Buscar

4-queixa-crime

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
1 
QUEIXA-CRIME 
1. INTRODUÇÃO 
O presente assunto é de certa importância para a 2ª fase da OAB de Direito Penal, 
tendo em vista a sua possibilidade de incidência tanto na questão prático-profissional, 
quanto em questões dissertativas. 
Por conta disso, preferimos abordar inicialmente o assunto ação penal de forma ampla, 
adotando a classificação das ações penais quanto à titularidade do direito de ação. Assim, 
inicialmente falaremos das ações penais públicas para depois abordar a ação penal privada 
e então adentrar no tema queixa-crime. 
2. AÇÃO PENAL PÚBLICA 
2.1. Ação penal pública incondicionada. 
A ação penal é o meio pelo qual se provoca o ente estatal através do exercício da 
jurisdição para solucionar uma lide composta por um conflito de interesses. Ou seja, o 
Estado NÃO vai atrás das lides, sendo a jurisdição penal inerte por natureza. 
A ação penal pública incondicionada é aquela em que o Ministério Público é o titular do 
direito de ação e não necessita da manifestação de vontade de quem quer que seja para 
oferecer a denúncia, bastando, no caso concreto, a existência da justa causa, ou seja, prova 
da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria ou participação, e das demais 
condições da ação. As provas nos dão certeza de que um fato ocorreu, já os indícios são 
indicativos acerca dos fatos. 
A regra geral é a de que os crimes sejam motivadores de ação penal pública 
incondicionada, e quando a lei silenciar sobre o tipo de ação penal que o crime motiva a 
ação penal será pública incondicionada. Já para o crime ser motivador de ação penal pública 
condicionada ou ação penal privada deve haver expressa disposição legal, como bem 
elucida o art. 100 do Código Penal. 
A denúncia é a peça inicial da ação penal pública incondicionada, procedida pelo MP, na 
regra geral (art. 46 do CPP), no prazo de 5 dias estando o réu preso e 15 dias estando o réu 
solto, porém o prazo é impróprio, não existindo preclusão para o oferecimento da 
denúncia. Da mesma forma, o MP NÃO sofre decadência do direito de ação. 
Ex: Imagine um homicídio simples, no qual o MP tem prazo de 5 dias ou 15 dias para 
oferecer denúncia e não a oferece no prazo legal, mesmo após o prazo, ainda que 10 anos 
depois (desde que o crime não esteja prescrito), poderá ainda o MP oferecer a denúncia, 
pois o prazo não preclui e o MP não sofre decadência. 
OBS.: Juiz não pode iniciar um processo de OFÍCIO, valendo salientar que o processo 
criminal instaura-se com o RECEBIMENTO da denúncia. Assim, não é o simples 
oferecimento da peça acusatória que faz surgir o processo, pois o juiz pode rejeitar a 
denúncia ou queixa ou recebê-la. 
 
DICA MUITO IMPORTANTE: O entendimento dominante 
estabelece que não mais existe a obrigação do Ministério Público em denunciar, mas sim 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
2 
em manifestar-se. Traduzindo: ao ser comunicado formalmente da ocorrência de um delito, 
como por exemplo, pelo recebimento dos autos do inquérito policial, o Ministério Público 
deverá manifestar-se, formando o que chamamos de opinio delicti. 
Assim, recebidos os autos de inquérito ou outras peças de informação, o MP DEVERÁ 
oferecer denúncia OU devolver os autos à delegacia para a continuidade das investigações 
OU requerer o arquivamento. 
2.2. Ação penal pública condicionada. 
A ação penal pública será condicionada nas hipóteses expressamente previstas em lei, 
existindo duas modalidades, quais sejam, ação penal condicionada à requisição do Ministro 
da Justiça ou à representação do ofendido. Elas serão devidamente analisadas a seguir. 
a) Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. 
Hoje as hipóteses desta ação são muito poucas e se restringem às seguintes situações: 
- Crimes praticados contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo 
Estrangeiro (art. 141, I, c/c, art. 145, parágrafo único, CP) 
- Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. (art. 7º, § 3º, b, CP) 
 
OBS.: Se o crime for de ação penal condicionada à requisição do Ministro da Justiça, 
sem o requerimento desta autoridade não existe ação, sendo tal requerimento uma 
condição específica de procedibilidade. Porém, vale lembrar que o requerimento não obriga 
a propositura da ação penal. Além disso, tal requerimento é irretratável, ou seja, o Ministro 
da Justiça não é obrigado a oferecer o requerimento, mas oferecendo não caberá 
retratação. Vale ressaltar, também, que não existe prazo para o Ministro ingressar com o 
requerimento, ele pode ingressar a qualquer tempo desde que não tenha ocorrido a 
prescrição criminal. 
 
b) Ação penal pública condicionada à representação do ofendido. 
Neste tipo de ação penal o promotor de justiça só poderá oferecer denúncia se houver 
a representação do ofendido, funcionando esta, também, como uma condição específica de 
procedibilidade. Esta representação, vale lembrar, é uma manifestação de vontade do 
ofendido ou de seu representante legal, no sentido de que seja o fato objeto de processo. 
A representação é despida de maiores rigores formais, podendo ser feita oralmente ou 
por escrito perante a autoridade policial, o órgão do Ministério Público ou o juiz, nos termos 
do art. 39 do CPP. 
Porém, uma vez feita a representação o Ministério Público não está obrigado a oferecer 
denúncia, pois devem estar presentes as demais condições e requisitos para a propositura 
da ação penal, dentre os quais a justa causa. O que obriga o MP ao oferecimento da 
denúncia é a presença de todas as condições da ação. 
Além disso, o ofendido não está obrigado a representar, porém se ele for representar 
deve fazê-lo no prazo decadencial de 6 meses contados do conhecimento da autoria do 
delito, nos termos do art. 38 do Código de Processo Penal. Ou seja, a representação deverá 
ser procedida no prazo de seis meses a contar do momento em que o querelante souber 
quem foi o autor da prática delitiva. Não sendo oferecida a representação dentro do prazo 
de seis meses contados da data em que se soube quem era o autor do fato (regra geral), a 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
3 
decadência implicará na extinção da punibilidade em favor do agente, na forma do art. 107, 
IV do Código Penal. 
 
Atenção! Se a vítima for menor de idade, e o seu representante legal não 
oferecer a queixa crime ou a representação, quando a vítima completar os 18 anos ela terá 
seis meses, a partir daquela data (dos seus 18 anos) para exercer o direito. 
O mesmo ocorre quando os interesses do representado são conflitantes com os interesses 
do representante, abrindo o prazo de 6 meses para o curador especial a partir da data de 
sua nomeação (art. 33 do CPP). 
 
 
OBS.: Lembre-se que o prazo decadencial é considerado pela doutrina como um 
prazo próprio, sendo de grande importância a diferenciação entre prazo próprio e prazo 
impróprio: 
Prazo Próprio – são os que sofrem preclusão, como os decadenciais. 
Ex. exercício do direito de representação. 
Prazo Impróprio – são aqueles que não sofrem preclusão. 
Ex. prazo para oferecer a denúncia pelo MP. 
 
DICA! Deve-se estar atento à análise sobre se o prazo é PROCESSUAL PENAL ou 
PENAL, uma vez que a contagem dos mesmos se dá de forma distinta. 
 
Contagem de prazos PROCESSUAIS PENAIS, aos quais se aplica o art. 798 do CPP: 
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se 
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. 
§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, 
considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade,se feita a prova do dia 
em que começou a correr. 
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia 
útil imediato. 
§ 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo 
judicial oposto pela parte contrária. 
§ 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão: 
a) da intimação; 
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte; 
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho. 
 
Contagem de prazos PENAIS, com aplicação do art. 10 do CP: 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os 
anos pelo calendário comum. 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
4 
 
OBS.: A contagem dos prazos de PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA, PRISÃO E 
CUMPRIMENTO DE PENA é feita na forma do art. 10 do CP, são, portanto, prazos penais! E 
devemos incluir o dia do início e excluir o dia do final. Da mesma forma, não importa se o 
primeiro e o último dia é ou não útil, isso não faz diferença. 
 
Exemplo: Imagine que em um crime de ação penal privada, a vítima tenha tomado 
conhecimento da autoria do fato no dia 24 de dezembro de 2012, portanto, um feriado 
forense. O fato se ser feriado não importa, pois como o prazo decadencial é um prazo 
penal, o dia do início é incluído e não importa se é útil ou não. Assim, o primeiro dia é o 
próprio dia 24/12/2012. A queixa tem que ser oferecida dentro do prazo decadencial de seis 
meses (art. 38 do CPP). 
 
Contando-se 6 meses a partir de 24/12/2012 observamos o seguinte: 
janeiro = 1 mês 
fevereiro = 2 meses 
março = 3 meses 
abril = 4 meses 
maio = 5 meses 
junho = 6 meses 
 
Ou seja, o prazo decadencial vencerá em junho de 2013. Como a vítima conheceu da autoria em 24/12/2012, completam-se 6 meses em 23/06/2013 (porque 
devemos contar os seis meses e excluir o dia do final). 
O problema é que dia 23/06/2013 cai em um domingo, e o prazo decadencial não se 
prorroga, assim, a queixa terá que ser oferecida até a sexta-feira anterior, dia 21, pois se for 
oferecida na segunda já terá ocorrido a decadência do direito de queixa. 
 
DICA! Natureza jurídica da representação e da requisição nos crimes de ação penal 
pública condicionada: 
Nas infrações de ação penal pública condicionada, o Ministério Público somente poderá 
oferecer a denúncia se presente, além das condições genéricas para o exercício do direito 
de ação, mais um requisito, consistente na representação do ofendido (ação penal pública 
condicionada à representação) ou na requisição do Ministro da Justiça (ação penal pública 
condicionada à requisição). 
Assim, representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça são condições 
específicas de procedibilidade. 
A representação do ofendido nada mais é que uma manifestação inequívoca de 
vontade, que independe de maiores formalidades, podendo ser extraída, por exemplo de 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
5 
um simples depoimento da vítima em sede policial. A representação, da mesma forma que a 
queixa crime nas infrações de ação penal privada, sujeita-se ao prazo decadencial de 6 
meses previsto no art. 38 do CPP, que deve ser contado a partir da data em que a vítima 
vem a saber quem foi o autor do fato. 
A representação é retratável até o oferecimento da denúncia, sendo ainda possível a 
retratação da retratação, desde que dentro do prazo decadencial de 6 meses, ressalvadas 
as hipóteses de infrações de menor potencial ofensivo. 
A requisição do Ministro da Justiça, no entanto, é irretratável e não se sujeita a prazo 
decadencial, conforme entendimento doutrinário dominante. 
Outrossim, devemos lembrar que nem a representação, nem a requisição do Ministro 
da Justiça, vinculam o Ministério Público, que formará a opinio delicti em razão da presença 
ou ausência das condições da ação. 
Outra característica da representação é a de que ela é retratável, ou seja, a pessoa pode 
representar e depois voltar atrás. A retratação da representação, na regra geral, não carece 
de fundamentação, inclusive, é possível a retratação da retratação. Entretanto, como bem 
elucida o art. 25 do CPP, pode haver a retratação até o oferecimento da denúncia. Logo, a 
representação do ofendido é irretratável depois do oferecimento da denúncia. 
Por fim, ainda em relação ao tema representação, vale elucidar que esta somente 
poderá ser oferecida pelo: 
- Ofendido 
- Representante legal – age em nome da vítima que é viva, porém incapaz. 
- Sucessor processual - se o ofendido for falecido ou declarado ausente por decisão 
judicial, a substituição ou sucessão processual segue a regra do CADI (Cônjuge, Ascendente, 
Descendente e Irmão, nesta ordem). 
Depois de oferecida a representação deve haver justa causa para que o MP possa 
oferecer a denúncia, ou seja, deve haver prova da materialidade do crime e indícios 
suficientes de autoria ou participação para que, após a representação, o MP possa oferecer 
a denúncia. 
Justa Causa é a existência de lastro ou suporte probatório mínimo (prova da existência 
do crime e indícios suficientes de autoria) extraído de peças de informação, de forma a se 
evitar uma acusação temerária. Sobre a justa causa: 
Não nos parece correta a afirmação de que para a sua admissibilidade basta que a denúncia 
esteja lastreada em prova da autoria e materialidade. Se examinarmos tais elementos ao 
nível da dogmática Penal, vamos constatar que autoria e materialidade não chegam sequer 
a configurar um juízo de tipicidade, na medida em que as normas Penais incriminadoras têm 
outros elementos essenciais, quer subjetivos, descritivos ou normativos. 
(...) Não basta que, formalmente, a denúncia (...) impute ao réu uma conduta típica, ilícita e 
culpável. Isto satisfaz o aspecto formal da peça acusatória, mas para o regular exercício da 
ação pública se exige que os fatos ali narrados tenham alguma ressonância na prova do 
inquérito ou constante das peças de informação. Em outras palavras, a acusação não pode 
resultar de um ato de fé ou de adivinhação do autor da ação penal. Tudo que de essencial 
ele descrever na denúncia deve estar respaldado na prova do inquérito, ainda que de forma 
frágil ou incompleta. (JARDIM, Afrânio Silva. Direito Processual Penal. Estudos e Pareceres. 
11ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. pp. 97-8) 
 
3. AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
6 
3.1. Queixa-crime 
Em certos casos previstos em lei, a publicidade inerente aos atos processuais de alguns 
crimes seria mais prejudicial do que o próprio fato ou ainda que a própria impunidade do 
agressor, por esta razão, por critérios de política criminal, existe a ação penal privada, 
tendo como titular o particular ofendido. 
A queixa-crime é a peça inicial da ação penal privada, promovida pelo ofendido ou por 
quem tenha qualidade para representá-lo. Caso o ofendido venha a falecer, ou seja 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de queixa será transmitido a seus 
sucessores processuais, seguindo a sequência do CADI (cônjuge, ascendente, descendente 
e irmão), nos termos do art. 31 do Código de Processo Penal. 
Por se tratar de uma petição inicial em matéria criminal, deve conter todos os requisitos 
do art. 41 do Código de Processo Penal, também exigidos no oferecimento da denúncia, ou 
seja, imputação do crime, pedido de condenação, qualificação do acusado e, quando 
necessário, rol de testemunhas. 
No que se refere ao prazo da queixa-crime, salvo expressa previsão legal em contrário, 
a queixa deverá ser oferecida no prazo de seis meses a contar do momento que o ofendido 
tomou ciência da autoria do delito, sob pena de decadência(art. 38 do CPP). Ou seja, a 
queixa-crime possui prazo próprio para ser oferecida, existindo o prazo decadencial de 6 
meses a contar do momento em que a vítima toma ciência da autoria do delito. 
Os crimes que preveem ação penal privada estão expressamente previstos em lei. 
Quando o Código for silente, o crime será de ação penal pública incondicionada. 
A queixa-crime é peça privativa de advogado e tem 2 características elementares: 
- Não obrigatoriedade ou discricionariedade – a vítima move a queixa crime se quiser, 
pode haver, inclusive, a renúncia ao direito de queixa de forma expressa ou tácita contra 
todos os ofensores. A isto se dá o nome de oportunidade ou conveniência, princípio 
regente da ação penal privada. 
- Indivisibilidade – a queixa é indivisível, ou seja, a queixa contra qualquer um dos 
autores do crime obrigará o processo contra todos. Caso exista renúncia ao direito de 
queixa em relação a um dos autores do delito, esta renúncia se estenderá a todos (arts. 48 
e 49 do CPP). 
 
OBS.: A ação penal privada é discricionária na propositura e também discricionária 
durante o processo. Por isso, após oferecida a queixa-crime, a vítima poderá desistir da 
pretensão deduzida, ou seja, poderá desistir do processo, e poderá fazê-lo através do 
perdão ou através da perempção. 
É importante lembrar que o perdão do ofendido também goza de indivisibilidade, pois o 
perdão oferecido a um dos autores do delito, a todos se estenderá. Todavia o perdão 
configura-se como ato bilateral, pois o acusado deve aceitá-lo. Existindo uma pluralidade de 
acusados, caso um ou alguns deles não aceitem o perdão ofertado, o processo seguirá 
contra estes, mas será extinto em favor dos que acataram o perdão. O perdão do ofendido, 
da mesma forma que a perempção, funciona como causa extintiva de punibilidade. 
3.2. Modalidades de ação penal privada. 
Existem as seguintes modalidades de ação penal privada: 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
7 
a) Propriamente dita ou exclusiva – é aquela que, desde o início, o crime procede-se 
mediante queixa e está previsto expressamente no tipo penal. Este tipo de ação 
penal privada pode ser proposta pela vítima, representante legal ou sucessor 
processual. 
b) Personalíssima – é aquela que não admite representação legal, nem substituição 
processual. Só quem pode mover a ação privada é a vítima. Só existe um crime 
motivador de ação penal personalíssima que é o induzimento a erro essencial ou 
ocultação de impedimento para o casamento (art. 236 do Código Penal). Este crime 
ocorre nos casos em que um dos cônjuges casa com outrem sem prestar uma 
informação essencial, havendo o induzimento a um erro essencial. Nestes casos 
SOMENTE o cônjuge que tenha sido ofendido é que pode propor a ação. Para esta 
ação penal, há uma condição específica, a anulação do referido casamento. 
c) Alternativa ou Secundária – manifesta-se nos crimes contra a honra de servidor 
público em razão das funções que estes exercem. Nestes crimes existem duas 
ações penais possíveis, ação penal pública condicionada à representação ou ação 
penal privada. 
 
OBS.: A ação penal alternativa ou secundária possui, inclusive, expressão na 
jurisprudência do STF, haja vista a Súmula 714 que prevê a legitimidade concorrente do 
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do 
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do 
exercício de suas funções. 
 
d) Privada subsidiária da pública – inicialmente deve-se estar diante de uma hipótese 
em que originalmente o crime era de ação penal pública, podendo ser 
incondicionada ou condicionada, no qual o Ministério Público nada fez, quedou-se 
inerte. Sabemos que o MP é regido pelo princípio da obrigatoriedade, o que 
significa que deverá, recebendo os autos de inquérito ou outras peças de 
informação, manifestar-se, formando a opinio delicti, decidindo pelo oferecimento 
da denúncia, devolução dos autos à delegacia ou requerer o arquivamento. A 
inércia do MP não é compatível com o princípio da obrigatoriedade que rege a ação 
penal pública e, por isso, ficando ele inerte, ou seja, quando não apresenta nenhum 
tipo de manifestação no prazo legal (art. 46 do CPP), será possível o oferecimento, 
por parte da vítima, da queixa subsidiária. 
Lembre-se: não será cabível a ação penal privada subsidiária da pública caso o MP 
se manifeste, assim, se o MP oferecer denúncia, requerer o arquivamento ou 
devolver os autos do inquérito para a delegacia não será possível o oferecimento da 
queixa subsidiária. 
A queixa subsidiária pode ser intentada por representante legal (no caso de vítima 
menor ou incapaz a qualquer título) ou pelo sucessor processual (em caso de morte 
da vítima), valendo ressaltar que a figura do sucessor deve respeitar a ordem 
prevista no art. 31 do CPP (CADI: cônjuge, ascendente, descendente, irmão). 
OBS.: Na ação penal privada subsidiária da pública, o MP intervirá em todos os 
termos do processo, podendo ainda, na forma do art. 29 do CPP, propor prova, recorrer de 
decisões interlocutórias, repudiar a queixa e oferecer denúncia substitutiva, aditar a queixa 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
8 
(hipótese na qual se formará um litisconsórcio ativo, no qual o MP atuará como assistente 
litisconsorcial), ou ainda, em caso de negligência do ofendido, retomar a ação como parte 
principal. Mas o que seria a "negligência" que autorizaria o MP a "retomar a ação"? Em 
crimes de ação penal pública não existe possibilidade de perdão ou de perempção, 
portanto, negligência seria tentar dar margem a qualquer um destes institutos, 
incompatíveis com crimes de ação penal pública. Nestes casos, o MP reassume o pólo ativo 
da ação e a vítima é excluída da relação processual. 
 
DICAS!!! Vale ressaltar que não existe perempção nas ações penais privadas 
subsidiárias da pública, já que esta hipótese de causa extintiva de punibilidade é exclusiva 
para as ações penais que são essencialmente privadas. 
A queixa subsidiária possui prazo de 6 meses a partir do momento que findar o prazo de 
manifestação do Ministério Público e houver inércia deste. 
Oferecida a queixa subsidiária, o Ministério Público poderá aditar a queixa, repudiá-la e 
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer 
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do 
querelante, retomar a ação como parte principal, tudo em conformidade com o art. 29 do 
Código de Processo Penal. 
 
OBS.: Cuidado com o instituto do perdão do ofendido, o mesmo acarreta extinção da 
punibilidade, mas não gera responsabilidade penal do agente. É uma decisão "de mérito", 
mas não "com mérito". Como assim? Significa dizer que a decisão, embora faça coisa 
julgada material, não reconhece a responsabilidade penal do indivíduo, o juiz não o está 
condenando nem absolvendo. O juiz não chegou a apreciar o pedido. O processo apenas é 
extinto e é também extinta a punibilidade, na forma do art. 107, V, CP. 
Em relação ao perdão, lembre-se: 
Não cabe perdão na ação penal privada subsidiária da pública. 
O perdão é indivisível – o perdão oferecido para um estende-se aos demais, com 
fundamento no art. 51 do Código de Processo Penal. 
É ato bilateral – o perdão só vai existir se houver anuência do querelado, portanto, ele 
tem que ser aceito. Por isso, quando o perdão é oferecido a um dos querelados, a oferta se 
estenderá a todos, mas somente produzirá efeitos em relação aos que o aceitarem. 
Havendo pluralidade de querelados e um deles não aceitar o perdão, o processo se 
extingue para aqueles que o aceitaram, mas continuará para os demais, com fundamento 
no art. 51 do Código de Processo Penal. 
 
OBS.: Perempção. 
O art. 60 do CPP é um artigoimportantíssimo no assunto relacionado à ação penal 
privada, e traz as hipóteses de perempção (que também acarreta a extinção do processo e 
da punibilidade sem que se caracterize qualquer análise da responsabilidade do agente). Da 
mesma forma que no caso do perdão, não cabe perempção em hipótese de ação penal 
privada subsidiária da pública, tendo em vista que o crime é de ação penal pública. Na ação 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
9 
penal privada o querelante é que tem que adotar as diligências para o andamento 
processual, caso não adote, pode haver a perempção. 
Vale salientar que a perempção deve ser decretada pelo juiz, e pode ocorrer nas 
seguintes hipóteses, todas trazidas pelo art. 60 do CPP: 
1ª) Se o querelante deixar de dar andamento aos atos processuais por 30 dias seguidos. 
2ª) Se o querelante morrer e não aparecer quem tenha qualidade para sucedê-lo em 60 
dias. 
3ª) Se o querelante deixar de comparecer sem justificativa aos atos processuais. 
4ª) Se o querelante deixar de formular pedido de condenação nas alegações finais ou 
memoriais. 
5ª) Em sendo o querelante pessoa jurídica esta se extinguir sem deixar sucessores. 
 
4. ROL DE CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA E AÇÃO PENAL PÚBLICA 
CONDICIONADA. 
 
4.1. CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA NO CÓDIGO PENAL 
 
4.1.1. CRIMES CONTRA A HONRA 
Calúnia (Art. 138) 
Difamação (Art. 139) 
Injúria (Art. 140) 
 
ATENÇÃO: 
 Injúria real é crime de ação penal pública (havendo discussão acerca da necessidade 
ou não de representação) (art. 145, caput, do CP) 
 Injúria contra o Presidente da República é crime de ação penal pública condicionada 
à requisição do Ministro da Justiça (art. 145, parágrafo único, do CP) 
 Crime contra a honra de servidor público no exercício das funções é crime de ação 
penal pública condicionada à representação, devendo ser observada a súmula 714 
do STF (art. 145, parágrafo único, do CP) 
 
4.1.2. USURPAÇÃO DE PROPRIEDADE PARTICULAR (observar o §3º do art. 161) 
Alteração de limites (Art. 161 caput) 
Usurpação de águas (Art. 161 inc. I) 
Esbulho possessório (Art. 161 inc. II) 
 
4.1.3. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
A) Do Dano 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
10 
Dano (Art. 163) (na modalidade simples – Art. 163, caput) 
Dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (Art. 163, 
IV) 
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (Art. 164) 
B) Fraude à Execução (Art. 179) 
 
4.1.4. DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL 
Violação de direito autoral (Art. 184 caput) 
ATENÇÃO: Os §§1º e 2º do art. 184 são crimes de ação penal pública 
incondicionada e o §3º de ação penal pública condicionada à representação. 
 
4.1.5. DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO 
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (Art. 236) 
ATENÇÃO: é o único crime de ação penal privada personalíssima (que não 
admite representante legal ou sucessor processual) 
 
4.1.6. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 
Exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345) (salvo se há emprego de violência) 
 
4.2. CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE 
 
4.2.1. LEI Nº 9.279, DE 14 DE MAIO DE 1996. (Regula direitos e obrigações relativos à 
propriedade industrial). 
ATENÇÃO: Os crimes contra a propriedade industrial São de ação penal 
privada, salvo na hipótese do art. 191 da Lei 9.279/96, em que a ação penal será 
pública. 
Art. 191. Reproduzir ou imitar, de modo que possa induzir em erro ou confusão, armas, 
brasões ou distintivos oficiais nacionais, estrangeiros ou internacionais, sem a necessária 
autorização, no todo ou em parte, em marca, título de estabelecimento, nome comercial, 
insígnia ou sinal de propaganda, ou usar essas reproduções ou imitações com fins 
econômicos. 
 
4.3. CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA NO CÓDIGO PENAL 
 
4.3.1. DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
Lesão corporal leve e culposa (Art. 129, caput, por força do disposto no art. 88 da Lei 
9.099/95) 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
11 
ATENÇÃO: Exceção: Lesão corporal em violência doméstica e familiar 
contra a mulher é crime de ação penal pública incondicionada. Decisão proferida pelo 
STF no julgamento da ADC 19 e ADI 4424. 
 
Perigo de contágio venéreo (Art. 130) 
 
4.3.2. CRIMES CONTRA A HONRA 
Calúnia (Art. 138 – somente quando praticado contra servidor público no exercício de suas 
funções, por força do parágrafo único do art. 145) 
Difamação (Art. 139 - somente quando praticado contra servidor público no exercício de 
suas funções, por força do parágrafo único do art. 145) 
Injúria (Art. 140 - somente quando praticado contra servidor público no exercício de suas 
funções, por força do parágrafo único do art. 145) 
 
ATENÇÃO: - Em regra esses crimes são de ação penal privada. 
- Injúria contra o Presidente da República é crime de ação penal pública condicionada 
à requisição do Ministro da Justiça. 
 
4.3.3. CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL 
Ameaça (Art. 147) 
 
4.3.4. DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA 
Violação de correspondência (Art. 151 – em regra são crimes de ação penal condicionada a 
representação, com exceção de quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, 
sem disposição de disposição legal, bem como se o agente comete o crime, com abuso de 
função em serviço postal, telegráfico, radielétrico ou telefônico, de acordo com o § 4° do 
art. 151) 
Correspondência comercial (Art. 152) 
 
4.3.5. DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS 
Divulgação de segredo (Art. 153 – em regra somente se procede mediante representação, 
salvo quando resultar prejuízo para a Administração Pública, neste caso a ação penal será 
incondicionada de acordo com o § 2o do art. 153). 
Violação do segredo profissional (Art. 154) 
 
4.3.6. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
A) Furto de coisa comum (Art. 156) 
 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
12 
ATENÇÃO: Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo 
valor não excede a quota a que tem direito o agente, de acordo com o § 2º do art. 156. 
 
B) Do Estelionato E Outras Fraudes 
Outras fraudes (Art. 176 - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, 
conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena, de acordo com o parágrafo único). 
C) Da Receptação 
Receptação (Art. 180) – quando em prejuízo do “CADI”, veja nota a seguir. 
 
ATENÇÃO: Nos crimes contra o patrimônio, previstos no Título II, 
somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é 
cometido em prejuízo: do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; de irmão, 
legítimo ou ilegítimo; de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita, de acordo com 
o art. 172, salvo se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja 
emprego de grave ameaça ou violência à pessoa, bem como não se aplica ao 
estranho que participa do crime e se o crime é praticado contra pessoa com idade 
igual ou superior a 60 (sessenta) anos, de acordo com o art. 183, I, II e III. 
 
4.3.7. DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL 
Violação de direito autoral quando praticada através de cabo, fibra ótica, satélite, ondas 
etc, o crime será de ação penal pública condicionada à representação (Art. 184, § 3o., c/c art. 
186, IV, do CP) 
 
ATENÇÃO: Quando a violação for de fonograma ou videograma (art. 
184, §§ 1o. e 2o.), o crime é de ação pública incondicionada (art. 186, II, do CP). 
 
4.3.8. DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
Estupro (Art. 213) 
Violação sexual mediante fraude (Art. 215) 
Assédiosexual (Art. 216-A) 
 
ATENÇÃO: 
 Estupro praticado contra menor de 18 anos ou vulnerável é de ação pública 
incondicionada (art. 225, parágrafo único, do CP) 
 Estupro praticado mediante violência real é crime de ação pública incondicionada 
(Súmula 608 do STF) 
 
5. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES PARA O OFERECIMENTO DA QUEIXA CRIME 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
13 
 
No que se refere ao prazo da queixa-crime, salvo expressa previsão legal em contrário, 
a queixa deverá ser oferecida no prazo de seis meses a contar do momento que o ofendido 
tomou ciência da autoria do delito, sob pena de decadência (art. 38 do CPP). Ou seja, a 
queixa-crime possui prazo próprio para ser oferecida, existindo o prazo decadencial de 6 
meses a contar do momento em que a vítima toma ciência da autoria do delito. 
O oferecimento de queixa crime dependerá da observância de uma série de requisitos: 
 
5.1. A COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO 
Os crimes de ação penal privada têm foro de eleição, o que significa dizer que a 
competência territorial é de escolha do ofendido quando do oferecimento da queixa. A 
vítima/ofendido poderá escolher entre oferecer a queixa no lugar da infração ou no 
domicílio do réu (art. 73 do CPP). 
Quanto à competência em razão da natureza da infração, os crimes de ação penal 
privada são hoje, em maioria, infrações com pena máxima de até dois anos, portanto, é 
muito provável a competência dos Juizados Especiais Criminais. 
Mas CUIDADO! Provável não significa necessário! Para o oferecimento da queixa 
crime, será necessário verificarmos a pena máxima do crime praticado, e do qual será 
acusado o querelado, e, em sendo estado até dois anos (inclusive) a competência será do 
juizado especial criminal do local em que foi praticada a infração (art. 63 da Lei 9.099/95). 
Mas se a infração tiver pena máxima superior a dois anos, ou se forem dois ou mais 
crimes cujas penas somadas ultrapassem o patamar de dois anos, a competência será de 
uma das Varas Criminais da Comarca em que se consumou a infração (art. 70 do CPP) ou do 
domicílio do réu, que, como dito, é foro de eleição na ação penal privada (art. 73 do CPP). 
Lembre-se ainda que pode ocorrer um crime de ação penal privada no âmbito da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, e, neste caso, a competência será dos 
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
Da definição da competência dependerá o endereçamento de sua queixa. 
 
5.2. A LEGITIMIDADE PARA O EXERCÍCIO DO DIREITO DE QUEIXA 
 
Reparem que o legitimado para o exercício do direito de queixa é a vítima, que pode ou 
não ser plenamente capaz. Para o oferecimento da queixa é preciso que a vítima possua 18 
(dezoito) anos, pois o CPP trabalha com idade cronológica. Se a vítima for menor de 18 ou 
incapaz, a queixa deverá ser oferecida através do seu representante legal. Da mesma 
forma, é possível que a vítima tenha falecido. Neste caso, o direito de queixa passará a um 
dos sucessores. 
Ao elaborar a queixa devemos também estar atentos à legitimidade "ad causam" e ad 
processum, bem como à possibilidade da sucessão processual do art. 31 do CPP. 
Assim: 
Caso seja a própria vítima a oferecer a queixa: 
NOME DA VÍTIMA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de 
identidade n°_____, inscrito no CPF sob o n°_____, residência e domicílio, por seu 
advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
14 
em conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa 
Excelência oferecer ... 
 
Em caso de vítima menor ou por outro motivo incapaz: 
NOME DA VÍTIMA, menor (ou incapaz), neste ato representada por NOME DO 
REPRESENTANTE LEGAL, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira 
de identidade n°_____, inscrito no CPF sob o n°_____, residência e domicílio, por seu 
advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, 
em conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa 
Excelência oferecer ... 
 
Caso seja um dos sucessores (CADI) a oferecer a queixa: 
NOME DO SUCESSOR, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da 
carteira de identidade n°____, inscrito no CPF sob o n°___, residência e domicílio, 
por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais 
em anexo, em conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem a 
Vossa Excelência, na forma do art. 31 do Código de Processo Penal, oferecer ... 
ou 
NOME DO SUCESSOR, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da 
carteira de identidade n°____, inscrito no CPF sob o n°___, residência e domicílio, 
por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais 
em anexo, em conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem a 
Vossa Excelência oferecer ... 
(NESTE CASO, ANTES DOS FATOS INCLUIR UMA PRELIMINAR EXPLICANDO QUE A 
VÍTIMA MORREU E QUE O QUERELANTE OFERECE A QUEIXA NA FORMA DO ART. 31 
DO CPP.) 
 
 
6. ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME 
 
Endereçamento: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
_______________________ (Regra Geral) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE 
_________________________ (Crimes tutelados pela lei 9099\95 – crimes de pequeno poder ofensivo) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E 
FAMILIAR CONTRA A MULHER DA COMARCA DE _______________________ (Crimes e Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher) 
Identificação do Querelante e do Querelado 
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de 
Identidade número _______________, expedida pela ________________inscrito no Cadastro de Pessoa Física 
do Ministério da Fazenda sob o número ____________________, residência e domicílio, por seu advogado 
abaixo assinado, conforme procuração anexa a este instrumento, vem oferecer 
QUEIXA-CRIME 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
15 
com base nos artigos 30, 41 e 44 do Código de Processo Penal, bem como no art. 100, §2º do Código Penal, 
contra NOME, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da Cédula de Identidade número 
_______________, expedida pela ________________inscrito no Cadastro de Pessoa Física do Ministério da 
Fazenda sob o número ____________________, residência e domicílio, pelas razões de fato e de direito a seguir 
expostas: 
 
1. Dos Fatos 
2. Mérito 
Demonstrar o “animus” do agente (a intenção); Indicar que a conduta do querelado configura o crime de 
ação penal privada, mencionando o crime nominalmente, o artigo de lei e eventuais agravantes, qualificadoras 
ou demais causas de aumento de pena, caso existam; 
Demonstrar que a conduta do agente adequa-se inequivocamente a tipificação feita; 
3. Do Pedido 
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência que seja recebida a 
presente queixa-crime contra ___________________ (indicar querelado ou querelados), incurso nas penas do 
artigo ________________________ (indicar artigo tipificado e suas possíveis combinações), a fim de que seja 
instaurada contra ele a competente ação penal privada, requerendo desde já a sua citação e que sejam 
oportunamente intimadas e inquiridas as testemunhas do rol abaixo, para que ao final o Querelado possa ser 
condenado. 
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público, 
pede deferimento. 
Comarca, Data 
Advogado 
Rol de testemunhas: 
1 - 
2 - 
3 - 
 
NOVAMENTE! 
DICAS MUITO IMPORTANTES 
 Em se tratandode ação penal privada subsidiária da pública deve-se 
fundamentar a apresentação da queixa-crime com base nos art. 29, 41 e 44 
do CPP; 
 Existindo mais de um querelado, deve-se fazer a identificação de todos; 
 Quando se tratar da elaboração de uma queixa-crime, devemos estar 
atentos a peculiaridades nos procedimentos dos crimes contra honra e dos 
juizados especiais criminais. Portanto, devemos também verificar se a 
hipótese seria da competência da vara criminal ou do juizado especial 
criminal. 
 ASSIM, para o endereçamento devemos verificar se o crime é infração de 
menor potencial ofensivo: 
Em caso positivo, endereçar ao EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE 
DIREITO DO …. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA …….. 
Em caso negativo, endereçar ao EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ 
DE DIREITO DA …. VARA CRIMINAL DA COMARCA DE …….. 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
16 
 Em caso de concurso material de duas ou mais infrações de menor potencial ofensivo, 
verificar o somatório das penas máximas dos crimes e, caso o total ultrapasse DOIS 
anos, a competência será da Vara Criminal. 
 
IMPORTANTES OBSERVAÇÕES QUANTO 
AO PEDIDO: 
Se a queixa foi oferecida perante o JECrim, o procedimento será o da Lei 9.099/95. 
Consequentemente, deve ser observado se já ocorreu a audiência preliminar ou 
não. 
Caso a audiência preliminar já tenha ocorrido, e não tenha havido conciliação, o 
pedido a ser formulado é o tradicional, ou seja: 
DIANTE DO EXPOSTO, requer o querelante seja recebida a presente, citado o 
querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado 
procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas do 
art. …. 
Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. 
 
ATENÇÃO: ESTE MESMO PEDIDO ACIMA (QUE CHAMAMOS DE TRADICIONAL) 
DEVERÁ SER UTILIZADO NO CASO DE UMA QUEIXA CRIME OFERECIDA PERANTE A 
VARA CRIMINAL, EM CRIME DIVERSO DO CRIME CONTRA A HONRA. 
 
Para crimes contra a honra há um pedido específico, que será visto mais a frente. 
Caso a audiência preliminar ainda não tenha ocorrido: 
DIANTE DO EXPOSTO, requer o querelante seja designada audiência 
preliminar, na forma do artigo 72 da Lei 9.099/95, e, em caso de 
impossibilidade de conciliação, requer seja recebida a presente, citado o 
querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado 
procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas do 
art. …. 
Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. 
 
TRATANDO-SE DE CRIME CONTRA A HONRA, a queixa poderá ser oferecida tanto 
no JECrim como na Vara Criminal, dependendo da pena da conduta imputada. 
Contudo, crimes contra a honra dependem sempre de uma audiência de 
conciliação prévia, prevista no art. 520 do CPP. 
Como nos Juizados o próprio procedimento contempla um momento para 
conciliação, esta necessidade já é, de certa forma, suprida. 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
17 
Mas, se a queixa está sendo oferecida perante uma Vara Criminal, onde será 
adotado o rito sumário, deve-se formular o pedido da seguinte forma: 
DIANTE DO EXPOSTO, requer o querelante seja designada audiência de 
conciliação, na forma do artigo 520 do Código de Processo Penal, e, em caso 
de impossibilidade de conciliação, requer seja recebida a presente, citado o 
querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado 
procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas do 
art. …. 
Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. 
OBSERVAÇÕES: 
 A oitiva do MP não precisaria ser requerida, mas pode ser incluída. 
 É também possível o requerimento de fixação do valor mínimo de 
indenização pelo juiz sentenciante, na forma do art. 387, IV, do CPP. 
 É também possível o pedido de condenação dos querelados nas 
custas e demais despesas do processo. 
6. CASOS PRÁTICOS 
Caso Prático resolvido 1 
Mévio, brasileiro, solteiro e desempregado, adquiriu, no dia 10.11.2011, uma televisão 
no valor de R$ 1.000,00 (mil) reais de Caio, brasileiro, casado e empresário, ficando 
acordado que Mévio iria depositar o valor da compra do bem na conta deste último 30 dias 
após a venda. Ocorreu que se passaram mais de 30 dias e Mévio não depositou o valor 
referido na conta de Caio. 
Caio resolveu então ligar para Mévio e solicitar que depositasse a quantia referente à 
venda do bem o mais rápido possível, foi quando então Mévio disse que iria depositar o 
valor no dia 20.12.2011. Entretanto, mais uma vez, Mévio não procedeu ao combinado. Caio 
ainda ligou para Mévio mais três vezes solicitando que fosse pago o valor acordado, 
entretanto, não obteve sucesso. 
Indignado com a situação, Caio não resolveu procurar as vias judiciais e no intuito de 
satisfazer o seu direito pessoalmente, objetivando recuperar o objeto, entrou na 
residência de Mévio e pegou a televisão que tinha entregue a ele, fato este que foi 
presenciado pelos vizinhos do réu. 
Ao saber da atitude de Caio, Mévio resolveu procurar um advogado para tomar as 
medidas judiciais cabíveis. 
Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado (a) contratado (a) por 
Mévio, redija a peça processual que atenda aos interesses de seu cliente, considerando 
recebida a pasta de atendimento do cliente devidamente instruída com procuração com 
poderes especiais e testemunhas. 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CRIMINAL DO JUIZADO ESPECIAL DA 
COMARCA _____ 
 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
18 
 
MÉVIO, brasileiro, solteiro, desempregado, portador da carteira de identidade n°_____, inscrito no CPF sob 
o n°_____, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa a este 
instrumento, vem oferecer 
QUEIXA-CRIME 
com fundamento nos artigos 30, 41 e 44 do Código de Processo Penal, bem como no art. 100, §2º do Código 
penal, contra CAIO, brasileiro, casado e empresário, portador da carteira de identidade n°____, inscrita no CPF 
sob o n°____, residência e domicílio, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. 
1. Dos Fatos. 
O querelante adquiriu, no dia 10.11.2011, uma televisão no valor de R$ 1.000,00 (mil) reais do querelado, 
ficando acordado que o querelante iria depositar o valor da compra do bem n a conta deste último 30 dias após 
a venda. 
Ocorreu que se passaram mais de 30 dias e o querelante não teve condições de depositar o valor referido 
na conta do querelado. 
Indignado com a situação, Caio não resolveu procurar as vias judiciais e no intuito de satisfazer o seu direito 
pessoalmente, objetivando recuperar o objeto, entrou na residência de Mévio e pegou a televisão que tinha 
entregue a ele, fato este que foi presenciado pelos vizinhos do réu. 
 
2. Do Mérito. 
Ora, douto julgador, da narração dos fatos acima elencados, percebe-se que o querelado, resolveu 
satisfazer com as próprias mãos uma pretensão que, embora fosse legítima, não foi solucionada pela via 
adequada, tendo em vista que o querelado não procurou as vias judiciais e pegou a televisão que tinha vendido. 
Ocorre que a conduta do querelado configura o crime exercício arbitrário das próprias razões, previsto no 
art. 345, caput, do Código Penal. Percebe-se que a ação do querelado foi a de fazer justiça pelas próprias mãos 
(o sujeito age por si mesmo, de acordo com a sua vontade, NÃO solicitando a intervenção do Estado, que é o 
verdadeiro responsável pela aplicação da Justiça no caso concreto), para satisfazer pretensão (o sujeito tem um 
direito que deveria ter sido exercido através do Poder Judiciário), embora legítima (o direito do sujeito está 
pautada n a lei). 
No caso concreto, deveria o querelado ter procurado as viasjudiciais para solucionar a sua pretensão, qual 
seja, receber a quantia de R$ 1.000,00 (mil) reais referente à compra de uma televisão realizada pelo querelante, 
não estando autorizado, entretanto, a ingressar no domicílio objetivando pegar a referida televisão 
Desta forma, resta configurado, no caso concreto, todos os elementos do crime de exercício arbitrário das 
próprias razões. 
 
3. Dos Pedidos. 
Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência que seja recebida a presente queixa-crime contra CAIO, 
estando este incurso nas penas do artigo 145, caput, do Código Penal, a fim de que seja instaurada contra ele a 
competente ação penal privada, requerendo desde já a sua citação e que sejam oportunamente intimadas e 
inquiridas as testemunhas do rol abaixo, para que ao final o querelado possa ser condenado. 
Requer ainda seja fixado valor de reparação nos termos do artigo 387, IV, do Código de Processo Penal, 
bem como a condenação do querelado às custas processuais e demais despesas do processo. 
Termos em que, ouvido o ilustre representante do Ministério Público, pede deferimento. 
 
Comarca, Data 
Advogado 
Rol de testemunhas: 
1 - 
2 - 
3 - 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
19 
Caso Prático resolvido 2 
 
Em 25/1/2013, Marília de Souza, brasileira, divorciada, com 52 anos de idade, 
médica, residente e domiciliada no município de Maceió - AL, contratou seus serviços 
advocatícios para que adotasse as providências judiciais em face de conhecido jornalista 
local, João Futriqueiro, brasileiro, casado, com 43 anos de idade, que, a pretexto de 
macular a imagem profissional de Marília, publicou, em matérias jornalísticas de sua 
autoria, ser ela a responsável pela morte de determinada paciente, de nome Luzia D., por 
negligência e imperícia, durante o parto, no Hospital Municipal de Maceió. 
De fato, Luzia D. deu entrada no referido nosocômio, em trabalho de parto, já com 
avançada pressão arterial e caso evidente e irreversível de eclampsia, durante horário em 
que Marília de Souza era um dos vários médicos em plantão, não tendo sido por ela 
atendida, uma vez que Marília já se encontrava na sala de parto, realizando cesariana em 
outra paciente parturiente. 
Além disso, ficou amplamente comprovado não ter ocorrido, no caso de Luzia D., 
qualquer negligência ou imperícia médica, tratando-se, por certo, de uma fatalidade, o que 
foi, inclusive, constatado pelo Conselho Regional de Medicina. 
Entretanto, ainda assim, insistiu o referido jornalista em atacar Marília de Souza, 
divulgando além da matéria original, da qual foi extrajudicialmente interpelado por 
Marília, bem como pelo Hospital Municipal de Maceió, através de sua Direção Geral, mais 
duas matérias, nas duas semanas subsequentes, insistindo em responsabilizar Marília 
criminalmente pela morte de Luzia D., com o intuito de ofender objetiva e subjetivamente 
sua honra, bem como sua imagem profissional perante a população local. 
Nas referidas matérias, mesmo sabendo não serem verdadeiras as afirmações, 
afirmou João Futriqueiro que "era claro o verdadeiro assassinato praticado no Hospital de 
Maceió, pelas mãos da sempre negligente Dr. Marília de Souza". E continuou afirmando 
"A Dra. Marília, se é que pode ser chamada assim, deveria ser caçada pelo CRM, já que não 
possui condições de exercer o sagrado ofício da medicina". Como se não bastasse, João 
Futriqueiro prosseguiu com os ataques e ofensas impressas, ao escrever e publicar que "a 
suposta médica Marília matou Luzia D. e não se sabe quantos mais", sendo esta última 
publicação veiculada na edição de 23/01/2013. 
Entre os documentos coletados pela cliente e pelo escritório encontram-se as 
edições impressas do jornal, com as matérias em referência, todos os laudos médico-
hospitalares a demonstrar que não houve negligência ou imperícia médica, os 
documentos do Conselho Regional de Medicina no mesmo sentido, e os documentos 
comprobatórios de que Marília se encontrava em procedimento cirúrgico quando do 
atendimento de Luzia D. no hospital. 
Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) contratado(a) por 
Marília de Souza, redija a peça processual que atenda aos interesses de sua cliente, 
considerando recebida a pasta de atendimento da cliente devidamente instruída, com 
todos os documentos pertinentes, suficientes e necessários, procuração com poderes 
especiais e rol de testemunhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
20 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ – 
ALAGOAS 
 
MARÍLIA DE SOUZA, brasileira, divorciada, portadora da carteira de identidade n°_____, inscrita no CPF sob 
o n°_____, residente e domiciliada no endereço _______, município de Maceió - Alagoas, por seu advogado 
abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o artigo 44 do 
Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 30 e 41 do Código de Processo 
Penal, e art. 100, § 2º do Código Penal, oferecer 
QUEIXA CRIME 
em face de JOÃO FUTRIQUEIRO, brasileiro, casado, jornalista, identidade número _______, inscrito no CPF sob o 
n°____, residência e domicílio, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. 
 
1. DOS FATOS 
 
A querelante, médica, exercendo sua profissão, foi surpreendida nas últimas semanas com três matérias 
jornalísticas informando ter sido a mesma a responsável pela morte de Luzia D., paciente que deu entrada no 
hospital Municipal de Maceió, Alagoas, em trabalho de parto, na data ____, tendo a médica, ora querelante, 
segundo a referida matéria, sido negligente e imperita, sendo matéria veiculada de autoria do jornalista João 
Futriqueiro. 
Na divulgação da matéria original, o ora querelado afirmou, mesmo sabendo que eram inverídicas as 
informações, ter a médica praticado um assassinato no hospital de Maceió, sendo negligente na realização do 
parto de Luzia D., fato que ofendeu a honra objetiva e subjetiva da querelante, bem como sua imagem 
profissional perante a população local. 
Além disso, na última matéria veiculada na edição do dia 23/1/2013, foi divulgado pelo querelado que a Dra. 
Marília de Souza não poderia ser chamada de médica, dizendo o jornalista que: 
"era claro o verdadeiro assassinato praticado no Hospital de Maceió, pelas mãos da sempre negligente Dr. 
Marília de Souza", afirmando ainda "A Dra. Marília, se é que pode ser chamada assim, deveria ser caçada pelo 
CRM, já que não possui condições de exercer o sagrado ofício da medicina". 
Por fim, ainda informou que "a suposta médica Marília matou Luzia D. e não se sabe quantos mais" . 
É importante ressaltar que todos os laudos médico-hospitalares demonstram a inocorrência de negligência 
ou imperícia por parte da médica, bem como os documentos do Conselho Regional de Medicina, afirmando no 
mesmo sentido, já que a ora querelante se encontrava em procedimento cirúrgico quando do atendimento de 
Luzia D. no hospital. 
 
2. DO DIREITO 
 
É evidente que a ora querelante foi, através das absurdas alegações do querelado em suas publicações 
através da imprensa escrita, alvo de ofensas caluniosas e difamatórias, sendo evidente ter o querelado agido 
com a vontade de caluniar e difamar a querelante, ofendendo sua reputação pessoal e profissional. 
As matérias publicadas foram, à toda evidência, divulgadas de maneira irresponsável e leviana, sem o 
necessário cunho informativo como aduzia o seu título. Trata-se, na verdade, de artigo ou matéria não apenas 
opinativa, mas sim ofensiva, induzindo a sociedade a um julgamento totalmente avesso à realidade. 
Pior, foi endereçada à população na qual a querelante atua, em um combate diário pela saúde da 
população. 
Tal matéria, leviana, falsa e irresponsável, não só atingiua honra da querelante, como também abalou, de 
forma considerável, o apreço que goza a mesmo junto ao meio social. Ressalte-se que, ao contrário do que 
afirma o querelado, a querelante sequer se encontrava responsável pela paciente em questão, e, ainda que 
estivesse, todos os documentos comprovam que não houve qualquer negligência ou imperícia médica que 
desse causa a sua morte, conforme demonstram os documentos anexos. 
Até a vil publicação, gozava a querelante do apreço da sociedade, apreço este conquistado com muito 
trabalho, dedicação, respeito e acima de tudo com o profissionalismo e a responsabilidade com que sempre 
exerceu sua profissão. 
Torna-se, assim, nítida a configuração dos crimes de CALÚNIA e DIFAMAÇÃO por parte do querelado, sem 
perder de vista que o fato tornou-se efetiva a absurda publicidade da matéria caluniosa e difamatória publicada, 
uma vez que a mesma foi divulgada através da via jornalística. 
 
 
 
 
 
 
 www.cers.com.br 
OAB XIV EXAME DE ORDEM – 2ª FASE 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
21 
Assim, encontra-se o querelado incurso nas penas dos artigos 138 e 139 do Código Penal, ambos com o 
aumento de pena previsto no artigo 141, inciso III, também do Código Penal, já que as infrações foram praticadas 
por meio que facilitou a divulgação daquelas informações. 
 
3. DO PEDIDO 
 
DIANTE DO EXPOSTO, requer a querelante seja designada audiência de conciliação, na forma do artigo 520 
do Código de Processo Penal, e, em caso de impossibilidade de conciliação, requer seja recebida a presente, 
citado o querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para 
condenar o querelado como incurso nas penas dos artigos 138 combinado com 141, III, e 139 combinado com 141, 
III, todos do Código Penal. 
Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. 
 
Nestes termos, 
Espera deferimento. 
 
Maceió, data. 
Advogado 
OAB 
 
Caso Prático proposto 
No dia 01.01.2013, por volta das 1h, nas imediações da Rua X, do Bairro Y, Tício subtraiu 
de Caio, com o emprego de violência, o relógio deste, avaliado no valor de R$ 5.000,00 
reais, utilizando-se de uma arma de brinquedo. 
O delegado de polícia competente instaurou inquérito policial para apurar os fatos, 
conseguindo trazer provas da materialidade do fato, tendo em vista que foi encontrado o 
relógio de Caio na casa da mãe de Tício, bem como indícios suficientes de autoria, uma vez 
que a própria mãe de Tício afirmou ao delegado que não tinha conhecimento de como o 
seu filho adquiriu um relógio tão caro, até porque está desempregado. 
Os autos foram remetidos ao Membro do Ministério Público da comarca Y, estando o 
indiciado solto, e o membro do Ministério Público faz mais de 100 dias que não apresenta 
qualquer tipo de manifestação. 
Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado (a) contratado (a) por 
Caio, redija a peça processual que atenda aos interesses de seu cliente. 
 
RESPOSTA 
 
Peça – Queixa-crime com fundamento nos artigos 29, 41 e 44 do Código de Processo Penal, 
bem como art. 100§2º do Código Penal. 
Endereçamento – EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA Y. 
Tese – demonstrar que está configurado o crime de roubo nos termos do art. 157, caput, do 
Código Penal, pois houve o emprego de grave ameaça por intermédio de uma arma de 
brinquedo (este tipo de arma serve para configurar a grave ameaça no crime de roubo) e a 
subtração de coisa alheia móvel da vítima, um relógio avaliado no valor de R$ 5.000,00 
reais, existindo prova da materialidade do fato e indício suficientes de autoria. 
Pedido – condenação pelo cometimento do crime de roubo, art. 157, caput, do Código 
Penal.

Outros materiais