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A Sociologia Política de Anthony Giddens

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Prévia do material em texto

Ensaios de Sociologia 
A Sociologia Política de Anthony Giddens
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. João Elias Nery 
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fatima Furlan 
5
• Introdução
• 1. Trajetória: Sociologia e Política
• 2. Anthony Giddens: Vida e Obra
Nesta unidade da disciplina estudaremos a vida e a obra do sociólogo ANTHONY 
GIDDENS, que desenvolveu sua obra na Inglaterra, tendo trabalhado também nos EUA.
Giddens desenvolveu duas linhas de trabalho relevantes: no campo sociológico, sua 
sociologia reflexiva inovou em diversos aspectos, retomando o debate com os clássicos 
da área; no campo da política criou a terceira via, adotada por políticos de relevância na 
Inglaterra, nos EUA e no Brasil. A radicalização da modernidade é seu principal tema de 
pesquisa, incluindo, também, a globalização, a tradição e a família como questões essenciais 
para entendermos a sociedade do final do século 20.
Suas ideias alcançaram grande repercussão por seu acesso às mídias audiovisuais e 
participação na política, obtendo apoios relevantes e críticas também importantes, na medida 
em que, principalmente no campo da política, suas ideias foram incorporadas às práticas de 
governantes e suscitaram críticas à direita e à esquerda.
 · O tema desta unidade é a obra do sociólogo ANTHONY 
GIDDENS, que tem extensa produção em torno de temas da 
modernidade e desenvolveu a SOCIOLOGIA REFLEXIVA.
 · No material didático, você encontrará informações acerca dos 
temas abordados pelo sociólogo, aspectos das metodologias 
utilizadas e sua relação com o mundo das ideias no Brasil, 
incluindo os livros aqui editados.
A Sociologia Política de Anthony Giddens
6
Unidade: A Sociologia Política de Anthony Giddens
Contextualização
Nesta unidade, analisaremos a obra do sociólogo ANTHONY GIDDENS. A apresentação 
inclui os principais conceitos desenvolvidos, as obras publicadas e a repercussão de seu trabalho, 
tanto no âmbito propriamente acadêmico no campo da sociologia, quanto na política.
O trabalho de Giddens tem como principal foco o que ele definiu como radicalização da 
modernidade. Abordando temas variados, como globalização, família e tradição, o autor 
desenvolve análises posicionando-se em relação aos clássicos da sociologia – Marx, Weber e 
Durkheim – e à sociologia funcionalista desenvolvida ao longo do século 20.
No campo da política, de significativa reflexão de Giddens, as análises partem das radicalizações 
direita-esquerda representados, respectivamente, pelo neoliberalismo e pelo socialismo do século 
20 e chegam à proposta da terceira via, incorporada ao discurso e à prática política de inúmeros 
líderes, entre eles Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil entre 1995 e 2002. 
Sociologia e política cruzam-se na obra desse autor, que, além das atividades de pesquisa 
e docência, assumiu funções como consultor e gestor, ampliando, dessa forma, o alcance de 
suas ideias, que têm lugar de destaque, tanto para a crítica contrária, quanto para posições de 
concordância.
A Sociologia de Anthony Giddens faz parte do que ele denominou mundo em descontrole, 
característica do mundo em que vivemos.
7
Introdução
Cientistas sociais e demais pensadores que se dedicaram a analisar a vida em sociedade 
ao longo ou em parte do século 20 enfrentaram diversos desafios, sendo o principal deles 
identificar os reflexos para a sociedade das mudanças e rupturas resultantes das ações humanas 
no período contemporâneo, marcado por revoluções sociais e técnicas.
Diante dos clássicos do pensamento sociológico, pensadores daquele século passaram 
a desenvolver novas metodologias para apreender a realidade do seu tempo e apresentar 
interpretações visando oferecer à sociedade explicações científicas para fenômenos extremos, 
desde guerras de grande magnitude, até comportamentos previsíveis, como o suicídio.
Tais percursos sociológicos ocorrem no que autores de diversas áreas definem como período 
moderno, caracterizado pelas inovações do modo de produção capitalista, em oposição ao 
antigo regime, superado por aquele e tendo progressivamente substituídas suas práticas sociais, 
culturais, políticas e econômicas. A oposição entre tradição e inovação, antigo e novo, será, 
desde o século 18, uma constante nas análises das sociedades humanas e exigirá dos cientistas 
grande esforço para compreender os movimentos de sociedades cada vez mais complexas em 
um mundo habitado por um número cada vez maior de seres humanos.
Novas realidades proporcionadas por inovações tecnológicas e mudanças estruturais na 
sociedade alteraram o cotidiano das pessoas, interferindo diretamente tanto nas questões 
públicas quanto nas privadas. Na sociedade de consumo na qual as pessoas se orientam pela 
aquisição de bens e serviços instala-se um frenesi que leva a posicionar o consumo como centro 
da vida em um mundo definido pelo marketing e pelas marcas.
Esse “marcado mundo novo” passou por significativas rupturas e entre os anos 1970 e 
1990 as mais significativas faziam parte do universo da política e da economia: a ascensão do 
neoliberalismo fortaleceu conglomerados econômicos e financeiros, enfraquecendo os estados 
nacionais; o fim da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – e do socialismo no leste 
Europeu abriu caminho para expansão do capitalismo naqueles países; as novas tecnologias da 
comunicação realizaram a “aldeia global”. Esses acontecimentos, entre outros, modificaram o 
modo de viver das maiorias e trouxeram novos desafios às ciências da sociedade.
Você Sabia ?
O fim da segunda guerra mundial marca a ascensão do Estado como organizador da sociedade 
e da economia, ampliando sua participação no planejamento e execução das atividades a partir da 
ideia de “Estado de bem estar social” desenvolvida pelo economista J. M. Keynes. A reconstrução 
da Europa deu-se nesse contexto e diversos outros países adotaram as estratégias preconizadas 
pelas políticas de Estado keynesianas.
Em oposição a essa estratégia o neoliberalismo toma impulso nos anos 1970, atravessa os anos 
1980 como força poderosa e torna-se hegemônico nos anos 1990, alterando profundamente 
o quadro desenhado desde os anos 1940, ou seja, o Estado deixa de ter papel central na 
política e na economia, revertendo-se a tendência de ampliação de sua participação. O discurso 
neoliberal reforça o papel do mercado, restringe o Estado ao “mínimo” e lança às sociedades o 
desafio de desenvolver-se a partir dos interesses dos agentes que atuam nos mercados.
8
Unidade: A Sociologia Política de Anthony Giddens
O neoliberalismo alterou profundamente as sociedades nas quais foi implantado e, se obteve 
apoio das forças hegemônicas, também recebeu críticas e suscitou que surgissem novas ideias 
como alternativa a ele. A Inglaterra teve, entre os países centrais do capitalismo, a primeira e mais 
relevante experiência neoliberal, liderada pela primeira ministra Margarete Thatcher (1979-1990). 
Foi, também, naquele país, que Tony Blair, como primeiro-ministro (1997-2007), defendeu a 
“terceira via”, ideia do sociólogo Anthony Giddens, como alternativa ao neoliberalismo.
A Inglaterra apresenta ao mundo o neoliberalismo de Margaret Thatcher e este é substituído 
pelo trabalhismo de Blair. Inovando na economia e na política o país desenvolve esforço para 
manter status de grande potência - não participa da União Europeia buscando via própria no 
contexto da Grã Bretanha - e alinha-se à política externa dos EUA em questões estratégicas, 
como a guerra contra o Iraque ou os conflitos no Oriente Médio. No campo das ideias, o 
sociólogo apresentado neste texto reforça a relevância do país no qual a Revolução Industrial 
teve início e que, mesmo perdendo a hegemonia política para os EUA, procura situar-se no 
debate acerca dos rumos da humanidade.
O Brasil, no período de ascensão do neoliberalismo, viveu uma ditadura que apostou na 
organização de um Estado centralizador na política e com forte intervenção na economia, 
atuando nacontramão do que ocorria em outras partes do mundo. Com o fim da ditadura, 
em meados dos anos 1980 a sociedade brasileira procurou reorganizar a vida social, política e 
econômica em novos parâmetros. 
Até o final da década de 1980, o país trilhou diversos caminhos nessas áreas para, nos anos 
1990, embarcar na onda neoliberal, com privatização e reposicionamento do Estado como 
árbitro para as disputas que ocorrem na sociedade. Isso ocorreu na prática, porém o discurso 
dos ocupantes do Estado na década de 1990 aproxima-se do que foi denominado por Anthony 
Giddens como “terceira via”.
1. Trajetória: Sociologia e Política
Há razões fortes e objetivas para se acreditar que estamos atravessando um 
período importante de transição histórica. Além disso, as mudanças que nos 
afetam não estão confinadas a nenhuma área do globo, estendendo-se quase 
por toda parte. (GIDDENS, 1999, p. 13).
Como os clássicos da área em que atua, Anthony Giddens, pelas ideias que defende, tem 
grande influência no contexto sócio político europeu, principalmente na Inglaterra, onde suas 
ideias associam-se ao trabalhismo do primeiro ministro Tony Blair mas não apenas ali. Fora 
da Europa Bill Clinton, presidente dos EUA (1993 - 1999) participou de discussões acerca da 
criação de alternativas ao neoliberalismo. No Brasil, sua influência sobre a trajetória do PSDB 
e, particularmente, sobre Fernando Henrique Cardoso, igualmente sociólogo e presidente do 
Brasil de 1995 a 2002, é reconhecida. Em visita ao Brasil no ano 2000, os dois jantaram juntos 
e FHC declarou ser admirador da “terceira via”, tese defendida por Giddens.
9
O livro “Mundo em descontrole – o que a globalização está fazendo de nós”, que reúne ideias 
apresentadas em palestras realizadas em diversos países no final dos anos 1990, é um exemplo 
da popularização das ideias de Giddens. A Editora Record, responsável pela publicação do livro 
no Brasil, apresenta na capa que este é “o novo livro do mais importante pensador britânico 
contemporâneo”, utilizando uma linguagem próxima àquela de divulgação dos best sellers 
publicados pela empresa.
A influência de Giddens no mundo acadêmico pode ser medida por sua produção, que inclui 
mais de três dezenas de livros e duas centenas de artigos publicados em revistas, além de atuar como 
professor convidado ou palestrante em universidades em praticamente todas as regiões do mundo. 
Seu prestígio acadêmico o levou a ocupar a posição de diretor da London School of Economics e a 
atuar como docente na Universidade de Cambridge e a receber diversos prêmios acadêmicos.
A teoria da reflexividade proposta por Giddens é importante contribuição do autor 
para a discussão sociológica. Para ele (1991, p.45) “A reflexividade da vida social 
moderna consiste no fato de que as práticas sociais são constantemente examinadas 
e reformuladas à luz de informação renovada sobre essas próprias práticas, alterando 
assim seu caráter”.
A principal consequência desse processo é a ausência da tradição, substituída recorrentemente 
pela novidade, o que determinaria para a sociedade do final do século 20 a submissão ao novo e 
a recusa ao já estabelecido, levando à ruptura entre as gerações, uma vez que as experiências do 
passado nada dizem para o presente, de tal forma que a reflexividade é “introduzida na própria 
base da reprodução do sistema, de forma que o pensamento e a ação estão constantemente 
refratados entre si.” (GIDDENS, 1991, p. 45).
Nossos tempos são de incertezas e riscos manufaturados e a reflexividade insere-se como 
elemento dessa sociedade que, ao mesmo tempo em que potencialmente poderia produzir 
maior autonomia do sujeito, introduz riscos à humanidade, presa a crenças de uma racionalidade 
incapaz de apresentar respostas às questões de uma modernidade radicalizada.
Para além do mundo acadêmico, Giddens expandiu as influências de suas ideias para o 
mundo político, seguindo a trilha de outro sociólogo, Karl Marx, um dos clássicos da área e que 
construiu ideias e as defendeu na arena política. A ideia de uma terceira via – alternativa ao 
socialismo e ao neoliberalismo – ganhou espaço na agenda política dos anos 1990 e levou seu 
autor a participar do debate acerca das questões políticas da última década do século 20.
Em sua formulação para uma nova política há críticas à direita e à esquerda e uma tentativa 
de reformular as questões postas pela social democracia desde o século 19. A construção de tal 
alternativa parte da avaliação de Giddens sobre a impossibilidade de controle sobre a realidade, 
ideal, segundo o autor, tentado pela ciência, porém não atingido no que ele define como mundo 
em descontrole. Para o autor (1999, p. 16),
Precisamos democratizar mais as instituições existentes, e fazê-lo de modo a 
atender às exigências da era global. Nunca seremos capazes de nos tornar os 
senhores de nossa própria história, mas podemos e devemos encontrar meios 
de tomar as rédeas do nosso mundo em descontrole. 
10
Unidade: A Sociologia Política de Anthony Giddens
A partir dessa concepção Giddens procura demonstrar que as ideias tradicionais defendidas, 
tanto no campo do socialismo, quanto no do capitalismo em suas vertentes liberal e neoliberal, 
não são capazes de apresentar soluções para a vida em sociedade, na medida em que a 
modernidade apresenta novas questões, como a ecológica e a crescente desigualdade social 
entre ricos e pobres em um mundo crescentemente definido pelo consumo, além de aspectos 
importantes no que tange aos sistemas políticos e à emergência da guerra como padrão de 
solução para conflitos.
A terceira via procura recuperar valores da social democracia e do Estado de Bem Estar 
Social, porém renova ao identificar questões como a ecológica e a necessidade não apenas 
de dar garantias às pessoas, como aconteceu, principalmente na Europa da pós-segunda 
guerra mundial. Trata-se, segundo Giddens, de associar proteção e atitudes ativas das pessoas, 
dividindo a responsabilidade com o Estado, sem, no entanto, jogar o cidadão nas arenas em que 
a globalização neoliberal transformou a vida das maiorias e, no plano geral, de conter a ação 
predatória desse mercado, incapaz de orientar a produção, a circulação e consumo de bens e 
serviços de maneira equilibrada em relação ao meio ambiente.
Vivemos em uma sociedade de risco e a terceira via propõe planejar a vida para evitar que 
alguns se efetivem e que outros causem menos impacto. Para Giddens(1999, p. 33) é preciso 
identificar o risco como característica de nossa civilização, pois,
As culturas tradicionais não tinham um conceito e risco porque não precisavam 
disso. Risco não é o mesmo que infortúnio ou perigo. Risco se refere a infortúnios 
ativamente avaliados em relação a possibilidades futuras. A palavra só passa a 
ser amplamente utilizada em sociedades orientadas para o futuro – que veem 
o futuro precisamente como um território a ser conquistado ou colonizado. O 
conceito de risco pressupõe uma sociedade que tenta ativamente romper com seu 
passado – de fato, a característica primordial da civilização industrial moderna.
Entre o planejamento total vivido nos países nos quais houve o “socialismo real” no século 20 
e a ausência total de planejamento do neoliberalismo a sociologia política de Giddens propõe a 
terceira via como alternativa, tendo o desenvolvimento sustentável e a modernização ecológica 
como fatores centrais para o enfrentamento às questões da modernidade: os riscos, as incertezas 
manufaturadas que resultam das ações humanas, das atividades realizadas pelo conjunto das 
sociedades envolvendo a própria sociedade e a natureza. Guerras nucleares, desequilíbrio 
ambiental e desigualdades sociais crescentes estão na ordem do dia do pensamento desse autor. 
Para Giddens (2003, p. 38),
O risco manufaturado é resultado da intervenção humana na natureza e nas 
condições da vida social. As incertezas (e as oportunidades) que ele cria são 
amplamente novas. Elas não podem ser tratadas como remédios antigos; mastampouco respondem à receita do Iluminismo: mais conhecimento, mais controle. 
Nesse “mundo em descontrole”, de incertezas e riscos, a globalização é questão central e 
Giddens participa do debate acerca de sua caracterização iniciando pelo próprio termo. Para ele 
(1999, p. 18), “até o final da década de 1980 o termo quase não era usado, seja na literatura 
acadêmica ou na linguagem cotidiana. Surgiu de lugar nenhum para estar em quase toda 
parte”. Ele divide os analistas da globalização em dois grupos: os céticos, para os quais não 
há globalização e os radicais, para os quais tudo é globalização. De acordo com Giddens o 
equívoco de ambos os grupos é pensar a globalização apenas no campo econômico, quando, 
11
na verdade, seria (1999, p. 21) “...política, tecnológica e cultural, tanto quanto econômica. Foi 
influenciada acima de tudo por desenvolvimentos nos sistemas de comunicação que remontam 
ao final da década de 1960”.
Daí a necessidade de pensarmos, seguindo o autor, na globalização tanto naquilo que a 
define, ou seja, os eventos em escala global, quanto no que se refere à influência dela sobre o 
cotidiano, pois,
...a globalização influencia a vida cotidiana tanto quanto eventos que ocorrem 
em escala global. É por isso que este livro inclui uma extensa discussão sobre 
sexualidade, casamento e a família. Na maior parte do mundo, as mulheres 
estão reivindicando mais autonomia que no passado e ingressando na força de 
trabalho em grandes números. Esses aspectos da globalização são pelo menos 
tão importantes quanto os que têm lugar no mercado global. (1999, p. 15-16).
Seguindo sua perspectiva de análise da sociedade, em que critica o que entende serem os 
problemas do sistema capitalista em sua etapa neoliberal – a incapacidade de planejar e de 
usar recursos dentro de limites aceitáveis, a tendência à ampliação das desigualdades e o uso 
da guerra – Giddens procura apreender a globalização como fenômeno múltiplo e complexo, 
reconhecendo aspectos positivos e negativos no processo, porém, para além disso, busca as 
determinações e os agentes que conduzem seu desenvolvimento, pois,
A globalização está reestruturando o modo como vivemos, e de uma maneira 
muito profunda. Ela é conduzida pelo Ocidente, carrega a forte marca do 
poder político e econômico americano e é extremamente desigual em suas 
consequências. Mas a globalização não é apenas domínio do Ocidente sobre os 
demais; afeta os Estados Unidos tanto quanto outros países. (1999, p. 15-16).
Como cidadão do mundo, Giddens utiliza as tecnologias da informação e da comunicação e 
as têm como elemento fundamental da configuração da modernidade globalizada. Ampliando 
sua ação para além do mundo acadêmico, utilizou o rádio e a tevê e, desde os anos 1990, a 
internet, como suportes para apresentação e discussão de suas ideias, como ocorreu em 1999, 
quando apresentou palestras sobre temas cruciais de sua obra a públicos de diversos países, com 
transmissão por sistemas de tevê e disseminação pela internet, com a possibilidade de interação 
entre o palestrante e internautas, realizando o que Giddens entende como um debate eletrônico 
global sobre os temas, entre os quais globalização, mas, também, democracia, risco, família, 
tradição, todos, de alguma forma, conectados, como a audiência que participou dos eventos.
Dessa forma, os sistemas de comunicação estão no centro do processo de globalização e 
interferem fortemente em sua construção, pois conectam pessoas, fatos e ideias em praticamente 
todos os lugares e,
Num mundo globalizante, em que informação e imagens são rotineiramente 
transmitidas através do mundo, estamos todos regularmente em contato com outros 
que pensam, e vivem, de maneira diferente de nós. Os cosmopolitas acolhem essa 
complexidade cultural com satisfação e a abraçam. Os fundamentalistas a veem 
como perturbadora e perigosa. (GIDDENS,1999, p. 16).
A oposição entre tradição e inovação, apresentada pelo autor em termos de “cosmopolitas” 
e “fundamentalistas” não pode ser mais ignorada, pois os sistemas de comunicação, a despeito 
12
Unidade: A Sociologia Política de Anthony Giddens
da recusa que possa haver, fazem chegar a todos as mesmas informações e imagens, atuando 
diretamente sobre a opinião pública e sobre a cultura dos habitantes desse mundo interconectado. 
A onipresença desses sistemas altera as relações de produção, a política e a vida cotidiana, o que 
é analisado por Giddens como fator dessa complexa etapa em que vivemos esse “mundo em 
descontrole” repleto de mudanças em todos os segmentos da vida.
Colocando-se no campo do esclarecimento e da cultura ocidental, mais como uma crença 
que pela análise, Giddens afirma ter esperança na vitória dos valores cosmopolitas sobre os 
tradicionais. Segundo o autor (1999, p. 16),
Podemos legitimamente alimentar a esperança de que uma perspectiva 
cosmopolita acabará por vencer. Tolerância à diversidade cultural e democracia 
está estreitamente vinculadas, e a democracia está atualmente se espalhando 
por todo o mundo. A globalização está por trás da expansão da democracia. Ao 
mesmo tempo, paradoxalmente, ela expõe os limites das estruturas democráticas 
mais conhecidas, isto é, as estruturas da democracia parlamentar.
2. Anthony Giddens: Vida e Obra
Primeiro estudo realizado por Giddens, nos anos 1960, tinha como tema o suicídio, no 
qual confronta Durkheim e Hursserl. Já na obra capitalismo e moderna teoria social, revisa os 
clássicos e defende que Marx, Weber e Durkheim são os fundadores da sociologia.
Apresentamos a seguir algumas informações relevantes relativas à vida e à obra de Anthony 
Giddens:
• Nasceu em 1938, em Londres, Inglaterra. É cofundador da Editora Polity Press, estudou 
na Universidade de Cambridge e na London School of Economics and Political Science.
• Formação: Sociologia.
• Instituições nas quais atuou: Universidade de Leicester, Universidade da Califórnia, 
Universidade de Cambridge, London School of Economics and Political Science.
• Livros publicados no Brasil: cerca de 30 obras, publicadas por diversas editoras, entre elas 
Editora da Unesp, Record, Edusp, Zahar, com destaque para: Mundo em descontrole; 
Modernidade e identidade; A terceira via; As consequências da modernidade; A constituição 
da sociedade; A transformação da intimidade.
• Temas de pesquisa e ideias relevantes: globalização, risco, democracia, reflexividade, 
terceira via, modernidade tardia.
• Atualidade: obra e intervenção no âmbito da política têm grande relevância, tanto acadêmica 
quanto social. É polêmico e criticado, principalmente pelos sociólogos marxistas.
• Polêmicas e curiosidades: conheceu Norbert Elias na Universidade de Leicester. Em 
1997, foi eleito reitor da London School of Economics and Political Science - Escola 
de Economia e Ciência Política de Londres; realiza palestras em universidades e outras 
instituições em diversos países do mundo; recebeu vários prêmios acadêmicos como 
reconhecimento por sua obra.
13
Material Complementar
Nesta unidade, estudamos a obra do sociólogo ANTHONY GIDDENS. No material 
desenvolvido para a unidade apresentamos as ideias e obras desse autor e evidenciamos 
as relações entre seu trabalho de pesquisa acadêmica no campo da sociologia, com o 
desenvolvimento da SOCIOLOGIA REFLEXIVA e sua intervenção no campo da política, com 
a criação do que ficou conhecido como TERCEIRA VIA. Em ambos os campos suas ideias têm 
grande repercussão, inclusive no Brasil.
As pesquisas incluem temas como globalização, família e tradição, no campo da sociologia, e têm 
o neoliberalismo e o socialismo do século 20 como referências para a construção da terceira via.
Atualmente a obra de ANTHONY GIDDENS está disponível em livros e em trabalhos 
acadêmicos sobre ele ou que utilizam seus conceitos como referência.
Além do que disponibilizamos no material didático, você pode obter informações sobre a 
obra de ANTHONY GIDDENS em livros ou artigos disponíveis na internet. Dos livros existentes, 
sugerimos“Mundo em descontrole”, publicado pela Editora Record e que resume de maneira 
didática alguns dos temas mais relevantes de sua obra. Disponível na internet, sugerimos a 
participação de Giddens no programa Roda Viva da TV Cultura no ano 2000. A entrevista 
está disponível, texto, na íntegra. No vídeo, apenas um trecho: http://www.rodaviva.fapesp.br/
materia/286/entrevistados/anthony_giddens_2000.htm
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/286/entrevistados/anthony_giddens_2000.htm
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/286/entrevistados/anthony_giddens_2000.htm
14
Unidade: A Sociologia Política de Anthony Giddens
 
Referências
GIDDENS, Anthony. A transformação da intimidade – sexualidade, 
amor e erotismo nas sociedades modernas. São Paulo: Unesp, 2003.
GIDDENS, Anthony. Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar Ed., 2002.
GIDDENS, A. Política da Sociedade de Risco. In: GIDDENS, Anthony & 
PIERSON, Christopher (eds). Conversas com Anthony Giddens: O Sentido da 
Modernidade. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000a.
GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole. Rio de Janeiro: Record, 2000b.
GIDDENS, Anthony. A terceira via. Rio de Janeiro: Record, 1999.
GIDDENS, A. Risco, Confiança, Reflexividade. In: BECK, U.; GIDDENS, A. 
& LASH, S. (eds). Modernização Reflexiva. São Paulo: UNESP, 1997.
GIDDENS, Anthony. Novas Regras do Método Sociológico. Lisboa: 
Gradiva, 1996a.
GIDDENS, Anthony. Para Além da esquerda e da direita. São Paulo: 
UNESP, 1996b.
GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo: 
EDUSP, 1991.
GIDDENS, Anthony. A Constituição da Sociedade. São Paulo: Martins 
Fontes, 1989.
15
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000
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