar continuamente por que dar tanta impor-
tância à ética. Alguns indicativos estarão elencados a seguir, porém há muitos 
outros que confirmam que a ética é importante, sim, para a sociedade e para 
a compreensão de como vai se construindo a moral.
A ética é perene porque as suas reflexões são um curso contínuo e eterno; 
sempre haverá reflexões sobre a ética. Já a moral é temporal, porque, de acordo 
com o tempo, os costumes e valores de uma sociedade se modificam.
A ética é universal porque as suas reflexões independem da cultura, so-
ciedade ou tempo histórico, as suas reflexões cabem em qualquer lugar e 
em qualquer tempo, porque se referem ao comportamento humano. A moral 
é cultural porque em cada sociedade, em cada lugar, os costumes e valores 
serão diferentes.
A ética é regra, porque não existe mutabilidade em suas reflexões, as suas 
reflexões é que podem ser realizadas perante as mudanças. A moral é conduta 
de regra, porque é preciso relacionar os valores para que a moral possa instituir 
a sua conduta.
A ética é teoria porque está situada no campo das reflexões, enquanto a 
moral se refere às práticas do comportamento humano, seus costumes, seus 
hábitos e seus valores.
Essas são as principais diferenças entre ética e moral, que ajudam para 
auxiliar na compreensão quanto às suas ramificações e desdobramentos.
Com tantos conceitos, você já é capaz de responder ao seguinte 
questionamento? 
Erroneamente, as pessoas referem-se à éticacomo um sinônimo de 
moral ou acham que moral é a mesma coisa que ética, ou seja, duas 
palavras que podem ser utilizadas para “avaliar e julgar” comporta-
mentos. Partindo desse princípio, você, estudante, consegue diferenciar 
a ética da moral?
Questões para reflexão
Etimologicamente falando, ética é derivada do grego ethos, que significa 
costume, hábitos e valores de determinada coletividade. A palavra moral 
deriva do latim mos — ou mores, no plural — que também significa costume 
ou as normas adquiridas como hábito. 
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 13
A Ética é um saber científico que se enquadra no campo 
das Ciências Sociais. É uma disciplina teórica, um sistema 
conceitual, um corpo de conhecimentos que se torna inte-
ligível aos fatos morais. Mas o que são fatos morais? São os 
fatos sociais que dizem respeito ao bem e ao mal, juízos 
sobre as condutas dos agentes, convenções históricas so-
bre o que é certo e errado, justo e injusto, o que é certo 
ou errado? Toda coletividade formula e adota os padrões 
morais que mais lhe convém (SROUR, 2013, p. 7-8).
Portanto, do ponto de vista etimológico, ética e moral significam a mesma 
coisa, contudo há o limiar tênue entre uma e outra. E isso você poderá observar 
à medida que vamos nos aprofundando no assunto. Veja, então, resumidamente: 
“A ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana 
ou forma de comportamento dos homens, ou da moral, considerado, porém, na 
sua totalidade, diversidade e variedade” (SANCHEZ; VAZQUEZ, 1970, p. 21). A 
moral é o estudo dos costumes de uma determinada sociedade numa determi-
nada época e lugar.
Para aprofundar nosso conhecimento sobre ética e moral, mais detidamente 
sobre definições de ética e moral, e também sobre as variantes éticas, ou novos 
campos em que a ética vai se mostrar importante como fator determinante para 
os rumos da humanidade, é preciso lançar alguns questionamentos:
Por que, aliás, ética e não moral? Impõem-se aqui algu-
mas definições, suficientemente abertas e flexíveis, para 
não congelar, desde o princípio, a análise. A etimologia 
não poderia nos guiar em nada nesta tarefa: ta êthé (em 
grego, os costumes) e mores (em latim, hábitos) possuem, 
com efeito, acepções muito próximas uma da outra; se 
o termo “ética” é de origem grega e “moral”, de origem 
latina, ambos remetem a conteúdos vizinhos, à ideia de 
costumes, de hábitos, de modos de agir determinados 
pelo uso. Contudo, apesar deste paradoxo que a análise 
etimológica nos assinala, há que operar uma distinção 
entre a ética e a moral. A primeira é mais teórica que a 
segunda, pretende-se mais voltada a uma reflexão sobre 
os fundamentos que esta última (RUSS, 1999, p. 7-8).
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14 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Uma pergunta pertinente após essa reflexão que acabamos de fazer 
vai para o questionamento do campo da moral: afinal, qual é o campo 
da moral?
Questões para reflexão
O campo da moral, pela sua mutabilidade, se torna um campo vasto, em 
que se possibilita uma multiplicidade de ações. Até porque a moral é oriunda 
das ações e interações humanas. A moral, portanto, está em toda parte, nas 
escolas, nas igrejas, nos hospitais, nas organizações privadas e públicas.
É através da moral que os códigos de convivência são estipulados, para que 
as pessoas se comportem adequadamente e também para que haja harmonia 
na interação humana e da instituição.
Do ponto de vista dessas ações humanas, existem dois universos que se 
constroem perante o fim de suas ações: universal e particular.
Na administração pública, por exemplo, os atos administrativos devem 
estar voltados ao universal, porque as suas ações sempre devem preservar o 
interesse coletivo; portanto, no meio da administração pública não cabem atos 
administrativos voltados ao interesse particular.
O campo da moral é vasto; a moral é o alicerce para que a sociedade possa 
estipular as suas regras de convivência. Portanto, condutas morais não são 
exclusividade da administração pública, as condutas morais estão presentes a 
todo tempo e em qualquer lugar.
Se você for um servidor público, legislador, ou, quem sabe, um responsável 
na elaboração de políticas públicas, ou simplesmente um cidadão, deve se per-
guntar: quem são as pessoas que irão se beneficiar com a minha ação? Quais 
são as atitudes mais apropriadas para que um maior número de pessoas possa 
se beneficiar com as minhas atitudes? A minha ação é de interesse próprio ou 
de interesse coletivo?
Essas perguntas e tantas outras ajudam a sinalizar em qual campo da moral 
se encaminham as nossas ações.
Segundo Srour (2013), existem dois universos que se podem tomar como o iní-
cio para melhor compreensão da prática moral: particularismo e universalismo.
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 15
Figura 1.5 Universalismo e particularismo
UNIVERSALISMO
• É consensual porque 
interessa a todos: o 
bem de uns e o bem de 
outros não rivalizam.
• Os interesses pessoais, 
grupais ou gerais se 
realizam sem prejudicar 
ninguém.
PARTICULARISMO
• É abusivo porque o 
bem de uns causa mal 
aos outros.
• Os interesses pessoais 
ou grupais se realizam 
à custa dos interesses 
alheios.
Fonte: Srour (2013, p. 9).
O universalismo dita as condutas morais positivas, em que existe o consenso 
para que o bem comum seja preservado. Nesse sentido, mesmo quando existem 
ações voltadas ao interesse de uma minoria ou de um grupo específico, ainda 
assim esses interesses não vão se confrontar com o interesse dos demais. Não 
há uma rivalidade de interesses, pelo contrário, a satisfação dos interesses se 
dá de forma consensual.
No particularismo, os interesses pessoais ou de um grupo se prevalecem 
em detrimento do interesse de outros, por isso são práticas negativas. Não há 
um consenso de quem precisa mais, para que as práticas nesse universo sejam 
realizadas de forma consensual e em preservação do bem comum. Pelo con-
trário, existe uma rivalidade de interesses para que a vontade de uns se realize 
independente da necessidade de um ou de outro ser maior.
A administração pública, por exemplo, está na esfera do universalismo, e é 
por isso que ela existe e é dessa forma que ela deve servir aos cidadãos. Mas 
o servidor público, que é o condutor da prática do serviço público, poderá se 
encontrar na polaridade da escolha entre universalismo e particularismo, em 
pequenas atitudes do seu cotidiano.
O que o autor chama de fato social é qualquer ação neutra; por exemplo, 
cumprir com as minhas obrigações no trabalho. Fato moral já implica uma 
atitude positiva ou negativa, ser conivente ou agente de práticas ilícitas no 
trabalho (negativa), denunciar práticas negativas no trabalho (positiva). Então:
 Fatos sociais — são aqueles que não afetam os outros, nem para o bem 
e nem para o mal, portanto são eticamente neutros;
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16 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
 Fatos morais — podem ter efeito positivo, numa visão universalista (causam 
benefícios aos outros) ou particularista (não causam benefícios aos outros).
Nesse sentido, voltando ao exemplo da administração pública, não se 
pode efetuar somente fatos sociais, muito pelo contrário, é preciso que os 
fatos morais universalistas e positivos se tornem recorrentes para que se evi-
tem práticas irregulares ou ilícitas. Por isso, também nos perguntamos: o que 
é moral, amoral, ou imoral? Como diferenciar esses princípios? O que é agir 
conforme a moral? O que é o agir imoralmente? O queé uma atitude amoral? 
Como podemos diferenciá-los? De forma bem resumida, pode-se dizer que:
 Moral — é agir conforme os valores da sua organização ou sociedade 
sem prejudicar os outros.
 Imoral — é uma atitude que vai contra as normas e valores de uma or-
ganização ou sociedade e que prejudica os outros.
 Amoral — quando uma atitude não influi nem positivamente e nem ne-
gativamente, ou seja, uma ação neutra.
Pode-se concluir que uma atitude moral é uma ação positiva, uma atitude 
imoral é uma ação negativa e uma atitude amoral é uma ação neutra. Dessa 
forma, o âmbito da moral é decidir como agir, é uma questão da prática, en-
quanto que o âmbito da ética é refletir sobre essas ações e suas implicações 
na felicidade humana.
As questões de legalidade, ilegalidade, moralidade e imoralidade apresen-
tadas por Srour (2013) são muito importantes para que se possa observar, na 
prática, o que há de legal e moral nas ações do nosso cotidiano.
Nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legal. Vejamos 
algumas situações apresentadas por Srour (2013, p. 59), de acordo com o 
quadro que segue:
Quadro 1.1 Legalidade e moralidade
Quanto à legalidade? Quanto à moral? Exemplo:
LEGAL MORAL
Treinamento de funcionários patrocinado por 
uma empresa.
LEGAL IMORAL
Falta de correção da tabela do Imposto de Renda 
por longos anos, sob a alegação de que fazê-lo 
seria introduzir o instituto de correção monetária.
ILEGAL MORAL
Desrespeito aos sinais vermelhos de madrugada 
nas grandes cidades pelo receio de assaltos.
ILEGAL IMORAL As fraudes em licitações públicas.
Fonte: Adaptado de Srour (2013, p. 59).
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 17
Caro acadêmico, os textos que apresentamos até o presente momento po-
sicionaram o debate em torno da ética e da moral, a partir da forma de como, 
nos diversos momentos da civilização ocidental, filósofos posicionaram seus 
estudos, suas formas de responder à dinâmica vital, ao desafio da existência. 
Assim, podemos constatar que os desafios éticos e morais do mundo antigo 
diferenciavam-se dos desafios éticos e morais do mundo medieval e estes dos 
desafios do mundo ocidental moderno e contemporâneo. Na próxima seção, 
vamos estudar como a individualidade e a coletividade contribuem para a 
evolução da sociedade. Até lá.
 1. O fato social é a causa principal da teoria sociológica, que constitui 
em qualquer forma de instigação sobre os indivíduos que são obti-
dos como uma coisa exterior a eles, tendo uma duração sem laços e 
estabelecida em toda a sociedade. Na administração pública, temos 
fatos sociais e fatos morais. Perante essa afirmação, associe os itens 
a seguir: 
 I. Moral
 II. Imoral
 III. Amoral
( ) é optar como atuar, é uma questão de costume.
( ) quando uma posição não contribui nem corretamente e nem 
negativamente.
( ) atuar de acordo com os valores da sua instituição ou sociedade.
( ) é uma decisão que vai em contraposto aos preceitos e valores 
de uma entidade.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) I — III — I — II.
( ) II — I — III — II.
( ) III — II — I — III.
( ) I — II — III — I.
Atividades de aprendizagem
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18 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
 2. A moral é a base da ética que o indivíduo pratica em sociedade, po-
rém este indivíduo tem que obedecer a normas impostas como um 
sistema normatizador. Classifique V para as sentenças verdadeiras e 
F para as falsas:
( ) As práticas morais são estabelecidas em cada um dos grupos 
sociais, como família, trabalho, religião, clube, entre outros. 
( ) As práticas morais não se modificam e nem se transformam ao 
longo da história da humanidade.
( ) Fatos sociais são ações positivas ou neutras, que se destacam 
dentro da área social.
( ) Fatos morais são ações neutras ou dinâmicas.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) V — F — F — F.
( ) F — F — V — F.
( ) V — V — F — V.
( ) F — V — V — V.
 3. A consciência moral pode ser considerada um ato concreto, reconhe-
cido e identificado pela pessoa humana. Nesse sentido, a consciência 
moral é entendida como costumes e hábitos que se referem à morada 
de um povo ou sociedade, resultando na ética. Diante desse pressu-
posto, analise as sentenças a seguir:
 I. Uma das funções da ética é indicar o melhor comportamento 
individual ou grupal.
 II. O comportamento se pauta nos princípios morais, culturais, finan-
ceiros de cada sociedade para, se possível, desenvolver a ética.
 III. A ética ampara a orientação sobre a realidade cotidiana de cada 
povo, buscando valorizar seus preceitos conforme o comportamento 
correspondente de cada grupo social.
 IV. A ética é um princípio interligado à moral, porém com ideias 
diferentes; um direciona a conduta, enquanto o outro torna as 
ações materiais.
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 19
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
( ) As sentenças I e III estão corretas.
( ) As sentenças II e III estão corretas.
( ) Somente a sentença IV está correta.
( ) As sentenças III e IV estão corretas.
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20 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Seção 2 Individualidade e coletividade
Nossa carteira de identidade traz a foto/imagem do nosso rosto. As 
formas do nosso rosto indicam algumas de nossas características, que são 
muito pessoais. Essas características indicam nossa identidade pessoal e 
intransferível, pelo menos visualmente, a não ser que tenhamos um gêmeo 
univitelino, e através de uma foto não se pode identificar as diferenças.
Para chegarmos ao entendimento do conceito de sociedade, o que é so-
ciedade, vamos destacar algumas palavras-chave imprescindíveis. A primeira 
palavra que quero destacar é “indivíduo”. Entre vários significados, pontos de 
vista para conceituar indivíduo, que parece ser mais complexo para entender 
do que a própria sociedade, vamos tomar o caminho do conceito do indivíduo 
como distinto, mas nem por isso incomunicável com outros indivíduos.
2.1 O indivíduo e a coletividade
Figura 1.6 Indivíduo
Fonte: Pogonici/Shutterstock (2014).
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 21
A singeleza da imagem na figura anterior mostra o indivíduo como tantos 
outros, junto, porém com suas peculiaridades; no caso, a cor o diferencia, mas 
sabemos que o que realmente diferencia um indivíduo de outro, via de regra, 
não é visível aos olhos.
Trata-se, sempre, da questão de identidade. De saber 
quem somos e como somos; de saber por que somos. 
Sobretudo quando nos damos conta de que o homem 
se distingue dos animais por ter a capacidade de se 
identificar, justificar e singularizar. De saber quem ele 
é. De fato, a identidade social é algo tão importante que 
o conhecer-se a si mesmo através dos outros deixou os 
livros de filosofia para se constituir numa busca antropo-
logicamente orientada (DAMATTA, 1997, p. 15).
A etimologia da palavra indivíduo nos reporta ao latim “individuus”, divi-
dindo-se em “in” que indica negação, não, mais “dividuus”, divisível, dividir. 
Juntando-se essas duas palavras, não divisível, entendemos que indivíduo é 
o que não se divide, que não se pode multiplicar, ou numa linguagem mais 
cinematográfica, não se pode replicar. Carl Gustav Jung, por sua vez, definiu 
individuação como um processo por meio do qual uma pessoa se torna cons-
ciente de sua individualidade.
Individualidade podeser definida como o conjunto de atributos que consti-
tuem a originalidade, a unicidade de uma criatura, e que a distingue de outras 
tantas; é o somatório das características inerentes à alma humana. Toda criatura 
que se individualizou tornou-se um ser homogêneo, pois não mais procura 
comparar-se com os outros, admite a sua singularidade.
A questão que se coloca a partir desses conceitos — indivíduo e coletivo — 
é a seguinte: constituímo-nos como humanos a partir das relações que estabele-
cemos societária e culturalmente. Porém, em que circunstância é possível falar 
de individualidade e coletividade? O humano não estaria preso aos imperativos 
da coletividade social que o determinam? Em que contexto se estabelecem as 
possibilidades para a manifestação de traços característicos de cada indivíduo, 
demarcando suas diferenças em relação à totalidade cultural e societária em 
que se encontra inserido? Como somos parte de uma cultura? Como passamos 
a conviver como seres sociais pertencentes a um mesmo grupo e sociedade? 
Acompanhemos o instigante relato a seguir, acontecido no início do século 
XX, na Índia: 
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22 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente numerosos, 
descobriu-se em 1920 duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de 
uma família (?) de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um 
ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Não tinha 
nada de humano e seu comportamento era exatamente semelhante àquele 
de seus irmãos lobos. Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os 
joelhos e cotovelos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para 
os trajetos longos e rápidos. Eram incapazes de permanecer em pé. Só se 
alimentavam de carne crua ou podre. Comiam e bebiam como os animais, 
lançando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde 
foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra. 
Eram ativas e ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como 
lobos. Nunca choravam ou riam. Kamala viveu oito anos na instituição que 
a acolheu, humanizando-se (?) lentamente. Necessitou de seis anos para 
aprender a andar e, pouco antes de morrer, tinha um vocabulário de apenas 
cinquenta palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Chorou 
pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às 
pessoas que cuidaram dela, bem como às outras com as quais conviveu. Sua 
inteligência permitiu-lhe comunicar-se por gestos, inicialmente e, depois, 
por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar ordens 
simples (PROJETO UNISINOS, 2013).
A história que acabamos de ler nos coloca diante de um fato verídico e 
que pode contribuir para que nos aproximemos da compreensão de quanto 
nossa constituição humana depende do convívio social e cultural em que 
nos inserimos. Amala e Kamala, as meninas-lobo, na medida em que sua 
linguagem, seus hábitos e costumes não condiziam com os padrões socie-
tários e culturais humanos, não alcançaram os parâmetros de humaniza-
ção convencionados e constitutivos de nossas civilizações. Mesmo que se 
reconheça, a partir de sua constituição física, traços de seres pertencentes 
à espécie humana, não se pode falar plenamente de sua humanidade, na 
medida em que não aprenderam a fazer uso da fala, da linguagem, da co-
municação que articula as relações intersubjetivas humanas. Esta é uma das 
principais características dos seres humanos: a capacidade de olhar para o 
mundo e criar signos e símbolos que o expressem em sua totalidade. E, por 
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 23
fim, as meninas-lobo não demonstravam capacidade de conferir um sentido 
ao mundo, de manifestar qualquer forma de interpretação ou de relação 
espacial, temporal e histórica.
A partir de que momento passamos a fazer parte da coletividade?
Questões para reflexão
Esse relato, assim como tantos outros relatos que se tornaram clássicos na 
antropologia, nos permite constatar, num primeiro momento, a singularidade 
do homem diante da natureza em função de sua capacidade de dar sentido 
à realidade, ao mundo em que se insere. Mas, também, de reconhecer as 
especificidades e diferenças constitutivas de cada indivíduo partícipe de uma 
mesma sociedade e cultura. Ou seja, cada um de nós, na sua experiência com 
o mundo, com a realidade, como os demais seres humanos em seu entorno, é 
capaz de interpretar, significar e ressignificar a vida, o mundo, de acordo com 
suas especificidades, mesmo que vinculadas às convenções societariamente 
estabelecidas. Reconhecer a individualidade e a diferença do homem no âm-
bito social e cultural em que se encontra inserido torna-se antropologicamente 
significativo para interpretarmos as contradições que os homens enfrentam 
cotidianamente em tempos de homogeneização social e cultural em que se 
inserem as sociedades de massa características de nossos tempos. Para além 
da redutibilidade das relações de reprodução e consumo a que milhões de 
indivíduos estão submetidos, é fundamental reafirmarmos que somos únicos 
e dotados de subjetividade articulada a partir da multiplicidade de relações 
sociais e culturais em curso na atualidade.
Segundo Rouanet (1993, p. 149), a Modernidade foi marcada por três 
características principais: “[...] o cognitivismo, o individualismo e o universa-
lismo”. Ou seja, a capacidade de a razão humana conhecer por conta própria, 
a atitude individual na busca de sua autorrealização, o que inclui o conhecer 
e o prazer de viver, e a noção de uma natureza humana universal, a partir de 
algumas características comuns a todas as pessoas.
Já o nosso tempo é, em grande medida, um tempo de relações marcadas 
pela funcionalidade e, portanto, impessoais. Tendemos para o utilitarismo, em 
que somente tem sentido e validade aquilo que é útil. Esvazia-se cada vez mais 
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24 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
o vínculo com o social, com a comunidade de pertencimento e de sentido. 
Nesse contexto, torna-se urgente e necessário fomentar o pensamento crítico 
e criativo que demarca a individualidade e singularidade de cada indivíduo na 
constituição de sua autonomia. Condição necessária para que se preservem as 
prerrogativas políticas e éticas sobre as quais se assenta a capacidade do agir 
humano na busca do bem viver e da felicidade humana. 
Dessa forma, uma das características marcantes de nosso tempo é o como-
dismo, senão o conformismo diante de situações que agridem frontalmente a 
autonomia de indivíduos, povos e culturas. É importante questionar as impo-
sições sociais, os imperativos da gestão utilitarista da vida capitaneada pela 
lógica econômica global de mercado e sua pretensão de transformar relações 
e seres humanos em mercadorias consumíveis e descartáveis, subvertendo e 
aniquilando as potencialidades críticas e criativas constitutivas do humano.
Assim, para compreender melhor essa dimensão do coletivo, recorrermos 
a Santos (2006, p. 73), que nos esclarece que:
Os interesses coletivos são expressão do espírito asso-
ciativo do homem. Dizem respeito ao homem associado, 
socialmente agrupado, membro de grupos ou comunida-
des, com algum grau de organização, que medeiam entre 
o indivíduo e o Estado. Desvinculam-se dos interesses 
concretos de cada indivíduo para assumir contornos de 
um interesse abstrato, da coletividade, do grupo. 
Nesse sentido, um dos grandes desafios é conviver com as diferenças, com 
o coletivo que em seu seio carrega o indivíduo, buscar as possibilidades de 
realização pessoal no âmbito das possibilidades e contradiçõessocietárias 
de nossos dias. Tal postura é característica de quem reconhece o fato de que 
construímo-nos como seres humanos, que nossa individualidade participa 
de uma determinada cultura e que, sob tais condições, a tarefa sine qua non de 
uma vida é contribuir para o engrandecimento cultural e social da humanidade 
em sua totalidade.
Nesse caso, é possível falar de fenômeno coletivo quando, desvanecidos 
os interesses individuais originários, busca-se uma nova realidade, o que torna 
o interesse coletivo direto e pessoal para o grupo, legitimando-o a representar 
essa coletividade como um todo. Portanto, os interesses coletivos valem-se dos 
grupos como veículos para a sua exteriorização, pois a existência do grupo, pelo 
fato de presumir um mínimo de coesão de organização e estrutura, possibilita 
a aglutinação e coesão dos interesses, dando-lhes o caráter coletivo. 
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 25
Em todas as esferas do fazer humano, se apresenta o desafio de tornar uma 
sociedade, uma comunidade, ou o local em que vamos atuar e, mesmo, viver, 
em um local de ações mútuas de solidariedade, de coletividades cooperativas em 
torno de problemas comuns, bem como de suas possibilidades de resolução. 
Em tempos de competição, de medo, insegurança e individualismo, torna-se 
urgente reafirmar o princípio da autonomia, do uso, por parte dos indivíduos 
em sua individualidade, da razão em seu âmbito público e privado.
Figura 1.7 Somos livres?
Fonte: Gazlast/Shutterstock (2014).
Nós, seres humanos, devemos obedecer a certos imperativos da natureza, 
como a necessidade de nos abrigar, nos alimentar e nos reproduzir. A maneira 
pela qual fazemos isso, entretanto, difere da dos outros animais qualitativa-
mente. Não nos comportamos em função de uma programação inata e instintiva, 
como eles. Se assim fosse, não haveria diferentes visões de mundo e diferentes 
formas de agir ao longo das gerações.
A nossa espécie, porém, por força das pressões evolutivas a que fomos 
submetidos em nossa formação, desenvolveu um mecanismo que possibilita 
modificar nosso comportamento e adotar diferentes soluções para resolver as 
demandas da vida, o que permitiu nossa ocupação de diversos nichos ecoló-
gicos por todo o planeta.
Ao contrário dos animais, não nascemos sabendo como agir para solucionar 
nossas demandas naturais, instintivamente. Precisamos de um longo aprendi-
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26 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
zado para adquirir os conhecimentos necessários para sobrevivermos. Esse pe-
ríodo é chamado de processo de socialização ou endoculturação: aprendizado 
contínuo da cultura da sociedade à qual pertencemos e que é, dessa forma, 
interiorizado em nós, nos guiando em nossas práticas.
Seria impossível sobrevivermos sem pertencer a uma comunidade, em 
função do caráter social e gregário de nossa espécie. Entretanto, a comuni-
dade não sobrevive sem que aqueles que a compõem compartilhem de regras 
mínimas de convivência e crenças que orientem os indivíduos em suas ações. 
A cultura, que faz isso, é produto de nossas interações sociais e nos é legada 
pelas gerações que nos precederam. Nascemos num mundo social que nos 
transmite uma tradição, representada por nossa cultura, a qual nós modificamos 
por nossas ações e questionamentos.
Nosso tempo apresenta, portanto, enormes desafios éticos que decorrem 
da diversidade cultural das sociedades contemporâneas, do consumismo, do 
individualismo, do hedonismo, do desprezo ao próximo e à natureza, gerando 
um quadro de crise que tem sérias implicações sobre a ética, sobre os valores 
e sobre a responsabilidade tanto do indivíduo quanto de toda a coletividade.
A palavra VALOR tem sua raiz no latim, valere, e significa coragem, bravura, o caráter o homem; 
daí por extensão significa aquilo que dá a algo um caráter.
1. A noção filosófica de valor está relacionada por um lado àquilo que é bom, útil, positivo; e, 
por outro, à prescrição, ou seja, a algo que deve ser realizado.
2. Do ponto de vista ético, os valores são os fundamentos da moral, das normas e regras que 
prescrevem a conduta correta (JAPIASSU; MARCONDES, 2001, p. 268).
Para saber mais
Hoje, mais do que nunca, é preciso possibilitar ao indivíduo e por conse-
guinte à coletividade uma verdadeira experiência de vida grupal, de formação 
humana que leve as pessoas a serem agentes integrados e comprometidos na 
transformação do ambiente em que vivem, e não acharem que isso não tem nada 
a ver com elas. Essa é a genuína cultura da solidariedade que inclui o indivíduo 
na sua individualidade, este indivíduo fazendo parte de uma coletividade. 
Cultura da solidariedade diz mais que práticas solidárias. 
Vai mais fundo. Significa criar um imaginário cujos sím-
bolos segreguem aliança, fraternidade. Nela o símbolo 
(syn+ballein) realiza sua vocação etimológica de unir 
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 27
opondo-se ao diábolo (dia+ballein) que divide. Sem cair 
no dualismo grotesco de demonizar a realidade que se 
opõe a nossa posição, é inegável que a solidariedade se 
situa do lado sim+bólico, da união, da comunhão, da 
cooperação, enquanto o sistema vigente com a lógica da 
troca competitiva é dia+bólico, dividindo as pessoas den-
tro de si em desejos opostos, dentro da família com com-
petição entre seus membros, dentro das classes jogando 
os indivíduos uns contra os outros, dentro da sociedade 
em classes antagônicas. Tudo regido pela competição, 
concorrência insolidária (LIBÂNEO, 2012, s. p.).
Em tudo isso não podemos perder a dimensão da individualidade do homem 
e da possibilidade que ele tem de criar mecanismos de mudança dentro da 
coletividade. O homem, pelas ações que realiza, faz com essa teia de relações 
preestabelecidas possa ser reconstruída pelos próprios indivíduos, no sentido 
de estabelecer novos princípios para a sociedade.
De acordo com Srour (2013, p. 45), existem dois tipos de interesses pes-
soais: egoísta, “[..] quando beneficia exclusivamente o indivíduo à custa dos 
outros e, portanto, assume feições abusivas e particularistas”; e autointeresse, 
“[...] quando beneficia o indivíduo sem prejudicar outrem, e, portanto, assume 
feições consensuais e universalistas, pois salvaguarda a individualidade e in-
teressa a todos”.
O humano não estaria preso aos imperativos da coletividade social 
que o determinam?
Questões para reflexão
Observamos que a constituição de um homem, enquanto indivíduo, só 
pode ser feita por meio de suas relações com os outros em sociedade. E é 
nessa interação social que o indivíduo forma sua consciência moral, além de 
constituir seus anseios, desejos e sonhos. 
O que se espera de uma coletividade que se vê desafiada pelos seus indi-
víduos é que seja capaz de:
 orientar as pessoas e os recursos materiais e financeiros para a promoção 
humana;
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28 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
 manter uma atitude crítica frente às propostas políticas vigentes;
 vivenciar o espírito de partilha e ajuda mútua na comunidade educativa;
 realizar campanhas comunitárias diante das situações emergentes.
A participação ativa e efetiva das pessoas na vida política e social é um 
grande desafio, como forma de externar a cidadania que todos almejam. No 
texto a seguir, lemos, entre conceitos, o que vem a ser cidadania, os direitos e 
deveres do cidadão, algo que deveria estar entranhado em nossas vidas, porém, 
sabemos, não são tão conhecidos, muito menos praticados em nossa sociedade.
Considerando que o indivíduo só se tornahumano a partir de sua interação 
com os demais seres humanos, torna-se impossível isolar o ser individual da 
sociedade. Essa interação é padronizada pela cultura.
O indivíduo, como membro de uma sociedade, tem um comportamento 
modelado em função de suas potencialidades hereditárias e das normas e 
padrões de sua cultura. Participa, desde o nascimento, de um sistema social, 
sendo herdeiro de uma tradição cultural mantida pelos seus antepassados e 
transmitida de geração a geração.
A partir do nascimento, a criança é submetida a um processo contínuo de 
aprendizagem que se prolonga por toda sua vida, com fases de maior ou me-
nor apreensão. É o condicionamento consciente e inconsciente do indivíduo, 
orientando-o e canalizando seus impulsos pessoais para as expectativas da socio-
cultura. Ao mesmo tempo, leva-o a evitar comportamentos antissociais, sujeitos 
a punições e sanções. Trata-se da endoculturação, processo através do qual o 
comportamento humano é modelado culturalmente e organizado socialmente.
Resulta na produção de personalidades que caracterizam individualmente 
os membros de um grupo. Os antropólogos preocupam-se com as formas que 
os indivíduos utilizam para assimilar sua cultura e adaptar-se conveniente-
mente. Assim, para esses especialistas, a educação é um processo amplo, não 
apenas o desenvolvido pelas instituições oficiais, mas também todo tipo de 
socialização que tenha como resultado a aquisição de cultura e, portanto, 
de personalidade. 
A família, os amigos e a sociedade, com seus meios de comunicação, exer-
cem papel preponderante na assimilação de normas de conduta e atitudes e 
na formação dos sistemas de valores.
Nas sociedades simples, a educação se processa naturalmente por indivíduos 
e grupos (família, grupos etários etc.), oralmente, sendo relativamente orientada. 
A aprendizagem é feita mais por participação, ou seja, o menino, o jovem e o 
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adulto aprendem toda a tradição cultural ao participar das atividades próprias 
de cada setor cultural, dos ritos e cerimoniais, onde mitos e lendas são narrados 
pelos mais velhos e memorizados pelos mais novos.
Em que contexto se estabelecem as possibilidades para a manifestação 
de traços característicos de cada indivíduo, demarcando suas diferen-
ças em relação à totalidade cultural e societária em que se encontra 
inserido?
Questões para reflexão
Submetido à endoculturação, o indivíduo estará em condições de participar 
plenamente de sua sociedade, tendo seu comportamento adaptado a modos 
culturalmente aceitos. Nesses grupos, a aprendizagem mais formal ocorre 
sempre por ocasião da puberdade, tanto masculina como feminina. Nos rituais 
pubertários, o jovem não apenas é submetido a provas de resistência física e 
disciplinar, como também se inicia nos segredos do grupo, nos mitos, na reli-
gião e em todo sistema de valores que norteia e forja sua personalidade e os 
papéis que deverá desempenhar durante sua vida. Exemplo: entre os Xavantes, 
grupo tribal brasileiro do Mato Grosso, a educação é feita, em grande parte, 
pelos grupos de idade mais avançada, que se responsabilizam em ensinar os 
integrantes de grupos etários mais novos. É um método de aprendizagem em 
que o menino e o jovem são iniciados, por um instrutor natural, na tradição 
xavante. Todos os setores culturais são atingidos e a personalidade molda-se 
dentro das exigências do ambiente social.
 1. A origem da palavra cidadania vem do latim civitas. Sobre a definição 
de cidadania, analise as afirmativas a seguir:
 I. Cidadania é o encontro dos chamados novos direitos de uma 
sociedade, auxiliada pelo Estado, desde que não envolva ações 
que garantam direitos humanos.
Atividades de aprendizagem
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30 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
 II. Cidadania é a ação do Estado através de lei e que tem como prin-
cípio observar e garantir os direitos humanos, através do Estatuto 
da Criança e do Adolescente.
 III. Cidadania é a garantia dos direitos coletivos através da gestão pú-
blica, que deve cumprir suas ações sociais e emergenciais, atenta 
às necessidades de sua sociedade. 
 IV. Cidadania expressa um conjunto de direitos e deveres que dá à pessoa a 
possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.
Assinale a alternativa CORRETA: 
( ) Somente a afirmativa IV está correta.
( ) Somente a afirmativa I está correta.
( ) Somente a afirmativa III está correta.
( ) Somente a afirmativa II está correta.
 2. O comportamento de uma sociedade é resultado de sua consciência. 
Essa sociedade, por sua vez, é composta por valores, princípios e 
hábitos morais que influenciam a subjetividade do sujeito. Sobre a 
subjetividade, assinale a alternativa CORRETA:
( ) A subjetividade do sujeito sofre influência do meio em que ele 
está inserido.
( ) A subjetividade do sujeito não é influenciada pelo meio em que 
ele se desenvolve.
( ) A subjetividade do sujeito é inalterável, ele nasce e se desenvolve 
sem que ela se modifique.
( ) A subjetividade dos sujeitos de uma mesma sociedade é idêntica, 
pois o meio a define totalmente.
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 31
Seção 3 O determinismo, a liberdade e a 
subjetividade social
Conceber o ser humano em suas várias dimensões constitutivas é condição 
necessária para compreendermos o homem como um ser para a liberdade. A 
questão da liberdade é desafiadora, pois imediatamente nos coloca diante de 
problemas cruciais, para os quais talvez não se encontrem respostas conclusivas 
ou mesmo satisfatórias.
Somos totalmente livres? Como definir liberdade? Ao definir liberdade, 
não estaríamos inviabilizando-a, limitando-a? Ou seria constitutiva da 
liberdade a clarividência dos limites das ações e intenções humanas 
na vida em sociedade?
Questões para reflexão
Como ponto de partida, talvez se possa dizer que, embora o homem não 
possa ser totalmente livre, ele não suportaria viver sem o pressuposto da 
liberdade. Para situarmos adequadamente a questão da liberdade, analise-
mos um preso: para ele, a liberdade é concebida como a possibilidade de 
sair da prisão. Para os cidadãos que em sua cotidianidade respeitam regras 
e convenções sociais, há certa sensação de liberdade quando se tem a ga-
rantia de que em seu meio não se encontra aquele indivíduo que afronta 
violentamente a ordem legalmente estabelecida e legitimada na vida em 
sociedade. Tomo outro âmbito de análise: um adolescente pode imaginar 
que a liberdade se alcança na medida da independência em relação aos 
pais, embora seu sustento e suporte educacional e legal sejam garantidos 
pelos progenitores.
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32 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
Figura 1.8 A frágil liberdade 
Fonte: Gts/Shutterstock (2014).
3.1 Nascidos para a liberdade
A busca por ser livre e a afirmação da liberdade assumem tamanha im-
portância e intensidade que se confundem com a própria vida. Como projeto 
existencial que se realiza no espaço e no tempo, o homem é convocado a ser 
livre, a pensar e colocar em jogo a vida na incessante busca de realização da 
liberdade. Opções se apresentam no horizonte existencial de possibilidades, 
escolhas são feitas (mesmo que se possa apontar para os condicionamentos 
sociais, políticos, econômicos e culturais) e em torno delas vamos tecendo a teia 
de nossas vidas. Vida e liberdade, ou mesmo ausência dela, nos acompanham 
existencialmente e exigem constante posicionamento.
Se afirmarmos que a liberdade é a meta dos seres humanos,então é possível 
constatar o anseio pela liberdade no decorrer do tempo histórico da aventura 
do homem sobre a Terra.
Não houve período na história dos mais diversos povos e sociedades em 
que a questão da liberdade não se apresentou registrada em suas mais diversas 
formas. Em todos esses períodos, encontramos homens lutando apaixonada-
mente pela liberdade e, consequentemente, não houve época em que tal an-
seio, ao mobilizar a totalidade das forças humanas, não tenha custado a vida 
de milhares de seres humanos.
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 33
No link <http://www.anarquista.net/escravidao-moderna> você vai encontrar um texto muito 
interessante sobre a “escravidão moderna”, com todas suas nuances, suas características e seus 
desdobramentos. Vale a pena ler.
Para saber mais
A luta contra a escravidão, contra a tirania de reis, de imperadores e seus 
impérios, contra as imposições dogmáticas e ortodoxas das religiões, enfim, 
contra todas as formas de impedimentos e do direito dos homens investigarem 
e conhecerem o mundo, de expressar suas ideias, perpassa os mais diversos 
povos e países em diferentes tempos e espaços geográficos.
A liberdade define a humanidade nos homens. O poema de Vicente Car-
valho retrata bem essa ideia dizendo que “[...] a felicidade está sempre onde 
a pomos e nunca a pomos onde estamos”. O exercício da liberdade se efetiva 
no âmbito social e, por isso, a ética tem uma dimensão social na distribuição 
do Bem Comum. Assim sendo, reservamos este espaço para você aprender, 
além do que já aprendeu anteriormente, que a ética não é um exercício que se 
restringe à dimensão individual, mas está ampliada socialmente. Vamos aqui 
nos reportar mais uma vez ao pensamento aristotélico que afirma ser o homem 
um “[...] animal gregário ou social por natureza”. Contudo, a vida social nos 
remete a outras relações e dimensões e, mais especificamente, ao Bem Comum. 
O bem que é compartilhado por todos. Nesse sentido, podemos elencar, em 
nosso cotidiano, todos os elementos que o constituem: as instituições públicas, 
as verbas para a manutenção do Estado e a distribuição desta, a rua com a nossa 
vizinhança, dentre muitos outros elementos, o nosso trabalho para gerir a nossa 
vida em comunidade. Por isso, há uma área da ética que lança luzes sobre a 
questão: a Ética Social. Como isso funciona? A ética estuda o comportamento 
ético dos sujeitos nas sociedades de forma geral.
Essa leitura ética está focada no modo como a pessoa vive com o outro, 
que, em suas relações, forma o tecido social. Ora, toda pessoa busca um fim, 
que é a felicidade. Portanto, todos procuram esse mesmo fim, que é o Bem 
Comum. Este, por sua vez, é o conjunto de condições sociais que permite e 
favorece aos membros da sociedade o seu desenvolvimento pessoal e integral 
(ALONSO; LÓPEZ; CASTRUCCI, 2010, p. 90).
A dimensão objetiva do homem o lança numa relação de contradição com 
a natureza em sua dimensão microcósmica e, a partir da superação resultante 
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34 É t i c a , p o l í t i c a e s o c i e d a d e
do enfrentamento dessa contradição, constitui-se o mundo em sua realidade 
macrocósmica. Ou seja, o mundo como totalidade que abriga a vida em sua 
totalidade e, necessariamente, a vida humana.
Como partícipe do mundo natural, o homem buscou, desde tempos imemo-
riais de sua aventura humanizante, se situar e se constituir dentro da natureza, 
mas, sobretudo, transcendendo seus imperativos cíclicos e necessários. Esse 
esforço de superação o conduziu à sua afirmação como ser social, construindo 
sociedades, organizando a vida em agrupamentos cada vez maiores e, con-
sequentemente, articulando relações complexas em suas dimensões culturais, 
econômicas, políticas e sociais. O homem descobre-se num primeiro momento 
como ser-no-mundo, para num segundo momento conceber-se como sujeito 
e protagonista do mundo por ele articulado. As exigências do exercício de 
seu protagonismo diante do mundo o conduzem a querer conhecer e intervir 
diretamente nas leis da natureza. Desenvolve um olhar científico como forma 
de investigar os fenômenos naturais. Constata que conhecer é poder. Poder 
científico e técnico de intervenção e controle das variáveis naturais que con-
formam sua existência. 
Portanto, a objetividade pode ser anunciada como uma das categorias fun-
damentais da constituição do humano. O homem, em sua condição de sujeito 
e protagonista na constituição do mundo, se relaciona com tudo o que existe, 
com toda a realidade ao seu alcance de compreensão. Objetiva o mundo, 
torna-o objeto de suas inquirições, estudos e abordagens.
O homem observa a realidade ao seu redor e se lança sobre ela com o 
intuito de conhecê-la em suas condições de possibilidade. Nesse momento, 
se apresenta o problema sobre o que entende por realidade. A partir dos argu-
mentos até aqui situados, pode-se dizer que a realidade contém tudo aquilo 
que o homem apreende conceitualmente em sua condição de externalidade. 
Mas, também, de dar conta de que o real compreende o conjunto de catego-
rias de que o homem se serve para situar tais externalidades conceitualmente 
em determinada temporalidade e espacialidade. Dessa forma, pode-se dizer 
que a realidade é a resultante das relações e esforços teóricos e conceituais 
humanos na compreensão dos seres e objetos que lhe são externos em suas 
potencialidades.
Portanto, torna-se real ao homem tudo o que ele pode vivenciar e experien-
ciar sensivelmente nas categorias espaço e tempo, nas quais sua existência está 
condicionada. Entre o que ele conhece e o que existe constitui-se o mundo 
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p r i n c í p i o s d a é t i c a e m o r a l o c i d e n t a l 35
em sua totalidade. Ou seja, o mundo constitui-se a partir da capacidade de 
objetivação do homem, mas também de um conjunto de seres e situações que 
escapam da capacidade objetiva humana, o que significa dizer que a realidade 
em sua totalidade transcende a capacidade humana de compreensão.
Sob tais perspectivas, é necessário reconhecermos os limites das condições 
de possibilidade do conhecimento humano e, ao mesmo tempo, dar-se conta 
de que ampliamos nossa capacidade compreensiva do mundo na medida em 
que o investigamos e questionamos em seus fundamentos constitutivos, entre os 
quais a própria condição humana. Sob os imperativos da técnica característica 
dos tempos atuais, torna-se necessário fomentar socialmente o espírito crítico e 
investigativo diante da realidade de mundo em que nos encontramos inseridos.
Esse espírito mágico propagado pelo desenvolvimento da ciência e da 
técnica fez com que o homem ficasse maravilhado com seus avanços em 
todas as áreas do conhecimento humano. O espírito da objetividade, além 
de compreender o mundo, estendeu-se sobre o próprio ser humano em suas 
condições constitutivas em âmbito biológico, psicológico, histórico, social, 
político, econômico e cultural. O princípio norteador do projeto societário 
moderno assim se apresenta: uma vez desvendados os segredos, as leis que 
regem o mundo em sua realidade macrocósmica e microcósmica, o homem 
conseguiria determinar a realidade em sua totalidade.
O que constatamos contemporaneamente, a partir de um olhar crítico às 
bases do ideário científico e técnico constituído pela modernidade, é o cres-
cente grau de objetivação do mundo e do próprio homem, apresentado prag-
maticamente no crescente grau de especialização nas mais diferentes áreas do 
conhecimento humano, tornando impossível a qualquer ser humano alcançar 
uma visão de totalidade do mundo no qual está inserido. E, sob tais pressu-
postos limitantes de nossa compreensão da realidade, a perda

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