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1_Território e circulação

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Território e Circulação
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciene Santos
Algumas Concepções e Estudos
• Concepções Teóricas sobre Território e Circulação
• Alguns aspectos sobre a implantação de Sistemas Técnicos de 
Circulação no Território Brasileiro
• Algumas Temáticas sobre Circulação e Território
 · Discutir teorias e estudos sobre território e circulação;
 · Evidenciar algumas situações sobre circulação no território brasileiro.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Nesta unidade, vamos aprender um pouco mais sobre teorias e estudos sobre 
território e circulação. 
Procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material 
complementar. A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; 
por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. 
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais 
interativo possível, é fundamental assistir à videoaula e realizar as atividades 
de sistematização e o fórum. Cada material disponibilizado é mais um 
elemento para seu aprendizado.
Bons estudos!
ORIENTAÇÕES
Algumas Concepções e Estudos
UNIDADE Algumas Concepções e Estudos
Contextualização
Leia com atenção o texto a seguir:
Território e Circulação
A circulação é uma das bases de diferenciação geográfica. A maioria dos geógrafos clássicos 
dedicou parte importante de seus escritos a estudá-la. Como bem lembra Gottman:
A circulação de homens e de seus produtos é a grande dinâmica humana 
que torna tão apaixonante os estudos de povoamento e que renova 
constantemente a geografia. A circulação constante de multidões que se 
deslocam de continente a continente, de país a país, do campo à cidade e 
de cidade a cidade, não aparece como caótica: ela é organizada por uma 
rede de itinerários, por sistemas de meios de transporte. Esses itinerários 
são bastante estáveis, mas se modificam, todavia, com o progresso das 
técnicas de transporte, com os deslocamentos dos centros de atividades 
humanas. (GOTTMAN, 1952, p. 215)
Com a difusão dos transportes e das comunicações, e conforme avança a expansão 
capitalista, criam-se condições para que os lugares se especializem, sem a necessidade 
de produzir tudo para sua reprodução. [...]
Esse processo – progressivo e acelerado com a incorporação de novas técnicas e normas 
– ocasiona uma intensificação dos intercâmbios, alargando a dimensão e a espessura dos 
contextos. Conforme explica Milton Santos:
A fluidez torna-se um imperativo. Uma das características do mundo 
atual é a exigência de fluidez para a circulação das ideias, mensagens, 
produtos ou dinheiro, interessando aos atores hegemônicos. A fluidez 
contemporânea é baseada nas redes técnicas, que são suporte da 
competitividade. Daí a busca voraz de ainda mais fluidez, levando à 
procura de novas técnicas ainda mais eficazes. [...] Uma fluidez que deve 
estar sempre sendo ultrapassada é responsável por mudanças brutais de 
valor dos objetos e dos lugares. (SANTOS, 1996, p. 218)
Trecho literal extraído de: ARROYO, Mónica; CRUZ, Rita de Cássia Ariza (orgs.). 
Território e circulação: a dinâmica contraditória da globalização. São Paulo: Annablume, 2016.
Como nos apresenta as geógrafas Mónica Arroyo e Rita de Cássia Ariza Cruz 
(2016), o tema circulação tem relação intrínseca com o território. No mundo de 
hoje, a fluidez é imperativa dentro de um processo de globalização que acirra cada 
vez mais a competitividade entre as grandes empresas e corporações mundiais.
Trata-se da necessidade de circulação rápida, fluida, sem barreiras. Mas e os 
mais pobres? Eles circulam livremente e com rapidez? Cabe-nos refletir que, muitas 
vezes, o território é usado somente conforme o interesse dos atores hegemônicos.
Nesta unidade, vamos tratar de alguns aspectos teóricos sobre território e 
circulação, bem como aplicá-los a estudos principalmente do Brasil.
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Concepções Teóricas sobre Território 
e Circulação
A questão da circulação, há muito tempo, vem sendo estudada pela Geografia, 
por meio de diferentes abordagens e concepções teórico-metodológicas, como 
também por diferentes perspectivas de estudos temáticos.
Em relação aos temas, é possível estudar circulação mediante diferentes aspectos 
geográficos, entre os quais, destacamos:
• Circulação de pessoas, com estudos, por exemplo, de migrações internas e 
externas, enfatizando as situações que levam as pessoas a migrarem;
• Circulação das doenças, mediante estudos de Geografia da Saúde, buscando 
compreender as formas de circulação e transmissão de certas doenças e sua 
relação com o território;
• Circulação por meio de transporte de passageiros no nível urbano (trens, 
metrôs, barcos, ônibus, automóveis etc.), através de modais rodoviários, 
aquaviários, ferroviários, entre outros. 
• Circulação de mercadorias, envolvendo carga e descarga e os transportes 
pelos diferentes modais de transportes existentes;
• Técnicas usadas ao longo do tempo, que nos permitiram acelerar as formas 
de circulação;
• Circulação de energia, na qual podemos citar as formas de energia elétrica – 
sua produção e circulação pelo território nacional;
• Circulação de informações, que podem abarcar estudos sobre as redes de 
informação da internet, de comunicação de massa, entre outros.
Logo, existem diferentes possibilidades de estudos com relação à circulação e 
o território.
Do mesmo modo, é possível estudar tais temas com diferentes abordagens 
teóricas e concepções geográficas. Num estudo mais tradicional de Geografia, a 
distância era um componente fundamental no entendimento da circulação.
Como afirma a geógrafa Maria Laura Silveira:
Não há relação humana que não seja mediada pela distância que, 
inclusive, permite criar outros conceitos centrais, como periferia. Todavia, 
as distâncias que são hoje a base da organização do espaço não são mais 
as distâncias euclidianas, mas as distâncias humanas, aquelas relativas ao 
tempo, à atividade do homem. (SILVEIRA, 2006, p. 83)
7
UNIDADE Algumas Concepções e Estudos
Contudo, na Geografia Tradicional e na Geografia Teórico-Quantitativa, as 
distâncias eram medidas matemáticas, da área de um país, da distância em Km de 
um país ao outro. Atualmente, dentro de uma concepção teórica mais dialética e 
crítica, tais concepções têm sido reconsideradas.
Um país, ou uma dada região, pode estar longe em termos de km do outro, 
mas manter mais contato e relação econômica do que um país vizinho, de modo 
que a distância geográfica é relativa. Em uma perspectiva existencial, eu posso 
viver perto de um equipamento urbano ou de uma forma de transporte, mas estar 
existencialmente longe devido a minha condição socioeconômica.
Os conceitos de centro e periferia, formulados principalmente por uma escola 
de conhecimento europeia, numa concepção tradicional, nos transmitiu que a 
distância só poderia ser uma medida matemática, como explica a autora:
Conceitos formulados na Europa e transplantados como um método de 
percepção à periferia, eles revelavam no seu âmago a idéia de extensão e 
da razão colonial. Era absolutamente racional a empresa colonialista e a 
geografia, nesse esforço de inventariar as descobertas, buscava contribuir 
ao debate com noções como limite, área, região, em definitivo, extensão. 
(SILVEIRA, 2006, p. 85)
Assim, conceitos tradicionais, como a ideia de limite, área, distância têm alcance 
limitado ao tentar explicar o mundo de hoje. Afinal: saber a área de um país é 
importante? Saber a distância de Norte a Sul também? Ou, para além disso, caberia 
à Geografia explicar que o que parece longe para alguns pode estar próximo, 
à medida que este indivíduo tem a possibilidade, considerando sua condição 
socioeconômica, de utilizar-se do transporte aéreo, chegando mais rápido? Cabe 
lembrar que nem todos têm acesso a tal meio de transporte. Assim sendo, como 
definir o que é longe ou perto?
Compreender a dinâmica do território não é apenas decorar números de 
distâncias, áreas etc.,mas dar significado para os usos que se fazem do território, 
seja no nível local, regional, nacional ou global.
Numa perspectiva crítica de Geografia, é fundamental evidenciar os usos do 
território pelos atores sociais, o uso hegemônico e popular, que pode variar de 
lugar para lugar:
Como diz Milton Santos (1996b), o espaço é o existir, a sociedade é o 
ser. A sociedade só se realiza no espaço. O mundo só existe nos lugares, 
pois a história se constrói nos lugares. Entre essas possibilidades e esses 
existentes concretos, temos os eventos. São os eventos que transformam 
as possibilidades em existentes, mas os eventos não são alheios nem 
indiferentes ao que existe. Não há evento sem objeto, não há evento sem 
ator. (SILVEIRA, 2006, p. 88)
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Alguns eventos normativos (leis e normas) e técnicos possibilitaram ao mundo 
acelerar o tempo e mudar a noção de tínhamos no passado das distâncias. 
Antigamente, ao enviar uma correspondência do Brasil para Europa, tínhamos 
obrigatoriamente de usar o transporte marítimo, o que podia demorar mais de 5 
meses, dependendo do ponto que saísse do Brasil.
Hoje, tal correspondência pode ir de avião (modal aeroviário), ou ainda por 
meio da internet e, em poucos segundos, chegará ao seu destino. As distâncias 
geométricas entre Brasil e países da Europa não mudaram, mas mudaram as suas 
formas de relação e circulação da informação, por conta de avanços tecnológicos 
nas comunicações e nos transportes.
No empreendimento colonial europeu na América, África e Ásia a extensão, 
as formas de circulação foram dominadas pelos binômios ferrovia-porto, ou seja, 
construíam ferrovias para circular mercadorias até os portos e, de lá, levarem os 
produtos para a Europa.
Mesmo com o final do colonialismo e imperialismo, os atores hegemônicos, 
representados pelas grandes empresas-corporações, optaram por este modelo, 
ferrovia-porto ou rodovia-porto, em detrimento da circulação das pessoas nos 
espaços urbanos. Como comenta Maria Laura Silveira:
A extensão que é a nossa contemporânea não era inelutavelmente a 
extensão das grandes rodovias, unindo os lugares mais competitivos aos 
portos. Tornar o mundo um espaço reticular era uma opção possível, 
ao tempo que capilarizar as áreas mais esquecidas poderia ter sido outra 
forma de produzir a extensão. (SILVEIRA, 2006, p. 89)
Capilarizar o território com possibilidades de melhorar a circulação dos mais 
pobres seria, por exemplo, construir mais formas de transportes de massa, sob 
trilhos, no lugar de privilegiar somente o transporte individual do automóvel. Poder 
criar uma rede de transporte em todos os lugares em que fossem necessários, e não 
somente em alguns lugares como em geral acontecem em países subdesenvolvidos, 
que sofrem processos seletivos de modernização.
Logo, atrelar estudos de circulação ao território é fundamental, pois são 
indissociáveis, já que no movimento de circulação está intrínseca a relação com o 
território. Quem ou o que circula o faz de um lugar a outro, de um território a outro.
Sendo assim, é importante definir o território e seus usos pelos diferentes agentes 
sociais, com suas infraestruturas, suas normas políticas, suas técnicas e tecnologias 
e como são usadas pelos diferentes agentes sociais (empresas, sociedade civil, 
governo etc.).
Conforme Santos e Silveira (2006, p. 247), para definir um território
“[...] devemos levar em conta a interdependência e a inseparabilidade 
entre a materialidade, que inclui a natureza, e seu uso, que inclui a ação 
humana, isto é, o trabalho e a política”.
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UNIDADE Algumas Concepções e Estudos
Segundo Harvey (2005), citando Karl Marx, o sistema capitalista tende a, 
ativamente, criar barreiras para seu próprio desenvolvimento. Consiste, portanto, 
num sistema econômico que demanda atualizações constantes de sua base técnica. 
Este efeito aplica-se aos modos de transporte e comunicações, com um 
importante detalhe: são bens que são produzidos e consumidos concomitantemente, 
no momento de seu uso (HARVEY, 2005).
No estágio atual da acumulação capitalista, há um avanço significativo dos 
meios de transporte e telecomunicações. A informatização dos sistemas permite 
sincronizar tempos e movimentos numa escala como nunca antes aconteceu. Se 
anteriormente tínhamos um modelo fordista, de linhas de produção e aglomerados 
industriais, temos, hoje, uma tendência à dispersão e flexibilização locacional dos 
arranjos produtivos.
A interação entre os diferentes meios de transporte – a intermodalidade – 
permite utilizar o modal mais adequado de acordo com a situação, o que envolve a 
relação custo-benefício e a economia, relacionando a distância com o modal. 
Desse modo, pode-se utilizar, por exemplo, rodovias para transportar cargas 
por distâncias de centenas de quilômetros; ferrovias, para transportar cargas de 
menor valor agregado, e por distâncias maiores; além do transporte marítimo, que 
nos dias atuais tem um papel indispensável na realização da produção.
As unidades industriais encontram-se, cada vez mais, dispersas pelo globo. 
Componentes industriais são produzidos nos mais distintos pontos do planeta, e 
transportados para linhas de montagem em grande escala, reduzindo seus custos 
unitários. A flexibilização espacial da produção permite, ainda, substituir fornecedores 
de maneira ágil, o que era economicamente inviável na acumulação fordista.
No entanto, à medida que avança na atualização dos sistemas técnicos, o 
modo de produção capitalista esbarra no próprio espaço produzido por seus 
estágios pretéritos.
Quando se pretende modernizar uma estrutura portuária, por exemplo, o 
sistema acaba se deparando com estruturas que precisa desconstruir. Nem sempre 
essas estruturas são simplesmente materiais: as relações sociais, políticas e culturais 
estabelecidas também fazem parte deste arranjo. Como nos lembra Milton Santos 
(2006), o espaço é constituído pela união indissociável de sistemas de objetos e 
sistemas de ações.
A cada movimento de atualização técnica, que podemos chamar genericamente 
de “modernização”, ocorre também a necessidade de promover atualizações nas leis 
e normas que regem o território, de modo a garantir a efetividade das novas técnicas.
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Do ponto de vista do capitalismo, é interessante que a produção ocorra 
preferencialmente nas grandes cidades e/ou metrópoles, pois há, em geral, um 
grande mercado consumidor. Desse modo, expansão e concentração geográfica 
são produtos do mesmo esforço de acumulação do capital.
As inovações técnicas têm mudado a divisão territorial do trabalho à medida 
que a produção atualmente pode ser mais flexível. A divisão territorial do 
trabalho confina setores especiais de produção em regiões especiais do país. A 
transformação dos locais de produção é motivada pela relação com os meios de 
transporte, e sempre surgem novos centros de produção com a deterioração dos 
antigos centros econômicos.
Isso gera uma crise constante do território, pois, de um lado, é necessário 
modernizar as estruturas pré-existentes, tais como antigos portos, aeroportos, 
hidrelétricas etc., de outro, este capital fixo, imobilizado como forma espacial não 
é tão simples de ser modificado.
Como afirma o geógrafo David Harvey:
A paisagem geográfica, abrangida pelo capital fixo e imobilizado, é 
tanto uma glória coroada do desenvolvimento do capital passado, 
como uma prisão inibidora do progresso adicional da acumulação [...]. 
(HARVEY, 2005, p. 53) 
Logo, a paisagem criada pelo capitalismo tem tensão e contradições, pois há uma 
imobilização espacial do capital através de hidrelétricas, vias de transportes, portos, 
numa constante necessidade de modernizações, que acarretam uma obsolescência 
dos objetos, das infraestruturas que acabam sendo consideradas obsoletas, velhas, 
arcaicas. Mas é possível modernizar infraestruturas em todo momento, da mesma 
forma que mudamos de celular?
Infraestrutura: Do ponto de vista da etimologia, a palavra infraestrutura signifi ca aquilo 
queserve de sustentação da estrutura (conjunto formado por determinada ordem ou 
organização das partes).
Segundo Josef Barat:
[...] é o conjunto de instalações necessárias às atividades humanas, tais como os 
sistemas de logística e de transporte, de energia elétrica, de telecomunicações, bem 
como as redes de gás canalizado, o abastecimento de água, a coleta e o tratamento 
de esgoto e a recepção de águas fl uviais. (BARAT, 2011, p. 217) 
Ex
pl
or
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UNIDADE Algumas Concepções e Estudos
Por meio das técnicas, houve inúmeras mudanças nas formas de circulação da 
água, de energia, de pessoas, de informações e das mercadorias, transformando as 
formas de produção, de vida das pessoas e de circulação.
Desse modo, as técnicas são fundamentais para a transformação do espaço, 
como afirma Milton Santos:
As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os 
quais o homem realiza vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço 
(SANTOS, 2006, p.40).
Não há homogeneização das técnicas ou dos sistemas técnicos nem no mundo, 
nem no território brasileiro. Isso faz com que existam espaços mais rarefeitos em 
termos de densidade técnica e outros onde existe maior densidade de técnicas, caso 
da Região Concentrada do Brasil (Sul-Sudeste).
A seguir, vamos comentar sobre as formas de implantação dos sistemas técnicos 
no território brasileiro.
Alguns aspectos sobre a implantação 
de Sistemas Técnicos de Circulação no 
Território Brasileiro
Em seu livro “Brasil: território e sociedade no início do século XXI”, os geógrafos 
Milton Santos e Maria Laura Silveira (2001) enumeram aspectos importantes da 
implantação dos sistemas técnicos no território brasileiro.
Por meio de uma análise espaço-temporal, seu texto mostra como se deu a 
formação territorial do Brasil, revelando peculiaridades que ainda hoje se fazem 
perceber nas relações entre a produção, a circulação e o consumo.
A vastidão territorial brasileira, ainda durante o período colonial, levou a uma 
grande dispersão e desconexão dos núcleos de povoamento pioneiros, fazendo 
surgir o que chamamos de “arquipélago econômico”. Neste tipo de formação, 
prevaleceu uma relação econômica extravertida, com os núcleos conectados 
diretamente com o exterior e muito pouco entre si.
Devemos lembrar que o povoamento se iniciou com o estabelecimento de feitorias, 
espécie de posto de controle onde se acumulavam as mercadorias exploradas no 
território e destinadas à exportação (caso do pau-brasil, por exemplo).
Após algum tempo, nos séculos XVI e XVII, prevaleceu a agricultura comercial da 
cana-de-açúcar, principalmente na costa do Nordeste. A necessidade de suprimento 
de comida para os engenhos levou ao estabelecimento de uma economia subsidiária 
àquela da cana, baseada na pecuária, que ocupou áreas importantes do sertão.
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A pecuária teve um papel fundamental na ocupação do interior do Brasil. A 
criação extensiva permitiu o estabelecimento de grandes fazendas, criando rotas 
de comércio entre cidades do interior. Ainda hoje, no interior de estados como 
São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, observam-se tradições 
relacionadas à figura do tropeiro ou do sertanejo criadores de gado.
Figura 1 – Produção e Circulação no Brasil ao Longo dos Séculos
 A partir do século XIX, o desenvolvimento de novos sistemas técnicos 
de movimento, o desenvolvimento e utilização da máquina a vapor permitiu a 
implantação da moderna navegação costeira (ou cabotagem), e também da 
ferrovia. Com isso, houve uma gradativa integração do território, pela conexão e 
estabelecimento de relações comerciais entre estes núcleos dispersos.
Se levarmos em conta o alcance limitado da ferrovia e suas limitações técnicas – 
como a diferença entre bitolas nas diversas regiões –, bem como a restrita projeção 
territorial de suas malhas, percebemos a importância que a navegação costeira teve 
no intercâmbio de cargas produzidas pelas diversas ilhas do “Brasil arquipélago”. 
13
UNIDADE Algumas Concepções e Estudos
Essa importância só foi superada com a definição da rodovia como objeto 
técnico fundamental para a circulação no território brasileiro, especialmente com 
as políticas de crescimento econômico da década de 1950, que coexistiram com 
a implantação da indústria automobilística no Brasil. A rodovia foi associada no 
imaginário brasileiro como símbolo máximo de progresso.
Com isso, e dentro de um processo de interiorização do desenvolvimento 
que culmina com a inauguração da nova capital federal, Brasília, em 1960, a 
distribuição do transporte de cargas entre os modais altera-se significativamente, 
com uma queda da participação da navegação costeira e da ferrovia, e uma grande 
ampliação do uso da rodovia.
Já em 1950, a rodovia transportou uma média de 10 bilhões de toneladas por 
quilômetro, contra aproximadamente oito milhões de cada um dos outros modais 
– navegação costeira/fluvial e ferrovia.
Nas décadas seguintes, seguiram esse modelo de transporte com privilégio para 
o rodoviarismo. No período de crescimento econômico conhecido como milagre 
brasileiro, no início da década de 1970, houve uma aceleração da construção de 
obras de infraestrutura, especialmente grandes rodovias, como a Belém-Brasília, a 
Transamazônica, a Cuiabá-Santarém.
Nos anos 1990, com as políticas neoliberais, houve privatizações nos setores 
vinculadas aos meios de transporte, principalmente ferrovias e rodovias, bem como 
novas legislações no âmbito do transporte portuário, que atenderam aos interesses 
dos setores privados. 
Do ponto de vista das formas de circulação de energia, houve o predomínio dos 
usos de fontes de energia baseadas, principalmente, no petróleo e seus derivados 
no Brasil, que se coadunaram com a opção do transporte rodoviário, já desde os 
anos 1960.
Em relação às formas de energia elétrica, o território brasileiro é dotado de diversas 
fontes de energia, mas prevalecem as hidrelétricas, principalmente os grandes 
sistemas técnicos das usinas hidrelétricas, cuja energia circula principalmente no 
Sistema Interligado Nacional (SIN).
Tal situação deve-se às condicionantes naturais existentes no território brasileiro 
em relação aos recursos hídricos e seu uso pelo governo, atualmente mediante 
concessões a empresas privadas.
14
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Desse modo, é importante, ao buscar compreender a questão dos usos do 
território e as temáticas de circulação, evidenciando as diversas dimensões que 
podem estar envolvidas – a econômica, a natural e, principalmente, a política.
Algumas Temáticas sobre 
Circulação e Território
A seguir, vamos detalhar três exemplos de estudos geográficos que tenham relação 
com circulação e evidenciar as dimensões relacionadas para compreendermos 
tais temáticas.
Território, Sistema Aquaviário e Circulação
Neste primeiro exemplo, vamos tratar de um estudo do sistema aquaviário 
no território brasileiro. Primeiramente, a concepção de território brasileiro, aqui 
usada, concerne ao território definido pelo marco jurídico do governo brasileiro, 
apropriado e usado por diferentes atores ou agentes sociais.
O Estado brasileiro, neste caso, por meio do governo federal (ator ou agente 
social) define normas para o transporte aquaviário brasileiro, seja fluvial (por meio 
dos rios), lacustre (lagos e represas) ou marítimo.
Logo, existe a dimensão política do território brasileiro, normatizado e regulado 
pelo governo federal, por meio, por exemplo, da Agência Nacional de Transportes 
Aquaviários (ANTAq), agência que regula e fiscaliza o transporte aquaviário 
marítimo brasileiro.
Conforme se observa no mapa (fig.3), há um sistema aquaviário formado por 
um conjunto de rios e portos (fluviais e marítimos). Desse modo, há também a 
dimensão natural do território brasileiro. Sem rios não haveria barragens e 
eclusas, do mesmo modo há trechos nos quais não há necessidade de criação de 
eclusas, pois são trechos de planície, o que facilita a navegação, caso de parte dos 
rios amazônicos. Assim, sem mar e um litoral tãoextenso não teríamos tantos 
portos marítimos.
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UNIDADE Algumas Concepções e Estudos
Figura 2 – Sistema Aquaviário do Território Brasileiro
Fonte: Agência Nacional de Transportes Aquaviários, 2010
Importante!
O que são eclusas?
Trata-se de uma obra de engenharia na qual os navios ou barcos sobem e descem os 
desníveis existentes num corpo hídrico – pode ser um mar, rio, represa etc. As eclusas 
funcionam como se fossem elevadores, permitindo a navegação em trechos de desníveis.
Você Sabia?
Contudo, o uso deste território cheio de rios e mar é desigual. Observe o mapa no 
trecho do Estado de São Paulo, onde há a construção de várias barragens e eclusas, 
cujo uso é múltiplo (usinas hidrelétricas, transporte de mercadorias, lazer etc.).
A hidrovia Tietê-Paraná é responsável pelo transporte de soja, entre outros 
produtos. Como ambos são rios de planaltos, com desníveis, há necessidade de 
criação de um sistema de objetos – a eclusa. Há maior densidade técnica, de objetos 
técnicos onde há maior concentração de capital, de densidade econômica.
16
17
Então, há a dimensão econômica também relacionada ao uso do território e 
dos sistemas aquaviários. Assim como na Amazônia coexiste o uso das grandes 
corporações que se utilizam dos rios com o uso social da população, que é 
transportada de um lugar a outro.
Dessa forma, voltemos à ideia de contextualizar o conceito. Se usarmos apenas 
a definição de território, sem entendê-lo concretamente em situações específi-
cas, esta categoria geográfica será apenas memorizada, decorada, mas não se 
tornará significativa.
É importante lembrar que o uso do território tem a dimensão natural, social, 
política e econômica, que se relacionam. Portanto, assim como esse exemplo 
sobre sistema aquaviário, podemos ressaltar outros que esclareçam os con-
ceitos existentes.
Circulação, território e migrações
Principalmente nas últimas décadas do século XX, houve a intensificação do 
processo de globalização, o que levou alguns autores a afirmar que seria o fim dos 
territórios – no sentido do Estado-Nação, do país, das fronteiras territoriais, pois o 
mundo estaria integrado.
Citam-se como exemplo o caso da União Europeia, na qual vários países 
integraram a economia e outras dimensões de forma que há para os membros 
e seus cidadãos a cidadania da União Europeia, o que permite ir e vir livremente 
entre os países membros deste acordo.
União Europeia (UE)
A União Europeia é um acordo econômico e político constituído atualmente por 28 países 
europeus, que congregam a maioria dos países, principalmente da Europa Ocidental. 
Foi criada após a Segunda Guerra Mundial e começou inicialmente com alguns países 
com intuito de realizar uma cooperação econômica. Deste processo, criaram em 1958 a 
Comunidade Econômica Europeia (CEE), na época com a participação da Alemanha, Bélgica, 
França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. Em 1993, o nome mudou para União Europeia 
(EU) e, ao longo do tempo, a integração tornou-se maior, mediante tratados e com mais 
países membros. Atualmente, a moeda europeia da UE é o euro e as pessoas que tem 
cidadania dos países membros do acordo transitam livremente como cidadãos europeus.
Ex
pl
or
Contudo, existe um controle das fronteiras a cidadãos não europeus e que não 
pertençam aos países da UE, sobretudo àqueles que estão inseridos em países 
subdesenvolvidos ou em conflitos territoriais.
Logo, o território continua tendo suas normas, suas restrições, ainda que não 
necessariamente na escala nacional, do Estado-Nação, do país. Pois a circulação 
não é livre para todas as pessoas do mundo, existe uma seleção, que é social, 
política, econômica, ou seja, que é também territorial.
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UNIDADE Algumas Concepções e Estudos
A Circulação de Informação
Quando tratamos de circulação e informação, não estamos nos referindo somente 
às redes sociais que fazem circular diversos tipos de informação pelas redes da 
internet, mas também aos diversos usos e informações dos atores hegemônicos, 
por meio da mídia impressa e online, do marketing, da publicidade, dos discursos 
das grandes corporações, das informações das Bolsas de Valores e dos agentes 
financeiros, das agências de notícias, entre tantos outros.
Há uma centralidade espacial de onde saem as informações, situadas 
principalmente nas metrópoles do mundo, principalmente nos países centrais 
ou de primeiro mundo. No Brasil, essa centralidade da informação encontra-se 
principalmente nas metrópoles de São Paulo, Rio de Janeiro e de Brasília, esta 
última vinculada à dinâmica política do país.
Os fluxos de informação ajudam a hierarquizar os lugares mais importantes, 
hierarquizam o espaço urbano. Desse modo, há que se distinguir as informações 
que interessam aos trabalhos técnicos, às grandes empresas, das informações mais 
banais e cotidianas dos diversos grupos e classes sociais.
Em relação a esta informação mais especializada, os pesquisadores afirmam:
A partir daí, poderíamos avançar para uma tipologia que considere 
dentre as informações estratégicas quatro subgrupos: (1) a informação 
financeira, objeto de nosso estudo; (2) a informação sobre negócios, 
produzida pelas empresas de consultoria e marketing; (3) a 
informação enquanto imagem, produzida pelo circuito da publicidade, 
e (4) a informação tecnológica, produzida em centros de pesquisa e 
universidades. (PASTI; SILVA, 2008, s;p)
E como circulam essas informações? Mediante mídias impressas e online de 
jornais, revistas, blogs, livros e demais formas de comunicação. Em relação ao 
mercado de capitais e ao sistema financeiro, há uma hegemonia de São Paulo 
como centro produtor e distribuidor da informação.
Já em relação a questões políticas, Brasília, por ser a capital do país, agrega 
mais informações de ordem político-administrativa. Já o Rio de Janeiro tem nas 
mídias de comunicação de massa, assim como São Paulo a centralidade das TVs e 
jornais impressos e online.
Trata-se, assim, de dimensões socioculturais, política e econômicas imbricadas 
com o território. A produção e circulação da informação são distribuídas por 
agentes sociais que se encontram principalmente nas metrópoles do mundo.
Finalizando esta unidade, é importante considerar que existem várias temáticas 
que podem ser analisadas pela Geografia que dizem respeito a território e circulação. 
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Agência Nacional de Transporte Aquaviário
http://goo.gl/T9RweL
 Livros
Novos usos do território brasileiro à luz do período e a constituição de novas fronteiras
GALLI, Telma Batalioti. Novos usos do território brasileiro à luz do período e a 
constituição de novas fronteiras. Diez años de cambios en el Mundo, en la Geografía 
y en las Ciencias Sociales, 1999-2008. Actas del X Coloquio Internacional de 
Geocrítica, Universidad de Barcelona, 26-30 de mayo de 2008.
https://goo.gl/kXiwYz
O mercado de capitais e os círculos de informações financeiras no território brasileiro
PASTI, André; SILVA, Adriana Maria Bernardes da. O mercado de capitais e os 
círculos de informações financeiras no território brasileiro. Confins [Online], 19 | 
2013, posto online no dia 18 Novembro 2013.
https://goo.gl/J5oxbA
 Leitura
Redes, sistemas de transportes e as novas dinâmicas do território no período atual: notas sobre o caso brasileiro
PEREIRA, Mirlei Fachini Vicente Pereira. Redes, sistemas de transportes e as novas 
dinâmicas do território no período atual: notas sobre o caso brasileiro. Sociedade & 
Natureza, Uberlândia, 21 (1): 121-129, ABR. 2009.
http://goo.gl/9YMPEh
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UNIDADE Algumas Concepções e Estudos
Referências
ARROYO, M.; CRUZ, R. de C. A. (orgs.). Território e circulação: a dinâmica 
contraditória da globalização. São Paulo: Annablume, 2016.
BARAT, J. Infraestruturas de logística e transporte: análise e perspectivas. 
In: SILVEIRA, M. R. (org.). Circulação, transportes e logística: diferentes 
perspectivas. São Paulo: Outras Expressões,2011, p. 217-246. 
HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.
PASTI, A.; SILVA, A. M. B. da. O mercado de capitais e os círculos de 
informações financeiras no território brasileiro. Confins [Online], 19 | 2013, 
posto online no dia 18 Novembro 2013. Acesso em 03/04/2016. URL : http://
confins.revues.org/8653 ; DOI : 10.4000/confins.865.
SANTOS, M. As técnicas, o tempo e o espaço geográfico. In: A natureza do 
espaço: técnica e tempo, razão e emoção. Capítulo 1. São Paulo: Edusp, 2006, 
p. 38-59.
SILVEIRA, M. L. O espaço geográfico: da perspectiva geométrica à perspectiva 
existencial. Revista Geousp. São Paulo, n. 19, 2006. Disponível em:<http://www.
geografia.fflch.usp.br/publicacoes/geousp/Geousp19/Artigo_MLaura.pdf>. 
Acesso em: 20 mai. 2009.
SMITH, N. Espaço e capital. O espaço como mercadoria. In: Desenvolvimento 
desigual: natureza, capital e a produção do espaço. Rio de Janeiro: Bertrand do 
Brasil, 1988, p. 127-139.
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