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EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONCEITOS, HISTÓRICO, CONCEPÇÕES E COMENTÁRIOS À LEI DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (LEI Nº 9.795/99) Programa de Pós-Graduação em Direito Ambiental da UEA Mestrado em Direito Ambiental – 2017 Eid Badr Organizador Carla Thomas | Celso Lins Falcone | Eduardo Terço Falcão | Eid Badr | Gracireza Azedo de Farias | Juliana Mayara da Silva Sampaio | Lenice Maria de Aguiar Raposo da Câmara | Marcelo Augusto Farias de Souza | Thaisa Carvalho Batista Franco de Moura | Timóteo Ágabo Pacheco de Almeida | Yamile Viana de Souza Queiroz Autores EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONCEITOS, HISTÓRICO, CONCEPÇÕES E COMENTÁRIOS À LEI DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (LEI Nº 9.795/99) Programa de Pós-Graduação em Direito Ambiental da UEA Mestrado em Direito Ambiental – 2017 Copyright © Eid Badr, 2017. Editor Isaac Maciel Coordenação editorial Tenório Telles • Neiza Teixeira Projeto Gráfico Lícia Gonçalves Capa Heitor Costa Revisão Núcleo de editoração Valer Área das Ciências Sociais Aplicadas UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS Conselho Editorial da Editora Valer para Área do Direito: Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de Morais * Prof. Dr. Adriano Fernandes Ferreira * Prof.ª Dr.ª Dinara de Arruda Oliveira Normalização Ycaro Verçosa B00h BADR, Eid et al. Educação Ambiental, conceitos, histórico, concepções e comentários à lei da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99): Programa de Pós-Graduação em Direito Ambiental da UEA: mestrado em Direito Ambien- tal / Org. Eid Badr. Vários autores – Manaus: Editora Valer, 2017. 368 p 14 x 21 cm ISBN: 978-85-7512-843-5 1. Direito. 2. Educação Ambiental; 3. Política Nacional de Educação Ambien- tal; 4. Comentários à Lei 9.795/99. I. Badr, Eid, org. CDD 869 Obra de acesso gratuito e universal no Portal http://www.pos.uea.edu.br/direitoambiental/ 2017 Editora Valer Av. Rio Mar, 63, Conj. Vieiralves – Nossa Senhora das Graças 69053-180, Manaus – AM Fone: (92) 3184-4568 www.editoravaler.com.br Autores Carla Thomas, Mestranda em Direito Ambiental – UEA, Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais. Celso Lins Falcone, Mestrando em Direito Ambiental – UEA, Pós-Graduado em Direito Civil, pela Universidade Fede- ral do Amazonas – Ufam, Pós-Graduando MBA em Governança Pública e Gestão Administrativa pela Fael – Grupo Apollo Edu- cation, Advogado. Assessor do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, Professor da Escola de Contas Públicas do TCE– AM e Presidente da Comissão de Orientação em Gestão Pública da OAB–AM. Eduardo Terço Falcão, Mestrando em Direito Ambiental – UEA, Pós-Graduado em Direito Tributário, pela Universida- de Federal do Amazonas – Ufam, Procurador de Carreira de 1.ª Classe da Câmara Municipal de Manaus. Eid Badr, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, integrante do quadro docente permanen- te do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Am- biental da mesma Universidade, Mestre e Doutor em Direito do Estado, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC, Advogado. Gracireza Azedo de Farias, Mestranda em Direito Am- biental – UEA. Juliana Mayara da Silva Sampaio, Mestranda em Direito Ambiental – UEA, Pós-Graduada em Segurança Pública – Cen- tro Literatus, Pós-Graduanda em Direito Público na Universi- dade Federal do Amazonas – Ufam, Policial Civil do Estado do Amazonas e Professora na Secretaria Municipal de Educação. Lenice Maria de Aguiar Raposo da Câmara, Mestranda em Direito Ambiental – UEA, Especialista em Direito Público, com ênfase em Administrativo e Constitucional. Analista Judi- ciária do Tribunal de Justiça do Amazonas. Marcelo Augusto Farias de Souza, Mestrando em Direito Ambiental – UEA, Advogado. Thaisa Carvalho Batista Franco de Moura, Mestranda em Direito Ambiental – UEA, Masters of Laws pela Università di Pisa – Itália, Especialista em Jurisdição Constitucional e Di- reitos Fundamentais, pela Università di Pisa – Itália, Especialis- ta em Direito Tributário e Legislação de Impostos pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas, Especialista em Direito Tributário e Legislação de Impostos pelo Centro Uni- versitário de Ensino Superior do Amazonas, Advogada. Timóteo Ágabo Pacheco de Almeida, Mestrando em Di- reito Ambiental – UEA, Especialista em Ciências Penais pela Universidade Anhanguera–Uniderp, Pós-Graduando em Direi- to Constitucional, Promotor de Justiça do Estado do Amazonas. Yamile Viana de Souza Queiroz, Aluna Especial do Mes- trado em Direito Ambiental da UEA, Especialista em Adminis- tração Pública pela Universidade Federal do Amazonas – Ufam, Advogada. APRESENTAÇÃO...................................................................17 PARTE I................................................................................19 Eid Badr 1. INTRODUÇÃO....................................................................21 2. EDUCAÇÃO........................................................................21 2.1 Natureza jurídica.............................................................21 2.2 Educação ambiental........................................................22 3. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.........23 3.1 No cenário jurídico internacional.....................................23 1. Conferência de Estocolmo de 1972..................................23 a. Recomendação nº 96...................................................25 b. Declaração de Estocolmo de 1972...............................25 2. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)................................................26 3. Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA).....27 4. Seminário Internacional de Educação Ambiental, Belgrado, 1975 ..............................................27 a. Carta de Belgrado.........................................................27 b. Diretrizes aos programas de Educação Ambiental........29 5. Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, Tbilisi, 1975...................................................30 a. Declaração de Tbilisi.....................................................30 6. Seminário de Educação Ambiental para América Latina, San José, 1979........................................31 7. Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), 1983...............................31 8. Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambientais, Moscou, 1987...........................31 9. Conferência Geral das Nações Unidas, Rio de Janeiro, 1992.........................................................32 a. Carta do Rio.................................................................32 b. Agenda 21....................................................................33 3.2 No cenário jurídico nacional............................................34 1. Decreto Legislativo nº 3 de 13/02/1948 que aprovou a Convenção para Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Naturais dos Países da América.......34 2. Novo Código Florestal (Lei Federal nº 4.771/65)................35 3. Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81).......35 4. Artigo 225, inciso VI, da Constituição Federal de 1988.......36 5. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96)......37 6. Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99)............................................38 7. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (Resolução CNE nº 12/2012)............38 8. Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Direito, 2013/2015, CNEJ/CFOAB.....................39 3.3 Educação Ambiental: diversidade de concepções.............41 1. Corrente naturalista.........................................................42 2. Corrente conservacionista/recursista...............................42 3. Corrente resolutiva...........................................................42 4. Corrente sistêmica...........................................................42 5. Corrente científica............................................................436. Corrente humanista.........................................................43 7. Corrente moral/ética........................................................43 8. Corrente holística.............................................................43 9. Corrente biorregionalista.................................................44 10. Corrente práxica.............................................................44 11. Corrente de crítica social.................................................44 12. Corrente feminista..........................................................44 13. Corrente etnográfica......................................................45 14. Corrente da ecoeducação...............................................45 15. Corrente da sustentabilidade..........................................45 16. Desenvolvimento Sustentável........................................46 PARTE II................................................................................49 COMENTÁRIOS À LEI Nº 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. CAPÍTULO I DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Yamile Viana de Souza Queiroz 1. Conceitos básicos.............................................................51 2. Meio ambiente.................................................................52 3. Espécies de meio ambiente, segundo a Constituição Federal de 1988..........................................53 a) Novo Ambiente Artificial..............................................54 b) Meio Ambiente Cultural...............................................55 c) Meio Ambiente Natural................................................55 d) Meio Ambiente do Trabalho..........................................55 4. Conceitos diversos introdutórios......................................56 Timóteo Ágabo Pacheco de Almeida 1. Questões preliminares. Interpretação teleológica da norma.......................................................58 Art. 1º 1. Processo – definição.........................................................60 2. Notas remissivas – Art. 2º; Art. 3º, caput; Art. 4º, V e VI.........................................................61 3. Indivíduo e coletividade....................................................61 4. Notas remissivas – Art. 13................................................62 5. Construir valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências...............................62 6. Notas remissivas – Art. 5, VI; Art. 3º, VI; Art. 8º, §3º, II......65 7. Notas remissivas – Art. 3º, I e III; Art. 5º, IV; Art. 13; Art. 4º, II, Art. 5º, V..............................................68 8. Filtro constitucional..........................................................69 9. Normatização relacionada................................................69 Art. 2º 1. Componente essencial – conceito.....................................73 2. Educação nacional – LDB..................................................73 3. Devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo – definições.......................................75 4. Notas remissivas – Art. 4º, VII; Art. 3º, I; Art. 8º, I e X, da Lei 9.795/99...........................................75 5. Caráter formal e não-formal............................................76 6. Filtro constitucional..........................................................76 7. Normatização relacionada................................................77 8. Jurisprudência aplicável – Art. 2º.....................................78 Art. 3º 1. Notas remissivas – Decreto nº 4.281/02; Art. 13, § único, da lei 9.795/99...........................................82 2. Normatização relacionada................................................93 3. Jurisprudência aplicável – Art. 3º.....................................94 Lenice Maria de Aguiar Raposo da Câmara Art. 4º 1. Princípios..........................................................................96 2. Educação Ambiental.........................................................96 3. Enfoque Humanista...........................................................97 4. Enfoque Holístico..............................................................98 5. Enfoque Democrático.....................................................100 6. Enfoque Participativo.....................................................102 7. Interdependência entre o meio ambiente natural, socioeconômico e cultural.................................104 8. Pluralismo de ideias e liberdade de ensino........................106 9. Processo educativo.........................................................116 10. Abordagem articulada..................................................117 11. Pluralidade cultural.......................................................120 Eduardo Terço Falcão Art. 5º 1. Objetivos fundamentais da Educação Ambiental.............123 2. Definição de compreensão.............................................127 3. Democratização das informações ambientais..................130 4. Consciência crítica sobre a problemática ambiental e social...........................................................134 5. Incentivo à participação individual e coletiva....................136 6. Estímulo à cooperação entre as diversas regiões do país...............................................................138 7. Integração com a ciência e tecnologia............................139 8. Fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade.................142 CAPÍTULO II DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Seção I Disposições Gerais Juliana Mayara da Silva Sampaio Art. 6º 1. Política Nacional de Educação Ambiental........................147 2. Educação Ambiental como Política Pública....................149 Art. 7º 1. As pessoas de direito público e privado que devem atuar Política Nacional de Educação Ambiental...............153 2. Um caso de atuação na Política Nacional de Educação Ambiental: TCE-AM.........................................155 Art. 8º 1. Atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental..................................................158 2. Educação formal e não-formal........................................159 3. Treinamento de recursos humanos e vínculo com consciência pública................................................160 4. Reflexão, estudo, pesquisa e inovação em Educação Ambiental.................................................161 5. Produção, divulgação de material educativo e papel dos meios de comunicação.................................163 6. Acompanhamento e avaliação: papel do Órgão Gestor.............................................................164 7. Princípios e seu papel na Política Nacional de Educação Ambiental..................................................165 8. Educação Ambiental e preparo para o exercício da cidadania....................................................166 9. Capacitação de docentes.................................................166 10. Capacitação de todos os profissionais..........................167 11. Capacitação para gestão...............................................168 12. Especialização de profissionais na área de meio ambiente........................................................168 13. Políticas Públicas e aspectos culturais, sociais, econômicos etc...............................................169 Thaisa C. Batista Franco de Moura Art. 8º § 3º 1. Educação Ambiental em todos os níveis de ensino..........170 2. Instrumentos e metodologias de abordagem interdisciplinar............................................171 3. Educação superior...........................................................176 4. Difusão de conhecimentos e informações para formação de uma consciência ambiental................177 5. Desenvolvimento de instrumentos e metodologias inclusivas..............................................180 6. Alternativas curriculares e metodológicas de capacitação....................................1827. Apoio a iniciativas e experiências locais e regionais............................................................185 8. Transparência e acesso democrático às informações de interesse ambiental...............................187 Seção II Da Educação Ambiental no Ensino Formal Celso Lins Falcone Art. 9º 1. Da educação ambiental..................................................189 2. Do ensino formal.............................................................190 3. Educação Escolar.............................................................191 4. Currículos das Instituições de Ensino................................201 5. Instituições de Ensino Públicas e Privadas.........................203 6. Educação Básica.............................................................205 a) Educação Infantil........................................................206 b) Educação Fundamental..............................................206 c) Ensino Médio.............................................................207 7. Educação Superior..........................................................209 8. Educação Especial..........................................................216 9. Educação Profissional.....................................................217 10. Educação de Jovens e Adultos.......................................219 Marcelo Augusto Farias de Souza Art. 10 1. Desenvolvimento como prática no ensino formal...........222 2. Vedação à implantação como disciplina específica no currículo escolar.......................................228 3. Possibilidade de criação de disciplina nos cursos de pós-graduação, extensão e metodologia........230 4. Cursos de formação e especialização técnico-profissional................................230 Celso Lins Falcone Art. 11 1. Dimensão ambiental......................................................232 2. Currículo de formação de professores............................233 3. Formação complementar...............................................233 4. Cumprimento dos princípios e objetivos da PNEA..........235 Marcelo Augusto Farias de Souza Art. 12 1. Autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e seus cursos...........................236 CAPÍTULO II DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Seção III Da Educação Ambiental Não-Formal Carla Thomas Art. 13 1. Da Educação Ambiental Não-Formal..............................240 2. Quadro sinóptico de educação formal e não-formal........244 3. Educação.........................................................................247 4. Educação Ambiental.......................................................247 5. O Poder Público..............................................................253 6. Em níveis federal, estadual e municipal...........................253 7. Incentivo........................................................................254 8. O papel dos meios de comunicação de massa...............254 9. Articulação de escola, universidades e ONG´s na formação e execução de programas e atividades............259 10. Participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas...................................262 11. Sensibilização ambiental da sociedade........................265 12. Sensibilização ambiental das populações tradicionais...............................................269 13. Sensibilização ambiental dos agricultores....................270 14. Incentivo ao ecoturismo...............................................271 CAPÍTULO III DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Gracireza Azedo de Farias Art. 14 1. A Coordenação da PNEA por um órgão gestor...............275 a) Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama.........276 b) Estrutura do Sisnama..................................................276 c) Órgão Superior............................................................277 d) Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.....277 e) Órgão Central.............................................................278 f) Órgãos Executores: IBAMA e ICMBio...........................279 g) Órgãos Seccionais......................................................280 Art. 15 1. Atribuições do órgão gestor............................................282 2. Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA...283 3. Definição de diretrizes....................................................285 4. Articulação, coordenação e supervisão..........................287 5. Participação na negociação de financiamentos...............288 Art. 16 1. Competências dos Estados, DF e Municípios..................288 Art. 17 1. Eleição de planos e programas........................................292 2. Conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da PNEA.......................................................292 3. Princípios da prevenção e precaução.............................295 4. Prioridade: Sisnama e Sistema Nacional de Educação.....297 5. Economicidade dos recursos disponíveis.........................299 Art. 18. Revogado Art. 19 1. Programas de assistência técnica e financeira................302 CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 20 Art. 21 REFERÊNCIAS.......................................................................306 PARTE III.............................................................................331 1. DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO SOBRE O AMBIENTE HUMANO – 1972......................................333 2. CARTA DE BELGRADO, 1975...........................................344 3. DECLARAÇÃO DE TBILISI, 1977.......................................350 4. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL.....................................353 17 APRESENTAÇÃO A presente obra surge no âmbito do Programa de Pós-Gra- duação em Direito Ambiental da Universidade do Estado do Amazonas (PPGDA–UEA), no Curso de Mestrado em Direito Ambiental, em 2017, como fruto de pesquisas realizadas na dis- ciplina Direito Educacional Ambiental e no Grupo de Pesquisa Direito Educacional Ambiental – DEA, cadastrado no CNPq,1 em sintonia com a linha de pesquisa Conservação dos Recursos Naturais e Desenvolvimento Sustentável desse Programa, cujo resultado demonstra uma reflexão crítica desenvolvida que en- frenta os problemas mais atuais da Educação Ambiental com base em ricas e bem sedimentadas construções conceituais, his- tóricas e teóricas, contribuindo para o desenvolvimento cientí- fico do Direito. As diretrizes do Documento de Área do Direito da Coorde- nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes serviram de norte para o desenvolvimento e publicação deste trabalho. Os comentários pormenorizados à Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental – Pnea, ao que consta, é obra inédita, este fato é particularmente surpreendente, pois são praticamente duas décadas da edição dessa lei. A ausência 1 Endereço para acessar aos dados do Grupo de Pesquisa no CNPq: dgp.cnpq.br/dgp/ espelhorh/7746861653198261 18 de estudos mais aprofundados desse estatuto legal pela Ciência do Direito talvez explique os motivos pelos quais permanece ca- rente a inserção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino como exige a Constituição Federal. Apesar da grande importância da Lei 9.795/99, ela per- manece praticamente desconhecida pela maioria dos cidadãos, comunidades e sociedades civis organizadas, bem como pelos operadores do Direito. Com efeito, esperamos que com a publicação desta obra, pos- samos dar a nossa humilde colaboração para alterar esse cenário. Agradecemos à editora Valer que realizou uma primorosa edição e ao conjunto de autores por abrirem mão dos seus di- reitos de venda relativos à obra, de forma a permitir a sua mais ampla difusão em prol da Educação Ambiental brasileira, na me- dida em que, a exemplo das anteriores obras Hermenêutica Cons- titucional e Hermenêutica Constitucional: decisõesjudiciais, este livro estará disponível, com acesso universal e sem ônus, a todos que dele quiserem fazer uso no Portal do Curso de Mestrado em Direito Ambiental da UEA, na rede mundial de computadores e Internet. O trabalho, que ora vem à lume, é dedicado ao PPGDA– UEA e a todos aqueles que se dedicam ao estudo e à implemen- tação da Educação Ambiental em nosso país. Eid Badr PARTE I 21 1. INTRODUÇÃO Eid Badr Esta obra foi dividida em três partes, com o objetivo de que o leitor aproveite da melhor forma possível os estudos acerca da Educação Ambiental. A primeira parte cuida dos aspectos históricos da formação da Educação Ambiental, nos âmbitos internacional e nacional, natureza jurídica dos instrumentos internacionais e sua influên- cia sobre o ordenamento jurídico pátrio, conceitos e amplitudes. Todos esses aspectos são de fundamental importância para o es- tudo e a adequada compreensão da Educação Ambiental, razão pela qual foram concentrados na parte inicial da obra, de forma a tornar desnecessária sua repetição sistemática nos comentários à Lei n.º 9.795/99, da qual se cuida a segunda parte deste trabalho. Na parte final foram selecionados alguns documentos in- ternacionais e pátrios, fundamentais na formação da Educação Ambiental, alguns de difícil localização, objetivando permitir ao leitor uma análise imediata sobre a importância de cada um para a temática em estudo, a partir das citações e comentários realizados. 2. EDUCAÇÃO 2.1 Natureza jurídica A educação tem natureza jurídica de direito fundamental predominantemente associado a prestações positivas, sobretu- do, do Estado, mas também da família e da sociedade, atrelado aos objetivos da República brasileira e intimamente ligado à busca do ideal de igualdade material, que caracteriza os direitos fundamentais de segunda geração, sendo, por isto, importante instrumento de concretização e fortalecimento do Estado De- 22 mocrático de Direito, que visa o desenvolvimento da nação, me- diante a erradicação da pobreza e marginalização e redução das desigualdades sociais e regionais.2 A educação, com efeito, deve utilizar o ensino para concre- tizar os objetivos do Estado brasileiro delineados na Constitui- ção Federal. Neste sentido, Sílvio Luís Ferreira da Rocha concei- tua de forma precisa: O ensino é a transmissão de conhecimentos, de informa- ções ou esclarecimentos úteis ou indispensáveis à educa- ção. Educação, por sua vez, é o nome que damos ao pro- cesso que utiliza o ensino para, a partir da transmissão do conjunto de conhecimentos necessários, contribuir efetiva- mente com o desenvolvimento pleno da pessoa, prepará-la para o exercício da cidadania e habilitá-la ao trabalho (Art. 205 da CF).3 2.2 Educação ambiental A educação voltada para o meio ambiente ou Educação Ambiental está prevista na Constituição Federal, em seu artigo 225, inciso VI, a qual estabelece ser dever do Estado e de todos promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. O conceito de Educação Ambiental é estabelecido pela Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999: Art. 1.º Entendem-se por Educação Ambiental os proces- sos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade cons- troem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio am- biente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia quali- dade de vida e sua sustentabilidade. 2 BADR, Eid. Curso de Direito Educacional: o Ensino Superior. Curitiba: CRV, 2011, p. 20. 3 Op. cit., p. 23 A sua importância no contexto educacional e formas de execução, também, foram estabelecidos pelo mesmo estatuto legal: Art. 2.º A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presen- te, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. A Educação Ambiental é ampla e sua amplitude decorre da própria essência do objeto que se propõe a explicar, dos indivíduos que pretende instruir e da finalidade almejada, o que por sua vez difi- culta, demasiadamente, a apresentação de conceito estanque. Adriana Regina Braga entende que “a Educação Ambiental deve ser considerada como um processo de interação, entre a so- ciedade e o meio na qual vive, desenvolvido a partir da observa- ção e da reflexão sobre ela”.4 O conceito educação ambiental, encontrado no ordenamento jurídico pátrio, como se viu, é revelado pelos seus destinatários, seu aspecto funcional, importância no contexto educacional, suas for- mas e objetivo, qual seja de preservação do meio ambiente. 3. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3.1 No cenário jurídico internacional A Educação Ambiental foi objeto de abordagem em even- tos técnicos e políticos, sendo de grande relevância para o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente Humano, promovida pela Organização das Nações Unidas, conhecida como Conferência de Estocolmo, 4 BRAGA, Adriana Regina. Meio ambiente e educação: uma dupla de futuro. Campi- nas: Mercado das Letras. 2010, p. 24. 24 realizada em 1972, por proposta do governo sueco no início da década de 1970. A Conferência foi a primeira da história a reunir 113 Es- tados, 250 organizações não governamentais, diversas unidades ou agências especializadas da própria ONU,5 para debater as questões atinentes ao meio ambiente. A Guerra Fria, que marcava aquele período, fez com que vários Estados socialistas boicotassem a referida Conferência, como a Albânia, Bulgária, Cuba, Hungria, Polônia, Checoslová- quia e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em razão da exclusão da República Democrática Alemã (Alemanha Orien- tal), que não ocupava um lugar na ONU, à época.6 A China se fez presente, com numerosa delegação, contudo, absteve-se de aprovar a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, conhe- cida como a Declaração de Estocolmo de 1972.7 O Brasil se fez presente e aprovou a declaração final resul- tante dessa Conferência. A Declaração de Estocolmo de 1972,8 contém um preâmbu- lo com sete pontos, vinte e seis princípios, sendo que o último contém uma declaração contra as armas nucleares. É considera- da um marco histórico para a Educação Ambiental, uma vez que esta foi reconhecida como instrumento essencial na solução da crise ambiental internacional.9 A Conferência de Estocolmo de 1972 também produziu um Plano de Ação para o Meio Ambiente Humano integrado por 5 Stockholm 1972 Participants United Nations Environment Programme. Disponí- vel em: <http://staging.unep.org/Documents.Multilingual/default.asp?DocumentI- D=97&ArticleID=1519&l=en>. Acesso em 8 de jun., 2017. 6 United Nations Conference on the Human Environment. Disponível em: <https:// www.britannica.com/topic/United-Nations-Conference-on-the-Human-Environ- ment>. Acesso em 8 de jun., 2017. 7 CRETELLA NETO, José. Curso de Direito Internacional do Meio Ambiente. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 131 e 132. 8 Veja-se a Declaração de Estocolmo de 1972 na Parte III desta obra. 9 PEDRINI, Alexandre de Gusmão. Trajetórias da Educação Ambiental. In: PEDRINI, 25 109 recomendações, documento de fundamental importância para o desenvolvimento do Direito Ambiental e a Educação Ambiental. As recomendações foram reunidas em três grupos: a) o programa global de avaliação ambiental; b) atividades de gestão ambiental; c) medidas internacionais para apoiar as ações de avaliação e de gestão.10 A Recomendação n.º 96 trata expressamente sobre a Edu- cação Ambiental ao propor para a ONU o estabelecimento de um programa internacional de Educação Ambiental, interdisci- plinar, formal e não-formal, em todos os níveis de ensino e dire- cionado para o público em geral, em particular os cidadãos co- muns, jovens e adultos, das zonas rurais e urbanas, objetivando a educá-los sobre medidas simples que podem tomar para geren- ciar e controlar omeio ambiente.11 A Educação Ambiental, portanto, foi apresentada como instrumento de efetivação do Direito Ambiental, necessidade e direito do homem ao desenvolvimento ecologicamente equili- brado, instrumento indispensável à vida humana com dignidade às presentes e às futuras gerações, pois somente por intermédio da educação o homem será conscientizado quanto ao meio am- biente e às questões ambientais.12 A Declaração de Estocolmo de 1972 expressa a convicção de que tanto as gerações presentes como as futuras, tenham reconhe- cidas como direito fundamental, a vida num ambiente sadio e não degradado e estabelece no seu Princípio 19: Alexandre de Gusmão (org.). Educação Ambiental: reflexões e praticas contemporâ- neas. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 21-87. 10 Report of the United Nations Conference on the Human Environment – A/ CONF.48/14/Rev.1. Disponível em: < http://www.un-documents.net/aconf48-14r1. pdf>. Acesso em 8 de jun. de 2017. 11 Report of the United Nations Conference on the Human Environment - A/ CONF.48/14/Rev.1. Disponível em: < http://www.un-documents.net/aconf48-14r1. pdf>. Acesso em 8 de jun. de 2017. 12 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. Ver na Etapa III deste livro. 26 Princípio 19. É indispensável um esforço para educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma condu- ta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspi- rada no sentido de sua responsabilização sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comuni- cação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informa- ção de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos. Como se observa, considerou-se fundamental a realização de um trabalho de Educação Ambiental aos jovens e adultos, fir- mando, ainda, bases para um novo paradigma sobre as relações entre o ambiente e o desenvolvimento socioeconômico, no sen- tido de que aquele fosse levado em consideração. A partir dessa Conferência, ainda em 1972, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), sediado em Nairóbi, no Quênia, o qual passou a dividir com a Unesco as preocupações pertinentes ao meio ambiente, no âm- bito das Nações Unidas, tendo como objetivos: manter o estado do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida da po- pulação sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações futuras.13 13 ONU Meio Ambiente: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Disponí- vel em: <https://nacoesunidas.org/agencia/onumeioambiente/>. Acesso em 30 de maio, 2017. 27 Atendendo a Recomendação n.º 96 da Conferência de Esto- colmo de 1972, a ONU, em 1975, inicia a estruturação do Progra- ma Internacional de Educação Ambiental – Piea. A Unesco e Pnuma iniciam juntos o Piea,14 cujo papel prin- cipal era promover o intercâmbio de informações, investigação, formação e elaboração de material educativo, visando a elabo- ração de estratégias globais para a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, com base nos seguintes princípios orien- tadores: a Educação Ambiental deve ser continuada, multidisci- plinar, integrada às diferenças regionais e voltada para os interes- ses nacionais. No âmbito do Piea, a Unesco e Pnuma promoveram juntos dois importantes eventos que se tornaram os grandes marcos da Educação Ambiental: o Seminário Internacional de Educação Ambiental, realizado em Belgrado, na ex-Iugoslávia, em outubro de 1975; e a Conferência Intergovernamental sobre Educação Am- biental, realizada em Tbilisi, Georgia, integrante da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, em outubro de 1977.15 Em 1975, o Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado, contou com a participação de 65 Estados. A Carta de Belgrado16 é um dos documentos mais lúcidos e importantes gerados naquela década, pois refere-se à satisfação das necessi- dades e desejos de todos os cidadãos da Terra e propõe temas que tratam da erradicação das causas básicas da pobreza como a fome, o analfabetismo, a poluição, a exploração e dominação, devam ser tratados em conjunto. 14 Ministério do Meio Ambiente: antecedentes. Disponível em: <http://www.mma. gov.br/port/sdi/ea/deds/htms/antecedentes.htm>. Acesso em 30 de maio, 2017. 15 Ministério do Meio Ambiente: antecedentes. Disponível em:<http://www.mma.gov. br/port/sdi/ea/deds/htms/antecedentes.htm>. Acesso em 30 de maio de 2017. 16 Veja-se a Carta de Belgrado, 1975, na Parte III desta obra. 28 A Carta de Belgrado, de início, faz uma análise das conse- quências do crescimento econômico e progresso tecnológico às custas de consequências sociais e ambientais, com repercussão global. Reclama por um novo conceito de desenvolvimento as- sociado aos interesses da humanidade na sua totalidade, consi- derada a sua pluralidade, em harmonia com o meio ambiente, calcado na ideia de solidariedade entre nações e indivíduos no sentido de que nenhuma nação cresça ou se desenvolva às custas de outra e que o consumo feito por um indivíduo não ocorra em detrimento dos demais. A Carta propõe uma nova ética global, com distribuição equitativa dos recursos naturais associada à redução dos danos ao meio ambiente, por meio de utilização de rejeitos no proces- so produtivos e incremento de novas tecnologias. Reconhecen- do a necessidade de recursos para esses fins, indica a redução dos orçamentos militares. Convém lembrar que a Carta de Belgrado veio à lume em plena Guerra Fria, período em que a escalada ar- mamentista, notadamente, a nuclear, gerava grandes preocupa- ções. Tanto assim, que propôs como meta final “o desarmamen- to”, similar à declaração contida no princípio 26 da Declaração de Estocolmo de 1972. Reconhece como fundamental a reforma dos processos e sistemas educacionais para alcançar suas metas, de forma a oferecer aos jovens um “novo tipo de educação”. Nesse sentido, reitera a posição da Conferência sobre o Meio Ambiente Humano de Estocolmo (1972) que propôs o desenvolvimento da Educação Ambiental como um dos elementos fundamentais para a investida geral contra a crise ambiental do mundo. E propõe os fundamentos para um programa mundial de Educação Ambiental, cuja meta é o desenvolvimento de uma consciência de todos os indivíduos, em escala global, de preocupação com o meio ambiente e seus problemas por meio de conhecimento, habilidade, atitude, moti- vação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na 29 busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção de novos. A Carta de Belgrado, a exemplo da Recomendação n.º 96 da Conferência de Estocolmo de 1972, indica expressamente que a Educação Ambiental deve ter como categorias a educação formal e não-formal, e, ainda, de forma mais pormenorizada, ao dispor que a educação formal deve ser destinada aos alunos de pré-escola, primeiro e segundo graus e universitários, bem como professores e profissionais de treinamento em meio ambiente e não- -formal voltada para jovens e adultos, individual e coletivamente, de todos os segmentos da população, tais como famílias, trabalha- dores, administradores e todos aqueles que dispõem de poder nas áreas ambientais ou não. E, ainda, indica as diretrizes aos progra- mas da Educação Ambiental: 1. A Educação Ambiental deve considerar o ambiente em sua to- talidade – natural e construído pelo homem, ecológico, político, econômico, tecnológico, social, legislativo, cultural e estético. 2. A Educação Ambiental deve serum processo contínuo, per- manente, tanto dentro quanto fora da escola. 3. A Educação Ambiental deve conter uma abordagem interdis- ciplinar. 4. A Educação Ambiental deve enfatizar a participação ativa na prevenção e solução dos problemas ambientais. 5. A Educação Ambiental deve examinar as principais questões ambientais do ponto de vista mundial, considerando, ao mesmo tempo, as diferenças regionais. 6. A Educação Ambiental deve focalizar condições ambientais atuais e futuras. 7. A Educação Ambiental deve examinar todo o desenvolvimen- to e crescimento do ponto de vista ambiental. 8. A Educação Ambiental deve promover o valor e a necessidade da cooperação em nível local, nacional e internacional, na solu- ção dos problemas ambientais. As diretrizes, ou princípios, da Educação Ambiental pro- postas pela Carta de Belgrado, como é fácil observar, certamente 30 serviram de inspiração ao constituinte brasileiro na elaboração do artigo 225, VI, da Constituição Federal de 1988. Além disso, vários desses princípios foram assimilados pela Lei n.º 9.795/99, que instituiu a Política Nacional da Educação Ambiental. A primeira Conferencia Intergovernamental sobre Educação Ambiental, como dito, realizada na cidade de Tbilisi, produziu a Declaração de Tbilisi, contendo quarenta e uma recomendações que, além das recomendações quanto à cooperação internacio- nal sobre a Educação Ambiental, tratou de suas finalidades e ca- racterísticas, considerando-a como: (...) integrante do processo educativo, devendo ter um cará- ter interdisciplinar e uma abordagem complexa da questão ambiental, por intermédio da contextualização das práticas educativas nas múltiplas dimensões da sustentabilidade, quer seja, social, cultural, econômica, política, ética, ideoló- gica; para não se restringir à dimensão ecológica.17 As disposições da Declaração de Tbilisi18 servem de modelo em matéria de Educação Ambiental para todos os Estados, inclu- sive, é possível verificar que muitas destas foram incorporadas pela Politica Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei n.o 9.795/99. A Conferência de Tbilisi de 1975, como de sorte os próprios organizadores do evento sempre reconheceram, foi um prolon- gamento da Conferência de Estocolmo de 1972. O Brasil não este- ve presente, pelo menos em caráter oficial, sob a justificativa da Divisão de Comunicação e Educação Ambiental da Secretaria Especial do Meio Ambiente do governo federal, de que o nosso 17 Ministério do Meio Ambiente: antecedentes. Disponível em: <http://www.mma. gov.br/port/sdi/ea/deds/htms/antecedentes.htm>. Acesso em 30 de maio, 2017. 18 Veja-se a Declaração de Tbilisi, 1977, na Parte III desta obra. 31 país não mantinha relações diplomáticas com o bloco soviético, o que impediu a participação.19 Em 1979, a Unesco e o Pnuma promovem o Seminário de Educação Ambiental para América Latina, em San José, na Costa Rica, tendo como objetivo principal discutir a Educação Am- biental para a América Latina, tendo por base as recomendações estabelecidas na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental em Tbilisi. Em 1983, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, com o objetivo principal de anali- sar a equação formada pela questão ambiental e desenvolvimen- to, para propor um plano de ações. Essa Comissão, chamada de Comissão Brundtland, circu- lou o mundo e encerrou seus trabalhos em 1987, com um relatório chamado “Nosso Futuro Comum”. E é nesse rela- tório que se encontra a definição de desenvolvimento sus- tentável mais aceita e difundida em todo o Planeta: “Desen- volvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”. Segundo a Comissão, o desafio era trazer as considerações ambientais para o centro das tomadas de decisões econô- micas e para o centro do planejamento futuro nos diversos níveis: local, regional e global (Oficina de Educação Ambien- tal para Gestão, p. 5). Em 1987, a Unesco e a Pnuma realizaram em Moscou o Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambientais, evento no qual foram analisadas as conquistas e as dificuldades da Educação Ambiental e discutida uma estratégia internacional de ação a promoção da educação e formação ambientais para a 19 Conforme a obra A implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília, 1998. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001647. pdf>. Acesso em 8 de jun., 2017. 32 década de 1990, reiterou-se os conceitos em relação à Educação Ambiental debatidos na Conferência de Tbilisi. Nessa Conferência foi elaborado um documento, dividido em duas partes: na primeira havia proposições sobre a indispen- sabilidade e elementos que deveriam ser levados em considera- ção para o crescimento da Educação Ambiental e, na segunda parte, a elaboração de um plano de ação internacional sobre o tema para a década de 1990. A Organização das Nações Unidas declara o ano de 1990 o Ano da Educação Ambiental. A partir de então, tem início uma série de atos preparatórios para a Rio–92. Em 1992, foi realizada a Conferência Geral das Nações Uni- das realizada no Brasil, na Cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Rio–92, com a participação de delegações de 178 Esta- dos. Nela, é destacada novamente a necessidade de concessão de acesso adequado ao conhecimento sobre o meio ambiente como pressuposto indissociável à sustentabilidade do processo de evolução na implantação de uma política global e efetiva na solução das questões ambientais. A Carta do Rio sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, dispõe em seu artigo 10 que: Art. 10. O melhor modo de tratar as questões ambientais da participação de todos os cidadãos interessados no nível correspondente. No plano nacional, qualquer pessoa deve- rá ter acesso adequado à informação sobre o meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive a in- formação sobre os materiais e as atividades que ocasionem perigo as suas comunidades, assim como a oportunidade de participar nos processos de adoção de decisões. Os Es- tados deverão facilitar e incentivar a sensibilização e a par- ticipação da população, colocando a informação à disposi- ção de todos. Deverá ser proporcionado acesso efetivo aos procedimentos judiciais e administrativos, entre os quais o ressarcimento de danos e os recursos pertinentes. 33 Na Rio–92, a cúpula das Nações Unidas estabelece um con- junto de ações a serem promovidas pelos 179 Estados partici- pantes. Em relação à Educação Ambiental, dela resultaram três documentos: a) Tratado de Educação Ambiental, que reconheceu os direitos humanos de terceira geração, o direito à vida e a ética biocêntrica e ressaltou, dentre outros aspectos, a importância da colaboração da sociedade civil para a construção de um mode- lo de desenvolvimento mais sustentável; b) Carta Brasileira de Educação Ambiental, que trouxe instruções para a capacitação de recursos humanos; c) Agenda 21, assim como no caso dos dois demais documentos, é assumido o compromisso expresso de se alcançar o desenvolvimento sustentável no século XXI, daí o nome, Agenda 21. A Agenda 21 representa o acordo internacional das ações que objetivam melhorar a qualidade de vida no planeta, cuja tarefa não depende somente de órgãos governamentais ou da “sociedade de mercado”, mas também de cooperações e dos tra- balhos de cada cidadão. Assim, os temas ambientais não devem ser considerados um objeto de cada área, isolado de outros fato- res, mas trazidos à tona como uma dimensão que sustenta todas as atividades em seus aspectos sociais, culturais, econômicos, físicos e biológicos.20 Com mais de 600 páginas, dividias em 40 capítulos, a Agen- da 21 é um roteiro e um desafio para garantir a qualidade de vida na Terra para o Século XXI. O capítulo 36 é dedicado à “Promo- ção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento”. Um dos compromissos da Agendaé que cada país e cada região envolve- riam suas sociedades visando estabelecer suas próprias “Agendas 21”. No Brasil, em 1997, uma pesquisa demonstrou que somente 20 SATO, M. Educação Ambiental. São Carlos: Rima, 2002. 34 4% dos brasileiros já tinham ouvido falar deste documento, a in- dicar um baixo envolvimento da população.21 Assim, o século XX é o período em que inicia e intensifi- ca-se o reconhecimento internacional da Educação Ambiental para a efetivação do direito ambiental das presentes e futuras gerações à vida digna em um meio ambiente sadio, como sendo fator importante no processo de evolução da relação homem/ natureza, o que somente se alcançará por intermédio da educa- ção no que se refere às questões ambientais e à necessidade de mudança da forma de desenvolvimento econômico atual.22 Para tanto, reconheceu-se a necessidade de dispor a Educa- ção Ambiental, formal, em todos os níveis de ensino, e não-for- mal, de forma contínua, com a finalidade de trazer subsídios à discussão e elucidação das questões ambientais deste século, sen- do a Educação Ambiental princípio fundamental à efetivação do direito ao meio ambiente sadio às presentes e futuras gerações. 3.2 No cenário jurídico nacional No Brasil, a Educação Ambiental, restrita à sua dimensão ecológica, é tratada no Decreto Legislativo n.º 3, promulgado pelo Congresso Nacional em 13 de fevereiro de 1948, por meio do qual foi aprovada a Convenção para Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Naturais dos Países da América, assinada pelo Esta- do brasileiro, em 27 de dezembro de 1940, em Washington, nos Estados Unidos da América, por meio da qual os Estados partici- pantes se comprometeram a criar parques nacionais para a prote- ção da fauna e flora, pesquisas científicas e educação do público.23 21 Conforme a obra A implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília, 1998. Dis- ponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001647.pdf>. Acesso em 8 de jun., 2017. 22 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 23 Decreto Legislativo nº 3, de 13 de fevereiro de 1948: 35 Outro instrumento normativo que tratou da Educação Ambiental, com a denominação de Educação Florestal, foi o Novo Código Florestal, instituído pela Lei Federal n.o 4. 771, de 15 de setembro de 1965, demonstrando a inquietação da educa- ção para a preservação do meio ambiente, ainda que numa visão restrita ao aspecto natural, ao estabelecer a semana florestal a ser comemorada nas escolas e outros departamentos públicos, obri- gatoriamente, como forma de conscientização da importância e necessidade da preservação das florestas. Art. 43. Fica instituída a Semana Florestal, em datas fixadas para as diversas regiões do País, do Decreto Federal. Será a mesma comemorada, obrigatoriamente, nas escolas e estabelecimentos públicos ou subvencionados, através de programas objetivos em que se ressalte o valor das florestas, face aos seus produtos e utilidades, bem como sobre a for- ma correta de conduzí-las e perpetuá-las. Parágrafo Único. Para a Semana Florestal serão programa- das reuniões, conferências, jornadas de reflorestamento e outras solenidades e festividades com o objetivo de identi- ficar as florestas como recurso natural renovável, de elevado valor social e econômico. A Lei n.o 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, instituiu for- malmente a Educação Ambiental no Brasil, ao estabelecer como (...) Artigo III 1. Os Governos Contratantes acordam em que os limites dos parques nacionais não serão alterados nem alienada parte alguma deles a não ser pela ação de autoridade legislativa competente, e que as riquezas neles existentes não serão exploradas para fins comerciais. 2. Os Governos Contratantes resolvem proibir a caça, a matança e a captura de es- pécimes da fauna e a destruição e coleção de exemplares da flora nos parques na- cionais, a não ser pelas autoridades do parque, ou por ordem ou sob vigilância das mesmas, ou para investigações científicas devidamente autorizadas. 3. Os Governos Contratantes concordam ainda mais em prover os parques nacionais das facilidades necessárias para o divertimento e a educação do público, de acordo com os fins visados por esta Convenção” 36 um de seus princípios a promoção da Educação Ambiental em caráter formal, em todos os níveis de ensino, bem como no não formal, na educação comunitária, com o objetivo de capacitação para a promoção da defesa do meio ambiente, portanto, inedita- mente reconheceu a Educação Ambiental como direito, confor- me tratada em instrumentos internacionais: Art 2.º – A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da quali- dade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos inte- resses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: [...] X – Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, in- clusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. No âmbito constitucional pátrio, a Educação Ambiental é prevista expressamente pela primeira vez na Constituição Fe- deral de 1988, no inciso VI do artigo 225, no Capítulo VI do Meio Ambiente, que consagra a definição de Educação Am- biental dada pela Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecendo o direito à Educação Ambiental como direito de todos, conferindo ao Estado e à sociedade o dever de promover a Educação Ambiental em todos os níveis e conscientizar todos para a preservação do meio ambiente: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica- mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (...) VI – promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. 37 A Educação Ambiental, ainda que localizada topografica- mente na Constituição Federal, somente no Capítulo VI, re- ferente ao Meio Ambiente sem qualquer previsão expressa no Capítulo III da Educação, não afasta a sua dimensão pedagógica, por exigir o texto constitucional leitura sistemática para a ade- quada interpretação de suas normas, sendo imprópria a sua per- cepção restritiva, neste aspecto. Além disso, também é possível concluir que a Educação Ambiental tenha natureza jurídica de direito fundamental individual, por ser indispensável à dignida- de humana e ao exercício da cidadania. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, insti- tuída pela Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, apesar de ser posterior à Constituição Federal e a Rio–92, originalmente não tratou da Educação Ambiental. A única referência ao meio ambiente consta em seu artigo 32, inciso II, quando dispõe so- bre os princípios do Ensino Fundamental, referindo à “compreen- são do meio ambiente natural e social”. A omissão da LDB em relação à Educação Ambiental foi parcial e temporariamente suprida com a edição da Lei n.º 12.608, de 10 de abril de 2012, que alterou a sua redação para incluir ao artigo 26 o parágrafo 7.º para dispor que os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem incluir os princípios da pro- teção e defesa civil e a Educação Ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios. Esta disposição, em seguida, foi revogada pela edição da Lei n.º 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, que genericamente trata de temas transversais, excluindo a referência expressa à Educação Ambiental. Com efeito, a LDB que, por curto período (menos de 5 anos), contou com a previsão expressa à Educação Ambiental somente em relação ao Ensino Fundamental e Médio, o que já representava o desatendimento ao comando constitucional por não agarantir em todos os níveis de ensino (Art. 225, VI), pois nunca fez menção ao Ensino Superior, hodiernamente, volta à 38 condição de ser totalmente omissa em relação à Educação Am- biental, salvo à genérica previsão voltada exclusivamente ao En- sino Fundamental (Art. 32, II), em evidente retrocesso. No dia 27 de abril de 1999, com a edição da Lei n.º 9.795, a ser estudada pormenorizadamente no segundo capítulo desta obra, o legislador pátrio deu fim ao vácuo normativo infraconsti- tucional, na medida em que dispôs sobre a Educação Ambiental e instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental – Pnea. Em que pese o avanço legislativo, passados quase vinte anos de edição da Lei 9.795/99, temos que ainda permanece carente a inserção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e o estudo dessa lei pela Ciência do Direito. Tal situa- ção talvez explique o fato de que esse importante estatuto legal, ainda nos dias de hoje, permaneça praticamente desconhecido pela maioria dos indivíduos, comunidades e sociedades civis organizadas, bem como pelos operadores do Direito. É o cená- rio atual indesejável que a presente obra objetiva humildemen- te contribuir para alterar. No âmbito jurídico interno, também, merece menção as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, es- tabelecidas por meio da Resolução n.º 2 de 15 de junho de 2012, do Conselho Nacional da Educação.24 As diretrizes basicamente repetem os conceitos, princípios e objetivos estabelecidos na Lei n.º 9.795/99 e indica de que for- ma ela deve ser inserida academicamente: Art. 16. A inserção dos conhecimentos concernentes à Educação Ambiental nos currículos da Educação Básica e da Educação Superior pode ocorrer: I – pela transversalidade, mediante temas relacionados com o meio ambiente e a sustentabilidade socioambiental; II – como conteúdo dos componentes já constantes do currículo; 24 Ver na Etapa III deste livro. 39 III – pela combinação de transversalidade e de tratamento nos componentes curriculares. Parágrafo único. Outras for- mas de inserção podem ser admitidas na organização curri- cular da Educação Superior e na Educação Profissional Téc- nica de Nível Médio, considerando a natureza dos cursos. Além disso, as referidas Diretrizes estabelecem taxativa- mente, em seu Art. 18, que os Conselhos de Educação dos Es- tados, do Distrito Federal e dos Municípios devem estabelecer normas complementares para tornar efetiva a Educação Am- biental nos seus respectivos sistemas de ensino. Outra diretriz importante é a que consta no Art. 21, ao dis- por sobre a Educação Ambiental no sentido de que as Diretrizes Curriculares Nacionais e as normas para cursos e programas da Educação Superior devem, na sua necessária atualização, prescre- ver o adequado para essa formação. É de se esperar que tal comando se torne efetivo nas Dire- trizes Curriculares de todos os cursos de nível superior, o que até a presente data ainda não ocorreu. Nesse sentido, basta levarmos em conta as dificuldades en- frentadas no debate das novas diretrizes curriculares do curso de Direito, travado pelo Conselho Federal da OAB e o MEC, no período de 2013 a 2015, tendo como base um termo de coo- peração técnica que objetivava a elaboração de um novo marco regulatório para os cursos jurídicos brasileiros, no qual a OAB, por meio da sua Comissão Nacional de Educação Jurídica – CNEJ, propôs o Direito Ambiental como novo conteúdo essen- cial para esses cursos.25 25 OAB. Notícias OAB. Disponível em <http://www.oab.org.br/noticia/26947/oab- -debate-com-mec-texto-final-do-marco-regulatorio-do-ensino-juridico>..Acesso em 23.4.2016. Veja-se, também, OAB. OAB debate com MEC, texto final do Marco Regulatório do Ensino Jurídico. Disponível em<https://oab.jusbrasil.com.br/noti- cias/117562470/oab-debate-com-mec-texto-final-do-marco-regulatorio-do-ensi- no-juridico?ref=topic_feed>. Acesso em 2.5.2016. 40 Obviamente, a Educação Ambiental obrigatória por força da Constituição Federal e a Lei 9.795/99 não pode nos cursos de graduação em Direito prescindir do conteúdo Direito Ambiental. A partir da assinatura do aludido termo de cooperação, constitui-se no âmbito do MEC uma Câmara Consultiva Temá- tica – CCT, inclusive com a participação de representantes de outras instituições, com a finalidade de dar cumprimento aos objetivos nele estabelecidos. Em seguida, a OAB realizou por conta própria, no período compreendido entre 28 de junho e 23 de setembro de 2013, 32 audiências públicas, sendo uma pelo menos em cada unidade da Federação, coordenadas pela CNEJ com apoio das Seccionais da Ordem, para democratizar o deba- te sobre o marco regulatório. Abertas ao público em geral, essas audiências contaram com mais de 4 mil participantes. A proposta da CNEJ, formulada a partir da sua experiência em avaliação dos cursos de direito e das contribuições das au- diências públicas, de inclusão do Direito Ambiental nas diretrizes curriculares dos cursos de Graduação em Direito foi, incialmen- te, rejeitada pelo MEC e outras instituições, durante as delibera- ções da mencionada Câmara Consultiva Temática, mas a sua ine- gável importância fez com que o MEC incluísse na sua proposta de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cur- sos de Direito o conteúdo Direito Ambiental, encontrando-se a mesma em debate no Conselho Nacional de Educação. Por força do estabelecido pela Constituição Federal, Lei 9.795/99 e pelo próprio CNE/MEC nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, espera-se a inserção não só do conteúdo de Direito Ambiental, mas também de conheci- mentos de Educação Ambiental nas novas diretrizes curriculares para os cursos de Graduação em Direito. Como visto, a luta pela implementação efetiva da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, nos seus aspectos for- mal e não-formal, é absolutamente atual. 41 3.3 Educação Ambiental: diversidade de concepções A Educação Ambiental, como visto, tem sua importância reconhecida em diversos documentos internacionais e nacionais. Igualmente, é possível nestes identificar os seus objetivos, a exem- plo da primordial Recomendação 96 da Conferência sobre o Meio Ambiente Humano de Estocolmo (1972), que propôs o desenvolvi- mento da Educação Ambiental como um dos elementos fundamentais para a investida geral contra a crise ambiental do mundo, por meio de um programa mundial de Educação Ambiental, cuja meta é o desen- volvimento de uma consciência de todos os indivíduos, em escala global, de preocupação com o meio ambiente e seus problemas por meio de conhecimento, habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção de novos. Não obstante isso, quando se trata da forma de implemen- tação da Educação Ambiental, encontramos uma grande diver- sidade de concepções doutrinárias. Lucie Sauvé, com base em textos europeus e norte-ameri- canos, indica 15 correntes diversas sobre a concepção dominan- te do meio ambiente, intenção central da Educação Ambiental, enfoques privilegiados e estratégias ou modelos que represen- tam cada corrente. Sendo que entre as mais antigas estariam as correntes naturalista, conservacionista/recursista, resolutiva, sistêmica, científica, humanista, moral/ética. E as mais recentes as correstes holísticas, biorregionalista, práxica, crítica, feminis- ta, etnográfica, da ecoeducação e da sustentabilidade.26 A seguir, com base no trabalho de Lucie Sauvé, faz-se uma síntese das diversas correntes citadas.27 26 SAUVÉ, Lucie. Uma cartografia das correntes em Educação Ambiental. Disponível em: < http://web.unifoa.edu.br/portal_ensino/mestrado/mecsma/arquivos/sauve- -l.pdf>. Acesso em 8 de jun., 2017. 27 SAUVÉ, Lucie, op. cit. 42 A corrente naturalista é muito antiga e tem como base a relação com a natureza, no aprender com a natureza, a partir da experiência de viver na natureza e aprendercom ela, afetivo, espiritual ou artístico, associando a criatividade à natureza. No curso do último século, a corrente naturalista pode ser associada mais especificamente ao movimento de ‘educação para o meio na- tural’ (...) reconhece o valor intrínseco da natureza, acima e além dos recursos que ela proporciona e do saber que se possa obter dela. A corrente conservacionista/recursista tem como objeto a conservação dos recursos, tanto quanto à sua qualidade e quan- tidade: a água, o solo, a energia, as plantas (principalmente as plan- tas comestíveis e medicinais) e os animais (pelos recursos que podem ser obtidos deles), o patrimônio genético, o patrimônio construído etc. Os programas de Educação Ambiental têm como base os três “r”: redução, reutilização e reciclagem, ou aqueles centrados em preocupações de gestão ambiental (gestão da água, gestão do lixo, gestão da energia, por exemplo). A corrente resolutiva surgiu no início da década de 1970, diante da percepção da amplitude, gravidade e aceleração cres- cente dos problemas ambientais. Esta corrente adota a visão cen- tral de Educação Ambiental proposta pela Unesco no contexto de seu Programa Internacional de Educação Ambiental (1975–1995)”. Segundo ela, as pessoas devem estar a par das problemáticas am- bientais, bem como desenvolver habilidades voltadas para resol- vê-las. Está associada a um imperativo de ação: modificação de comportamentos ou de projetos coletivos. A corrente sistêmica propõe conhecer e compreender ade- quadamente as realidades e as problemáticas ambientais, de for- ma a identificar os diferentes componentes de um sistema ambiental e salientar as relações entre seus componentes, como as relações entre os elementos biofísicos e os elementos sociais de uma situação am- biental. Na Educação Ambiental, ela baseada, entre outras, nas contribuições da ecologia, ciência biológica transdisciplinar, que co- 43 nheceu seu auge nos anos de 1970, e cujos conceitos e princípios ins- piraram o campo da ecologia humana. A corrente científica dá ênfase ao processo científico, com o objetivo de abordar com rigor as realidades e problemáticas ambien- tais e de compreendê-las melhor, identificando mais especificamente as relações de causa e efeito. A Educação Ambiental está associada ao desenvolvimento de conhecimentos e de habilidades relativas às ciências do meio ambiente, do campo de pesquisa essencialmente in- terdisciplinar para a transdisciplinaridade. O meio ambiente é ob- jeto de estudo a partir do qual se escolherá uma solução ou ação apropriada. Neste processo as habilidades ligadas à observação e à experimentação são particularmente necessárias. A corrente humanista dá ênfase à dimensão humana do meio ambiente, construído no cruzamento da natureza e da cul- tura. O ambiente não é somente apreendido como um conjunto de elementos biofísicos, na verdade corresponde a um meio de vida, com suas dimensões históricas, culturais, políticas, econômicas, estéticas etc. Não pode ser abordado sem se levar em conta sua significação, seu valor simbólico. O “patrimônio” não é somente natural, mas também cultural. Segundo Lucie Sauvé, este enfo- que do meio ambiente é o preferido pelos educadores que se inte- ressam pela Educação Ambiental sob a ótica da geografia e/ou de outras ciências humanas. A corrente moral/ética tem na relação com o meio am- biente um fundamento de ordem ética. Alguns autores referem à uma “moral” ambiental, prescrevendo um código de comporta- mentos socialmente desejáveis (como os que o ecocivismo propõe); mas, mais fundamentalmente ainda, pode se tratar de desenvolver uma verdadeira ‘competência ética’, e de construir seu próprio sis- tema de valores. A corrente holística defende que o enfoque exclusivamente analítico e racional das realidades ambientais é causa de muitos problemas atuais. Propõe levar em conta não apenas as múlti- 44 plas dimensões das realidades socioambientais, mas também das diversas dimensões da pessoa que entra em contato com estas realidades, com a globalidade e da complexidade de seu “ser-no- -mundo”, no sentido holístico da totalidade de cada ser, de cada realidade, e à rede de relações que une os seres entre si em conjuntos onde eles adquirem sentido. A corrente biorregionalista se pauta na ideia de biorregião, segundo a qual: é um espaço geográfico definido mais por suas ca- racterísticas naturais do que por suas fronteiras políticas e no senti- mento de identidade entre as comunidades humanas que ali vivem, à relação com o conhecimento deste meio e ao desejo de adotar modos de vida que contribuirão para a valorização da comunidade natural da região. Na Educação Ambiental baseia-se na ideia de desenvol- vimento de uma relação preferencial com o meio local ou regional, no desenvolvimento de um sentimento de pertença a este último e no compromisso em favor da valorização deste meio. A corrente práxica enfatiza a aprendizagem a partir da ação, pela ação e para a melhora desta. Portanto, baseia-se na “pesqui- sa-ação”, objetivando a mudança num determinado meio (nas pessoas e no meio ambiente) e cuja dinâmica é participativa, en- volvendo os diferentes atores de uma situação por transformar. Em educação ambiental, as mudanças previstas podem ser de ordem so- cioambiental e educacional. A corrente de crítica social se inspira no campo da ‘teoria crítica’, que foi inicialmente desenvolvida em ciências sociais e que in- tegrou o campo da educação, para finalmente se encontrar com o da educação ambiental nos anos de 1980, defende a análise das dinâmi- cas sociais como causa das realidades e problemáticas ambientais. A corrente feminista da corrente da crítica social tem como bases a análise e a denúncia das relações de poder dentro dos grupos sociais. Entende que há uma correlação entre a domina- ção das mulheres e da natureza. O objetivo é buscar a harmonia com a natureza a partir, fundamentalmente, da harmonização 45 das relações entre os seres humanos, especialmente, entre ho- mens e mulheres. No contexto de uma ética da responsabilidade, a ênfase está na entrega: cuidar do outro humano e o outro como humano, com uma atenção permanente e afetuosa. A corrente etnográfica tem como base o caráter cultural da relação do homem com o meio ambiente. A educação ambiental não deve impor uma visão de mundo; é preciso levar em conta a cul- tura de referência das populações ou das comunidades envolvidas. A proposta é não somente adaptar a pedagogia às realidades culturais diferentes, como se inspirar nas pedagogias de diversas culturas que têm outra relação com o meio ambiente. A corrente da ecoeducação não busca encontrar soluções para os problemas ambientais, mas aproveitar a relação com o meio ambiente como cadinho de desenvolvimento pessoal, para o fundamento de um atuar significativo e responsável. O meio am- biente é tido como espaço de interação essencial com vistas à ecoformação ou para a ecoontogênese. A corrente da sustentabilidade tem o seu desenvolvimento a partir da década de 1980 e paulatinamente passou a influenciar a Educação Ambiental, a ponto de se tornar uma perspectiva domi- nante, a ponto da Unesco, em resposta às recomendações do Capítu- lo 36 da Agenda 21, resultante da RIO–92, substituir o seu Programa Internacional de Educação Ambiental por um Programa de Educa- ção para um futuro viável (Unesco, 1997), objetivando contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável. A Educação Ambiental passa a ser, dentre outras, uma ferramenta para o alcance do desenvolvimento sustentável, na perspectiva de se aprender a utilizar racionalmente os recursos de hoje para que haja suficientemente para todos e se possa assegu- rar as necessidades do amanhã. A crítica dessa corrente é que a Educação Ambiental estaria limitada a um enfoque naturalista e que necessita integrar as preocupações sociais, especialmente, as considerações econômicas no tratamento das problemáticas 46 ambientais.Nesse sentido, os defensores dessa corrente defen- dem, desde 1992, uma reforma de toda a educação para se alcan- çar esse fim. A Educação Ambiental para o consumo sustentável assume o caráter estratégico para transformar os modos de pro- dução e de consumo, processos de base da economia das sociedades. A diversidade de concepções da Educação Ambiental, a nosso ver, não indica uma evolução ou involução conceitual da Educação Ambiental, mas formas diversas de estudo de um mesmo objeto em momentos distintos. E estas a partir da aná- lise das diversas correntes não são, necessariamente, estanques, já que é possível identificar uma correlação entre elas, por isto mesmo não se substituem às outras, obrigatoriamente, no de- correr do tempo. Apesar da diversidade de concepções, a ideia de Educação Ambiental está associada predominantemente, como visto, ao conceito de desenvolvimento sustentável, como no todo o Di- reito Ambiental, ainda que tal conceito, desenvolvido a partir da década de 1980, comporte divergências. O conceito de desenvolvimento sustentável foi incorpora- do como princípio na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, mais conhecida como Rio–92, servindo de base para a formulação da Agenda 21. Contudo, como acentua José Cretella Neto, a expressão vem me- recendo críticas da doutrina, especialmente, por “ser geral e ines- pecífica”, sendo considerada como conceito “guarda-chuva”, pois embora sua concepção pretenda vincular os conceitos de desen- volvimento e meio ambiente carece de uma vinculação concreta mais evidente, revelando-se insuficiente para gerar um consenso sobre as questões teóricas fundamentais relativas à expressão.28 Outros problemas são apontados pela doutrina sobre a expressão: 28 CRETELLA NETO, José. Curso de Direito Internacional do Meio Ambiente. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 89-90. 47 ... as debilidades básicas do conceito residem na falta de definições adequadas e universalmente aceitas de pobreza, degradação, desenvolvimento (e seus objetivos), susten- tabilidade e participação. Outro ponto ressaltado é sobre como proceder, tendo em vista a falta de conhecimentos científicos. Outro problema apontado pela doutrina para a introdução do conceito de desenvolvimento sustentável como princí- pio orientador da proteção ambiental é a inerente contradi- ção entre os objetivos do desenvolvimento e da proteção ao meio ambiente. Desenvolvimento sustentável, como con- ceito de política internacional, claramente implica alguma medida de responsabilidade internacional. Contudo, como em geral acontece quando a expressão e empregada, vem logo acompanhada de uma referência expressa sobre o ne- cessário respeito à soberania nacional. Por essa razão, tem sido alegado que, por um lado, o con- ceito seria ‘inoperante’, justamente em virtude de sua evi- dente imprecisão, enquanto, por outro lado, ‘a emergência de uma definição conveniente que fosse do agrado de todos os intervenientes seria uma indicação de que a definição é inadequada, já que se trata de um conceito por demais fun- damental para ser facilmente apreendido.29 José Cretella Neto lembra, ainda, que para Comissão Eco- nômica para a América Latina e o Caribe – Cepal, no que in- teressa aos países pobres o desenvolvimento sustentável seria, es- sencialmente a satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais. O autor aponta vários problemas nessa definição da Ce- pal e conclui que ela “é tão elegante quanto pouco prática, e certamente nada precisa”.30 29 CRETELLA NETO, José. Op. cit., p. 90. 30 CRETELLA NETO, José. Op. cit., p. 90. PARTE II 51 COMENTÁRIOS À LEI Nº 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999 LEI Nº 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999 Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I – Da Educação Ambiental Yamile Viana de Souza Queiroz 1. CONCEITOS BÁSICOS Educação. No artigo 1.º da Lei n.º 9.394/96 (Lei de Dire- trizes e Bases da Educação – LDB), dispõe-se que a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem em di- versas esferas, quais sejam: na vida familiar, na convivência hu- mana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas ma- nifestações culturais. Paulo Freire afirma que há duas definições de educação: uma geral e outra específica. O autor aponta que: A geral é: educação é uma concepção filosófica e/ou cien- tífica acerca do conhecimento colocada em prática. A es- pecífica depende da concepção de conhecimento freireana: o conhecimento é um processo social criado por meio da ação-reflexão transformadora dos humanos sobre a reali- dade. A definição de educação específica de Freire é: edu- 52 cação é o processo constante de criação do conhecimento e de busca da transformação-reinvenção da realidade pela ação-reflexão humana. Segundo Freire, há duas espécies gerais de educação: a educação dominadora e a educação libertadora. A dominadora apenas descreveria a realidade e transferiria conhecimento; a libertadora seria ato de criação do conhecimento e método de ação-reflexão para a trans- formação da realidade.31 Diante do exposto, é correto entender, de modo bem sucin- to, que educação é a busca constante pelo conhecimento. 2. MEIO AMBIENTE Analisando vários documentos internacionais que versam sobre a temática “meio ambiente”, a exemplo da Conferência de Estocolmo (Suécia), de 1972, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), com a participação de 113 países, per- cebe-se nitidamente o alerta mundial sobre os riscos trazidos pela degradação excessiva ao meio ambiente. Em continuidade, após o advento da ECO–92 foram apro- vados importantes tratados internacionais, como a Convenção do Clima e a Convenção da Diversidade Biológica. Contudo, a definição legal de meio ambiente, no âmbito interno, deu-se de modo mais preciso por meio da legislação pátria, especialmente pelo previsto no artigo 3.º, Inc. I, da Lei de Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), a Lei n.° 6.938/81, que dispõe que o meio ambiente é: o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. (Art. 3, Inc. I, da Lei 6.938/1981). 31 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 2003, p. 80. 53 Tal conceito foi recepcionado pela Constituição da Repú- blica Federativa do Brasil de 1988 (CRFB), de maneira mais am- pla. O legislador constituinte estabeleceu no Art. 225, da CRFB, a tutela ao bem jurídico ambiental, cujo objetivo é a “sadia quali- dade de vida”, para todos, presentes e futuras gerações. Sob esse contexto, entende José Afonso da Silva,32 em sua doutrina, que diante da deficiência do legislador em criar a nor- ma prevista no Art. 3.º, Inc. I, da Lei n.º 6.938/81, delimitando o bem jurídico em voga, possibilitou-se apenas com o advento da Constituição Federal de 1988 outra definição legal, referente a uma tutela jurisdicional ampla e mais abrangente. Para ele, meio ambiente é definido como “a interação do conjunto de elemen- tos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvi- mento equilibrado da vida em todas as suas formas”. Para Paulo de Bessa Antunes, meio ambiente é: um bem jurídico autônomo e unitário, que não se confunde com os diversos bens jurídicos que o integram. Não é um simples somatório de flora e fauna, de recursos hídricos e recursos minerais. Resulta da supressão de todos os com- ponentes que, isoladamente, podem ser identificados, tais como florestas, animais, ar etc. Meio ambiente é, portanto, uma res communes omnium, uma coisa comum a todos, que pode ser composta por bens pertencentes ao domínio
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