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A Cefaleia do Tipo-Tensão é uma desordem de cefaleia primária caracterizada por dores de cabeça que tendem a ser bilaterais, em aperto ou pressão, não pulsáteis e sem outras características associadas, ou seja, sem náuseas ou vômitos. Era antigamente conhecida como cefaleia tensional, mas esse nome remitia à falsa crença de que vinha de tensão emocional, e não de seu aspecto ser de tipo uma tensão na cabeça. Os pacientes podem ter fotofobia ou fonofobia, mas não ambos, e a dor de cabeça não piora com a atividade. Estima-se que 80% da população apresenta 1 episódio alguma vez na vida, e que 3% tem a forma crônica. É a segunda desordem mais comum no mundo. Apesar de ser tão comum, a maioria das pessoas tem a forma episódica infrequente, com menos de 1 cefaleia ao mês. Esses pacientes raramente buscam ajuda médica devido a cefaleia ser branda e infrequente. O perfil típico do paciente é um adulto (35-40 anos), e é um pouco mais comum em mulheres e brancos. Sua fisiopatologia é multifatorial e incerta. Acredita-se que, fatores ambientais influenciam mais os episódios, enquanto os fatores genéticos estão associados ao processo de cronificação. Além disso, existem fatores centrais e periféricos associados ao quadro. A teoria mais importante postula que, a ativação periférica de nociceptores miofasciais geram os primeiros episódios, que podem ser perpetuados através de estímulos repetitivos e prolongados que resultam na sensibilização das vias centrais da dor, convertendo-os para a forma crônica. Em pacientes com CTT crônica está presente a hiperalgesia generalizada, isso pode ser explicado devido ao aumento da estimulação das vias nociceptivas que resulta numa facilitação da transmissão da dor. Pacientes com apresentação crônica podem ter também déficits em vias descendentes inibitórias, alterando limiar de reflexos e dor subjetiva. Além disso, alguns estudos sugerem que a CTT crônica tem uma herança multifatorial envolvida no seu desenvolvimento. Considera-se que, fatores periféricos como aumento do número de pontos gatilhos em músculos pericranianos, postura anteriorizada da cabeça e diminuição da mobilidade do pescoço são importantes na fisiopatologia da CTT episódica. Anteriormente, acreditava-se que a cefaleia era originada devido contração prolongada dos músculos pericranianos, atualmente essa teoria não é mais aceita. • CTT Episódica Infrequente → - de 1 vez por mês; • CTT Episódica Frequente → até 14 crises ao mês; • CTT Crônica → + de 15 episódios dentro de um mês. PADRÃO MAIS COMUM: dor holocraniana, constritiva e não pulsátil, paciente refere aperto em faixa. Sua intensidade varia entre leve a moderada, e geralmente, é precipitada por estresse e movimentos de cabeça e pescoço. A maioria dos indivíduos não procura atendimento. Existem sintomas associados como, dor em aperto na nuca e náusea e/ou vômitos. SENSIBILIDADE DOS MÚSCULOS PERICRANIANOS: O aumento de sensibilidade e de pontos gatilhos nos músculos pericranianos dos pacientes com CTT, devem ser investigados através da palpação manual. O exame deve ser feito, com o segundo e terceiro dedo fazendo movimentos circulares, nos músculos frontal, temporal, masseter, pterigoide, esternocleido- mastóideo, esplênio e trapézio. RELAÇÃO COM ENXAQUECA: Em pacientes com enxaqueca, a frequência e duração dos episódios de CTT são maiores quando comparados aqueles sem enxaqueca. Dos pacientes com dor de cabeça do tipo tensional crônica, cerca de 1/4 a 1/3 continua como crônica, a metade pode melhorar para episódica, e em cerca de 1/4 o uso excessivo de medicamentos pode piorar a dor de cabeça. As dores de cabeça tensionais episódicas podem durar minutos, horas ou dias. Dores de cabeça que podem ser equivocadamente diagnosticadas como cefaleia do tipo tensional incluem enxaqueca, hemicrânia contínua, cefaleia persistente e diária de início súbito e dores de cabeça causadas por tumores cerebrais, pressão intracraniana elevada ou baixa, ou arterite de células gigantes. Um histórico cuidadoso é a melhor maneira de distinguir de outros tipos de dores de cabeça. TIPO TENSÃO EPISÓDICA A. Pelo menos 10 episódios preenchendo critérios de B a D B. Cefaleia durando 30 min a 7 dias C. Pelo menos 2 das 4 seguintes: 1. Localização bilateral 2. Qualidade em aperto ou em pressão (não pulsátil) 3. Intensidade leve a moderada 4. Não agravada por atividade física cotidiana D. Ambos dos seguintes: 1. Ausência de náusea e de vômito 2. Não mais do que 1 episódio de fotofobia ou fonofobia E. Nenhum outro diagnóstico melhor pelo ICHD-3 TIPO TENSÃO CRÔNICA A. Cefaleia ocorrendo 15 ou mais vezes por mês preenchendo critérios de B a D B. Duração de horas a dias ou não remitente C. Pelo menos 2 dos seguintes: 1. Localização bilateral 2. Qualidade em aperto ou em pressão (não pulsátil) 3. Intensidade leve a moderada 4. Não agravada por atividade física cotidiana D. Ambos dos seguintes: 1. Não mais do que 1 episódio de fotofobia, fonofobia ou náusea. 2. Não pode haver náusea nem vômito de forma severa E. Nenhum outro diagnóstico melhor pelo ICHD-3. ABORTIVO Os medicamentos de escolha são Analgésicos Simples como AINEs (ibuprofeno), Aspirina ou Paracetamol (esse último possui menor eficácia que outros, porém é a escolha para pacientes grávidas). Esses medicamentos em combinação com cafeína são mais efetivos no tratamento da CTT episódica. É importante ressaltar que, a maioria dos pacientes com quadro crônico tem outras comorbidades associadas, como ansiedade e depressão, então analgésicos simples tem pouco efeito. Outras classes podem ser usadas principalmente na forma severa→ clorpromazina, difenidramina, metoclopramida. Existe um limite de uso da terapêutica: 14 dias por mês e/ou 2 doses de tratamento por dia. Isso visa evitar desenvolvimento de cefaleia por abuso de analgésicos. PROFILAXIA Indicações: 1. CTT episódica frequente 2. CTT crônica 3. Não respondeu ao tratamento abortivo 4. Gera morbidade 5. Episódios vem piorando de forma crescente Algumas drogas que podem servir de opção para tratamento profilático são: Amitriptilina, Venlafaxina, Mirtazapina e Topiramato. Além disso, a terapia não-farmacológica pode ser associada, alguns exemplos são: acupuntura, psicanálise, massagem, higiene do sono, atividade física, entre outras.
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