Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
U N O P A R E LE T R Ô N IC A : C IR C U IT O S A N A LÓ G IC O S E D IG ITA IS Eletrônica: circuitos analógicos e digitais Charles William Polizelli Pereira Giancarlo Michelino Gaeta Lopes Eletrônica: circuitos analógicos e digitais Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Pereira, Charles William Polizelli ISBN 978-85-522-0307-0 1. Circuitos eletrônicos – simulação por computador. I. Lopes, Giancarlo Michelino Gaeta. II. Título. CDD 005.3 William Polizelli Pereira, Giancarlo Michelino Gaeta Lopes. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 192 p. P436e Eletrônica: circuitos analógicos e digitais / Charles © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Alberto S. Santana Ana Lucia Jankovic Barduchi Camila Cardoso Rotella Danielly Nunes Andrade Noé Grasiele Aparecida Lourenço Isabel Cristina Chagas Barbin Lidiane Cristina Vivaldini Olo Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisora Técnica Marley Fagundes Tavares Editorial Adilson Braga Fontes André Augusto de Andrade Ramos Leticia Bento Pieroni Lidiane Cristina Vivaldini Olo 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Unidade 1 | Lógica digital Seção 1 - Sistemas numéricos e códigos digitais 1.1 | Sistema decimal 1.2 | Sistema binário de numeração 1.2.1 | Conversão do sistema binário para o decimal 1.2.2 | Conversão do sistema decimal para o binário 1.3 | Sistema octal de numeração 1.3.1 | Conversão do sistema octal para o decimal 1.3.2 | Conversão do sistema decimal para o octal 1.3.3 | Conversão do sistema octal para o binário 1.3.4 | Conversão do sistema binário para o octal 1.4 | Sistema hexadecimal de numeração 1.4.1 | Conversão do sistema hexadecimal para o binário 1.4.2 | Conversão do sistema binário para o hexadecimal 1.5 | Codificação 1.5.1 | Código BCD 1.5.2 | Códigos alfanuméricos – ASCII Seção 2 - Funções lógicas 2.1 | Função AND 2.2 | Função OR 2.3 | Função NOT 2.4 | Função NAND 2.5 | Função NOR 2.6 | Função XOR 2.6 | Função XNOR Seção 3 - Funções de várias variáveis 3.1 Expressões obtidas a partir de circuitos lógicos 3.2 | Circuitos obtidos de expressões lógicas 3.3 | Expressões lógicas obtidas a partir da tabela verdade Seção 4 - Álgebra de Boole 4.1 | Álgebra de Boole: variáveis e expressões 4.2 | Teoremas booleanos de uma variável 4.3 | Teoremas booleanos de mais variáveis 4.4 | Teoremas De Morgan 7 10 10 12 14 14 16 17 18 18 19 20 21 22 23 23 24 27 27 30 32 33 34 35 36 40 40 42 43 48 48 49 50 52 Unidade 2 | Sistemas digitais Seção 1 - Circuitos Combinacionais 1.1 | Equivalência entre blocos lógicos 1.1.1 | Porta NOT a partir de porta NAND 1.1.2 | Porta NOT a partir de porta NOR 1.1.3 | Porta NOR a partir de portas NOT e AND 1.1.4 | Porta OR a partir de portas NOT e NAND 1.1.5 | Porta NAND a partir de portas NOT e OR 1.1.6 | Porta AND a partir de portas NOT e NOR 1.2. | Projeto de circuitos combinacionais Seção 2 - Circuitos sequenciais 2.1 | Flip-flops 59 63 63 63 64 65 66 66 67 67 74 74 Sumário 2.1.1. | Flip-flop RS 2.1.2. | Flip-flop JK 2.1.3. | Flip-flop T 2.1.4. | Flip-flop D 2.2. | Contadores 2.2.1. | Contadores assíncronos 2.2.2. | Contadores síncronos 74 78 80 81 82 82 85 Unidade 3| Circuitos analógicos e digitais Seção 1 - Amplificadores de potência 1.1 Operação classe A 1.1.1 Fórmulas de potência da operação classe A 1.1.2 Rendimento do amplificador classe A 1.2 Operação classe B 1.2.1 Funcionamento do circuito push-pull 1.2.2 Fórmulas de potência da operação classe B 1.2.3 Rendimento do amplificador classe B 1.2.4 Polarização do amplificador classe B 1.2.5 Dissipadores de calor 1.3 Amplificador classe C e D Seção 2 - Comportamento em alta frequência 2.1 Conceito de decibel 2.2 Banda de frequência 2.3 Análise para baixas frequências 2.4 Teorema da Capacitância de Miller 2.5 Análise para altas frequências Seção 3 - Amplificadores operacionais e diferenciais 3.1 Amplificador diferencial 3.2 Amplificador operacional 3.2.1 Diagrama esquemático do 741 3.2.2 Características do amp-op 3.2.3 Alimentação do amp-op 3.3 Modos de operação do amp-op 3.3.1 Sem realimentação 3.3.3 Realimentação negativa 3.4 Circuitos básicos com amp-ops 101 105 105 107 109 110 112 113 115 116 118 119 123 123 125 127 132 133 137 138 139 139 141 143 143 144 144 145 Unidade 4 | Circuitos eletrônicos e aplicações Seção 1 - Realimentação e circuitos osciladores 1.1 Realimentação: conceitos e tipos de conexão 1.2 Circuitos práticos de realimentação 1.3 Considerações sobre fase e frequência em um amplificador com realimentação 1.4 Operação dos circuitos osciladores 1.5 Oscilador de deslocamento de fase 1.6 Oscilador em ponte de Wien 1.7 Gerador de onda quadrada e triangular Seção 2 - Fontes reguladoras de tensão e corrente 2.1 Parâmetros de regulação 2.2 Reguladores shunt 2.3 Reguladores série 2.4 Reguladores lineares integrados 153 156 156 159 162 164 166 167 168 172 172 173 176 180 Este material didático possui a função de apresentar ao estudante de engenharia conceitos relacionados à eletrônica digital e analógica. Assim, é possível dizer que este material condensa fundamentos que irão permitir a análise e elaboração de circuitos eletrônicos em geral. Para isso, serão abordados temas que são fundamentais a qualquer engenheiro, seja ele da área elétrica ou não, aumentando a abrangência da formação em engenharia. É esperado que ao final do estudo deste material você seja capaz de identificar, compreender e analisar circuitos eletrônicos diversos, que utilizem como componentes principais diodos, transistores, amplificadores operacionais e também circuitos integrados digitais. Neste livro, as características básicas de funcionamento dos dispositivos semicondutores são tratadas de forma resumida. A abordagem principal se dá no uso de tais componentes em circuitos práticos e como eles operam dentro do circuito que fazem parte. Portanto, caso haja dúvidas sobre a operação de um diodo ou transistor, e também outros elementos básicos de eletrônica, você pode consultar o livro didático da disciplina de Circuitos elétricos e instrumentação eletrônica ou algum livro de eletrônica citado nas referências desse material. Existem duas vertentes principais no que tange aos conteúdos abordados nesse material, a da eletrônica digital, tratada nas Unidades 1 e 2 e da eletrônica analógica, estudada nas Unidades 3 e 4. Os conceitos dessas duas vertentes são muito importantes, pois permitem que você saiba trabalhar com os circuitos digitais e fazer com que eles trabalhem em conjunto com os circuitos analógicos. Na Unidade 1, você é convidado a estudar a lógica digital, na qual são abordados conceitos como sistemas numéricos, códigos digitais, funções lógicas, álgebra de Boole, entre outros. Esses assuntos dão abertura para o estudo da Unidade 2, que trata dos circuitos combinacionais de forma geral, estudando o processo de simplificação e projeto. Além disso, a Unidade 2 apresenta conceitos relacionados aos circuitos sequenciais, que possuem como base os flip-flops. Já a Unidade 3 trata da eletrônica analógica, trazendo conceitos relacionados a amplificadores operacionais, amplificadores de potência Apresentação e comportamento dos componentes em alta frequência. Conceitos essesque se complementam aos tratados na Unidade 4, que apresenta um tópico sobre realimentação e circuitos osciladores e outro tópico sobre reguladores de tensão e corrente. Desta forma, você está convidado a estudar estes assuntos que são de grande importância para sua formação, aprofundando seu conhecimento em circuitos eletrônicos digitais e analógicos. Bons estudos! Lógica digital Após o estudo desta unidade, você será capaz de: • Entender os sistemas de numeração e fazer a conversão entre esses sistemas. • Compreender como um computador lê os dados vindos dos periféricos, como o teclado. • Conhecer as funções lógicas básicas e as derivações delas. • Aplicar as portas lógicas em projetos de circuitos digitais. • Fazer a modelagem da tabela verdade até a implementação de um circuito lógico. • Conhecer e aplicar os teoremas de simplificação de circuito, com a finalidade de otimizar a aplicação de um circuito. Objetivos de aprendizagem Charles William Polizelli Pereira Unidade 1 Esta unidade tem como objetivo mostrar o mundo no qual os computadores atuam, o mundo digital. É de extrema importância conhecê-lo para entender o comportamento de toda tecnologia existente hoje. Não seria possível desenvolver cálculos, implementar sistemas robóticos e de informação se não fosse o mundo digital e a sua comunicação com o mundo analógico, conhecido como mundo real. Nesta primeira unidade, serão apresentados conceitos básicos que servirão para a compreensão do funcionamento dos mais diversos sistemas controlados, explorando o conceito por trás dos microcontroladores e microprocessadores, e a leitura do mundo real para realizar atividades em computadores e passar o resultado novamente para esse mundo. Na primeira seção desta unidade, serão apresentados os principais sistemas de numeração e como eles são de extrema importância quando falamos de controladores e processadores. Eles servem como base na compreensão da forma como os computadores trabalham, e, uma vez entendido como isso acontece, é possível implementar diversos projetos utilizando controladores de variados tipos. Na segunda seção, serão apresentadas as portas lógicas, as quais são a base para o funcionamento dos controladores e processadores, além disso, o conhecimento sobre as portas lógicas serve de base para a lógica de programação em softwares. Na terceira seção, é apresentada a álgebra booleana, a qual serve para a modelagem matemática de sistemas de muitas variáveis, além da sua equivalência entre a tabela verdade, a expressão booleana e o circuito usando portas lógicas. Na quarta e última seção, é apresentada a simplificação desses circuitos lógicos obtidos da modelagem feita dos sistemas, mostrando os principais teoremas booleanos usados na simplificação dos sistemas lógicos para uma implementação mais eficiente. Esperamos que você, aluno, faça bom aproveito dos conceitos apresentados e que eles possam auxiliá-lo nos projetos de sistemas digitais. Introdução à unidade U1 - Circuitos analógicos e digitais10 Seção 1 Sistemas numéricos e códigos digitais Introdução à seção Desde a antiguidade, o ser humano tem a necessidade de realizar contagens. Quantas frutas tem em uma fruteira, ou quantos carros passam por uma via, ou quanto dinheiro é necessário para comprar um alimento, ou quantos animais tem em um certo pasto? Não se sabe ao certo quando surgiram os números, no entanto, sabemos que sem essa simbologia, que representa quantidades, não seria possível realizar contagens e nem representar quantidades, não teria como os sem ela não existiriam os computadores e nem a engenharia. Desde pequenos temos contato com os números decimais, ou seja, na base 10. Você sabia que existem outros sistemas numéricos? Nesta seção, mostraremos que há outras maneiras de representar quantidades, mas que seguem a mesma lei de formação que conhecemos para os sistemas decimais. 1.1 Sistema decimal O sistema decimal é o sistema com o qual temos mais familiaridade, pois desde a infância aprendemos a contar os objetos com ele. Você já prestou atenção na lógica com a qual ele trabalha? O sistema decimal é composto por dez algarismos que são: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Esse sistema também é conhecido como sistema de base 10 e é um sistema de valor posicional, ou seja, o valor dos seus dígitos depende da sua posição. Como exemplo, pegamos o número 234 (duzentos e trinta e quatro), em que o número 2 representa duas centenas, o número 3 representa três dezenas e o número 4 representa quatro unidades, ou seja: 200 30 4 234 + + + O nosso exemplo, 234, também pode ser representado por soma e multiplicação de números de base 10: U1 - Circuitos analógicos e digitais 11 O número 234 possui três dígitos, e o primeiro dígito (número 2) possui maior peso em relação ao restante dos dígitos, ou seja, o número 2 representa um peso maior que o dígito 3 e o dígito 4. O primeiro dígito (da esquerda para a direita) é o dígito mais significativo, ou Most Significant Digit (MSD). Já o último dígito, o número 4, é o menos significativo, ou Least Significant Digit (LSB). Observando a representação do número 234 por multiplicação e soma de base 10, pode ser observado que o expoente da base 10 do número MSB é o maior número dos outros expoentes e o expoente do LSB é sempre zero. De forma genérica, qualquer número de qualquer base pode ser representado como mostrado na Equação 1.1. 234 2 100 3 10 4 1 234 2 10 3 10 4 10 234 200 30 4 2 1 0 = ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅ + ⋅ + ⋅ = + + (1.1)x d base d base d base d basen n n n= ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅ − − − 1 1 2 2 3 3 0( ) ( ) ( ) ... ( ) Na equação, x é um número em uma certa base, d são os dígitos em uma certa posição e n é o número de dígitos que o número x possui. Para realizarmos a contagem de um número decimal, começamos por zero na posição da unidade, contando até nove. Nesse ponto é somado mais um na posição da dezena e é zerada a unidade, recomeçando a contagem e seguindo essa lógica até atingir o número 99. Quando se chega nesse número, é somado mais um na unidade, fazendo com que a unidade seja zerada e soma-se mais um na dezena. Como a dezena também é nove, zera a dezena e soma mais um na centena. Segue a Figura 1.1, que mostra essa lógica. U1 - Circuitos analógicos e digitais12 Fonte: Tocci (2000, p. 5). Figura 1.1 | Contagem decimal Na base 10 observamos que com N dígitos é possível contar até 10N números distintos e que começando do zero, o maior número possível será sempre igual a 10 1N − . 1.2 Sistema binário de numeração Assim como o sistema de numeração decimal segue uma lógica de formação, o sistema binário também segue a mesma lógica, diferenciando a base, que para o binário é 2. É bastante difícil implementar um sistema digital com o sistema de numeração decimal, porque seriam necessários 10 níveis diferentes para representar uma contagem, portanto, os circuitos digitais foram implementados utilizando o sistema binário de numeração, no qual que se tem apenas dois níveis, zero ou um, representando estados desligados ou ligados, apagados ou acesos. A lógica do sistema decimal vale também para o sistema binário, com a diferença de que no binário há apenas dois níveis, ou dois algarismos. Para melhor entendimento, vamos pegar o número nove em decimal para a representação em binário. Fazendo a contagem, podemos montar a Tabela 1.1. U1 - Circuitos analógicos e digitais 13 Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.1 | Contagem binária A contagem dos números binários ocorre da mesma forma que a dos números decimais, no entanto, há apenas dois algarismos. Então, quando a contagem atinge um em uma certa posição, o próximo número da contagem faz com que aquela posição reinicie a contagem em zero e soma um na posição seguinte. Observemos a mudança do número sete em binário para o número oito. 1 1111 1 1000 + Podemos ler nessa soma, da direita para a esquerda, da seguinte forma: “um mais um, zero,sobe um; um mais um, zero, sobe um; um mais um, zero, sobe um e por último um”. Para representar o número decimal oito em binário são necessários quatro dígitos binários. Devido ao fato de um número binário ter mais dígitos do que um número representado na forma decimal, ele pode ser denominado de acordo com o conjunto desses dígitos. Um dígito binário recebe o nome de bit (binary digit), o conjunto de 4 bits é conhecido como nibble e o conjunto de oito bits é chamado de byte, termo usualmente conhecido na computação. U1 - Circuitos analógicos e digitais14 1.2.1 Conversão do sistema binário para o decimal Como o sistema decimal é o mais conhecido e mais utilizado, muitas vezes é necessário fazer a conversão de um número binário para um número decimal. A técnica utilizada para essa conversão é utilizar a Equação 1.1, em que x é o resultado em decimal da soma e multiplicação do conjunto dos números binários. Continuando com o nosso exemplo de número binário, sabemos que o número 1001 em binário corresponde a nove em decimal, como visto na Tabela 1.1. Da mesma forma, ele pode ser representado pelo esquema, de acordo com a posição de cada dígito, ou seja: 23 22 21 20 1 0 0 1 Substituindo o número 1001 na Equação 1.1, de acordo com o esquema apresentado, temos a Equação (1.2). (1.2) x = ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅− − −1 2 0 2 0 2 1 24 1 4 2 4 3 0( ) ( ) ( ) ( ) x = ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅1 2 0 2 0 2 1 23 2 1 0( ) ( ) ( ) ( ) x = ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅ =1 8 0 4 0 2 1 1 9 1001 92 10= Mostrando que o número 1001 na base dois corresponde ao número nove na base dez, como visto na tabela de contagem binária. 1.2.2 Conversão do sistema decimal para o binário Tão importante quanto a conversão de binário para decimal, o inverso também é de fundamental importância, pois algumas vezes é necessário que um valor decimal seja convertido em binário para que um sistema digital possa realizar operações. Um exemplo se dá no funcionamento da sua calculadora que utiliza números binários para a realização de suas operações matemáticas, e depois a própria calculadora converte esse resultado de binário para decimal de forma U1 - Circuitos analógicos e digitais 15 a apresentá-lo em um display. O método mais utilizado para a conversão dos números decimais para os binários é efetuar divisões sucessivas pela base, no caso do binário, realizar divisões por dois, utilizando a Equação 1.3. (1.3) Base ResultadoResto X 10 Em que o dividendo X é o número decimal para o qual se quer o valor em binário. O divisor Base é a base para o qual queremos certo número, que, no caso, para binário, é 2. O Resto são os dígitos do número convertido, começando do dígito LSB. E o Resultado é o próximo número a se realizar a divisão, até que ele seja 0. Para melhor exemplificar, vamos continuar com o exemplo do número 9 10 . 2 4→ 11° resto 9 10 Como o resultado ainda não é igual a 0, as sucessivas divisões continuam, e o 1° resto obtido será o LSB do número binário requerido. Fazendo agora a segunda divisão com o resultado obtido: 2 2→ 12° resto 4 10 Continuando até que o resultado seja zero: 2 1→ 13° resto 2 10 U1 - Circuitos analógicos e digitais16 2 0→ 14° resto 110 Quando o resultado atinge o valor zero, o último resto sempre será um e será tido como o MSB. Apresentando de forma didática os restos achados, temos na Tabela 1.2 o número binário correspondente a nove. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.2 | Número 9 10 em binário MSB LSB 4° resto 3° resto 2° resto 1° resto 1 0 0 1 Portanto, 9 100110 2= , como esperado, mostrado na Tabela 1.2. 1.3 Sistema octal de numeração Ainda há mais dois sistemas de numeração muito importantes na computação, o sistema octal e o hexadecimal. O sistema octal possui oito algarismos, ou seja, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 e é utilizado para representar um conjunto de bits, ou números binários. Nos computadores, os números binários podem representar dados numéricos, ou endereços de memórias, ou códigos de instrução, ou até mesmo outros códigos alfanuméricos que representam caracteres. Quando lidamos com uma grande quantidade de bits, é conveniente representarmos na forma de um conjunto de bits, e é nisso que o sistema octal é aplicado. Montando a sequência de contagem do sistema octal, temos a Tabela 1.3. U1 - Circuitos analógicos e digitais 17 Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.3 | Contagem em octal A lógica de contagem do sistema octal segue a mesma lógica dos outros sistemas de numeração, sendo possível fazer a conversão de um sistema para outro. Como o sistema decimal é o que temos mais familiaridade, de conhecimento comum, a conversão de qualquer sistema de numeração para o decimal é muito importante e é realizada conforme apresentaremos a seguir. 1.3.1 Conversão do sistema octal para o decimal O método mais fácil para a conversão de qualquer sistema de numeração para o decimal é o conceito básico de formação de um número, que foi apresentado na Equação 1.1. Vamos pegar o número 16 em octal para converter em decimal, ou na base dez.= x10 1 01 8 6 8= ⋅ + ⋅( ) ( ) x10 108 6 14= + = U1 - Circuitos analógicos e digitais18 Como se pode observar na Tabela 1.3, o número octal 168 corresponde ao número decimal 1410 , e pode ser visto também que corresponde ao número binário 0011102 . Como chega-se a esse resultado em binário? Antes, veremos como fazer a conversão decimal para o octal. 1.3.2 Conversão do sistema decimal para o octal A conversão do sistema decimal para o qualquer outro sistema é realizada fazendo a divisão sucessiva apresentada na Equação 1.2. Continuando com o nosso exemplo de 1410 para se converter em octal, temos: 8 1→ 61° resto 14 10 8 0→ 12° resto 110 Com os valores dos restos, lembrando sempre que a divisão é feita de forma inteira e não há fracionário, o número é montado de acordo com a Equação 1.4. (1.4) MSB LSB 2° resto 1° resto 1 6 Portanto, 14 1610 8= , como esperado. 1.3.3 Conversão do sistema octal para o binário O motivo para se usar o sistema octal, com oito algarismos, é a facilidade da conversão para o sistema binário. Essa transição é extremamente simples, pois consiste em converter cada dígito octal em um conjunto de três dígitos binários. Como exemplo, iremos utilizaremos o número octal 16 8 e o converteremos em binário. ∴ = =16 001110 11108 2 2001110 1 6 001 110 1 6 001 110 1 6 1 6 U1 - Circuitos analógicos e digitais 19 Como pode ser visto, a ideia de converter dígito por dígito do sistema octal faz com que apareça um conjunto de três dígitos no sistema binário. Isso acontece porque o sistema octal tem oito algarismos (de 0 a 7) e para contar oito algarismos no sistema binário, são necessários três dígitos, como mostrado na Equação 1.5. (1.5) NMÁX DÍGITObase= −1 NMÁX = − =2 1 7 3 Para fazer a conversão rápida de qualquer número no sistema octal para o binário, basta apenas conhecer os oito primeiros números binários, correspondentes de zero a sete. 1.3.4 Conversão do sistema binário para o octal Para essa conversão, basta seguir o processo inverso da conversão do octal para o binário, tomando alguns cuidados. Para a transformação para octal, precisamos separar o número binário em três grupos de dígitos, a partir da direita. Mostrando como exemplo a conversão do número 11102 , temos: 2° grupo 1° grupo 1 110 Como se pode observar, separamos primeiramente os três últimos dígitos e vamos seguindo até não sobrar nenhum dígito binário. No 2° grupo só há um dígito, sabemos que todo zero à esquerda não influencia no valor final de um número, portanto, completamos o último grupo com zeros à esquerda, e fazemos a conversão de cada conjunto de três dígitos em octal, como mostra o esquema: 2° grupo 1° grupo 001 110 1 6 U1 - Circuitos analógicos e digitais20 Então, 001110 1110 162 2 8= = como apresentado na Tabela 1.3. 1.4 Sistema hexadecimal de numeração O sistema hexadecimal usa a base 16, ou seja, possui 16 símbolospossíveis. Como são conhecidos apenas dez números, como contar até 16 usando apenas um dígito? O sistema hexadecimal é composto por seis letras que complementam a contagem. O sistema de contagem do sistema hexadecimal é apresentado na Tabela 1.4. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.4 | Contagem em octal É possível observar que a letra A corresponde à quantidade dez e o último número possível com um único dígito hexadecimal é o quinze, que corresponde à letra F, em hexa. Então, no sistema hexadecimal é possível contar de 0 a 15 com um único dígito, como mostra a Equação 1.6. U1 - Circuitos analógicos e digitais 21 (1.6)NMÁX = − =16 1 15 1 O sistema hexadecimal é muito utilizado na área de microprocessadores e no mapeamento de endereços de memórias dos computadores e dos sistemas digitais, sendo aplicado em projetos de hardwares e softwares. Para fazer a conversão do sistema hexadecimal para o sistema decimal e vice-versa, basta seguir o mesmo processo visto no sistema de numeração octal e binário. Para a conversão hexadecimal para o decimal é usado o processo de soma e produto de potências (Equação 1.1), tendo como base o número 16, e para a conversão decimal para o sistema hexadecimal, são feitas divisões sucessivas até que o quociente seja zero, em que os restos das divisões será o número hexadecimal seguindo a ordem de LSB e MSB dada na Equação 1.3, e lembrando que o número 10 equivale a A, 11 a B, 12 a C, 13 a D, 14 a E e 15 a F, como mostrado na Tabela 1.4. 1.4.1 Conversão do sistema hexadecimal para o binário Essa conversão é parecida com a do sistema octal para o binário, com a diferença de que cada número hexadecimal corresponde a quatro dígitos binários. Isso ocorre porque o número máximo com um dígito que o sistema hexadecimal pode contar é até 1510 , e o número 15 corresponde a 11112 . Já para o número 1610 seriam necessários cinco dígitos binários, logo, há uma relação nos sistemas de contagem octal e hexadecimal com o sistema binário. Como exemplo, vamos trabalhar com o número C516 para convertê- lo em binário. O número C16 corresponde ao número 1310 em decimal, o qual também corresponde a 10112 em binário. Já o número 516 em hexadecimal corresponde a 01012 em binário. Não deve ser esquecido que como cada número hexadecimal corresponde a quatro dígitos binários, para completar a quantidade de dígitos devem ser colocados zeros à esquerda até completar os quatro dígitos, como é possível verificar: ∴ =C5 1011010116 21011 0101 5C 001 110 1 6 00111 0 1 6 C 5 U1 - Circuitos analógicos e digitais22 Como sugestão, faça a conversão do número C516 em decimal e depois para o sistema binário e verifique se será o mesmo resultado. Essa conversão do hexadecimal para o binário pode ser usada como um passo intermediário para a conversão do hexadecimal para o octal. Como foi visto, para a conversão do sistema binário para o octal, basta pegar o número binário em conjunto de três dígitos e convertê-lo em octal, então, o número C516 em hexadecimal corresponde a 2658 no sistema octal, como pode ser visto na Tabela 1.5. Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.5 | Conversão e binário para octal do número C516 Quadro 1.1 | Conversão de binário para hexadecimal do número C516 3° grupo 2° grupo 1° grupo 010 110 101 2 6 5 Portanto, C516 corresponde a 0101101012 e a 2658 . 1.4.2 Conversão do sistema binário para o hexadecimal Para essa conversão, utilizamos a técnica análoga à vista no sistema octal. Para a conversão de binário em hexadecimal, pega-se um conjunto de quatro dígitos, começando da direita para a esquerda, e cada conjunto de quatro dígitos corresponde a um número binário. Não se pode esquecer que os dígitos faltantes para obter quatro dígitos precisam ser completados por zeros à esquerda. Observe a conversão do número 101101012 em hexadecimal, no Quadro 1.1. 2° grupo 1° grupo 1011 0101 C 5 Logo 10110101 52 16= C . Como foi visto, consultando a Tabela 1.4, cada dígito hexa corresponde a quatro dígitos binários, fazendo com que dois números hexadecimais correspondam a oito dígitos binários, e um conjunto U1 - Circuitos analógicos e digitais 23 de oito números binários é conhecido como byte. Os números hexadecimais muitas vezes representam endereços de memórias, e esses endereços correspondem a dois dígitos hexadecimais, ou seja, oito dígitos binários ou um byte. Isso facilita na representação de um certo endereço que representa um conjunto de dados arquivados na memória. Questão para reflexão Estamos falando de computadores, controladores e processadores. Nos controladores, a entrada é dada geralmente por sinais elétricos, mas no caso dos computadores e processadores, as entradas são por letras e caracteres especiais. Como são representados os caracteres contidos no teclado, já que o computador é considerado um sistema digital? A conversão de um sistema de contagem para outro é bastante utilizada para representar valores a serem lidos pelos sistemas digitais, através de uma codificação, em que cada código gerado corresponde a um valor a ser lido. Há vários tipos de códigos e veremos a seguir alguns deles. 1.5 Codificação Quando um número ou letra é representado por um conjunto de caracteres especiais, chamamos essa técnica de codificação. Como os sistemas digitais conseguem ler apenas os números binários, mas no mundo real existem 26 letras do alfabeto, símbolos, dez algarismos de números, essa codificação do mundo real para os sistemas digitais se faz necessária. Há também outros exemplos de aplicação de codificação, como o código morse. A seguir, serão apresentados os códigos mais comuns quando falamos de sistemas digitais. 1.5.1 Código BCD A codificação mais utilizada nos sistemas digitais é a Codificação Binária Pura (BCD). Essa codificação consiste em converter um número decimal em um conjunto de números binários, de forma a facilitar a conversão para o sistema decimal, que é o mais conhecido e familiar para todos. Para contar um número decimal até o máximo, ou seja, até nove, U1 - Circuitos analógicos e digitais24 são necessários quatro dígitos para representar esse número. O código BCD consiste em pegar um conjunto de quatro dígitos binários e representar em número decimal de um dígito, o que facilita e é amplamente utilizado em contagens. Para ilustrar essa codificação, vamos utilizar o número 95210 em decimal e convertê-lo em BCD. 9 5 2 (Decimal) 1001 0101 0010 (BCD) É importante observar que, diferentemente do número binário, o código BCD possui quatro dígitos binários para cada dígito decimal. O código BCD utiliza apenas dez estados dos 16 possíveis, ou seja, ele não utiliza os números 10102 , 10112 , 11002 , 11012 , 11102 e 11112 , pois se acontecer, significa que o sistema digital encontrou um erro. Há também os códigos alfanuméricos, que representam uma letra, ou caracteres especiais em um código que é possível ser lido pelos sistemas digitais. 1.5.2 Códigos alfanuméricos – ASCII Os computadores precisam manipular informações não numéricas, como letras do alfabeto, sinais de pontuação e outros caracteres especiais, que são conhecidos como códigos alfanuméricos. Um código alfanumérico completo consiste em 26 letras maiúsculas, 26 letras minúsculas, dez dígitos numéricos, sete sinais de pontuação e por volta de 40 outros caracteres, contendo todos os caracteres e funções encontrados em um teclado de computador. O código mais utilizado é o código ASCII (American Standard Code for Information Interchange) que consiste em sete bits e tem 128 codificações possíveis, sendo suficiente para representar todos os caracteres de um teclado padrão, como pode ser visto na listagem parcial do código ASCII, mostrado na Tabela 1.6. U1 - Circuitos analógicos e digitais 25 Fonte: Tocci (2000, p. 22). Tabela 1.6 | Tabela com a listagem parcial do código ASCII. A codificação ASCII possui setebits e um oitavo bit conhecido como bit de paridade, que tem como função identificar se entre a transmissão e a recepção de uma informação apresentou algum erro, que pode ser causado por ruído ou interferência, compondo assim um conjunto de oito bits, ou um byte. U1 - Circuitos analógicos e digitais26 Para saber mais Lista de Portas Lógicas TTL – 74XXX Nesse link, são apresentadas todas as portas lógicas da família TTL com o seu código comercial. Antes de implementar um sistema digital, vale a pena conhecer os CIs e quais as funções de cada um, para não ter imprevistos quando o projeto for tirado do papel. Disponível em: <http://www2.feg. unesp.br/Home/PaginasPessoais/ProfMarceloWendling/lista-de-portas- logicas.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2017. Atividades de aprendizagem 1. Os microcontroladores possuem em seu circuito interno estágios conhecidos como memória, nos quais são armazenados os dados de instruções, dados para realizar alguma função e os dados que vêm das entradas. Nos microcontroladores, é reservada uma certa faixa de memória para guardar as instruções da lógica a ser implementada, via programação. Os endereços reservados para a implementação dessa lógica são dados em bytes (oito bits), normalmente em números hexadecimais. Um certo microcontrolador tem a faixa armazenada para memória de instruções de 1016 até AF16 . Quantos endereços de memórias de instrução esse microcontrolador tem? Assinale a alternativa que apresenta essa quantidade. a) 175 endereços de memórias. b) 159 endereços de memórias. c) 176 endereços de memórias. d) 160 endereços de memórias. e) 15 endereços de memórias. 2. A representação de um número na base octal possui três dígitos, qual a quantidade máxima de números que é possível contar com esse número octal de três dígitos? U1 - Circuitos analógicos e digitais 27 Seção 2 Funções lógicas Introdução à seção O sistema binário, utilizado nos sistemas digitais, pode assumir apenas dois estados, nível zero e nível um, em que uma saída em estado zero significa que ela está desligada, ou um aparelho não está em funcionamento, ou uma chave está aberta. Já quando a saída de um circuito é um, significa que ela está ligada, o equipamento está em funcionamento, está em nível alto ou a chave está fechada. Devido a essa característica, o estado um é complementar ao estado zero e vice-versa. Nos circuitos digitais, é apresentado um modo de expressar a ligação entre entradas e saídas de um circuito lógico, em que a variação de uma entrada, instantaneamente provoca uma ação na saída, podendo mudar ou não o seu estado, dependendo da função lógica. As entradas e as saídas são expressas em forma de letras do alfabeto, utilizando para as entradas, normalmente, as primeiras letras do alfabeto (A, B, C, D...), e as saídas são expressas como as últimas letras (X, Y, W, Z). Em resumo, são três operações básicas: a função AND (E), a função OR (OU) e a função NOT (NÃO), que são implementadas por transistores, diodos e resistores, e normalmente em encapsulamentos próprios para cada função, em CIs. Fazendo a combinação entre as operações básicas, surgem outras funções lógicas, a NAND (NE), a função NOR (NOU), XOR e a função XNOR. Esses circuitos de funções lógicas também são conhecidos como portas lógicas, e com elas é possível implementar todas as expressões booleanas, que são a base dos projetos de sistemas digitais. 2.1 Função AND A maneira mais didática de se apresentar uma função lógica básica é fazendo a analogia da operação lógica com circuitos utilizando lâmpadas. A função AND tem o mesmo comportamento que duas chaves em série como entradas e uma lâmpada como saída, como mostra a Figura 1.2. U1 - Circuitos analógicos e digitais28 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.2 | Circuito representando uma porta AND Qual a condição necessária para que a lâmpada da Figura 1.2 fique acessa? Para cada chave e para a lâmpada há dois estados possíveis, analisando as situações temos: Entrada Saída Chave aberta = nível 0 Chave fechada = nível 1 Lâmpada apagada = nível 0 Lâmpada acessa = nível 1 Para cada entrada são dois níveis possíveis e duas entradas A e B, então, são quatro possíveis estados da saída (lâmpada) que poderão acontecer. O número de combinações possíveis é dado por 2N , em que N é o número de entradas distintas da função, portanto, 2 42 = estados possíveis. Analisando todas as combinações das entradas, temos as quatro possibilidades: • 1ª Possibilidade: se a chave A estiver aberta (nível 0) e a chave B também estiver aberta (nível 0), não circulará corrente pelo circuito e a lâmpada S estará apagada (nível 0), então, S = (0 AND 0) = 0. • 2ª Possibilidade: se a chave A estiver aberta (nível 0), mas a chave B estiver fechada (nível 1), ainda não circulará corrente pelo circuito e a lâmpada S estará apagada (nível 0), então, S = (0 AND 1) = 0. • 3ª Possibilidade: se a chave A estiver fechada (nível 1), mas a chave B estiver aberta (nível 0), ainda não circulará corrente pelo circuito e a lâmpada S estará apagada (nível 0), então, S = (1 AND 0) = 0. U1 - Circuitos analógicos e digitais 29 • 4ª Possibilidade: por último, se a chave A estiver fechada (nível 1) e a chave B também estiver fechada (nível 1) circulará corrente pelo circuito e a lâmpada S estará acessa (nível 1), então, S = (1 AND 1) = 1. Para a lâmpada ficar acessa, ou seja, a saída ser nível 1, a entrada A e a entrada B precisam estar em nível 1, portanto, A AND B igual a 1 para a saída ser nível 1. A função AND representa a multiplicação das entradas (S A B= ⋅ ), na qual somente quando todas as entradas (podendo ser duas ou mais) estiverem em nível 1, a saída, então, estará em nível 1. Quando qualquer entrada for zero, a saída também será zero, porque a função AND é a multiplicação das entradas e qualquer número multiplicado por zero sempre será zero. Uma importante ferramenta para apresentar essas informações de estados de entrada e saída é uma tabela, conhecida como tabela- verdade. Ela relaciona todas as combinações possíveis dos níveis lógicos presentes nas entradas com seus respectivos resultados na saída (TOCCI, 2000). Apresentando a função AND na forma de tabela verdade, temos a Tabela 1.7. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.7 | Tabela verdade da função AND A B S 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1 1 1 A porta lógica AND possui um símbolo esquemático, podendo ser apresentada em dois formatos: tanto no formato da norma ANSI, quanto no formato da norma IEC, como demonstrado na Figura 1.3. O símbolo mais usual em circuitos digitais é a simbologia da norma ANSI. U1 - Circuitos analógicos e digitais30 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.3 | Simbologia da porta AND Esse circuito é comercializado como um circuito encapsulado, ou CI, e ele pode ter duas, três ou até quatro entradas, mas todas com apenas uma saída, apresentando a mesma lógica para qualquer número de entradas. 2.2 Função OR O circuito OR tem o mesmo comportamento de um circuito de chaves de entrada paralela, como mostra a Figura 1.4. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.4 | Circuito representando uma porta OR Observando o circuito da Figura 1.4, é possível responder qual a combinação das chaves para que a lâmpada fique ligada? Analisando as condições, temos quatro possibilidades a serem analisadas. 1ª Possibilidade: se a chave A estiver aberta (nível 0) e a chave B também estiver aberta (nível 0), não circulará corrente pelo circuito e a lâmpada S estará apagada (nível 0), então S = (0 OR 0) = 0. 2ª Possibilidade: se a chave A estiver aberta (nível 0), mas a chave B estiver fechada (nível 1), então circulará corrente pelo circuito, através da chave B e a lâmpada S estará acessa (nível 1), então, S = (0 OR 1) = 1. U1 - Circuitos analógicos e digitais 31 3ª Possibilidade: e se a chave A estiver fechada (nível 1), mas a chave B estiver aberta (nível 0), ainda circulará corrente pelo circuito através da chave A e a lâmpadaS estará acessa (nível 1), então, S = (1 OR 0) = 1. 4ª Possibilidade: por último, se a chave A e a chave B estiverem fechadas (nível 1), haverá uma corrente pelo circuito e a lâmpada S estará acessa (nível 1), então, S = (1 OR 1) = 1. A função OR realiza a soma das entradas, ou seja, S A B= + . Para que uma porta lógica OR tenha na saída nível 1, é necessário que qualquer uma das entradas esteja no nível 1. A tabela verdade de uma função OR é mostrada na Tabela 1.8. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.8 | Tabela verdade da função OR A B S 0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1 Questão para reflexão O que acontece no caso de três entradas ou mais estarem em nível um quando colocado na porta OR? Qual o número obtido na saída? Como no sistema binário existe somente dois níveis possívies, 0 e 1, então, quando uma porta lógica tem suas entradas em nível 1, quantas portas forem, a saída será nível 1, pois na função lógica basta uma das entradas estarem em nível alto para que a saída fique em nível alto também. O símbolo da porta lógica OR é mostrado na Figura 1.5, tanto no formato da norma ANSI quanto no formato da norma IEC. U1 - Circuitos analógicos e digitais32 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.5 | Simbologia da porta OR As portas lógicas OR também são dispostas em um circuito encapsulado com duas entradas, o CI 7432, mas apenas uma saída. O 7432 possui quatro portas lógicas OR em seu encapsulamento, de duas entradas cada porta lógica OR. 2.3 Função NOT A terceira função lógica básica é a função NOT, que inverte a variável de entrada, e que pode ser demonstrada por uma chave em paralelo com a lâmpada, como mostra o circuito da Figura 1.6. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.6 | Circuito representando uma porta NOT. Ao analisar as possibilidades do comportamento da porta NOT, temos duas possibilidades por haver apenas uma entrada (Chave A). 1ª Possibilidade: se a chave A estiver aberta (nível 0), a corrente do circuito circulará pela lâmpada e ela estará acessa (nível 1), então, S = (NOT 0) = 1. 2ª Possibilidade: se a chave A estiver fechada (nível 1), a corrente será desviada pelo caminho da chave A por ser um curto, e não haverá corrente na lâmpada, que ficará apagada (nível 0), então, S = (NOT 1) = 0. A porta lógica NOT tem como função colocar na sua saída o inverso da entrada, e é representada por uma barra encima da entrada: S A= . A tabela verdade dessa função é dada pela Tabela 1.9. U1 - Circuitos analógicos e digitais 33 Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.9 | Tabela verdade da função NOT A S 0 1 1 0 O símbolo da porta NOT é mostrado na Figura 1.7, tanto no formato da norma ANSI, quanto no formato da norma IEC. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.7 | Simbologia da porta NOT Nos circuitos encapsulados, a função NOT tem uma entrada e uma saída, podendo conter no mesmo encapsulamento até quatro funções NOT, o CI 7404. 2.4 Função NAND Utilizando as funções lógicas básicas, ou seja, AND, OR e NOT é possível construir algumas portas lógicas que derivam dessas portas, fazendo combinações. Fazendo a combinação de uma função AND com a função NOT, é possível construir uma porta lógica conhecida como NAND, e a operação é semelhante a inversão da função AND. O circuito NAND é a composição de duas portas, como mostra a Figura 1.8. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.8 | Porta NAND: porta AND seguida de uma porta NOT O símbolo da porta lógica NAND é mostrado na Figura 1.9. U1 - Circuitos analógicos e digitais34 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.9 | Simbologia da porta NAND A equação booleana da função NAND é representada por uma função AND barrada, ou seja, S A B= ⋅ , e a tabela verdade é dada na Tabela 1.10. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.10 | Tabela verdade da função NAND A B NAND 0 0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 Pode ser observado que a saída da tabela verdade da porta NAND é inversa da saída da tabela verdade da porta AND. Nos circuitos encapsulados já existe a porta NAND, mas é possível montá-la pela combinação das portas lógicas AND e NOT. 2.5 Função NOR Ao fazer a combinação da porta lógica OR com a porta lógica NOT, surge a função NOR, que é o equivalente a inverter a saída de uma função OR, em que a operação é semelhante às portas lógicas da Figura 1.10. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.10 | Porta NOR: porta OR seguida de uma porta NOT Os símbolos da função NOR são mostrados na Figura 1.11. U1 - Circuitos analógicos e digitais 35 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.11 | Simbologia da porta NOR A equação de uma função NOR é representada pelo complemento da soma das entradas, indicando a negação da função OR, ou seja, S A B= + e dessa função surge a tabela verdade da função NOR, mostrada na Tabela 1.11. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.11 | Tabela verdade da Função NOR A B NOR 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 1 0 A tabela verdade da função NOR é complementar à tabela verdade da função OR, como esperado. Como acontece com a porta NAND, essa função já vem implementada em circuitos encapsulados, podendo ter duas, três ou até quatro entradas e uma saída. 2.6 Função XOR Conhecida também como OU Exclusivo, é uma combinação de portas lógicas AND, NOT e OR, como está disposto na Figura 1.12. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.12 | Circuito equivalente da porta XOR U1 - Circuitos analógicos e digitais36 A função lógica XOR também possui um símbolo específico, dado na Figura 1.13. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.13 | Simbologia da porta lógica XOR Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.11 | Tabela verdade da Função NOR A B XOR 0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 1 0 Fazendo a análise do circuito da Figura 1.12, a saída da função lógica XOR é S = A B + A B× × que pode ser abreviada pela Equação 1.7. (1.7)S = A BÅ A função XOR possui sempre apenas duas entradas, e a saída é dada pela Equação 1.7. 2.6 Função XNOR Chamado também de bloco coincidência, a função XNOR possui o funcionamento inverso da função XOR, ou seja, a saída estará em nível alto somente quando as duas entradas forem iguais. A função XNOR é também uma combinação de portas lógicas AND, OR e NOT, conforme a disposição mostrada na Figura 1.14. U1 - Circuitos analógicos e digitais 37 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.14 | Circuito equivalente da porta XNOR A função XNOR possui uma simbologia própria dada pela Figura 1.15. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.15 | Simbologia da porta lógica XNOR Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.13 | Tabela verdade da Função XNOR A B S 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 1 1 A simbologia da Norma ANSI é a mais comumente utilizada nos projetos, para todas as portas lógicas já apresentadas. Pode ser visto na Tabela 1.13 que a tabela verdade da função XNOR tem o comportamento inverso da função XOR, estará em nível alto na saída ou quando as duas entradas forem zero ou quando as duas entradas estiverem em um. U1 - Circuitos analógicos e digitais38 O equacionamento que é dado pela função XNOR é S = A B + A B× × ou de uma forma mais simplificada, a saída de uma função XNOR é dada pela Equação 1.8. (1.8)S = A BÅ Lembrando que uma porta XNOR também possui sempre duas entradas. Para saber mais Universalidade das Portas NAND e NOR As portas NAND e NOR possuem a propriedade de universalidade, ou seja, com elas é possível implementar todas as outras portas lógicas. O vídeo a seguir mostra essa universalidade e a equivalência entre as portas lógicas. Disponível em: <https://youtu.be/yddX1snQInE>. Acesso em: 20 ago. 2017. Atividades de aprendizagem 1. De acordo com as funções lógicas, analise as sentenças: I. A porta lógica AND pode ter duas, três ou quatro entradas, no entanto, a porta lógica NOT pode ter apenas uma entrada, e todas têm apenas uma saída. II. As portas XOR e XNOR possuem um diferencial em relação às outras funções, pois são as únicas que permitem mais de duas entradas, enquanto todas as outras funções permitem apenas uma ou duasentradas. III. Basta apenas uma das entradas da porta lógica OR estar em nível alto para que a saída também esteja em nível alto, no entanto, para a saída de uma porta lógica AND fique em nível alto, é necessário que todas as entradas estejam em nível alto. Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta de Verdadeiro (V) ou Falso (F) para as sentenças. a) I. F; II. F; III. V. b) I. V; II. V; III. V. c) I. V; II. F; III. V. d) I. F; II. V; III. F. e) I. F; II. V; III. V. U1 - Circuitos analógicos e digitais 39 2. A empresa onde você está fazendo estágio, precisa de uma lógica de duas entradas e uma saída que acionará uma lâmpada somente quando as entradas estiverem em níveis diferentes, ou seja, quando uma entrada for nível alto e outra entrada for nível baixo, ao mesmo tempo. Qual das portas lógicas apresentadas nas alternativas você usaria? Assinale a opção correta. a) AND. b) NAND. c) NOR. d) XNOR. e) XOR. U1 - Circuitos analógicos e digitais40 Seção 3 Funções de várias variáveis Introdução à seção Até agora, foram vistos circuitos com duas variáveis. Para analisar esses circuitos basta a tabela verdade que apresenta todas as combinações possíveis de entradas e saídas. Como visto, quando temos N variáveis, o número de combinações possíveis será 2N . Como vimos, até duas entradas, então, o máximo de combinação e de linhas da tabela verdade foi de 2 2 42N = = , mas há sistemas digitais com duas, três, quatro ou vinte entradas, e como se implementa um circuito com tantas entradas e variáveis de funcionamento? Por exemplo, quando uma esteira de produção recebe um produto, é necessário pesar esse produto e, dependendo do peso, um braço mecânico é acionado para retirá-lo da linha de produção ou acionar um motor para continuar, depois é visto o tamanho e suas dimensões e, dependendo do tamanho, ele precisa seguir três caminhos diferentes, e, por fim, precisa verificar a cor para que todos dentro da embalagem tenham a mesma coloração. Cada um desses processos é composto por sensores, como entradas, e uma combinação de atuadores, como saídas. Cada saída depende de uma combinação lógica de entrada, e com o que foi visto até agora, a implementação se tornaria complexa, já que cada saída depende de todos os estados possíveis das entradas. Veremos, nesta seção, expressões lógicas obtidas das portas lógicas, e depois uma técnica que consiste em obter funções lógicas analisando a tabela verdade da aplicação final do circuito. 3.1 Expressões obtidas a partir de circuitos lógicos Todo e qualquer circuito lógico pode ser implementado usando as três funções lógicas básicas (AND, OR e NOT). Para explicar o equacionamento de um sistema digital de uma forma didática, considere o exemplo da Figura 1.16. U1 - Circuitos analógicos e digitais 41 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.16 | Exemplo de um circuito lógico Para encontrarmos a equação na saída do circuito da Figura 1.16, começamos da entrada a equacionar de acordo com os blocos lógicos. Em um primeiro estágio, S1 é a saída da porta NOT da entrada B, ou seja: S B1= A porta S1 é a entrada de uma porta AND junto com a entrada A, portanto, a saída S2 da porta AND é dada por: S S A B A2 1= ⋅ = ⋅ Agora, por último, a saída da porta OR é o estágio final do circuito, sendo as suas entradas S2 e C, ou seja: Saída S C B A C= + = ⋅ +2 Questão para reflexão As expressões booleanas fazem operações de multiplicação e soma, então, dada a equação X B A C= ⋅ + , a sua resolução é equivalente à expressão X B A C= ⋅ +( ) ou equivalente à expressão X B A C= ⋅ +( )? Justifique. As regras da álgebra linear valem para essas expressões lógicas, que consistem em se realizar primeiramente a multiplicação e divisão e só depois a soma e a subtração. U1 - Circuitos analógicos e digitais42 Como foi visto, as portas AND se comportam como multiplicação das entradas e a função OR se comporta como uma soma das entradas, portanto, a porta AND tem prioridade sobre a porta OR, e para que uma certa porta OR tenha prioridade sobre a porta AND, é necessário se utilizar parênteses para separar a função AND da função OR. Para não haver problema na resolução final, a cada saída tente priorizar as expressões com uso dos parênteses. 3.2 Circuitos obtidos de expressões lógicas Assim como é possível obter uma expressão lógica, ou expressão booleana a partir de portas lógicas, é possível também projetar um circuito a partir de uma expressão booleana. Pegando um exemplo de uma expressão booleana, vamos projetar o circuito por meio de passos simples. A expressão booleana é dada pela Equação 1.9. (1.9)Saída = A ⋅ ⋅ +B C D( ) Primeiramente, é possível verificar que se tem quatro entradas, A, B, C e D, com duas entradas no parênteses e duas fora do parênteses. A prioridade da Equação 1.9 é realizar os parênteses primeiro e depois realizar o restante fora dos parênteses. Com isso, temos o equacionamento dos parênteses na Figura 1.17. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.17 | Parte de um exemplo de circuito lógico Continuando na Equação 1.9, a entrada B passa por uma porta NOT, sendo entrada de uma porta AND, a porta A também é a entrada dessa porta AND e a saída da porta OR, composta por C e D, é a terceira entrada da porta AND, onde o circuito final é dado pela Figura 1.18. U1 - Circuitos analógicos e digitais 43 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.18 | Exemplo de circuito lógico Como observado, usando as portas lógicas básicas, é possível construir o circuito para qualquer expressão booleana, mas é necessário fazer em partes e com cuidado para não esquecer nenhuma entrada ou trocar alguma porta lógica. No desenho do circuito podem ser colocadas quantas entradas forem necessárias, no entanto as portas lógicas na forma de CIs, comercialmente, só têm até quatro entradas. Para fazer uma otimização de utilização de portas lógicas, é necessário usar ferramentas de simplificação de circuitos, como será visto na Seção 4. 3.3 Expressões lógicas obtidas a partir da tabela verdade A tabela verdade é uma ferramenta muito útil para se avaliar a saída de um circuito lógico em função das combinações das entradas. Ela não tem limites de entradas a serem analisadas, dando a possibilidade de modelar qualquer sistema e fazer a implementação por portas lógicas. O método mais prático de se obter uma expressão booleana é obter a equação na forma de soma de produtos, que consiste em quatro passos, os quais serão demonstrados por um exemplo dado pela Tabela 1.14. U1 - Circuitos analógicos e digitais44 Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.14 | Exemplo de tabela verdade para conversão em expressão booleana A B C S 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 0 1 1 1 1 0 As colunas A, B e C são as entradas e a coluna S é a saída da expressão que queremos obter. Analisando os quatro passos, tem-se. 1° passo: identificar os casos em que a saída está em nível alto, ou seja, 1. Na Tabela 1.14, a saída é nível 1 em três casos, quando A = 0 e B = 0 e C = 1, no segundo caso, quando A = 0 e B = 1 e C = 0, e no terceiro caso, quando A = 1 e B = 1 e C = 0, como mostrado na Tabela 1.15, em marcação tracejada. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.15 | Marcação em uma tabela verdade das saídas em nível alto 2° passo: para representar uma expressão booleana em função de letras, é necessário converter os números binários em letras. Para isso, A B C S 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 0 1 1 1 1 0 U1 - Circuitos analógicos e digitais 45 Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.16 | Conversão em sentença verdadeira da Tabela 1.15 A B C 1 A B C 1 A B C 1 é adotada a lógica da sentença verdadeira, ou seja, quando a sentença é verdadeira, ou nível 1, é a letra sem o barrado encima, já quando a sentença não é verdadeira, nível 0, a letra vem barrada (entrada inversora). No exemplo da Tabela 1.16, o primeiro caso é verdadeiro quando S = A e B e C , no segundocaso, quando S = A e B e C e, por último, S = A e B e C . 3° passo: como visto, a saída será verdadeira, ou nível alto, quando a primeira porta E a segunda porta E a terceira porta, assim por diante, tiverem o nível lógico dado. Para uma mesma linha da tabela verdade, as entradas são as variáveis de uma porta AND. Do exemplo, a saída terá nível 1 quando S = A e B e C , ou seja, S = A AND B AND C . Então, quando S = A B C× × OU na segunda condição em que S = A B C× × OU na terceira condição S = A B C× × . 4° passo: para cada linha diferente, as combinações das entradas servem como entradas de uma função OR, ou seja, S terá nível 1 quando S = A B C× × OR S = A B C× × OR S = A B C× × . Reescrevendo, temos, finalmente, a Equação 1.10, correspondente à tabela verdade dada na Tabela 1.14. (1.10)S = (A B C)+(A B C)+(A B C)× × × × × × A Equação 1.10 é muito grande para ser implementada na prática, sendo necessária sua simplificação, e essa será estudada na próxima seção. Além disso, para o caso de três entradas, a tabela verdade tem apenas oito linhas, o que ainda dá para se analisar com todas as condições. Mas como visto, o importante são as condições quando a U1 - Circuitos analógicos e digitais46 saída tem nível 1, então, na prática, precisaria apresentar somente as três linhas, as quais geram a expressão de saída. Para muitas entradas não é necessário apresentar todas as condições de entrada, mas sim apenas as condições de entrada para as saídas em nível alto. Para cada saída S em nível alto, é gerado um termo na combinação de soma, então, para diversos casos em que a saída tem nível alto, terá diversos termos como entrada das portas OR. Há algumas técnicas para fazer a simplificação desses circuitos, algumas seguem a álgebra linear da matemática clássica, outras simplificações valem porque se está trabalhando com números binários. Esse campo que trata das técnicas de simplificação de expressões booleanas é a Álgebra Booleana. Para saber mais Partida direta – portas lógicas – simulação do circuito digital Através desse site é possível aprender uma aplicação muito utilizada de portas lógicas para fazer ligação de motores. A lógica vale para qualquer equacionamento booleano. Disponível em: <http://tecnico. trabalheparasi.com/partida-direta-portas-logicas-simulacao-do- circuito-digital>. Acesso em: 20 ago. 2017. Atividades de aprendizagem 1. Uma máquina de corte de madeira é acionada pela saída X de um circuito lógico, dado na figura a seguir. Encontre a equação booleana do circuito de acionamento. 2. Na mesma máquina de corte de madeira, para proteção dos operadores, foi colocado uma botoeira de emergência, chamada de entrada E, para que fosse acionada em uma situação de perigo. Quando ela for acionada, U1 - Circuitos analógicos e digitais 47 a máquina tem que desligar completamente. Para implementar essa lógica, sabe-se que quando a botoeira estiver em nível alto a máquina para, levando a saída do circuito a zero, e quando a botoeira estiver desligada, em nível baixo, a máquina só entra em funcionamento de acordo com a lógica já existente em seu circuito de acionamento. Faça a implementação desse novo circuito de acionamento com proteção. U1 - Circuitos analógicos e digitais48 Seção 4 Álgebra booleana Introdução à seção Até este ponto, foram mostradas expressões conhecidas como expressões booleanas, mas afinal, de onde vem esse termo? O que é uma expressão booleana? George Boole nasceu em 1815 e foi um matemático que trouxe uma nova visão sobre a lógica e a matemática, e suas relações. Ele é conhecido como pai da lógica, por ter desenvolvido, em 1845, um trabalho intitulado An Investigation of the Laws of the Thouht (Uma investigação das leis do pensamento) que estabeleceu uma nova álgebra, a álgebra booleana, que é aplicada na construção de computadores modernos e telefones. A álgebra booleana é um ramo da matemática que estuda as proposições e seus valores verdade em vez de variáveis. Ela é um sistema matemático composto por um conjunto de elementos que se utiliza somente dois algarismos para representar os números ou as proposições: o zero e o um. Esse sistema de numeração é chamado binário – de base 2 – e tem grande utilidade na lógica e na teoria dos conjuntos. Como na álgebra linear, a álgebra booleana tem algumas propriedades válidas para as duas álgebras, mas devido à característica da álgebra booleana ter apenas dois algarismos, ela possui algumas propriedades que a álgebra linear não possui, como veremos nesta seção. 4.1 Álgebra de Boole: variáveis e expressões Como visto, na álgebra de Boole as variáveis booleanas são representadas por letras e podem assumir apenas dois valores distintos, que são zero e um. As expressões booleanas são sentenças matemáticas que possuem propriedades da álgebra linear e algumas próprias. O estudo da álgebra booleana se faz necessário para a simplificar circuitos lógicos, implementar e projetar circuitos lógicos, respeitar U1 - Circuitos analógicos e digitais 49 características de projeto para sua implementação e modelar processos que envolvam a eletrônica e a automação industrial. A álgebra booleana possui postulados, propriedades matemáticas e teoremas e identidades que são usados nas simplificações de expressões e circuitos lógicos, como será apresentado a seguir. 4.2 Teoremas booleanos de uma variável São oitos os teoremas booleanos de uma variável, que consistem de uma única variável de entrada, que será denominada A, e a sua saída depende da função lógica usada. Segue a Tabela 1.17 com os teoremas de uma variável Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.17 | Teoremas de uma variável (1) A ⋅ =0 0 A 0 0 (5) A A+ =0 A A 0 (2) A A⋅ =1 A A 1 (6) A+ =1 1 A 1 1 (3) A A A⋅ = A A (7) A A A+ = A A (4) A A⋅ = 0 A 0 (8) A A+ =1 A 1 Os teoremas de (1) a (4) são relacionados à porta AND e os teoremas de (5) a (8) são relacionados à porta OR, lembrando que a porta AND é uma multiplicação de suas entradas e a porta OR é uma soma de suas entradas. O teorema (1) é uma propriedade matemática no qual todo número multiplicado por zero, o resultado será sempre zero. O teorema (2) é outra propriedade matemática que diz que todo número multiplicado por um sempre será ele mesmo, ou seja, quando uma das entradas da porta lógica AND for um, a saída será a outra entrada. O teorema (3) é uma propriedade booleana, que diz que para uma variável multiplicada por ela mesma, a saída será essa variável ao quadrado. Como só são admitidos valores como zero ou um, então, U1 - Circuitos analógicos e digitais50 Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.18 | Teoremas com mais de uma variável (9) A B B A+ = + (13) A B C A B A C⋅ + = ⋅ + ⋅( ) (10) A B B A⋅ = ⋅ (14) ( ) ( )A B C D A C B C A D B D+ ⋅ + = ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅ (11) A B C A B C A B C+ + = + + = + +( ) ( ) (15) A A B A+ ⋅ = (12) A B C A B C A B C⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅( ) ( ) (16) A A B A B+ ⋅ = + Os teoremas de (9) a (12) são a propriedade comutativa, em que não importa a ordem das variáveis A, B e C, o resultado sempre será o mesmo. uma porta AND com as duas entradas com a mesma variável, a saída será igual à entrada. O teorema (4) preconiza uma variável multiplicada pelo seu inverso, e a sua saída será igual a zero, pois se a variável A for um, o seu inverso será zero, e para a variável A igual a zero, o seu inverso será um e toda variável multiplicada por zero sempre será zero. O teorema (5) é uma soma de uma variável A por zero, e sua saída será a própria variável A. O teorema (6) também é uma soma, só que agora uma soma da variável A com um, onde a saída será sempre um, independentemente da variável A. O teorema (7) é a soma da variável A com ela mesma, como em binário, é possível ter dois resultados, ou zero ou um, então, a soma de N variáveis iguais em binário será a própria variável. O teorema (8) é a soma de uma variável com o seu inverso, e quando uma entrada da porta OR for um, aoutra será zero e vice-versa, com isso, a soma de uma variável com o seu inverso será sempre um. Esses são os teoremas com uma única variável de entrada. Agora serão apresentadas as propriedades e as identidades para quando houver mais variáveis. 4.3 Teoremas booleanos de mais variáveis São mais oitos os teoremas booleanos com mais de uma variável, que fazem uso das propriedades da álgebra linear e algumas propriedades da álgebra booleana, como segue na Tabela 1.18 com os teoremas com mais de uma variável. U1 - Circuitos analógicos e digitais 51 Os teoremas (13) e (14) surgem da propriedade distributiva, onde é possível distribuir um termo para os outros, ou colocá-los em evidência, o que facilita muito na simplificação de circuitos lógicos. Os teoremas (15) e (16) não possuem o correspondente na álgebra linear e para demonstrá-los é necessário substituir as variáveis por todos os valores possíveis. Para o teorema (15), analisando os quatro casos obtemos: 1° Caso: para A = 0 e B = 0: A A B A+ ⋅ = 0 0 0 0+ ⋅ = 0 0= = A 2° Caso: para A = 1 e B = 0: A A B A+ ⋅ = 1 1 0 1+ ⋅ = 1 1= = A 3° Caso: para A = 0 e B = 1: A A B A+ ⋅ = 0 0 1 0+ ⋅ = 0 0= = A 4° Caso: para A = 1 e B = 1: A A B A+ ⋅ = 1 1 1 1+ ⋅ = 1 1= = A Agora, fazendo a análise do teorema (16), temos: 1° Caso: para A = 0 e B = 0: U1 - Circuitos analógicos e digitais52 A A B A B+ ⋅ = + 0 1 0 0 0+ ⋅ = + 0= +A B 2° Caso: para A = 1 e B = 0: A A B A B+ ⋅ = + 1 0 0 1 0+ ⋅ = + 1= +A B 3° Caso: para A = 0 e B = 1: A A B A B+ ⋅ = + 0 1 1 0 1+ ⋅ = + 1= +A B 4° Caso: para A = 1 e B = 1: A A B A B+ ⋅ = + 1 0 1 1 0+ ⋅ = + 1= +A B Esses 16 teoremas são muito importantes e utilizados na simplificação e implementação de circuitos lógicos, mas há mais dois teoremas muito utilizados, os Teoremas De Morgan, que são válidos apenas para as expressões booleanas. 4.4 Teoremas De Morgan Dois dos teoremas mais importantes são os teoremas De Morgan, desenvolvidos pelo matemático Augustus De Morgan, que fez grandes trabalhos na área da lógica. O primeiro teorema diz que o complemento do produto é igual à soma dos complementos, como mostra a Equação 1.11. U1 - Circuitos analógicos e digitais 53 (1.11)( )A B A B⋅ = + Para a demonstração desse teorema da equação (1.11), podemos colocar na tabela verdade, dado na Tabela 1.19. Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.19 | 1° Teorema de De Morgan A B ( )A B× A B+ 0 0 1 1 + 1 0 1 1 1 + 0 1 0 1 0 + 1 1 1 0 0 + 0 Esse teorema da Equação 1.11 pode ser aplicado para mais de duas variáveis, ou seja: ( ... ) ...A B C D N A B C D N⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = + + + + (1.12) Há também o 2° teorema de De Morgan, que diz que o complemento da soma é igual ao produto dos complementos, como mostra a Equação 1.12. ( )A B A B+ = ⋅ A demonstração do 2° teorema de De Morgan pode também ser demonstrado pela tabela verdade, como mostra a Tabela 1.20. U1 - Circuitos analógicos e digitais54 A B ( )A B+ A B× 0 0 1 1 1× 0 1 0 1 0× 1 0 0 0 1× 1 1 0 0 0× Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 1.20 | 2° Teorema de De Morgan Além de conseguir demonstrar por tabela verdade, é possível partir do 1° teorema e com algumas manipulações matemáticas e teoremas relacionado à álgebra booleana é possível chegar no segundo teorema de De Morgan, mostrando, assim, a sua validade. Fica como sugestão de exercício essa demonstração. O 2° teorema também pode ser aplicado para mais de duas variáveis: ( ... ) ...A B C D N A B C D N+ + + + = ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ Questão para reflexão É realmente necessário decorar esses teoremas para fazer a simplificação de circuitos? E se for esquecido algum teorema ou algum passo? Além desses teoremas e identidades utilizadas para a simplificação de circuitos lógicos, há também uma técnica que faz essa simplificação por meio de Diagramas de Veitch-Karnaugh. Vale a pena conhecer essa ferramenta e como utilizá-la. Não trabalharemos esta técnica neste livro didático, no entanto, é possível encontrá-la nos livros referenciados na bibliografia básica. U1 - Circuitos analógicos e digitais 55 Para saber mais Lição 5 – Combinando funções lógicas O professor Newton, nesse link, mostra um resumo do que foi visto até aqui, um exemplo de tabela verdade, a sua equivalência em circuito e a sua expressão booleana. Depois, é realizada a simplificação do circuito lógico com a ferramenta do Diagrama de Karnaugh. Vale muito a pena conhecer essa ferramenta de simplificação, pois uma vez entendido o seu funcionamento, a simplificação dos circuitos lógicos se torna simples e rápida. Disponível em: <http://www.newtoncbraga.com. br/index.php/eletronica-digital/94-licao-5-combinando-funcoes- logicas>. Acesso em: 20 ago. 2017. Atividades de aprendizagem 1. Dada a equação X A A B C D= ⋅ ⋅ + ⋅( ) , faça a simplificação, usando todos os teoremas possíveis da álgebra booleana: 2. Utilizando o 1° teorema de De Morgan, que diz que o complemento do produto é igual à soma dos complementos, ou seja, ( )A B A B⋅ = + , faça manipulações algébricas para obter o 2° teorema de De Morgan, ou seja, o complemento da soma é igual ao produto dos complementos. Fique ligado Nessa unidade que está terminando, você conheceu os sistemas de numeração e tem condições de implementar um sistema próprio, entendendo como funciona a teoria dos números. Depois, viu as portas lógicas e algumas de suas aplicações, e foram apresentados sistemas com diversas variáveis, mostrando alguns mais complexos. Por último, foram mostradas algumas técnicas para simplificação desses sistemas complexos, de forma a otimizar a implementação de circuitos lógicos. U1 - Circuitos analógicos e digitais56 Para concluir o estudo da unidade Esta primeira unidade serve como base para os sistemas digitais. É muito importante que o conteúdo aqui abordado esteja bem fixado, pois na continuação deste livro será necessário que você, aluno, tenha entendido os conceitos básicos estudados. A facilidade com o conteúdo só vem da prática e familiarização com aquele assunto, então, use as referências bibliográficas e realize exercícios, até que você tenha bastante afinidade com o assunto, sem precisar consultar a teoria. Bons estudos e esperamos que essa unidade possa lhe auxiliar em projetos envolvendo sistemas lógicos. Atividades de aprendizagem da unidade 1. Você decidiu desenvolver um sistema de numeração diferente do existente, após estudos e pesquisa viu que o sistema de numeração que atende às suas necessidades é composto por três níveis (0, 1 e 2). Nessa nova base de três níveis, assinale a alternativa que apresenta o número decimal que é representado pelo número 0123 : a) 2310 . b) 1210 . c) 510 . d) 210 . e) 310 . 2. Em uma aplicação, é necessário utilizar uma porta NAND de quatro entradas, no entanto, só estão disponíveis para montar essa função lógica portas AND de duas entradas e portas NOT. Assinale a alternativa que apresenta a quantidade de cada porta necessária para implementar a função de uma NAND de quatro entradas: a) 3 portas AND e 1 NOT. b) 1 porta AND e 3 portas NOT. c) 2 portas AND e 2 portas NOT. d) 4 portas NOT. e) 2 portas AND e 1 porta NOT. 3. Um sistema foi modelado matematicamente, no qual se obteve a tabela verdade: U1 - Circuitos analógicos e digitais 57 A B C D Y 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1 1 1 Fonte: elaborada pelo autor. Como pode ser observado, a tabela verdade só contém as condições para a saída em nível alto. Diante disso, assinale a alternativa que apresenta o equacionamento da expressão booleana da tabela verdade dada: a) Y A B C A B C A B C A B C= ⋅ ⋅ ⋅+ ⋅ ⋅ ⋅+ ⋅ ⋅ ⋅+ ⋅ ⋅ ⋅ . b) Y A B C D A B C D A B C D A B C D= ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ . c) Y A C D B C D A B D A B C D= ⋅⋅ ⋅ +⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ . d) Y A B C D A B C D A B C D A B C D= ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ . e) Y A B C D A B C D A B C D A B C D= ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ . 5. A álgebra booleana é muito útil na otimização dos circuitos lógicos para a implementação física.Foi feita uma simplificação de uma expressão booleana e desenhado o circuito a seguir. Fonte: elaborada pelo autor. Assinale a alternativa que apresenta a expressão booleana do circuito da figura. a) Y B A C C A D= ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅[ ] . b) Y D A C B A D A D= ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ + ⋅[ ( )] . c) Y A B C C B D B D= ⋅ ⋅ + ⋅ ⋅ + ⋅[ ( )] . d) Y B A C D A D A D= ⋅ + + ⋅ ⋅ + +[ ( )] . e) Y B A C D= ⋅ ⊕ ⋅( ( )) . Referências ARAÚJO, Celso de. Eletrônica digital. São Paulo: Érica, 2014. CAPUANO, Francisco Gabriel. Sistemas digitais: circuitos combinacionais e sequenciais. São Paulo: Érica, 2014. D’AMORE, Roberto. VHDL: descrição e síntese de circuitos digitais. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. FLOYD, Thomas L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. IDOETA, Ivan Valeije. Elementos de eletrônica digital. 41. ed. rev. e atual. São Paulo: Érica, 2012. SZAJNBERG, Mordka. Eletrônica digital: teoria, componentes e aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2014. TOCCI, Ronald J.; WIDMER, Neal S. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 7. ed. Rio de Janeiro, LTC, 2000. TOKHEIM, Roger. Fundamentos de eletrônica digital: sistemas combinacionais: dados eletrônicos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. VAHID, Frank. Sistemas digitais: projeto, otimização e HDLs. Porto Alegre: Bookman, 2008. Sistemas digitais Esta unidade tem como objetivo permitir que você tome conhecimento e saiba projetar sistemas digitais básicos, por meio do desenvolvimento de circuitos combinacionais e sequenciais. Em um primeiro momento, o objetivo desta unidade é consolidar os conhecimentos da primeira unidade, relacionados a sistemas numéricos, portas lógicas e álgebra booleana. Além disso, são apresentados os conceitos relacionados à segunda parte dos sistemas digitais clássicos, que são circuitos sequenciais, baseados nos flip-flops. Isso permite que você seja capaz de trabalhar com todos os circuitos de lógica digital mais simples. Objetivos de aprendizagem Nessa primeira seção, são expostos os conceitos complementares relacionados aos circuitos combinacionais, que são aqueles baseados nas portas lógicas. Assim, o objetivo é permitir que você seja capaz de projetar e otimizar tal tipo de circuito, que servirá como base para o estudo de todos os outros tipos de sistemas digitais. Seção 1 | Circuitos combinacionais A segunda seção desta unidade tem como objetivo apresentar os circuitos sequenciais, desde os conceitos básicos até o projeto desse tipo de circuitos. Desta forma, você será capaz de trabalhar com os diversos tipos de flip-flops existentes e saberá desenvolver circuitos com esse elemento. Também se tem como objetivo, estudar os circuitos contadores síncronos e assíncronos, que são exemplos de circuitos sequenciais. Seção 2 | Circuitos sequenciais Giancarlo Michelino Gaeta Lopes Unidade 2 Este material didático possui a função de apresentar ao estudante de engenharia conceitos relacionados à eletrônica digital e analógica. Assim, é possível dizer que este material condensa fundamentos que irão permitir a análise e elaboração de circuitos eletrônicos em geral. Para isso, serão abordados temas que são fundamentais a qualquer engenheiro, seja ele da área elétrica ou não, aumentando a abrangência da formação em engenharia. É esperado que ao final do estudo deste material você seja capaz de identificar, compreender e analisar circuitos eletrônicos diversos, que utilizem como componentes principais diodos, transistores, amplificadores operacionais e também circuitos integrados digitais. Neste livro, as características básicas de funcionamento dos dispositivos semicondutores são tratadas de forma resumida. A abordagem principal se dá no uso de tais componentes em circuitos práticos e como eles operam dentro do circuito que fazem parte. Portanto, caso haja dúvidas sobre a operação de um diodo ou transistor, e também outros elementos básicos de eletrônica, você pode consultar o livro didático da disciplina de Circuitos elétricos e instrumentação eletrônica ou algum livro de eletrônica citado nas referências desse material. Existem duas vertentes principais no que tange aos conteúdos abordados nesse material, a da eletrônica digital, tratada nas Unidades 1 e 2 e da eletrônica analógica, estudada nas Unidades 3 e 4. Os conceitos dessas duas vertentes são muito importantes, pois permitem que você saiba trabalhar com os circuitos digitais e fazer com que eles trabalhem em conjunto com os circuitos analógicos. Na Unidade 1, você é convidado a estudar a lógica digital, na qual são abordados conceitos como sistemas numéricos, códigos digitais, funções lógicas, álgebra de Boole, entre outros. Esses assuntos dão abertura para o estudo da Unidade 2, que trata dos circuitos combinacionais de forma geral, estudando o processo de simplificação e projeto. Além disso, a Unidade 2 apresenta conceitos relacionados aos circuitos sequenciais, que possuem como base os flip-flops. Já a Unidade 3 trata da eletrônica analógica, trazendo conceitos Introdução à unidade U2 - Sistemas digitais62 relacionados a amplificadores operacionais, amplificadores de potência e comportamento dos componentes em alta frequência. Conceitos esses que se complementam aos tratados na Unidade 4, que apresenta um tópico sobre realimentação e circuitos osciladores e outro tópico sobre reguladores de tensão e corrente. Desta forma, você está convidado a estudar estes assuntos que são de grande importância para sua formação, aprofundando seu conhecimento em circuitos eletrônicos digitais e analógicos. Bons estudos! U2 - Sistemas digitais 63 Seção 1 Circuitos Combinacionais Introdução à seção Nesta seção, você é convidado a conhecer conceitos que mostram como é possível se obter circuitos equivalentes a algumas portas lógicas, utilizando outras portas lógicas, por exemplo, se obter uma porta NOT a partir de uma porta NAND. Assim, é possível otimizar a quantidade de CIs utilizadas em determinado projeto. Além disso, é abordado de forma didática o estudo de caso de um projeto de circuito combinacional. 1.1 Equivalência entre blocos lógicos Conhecer a equivalência entre blocos lógicos é importante, pois permite a otimização na montagem dos circuitos digitais, já que os circuitos integrados possuem uma quantidade fixa de portas lógicas iguais. Assim, é possível reduzir a quantidade de CIs utilizados, evitando que componentes fiquem com portas sem uso (IDOETA; CAPUANO, 2008). 1.1.1 Porta NOT a partir de porta NAND Para compreender de uma maneira simples como uma porta NOT pode ser montada a partir de uma porta NAND, está apresentada a tabela verdade da porta lógica NAND na Tabela 2.1. Nela, percebe- se que quando as entradas são iguais, a saída se torna o seu inverso, ou seja, quando ambas as entradas estão em 0, a saída é 1, e quando as entradas estão em 1, a saída é 0. Isto demonstra que caso as duas entradas forem interligadas, será formado um inversor. Uma outra sejam seria manter uma entrada sempre ligada em nível alto, o que pode ser percebido ao analisar as duas últimas condições da tabela verdade. Estas duas formas de se obter uma porta lógica NOT a partir de uma NAND estão apresentadas na Figura 2.1 (IDOETA; CAPUANO, 2008). U2 - Sistemas digitais64 Fonte: elaborada pelo autor. Tabela 2.1 | Tabela verdade da porta lógica NAND A B S 0 0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 2.1 | Montagens equivalentes à porta NOT utilizando porta NAND 1.1.2 Porta NOT a partir de porta NOR Assim como foi feito no caso anterior, para compreender de uma maneira simples a equivalência de uma porta NOT a partir de uma NOR, está apresentada a tabela verdade da porta lógica NOR na Tabela 2.2. Nela, percebe-se a mesma situação que o caso anterior, quando as entradas são iguais, em que a saída se torna o inverso das entradas. Isso demonstra que caso as duas entradas sejam interligadas, será formado um inversor.
Compartilhar