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Unidade 1 - PCLB-Quinhentismo e Barroco

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Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
Mitizi Gomes 
 
 
 1 
Unidade 1 
 
A CONDIÇÃO COLONIAL E O BARROCO NO BRASIL 
Mitizi Gomes 
 
Caro(a) aluno(a), 
o objetivo desta unidade é entender os relatos dos viajantes e 
colonizadores como uma forma de dar a conhecer usos e costumes dos 
habitantes da nova terra para o Velho Mundo, bem como ver o Barroco 
como uma manifestação literária e cultural fundamentada existente no 
Brasil no período colonial. 
 
1.1 Os Relatos dos viajantes 
 
Minha tenção não foi outra neste sumário (discreto e curioso leitor) senão denunciar em 
breves palavras a fertilidade e abundância da terra do Brasil, para que esta fama venha a 
notícia de muitas pessoas que nestes Reinos vivem com pobreza, e não duvidem escolhê-la 
para seu remédio; porque a mesma terra é tão natural e favorável aos estranhos, que a todos 
agasalha e convida com remédio por pobres e desamparados que sejam. 
Pero de Magalhães Gândavo, “Tratado de Terra do Brasil” 
 
Para falarmos do período do nascimento da produção cultural brasileira, é necessário 
abordar, brevemente, os relatos dos viajantes conquistadores das Américas. Conhecemos a 
“certidão de nascimento” do Brasil, a carta que Pero Vaz de Caminha – escrivão mor da frota de 
Cabral – escreveu para o rei de Portugal, Dom Manuel, mas nem sempre paramos para compará-
la com as demais produções escritas dos demais conquistadores e viajantes. Nelas, podemos 
entender a forma como os conquistadores e cronistas viam o povo habitante do Novo Mundo, já 
que ali estão registrados os primeiros contatos entre os dois povos de culturas tão diferentes. 
Para compor esse quadro, podemos citar mais relatos de conquistadores, tais como os de 
Cristóvão Colombo, de Américo Vespúcio, de Jean de Léry, de Gândavo, de Hans Staden1, que 
acabam se complementando, ainda que sem conhecimento das escritas uns dos outros. A partir 
da análise dos textos escritos por eles, é possível detectar uma série de pontos em comum, o que 
podemos atribuir à ideologia da época. Nesse sentido, veremos que tanto Caminha quanto os 
demais aqui citados abordaram, seja em cartas, seja em diários, pontos convergentes que nos 
auxiliam na leitura e análise dos relatos maravilhosos. 
As narrativas de viagem, segundo Heloísa Reichel2, são fontes utilizadas para pesquisa 
pela historiografia por oferecerem descrições sobre os aspectos da vida privada dos habitantes, 
dos lugares visitados pelos viajantes, bem como da cultura e da sociedade. Através de tais relatos, 
recebemos informações sobre o cotidiano, a alimentação, o lazer e a sociedade dos nativos, além 
disso, podemos perceber no discurso de cada um a ideologia dominante de uma época específica 
– qual seja, a do período das grandes navegações. 
Quando nasceu o descobridor da América, em Gênova, no ano de 1451, muitas 
descobertas marítimas já haviam sido feitas, inclusive da Ilha da Madeira, das Canárias e dos 
Açores, e os avanços portugueses na costa Africana eram significativos. Aos vinte e dois anos de 
 
1 Além dos relatos desses colonizadores citados, podemos apontar outros viajantes que vieram para o Novo Mundo 
e registraram suas impressões. São eles: Cabeza de Vaca, Hernán Cortez, Antonio Pigafetta, Frei Bartolomé de Las 
Casas. 
2 REICHEL, Heloísa Jochims. Relatos de viagens como fonte histórica para estudo de conflitos étnicos na região 
platina - séc. XIX. In: PRATT, Mary Louise [et al]. Literatura & história: perspectivas e convergências. Bauru, SP: 
EDUSC, 1999. 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
Mitizi Gomes 
 
 
 2 
idade, Colombo era comandante de um navio e, poucos anos mais tarde, marcou sua vida com 
navegações para diferentes localidades. 
Em 1483, Colombo, em Portugal, iniciou a campanha para atingir a Ásia pela rota 
Ocidente, mas seu projeto fora rejeitado depois de quatro anos de estudo, pois os Teólogos 
afirmavam que a Terra era plana. Durante as negociações entre Colombo e o rei Dom João II, 
Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança e abriu o caminho para as Índias pela rota do 
Oriente. Logo, Cristóvão deixou Lisboa. Com a expulsão dos mouros da Espanha, a rainha, 
entusiasmada, permitiu a primeira expedição de Colombo, que partiu de Palos no dia 3 de agosto 
de 1492 e atingiu o arquipélago das Bahamas em 12 de outubro do mesmo ano. 
Américo Vespúcio nasceu em Florença em 1451, era cartógrafo, astrônomo e piloto de 
navegação. Das quatro viagens feitas por ele com intuito exploratório, em três esteve em terras 
brasileiras, cujas peculiaridades ele relata em suas cartas. As correspondências do explorador 
geram polêmica quanto a sua autenticidade, mas alguns estudiosos afirmam ser verdadeiras as 
informações presentes por existirem os lugares descritos. Américo Vespúcio3 não reivindica a 
descoberta da América para ele, pois, em sua carta referente à segunda viagem, faz menção a 
Cristóvão Colombo e à descoberta da ilha Espanhola: 
 
Depois de navegar mais de 700 léguas, e necessitados de mantimentos e 
reparos nos navios, resolvem ir para a Espanhola, que é aquela que descobriu 
o Almirante Colombo seis anos atrás […], isso porque habitada por Cristãos 
[…]. (VESPÚCIO, 1984, p.60) 
 
Das origens de Caminha, pouco se sabe, apenas que tinha em torno de 40 anos de idade e 
que fora nomeado escrivão Mor da frota de Cabral. Além disso, sabe-se que, ao final da carta, 
solicita ao Rei a volta de seu genro degredado, Jorge de Osório, da Ilha se São Tomé. 
Os relatos dos exploradores aproximam a história da literatura, pois o conhecimento real 
é modificado pelas imagens mentais dos escritores, mostrando-se através da linguagem que estes 
utilizam. Essa linguagem usada pelos cronistas é carregada de subjetividade e constitui-se de uma 
reinvenção da realidade. O olhar particular de cada um constrói imagens que se objetivam pela 
representação do real, as quais estão a serviço de componentes ideológicos apoiados em 
equipamentos culturais trazidos consigo. 
A forma do relato dos viajantes está ligada à ideologia expansionista e colonizadora e nem 
sempre se constitui como a única realidade. Se os colonizados relatassem o processo, certamente 
enfocariam e dariam um rumo diferente aos acontecimentos, mas os relatos que chegaram até 
nós pertencem aos colonizadores e estão cravejados de tais ideologias. 
 
Para refletir... 
 
“Enquanto nos faziam o relato éramos atacados por grande quantidade de pedras, 
lançadas por também grande quantidade de índios que nos cercavam. Tentamos conversar 
com eles com o testemunho do escrivão, mas como não paravam de nos atacar, tratamos de 
nos defender como podíamos. Eram mais de cem mil índios que lutaram conosco até uma 
hora antes do pôr-do-sol. Com seis escopetas, quarenta balistas e uma meia dezena de outros 
tiros, além de treze cavalos, consegui fazer muitos danos neles sem sofrer nada além do 
cansaço da luta e da fome. Até parece que foi Deus que lutou por nós, tamanha era a 
multidão que nos cercava e sua disposição para a luta.” (CORTEZ, Hernán. O fim de 
Montezuma: relatos da conquista do México. Porto Alegre: L&PM, 1999, p.16) 
 
 
3 VESPÚCIO, Américo. Novo mundo: cartas de viagens e descobertas. Porto Alegre: L&PM, 1984. 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
Mitizi Gomes 
 
 
 3 
 
Esse trecho faz parte dos relatos de Cortez, o conquistador do 
México, e está presente na segunda carta enviada ao imperador 
Carlos I da Espanha e V da Alemanha, em 1519. Pesquise sobre 
como se deu a colonização do México. 
 
 
O diário das expedições de Cristóvão Colombo4, as cartas de Américo Vespúcio bem 
como a Carta de Caminha5 possuem a linguagem carregada das marcas do colonizador. As 
palavras utilizadas mostram uma preocupação constante com a catequização, a busca de riquezas, 
a exploração e a tomada de terras. Outra característica apontada é a falha na linguagem, a pobreza 
do léxico de quem descrevea fauna e a flora, bem como os habitantes e seus costumes. Para 
tanto, eles precisam constantemente realizar comparações, como vemos tão nitidamente nos 
relatos do francês Jean de Léry. 
Os trechos que se seguem foram extraídos das cartas de Vespúcio, do diário de Colombo 
e da Carta de Caminha. Nos referidos textos, é possível constatar o quanto a ideologia da época 
está em sintonia. O desejo da descoberta está associado à dominação dos povos e, ao perceberem 
que os índios não eram cristãos, os exploradores tomavam suas coisas, suas vidas em nome de 
Deus e do rei, sem que houvesse qualquer pesar nisso. Os relatos são feitos detalhadamente, 
sendo que o destinatário das cartas, no caso de Vespúcio, é conivente com os rumos dos 
acontecimentos. 
A ideologia cristã está entranhada no discurso dos relatores, pois há constantemente 
súplicas de bom desempenho a Deus e agradecimentos em relação à vitória em batalhas. 
 
Queira nosso Senhor dar-me saúde, e boa viagem […]. (VESPÚCIO, 1984, 
p.62) 
[…] naveguei até […] as Ilhas Canárias, e depois de ter me provido de todas as 
coisas necessárias, feitas as nossas orações e súplicas […]. (idem, p.49) 
Depois de navegar mais de 700 léguas, e necessitados de mantimentos e 
reparos nos navios, resolvem ir para a Espanhola, que é aquela que descobriu 
o Almirante Colombo seis anos atrás […], isso porque habitada por Cristãos 
[…]. (idem, p.60) 
“Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta, com todos 
nós espalhados pelo areal. E pegou uma solene e proveitosa pregação, da 
história do Evangelho, ao fim da qual tratou de nossa vinda e do achamento 
desta terra, referindo à luz, sob cuja obediência viemos, palavras que foram 
muito a propósito e que provocaram muita devoção. (CAMINHA, 1996, p.83) 
 
Mesmo que primeiramente não percebamos o intuito evangelizador, notamos que há uma 
ideia de superioridade religiosa, pois, no episódio em que morreram muitos índios na travessia, 
não há pesar no relato, já que Vespúcio fala como de algo comum - ao passo que, no que se 
refere à morte de alguns da tripulação, há o tom de lamento. 
 
Chegados à Cádiz, vendemos muitos escravos, que haviam 200 deles, e o resto 
até 232 tinham morrido no golfo; […] sobrou obra de 500 ducados, os quais se 
tiveram de repartir em 55 partes, e foi pouco aquilo que tocou a cada um; no 
entanto com a vida nos contentamos, e rendemos graças a Deus, que em toda 
 
4 COLOMBO, Cristóvão. Diários da descoberta da América. Porto Alegre, L&PM, 1999. 
5 CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre, L&PM, 1996. 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
Mitizi Gomes 
 
 
 4 
viagem de 57 homens Cristãos que éramos, não morreram exceto dois que 
mataram os Índios. (VESPÚCIO, 1984, p.61) 
 
Colombo também se refere a Deus constantemente, principalmente no que diz respeito 
ao pedido de proteção: 
 
O almirante encontrou muito prazer e consolo nas coisas que estava vendo e 
sentiu diminuir a angústia e o pesar que tinha com a perda da nau, percebendo 
que Nosso Senhor a havia feito encalhar ali a fim de que pudesse conhecer 
esse lugar. (p.103, 1ª viagem) 
Cheguei ao cabo de "Graças a Deus" e ali Nosso Senhor me concedeu vento e 
corrente propícios. (p.196, 4ª viagem) 
 
A evangelização também faz parte dos interesses de Colombo nas expedições, pois, ao 
afirmar que os habitantes "demonstraram grande amizade", percebeu que "eram pessoas que 
melhor se entregariam e converteriam à nossa fé pelo amor e não pela força" (1999, p.52). Há, 
em Colombo, o destaque dado à condição dos habitantes de não ter religião e de serem 
rapidamente domesticados: “Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que repetem logo 
o que a gente diz e creio que depressa se fariam cristãos, me pareceu que não tinham nenhuma 
religião.” (p.53,1ª viagem) 
Tal qual Colombo, Caminha aborda a questão da evangelização nos índios brasileiros: 
 
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a 
nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, 
segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar 
aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a 
santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, 
à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa 
e de bela simplicidade. (CAMINHA, 1996, p.94) 
 
A descrição feita dos locais visitados pelos exploradores está ligada à idéia de que existia, 
em algum lugar distante daqueles em que viviam, o paraíso terreal, segundo as crendices do 
momento. A visão do paraíso está explícita na forma como descrevem a paisagem, os animais, as 
riquezas e, inclusive, a forma de vida dos nativos. Colombo, em sua primeira viagem, diz: 
 
Aqui tem grandes lagunas e, dentro delas e em volta, o arvoredo é uma 
maravilha, e aqui em toda a ilha está tudo verde e as folhagens lembram o mês 
de abril em Andaluzia; e o canto dos passarinhos dá vontade de nunca mais ir 
embora, e os bandos de papagaio chegam a escurecer o sol. (1996, p.64) 
Creiam-me, Vossa Majestade, que esta terra é a melhor e mais fértil, 
temperada, plana e boa que tem no mundo. (idem, p.62) 
 
Américo Vespúcio não faz um relato muito diferente do realizado por seu precursor, a 
não ser pelas características literárias que aparecem nestes trechos quase líricos, e a alusão direta 
ao paraíso terrestre: 
 
[…] fomos à terra, e descobrimo-la tão cheia de árvores, que era coisa 
maravilhosa não somente a grandeza delas, mas o seu verdor, que jamais 
perdem as folhas, e o cheiro suave que saía, que são todas aromáticas, dava 
tanto conforto ao olfato, que grande recreio tiramos disto. (1984, p.50) 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
Mitizi Gomes 
 
 
 5 
O que aqui vi foi uma feíssima coisa de pássaros de diversas formas, e cores, e 
tantos papagaios, e de tantos tipos diversos, que era maravilhoso; alguns 
corados como carmim, outros verdes e corados, e cor de limão, e outros todos 
verdes, e outros negros, e encarnados, e o canto dos pássaros que estavam nas 
árvores era coisa tão suave e de tanta melodia, que nos aconteceu estarmos 
parados pela doçura deles. As suas árvores são de tanta beleza e de tanta 
suavidade que pensávamos estar no Paraíso terrestre […]. (idem, p.53) 
 
Os elementos literários de ambos os relatos estão ligados à imaginação e à tentativa de 
relatar o exótico para pessoas que teriam que apreender o visto apenas através do discurso 
escrito. Vespúcio chega a citar poetas para melhor exemplificar seu sentimento diante do novo. 
 
Não assinalei estrela que tivesse menos de dez graus de movimento ao redor 
do movimento [firmamento], de modo que não fiquei satisfeito em mim 
mesmo de nomear nenhuma […] e lembrei-me de um dito de nosso poeta 
Dante […] quando finge elevar-se deste hemisfério e encontrar-se no outro, 
querendo descrever o pólo antártico […]. (VESPÚCIO, 1984, p.54) 
A 15 léguas da terra firme, desembarcaram em outra ilha: encontramos uma 
povoação obra de 12 casas onde não encontramos exceto sete fêmeas, e de tão 
grande estatura, que não havia nenhuma que não fosse mais alta que eu um 
palmo e meio […], vieram 36 homens e entraram na casa onde estávamos 
bebendo e eram de tão alta estatura, que cada um deles era mais alto estando 
ajoelhados, que eu ereto. (idem, p.59) 
 
Muitas vezes, ao referirem-se às características dos habitantes, afirmam o exotismo de tal 
raça pelas características físicas e pelas diferentes línguas que possuíam; também ressaltam a 
condição que mostravam para o trabalho. Colombo, no primeiro contato com os índios, relatado 
na primeira viagem, ressalta suas características físicas. 
 
E todos os que vi eram jovens, nenhum com mais de trinta anos de idade: 
muito bem feitos, de corpos muitos bonitos e cara muito boa; os cabelos 
grossos, quase como o pêlo do rabo de cavalos, e curtos[…]. Eles se pintam 
de preto, e são da cor dos canários, nem negros nem brancos […]. (1999, p.52) 
 
Nesse ponto específico, os relatos de Vespúcio e os de Caminha não diferem dos de 
Colombo, visto que tentam descrever os nativos da forma mais fiel que o olhar pode captar, não 
conseguindo esconder a surpresa de ver como os índios andavam naturalmente nus. 
 
[…] a primeira terra que encontramos ser habitada foi uma ilha […] vimos 
grande multidão na orla do mar que nos estava olhando como coisa de 
maravilha […] armamos as barcas e fomos a terra 22 homens bem armados; e 
a gente quando nos viu saltar à terra e conheceu que éramos gente 
desconforme da sua natureza, porque não têm barba nenhuma nem vestem 
vestimento nenhum assim os homens como as mulheres […] (VESPÚCIO, 
1984, p.56) 
São gente de gentil disposição, e de bela estatura; vão desnudos de todos, as 
suas armas são armas com setas […] são gente esforçada, e de grande ânimo. 
(idem, p.56) 
Todos vão nus como nascem sem ter vergonha nenhuma, que se tudo se 
tivesse de contar de quanta pouca vergonha têm, seria entrar em coisa 
desonesta, e melhor é calar. (idem, p.57) 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
Mitizi Gomes 
 
 
 6 
A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons rostos e bons narizes. Em 
geral são bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor 
caso de cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como 
quando mostram o rosto. (CAMINHA, 1999, p.79) 
 
Outro ponto que chamava a atenção dos conquistadores era a diversidade linguística 
encontrada no novo lugar. Vespúcio não deixou de registrar as diferentes línguas que conheceu 
durante as expedições. 
 
[…] cada dia descobríamos uma infinidade de gente, e várias línguas (1984, 
p.58) 
[…] encontrando continuamente gente brava, e uma infinidade de vezes 
combatemo-los, e prendemos deles cerca de 20, entre os quais havia 7 línguas, 
que não se entendiam uma a outra; diz-se que no mundo não existem mais do 
que 77 línguas, e eu digo que existem mais de 1000 que só as que eu ouvi são 
mais de 40. (idem, p.60) 
 
Além dos três conquistadores aqui brevemente expostos, não devemos esquecer de que 
outros nomes também passaram em terras brasileiras e registraram suas impressões. Dentre eles 
temos o francês Jean de Léry, que chegou ao Brasil em 1556 e aportou na Baía de Guanabara. 
Em seus escritos, destacamos um ponto que parece significativo, que diz respeito à forma como 
relata o que vê e o que ouve, pois sua percepção é mais perspicaz, parecendo menos carregada de 
subjetividade e menos preconceituosa. Ao relatar uma conversa que teve com um velho 
tupinambá sobre a importância que o pau-brasil adquiriu para os estrangeiros, de Léry nos mostra 
a visão do velho acerca das atitudes dos brancos de se submeterem a grandes desconfortos 
apenas para acumularem riquezas para os descendentes: 
 
“Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer 
assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para 
quem fica o que deixam? - Para seus filhos se os têm, respondi; na falta dêstes 
para os irmãos ou parentes mais próximos. - Na verdade, continuou o velho, 
que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois 
grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como 
dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para 
vossos filhos ou para aquêles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos 
nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem 
amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos 
nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados”. 
(LÉRY, 2011, p.38) 
 
Dos escritos de Pero de Magalhães Gândavo, produzidos por volta de 1570 (mas 
publicados apenas no século XIX), principalmente no que se refere ao “Tratado de Terra do 
Brasil”, destacamos a naturalidade com que ele fala acerca da matança de índios pelos 
portugueses, e, ao mesmo tempo, como justifica essa ação pela própria condição da língua do 
nativo: 
 
“Havia muitos destes índios pela Costa junto das Capitanias, tudo enfim estava 
cheio deles quando começaram os portugueses a povoar a terra; mas porque 
os mesmos índios se alevantaram contra eles e faziam-lhes muitas traições, os 
governadores e capitães da terra destruíram-nos pouco a pouco e mataram 
muitos deles, outros fugiram para o sertão, e assim ficou a Costa despovoada 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
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 7 
de gentio ao longo das Capitanias. Junto delas ficaram alguns índios destes nas 
aldeias que são de paz, e amigos dos portugueses. 
A língua deste gentio toda pela Costa é uma, carece de três letras, convém a 
saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim 
não têm Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem sem Justiça e 
desordenadamente.” (GÂNDAVO, 2011, p.12) 
 
De acordo com Bosi (1997, p.15), os escritos de Gândavo, por seus intuitos de realizar 
“propaganda de imigração”, têm características descritivistas. Podemos perceber isso ao lermos as 
descrições que faz das capitanias e da forma como vê as potencialidades que a colônia oferece 
para quem for explorá-la. Segundo Bosi (1997, p.16), a respeito da obra de Gândavo, “o tom 
predominante é sóbrio e a sua simpleza vem de um espírito franco e atento ao que se lhe depara, 
sem apelo fácil a construções imaginárias”. 
O alemão Hans Staden6, com seu relato quase maravilhoso, nos mostra como escapou de 
ser devorado por uma tribo de índios antropófagos. O livro escrito e ilustrado em 1557, após a 
volta ao seu país, depois de duas viagens feitas ao Brasil, descreve o modo de vida dos habitantes 
da terra, bem como a fauna e a flora. Ao sair de Bremen para a Holanda, encontrou naus que 
iriam a Portugal. Ao chegar a Lisboa, decidiu ir para as Índias, mas acabou embarcando em uma 
nau com destino ao Brasil. A segunda viagem partiu de Sevilha, na Espanha, com destino ao Río 
de La Plata, província da América. Entretanto, antes de chegar ao destino, a embarcação 
naufragou em São Vicente, terras brasileiras. Nesse ínterim, Staden foi aprisionado pelos 
selvagens, junto com outros cristãos, os quais seriam todos comidos. Após narrar suas aventuras 
e de como conseguiu fugir de seu cativeiro, Staden ressalta que foi salvo pela graça divina de 
Nosso Senhor, já que era cristão. 
 
Quase em frente a minha cabana ficava a do chefe Tatamiri, possuidor de um 
cristão assado. Segundo seu costume, mandou preparar a beberagem, e para 
isso reuniram-se vários selvagens, cantando, dançando e divertindo-se muito. 
No dia seguinte prepararam e comeram a carne assada. Quanto à carne do 
outro, de Jerônimo, ficou por quase três semanas pendurada na cabana em que 
eu também vivia […] (STADEN, 1999, p.111) 
 
Ao lermos e observarmos cada relato de cada conquistador perceberemos que, conforme 
dito anteriormente, pouco se diferem. Entretanto, parecem complementares entre si, 
independentemente da nacionalidade do viajante em questão, pois o espanto com o novo causou 
impressões e desejos de divulgar ao mundo suas descobertas. E foi esse desejo de registrar cada 
detalhe e de relatar as novidades para os monarcas que financiavam e apoiavam as conquistas que 
fez com que tivéssemos hoje os documentos dessas primeiras impressões acerca do Novo 
Mundo. Mas, de todos os documentos citados, é a carta escrita por Caminha que consideramos o 
marco do “nascimento do Brasil”, bem como da cultura brasileira. 
 
ATIVIDADE 1 
 
Após conhecer um pouco da ideologia dos viajantes dos séculos 
XV e XVI, faça um breve relato de 350 até 600 palavras acerca da 
forma como os colonizadores chegaram e visualizaram as terras 
americanas, a partir da apreciação da seguinte sentença: 
 
 
6 STADEN, Hans. A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens... Rio de Janeiro: Dantes,1999. 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
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 8 
A língua deste gentio toda pela Costa é uma, carece de três letras, convém a saber, não 
se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, 
nem Rei; e desta maneira vivem sem Justiça e desordenadamente.” (GÂNDAVO, 2011, 
p.12) 
 
ATIVIDADE COMPLEMENTAR 
Assista ao filme “1492, A Conquista do Paraíso”, do diretor Ridley 
Scott, lançado em 1992, e avalie a forma como é construída a 
personagem Cristóvão Colombo frente ao descobrimento de terras 
americanas, e exponha no FÓRUM sua análise. 
 
 
 
1.2 O Barroco no Brasil 
 
Mitizi Gomes 
 
“Neste mundo é mais rico o que mais rapa: 
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; 
Com sua língua, ao nobre o vil decepa: 
O velhaco maior sempre tem capa. 
Mostra o patife da nobreza o mapa: 
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; 
Quem menos falar pode, mais increpa: 
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.” 
Gregório de Matos. “As cousas do mundo” 
 
Antes de falarmos da produção literária no período colonial, vamos expor um pouco das 
discussões entre críticos e teóricos brasileiros. Para tanto, vamos resgatar a polêmica existente 
entre o confronto de ideias de Antonio Candido, Silviano Santiago e Haroldo de Campos. 
No Brasil, a literatura comparada já era praticada no final do século XIX. Dentre os 
teóricos que se destacaram na segunda metade do século XX (BITTENCOURT, 1996, p.58-73), 
cita-se Antonio Candido, Afranio Coutinho, Aderaldo Castello, Silviano Santiago e Haroldo de 
Campos. Antonio Candido afirma ser inevitável o confronto entre a literatura brasileira e as 
européias, visto que os historiadores literários do fim do século XIX e início do século XX 
tinham a comparação como prática, na tentativa de individualizar a literatura produzida no Brasil, 
bem como de detectar suas peculiaridades. 
Dessa forma, ao discutir aspectos importantes, como os conceitos de fonte e influência 
(já tratados por Antonio Candido), Haroldo de Campos aborda a situação da literatura brasileira 
frente à literatura de outros países. Nessa discussão, muito se fala sobre dependência cultural e 
econômica, sendo que, para dialogar com ele, somam-se outros críticos como Silviano Santiago e 
Roberto Schwarz. 
Evidentemente que, ao resgatar tal discussão, não podemos deixar de falar da relação 
existente entre o pensamento de Antonio Candido e a polêmica referida. Como reforça Sandra 
Nitrini, o “ponto de referência comum a todos é o pensamento de Antonio Candido, seja para 
contestá-lo, seja para concordar em parte, seja para inserir-se na sua tradição, de modo que ele se 
encontra no centro desse diálogo”. (NITRINI, 2000, p.211) 
Em tal contexto, Haroldo de Campos está na posição de contestador das ideias de 
Antonio Candido, que, ao executar o projeto de Formação da Literatura Brasileira, exclui o 
estudo do Barroco e inicia a história a partir do Arcadismo. A explicação dada pelo crítico está 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
Mitizi Gomes 
 
 
 9 
embasada no conceito de literatura como sistema, no qual os escritores têm consciência de sua 
atividade e da tradição que é formada por esse conjunto de elementos, os quais se somam a um 
público e a um veículo transmissor (tríade: autor-obra-público). O sistema (CANDIDO, 1981, 
p.24) pressupõe uma interação entre os elementos, sendo que, a inexistência de um o invalida, e, 
mesmo existindo obras de valor, a falta as transforma em manifestações isoladas (é o caso de 
alguns escritores importantes do Barroco que não contribuíram literariamente para o sistema – 
segundo Candido). 
Haroldo de Campos acredita que este projeto de composição da literatura nacional é 
falho, bem como a rotulação da literatura brasileira como braço da portuguesa é problemático. 
Ao caracterizar a produção nacional dessa forma, os antigos conceitos usados na literatura 
comparada de fonte e influência se fazem presentes e estabelecem uma relação hierárquica entre 
as culturas. Porém, se a relação entre as culturas é inevitável, as novas vertentes da literatura 
comparada afirmam que pode a cultura considerada inferior utilizar-se da outra para a 
reescritura. 
Silviano Santiago (1978, p.13-24) argumenta que a cultura inferiorizada pode extrapolar 
aquela que é seu modelo e construir algo original; e a que serviu de modelo pode rever-se em 
contraste com a outra. Ainda para Silviano (idem, p.11-28), o discurso latino-americano não é 
uma escrita pura, pois é contaminado pelo do europeu; porém, não devemos encarar a cultura 
americana como uma simples cópia, uma vez que a assimilação feita pelo escritor é consciente e 
questionadora da verdade instituída. E vai além, porque também questiona a dependência cultural 
da América, afirmando que a dominação deu-se de forma violenta e arbitrária. Para o crítico, a 
conquista do espaço da América Latina na cultura ocidental deve-se ao fato de ela ter se desviado 
da norma, destruindo conceitos importados. 
O fato de uma literatura apropriar-se de outras para existir é tratado como um 
movimento natural, visto que o cruzamento de discursos é inevitável e salutar. Para tanto, 
Haroldo de Campos traz à discussão a Antropofagia oswaldiana, que faz pensar o nacional 
relacionado dialógica e dialeticamente com o universal. Nessa relação, não há um processo de 
submissão, mas de transvaloração. 
 
A “Antropofagia” oswaldiana […] é o pensamento da devoração crítica do 
legado cultural universal, elaborado não a partir da perspectiva submissa e 
reconciliada do “bom selvagem” […], mas segundo o ponto de vista 
desabusado do “mau selvagem”, devorador de brancos, antropófago. Ela não 
envolve uma submissão (uma catequese), mas uma transculturação: melhor 
ainda, uma “transvaloração” […]. (CAMPOS, 1983, p.109) 
 
Ao afirmar que Gregório de Matos é o próprio antropófago, Haroldo lhe dá um caráter 
intertextual, lhe concede um lugar de destaque no painel da literatura brasileira, e contesta, 
veementemente, a postura de Antonio Candido. Ao explicitar a vida do poeta, Haroldo nada mais 
faz do que mostrar sua multifacetada atuação no cenário do qual participava. Contudo, lastima 
seu resgate tardio, mas não nega sua influência na sociedade em que viveu. 
Nesse contexto, a literatura latino-americana nunca será tributária da europeia, visto que o 
movimento de apropriação (transvaloração) é algo natural a qualquer produção. Transpondo para 
conceitos de literatura comparada, o autor apropria-se do discurso do outro e reescreve-o, 
criando um novo. Este novo só é possível porque o diálogo com o mundo que o cerca é 
inevitável, considerando-se que a obra está inserida em um contexto cultural que a constitui e que 
também é constituído por ela. É na percepção desses elementos que vamos construir a 
intertextualidade, tão cara à prática comparatista. 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
Mitizi Gomes 
 
 
 10 
Baseado nesse pensamento, Campos critica as posturas de Antonio Candido e Afrânio 
Coutinho frente à produção de uma história literária brasileira, sendo que, enquanto aquele 
subtrai o Barroco com argumentos sociológicos (já citados), este o resgata, porém com uma 
crítica estilístico-periodológica. O que encontra em comum entre os dois historiadores é a busca 
da “constituição do espírito (ou consciência) nacional” (CAMPOS, 1983, p.113). 
A utilização por Candido de um corpus com traços comuns para delinear a evolução da 
literatura brasileira, além de excluir produções do Barroco, demonstra que sua origem é simples, 
no entanto, Campos considera a obra de Gregório de Matos como adulta e formada, além de 
múltipla. O poeta barroco é utilizado para sustentar a tese da presença de uma literatura brasileira 
já no século XVI, uma vez que, ao ser sequestrado do Barroco brasileiro, este se torna inexistente. 
À guisa de conclusão, muitos são os pontos discutidos por Haroldo de Campos acerca da 
problemática da literatura brasileira e latino-americana,porém, um aspecto referente à literatura 
defendido por ele é a capacidade de recriação, muitas vezes a partir da própria tradição, o que é 
uma característica de produções pertencentes a sociedades economicamente dependentes. Grosso 
modo, do ponto de vista comparatista, qualquer literatura nacional é composta por diferentes 
leituras realizadas, o que parece uma assertiva por demais óbvia para se discutir uma evolução 
literária histórico-linear ou uma produção cultural dependente. 
 
 
1.2.1 Gregório de Matos – Boca do Inferno 
 
 
Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco em São João del-Rei – 
obra de Aleijadinho.7 
 
Se pensarmos o Barroco em termos de manifestação literária, 
artística e cultural, poderemos concluir que foi um período bastante fértil 
para as artes em geral. No continente americano, ele chegou trazido pelos 
colonizadores e difundiu-se principalmente através da arte sacra, que se 
espalhava pelas igrejas que iam se erguendo ao longo dos séculos, até inícios 
do século XIX. Nas regiões mais ricas do Brasil, as obras possuíam maiores 
detalhes com relevos recobertos de camadas de ouro. Entretanto, em regiões 
mais pobres, fora do ciclo da cana-de-açúcar e da mineração, as obras eram mais modestas. 
Para refletirmos sobre as artes no Brasil, basta pensarmos nas obras de Aleijadinho 
(1738?-1814) e nas pinturas de Mestre Ataíde (1762-1830). Nelas, encontraremos a riqueza de 
detalhes, típica das produções do período. Ambos os artistas são expoentes no que diz respeito à 
produção artística do período colonial. Suas obras carregam em si o peso da estética, no que se 
refere às artes plásticas e à escultura. 
 
Nossa Senhora cercada de anjos músicos, no teto da igreja de São Francisco 
de Assis, Ouro Preto8 
 
Em relação à produção literária, Vitor Manuel de Aguiar e Silva9 nos 
alerta que o Barroco não foi propriamente um fenômeno homogêneo na 
Europa. Suas várias feições são resultantes das diversidades culturais, sociais e 
 
7 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:SFrancis-SJdelRei2-CCBYSA.jpg> Acesso em: 02 de maio 
de 2011. 
8 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Ata%C3%ADde> Acesso em: 02 de maio de 2011. 
9 AGUIAR E SILVA, Vitor Manuel. Teoria da Literatura. Coimbra: Almedina, 2000, p.455. 
 
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 11 
religiosas das diferentes regiões da Europa Ocidental. Aguiar e Silva realiza uma distinção entre o 
Maneirismo e o Barroco, sendo aquele a ponte, a transição, entre este e o Renascimento. Segundo 
o crítico português, 
 
O barroco é profundamente sensorial e naturalista, apela gozosamente para as 
sensações fruídas na variedade incessante do mundo físico […]; o barroco é 
uma arte acentuadamente realista e popular, animada de um poderoso ímpeto 
vital, comprazendo-se na sátira desbocada e galhofeira, dissolvendo 
deliberadamente a tradição poética petrarquista […]; o barroco caracteriza-se 
pela ostentação, pelo esplendor e pela proliferação dos elementos decorativos, 
pelo senso da magnificência que se revela em todas as suas manifestações, 
tanto nas festas de corte como nas cerimônias fúnebres […]; o barroco tende 
frequentemente para o ludismo e o divertimento […]. (2000, p.477-8) 
 
Ainda que apontemos características importantes que delineiam a estética barroca, 
podemos destacar temas comuns a ela. Tais temas apareciam já no maneirismo, mas é no barroco 
que adquirem suas formas mais expressivas. 
 
Entre esses elementos apontaremos: os temas do engano e do desengano da 
vida e da transitoriedade das coisas humanas; o gosto dos contrastes; a 
propensão para o surpreendente, a predileção pela agudeza e pelo concetti, pelas 
metáforas e pelas complicações verbais. (AGUIAR E SILVA, 2000, p.478) 
 
Muitos contrastes presentes nas obras produzidas nesse período estão fortemente ligados 
aos conflitos de toda a ordem, tais como sociais, políticas e religiosas. Os ares renascentistas que 
já se instauravam na sociedade foram abalados pela tentativa da restauração do teocentrismo 
medieval, através da Contra-Reforma religiosa – que teve em Portugal e Espanha seu terreno 
mais fértil. Assim, a sociedade adquire um estado de tensão que se reflete em todas as 
manifestações do homem. 
Nesse contexto, podemos apontar, por exemplo, as produções de Sor Juana Inês de La 
Cruz, no México, de Padre Antônio Vieira e de Gregório de Matos, no Brasil. As influências da 
produção de Góngora são nítidas na obra desses escritores tão diversos. Tanto nos sonetos de 
Sor Juana, como nos sermões de Vieira e nas poesias de Gregório de Matos, vamos encontrar as 
características mais próprias do Barroco. 
 
 
Para refletir... 
 
Pesquise quem foi Luis de Góngora. Busque informações sobre 
sua nacionalidade, sua vida e sua produção poética. 
 
No hay persona que hablar deje 
al necesitado en plaza; 
todo el mundo le es mordaza 
aunque él por señas se queje; 
que tiene cara de hereje, 
y aun fe la necesidad: 
 ¡verdad! 
GÓNGORA, Luis de. Poemas. Disponível em: 
<http://www.uv.es/ivorra/Gongora/Romances/Verdad.htm> Acesso em: 08/05/2011. 
 
 
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 12 
Gregório de Matos Guerra, também conhecido como Boca do Inferno (Bahia 1633 - 
Recife 1696), foi nosso maior expoente seiscentista. Sua obra é considerada a primeira a ter 
feições literárias na colônia, apesar de Bento Teixeira já ter escrito Prosopopéia, poema épico que 
cantava o donatário da capitania de Pernambuco (BOSI, 1997, p.36). Gregório retratou em seus 
poemas com tom satírico o ambiente político e social em que vivia no Brasil, mas paralelamente 
também compunha poesia com temática religiosa. Sua formação humanística provinha da 
Universidade de Coimbra, em Portugal, onde residiu por muito tempo. 
A produção literária de Gregório de Matos encerra em si o mais próprio da escrita 
barroca do período. No que concerne à produção de temática religiosa encontraremos o homem 
dividido entre a fé a vida mundana. Para Candido (2010, p.102), Gregório: 
 
Apesar de conhecido sobretudo pelas poesias burlescas, talvez seja nas 
religiosas que Gregório alcance a expressão mais alta, manifestando a obsessão 
com a morte, tão própria da sua época, e nele muito pungente, porque vem 
misturada à exuberância carnal e ao humorismo satírico, desbragados e 
saudáveis. 
 
A partir dessa afirmação de Candido, ao analisarmos as poesias que possuem essa 
temática, podemos inferir que suas tensões religiosas são latentes na linguagem que usa e na 
forma como contrasta as sensações e os argumentos impressos na poesia. Analisemos o soneto a 
seguir: 
 
A Christo N.S. Crucificado 
estando o poeta na última hora de sua vida 
 
Meu Deus, que estais pendente em um madeiro, 
Em cuja lei protesto viver, 
Em cuja santa lei hei de morrer 
Animoso, constante, firme, e inteiro. 
 
Neste lance, por ser o derradeiro, 
Pois vejo a minha vida anoitecer, 
É, meu Jesus, a hora de se ver 
A brandura de um Pai manso Cordeiro. 
 
Mui grande é vosso amor, e meu delito, 
Porém pode ter fim todo o pecar, 
E não o vosso amor, que é infinito. 
 
Esta razão me obriga a confiar, 
Que por mais que pequei, neste conflito 
Espero em vosso amor de me salvar.10 
 
Ao lermos o soneto, não deixamos de perceber que o conflito do eu-lírico se traduz na 
forma como interpela Deus e como coloca nEle a responsabilidade de salvar a alma do fiel no 
leito de morte. Apesar da consciência acerca da vida de pecados cometidos, somente Deus, com 
seu infinito amor, é a esperança de salvação. A salvação depende mais de Deus do que do próprio 
indivíduo. 
 
10 MATOS, Gregório de. Seleção de Obras Poéticas. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000119.pdf> Acesso em: 16/01/2011. 
 
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Em relaçãoao seu veio satírico, perceberemos que sua condição de poeta crítico, educado 
em outra cultura, mas residente em uma sociedade que gestava e fundamentava uma série de 
atitudes diferentes daquelas que considerava adequada à moral, possibilitou-lhe um olhar 
perscrutador sobre a constituição e a manutenção dessa sociedade. Tanto os políticos como os 
demais habitantes da Bahia, brancos e mestiços, senhores de engenho, fidalgos e escravos são 
alvo de críticas. 
 
À Cidade da Bahia 
A cada canto um grande conselheiro 
Que nos quer governar cabana e vinha; 
Não sabem governar sua cozinha 
E podem governar o mundo inteiro. 
 
Em cada porta um bem frequente olheiro 
Que a vida do vizinho e da vizinha 
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha 
Para o levar à praça e ao terreiro. 
 
Muitos mulatos desavergonhados, 
Trazidos sob os pés os homens nobres, 
Posta nas palmas toda a picardia, 
 
Estupendas usuras nos mercados, 
Todos os que não furtam muito pobres: 
E eis aqui a cidade da Bahia. 
(MATOS, 2011) 
 
Entretanto, vemos que, mais do que criticar uma classe social ou uma etnia, os poemas 
apontam para as ações desses indivíduos. Nesse poema, um dos mais conhecidos do autor, o 
principal foco de críticas são as atitudes, dentre elas temos a usura, o roubo, a fofoca, o engano, a 
falta de vergonha, enfim, uma série de atitudes que se somam para compor a cidade da Bahia. 
Outro poema significativo é o que serviu de epígrafe para este subcapítulo. Nele, há a denúncia 
de que quem age de forma torpe tem sempre vantagens sobre os demais. 
Podemos considerar Gregório de Matos o maior expoente brasileiro do período Barroco. 
Entretanto, não podemos esquecer de que outras produções literárias ocorreram no período do 
Brasil colônia. Antes mesmo de abordarmos a produção dos poetas árcades, vamos falar 
brevemente da escrita dos jesuítas. 
 
 
1.2.2 Os escritos dos jesuítas 
 
 
Mas o que vemos praticar em todos os reinos do mundo é tanto pelo contrário que, em vez de 
os reis levarem consigo os ladrões ao Paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao 
inferno. 
Padre Antônio Vieira. Sermão do Bom Ladrão. 1665. 
 
Ainda no período de reconhecimento das terras do Novo Mundo, fundamentou-se a ideia 
de que era preciso povoá-las, a fim de concretizar os domínios da corte. Para tanto, além de 
desembarcarem na América muitos colonizadores vindos para explorar as novas possibilidades de 
riqueza, conforme apontavam todos os relatos do Novo Mundo, vieram também os jesuítas, com 
 
Panorama Cultural de Literatura 
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Mitizi Gomes 
 
 
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o objetivo de catequizar os gentios que aqui viviam e de defender as terras contra os estrangeiros. 
Dentre eles podemos citar Manuel de Nóbrega, Fernão Cardim e José de Achieta, que, ainda no 
século XVI, empenharam-se em salvar as almas pagãs, numa tentativa de convertê-las ao 
catolicismo. O trabalho dos jesuítas possuía um cunho pedagógico, além disso, mantinham uma 
ligação estreita com a cultura portuguesa, considerando a formação que traziam da metrópole. 
Mas foi nas obras de Padre Vieira (1608-1697), no século XVII, que se obteve uma 
produção elaborada, que vai além do caráter meramente informativo ou catequizante, atingindo 
uma qualidade estética no âmbito da prosa. Bosi, ao falar da obra de Pe. Vieira, afirma: 
 
De Vieira ficou o testemunho de um arquiteto incansável de sonhos e de um 
orador complexo e sutil, mais conceptista do que cultista, amante de provar até 
o sofisma, eloqüente até à retórica, mas assim mesmo, ou por isso mesmo, 
estupendo artista da palavra. (BOSI, 1997, p. 45) 
 
Em suas batalhas diárias, combatia assuntos de âmbitos religiosos e profanos, tais como a 
escravidão dos nativos ou a invasão dos holandeses em terras brasileiras. Segundo Candido, 
Padre Vieira foi o maior orador luso-brasileiro do período colonial. 
 
Estamos, além disso, no gênero ideal para o tempo e o meio, em que o falado 
se ajusta às condições de atraso da colônia, desprovida de prelos, de gazetas, 
quase de leitores. Nunca o verbal foi tão importante e tão adequado, sendo ao 
mesmo tempo a via requerida pela propaganda ideológica e o recurso cabível 
nas condições locais. E nunca outro homem encarnou tão bem este conjunto 
de circunstâncias, que então cercavam a vida do espírito do Brasil – pois era ao 
mesmo tempo missionário, político, doutrinador e incomparável artífice da 
palavra, penetrando com a religião como ponta de lança pelo campo do 
profano. (CANDIDO, 2010, p.102) 
 
Ao lermos seus sermões, percebemos a qualidade da construção narrativa e 
argumentativa. No trecho que segue, que foi extraído do Sermão pelo bom sucesso das armas de 
Portugal contra as de Holanda, é possível vislumbrar a qualidade retórica do padre. 
 
O que venho a pedir ou protestar, Senhor, é que nos ajudeis e nos liberteis: 
Adjuva nos, et redime nos. Mui conformes são estas petições ambas ao lugar e ao 
tempo. Em tempo que tão oprimidos e tão cativos estamos, que devemos 
pedir com maior necessidade, senão que nos liberteis: Redime nos? E na casa da 
Senhora da Ajuda, que devemos esperar com maior confiança, senão que nos 
ajudeis: Adjuva nos? Não hei de pedir pedindo, senão protestando e 
argumentando; pois esta é a licença e liberdade que tem quem não pede favor, 
senão justiça. Se a causa fora só nossa e eu viera a rogar só por nosso remédio, 
pedira favor e misericórdia. Mas como a causa, Senhor, é mais vossa que 
nossa, e como venho a requerer por parte de vossa honra e glória, e pelo 
crédito de vosso nome – Propter nomen tuum - razão é que peça só razão, justo é 
que peça só justiça. Sobre este pressuposto vos hei de argüir, vos hei de 
argumentar; e confio tanto da vossa razão e da vossa benignidade, que também 
vos hei de convencer. Se chegar a me queixar de vós e a acusar as dilatações de 
vossa justiça, ou as desatenções de vossa misericórdia: Quare obdormis? Quare 
oblivisceris? não será esta vez a primeira em que sofrestes semelhantes excessos a 
quem advoga por vossa causa. As custas de toda a demanda também vós, 
Senhor, as haveis de pagar, porque me há de dar vossa mesma graça as razões 
com que vos hei de arguir, a eficácia com que vos hei de apertar e todas as 
 
Panorama Cultural de Literatura 
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armas com que vos hei de render. E se para isto não bastam os merecimentos 
da causa, suprirão os da Virgem Santíssima, em cuja ajuda principalmente 
confio. 
Ave Maria.11 
 
Nesse texto percebemos o quanto Vieira estava ligado aos assuntos políticos da colônia, 
pois tratava de assuntos públicos em sermões que pregava aos fiéis na igreja. Assim, as causas, 
muitas vezes, misturavam-se, deixando de ser exclusivamente sacras para fundirem-se às 
profanas. 
Diante desse contexto, é possível entrever nos escritos de Vieira traços da sociedade 
brasileira do período colonial, ainda que pelo viés de um jesuíta. Seus sermões abordam os mais 
variados assuntos, que interessam a estudiosos da literatura, historiadores, religiosos. Sua 
produção foi numerosa, pois compreende em torno de duzentos sermões, centenas de cartas, 
relatórios, diversos tipos de “documentos de natureza política e diplomática, além de opúsculos 
religiosos ou de exegese profética, e de defesa perante a Inquisição.” (SARAIVA, LOPES, 1955, 
p.477) 
 
 
ATIVIDADE 2 
 
O expoente brasileiro do Barroco é a figura do poeta Gregório de 
Matos Guerra. Dos muitos matizes presentes nas produções 
literárias do referido autor, podemos destacar a poesia de cunho 
religioso. 
Analise a poesia a seguir e aponte as dualidades e conflitos 
existentes nela. Após, vá até o FÓRUM e exponha a seus colegas 
suas ideias e impressões. Utilize o intertexto bíblico para 
enriquecer sua análise (Mateus 18: 12-14 / Lucas 15: 4-7) 
 
A Jesus Cristo Nosso Senhor 
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, 
Da vossa alta clemência me despido, 
Porque, quanto mais tenho delinqüido, 
Vos tenho a perdoar mais empenhado. 
 
Se basta a vos irartanto pecado, 
A abrandar-vos sobeja um só gemido, 
Que a mesma culpa, que vos há ofendido, 
Vos tem para o perdão lisonjeado. 
 
Se uma ovelha perdida e já cobrada 
Glória tal e prazer tão repentino 
vos deu, como afirmais na Sacra História: 
 
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, 
Cobrai-a; e não queirais, Pastor divino, 
Perder na vossa ovelha a vossa glória. 
 
 
11 VIEIRA, Pe. Antônio. Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000031.pdf> Acesso em: 08/05/2011 
 
Panorama Cultural de Literatura 
Brasileira 
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 16 
ATIVIDADE COMPLEMENTAR 
 
Considerando a obra de Gregório de Matos, contextualize o 
ambiente brasileiro no que diz respeito ao aspecto social e político 
no período em que o autor escreveu seus poemas satíricos. Eleja 
um dos poemas com esse cunho e analise-o. 
 
 
 
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