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- 1 - C O N T E Ú D O I. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS E SISTEMAS.............................. 2 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 2 1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DA 1ª ORDEM....................................................... 4 1.1. Equações diferenciais com variáveis separadas e separáveis............................. 5 1.2. Equações diferenciais homogêneas da 1ª ordem................................................ 8 1.3. Equações lineares da 1ª ordem. Equação de Bernoulli...................................... 12 1.4. Equações exactas. Factor integrante.................................................................. 14 2. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE ORDENS SUPERIORES................................ 18 2.1. Equações diferenciais redutíveis a equações de ordem inferior......................... 18 2.2. Equações lineares homogêneas de ordens superiores......................................... 22 2.3. Equações lineares não-homogêneas de ordens superiores. Método de Lagrange........................................................................................... 26 2.4. Método de coeficientes indeterminados............................................................. 29 2.5. Equação de Euler................................................................................................ 33 3. SISTEMAS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS...................................................... 35 3.1. Sistemas normais. Método de eliminação............................................................ 35 II. CÁLCULO OPERACIONAL................................................................................... 40 4. TRANSFORMAÇÃO DE LAPLACE...................................................................... 40 5. IMAGENS DE FUNÇÕES – ORIGINAIS MAIS SIMPLES................................. 41 6. TEOREMAS BÁSICOS DO CÁLCULO OPERACIONAL.................................. 43 7. RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS E SISTEMAS PELO MÉTODO OPERACIONAL..................................................................................... 48 - 2 - I. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS E SISTEMAS I N T R O D U Ç Ã O Suponhamos que no processo de estudo teórico de um fenómeno físico não seja possível encontrar a dependência funcional entre certas grandezas variáveis x e y que caracterizam este fenómeno, isto é )(xfy . Entretanto, existe possibilidade de achar uma relação analítica entre x , y e as derivadas da variável y com respeito a x , a saber: 0.......,,,,, )( nyyyyxF . A esta relação denomina-se equação diferencial. Vamos considerar dois problemas físicos que levam a equações diferenciais. Problema 1. Um corpo físico de uma massa m começa a cair com uma velocidade inicial 0v . É preciso determinar a lei de variação da velocidade da queda v como a função do tempo t , sabendo que o corpo a considerar sofre uma resistência de travagem da parte do ar que é proporcional à velocidade do movimento, sendo k coeficiente de proporcionalidade. Resolução. Em virtude da Segunda Lei de Newton tem-se: F dt vd m , onde F é a força resultante que age sobre o corpo na direcção de movimento que seja definida pelo vector unitário s . É claro que essa força está constituída pela força de gravidade smgP , sendo g aceleração da queda livre, e pela força de resistência do ar stvkF r )( , onde se toma o sinal menos, pois a força de resistência do ar é oposta à velocidade de movimento. Assim, obtemos uma equação diferencial em relação à velocidade )(tv : kvmg dt dv m . Pode-se mostrar que toda função da forma k mg Cetv m kt )( satisfaz a equação diferencial obtida qualquer que seja a constante C . Vamos determinar o valor desta constante de tal maneira que no momento inicial 0t a velocidade seja igual a 0v : 0 0 )0( v k mg Cev m k k mg vC 0 . Assim, achamos a solução final do problema colocado: k mg e k mg vtv m kt 0)( . - 3 - Problema 2. Num circuito eléctrico actua uma força electromotriz ( f.e.m. ) definida por tωsenEtE 0)( , sendo 0E amplitude e ω frequência das oscilações eléctricas. O circuito a considerar está constituído por um capacitor C , uma indutância L e uma resistência R ( como se mostra no desenho ). Determinar a dependência da carga eléctrica Q sobre as láminas do capacitor como função do tempo t . Resolução. A queda total da tensão no circuito dado é igual a )( UIR , onde I é corrente eléctrica no circuito, CQU - é diferença do potencial sobre as láminas do capacitor. Como se sabe, a corrente I num circuito depende da carga Q na forma: dtdQI . Por outro lado, a queda total da tensão deve ser igual à soma de todas as forças que actuam no circuito, a saber: f.e.m. E e f.e.m. no indutor igual a dtdIL . Assim, chegamos à equação: dt dI LtωsenEIR C Q 0 . Atendendo a que dtdQI , obtemos a seguinte equação diferencial em relação a )(tQ : tωsen L E Q LCdt dQ L R dt Qd 0 2 2 1 . Claro que para achar a solução )(tQ do problema dado, é preciso resolver a equação obtida. Pode-se apresentar outros numerosos exemplos de problemas físicos e técnicos que levam a equações diferenciais. Assim, é muito importante aprender os métodos principais de resolução destas equações. Vamos definir os conceitos básicos da teoria de equações diferenciais. Definição 1. Chama-se equação diferencial a uma equação que estabelece uma relação analítica entre a variável independente x , a função desconhecida )(xφy e as suas derivadas )(.......,,, nyyy , o que se escreve na forma simbólica seguinte: 0.......,,,,, )( nyyyyxF . Definição 2. Denomina-se ordem de uma equação diferencial à ordem da derivada superior que contem essa equação. Definição 3. Chama-se solução de uma equação diferencial a toda função xφy que satisfaça identicamente essa equação. Exemplo: É fácil verificar que toda função da forma xCsenxCy cos21 , onde 21,CC são constantes arbitrárias, é solução da equação diferencial da a2 ordem 0 yy . Definição 4. Chama-se solução geral de uma equação diferencial de ordem n a uma função nCCCxφy ,.....,,, 21 que contem n constantes arbitrárias nCCC ,.....,, 21 , chamadas constantes de integração, e que goza das seguintes propriedades: - 4 - a) esta função satisfaz a equação diferencial dada quaisquer que sejam valores admissíveis das constantes nCCC ,.....,, 21 ; b) sendo dadas certas condições 10 )1( 1000 )(,.....,)(,)( n n αxyαxyαxy , chamadas de condições iniciais , é sempre possível encontrar tais valores numéricos nCCC 00201 ,.....,, das constantes de integração que a função nCCCxφy 00201 ,.....,,, , denominada de solução particular da equação diferencial, verifica as condições iniciais indicadas. Definição 5. Chama-se integral geral de uma equação diferencial de ordem n a uma relação 0,.....,,,, 21 nCCCyx que define implicitamente a solução geral desta equação. NOTA: Resolver, ou seja, integrar uma equação diferencial significa achar a solução geral (ou integral geral) desta equação. Definição 6. Denomina-se problema de Cauchy a um problema formulado de modo seguinte: sendo dada uma equação diferencial e sendo colocadas respectivas condições iniciais, é preciso encontrar uma solução particular desta equação que satisfaça as condições iniciais indicadas. 1. Equações diferenciais da 1ª ordem Vamos estudar equações diferenciais da1ª ordem que, caso geral, podem ser escritas sob a seguinte forma geral: 0,, yyxF . As vezes esta equação pode ser resolvida em relação à derivada y e escrita na forma ),( yxfy . Para tal equação verifica-se o seguinte teorema de existência e unicidade da solução , conhecido como Teorema de Cauchy. Dada uma equação diferencial da 1ª ordem ),( yxfy . Suponha-se que a função ),( yxf e a sua derivada parcial yf sejam contínuas num domínio D do plano das coordenadas xOy , contendo um ponto ),( 000 yxP . Então, existe uma única solução )(0 xφy da equação diferencial dada, denominada solução particular, que verifica a seguinte condição: 0yy quando 0xx , ou seja, 00 )( yxy . Ao domínio D de que se fala no teorema formulado chama-se domínio de existência de soluções da equação diferencial dada. Pode-se dar a seguinte interpretação geométrica do teorema de Cauchy: sob as condições do teorema existe uma única função )(0 xφy que satisfaz a equação diferencial dada e cujo gráfico passa pelo ponto DyxP ),( 000 . Entretanto, podemos considerar uma infinidade de pontos ,.....2,1,),( 0 iDyxP ii , e segundo o teorema de Cauchy existe uma - 5 - infinidade de soluções particulares distintas )(xφy i tais que o gráfico de cada uma delas passa por um só dos pontos iP . A totalidade destes gráficos representa tal chamada família de curvas integrais da equação diferencial dada. Exemplo. Dada a equação diferencial x xy y 1 . A parte direita desta equação é função x xy yxf 1 ),( que não é definida para 1x . Logo, nos pontos da recta vertical 1x não se verificam as condições do teorema de Cauchy e o domínio de existência de soluções desta equação é 2RD \ Ryy ),;1( . Pode-se mostrar que a função xexCy )1( , C R satisfaz a equação diferencial dada e representa a sua solução geral. Atribuindo à constante C diversos valores numéricos, obteremos uma totalidade de distintas soluções particulares da equação dada, cujos gráficos formam sua família de curvas integrais. A seguir, vamos considerar os principais tipos de equações diferenciais da 1ª ordem e seus respectivos métodos de resolução. 1.1. Equações diferenciais com variáveis separadas e separáveis Definição 1. Chama-se equação diferencial com variáveis separadas a uma equação diferencial da 1ª ordem que tem a seguinte forma geral: dxxNdyyM )()( , onde )(yM e )(xN são certas funções de variáveis y e x , respectivamente. Desta definição resulta que uma equação diferencial com variáveis separadas representa, de facto, uma igualdade de dois diferenciais de algumas funções primitivas que se diferem por uma constante C . Logo, ao integrar ambas partes desta equação, obteremos o seu integral geral: CdxxNdyyM )()( , C R . Definição 2. Denomina-se equação com variáveis separáveis a uma equação diferencial da 1ª ordem da forma geral seguinte: 0)()()()( dxyQxPdyxNyM , onde )(yM , )(xN , )(xP e )(yQ são certas funções de variáveis y e x . Para integrar uma equação diferencial deste tipo é preciso separar as suas variáveis, transcrevendo-a para a forma dxyQxPdyxNyM )()()()( e, em seguida, dividindo ambas as partes da equação obtida por )()( yQxN na suposição 0)( xN e 0)( yQ . No resultado obteremos uma equação diferencial com variáveis separadas dx xN xP dy yQ yM )( )( )( )( , cujo integral geral é Cdx xN xP dy yQ yM )( )( )( )( , C R . - 6 - Além disso, é necessário analisar adicionalmente cada um dos casos 0)( xN e 0)( yQ que eventualmente podem ser soluções complementares da equação dada. Exemplo 1. Resolver o problema de Cauchy: 1)1(,0)1()1( 3232 yyxyyx . Resolução. Primeiro, multipliquemos ambas as partes da equação diferencial dada por 0dx e, atendendo a que dydxy , transformemo-la para a forma: dyxydxyx 3232 )1()1( . Supondo 0x , 0y e dividindo ambas as partes desta equação por 33yx , obtemos uma equação com variáveis separadas: dx x x dy y y 3 2 3 2 )1()1( . Ao integrar esta última equação, achamos o integral geral da equação dada: C x x y y 22 2 1 ln 2 1 ln , C R . A seguir, temos que determinar o valor da constante de integração C de modo que seja satisfeita a condição inicial 1)1( y . Fazendo 1x e 1y no integral geral, achamos 1C . Assim, encontramos uma solução particular da equação diferencial dada que satisfaz a condição inicial indicada, isto é solução do problema de Cauchy colocado: 1 2 1 ln 2 1 ln 22 x x y y . É facil ver, que caso 0x a equação diferencial dada não se verifica, pois não existe a derivada y . Ao mesmo tempo, a função 0y , cuja derivada 0y , satisfaz esta equação e constitui sua solução complementar que, entretanto, não é solução do problema de Cauchy dado. Resposta: 1 2 1 ln 2 1 ln 22 x x y y . Notemos que uma equação diferencial da forma )( cbyaxfy pode ser reduzida a uma equação diferencial com variáveis separáveis, utilizando a substituição cbyaxz , onde )(xz é nova função desconhecida. Exemplo 2. Resolver a equação diferencial: 32 xyy . Resolução. Transformando a equação dada para a forma 32 xyy e introduzindo a nova função desconhecida 32 xyz obtemos uma equação diferencial com variáveis separáveis em relação à função auxiliar )(xz : zz 2 . Multiplicando ambas as partes desta equação por dx e dividindo por 02 z , obtemos uma equação diferencial com variáveis separadas dx z dz )2( ou Cdx z dz ln )2( , onde 0C . A forma logarítmica da constante de integração permite apresentar a solução da equação acima na forma mais simples: xeCz 2 . Verificando o caso 02 z , obtemos que a função 2z é uma solução complementar da - 7 - equação zz 2 . Assim, a solução geral desta equação é: ( xeCz 2 ) ( 2z ) , onde 0C . Esta solução pode ser escrita sob uma única forma: xeCz 2 , onde C é constante arbitrária, isto é C R . Atendendo a que 32 xyz , achamos a solução geral da equação diferencial dada: xeCxy 21 . Resposta: xeCxy 21 . Ache as soluções das equações diferenciais dadas 1. 0)1( dyxdxxy ; 2. 0cos22 dyctgyxdxysentgx ; 3. 022 dyyxydxxxy ; 4. xyxyy 22 ; 5. 0sec13 2 dyyedxtgye xx ; 6. 22 11 yyyxx ; 7. 22 22 yyyx ; 8. )cos( xyy ; 9. 2)( yxy ; 10. 124 yxy . 11. 4)0(,0coscos ydxsenxydyxseny ; 12. 0)3(,2 yyctgxy ; 13. 1)1(,1)( yey yx ; 14. 1)0(,11 22 yyyx ; 15. 21)1(,2 yyyyx ; 16. 1)1(),1(2 yyxyxy ; 17. 2)0(,32 yxyy ; 18. 21)0(,)128( 2 yyxy ; 19. 1)0(,1)2( yyyx ; 20. eybyayysenxy )2(),1)2(),0ln . Respostas. 1. 1,)1( xexCy x . 2. xtgCyctg 22 . 3. 22 1)1( xyC . 4. 0,2)1( 2 yyeC x . 5. 0,)1( 3 xeCytg x . 6. ,)1)(1( 222 Cxyx 0C . 7. xCey 12 2 . 8. ZkkxyCx xy ctg ,2, 2 . 9. Cxyxarctg )( . 10. Cxyxyx 1242ln2124 . 11. yx cos2cos . 12. xy cos42 . 13. xy . 14. )1()1( xyx . 15. 1)1( yx . 16. 32 xy . 17. xexy 21 . 18. xtgyx 42128 . 19. 022 yx . 20. a) 1y ; b) )2(ln xtgey . - 8 - 1.2. Equações diferenciais homogêneas da 1ª ordem Primeiro, vamos definir um conceito auxiliar. Definição 1. Uma função ),( yxf diz-se função homogênea de grau k em relação aos seus argumentos x e y se para qualquer número real 0 se verifica a igualdade ),(),( yxfyxf k . Exemplos: a) a função yxxyxyxf 223 32),( é homogênea de grau 3k , pois dado qualquer 0 cumpre-se a igualdade ),(),( 3 yxfyxf ; b) é fácil verificar que a função x y arctg xy yxy yxf 22 ),( é homogênea de grau 0k ; c) a função 752),( 22 xyyxyxf não é homogênea. Definição 2. Uma equação diferencial da 1ª ordem diz-se equação homogênea se for dada numa das seguintes formas: 0),(),( dyyxNdxyxM ou ),( yxfy , onde ),( yxM , ),( yxN são funções homogêneas de um mesmo grau k , mas ),( yxf é função homogênea de grau zero. Na resolução de uma equação diferencial homogênea utilizam-se as substituições uxy , dxuduxdy ou uxuy , que levam a uma equação com variáveis separáveis em relação a nova função desconhecida )(xu . Exemplo 1. Resolver a equação x y yyx ln1 . Resolução. Sendo 0x , podemos transformar a equação dada para a forma: x y x y y ln1 . A parte direita desta equação x y x y yxf ln1),( é função homogênea de grau zero. Então, concluimos que a equação dada é homogênea. Utilizando as substituições uxy , uxuy , obtemos uma equação diferencial com variáveis separáveis em relação a nova função desconhecida )(xu : uuux ln ou x dx uu du ln , na suposição que 0ln u , sendo 0u . Na resolução desta última equação vamos escolher a constante de integração na forma logarítmica. Então, obteremos: Cxu lnlnlnln , onde 0C . Daqui resulta: xCeu . - 9 - É fácil verificar que o caso 0ln u dá mais uma solução da equação uuux ln , isto é 1u . Assim, a solução geral desta equação é xCeu , C R . Atendendo a que xyu , achamos a solução geral da equação dada: xCexy . Resposta: xCexy . Exemplo 2. Resolver o problema de Cauchy: 2)1(),()(cos ydxydyxxysenydyxdxyxyx . Resolução. Primeiro, vamos encontrar a solução geral da equação diferencial dada. Agrupando os seus termos com xd e com yd , transformemo-la para a forma: 0),(),( dyyxNdxyxM , onde xysenyxyyxyxM 2cos),( , xysenyxxyxyxN cos),( 2 são funções homogêneas do mesmo grau 2k . Logo, a equação acima é homogênea que se resolve, utilizando as substituições uxy , dxuduxdy que levam a uma equação diferencial com variáveis separáveis: 0)(coscos2 dusenuuuxdxuu . Resolvendo esta equação, achamos: Cuux cos2 , C R . Atendendo a que xyu , obtemos o integral geral da equação dada: Cxyyx cos . Utilizando a condição inicial 2)1( y , encontramos 2C . Assim, a solução do problema de Cauchy dado é 2cos xyyx . Resposta: 2cos xyyx . Agora, vamos considerar equações diferenciais que têm a seguinte forma geral: 222 111 cybxa cybxa f dx dy . Pode-se encontrar dois casos possíveis. a) Caso 01221 22 11 baba ba ba uma equação deste tipo reduz-se a uma equação homogênea, efectuando as substituições: huyktx , , onde t e u são, respectivamente, nova variável independente e nova função desconhecida; k e h são constantes que se determinam, resolvendo o seguinte sistema: .0 ;0 222 111 chbka chbka Efectuando as substituições indicadas, obteremos uma equação diferencial homogênea em relação à função auxiliar )(tu : ubta ubta f dt du 22 11 . - 10 - Exemplo 3. Integrar a equação: 42 52 yx yx y . Resolução. Calculemos o determinante 03 12 21 22 11 ba ba . Então, vamos pôr huyktx , , onde t e u são, respectivamente, nova variável independente e nova função desconhecida; k e h são constantes que se determinam, resolvendo o seguinte sistema: .042 ;052 hk hk Este sistema tem única solução 1k , 2h . Então, efectuando na equação diferencial dada as substituições tdudxdyduytx ,2,1 , obtemos uma equação homogênea ut ut td ud 2 2 , cujo integral geral é: 32 )()( tuCtu , C R . Atendendo a que 1,2 xtyu , achamos o integral geral da equação diferencial dada: 32 )1()3( yxCxy . Resposta: 32 )1()3( yxCxy . b) Se 01221 22 11 baba ba ba , então verifica-se 1 2 1 2 b b a a , ou 12 aa , 12 bb . Neste caso tem-se: ybaybxa 1122 . Utilizando a substituição ybxaz 11 e tomando em consideração que zybxa 22 , 11 bxzy , reduzimos a equação inicial a uma equação diferencial com variáveis separáveis. Exemplo 4. Resolver o problema de Cauchy: 0)0(,)324()12( yydyxxdyx . Resolução. Atendendo a que 0 24 12 22 11 ba ba e usando a substituição yxz 2 , obtemos uma equação diferencial com variáveis separáveis xdzzdz )1(5)32( , cujo integral geral é )52(1 xzeCz , C R . Daqui resulta o integral geral da equação diferencial dada )2(1)2( xyeCyx . Da condição inicial segue 1C . Assim, a solução do problema de Cauchy posto é )2(1)2( xyeyx . Resposta: )2(1)2( xyeyx . - 11 - Ache as soluções das seguintes equações diferenciais 21. yyx 1 ; 22. yxyyx 222 ; 23. x y e x y y ; 24. 01 yyx ; 25. xytgxyyx ; 26. xdyydyxx lnln ; 27. 223 22 yxyyx ; 28. ydyxxxdxyxy 233 222 ; 29. yxyyx ; 30. 0cos xyyyxx ; 31. 0)3()642( ydyxxdyx ; 32. 0)133()1( xdyxydyx ; 33. 52)42( xyyyx ; 34. yxyyx 321)564( ; 35. 12)12( yxyyx ; 36. 22 )2(2)1( yyyx ; 37. 12)342( yxyyx ; 38. ydyxxdy )42()2( ; 39. 532)4( yxyyx ; 40. 63)52( xyyx . 41. 0)1(, yxxyarctgyyx ; 42. 3)1(,02 222 yydyyxxxdyxy ; 43. 1)1(,22 yyyxyxy ; 44. 3)2(,023 22 yxdyxydxy ; 45. 1)1(),0)4(),0222 ybyaydyxxdyx ; 46. 1)1(,ln)( y x yx yxyyx ; 47. 1)1(,22 2222 yxyxyyxyxy ; 48. 1)1(,lncos y x y yyx ; 49. 1)1(,022 222 yxdyydyxyx ; 50. 0)1(,03434 2222 yyxyxyyyxx . Respostas. 21. xCxy ln . 22. 0,22 yCyxy . 23. xyeCx ln . 24. 2 x x C y . 25. Cxxysen . 26. )1( yCeyx . 27. ,ln22 Cxyx 0y . 28. xyexyxC yxx ,)( )(32 . 29. 0,2ln yyxCxx . 30. Cxxysen ln . 31. 23 )1()2( xyCxy , 1 xy . 32. xyCyxyx 1,1ln23 . 33. Cyxyxyx 22 . - 12 - 34. )2(3)732( yxCeyx . 35. Cyxyxyx 22 . 36. 3 2 2 2 x y arctg Cey . 37. Cyxxy 584ln48 . 38. 1),1()2( 2 yxyxCy . 39. Cxyyx 5)5)(22( . 40. Cxyxy 3)1)(73( . 41. x y arctg x y yx 22ln . 42. 23 )(3)2(4 xyxyy . 43. )ln1( yxy . 44. )(275 223 xyy . 45. a) xyx 422 ; b) xy . 46. 12 xxy . 47. xy . 48. xy . 49. xy . 50. 1)()( 3222 yxyx . 1.3. Equações lineares da 1ª ordem. Equação de Bernoulli Definição 1. Chama-se equação linear da 1ª ordem a uma equação diferencial da forma seguinte: )()( xQyxPy , onde )(),( xQxP são certas funções de x . A parte esquerda desta equação é do primeiro grau, ou seja, linear em relação à função desconhecida )(xy e à sua derivada y . O método de resolução de uma equação linear da primeira ordem consiste em seguinte. Vamos procurar a sua solução naforma do produto de duas funções desconhecidas )(xu e )(xv , isto é vuy . Neste caso uma destas funções, digamos )(xv , pode ser escolhida arbitrariamente, mas outra, isto é )(xu , deve ser determinada de modo que o produto vu satisfaça a equação linear dada. Então, efectuando as substituições vuy , vuvuy , obteremos: )()( xQvuxPvuvu ou )(])([ xQvxPvuvu . Agora, para simplificar a última equação vamos escolher a função )(xv de tal maneira que a expressão entre os parénteses rectos seja igual a zero, isto é 0)( vxPv . Resolvendo esta equação com variáveis separáveis, achamos uma sua solução particular, correspondente a constante de integração nula: xdxP exv )( 0 )( . Neste caso a função )(xu satisfaz a seguinte equação )(0 xQvu , cuja solução é Cxdxv xQ xu )( )( )( 0 , C R . Assim, a solução geral da equação linear tem a seguinte forma: Cxdxv xQ xvy )( )( )( 0 0 . Exemplo 1. Resolver a equação diferencial: 4)1(2)1( xyyx . - 13 - Resolução. A parte esquerda da equação dada é do primeiro grau em relação a y e y , a sua parte direita é uma função de x . Logo, a equação dada é linear. Efectuando as substituições vuy e vuvuy , obtemos a seguinte equação: 4)1(]2)1([)1( xvvxuvux . Igualando a zero a expressão entre os parénteses rectos, obtemos uma equação diferencial com variáveis separáveis em relação à função )(xv : 02)1( vvx . Uma solução particular desta equação, correspondente a constante de integração nula, é 2 0 )1()( xxv . Então , a função )(xu é definida pela equação 4 0 )1()1( xvux ou 43 )1()1( xux , cuja solução geral é Cxxu 2)1( 2 1 )( , C R . Atendendo a que vuy , encontramos a solução geral da equação dada: Cxxy 22 )1( 2 1 )1( . Resposta: Cxxy 22 )1( 2 1 )1( . Definição 2. Chama-se equação de Bernoulli a uma equação diferencial da 1ª ordem da forma seguinte: yxQyxPy )()( , onde 10 , )(),( xQxP são certas funções de x . Para resolver uma equação de Bernoulli pode ser empregue o mesmo método que se aplica na resolução de equações lineares, a saber, fazem-se as substituições vuy , vuvuy e realiza-se a ideia que foi apresentada acima. Exemplo 2. Resolver a equação diferencial: 0)2ln( xdyydyxx . Resolução. A equação dada não é nem linear, nem de Bernoulli em relação a )(xy , pois contém yln . Vamos considerar a variável x como função desconhecida do argumento y , isto é )(yxx . Neste caso ydxxd e a equação dada pode ser transformada à forma: yxxxy ln2 2 . Conforme à Definição 2 esta equação é de Bernoulli que resolvemos aplicando as substituições )()( yvyux , vuvux , onde vux ,, são derivadas em relação a y . No resultado obtemos: yvuvvyuuvy ln2 22 . A função )(yv procuramos, igualando a zero a expressão entre os parénteses: 02 vvy . Resolvendo esta equação, achamos 20 1 yv . Então, a função )(yu é definida pela equação yyuuyy ln11 2222 , cuja solução geral é 22 ln214 yCyyu . Assim, atendendo a que vux , obtemos a solução geral da equação diferencial dada: 2ln214 yCyx . Resposta: 2ln214 yCyx . - 14 - Exemplo 3. Resolver o problema de Cauchy: 1)0(,cos)1(cos 2 yxsenxyyxy . Resolução. Esta equação é de Bernoulli. Aplicando a substituição vuy , obtemos: xsenxvuvxvuxvu cos)1()cos(cos 22 . Da equação 0cos vxv achamos x senxx tgv cos 1 42 0 . Então, a função )(xu é definida pela equação xuu cos2 , cuja solução geral é )(1)( senxCxu , C R . Atendendo a que vuy , encontramos a solução geral da equação dada: xxsenC xsen y cos)( )1( . Da condição inicial 1)0( y obtemos 1C . Assim, a solução do problema de Cauchy dado é xy cos1 . Resposta: xy sec . Resolva as equações diferenciais dadas 51. 2 2 xexyxy ; 52. xexyxyx 23)1( ; 53. yxyyx 24 ; 54. 222 121 xyxyx ; 55. ydyxsenyyxdy 22 11 ; 56. xexyyx 21)( ; 57. 0)1( 3 ydyxxxdyy ; 58. 12 yyctgxysen ; 59. 0)ln2( ydxyyyxdy ; 60. yxxyxy 12 . 61. 0)0(,sec yxtgxyy ; 62. 21)1(,022 yyxyyx ; 63. eeyyxyyx )(),(2 ; 64. 0)1(,)1( 2 yxxyyxx ; 65. 0)1(,1)2cos( yyysenyx ; 66. 1)0(,2 2 1 cos yxsenxyy ; 67. 2)(,ln)1(2 eyxyyxy ; 68. 1)2(,2 yxctgyxsenyy ; 69. 2)1(,0cos32 yydyyctgxxdx ; 70. 1)1(,03ln6 645 yydxyyxdyx . Respostas. 51. 2 )2( 2 xexCy .52. xexCxy )( 3 . 53. 24 ln xCxy . 54. ))(1( 2 Cxxy . 55. Cyyx cos1 2 . 56. xeCxxy 25,0ln . 57. )ln(2)1( 22 Cyyxy , 1,0 yy . 58. senyyCx )cos( . - 15 - 59. Cyyxy ln2 . 60. 0,113 4 22 yxCxy . 61. xyx cos . 62. 1)( 2 xxy . 63. xyx ln . 64. )ln1()1( xxxxy . 65. ysenesenyx )1(2 . 66. xsenexseny 21 . 67. )lnln(2 22 xxy . 68. xsenxseny 322 213 . 69. ysenysenx 322 21 . 70. 46 )ln1( yyx . 1.4. Equações exactas. Factor integrante Definição 1. Chama-se equação exacta a uma equação diferencial da 1ª ordem da forma 0),(),( ydyxQxdyxP , onde ),(),,( yxQyxP são funções que verificam a seguinte condição: yPxQ . Sob esta condição a parte esquerda da equação exacta representa o diferencial total de uma função ),( yxF , sendo yFyxQxFyxP ),(,),( . Da teoria de integrais curvilíneos de a2 espécie é sabido que neste caso verifica-se a seguinte igualdade CydyxQxdyxPyxF y y x x ),(),(),( 00 0 , C R que determina o integral geral da equação exacta dada. Notemos que ),( 00 yx é um ponto fixo no qual as funções ),(),,( yxQyxP são contínuas. Exemplo 1. Resolver o problema de Cauchy: 2)1(,03 yydxyxdy . Resolução. É fácil verificar que as funções yyxP ),( e xyyxQ 3),( satisfazem a condição 1 yPxQ . Logo, a equação diferencial dada é exacta. Então, ao escolher o ponto )0;0(),( 00 yx e atendendo a que 0)0,( xP , obtemos: Cydxyxd yx 3 00 0 , C R . Desta igualdade achamos o integral geral da equação diferencial dada: Cyxy 44 . Utilizando a condição inicial 2)1( y , achamos 8C . Assim, encontramos a solução do problema de Cauchy dado: 844 yxy . Resposta: 844 yxy . Agora, vamos considerar outro caso possível. Seja dada uma equação diferencial da forma seguinte 0),(),( ydyxQxdyxP . Suponha-se yPxQ , quer dizer a equação dada não seja exacta. Em certos casos é possível encontrar uma função ),( yx , - 16 - chamada factor integrante, tal que sendo ela multiplicada pela equação dada obter-se-á uma equação exacta, isto é 0),(),(),(),( ydyxQyxxdyxPyx . Então, caso geral o factor integrante determina-se pela condição: yPxQ . Entretanto, é mais fácil achar o factor integrante em seguintes dois casos particulares: 1) se )( 1 xu y P x Q Q , então xdxu ex )( )( ; 2) se )( 1 yv y P x Q P , então ydyv ey )( )( . Exemplo 2. Resolver a equação diferencial: 0)1( ydxxdyxy . Resolução. Sendo )1(),( yxyyxP e xyxQ ),( e calculando yxyP 21 e 1 xQ , verificamos que yPxQ . Logo,a equação diferencial dada não é exacta. Entretanto, )( 21 yv yy P x Q P . Isso significa que existe um factor integrante dependente da variável y que calculamospela fórmula: 2 2 )( 1 )( y eey yd yydyv . Agora, multiplicando a equação diferencial dada pelo factor integrante 21 y , obtemos uma equação exacta 0 )1( 2 yd y x xd y yx , cujo integral geral é : yCyxx )2( , C R . Resposta: : yCyxx )2( . Resolva as seguintes equações diferenciais 71. 022 2323 ydyxyxdyxx ; 72. 0332 232 ydyxxdyxx ; 73. 02 ydyexxde yy ; 74. 02 22 ydyxxdyx ; 75. ydyyxxdyxx 2223 323 ; 76. 0ln1 ydxxxdxy yy ; 77. 0ln3 ydxyxxdy ; 78. 032 22 ydxyxdyx ; 79. ydyxyxdyxx 2222 11 ; 80. 0122 2 ydyctgxxdysenx . - 17 - Respostas. 71. Cyyxx 4224 . 72. Cyyxx 332 . 73. Cyex y 2 . 74. Cyyx 323 . 75. Cyxyxx 3224 424183 . 76. Cx y . 77. Cyxy 4ln4 . 78. 322 yCyx . 79. Cyxyx 3222 )(236 . 80. senyxCx )4(1 2 .
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