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Apostila de Farmacologia A importância da consulta odontológica inicial A anamnese é uma aliada para o profissional de saúde. Sendo a primeira etapa em qualquer consulta odontológica. Consiste em uma entrevista prévia para ouvir o paciente e entender suas queixas, avaliar sinais e sintomas. Assim, ela é considerada a base inicial de qualquer atendimento. É através dessa ficha, que se dará o direcionamento para a solicitação de exames de imagem e outros, quando preciso. Além de ser importante para as etapas sequentes do tratamento. É recomendável que o paciente seja classificado de acordo com seu estado de saúde geral. A classificação ASA (American Society of Anesthesiologists) é a mais utilizada. É uma classificação do estado físico para cálculo do risco cirúrgico. Classificação ASA 1 Se trata do grupo de pessoas que estão saudáveis, não havendo nenhum distúrbio orgânico, fisiológico, bioquímico ou psiquiátrico. Ou seja, pacientes 100% saudáveis, que não fumam e que não fazem uso de grandes quantidades de álcool. Classificação ASA I I Essa classificação engloba pacientes com doenças sistêmicas leves a moderados, que normalmente não estão relacionados a cirurgia. Essas doenças não prejudicam ou afetam as funcionalidades do organismo e nessa classificação está presente as seguintes comorbidades: • Paciente ansioso, com história mal-estar ou desmaio. • Paciente com ˃ 65 anos. • Obesidade moderada. • Primeiros dois trimestre da gestação. • Hipertensão arterial controlada com medicação. • Diabético tipo II, controlado com dieta ou medicamento. • Portador de distúrbios convulsivos. • Asmático, que usa broncodilatador. • Tabagista, sem doença pulmonar obstrutiva crônica. • Angina estável, assintomática, exceto em extremas condições de estresse. • Paciente com história de infarto do miocárdio, há mais de 6 meses – sem sintomas. https://www.asahq.org/ https://www.asahq.org/ Classificação ASA I I I Essa classificação engloba pacientes com distúrbios sistêmicos mais graves, que podem estar relacionados a cirurgia ou não. Essas doenças podem prejudicar ou limitar algumas funcionalidades do organismo, como por exemplo: • Obesidade mórbida. • Último trimestre da gestação. • Diabéticos tipo I (uso de insulina), com doença moderada. • Hipertensão arterial na faixa de 160-194 a 95-99 mmHg. • História de episódios frequentes de angina do peito. • Insuficiência cardíaca congestiva, com inchaço nos tornozelos. • Doença pulmonar obstrutiva crônica. • Episódios frequentes de convulsão ou crise asmática. • Paciente sob quimioterapia. • Hemofilia. • História de infarto do miocárdio, há mais de 6 meses, mas ainda com sintomas. Classificação ASA IV Se trata de pacientes com distúrbios sistêmicos graves, que comprometem o risco de vida constante, com ou sem cirurgia. Exemplos de pacientes que encaixam nessa classificação ASA: • Paciente com dor no peito ou falta de ar, enquanto sentado. • Pacientes com angina que estão piorando, mesmo com medicação. • História de infarto do miocárdio • Pressão arterial ˃200-100. • Pacientes que necessitam da administração suplementar de oxigênio. • Pacientes com acidente vascular cerebral (AVC); • Isquemia cerebral; • Isquemia miocárdica; • Insuficiência respiratória aguda; • Insuficiência cardíaca crônica (ICC); • Doença renal grave Classificação ASA V Classificação que indica que o paciente não terá esperança de sobrevida caso não passe por uma cirurgia urgentemente. Ou seja, a cirurgia é seu último recurso. Nessa classificação, a mortalidade perioperatória é de 9,4% a 51%. Exemplos de pacientes que encaixam nessa classificação ASA: • Pacientes com doença renal, hepática ou infecciosa em estágio final. • Pacientes com câncer terminal. Classificação ASA VI Se trata de pacientes com morte cerebral declarada, em que os órgãos irão ser retirados para a doação. Nessa classificação, a mortalidade perioperatória é de 100%. https://blog.clinspace.com.br/cid-10-codigo-internacional-de-doencas-2020/ Anamnese dirigida Principais etapas da anamnese odontológica: O que perguntar para o paciente? Procure saber a principal queixa; Perguntar sobre o histórico odontológico do paciente; Entenda seus hábitos de higiene oral e com qual frequência ele vai ao dentista; Saiba como e quando o problema começou; Questione sobre o histórico dele e da família de saúde; Saiba sobre vícios e atividades. Ficha de anamnese Exame físico Consiste em avaliar os sinais da doença, podendo lançar mão de exames de imagens ou outros exames complementares para fechar o diagnóstico. Inspeção As principais manobras são: Palpação Auscultação Percussão A inspeção física deve levar em consideração todos as características gerais do paciente, cor de pele, desenvolvimento dos ossos da face, tonicidade, mobilidade da musculatura, a expressão dos olhos. A inspeção local é dirigida para a região de cabeça e pescoço. Estruturas anatômicas relacionadas com a cavidade oral como ATM, ossos do sistema estomatognático, glândulas salivares, língua, gânglios, devem ser inspecionadas. Inspeção intrabucal inicia-se face interna do lábio, gengiva, fundo de sulco, rebordo alveolar, mucosa jugal, língua, assoalho bucal, palato e dentes. Avaliação dos sinais vitais e interpretação clínica Modo eficiente e rápido para monitorar a condição do paciente. Avaliar os sinais vitais faz parte do exame físico. Os dados relativos ao pulso carotídeo ou radial, a frequência respiratória, a pressão arterial sanguínea e a temperatura. Frequência e ritmo cardíaco (bpm) Delimitação palpável da corrente sanguínea na artéria cada vez que o ventrículo esquerdo se contrai. A frequência cardíaca normal em repouso, varia entre 60 e 100 batimentos por minuto, acima ou abaixo disso deve ser avaliado. Valores de referência: Bradicardia < 60 bpm Normocardia 60 - 100 bpm Taquicardia > 100 bpm Frequência respiratória (rpm) Número de respiração por minuto, observado através da elevação e depressão do tórax (mínimo 1 minuto). A frequência respiratória normal adulta fica entre 16 e 20 rpm. Casos de estresse pode desencadear quadro de hiperventilação. Valores de referência: Bradipneia: < 16rpm Normopneia: 16 a 20rpm Taquipineia: > 20 rpm A respiração altera de acordo com a idade do indivíduo. Recém-nascido: 35-45 6 meses: 30-50 2 anos: 25-35 Criança: 20-30 Adolescente: 16-20 Adulto: 12-20 Temperatura Diferença da quantidade de calor produzido e de calor perdido. O hipotálamo é o responsável por esse equilíbrio. A temperatura normal varia entre 36,1°C a 37,5°C. A febre representa uma aumento na temperatura além dos 37,5°C, acima dos 38,3°C indicam presença de processo patológico. Valores de referência: Hipotermia < 35°C Afebril 36, 1 a 37,5°C Hipertermia 37,8 a 38,9°C Hiperpirexia ≥ 40°C Pressão arterial Força exercida sob a artéria pelo sangue pulsante sob a pressão do coração. Pressão arterial sistólica - Contração do coração - dilatação das artérias Pressão arterial diastólica - Relaxamento do coração - contração das artérias Classificação PAS PAD Normal ≤ 120 ≥ 80 Pré hipertensão 121 - 139 81 - 89 Hipertenso 1 140 - 159 90 - 99 Hipertenso 2 160 - 179 100 - 109 Hipertenso 3 ≤ 180 ≤ 110 Dor É uma experiencia sensorial e emocional desagradável, associada ou relacionada à lesão real ou potencial aos tecidos. A dor pode ser classificada de acordo com o tempo, em aguda ou crônica,quanto a origem nociceptiva e neuropática e quanto a localização se é cutânea, somática, visceral, referida, irradiada ou relacionada ao câncer. Diversos fatores estão envolvidos na percepção da pessoa no que se refere a dor, existem várias escalas para classificar, exemplo: escala numérica, visual e de faces. 1 Escala de faces Vias de administração das drogas Via de administração é o local anatômico pelo qual o fármaco ser dispensado no organismo, é por onde o medicamente será administrado. O efeito do medicamento será o mesmo, o que muda é tempo para a medicação fazer o efeito. Do ponto de vista químico o medicamento é ácido, básico ou neutro; um fármaco ácido é melhor absorvido em meio ácido e um fármaco básico é melhor absorvido em meio básico. Um fármaco pode exercer sua ação farmacológica no próprio local em que foi aplicado ou ser absorvidos e distribuído pelo organismo, para ter acesso ao sítio de ação. Fatores para escolha de uma via de administração: EFEITO LOCAL: Atua especificamente naquele local. SISTÊMICO ou GERAL: Atua em todo o organismo (corrente sanguínea). PRINCIPAIS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Via ENTERAL: Considerada NÃO invasivas • Oral • Sublingual PRINCIPAIS • Retal Alguns autores dizem que é enteral outros que é parenteral: • Tópica • Intraocular • Intravaginal • Intrauterina • Uretral • Peniana Via PARENTERAL: Consideradas Invasivas, precisa de uma injeção e aplicar. • Intravenosa • Intramuscular PRINCIPAIS • Subcutânea • Intra-articular • Intradérmica • Intraóssea • Intracardíaca • Intra-arterial • Peridural Via Oral É a forma/via de administração mais utilizada de todas por ser a via mais CONVENIENTE; A absorção por essa via é BAIXA, devido ao longo trajeto que o medicamento precisa percorrer até ser absorvido (boca, esôfago, estômago, intestino delgado). O principal efeito para a má absorção dos fármacos por via oral, é chamado de metabolismo de primeira passagem, fenômeno na qual a concentração do fármaco é significativamente reduzida. Via Sublingual O fármaco é colocado embaixo da língua, e a absorção do fármaco é realizada, não pode deglutir. A mucosa da língua é uma região muito vascularizada, com alto fluxo sanguíneo com isso é um tecido tem a absorção muito alta. Essa via não sofre com o mecanismo de primeira passagem, pois não tem circulação mesentérica. Via retal É a via menos utilizada pela não conveniência, apesar de ser uma boa via de administração por ser uma região de alta absorção. O glúteo é um musculo com alto volume tecidual, alto volume sanguíneo e alta capacidade de absorção. Alternativa para crianças, idosos, pacientes inconscientes e que não conseguem deglutir. Via intravenosa É via de maior absorção do fármaco, 100%. Pode ser em Bolus: quando o medicamento é aplicado de uma só vez; ou Infusão contínua: coloca o soro, o escalpe, e deixa o medicamento no sistema de gotejamento. Normalmente os locais mais utilizados são a veia basílica ou cefálica do antebraço. Via intramuscular Administrado no musculo esquelético em região de glúteas, deltoide, braço, antebraço, coxa, abdômen. Na via intramuscular o volume do fármaco pode ser maior que 1 ml; Absorção normalmente mais rápida do que a oral, depende da difusão através do tecido e do fluxo sanguíneo na região. Via subcutânea A subcutânea é acima do músculo, acima do tecido adiposo, abaixo da pele. Na via subcutânea o volume do fármaco varia de 0,1 ml á 1 ml; Formas farmacêuticas Forma física final de apresentação da fórmula farmacêutica, com a finalidade de facilitar sua administração e obter o maior efeito terapêutico possível e o mínimo de efeitos indesejáveis. Podem ser classificadas em sólidas, líquidas, semissólidas e gasosas. Tipos de fórmulas farmacêuticas OFICINAL: Compostos já consagradas, produzidas a partir do Formulário Nacional ou Internacionais reconhecidos pela ANVISA que não necessitam de receita para que a farmácia possa produzi-las. Ex: água oxigenada, solução de álcool iodado. MAGISTRAL: Compostos manipuladas a partir de uma prescrição, ou seja, de uma receita fornecida ao cliente por um profissional habilitado. Ex: solução de fluoreto de sódio, solução de digluconato de clorexidina. ESPECIALIDADE FARMACÊUTICA: Composto oriundo da indústria farmacêutica com registro na ANVISA e disponível no mercado. São produzidos pelos laboratórios farmacêuticos. Constituintes de uma fórmula farmacêutica Podem ter os seguintes constituintes: Fármaco ou princípio ativo – responsável pela ação farmacológica. A fórmula pode conter um ou mais fármacos, dando origem às associações. Não havendo princípio ativo na fórmula, esta é chamada de placebo. Coadjuvante terapêutico – auxilia ou potencializa a ação do fármaco na fórmula. Exemplo: epinefrina , um vasoconstritor incorporado às soluções anestésicas de uso odontológico para aumentar o tempo de duração da anestesia. Coadjuvante farmacotécnico – facilita a dissolução ou dispersão do fármaco na fórmula. Estabilizante/conservante – evita alterações de ordem física, química ou biológica e aumenta a estabilidade da fórmula. Corretivo – corrige as propriedades organolépticas (cor, odor, sabor) da fórmula, para torná-la mais aceitável ao receptor. Veículo (líquido) e excipiente (sólido) – dissolvem ou dispersam todos os componentes da fórmula farmacêutica de forma a produzir formas farmacêuticas líquidas e sólidas. Sólidas Comprimido É a forma sólida de um pó medicamentoso, preparado por compressão. Apresenta tamanho e formato variado, geralmente cilíndricos. TIPOS Revestidos: por uma ou mais camadas de resina, ceras, substância plastificantes. Efervescentes: são desintegrados em água antes da administração. Mastigáveis: contém adoçantes que proporcionam sabor agradável. VANTAGENS Permitem precisão de dosagem e são de fácil administração. Podem ser fracionadas (risca no meio) e sua validade é estendida. Drágeas As drágeas são comprimidos revestidos com camadas isolantes com o objetivo de mascarar o sabor e odor desagradável ou minimizar os efeitos agressivos a mucosa gástrica. As drágeas têm aspecto liso, brilhante e não podem ser fracionados. VANTAGENS Fácil deglutição, odor e sabor mascarados. Resistentes ao suco gástrico. Cápsulas Receptáculos de forma e dimensão variada, podendo ser mole ou dura. Geralmente o invólucro é feito de gelatina (cápsula dura) ou de gelatina adicionada de emolientes como glicerina e sorbitol (cápsula mole), contendo no seu interior substâncias medicinais sólidas, líquidas ou mesmo pastosas. VANTAGENS Máscara o sabor desagradável. Resistente ao suco gástrico. Liberação rápida do fármaco. Pomadas Preparados farmacêuticos formado pela mistura de uma substância gordurosa ou sintética, sendo empregadas na odontologia, principalmente, no tratamento de úlceras aftosas recorrentes e no tratamento de candidose. https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicamento Líquidas Emulsão Sistêmica químico heterogêneo constituído por dois líquidos imiscíveis. Suspensão Formas farmacêuticas líquidas, viscosas, de duas fases constituindo-se em uma dispersão grosseira, em que a fase externa é um líquido e a fase interna um sólido. Antes da administração, o frasco com a suspensão deve ser bem agitado para que as partículas se misturem com o líquido Aerossóis Os aerossóis atuam diretamente sobre a via aérea. São empregados por meio de aparelhoschamados nebulizadores, vaporizadores. Soluções Misturas de duas ou mais substâncias homogêneas. VIA ORAL Gotas, Xaropes e Elixires. INJETÁVEIS Soluções ou suspensões esterilizadas, acondicionados em ampolas Farmacocinética A farmacocinética estuda o movimento dos fármacos pelo organismo. Temos quatro parâmetros: absorção, distribuição, biotransformação e eliminação. Absorção O principal objetivo da absorção é transferir o fármaco da via de administração até a corrente sanguínea. Não se tem absorção quando se trata de efeito local. O efeito do fármaco no organismo é na maioria das vezes proporcional ao seu grau de absorção. Fatores que interferem na absorção (todos os fatores juntos podem favorecer ou desfavorecer a absorção): o Membrana Plasmática; o Polaridade; o Carga elétrica; o Peso molecular; o pH e pKa.. A biodisponibilidade refere-se à quantidade e velocidade que a porção ativa de um fármaco é absorvido tornando-se disponível no local de ação. Quanto maior a disponibilidade, mais rápida será a sua resposta. Quando um fármaco é administrado pela via parenteral, a biodisponibilidade é maior e mais previsível. Essa via é a mais empregada em situações de emergência devido a conveniência. A água é o líquido mais indicado para acompanhar a ingestão de qualquer tipo de remédio. Isso porque o leite, o chá ou suco contêm substâncias que sofrem reações químicas formando compostos que o organismo não consegue absorver. Parâmetros para avaliar a biodisponibilidade de um fármaco: MEIA VIDA A meia-vida de eliminação é definida como o tempo durante o qual a concentração do fármaco no plasma reduza pela metade, após sua administração. A cada intervalo de tempo a concentração decresce 50% do valor inicial. Conhecer a meia-vida de eliminação permite calcular a frequência de doses necessária para manter a sua concentração plasmática dentro da faixa terapêutica. CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA MÁXIMA (Cmáx): É quando o fármaco atinge sua maior concentração no sangue após sua administração TEMPO PARA ALCANÇAR A CONCENTRAÇÃO MÁXIMA NO PLASMA (Tmáx): É alcançado quando a velocidade de entrada do fármaco na circulação é excedida pelas velocidades de eliminação e distribuição. Distribuição O principal objetivo da distribuição é transferir o fármaco da corrente sanguínea para todos os tecidos onde irão exercer suas ações farmacológicas. O fármaco na corrente sanguínea encontra- se sobre duas formas: Forma livre – POSSUI ATIVIDADE; Forma ligada – NÃO POSSUI ATIVIDADE; Ao entrar na corrente sanguínea uma parte do fármaco liga-se as proteínas plasmática, geralmente a albumina e as alfa-globulina e a outra parte se encontra na forma livre. Apenas a forma livre terá ação farmacológica, pois, a forma ligada tem dificuldade de atravessar o endotélio, já que o fármaco passa a ter um alto peso molecular (fármaco + proteína), porque um recebe o peso do outro. O fármaco livre fica com um baixo peso molecular e atravessa facilmente o endotélio. Biotransformação O principal objetivo da biotransformação é converter o fármaco da forma apolar (lipofílico) para polar (hidrofílico). Após a absorção e distribuição, os fármacos são biotransformados em um composto diferente para que possa ser eliminado (metabolização). O fígado é o principal órgão de ocorrência desse processo. Também ocorre na mucosa intestinal, nos pulmões, na pele, placenta, e plasma sanguíneo, porém em uma menor proporção. METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM Alguns fármacos são eliminados com muita eficácia pelo fígado ou parede intestinal, assim a quantidade que chega à circulação sistêmica pode ser consideravelmente menor do que a absorvida. Eliminação O principal objetivo da excreção é eliminar o fármaco do corpo. Após a absorção, distribuição e biotransformação, os fármacos são eliminados para o meio externo através dos rins. Excreção renal ocorrem 4 processos: • Filtração Glomerular; • Secreção Tubular Ativa; • Difusão Passiva; • Reabsorção Tubular. Existem também outras vias que o fármaco pode ser excretado como pulmões, bile, fezes, suor, lágrimas, saliva e leite materno. Anticoncepcionais a base de estrogênio são excretados pela bile. O que justifica a interação medicamentosa com alguns antibióticos. Farmacodinâmica É o ramo da ciência que estuda os mecanismos de ação dos fármacos e seus efeitos no organismo. Ação e efeitos: A ação é o local onde o fármaco age. O efeito é o resultado dessa ação. Interação com receptores e outros sítios do organismo: A ação de um fármaco ocorre quando ele interage com os sítios orgânicos de resposta, que se constituem em estruturas celulares especializados (receptores) e sítios reativos em enzimas que dependem de ligação com o fármaco. Relação dose-efeito: A resposta do efeito farmacológico produzido será diretamente proporcional à sua concentração sistêmica no sitio de ação , em um determinado período, ou seja, a intensidade do efeito de um fármaco aumenta a medida que aumenta a dose administrada. Dose eficaz mediana e dose letal mediana: A dose eficaz é aquela que produz o máximo efeito benéfico, já a dose letal é a indicação de letalidade de uma substância, ou seja, pode levar a morte. Fatores dependentes do próprio fármaco EFITOS COLATERAIS: É quando ocorre um efeito diferente daquele efeito principal responsável pela ação e uso terapêutico do fármaco, assim, um efeito colateral pode ser benéfico ou indiferente e não necessariamente adverso. EFEITO TERATOGÊNICO: Efeito capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais (Ex: restrição de crescimento), ou ainda distúrbios neurocomportamentais, como retardo mental. EFEITOS SEGUNDÁRIOS: São consequências segundárias ao efeito buscado no medicamento, não ocorre simultaneamente com o efeito primário. SUPERDOSAGEM A administração de uma dose excessiva de algum fármaco que pode levar a morte. Fatores dependentes principalmente do organismo: HIPERSENSIBILIDADE: Hipersensibilidade se refere às reações excessivas, indesejáveis (danosas, desconfortáveis e às vezes fatais) produzidas pelo sistema imune normal IDIOSSINCRASIA: é uma hipersensibilidade constitucional congênita que certos indivíduos apresentam quando expostos a determinadas substâncias. Fatores dependentes do medicamento e do organismo: TOLERANCIA OU RESISNTENCIA: É causada pela interação na ação da droga, que pode ocorrer após o uso prolongado de certos fármacos, especialmente os que atuam no sistema nervoso central. DEPENDÊNCIA: Surge quando há aumento da capacidade de metabolizar a droga. Após o uso contínuo o indivíduo passa a necessitar do fármaco para se manter em equilíbrio. EFEITO PARADOXAL: efeitos de uma terapia que sejam contrários aos indicados ou desejados. Prescrição A prescrição médica é definida como a prescrição de medicamento, escrito em língua portuguesa, contendo orientação de uso a um paciente, efetuada por um profissional legalmente habilitado. Prescrito por médicos, cirurgiões dentistas, médicos veterinários, e enfermeiros, somente a estes profissionais, como disposto em lei. Tipos de receituário RECEITUÁRIO TIPOA – amarelo Destinado a prescrição de medicamentos entorpecentes, em geral de uso hospitalar (ex: opioides). O talonário deve conter 20 folhas em cada bloco e será fornecido gratuitamente pela Secretaria de Vigilância Sanitária aos profissionais e instituições devidamente cadastrados. RECEITUÁRIO TIPO B – azul Destinado a prescrição de medicamentos controlados, (ex: benzodiazepínicos). Impressa pelo profissional conforme modelo anexo na portaria SVS n° 344/1998. RECEITUÁRIO DE CONTROLE ESPECIAL Destinado a prescrição de medicamentos que precisam de prescrição médica (ex: codeína), deve ser emitido em 2 vias, uma que fica retida na farmácia e outra para o paciente. RECEITUÁRIO COMUM - branco Medicamentos não controlados. Partes da prescrição: CABEÇALHO: Nome, endereço (dados do paciente). SUPERINSCRIÇÃO; uso tópico, interno ou externo. INSCRIÇÃO: nome do fármaco, posologia, forma farmacêutica. SUBINSCRIÇÃO: Quantidade de medicamento que deve ser prescrita. ADISCRIÇÃO: orientações sobre o uso. DATA, ASSINATURA E CARIMBO. Prevenção e Controle de Dor Toda intervenção cirúrgica odontológica provoca destruição tecidual, gerando respostas inflamatórias agudas. Essas reações se caracterizam pela presença de dor, que pode ser acompanhada por edema e limitação da função mastigatória. Mecanismos da dor inflamatória NOCICEPTORES É um receptor sensorial que envia sinal que causando a percepção da dor. (desencadeiam o reflexo da dor, quando estimulados). Os receptores podem ser polimodais, de baixo - limiar e alto limiar. Entretanto, os nociceptores podem se tornar sensíveis ao receber um estímulo que normalmente não provoca dor, esta condição é chamada de alodínia. Os nociceptores podem também tornar-se ainda mais sensíveis aos estímulos nociceptivos, essa condição recebe o nome de hiperalgesia. SINAIS CLINICOS DA INFLAMAÇÃO: Calor, rubor, inchaço, dor e perda de função. Produtos do metabolismo do ácido araquidônico Ácido araquidônico é um ácido graxo que tem origem do ácido linoleico, proveniente da dieta, que após sua ingestão é esterificado como componente dos fosfolipídios, das membranas celulares e outros complexos lipídicos. Quando ocorre uma lesão tecidual, o organismo desencadeia uma resposta inflamatória, que é dado pela ativação da enzima fofolipase A2 Devido a sua instabilidade o ácido araquidônico sobre a ação de dois outros sistemas enzimáticos, a cicloxigenase e da 5- lipoxigenase. COX – VIA CICLOXIGENASE, o ácido araquidônico irá gerar substâncias que produzem diferentes efeitos, em função do tipo celular envolvido. Existem 2 tipos de cicloxigenase: (COX-1 e COX-2) COX - 1 Está associada a produção de prostaglandinas (geradas de forma lenta) que resulta em diversos efeitos fisiológicos, como proteção gástrica, agregação plaquetária, hemóstase vascular e manutenção do fluxo sanguíneo. COX- 2 Está presente nos locais da inflamação sendo, por isso é chamada de cicloxigenase pró inflamatória. As células injuriadas do local inflamado irão produzir prostaglandina. As células epiteliais que revestem as paredes dos capilares sanguíneos prostaciclina. As plaquetas tromboxanas. As prostaglandinas irão promover aumento da permeabilidade vascular, gerando edema. A lesão tecidual funciona como um sinalizador para que as células os macrófagos e neutrófilos produzam mais prostaglandinas no local inflamado, estimulando a liberação de outras substâncias (interleucina -1 e fator ativador de plaquetas LOX – VIA 5-LIPOXIGENASE Está via de metabolização do ácido araquidônico, são gerados autacoides que são os leucotrienos (LT), como produtos finais. Dentre eles o leucotrieno B4 (LTB4) – envolvidos no processo de hiperalgesia. LTB4 atrai os neutrófilos e outras células de defesa para o sítio inflamado, as quais se encarregam de fagocitar e neutralizar corpos estanhos ao organismo. Participação dos neutrófilos no processo de hiperalgesia Os neutrófilos são células do sistema imune inato e são as principais células efetoras da resposta inflamatória aguda. Imediatamente após a lesão tecidual, ocorre a migração e acúmulo dessas células no local do dano. Fármacos que inibem a síntese da cicloxigenase (COX) O grupo de fármacos responsável pela inibição da COX são os anti-inflamatórios não esteróidais (AINE’s). Devido ao ácido acetilico salicílico (AAS) presente, que tem atividade analgésica antitérmica, o AAS inibe a agregação plaquetária, sendo muito usado na prevenção ou reincidência de fenômenos tromboembólicos, em portadores de doenças do sistema cardiovascular. O AINE’s ideal seria aquele que apresentasse 100% de atividade inibidora da COX-2 e nenhuma da COX-1 COXIBES Foram desenvolvidos com a vantagem de inativar especificamente a COX-2, e reuniam as qualidades ideais de um AINE’s: alta eficácia. Em contrapartida a COX- 2 apresenta papel importante na regulação renal, homeostasia da pressão arterial e controle da agregação plaquetária. Por inibirem a síntese de prostaciclina, os coxibes reduzem uma das defesas preliminares do endotélio vascular contra a hipertensão. Assim, o uso crônico dos coxibes pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, hipertensão arterial e falência cardíaca. AÇÃO FARMACOLÓGICA NOME GENÉRICO Inibidores não seletivos para a COX-2 Ibuprofeno Cetoprofeno Diclofenaco Cetorolaco Piroxicam Tenoxicam Inibidores seletivos para a COX-2 Etoricoxibe Celecoxibe Meloxicam Nimesulida Quando e como empregar os AINE’s Os AINE’s são indicados para o controle da dor aguda de intensidade moderada a severa, no período pós-operatório. A forma mais eficaz de analgesia é introduzido o AINE’s imediatamente após a lesão tecidual, antes do início da sensação dolorosa. Ou seja, a 1ª dose é administrada ainda sob os efeitos da anestesia local. NOME GENÉRICO DOSE INTERVALO Cetorolaco 10mg 8h Diclofenaco 50 mg 8-12h Ibuprofeno 400/600 8-12h Nimesulida 100mg 12h Cetoprofeno 150mg 24h Piroxicam 20mg 24h Tenoxicam 20mg 24h Meloxicam 15mg 24h Celecoxibe 200mg 12-24h Etoricoxibe 60-90 24h O ibuprofeno é o único AINE’s aprovado para o uso em crianças, devido a sua segurança. Duração do tratamento A inflamação é importante para o nosso corpo devido ao seu papel essencialmente defensivo, anti-inflamatório é importante para modular a inflamação, e deve ser prescrito por um período de até 72 horas (Máximo). PARACETAMOL O paracetamol apesar de apresentar baixa atividade anti-inflamatória, também é um inibidor fraco inibidor da COX-1 e COX-2, por esse motivo é empregado apenas como ANALGÉSICO. Corticosteroides Os corticosteroides são fármacos que inibem a enzima fosfolipase A2., que reduz a disponibilidade de ácido araquidônico liberado das membranas das células que participam da resposta inflamatória. Assim, o corticosteroides conseguem sua ação de maneira indireta. Eles induzem a síntese de lipocortinas, um grupo de proteínas responsáveis pela inibição da fosfolipase. Deve ser levado em consideração que o controle da migração de neutrófilos, mesmo que indiretamente, resulta na menor produção de mediadores, minimizando a dor inflamatória. INDICAÇÂO são indicados para prevenir a hiperalgesia e controlar o edema inflamatório. A dexametasona ou a betametasona são os fármacos mais empregados devido a potência anti-inflamatória e duração de ação. Corticoides como a dexametasona podem ser empregados para controle da dor e do edema 1 hora antes do procedimento. CORTICOIDE DOSE EQUIVALENTE Dexametasona 750mm Prednisona 5mg Betametasona 750mm Hidrocortisona 20mg Fármacos que deprimema atividade dos nociceptores Quando a dor já está instalada, o emprego de fármacos que deprimem a atividade dos nociceptores será mais efetiva. Isso é conseguido por meio do bloqueio da entrada de cálcio e da diminuição dos níveis de AMPc nos nociceptores, diminuindo o estado de hiperplasia. ANALGÉSICOS A dor decorrente de procedimentos odontológicos, geralmente perdura por um período de 24h, com um pico de intensidade entre 6-8h pós-cirúrgicas. Os mais empregados são: Ibuprofeno, dipirona e paracetamol. NOME GENERICO DOSE INTERVALO Dipirona 500mg-1g 4h Paracetamol 500-750mg 6h Ibuprofeno 200-400mg 6h Paracetamol associado a codeína 500mg de paracetamol + 30g de codeína 6h Tramadol 50mg 8h Anti-inflamatórios não esteroides Os AINE’s tem como alvo as enzimas responsáveis pela síntese de prostaglandinas, as COXs. São utilizados geralmente por via oral e sua absorção depende a dissolução, do Ph e do conteúdo gástrico. Limita-se em usos curtos de 3-5 dias. Mecanismo de ação O efeito anti-inflamatório se dá pela redução da vasodilatação, sem redução da migração de células inflamatórias. A ação analgésica é resultante da menor sensibilização de terminações nervosas à prostaglandina e mediadores álgicos como a bradicinina. Ibuprofeno Derivado do ácido propiônico, age contra inflamações leves e moderadas, sendo comumente indicado contra febre e dores diversas. Sua ação inicial varia de 1 a 2 horas do início da ação. Pode ser empregado na analgesia pós cirúrgica e é segura para gestantes, já que a excreção no leite é mínima. Cetoprofeno Derivado do ácido propiônico, inibidor não seletivo das COXs 1 e 2. É um fármaco analgésico, anti-inflamatório e antitérmico. Destinado ao tratamento de inflamações e dores recorrentes de média e baixa intensidade. Diclofenaco É inibidor não seletivo das COXs 1 e 2. Altera a captação do AA pelos leucócitos, causando redução da concentração de AA livre no interior dessas células. É usado para o tratamento de curto prazo no alivio de dores de entorses, lesões pós operatória. Celecoxibe Inibidor seletivo da COX-2, que é um inibidor plaquetário, reduz a síntese de prostaglandinas, podendo causar edema e aumento da pressão arterial É muito utilizado por pessoas com artrite reumatoide. Nimesulida A Nimesulida é um anti-inflamatório com ação analgésica e antitérmica. O efeito analgésico é mediado pela inibição da geração de citocinas. Inibi a infiltração de polimorfonucleares e a formação de edema em um local inflamado. Ela serve para controlar dores leves a moderadas, combater inflamação e baixar a febre. MEDICAMENTO DOSE INTERVALO Ácido acetilsalicílico 352- 650mg 4/6H Diclofenaco 50mg 8h Ibuprofeno 200/400mg 6/8h Cetoprofeno 150mg 24h Piroxicam 20g 24h Meloxicam 15mg 24h Antibióticos Antibióticos são fármacos que vão destruir as bactérias, que são seres procariotos, considerados os seres vivos mais simples, em contrapartida, quanto mais simples é o ser vivo, mais difícil vai ser para matá-lo. A principal conduta no tratamento da infecções bacterianas (origem odontogênica) já estabelecidas é a remoção da causa. Assim, os antibióticos devem ser considerados auxiliares na terapêutica das infecções. Classificação das bactérias Gram-Positivos - mais espessa, mais peptideoglicano/proteoglicanos Gram-Negativos - menos espessa, menos peptideoglicano/proteoglicanos Formação da parede celular 50% de peptideoglicano (carboidrato) 40 – 45% de polímeros ácidos 5 – 10 % de proteínas e polissacarídeos Antissépticos O uso de barreiras no consultório odontológico visa minimizar os riscos e danos de infecções (esterilização, desinfecção e antissepsia). Antissepsia – Emprego de substâncias que visa inibir e reduzir o crescimento de microrganismos na pele e na mucosa, é um procedimento simples e prático. Os microrganismos da cavidade bucal formam o (biofilme) aderido à superfície dos dentes. Iodopovidona 10% (PVPI): É um complexo químico formado pela reação da polovinil-pirrolidona com iodo, que libera o iodo progressivamente quando solúvel em água. Empregada na antissepsia e degermação das mãos e dos braços, no preparo cirúrgico para antissepsia extrabucal. Clorexidina É um antisséptico com ação bactericida e bacteriostático. Na odontologia o digluconato de clorexidina é o mais empregado. A ação bactericida se dá devido a desagregação da membrana plasmática da bactéria, provocando perda do conteúdo celular, atuando em bactérias gram positiva e negativa. Empregada na aplicação local (2%) ou para bochechos diários (0,12%), antissepsia intrabucal, extrabucal, instrumentação e desinfecção de canais radiculares (gel 2%). Antibióticos São substâncias químicas, obtidas de microrganismos vivos ou de processos semissintéticos que tem como propriedade inibir o crescimento de microrganismos ou destruí-los. Os antibióticos podem ser classificados de acordo: Ação biológica, espectro e mecanismo de ação Ação biológica BACTERICIDA – destroem a bactéria por meio de diversos mecanismos, destruição da parede celular, inibição da síntese proteica, inibição na síntese do ácido fólico, eliminando a bactéria. BACTERIOSTÁTICO – impede a multiplicação das bactérias, mas não as matam. Esses agentes são, em sua maioria, inibidores de síntese proteica e atuam por ligação reversível aos ribossomos. Espectro de ação Ação principal contra bactérias gram positivas: penicilina G, penicilina V, eritromicina, claritromicina, azitromicina, clindamicina, vancomicina Ação principal contra bactérias gram negativas: quinolonas (ciprofloxacina, levofoxacina) e aminoglicosídeos (gentamicina). Ação similar contra bactérias gram-positivas e gram-negativas: ampicilina amoxicilina, cefalosporina, tetraciclinas. Ação sobre fungos: nistatina, anfotericina B, cetoconazol, itraconazol. Mecanismo de ação O antibiótico ideal seria aquele com máxima toxicidade seletiva, que atinge só o organismo invasor. Porém o antibiótico ideal não existe. Os antibióticos são divididos em 3 grupos Inibidores da parede celular (β lactâmicos) A parede celular tem como função proteger, sustentar e dar forma as células. Reforçando a membrana citoplasmática bacteriana. A parede celular é uma estrutura exclusiva das bactérias. Assim, a toxicidade seletiva dos antibióticos que inibem a síntese da parede celular é alta. A penicilina e as cefalosporina atuam quando as bactérias estão em divisão celular, bloqueando uma nova síntese de uma nova parede que iria se formar, pois esses medicamentos não destroem a parede celular já existente. Sem parede celular a célula não sobrevive Inibidores da síntese proteica Essa ação pode se dar devido a interferência na tradução da informação genética ou devido a formação de proteínas defeituosas. Tetraciclina, lincosaminas, macrolídeos, azalídeos. As tetraciclinas - inibem a síntese protéica ao impedir a ligação do t-RNA. As lincosaminas ( clidamicinas e licomicina), macrolídeos (eritromicina, espiramicina, claritromicina e roxitromicina), azalídeos (azitromicina) inibem a síntese protéica fixando-se á subunidade 50S, impedindo a ligação do t-RNA ao ribossomo. Inibidores da síntese dos ácidos nucleicos Ao penetrar nas células bacterianas há maior acúmulo intracelular dessa substância e de seus derivados tóxicos ocorre a formação de radicais tóxicos que interrompem a síntese do DNA da célula bacteriana. (Ex: metronidazol) Antibiótico Tipo de atividade Eritromicina Bacteriostática Azitromicina Bacteriostática ClaritromicinaBacteriostática Clindamicina Bacteriostática Tetraciclinas Penicilinas e Bacteriostáticas cefalosporinas Bactericidas Metronidazol Bactericida Betalactâmicos Assim denominados possuírem um anel betalactâmico em sua estrutura química. Constituem uma ampla classe de antibiótico. Penicilinas São compostos de origem naturais ou sintética. Efeitos adversos - Alguns pacientes interpretam como alergias, mas são efeitos possíveis do uso como tontura, dor abdominal, náusea, vômito e diarreia são os mais comuns. PENICILINAS NATURAIS: Produzidas por fungos, denominadas benzilpenicilina ou penicilinas G, apresentando 3 tipos : Penicilina G potássica cristalina Penicilina G procaína Penicilina G benzatin São mal absorvidas pela via oral. As vias parenterais (intramuscular ou intravenosa) permitem completa absorção. PENICILINAS SEMISSINTÉTICAS: Obtidas acrescentando-se precursores específicos ao meio nutritivo onde crescem os fungos produtores das penicilinas naturais. Fenoximetilpenicilina potássica (penicilina V): Espectro reduzido, atua contra estreptococos gram-negativos que dão início aos processos infecciosos bucais. Ampicilina e amoxicilina: Semissintéticas, seus espectros é estendido aos cocos e bacilos gram-negativos. A diferença entre ampicilina e amoxicilina é que a amoxicilina é melhor absorvida por via oral e não sofrem modificações. Algumas espécies bacterianas são produtoras da betalactamases, que são enzimas com a propriedade de destruir o anel betalactâmico de algumas penicilinas e cefalosporinas, ativando. As penicilinas G e V, ampicilina e a amoxicilina não são eficazes no tratamento de infecções bucais causadas por bactérias que produzem betalactamases. Assim, as penicilinas são associadas a substâncias que inativam a ação enzimática das betalactamases. A combinação mais utilizada na odontologia é a associação de amoxicilina com clavulanato de potássio. Cefalosporinas São bactericida com espectro de ação um pouco mais aumentado em relação às penicilinas. São menos sensíveis à ação das betalactamases. 1ª geração: cefadroxil, cefalexina, cefalotina, cefazolina 2ª geração: cefaclor, cefuroxima, cefoxitina 3ª geração: ceftriaxona, ceftazidima 4ª geração: cefepima, cefpiroma Macrolídeos Atua na inibição da síntese proteica e possuem espectro de ação similar ao das penicilinas. No grupo dos macrolídeos temos a eritromicina, que apresentam boa absorção via oral e são secretados através da bile e urina.+ A azitromicina pertencem a outro grupo os azalídeos considerados parentes próximos dos macrolídeos Clindamicina Da família das lincosaminas, a clindamicina é muito bem absorvida por via oral e atravessa facilmente as barreiras teciduais. Tem espectro de ação semelhante ao das penicilinas e atinge os Staphylococcus aureus, bacilos anaeróbios e gram-negativos. Apresentando boa propriedade sendo capaz de penetrar no interior dos macrófagos e leucócitos, por isso é eficaz no tratamento de abscessos. Sua excreção é nos rins e bile. Tetraciclinas Fármaco com excelente absorção por via oral, com amplo espectro , e ação bacteriostática, a tetraciclina se depositam sob a forma de ortofosfato complexo nos ossos e dentes, durante o desenvolvimento, provocando como resultado manchas marrons e hipoplasia de esmalte. Assim, essa categoria de antibiótico não deve ser administrada durante a gravidez e devem ser evitadas na primeira infância, onde o desenvolvimento ósseo e dental ainda não estão completos. Metronidazol É um composto sintético derivado do nitroimidazol, é bactericida e seu espectro de ação atinge praticamente todos os bacilos anaeróbios gram-negativos. Quinolonas e carbapenêmicos Derivados dos ácidos nalidixixo, quase não são empregadas na odontologia. Os mais usados das quinolonas são ciprofloxacina e levofloxacina. ANTIBIÓTICO DOSE INTERVALO Penicilina V 500mg 6h Ampicilina 500mg 6h Amoxicilina 500 - 875 mg 8-12h Metronidazol 250-400mg 8-12h Amoxicilina + Clavulanato 500mg + 125mg 8h Cefalexina 500mg 6h Eritromicina 500mg 6h Claritromicina 500mg 12h Azitromicina 500mg 24h Clindamicina 300mg 8h Farmacologia na odontologia Endodontia Para controle da cadeia asséptica e prevenção de infecções na endodontia é utilizada uma serie de medicamentos de uso tópico e intracanal, visando impedir a instalação de patógenos. Lazare Riviere foi o primeiro a experimentar o uso de uma substância no canal radicular e originou-se da necessidade de uma terapia que pudesse aliviar a dor e manter a polpa vital. Para desinfecção e limpeza do sistema de canais podemos lançar mão de medicamentos lubrificantes e com ação bactericida que vão promover a limpeza da cavidade pulpar e dissolução de material orgânico e inorgânico. Hipoclorito de sódio NaOCl - é obtido pela reação entre o hidróxido de sódio e o cloro à frio; O hipoclorito de sódio tem capacidade de dissolver matéria orgânica e poucas soluções irrigadoras têm essa capacidade. É uma das soluções mais empregadas na irrigação de canais, por possuir boas propriedades; Uso do hipoclorito de sódio (CUIDADO) Não é biocompativel - em altas concentrações causa irritação dos tecidos; TIPOS Líquido de Dakin (0,5%) Líquido de Dausfrene (0,5%) Solução de Milton (1%) Solução de Labarraque (2,5%) Soda Clorada (2,5%) E.D.T.A O EDTA é um quelante que serve como amolecedor de dentina. Ele “rouba” íons de cálcio, desmineralizando a dentina e a deixa menos resistente, o que facilita na abertura do canal. É um material biocompativel e tem ação antisséptica. Clorexidina 2% A clorexidina é um agente antibacteriano de amplo espectro, ele não é capaz de dissolver biofilme, mas tem capacidade de matar bactérias (gram negativas e positivas); Por ter substantividade ela tem uma ação prolonga mesmo depois do seu uso, até 72h depois do seu uso; Não é totalmente biocompativel, mas é mais que o hipoclorito de sódio; Desvantagens Não dissolve matéria orgânica; Não tem ação detergente; Não remove a smear layer. Paramonoclorofenol canforado Usado como curativo de demora em casos de necrose pulpar quando a instrumentação não for terminada em apenas uma sessão. Geralmente é utilizado associado à pasta de hidróxido de cálcio; Citotóxico potente; Pouco efetivo sobre anaeróbios estritos; Não age na presença de matéria orgânica; Tem atividade antimicrobiana. Formocresol Utilizando quando não se instrumentou ainda o canal radicular (emergências); Efetivo sobre bactérias anaeróbicas (bola de algodão - age por volatização). Deve-se tomar cuidado pois é toxico. Hidróxido de cálcio Hidróxido de cálcio P.A. (Pró-Análise); Apresentado como um Pó Branco; Base forte, pH alcalino (12,6); O pH alcalino é um meio letal para as bactérias. Tem atividade antimicrobiana; Medicação intracanal mundialmente mais empregada, foi introduzida por Herman em 1920. Vantagens: Absorve secreções purulentas; Biocompativel; Bactericida; Ótimo custo-benefício. Cirurgia Vantagens dos fármacos pré-operatório; • Promove o controle da ansiedade; • Bloqueio da dor; • Promoção da analgesia preemptiva.; • Evita infecção da ferida cirúrgica. Ansiolíticos O controle da ansiedade é fundamental para a segurança do paciente conforto do profissional. Podemos lançar de medicamentos ansiolíticos. BENZODIASEPINÍCOS Precisam da liberação do ácido gamaaminobiotico (GABA) para exercer ação ansiolítica a liberação deste mediador químico controla as reações somáticas e psíquicas aos estímulos geradores de estresse, fazendo diminuir a ansiedade, tornando o paciente mais cooperativo. Apresentam efeitos:sedativos e anticonvulsivante. O uso de benzodiazepínicos é contraindicado: gestante, idoso, crianças, dependentes químicos, etilistas crônicos e pacientes com distúrbios psiquiátricos. INDICAÇÂO • Ansiedade; • História de fobia dentaria; • Presença de condições médicas agravadas pelo estresse Analgesia preemptiva Tratamento para prevenção da dor realizado antes de um procedimento invasivo, cujo principal objetivo é minimizar a dor pós- operatória. Administração de analgésicos antes do surgimento da PREVENTIVA sensação dolorosa Administração de analgésico previamente ao PREEMPITIVA procedimento. Anti-inflamatórios Esteroidais Fármacos que atuam no metabolismo do fosfolipídio A2 limitando a resposta inflamatória frente a um estímulo lesivo. São definidos como hormônios sintéticos que mimetizam as ações do cortisol endógeno secretado pela glândula adrenal. Procedimentos cirúrgicos invasivos de média e alta complexidade deve ser administrado para controle da dor e edema (odontosecção). Dente incluso Dexametasona 8mg + nimesulida 100mg (1h antes) Tração do canino Dexametasona 0,2mg/kg + nimesulida 100mg Levantamento seio maxilar Dexametasona 8mg + etoricoxibe 90mg (1h antes) Implantes Dexametasona 4mg + diclofenaco 90mg (1h antes) Profilaxia Antibiótica Busca prevenir infecções pós cirúrgicas e também infecções metastáticas (ex: endocardite bacteriana) Alguns procedimentos podem causar bacteremia transitória, podendo causar endocardite. Essa infecção geralmente é causada pelos Streptococcus viridans, encontrado em grande quantidade na cavidade oral. Condições de alto risco em que a profilaxia é recomendada Valvas cardíacas protéticas (qualquer tipo); Endocardite bacteriana previa; Condutos pulmonares construídos cirurgicamente; Doenças cardíacas congênitas cianótica complexa. Antibiótico Via Adultos Crianças Amoxicilina VO 2g 50mg/kg Ampicilina IM 2g 50mg/kg Cefalexina VO 2g 50mg/kg Clindamicina VO 500mg 20mg/kg Azitromicina VO 500mg 12mg/kg Claritromicina VO 500mg 12mg/kg Devem ser administrados entre 60 e 30 min previamente a intervenção. Transoperatório Proporciona segurança aos pacientes durante e após os procedimento. Os fármacos utilizados são os anestésicos locais, sedativos. Hemostasia Empregadas quando os processos fisiológicos de hemostasia se encontra defeituoso, como hemofilia. MEDICAMENTO DOSE INTERVALO Ácido acetilsalicílico 352-650mg 4/6H Diclofenaco 50mg 8h Ibuprofeno 200/400mg 6/8h Cetoprofeno 150mg 24h Piroxicam 20g 24h Meloxicam 15mg 24h Dipirona 500mg-1g 4h Paracetamol 500-750mg 6h Ibuprofeno 200-400mg 6h Paracetamol associado a codeína 500mg de paracetamol + 30g de codeína 6h Tramadol 50mg 8h Estomatologia A mucosa bucal representa uma barreira a absorção de substâncias, que varia de acordo com a espessura e o grau de queratinização do epitélio. A orabase apresenta efetiva biocompatibilidade com a mucosa bucal. Foi desenvolvida para tratamento tópico de lesões ulcerativas da mucosa bucal. É um anti-inflamatório esteroide tópico, comercializado com o nome de Omcilon-A Infecções Virais A gengivoestomatite herpética é uma infecção primária causada pelo vírus da herpes. Ela pode causar lesões dolorosas de desenvolvimento rápido nas gengivas e em outras partes da boca. O Spray de Hexomedine é um tratamento paliativo, para crianças acima de 3 anos, de 4/4h, por 5 dias. PATOLOGIA MEDICAMENTO Gengivoestomatite herpética aguda hemoxidine (spray) Herpes Aciclovir 50mg Candidíase Nistatina 100.000Ul/ml ou Daktarin (gel oral) Queilite angular Dermodex ou nebacetim Ulceração Aftosa Recorrente Triancinolona Mucosite Flogoral Gestantes e lactentes Durante a gravidez, a mulher passa por uma série de mudanças físicas e hormonais destinadas a prepará-la para o parto e a amamentação. DESENVOLVIMENTO FETAL As principais mudanças embriológicas ocorrem nos 3 primeiros meses de gestação (organogêse). Podem ocorrer os defeitos de desenvolvimento como a fissura labial e palatina, manchamentos dos dentes pelo uso de medicação (tetraciclina). A grande maioria dos medicamentos e outros produtos químicos atravessam facilmente a placenta e atinge a circulação fetal, através da difusão passiva. ÉPOCA DE ATENDIMENTO 1º trimestre de gestação não é um período adequado para tratamento odontológico, devido ao risco agravado de má formação embriológica. 2º trimestre de gestação é a melhor época para atendimento, devido a estabilidade da gravidez. 3º trimestre de gravidez não é um período ideal, devido ao risco de aborto. As urgências odontológicas não podem ser adiadas, independente do período gestacional. Horários, Durações e Posicionamento da cadeira Os atendimento devem ser marcados preferencialmente pela manhã, com sessões curta, pois os episódios de enjoos são menos comuns. A gestante não deve ser levantada de uma vez, antes deve-se colocar a paciente sentada por alguns motivos antes dela sair da cadeira. Nas últimas semanas da gravidez, não deve colocar na posição supina, atendê-la na posição semi-inclinada, para manutenção das vias aéreas. Anestésico local Para o 2º trimestre de gestação, histórico de anemia, diabetes ou hipertensão controlada o anestésico mais seguro é a LIDOCAINA 2%, em gravidas compressão sem controle podemos usar MEPIVACAINA sem vasoconstritor. Controle da dor O analgésico mais seguro é o PARACETAMOL, pode ser usado de 500 – 750mg, a cada 6 horas, por 3 dias. Como anti-inflamatório , deve usar DEXAMETASONA ou BETAMETASONA, em dose única de 2-4 mg. Referências bibliográficas ANDRADE, E. D. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 3ª.ed.Artes Médicas. 2013. CRAIG, C. R. STITZEL, R. E. Farmacologia Moderna: com aplicações clínicas. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 815 p. KATZUNG. B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 10ª ed. São Paulo: MacGraw – Hill, 2007. SILVA, PENILDON. Farmacologia, 8. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2010. 1325 p.
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