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APOSTILA ASSISTÊNCIA SOCIAL

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Assistência Social (arts. 203 e 204 da CF/88 e Lei 8.742/93)
A Assistência Social tem por objetivo prestar amparo aos hipossuficientes, independentemente de contribuições à seguridade social. Nesse sentido, o art. 1º da Lei nº 8.742/93 (LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL) ressalta a natureza não-contributiva desse ramo da Seguridade Social – o qual, por tal razão, tem caráter geral, destinando-se a qualquer pessoa que demonstrar sua incapacidade de prover a seu próprio sustento. 
A assistência social será prestada A QUEM DELA NECESSITAR, independentemente de contribuição à seguridade social.
Trata-se de direito fundamental – da espécie direito social – consagrado no art. 6º da Carta Política.
Art. 6º CF/88: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (EC 90/2015).
De acordo com art. 1º da Lei nº 8.742/93 - Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS:
Art. 1º: A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.
A Assistência Social é instrumento de transformação social, atendendo da melhor forma os preceitos da igualdade, da redução das desigualdades sociais e da solidariedade, porquanto se destina a combater a pobreza, a criar melhores condições para atender as contingências sociais e à universalização dos direitos sociais.
A EC n° 42/2003 trouxe a faculdade aos Estados e ao Distrito Federal de vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento 0,5% de sua receita tributária líquida (proibida a aplicação destes com despesas com pessoal e encargos sociais, serviço da dívida ou qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações sociais apoiadas).
Percepção do benefício por estrangeiros residentes: tema foi objeto de repercussão geral no STF.
SE LIGA NESTA # STF. O STF (RE 587970, com repercussão geral) fixou a seguinte tese: “Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais”. 
Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a condição de estrangeiro residente no Brasil não impede o recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) às pessoas com deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou ter o sustento provido por sua família, desde que atendidos os requisitos necessários para a concessão. 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios:
I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica;
II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;
III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;
IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;
V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão.
Vejamos cada um deles:
Iniciando pelo I, temos a supremacia do valor social sobre o valor econômico, ou seja, para a assistência social, há prioridade no atendimento às necessidades sociais diante das exigências de rentabilidade econômica.
No inciso II, como a assistência é prestada aos indivíduos que mais necessitam dos direitos sociais, assim, a universalização dos direitos sociais tem como finalidade tornar o indivíduo que recebe a assistência apto a alcançar os direitos pelas demais políticas públicas.
No inciso III, ao passo que a assistência tem caráter seletivo, necessitando uma comprovação burocrática, o respeito à dignidade se mostra como prioridade, fazendo com que não haja criação de barreiras intransponíveis devido à situação de vulnerabilidade. 
No inciso IV, embora a assistência não seja prestada a todos, existe uma igualdade no direito ao acesso e ao atendimento, ou seja, todos possuem esse direito ao acesso, mesmo que não sejam beneficiários efetivos da assistência. Ainda, ressalta-se a equivalência às populações urbanas e rurais, uma vez que os benefícios podem não ter os mesmos valores ou requisitos entre as populações, para suprir com as necessidades de cada um.
No inciso V, a assistência precisa ser divulgada à população que necessita para que seja efetivada, dessa forma, o atendimento se mostra como uma das maneiras de promover a ampla divulgação dos serviços e benefícios assistenciais, resultando em acesso aos direitos sociais.
A Assistência Social é gerida pelo SUAS – Sistema Único de Assistência Social, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social (antigo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome).
Assim como na Saúde, sua atuação é altamente descentralizada, com a seguinte repartição de competências: 
• União: atua na determinação de normas gerais (instituídas pelo CNAS – Conselho Nacional da Assistência Social) e na concessão e manutenção dos (BPC) benefícios de prestação continuada, a seguir estudados (geridos pelo INSS); 
• Estados: prestam auxílio financeiro aos Municípios e realizam atividades assistenciais em caráter de emergência; 
• Municípios: prestam serviços assistenciais (serviço social, habilitação e qualificação profissional, etc.) e efetuam o pagamento dos denominados “benefícios eventuais”. Também são responsáveis pela execução, em conjunto com entidades privadas, de projetos de enfrentamento da pobreza.
Noutro lado, o art. 203 da CF/88, traz elencados quais são os OBJETIVOS da assistência social, como se vê:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Quem necessita de assistência social? Para se responder esta pergunta, necessita-se primeiro compreender o que é assistência social. O conceito de assistência social está talhado no art. 1º da lei orgânica da assistência social “LOAS”, Lei nº 8.742/93, que cita:
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.
O que se pretende com a assistência social, é garantir o mínimo existencial para o cidadão, resgatando assim o status de cidadania para aquela pessoa, sendo esta prestação universal e gratuita.
Boinha No que tange as METAS para se concretizar a assistência social, os incisos do art. 203 da CF/88, ensinam que:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação daspessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Como se pode observar o inciso V do mencionado artigo, é o único que visa tirar o indivíduo “que não possui meios de se sustentar” do estado de pobreza, sendo ele idoso ou deficiente, concedendo-lhe um salário-mínimo para garantir o mínimo existencial. O Nome desse benefício é BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (tem por objetivo principal amparar pessoas à margem da sociedade e que não podem prover seu sustento).
O benefício supracitado é regulado pelo art. 20 da lei 8.742/93, que diz:
Art. 20.  O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Também denominado benefício assistencial, amparo assistencial ou renda mensal vitalícia (denominação equivocada, pois o BPC veio substituir referido benefício, que era previdenciário), benefício de LOAS, ou simplesmente LOAS. É benefício mensal, no valor de um salário mínimo, assegurado à pessoa que, mesmo não segurada da Previdência Social, seja deficiente ou idosa e comprove não possuir meios de prover a sua própria subsistência ou de tê-la provida por sua família. 
Renda mensal vitalícia (Previdência)
 X
Benefício de prestação continuada (Assistência Social):
Nos termos da lei, são beneficiários o idoso ou a pessoa com deficiência devidamente comprovada por exame médico-pericial a cargo do INSS. Por seu turno, não possui meios de prover a sua própria manutenção ou tê-la provida por sua família o indivíduo cuja renda familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. (artigo 20 § 3o).
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011).
Veremos mais abaixo a questão da renda familiar per capita...
O mencionado artigo ensina que serão beneficiados os idosos, ou deficientes que tenham necessidade. 
IMPORTANTE: Para a finalidade do benefício, será considerado idoso, a pessoa com mais de 65 anos de idade. Para corroborar o entendimento o art. 34 da lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso), sem a distinção de gêneros (homem ou mulher). Devemos ressaltar que o estatuto do idoso prevê que idoso é aquele com mais de 60 anos.
Se liga nesta Art. 1o da Lei 10.741/03: É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
Porém, a lei que garante o direito ao BPC estabeleceu que o benefício somente será pago aos idosos acima de 65 anos.			boinha
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.
Agora qual seria o conceito de pessoa com deficiência? Desde a Emenda Constitucional nº 47, a Constituição não fala mais em deficiente, mas sim pessoa portadora de deficiência. 
Antes da EC nº 47 se vinculava deficiente à pessoa inválida. 
O Brasil foi signatário da Convenção de Nova York, que dispõe sobre os direitos das pessoas com deficiência. A referida convenção foi incorporada no direito brasileiro com status de Norma Constitucional, por força do art. 5, § 3º da CF/88. 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Visando regulamentar a Convenção no direito brasileiro, foi editado o Decreto nº 6.949/09, onde foi conceituado o que seria deficiência para fins da assistência social, como bem menciona o art. 20 da lei 8.742/93 - Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. 
O que marca a deficiência não é a doença, mas sim a desigualdade de oportunidades. 
Isso leva ao entendimento de que este impedimento poderá ser de longo prazo, podendo ser de caráter sensorial, intelectual, mental ou física. FIMS
Surge então a ideia da adaptação razoável na convenção de Nova York. Para poder exemplificar o citado, temos os cadeirantes que em determinados locais não conseguem ter acesso a todos os locais, como em um prédio sem elevador, ou rampa para cadeirantes. Isso coloca este cidadão em pé de desigualdade perante a pessoa que não possui nenhuma deficiência. Daí a ideia de desigualdade de oportunidade. 
O conceito de longo prazo está talhado no art. 20, § 10º da lei 8.742/93, que ensina: 
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2º deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
Atualmente não existe uma jurisprudência que consolide este entendimento de 2 anos, acerca de longo prazo. Contudo, a Convecção de Nova York não estabelece prazo para o impedimento de longo prazo.
Contudo com a atualização legislativa (Lei 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência), foram criados critérios para identificar o impedimento de longo prazo, como se vê:
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: 
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.
Agora o que deve ser reforçado é que, todo inválido tem uma deficiência, mas nem todo deficiente é inválido. 
No que tange a necessidade, o § 3º do art. 20 da lei 8.742/93, diz que será equiparado a necessitado, a pessoa que não conseguir se sustentar ou ser sustentada pela família, como se vê: 
§ 3º. Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Mas esse conceito de necessidade, está ligado ao critério da renda per capita da família do necessitado. O legislador impôs que será necessário, aquele que não tem condições de se sustentar e nem a sua família de sustentá-lo. Sendo assim, a Constituição Federal estabeleceu uma ordem de responsabilidade. Após cumprir essas etapas de responsabilidade, caso o resultado seja negativo, a sociedade será responsável por aquela pessoa.
Contudoo STF, em uma decisão no ano de 2013, afirmou que o critério de ¼ do salário era constitucional na década de 90, mas que para os dias atuais esse critério passou por uma inconstitucionalização, tendo em vista que alguns programas do governo passaram a estabelecer o critério de ½ salário-mínimo para dar direito a alguns benefícios do governo. 
Sendo assim, o STF em abril de 2013, declarou inconstitucional (Reclamação 4.374) o critério de ¼ do § 3º do art. 20 da lei 8.742/93. Em conjunto foi declarado inconstitucional o PÚ no art. 34 do Estatuto do Idoso. Por fim, foi fixado um prazo até o dia 31 de dezembro de 2015, para que o governo elaborasse nova regulamentação sobre a matéria.
Vale ressaltar, no entanto, que esse critério não é absoluto. O Plenário do STF declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93 (sem pronúncia de nulidade) por considerar que o referido critério está defasado para caracterizar a situação de miserabilidade. O STF afirmou que, para aferir que o idoso ou deficiente não tem meios de se manter, o juiz está livre para se valer de outros parâmetros, não estando vinculado ao critério da renda per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo previsto no § 3º do art. 20.
STF. Plenário. RE 567985/MT e RE 580963/PR, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 17 e 18/4/2013 (Info 702).
Se liga nesta Desse modo, como a declaração de inconstitucionalidade foi sem pronúncia de nulidade, o critério definido pelo art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93 continua existindo no mundo jurídico, mas devendo agora ser interpretado como um indicativo objetivo que não exclui a possibilidade de o juiz verificar a hipossuficiência econômica do postulante do benefício por outros meios de prova (STF. 1ª Turma. ARE 834476 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 03/03/2015).
Desse modo, o que eu queria que você entendesse é que, mesmo após a decisão do STF nos RE 567985/MT e RE 580963/PR, o art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93 continua sendo um dos critérios para se aferir a miserabilidade, sem prejuízo de outros. Assim, na prática, se a renda familiar mensal per capita for superior a 1/4 do salário mínimo e não houver outras provas que atestem a miserabilidade, o benefício assistencial será negado.
Novo § 11 do art. 20 da Lei nº 8.742/93
O legislador, de forma acertada, encampou o entendimento jurisprudencial acima explicado e, por meio da Lei nº 13.146/2015, inseriu o § 11 ao art. 20 da Lei nº 8.742/93 prevendo o seguinte:
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento.
No mesmo entendimento da inovação acima, o que fez a Lei nº 13.981/2020 (publicada em 24/03/2020)?
Atualizou o § 3º do art. 20, aumentando a renda mensal per capita de 1/4 para 1/2 do salário mínimo:
LEI Nº 8.742/93
	Antes da Lei 13.981/2020
	Depois da Lei 13.981/2020
	Art. 20 (...)
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
	Art. 20 (...)
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/2 (meio) salário-mínimo.
Vale ressaltar que o projeto que deu origem à Lei nº 13.981/2020 havia sido vetado pelo Presidente da República, mas o veto foi derrubado e a Lei foi promulgada pelo Congresso Nacional, entrando em vigor no dia 24/03/2020 (data de sua publicação).
Ocorre que a confusão não acabou aí.
No dia 02/04/2020 foi publicada a Lei nº 13.982/2020, que alterou novamente o § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93.
Vamos entender.
O que previa o projeto aprovado que deu origem à Lei nº 13.982/2020?
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja:
I - igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo, até 31 de dezembro de 2020;
II - igual ou inferior a 1/2 (meio) salário-mínimo, a partir de 1º de janeiro de 2021.
Ocorre que esse inciso II foi vetado pelo Presidente da República.
Vejamos a evolução histórica:
LEI 8.742/93
Critério objetivo de miserabilidade para fins de recebimento do BPC
	Redação original
da Lei 8.742/93
	Redação dada pela  
Lei 12.470/2011
	Redação dada pela
Lei 13.981/2020
	Redação dada pela
Lei 13.982/2020
	
Não previa
	
Renda mensal per capita inferior a 1/4 (um quarto) do SM
	
Renda mensal per capita inferior a 1/2 (meio) SM
	Regra: renda mensal per capita
igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do SM até 31/12/2020
Exceção: pode ampliar para 1/2 do SM no período de calamidade do Covid-19
Essa é a redação atual do § 3º do art. 20 da Lei nº 13.982/2020:
Art. 20. (...)
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja:
I - igual ou inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo, até 31 de dezembro de 2020;
II - (VETADO).
Obs: a exceção está prevista no art. 20-A, que veremos mais abaixo.
Vale ressaltar que é muito provável que esse veto seja novamente rejeitado pelo Congresso Nacional e, possivelmente, o inciso II entrará em vigor prevendo o critério de 1/2 para o ano de 2021. No entanto, atualmente, temos o quadro acima.
O que se entende por renda familiar mensal per capita? Como isso é calculado?
Normalmente, um assistente social vai até a residência da pessoa que está requerendo o benefício e faz entrevistas com ela e os demais moradores da casa, indagando sobre as fontes de renda de cada, verificando as condições estruturais do lar, os móveis e eletrodomésticos existentes no local etc.
Após isso, é elaborado um laudo social.
A renda familiar mensal per capita é calculada da seguinte forma: soma-se todos os rendimentos dos membros da família que moram na mesma casa que o requerente do benefício e depois divide-se esse valor pelo número de familiares (incluindo o requerente). Ex.: Carla (pessoa com deficiência) mora com seus pais (João e Maria) e mais um irmão (Lucas). João e Maria trabalham e ganham um salário mínimo, cada. Cálculo da renda mensal per capita: 2 salários mínimos divididos por 4 pessoas = 2:4. Logo, a renda mensal per capita será igual a 1/2 do salário mínimo. Neste exemplo, a renda familiar mensal per capita será maior do que o teto imposto pelo art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93. Mesmo assim, o juiz poderá conceder o benefício, desde que existam outras provas que atestem a miserabilidade da requerente. Não havendo, contudo, tal comprovação, o benefício será negado.
O que se entende por família?
Para os fins da renda familiar do LOAS, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (art. 20, § 1º).
O estrangeiro residente no Brasil pode ter direito a esse benefício de prestação continuada?
SIM.
Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência social prevista no art. 203, V, da Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais.
STF. Plenário. RE 587970/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19 e 20/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).
Para que a pessoa com deficiência tenha direito ao benefício, é necessário que fique demonstrada a sua incapacidade absoluta para o exercício do trabalho ou das atividades habituais?
NÃO. O art. 20, § 2º da Lei nº 8.742/93 conceitua deficiente nos seguintes termos:
Art. 20 (...)
§ 2º Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõescom as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 13.146/2015)
 
Assim, percebe-se que o conceito de pessoa com deficiência não exige a incapacidade absoluta do requerente para o desempenho de qualquer atividade da vida diária e para o exercício de atividade laborativa. Essa exigência não está prevista em lei. Repare que o art. 20, § 2º não elenca o grau de incapacidade, não cabendo ao intérprete a imposição de requisitos mais rígidos do que aqueles previstos na legislação para a concessão do benefício.
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) não exige incapacidade absoluta de pessoa com deficiência para concessão do Benefício de Prestação Continuada.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.404.019-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/6/2017 (Info 608).
EXCLUIU DO CÁLCULO DA RENDA MENSAL PER CAPITA, O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL OU PREVIDENCIÁRIO NO VALOR DE 1 SALÁRIO-MÍNIMO RECEBIDO POR FAMILIAR
Como vimos acima, o amparo assistencial é um benefício pago aos idosos com mais de 65 anos ou às pessoas com deficiência. Foi dito também que esse benefício está previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – Loas).
Ocorre que o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), norma editada 10 anos depois, também resolveu tratar sobre o assunto e trouxe a seguinte regra:
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.
Até aí, tudo bem, sem novidades. No entanto, preste bastante atenção ao que diz o parágrafo único deste art. 34 do Estatuto do Idoso:
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
O que disse o parágrafo único: se o idoso pedir o amparo assistencial e for constatado que alguém de sua família já recebe esse benefício, essa quantia deverá ser excluída da renda familiar per capita.
Ex: Maria (65 anos) requereu o amparo assistencial; a assistente social foi até a sua casa e percebeu que lá vivem as seguintes pessoas:
1) Maria (a requerente): que não tem renda;
2) João (cônjuge): que possui 70 anos e recebe BPC idoso;
3) Pedro (filho): recebe 1 salário-mínimo;
4) Ricardo (filho): sem renda.
5) Vitor (filho): sem renda.
Logo, a renda familiar per capita é de 1 salário-mínimo dividido por 5 pessoas, ou seja, a renda familiar per capita é de 1/5 do salário mínimo. Essa renda de 1/5 do salário-mínimo atente o critério previsto no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93.
Vale ressaltar que o valor recebido por João não entra no cálculo da renda familiar per capita por força do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso.
Repare que, se entrasse, a renda per capita familiar seria superior a 1/4 do salário-mínimo.
• Se não houvesse o art. 34, parágrafo único: a renda mensal per capita seria 2/5 do salário-mínimo (superior ao critério de 1/4);
• Como existe o art. 34, parágrafo único:  a renda mensal per capita é de 1/5 do salário-mínimo (inferior ao critério de 1/4).
Conclui-se, portanto, que a regra do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 ajuda bastante o idoso que pede o benefício.
Para a jurisprudência, o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso podia ser aplicado, por analogia, à pessoa com deficiência que pede o amparo assistencial? Se uma pessoa com deficiência possui em sua família alguém que já recebe o LOAS, é possível excluir esse valor do cálculo da renda mensal per capita, assim como é feito com o idoso?
SIM. Esse era o entendimento tanto do STF como do STJ. Veja como o STF decidiu:
(...) 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até um salário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. (...)
STF. Plenário. RE 580963, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/04/2013.
O STJ foi mais claro na fixação da tese:
Aplica-se o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), por analogia, a pedido de benefício assistencial feito por pessoa com deficiência a fim de que benefício previdenciário recebido por idoso, no valor de um salário mínimo, não seja computado no cálculo da renda per capita prevista no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.355.052-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 25/2/2015 (recurso repetitivo) (Info 572).
Como vimos, esse benefício possui fundamento constitucional (art. 203, V, da CF/88) e a CF/88 não fez distinção de tratamento entre o idoso e o deficiente, tratando-os igualmente. Assim, conclui-se que há uma inaceitável lacuna normativa a desproteger os deficientes vulneráveis, lacuna essa que deve ser suprida com fundamento nos arts. 4º e 5º da LINDB e no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso.
Desse modo, à luz dos princípios da isonomia e da dignidade humana, faz-se necessário aplicar a analogia a fim de que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso integre também o sistema de proteção à pessoa com deficiência, para assegurar que o benefício previdenciário, no valor de um salário mínimo, recebido por idoso que faça parte do núcleo familiar não componha a renda per capita prevista no § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93.
O que fez a Lei nº 13.982/2020?
Positivou o entendimento jurisprudencial acima explicado. Assim, a Lei nº 13.982/2020 acrescentou o § 14 ao art. 20 da Lei nº 8.742/93 prevendo a mesma regra do parágrafo único do art. 34 tanto para o idoso como para a pessoa com deficiência. Veja o dispositivo inserido:
Art. 20 (...)
§ 14. O benefício de prestação continuada ou o benefício previdenciário no valor de até 1 (um) salário-mínimo concedido a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa com deficiência não será computado, para fins de concessão do benefício de prestação continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma família, no cálculo da renda a que se refere o § 3º deste artigo.
Vale ressaltar que o § 14 foi ainda mais generoso que o parágrafo único do art. 34 porque disse que o benefício previdenciário no valor de 1 salário-mínimo (ex: uma aposentadoria no valor de 1 salário-mínimo) também é excluído do cálculo da renda mensal per capita. Compare:
	Estatuto do Idoso
	Lei 8.742/93 (com a redação
dada pela Lei 13.982/2020)
	Art. 34 (...)
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
	Art. 20 (...)
§ 14. O benefício de prestação continuada ou o benefício previdenciário no valor de até 1 (um) salário-mínimo concedido a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa com deficiência não será computado, para fins de concessão do benefício de prestação continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma família, no cálculo da renda a que se refere o § 3º deste artigo.
Assim, no exemplo dado acima, se João (cônjuge de Maria) recebesse uma aposentadoria no valor de 1 salário-mínimo, isso também estaria excluído do cálculo da renda mensal per capita.
Para reforçar a possibilidade – já aceita pela jurisprudência – de que duas ou maispessoa da mesma família podem receber o benefício, a Lei nº 13.982/2020 inseriu o § 15 com a seguinte redação:
Art. 20 (...)
§ 15. O benefício de prestação continuada será devido a mais de um membro da mesma família enquanto atendidos os requisitos exigidos nesta Lei.
AMPLIAÇÃO DO CRITÉRIO DE MISERABILIDADE NO PERÍODO DE PANDEMIA DO COVID-19
A Lei nº 13.982/2020 acrescenta ainda um novo artigo à Lei nº 8.742/93 prevendo a possibilidade de se ampliar o máximo de renda mensal per capita para concessão do BPC. Em outras palavras, esse novo artigo afirma que, durante o período de pandemia do Covid-19, o INSS poderá conceder o BPC mesmo que fique demonstrado que a renda mensal per capita é superior a 1/4 do salário-mínimo, desde que seja de até 1/2 salário-mínimo e se cumpram determinados requisitos. Veja o dispositivo inserido:
Art. 20-A. Em razão do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (Covid-19), o critério de aferição da renda familiar mensal per capita previsto no inciso I do § 3º do art. 20 poderá ser ampliado para até 1/2 (meio) salário-mínimo.
Vale explicar mais uma vez: renda mensal per capita de até 1/2 salário-mínimo é maior do que renda mensal per capita de até 1/4 do salário-mínimo. Isso significa que, para o requerente, o art. 20-A é mais benéfico porque mesmo tendo uma renda um pouco maior, ainda se enquadra no critério legal para que seja concedido administrativamente o benefício.
Regulamento irá definir como será feita essa ampliação, considerando-se alguns fatores
Art. 20-A (...)
§ 1º A ampliação de que trata o caput ocorrerá na forma de escalas graduais, definidas em regulamento, de acordo com os seguintes fatores, combinados entre si ou isoladamente:
I - o grau da deficiência;
II - a dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária;
III - as circunstâncias pessoais e ambientais e os fatores socioeconômicos e familiares que podem reduzir a funcionalidade e a plena participação social da pessoa com deficiência candidata ou do idoso;
IV - o comprometimento do orçamento do núcleo familiar de que trata o § 3º do art. 20 exclusivamente com gastos com tratamentos de saúde, médicos, fraldas, alimentos especiais e medicamentos do idoso ou da pessoa com deficiência não disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ou com serviços não prestados pelo Serviço Único de Assistência Social (Suas), desde que comprovadamente necessários à preservação da saúde e da vida.
§ 2º O grau da deficiência e o nível de perda de autonomia, representado pela dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária, de que tratam, respectivamente, os incisos I e II do § 1º deste artigo, serão aferidos, para a pessoa com deficiência, por meio de índices e instrumentos de avaliação funcional a serem desenvolvidos e adaptados para a realidade brasileira, observados os termos dos §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015.
§ 3º As circunstâncias pessoais e ambientais e os fatores socioeconômicos de que trata o inciso III do § 1º deste artigo levarão em consideração, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº 13.146, de 2015, entre outros aspectos:
I - o grau de instrução e o nível educacional e cultural do candidato ao benefício;
II - a acessibilidade e a adequação do local de residência à limitação funcional, as condições de moradia e habitabilidade, o saneamento básico e o entorno familiar e domiciliar;
III - a existência e a disponibilidade de transporte público e de serviços públicos de saúde e de assistência social no local de residência do candidato ao benefício;
IV - a dependência do candidato ao benefício em relação ao uso de tecnologias assistivas; e
V - o número de pessoas que convivem com o candidato ao benefício e a coabitação com outro idoso ou pessoa com deficiência dependente de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária.
§ 4º O valor referente ao comprometimento do orçamento do núcleo familiar com gastos com tratamentos de saúde, médicos, fraldas, alimentos especiais e medicamentos do idoso ou da pessoa com deficiência, de que trata o inciso IV do § 1º deste artigo, será definido pelo Instituto Nacional do Seguro Social, a partir de valores médios dos gastos realizados pelas famílias exclusivamente com essas finalidades, conforme critérios definidos em regulamento, facultada ao interessado a possibilidade de comprovação, nos termos do referido regulamento, de que os gastos efetivos ultrapassam os valores médios.
Considerações finais
Os parágrafos do art. 20-A prevêem critérios complexos, pouco objetivos e de difícil aferição. Isso tudo para regular uma pequena relativização do requisito da miserabilidade (de 1/4 para 1/2 do salário-mínimo) e apenas por um período de tempo.
Não me parece que tenha sido uma boa alteração.
Melhor seria ter deixado o critério geral de 1/2 do salário-mínimo já previsto pela Lei nº 13.981/2020 não apenas durante o período de calamidade pública, mas, principalmente, depois, quando as camadas mais pobres da sociedade sofrem imensamente com os impactos da recessão econômica que assolou o país.
Vale ressaltar, por fim, que esse critério de 1/4 ou de 1/2 vincula, quando muito, apenas o INSS na concessão administrativa do benefício. Isso porque, segundo decidiu o STF, o Poder Judiciário, quando analisa a possibilidade ou não de concessão judicial do BPC está livre para se valer de outros parâmetros, não estando vinculado ao critério da renda per capita inferior a 1/4 (ou 1/2) do salário-mínimo previsto na Lei (STF. Plenário. RE 567985/MT e RE 580963/PR, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 17 e 18/4/2013).
O estrangeiro residente no Brasil pode ter direito a esse benefício de prestação continuada?
SIM.
Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência social prevista no art. 203, V, da Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais.
STF. Plenário. RE 587970/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19 e 20/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).
Direito fundamental
O benefício assistencial previsto no art. 203, V, da CF/88 é uma expressão dos princípios da solidariedade e da erradicação da pobreza, elencados no art. 3º, I e III, do Texto Constitucional. Trata-se de uma forma de garantir assistência aos desamparados (art. 6º, caput, da CF/88). Por essa razão, possui natureza jurídica de direito fundamental.
"Assistência social será prestada a quem dela necessitar"
O caput do art. 203 da CF/88 afirma que a "assistência social será prestada a quem dela necessitar".
Essa expressão deve ser interpretada de acordo com a dignidade da pessoa humana, com a solidariedade social, com a erradicação da pobreza e com a assistência aos desamparados.
O benefício de prestação continuada não pode ser cumulado com qualquer outro benefício da Seguridade Social, salvo assistência médica e pensão especial de natureza indenizatória (Talidomida - Lei nº 7070/82 -Dispõe sobre pensão especial para os deficientes físicos que especifica e dá outras providencias – e Caruaru – Lei 9422/96 - Dispõe sobre a concessão de pensão especial aos dependentes que especifica e dá outras providências.). 
O benefício é revisto pelo INSS a cada dois anos, e não gera direito à pensão por morte aos dependentes do beneficiário, nem ao abono anual. A cessação do benefício da pessoa com deficiência não impede nova concessão, desde que atendidos os requisitos.
Ainda, a contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da remuneração e do benefício. A remuneração recebida, neste caso, não integra a renda familiar. 
O art. 20, § 9° da Lei 8.742 (Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da rendafamiliar per capita a que se refere o § 3o deste artigo), permite que pessoas com deficiência contratadas na condição de aprendizes continuem recebendo o BPC junto com a remuneração salarial durante o período do contrato.
A condição de acolhimento em instituições de longa permanência (asilo) não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício.
Benefícios eventuais: compreendem o pagamento de auxílio aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade pública (antes da LOAS, eram benefícios previdenciários). A concessão e o valor de referidos benefícios serão definidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios (por meio dos Conselhos de Assistência Social).
PORTADORES DE HIV. Tem direito ao benefício?
O simples fato de o interessado ser portador do vírus, sem manifestação da doença, não é suficiente para a obtenção do amparo. Mas se as doenças oportunistas já se manifestaram, estando ele incapacitado para prover a própria subsistência, deve o benefício ser deferido, desde que atendidos os demais requisitos, independentemente da previsão específica no regulamento (que não é taxativo).
E os MENORES?
De acordo com o Decreto 7.617/2011, as crianças e adolescentes menores de 16 anos devem ser avaliadas sobre a existência da deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade. Ou seja, essa alteração objetiva a superação da discussão na jurisprudência acerca da necessidade de que a incapacidade seja para atos da vida civil E para o trabalho, que constava da redação original do art. 20, § 2º, da Lei nº 8.742/93.
Ao contrário do alegado pelo INSS, o fato de o menor não trabalhar não é óbice ao recebimento do benefício. A TNU e os TRFs já vinham entendendo que cabia a concessão aos menores com deficiência de longo prazo.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #TRF5. TRF5: No caso, tratando-se a requerente de uma pessoa absolutamente incapaz (menor impúbere), não há que se falar em incapacidade para o trabalho, pois toda criança é incapaz, restando, pois, que analisar se é uma pessoa portadora de deficiência para fazer jus ao benefício assistencial. [...] (PROCESSO: 00007391120164059999, AC587834/PB, 2016).
Observações importantes: o beneficiário do amparo assistencial não recebe 13º, nem deixa o benefício em forma de pensão, quando de sua morte.

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