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TCC - Futebol

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA 
SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
ALEXSANDRO JUNIOR MACHADO 
 
 
 
 
 
FUTEBOL AMADOR: A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA 
VIDA DOS DIRIGENTES DOS CLUBES QUE PARTICIPAM DO CAMPEONATO 
ORGANIZADOS PELA LFPG NA GESTÃO DE 2017. 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2017 
 
ALEXSANDRO JUNIOR MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUTEBOL AMADOR: A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA VIDA 
DOS DIRIGENTES DOS CLUBES QUE PARTICIPAM DO CAMPEONATO 
ORGANIZADOS PELA LFPG NA GESTÃO DE 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado para a obtenção de título de 
Licenciado em Educação Física, da 
Universidade Estadual de Ponta Grossa, 
Departamento de Educação Física. 
Orientador: Prof. Dr. Miguel Archanjo de 
Freitas Júnior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2017 
 
ALEXSANDRO JUNIOR MACHADO 
 
FUTEBOL AMADOR: A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA VIDA 
DOS DIRIGENTES DOS CLUBES QUE PARTICIPAM DO CAMPEONATO 
ORGANIZADOS PELA LFPG NA GESTÃO DE 2017. 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção de título de 
Licenciado em Educação Física, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, 
Departamento de Educação Física. 
 
 
 
 
Ponta Grossa 30 de Novembro de 2017 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Miguel Archanjo de Freitas Júnior – Orientador 
Doutor em História 
Universidade Estadual de Ponta Grossa 
 
 
 
 
Prof. Pós-Doc. Bruno Pedroso 
Pós – Doutorado em Engenharia de Produção 
Universidade Estadual de Ponta Grossa 
 
 
 
 
Prof. Ms. Luiz Marcelo de Lara 
Mestrado Em Ciências Sociais Aplicadas 
Universidade Estadual de Ponta Grossa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico todo meu esforço e tempo a construção deste trabalho, 
primeiramente a Deus, o qual iluminou toda minha jornada e 
minhas escolhas, dando forças para seguir em frente nos 
momentos mais difíceis. Aos meus pais e familiares, à minha 
companheira, a todos os professores e colegas que me 
auxiliaram, acreditaram em mim, amadureceram minhas ideias 
e deram forças para que pudesse alcançar todos meus 
objetivos, em especial ao meu orientador, o qual foi 
fundamentalmente importante durante minha trajetória 
acadêmica. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, por me dar forças e mostrar os melhores caminhos e oportunidades de 
amadurecer meus pensamentos, dando um passo a mais em direção dos meus 
objetivos. 
 
Ao Prof. Dr. Miguel Archanjo de Freitas Júnior, meu orientador, por ser o profissional 
que me inspirou a lutar por uma formação de qualidade, aconselhando-me e 
acreditando em mim, onde mesmo sobrecarregado pela rotina universitária, esteve 
disponível a todo momento, recebendo-me sempre de braços abertos. 
 
Aos meus pais, Elaine de Fatima Just Machado e Dirceu Machado, por sacrificarem 
seus esforços para que eu pudesse ter a melhor educação possível, sempre 
acreditando em meu potencial e nunca deixando eu desistir devido à dificuldade, 
amparando-me e aconselhando-me. Mas principalmente pelos valores que me 
ensinaram, como o respeito, a dedicação e a honestidade. Em todo momento de 
fraqueza, eles foram as figuras que inspiraram a dedicar-me mais e mais, para que a 
cada dia pudesse encher de orgulho os olhos daqueles que sempre deram a vida 
por mim. 
 
A minha avó, Alice de Mattos Just, que fundamentalmente auxiliou financeira e 
psicologicamente desde minha infância, pensando mais em mim do que nela 
mesma, sendo um exemplo de superação e batalha. 
 
A minha companheira, Karen Godoi van Mierlo, que sempre me incentivou, cobrou e 
auxiliou diversas vezes, inspirando-me com sua dedicação e inteligência, além de 
ser um dos principais objetivos de vida na minha jornada. 
 
A minha madrinha Daniela Machado Spena, a qual sacrificou seu tempo e sua 
família, para me ajudar na construção deste trabalho, e por ser uma das pessoas 
mais inspiradoras que tive frente da minha trajetória pessoal e acadêmica. 
 
A todos os professores que contribuíram na minha formação acadêmica e pessoal, 
pois busquei aproveitar o melhor do que cada um passou, agregando à minha 
educação as melhores virtudes possíveis. 
 
Ao meu colega e irmão Diesley de Paula Mainardes pelo seu companheirismo desde 
o primeiro dia de aula, o qual levarei no peito por toda minha vida. 
 
A todos os meus amigos que sempre estiveram ao meu lado, tornando cada dia da 
minha vida acadêmica especial. 
 
A CAPES e a FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA pelas bolsas concedidas através do PIBID 
e PIBIC ao longo desses quatro anos de curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O esporte faz parte da sociedade, tanto quanto a sociedade 
também faz parte do esporte. Impossível compreender-se uma 
atividade (ou um plano de atividades) sem referência à 
totalidade na qual está inserida. Esporte e sociedade são como 
as duas faces de uma mesma moeda e não como o telhado em 
relação aos alicerces de uma casa. 
 
(DAMATTA, 1982, p. 23) 
 
RESUMO 
O objetivo do presente estudo é verificar a influência da Educação Física escolar na 
vida das pessoas que assumiram o cargo de dirigente dos clubes de futebol que 
disputam a campeonato amador livre no município de Ponta Grossa – PR, 
organizado pela Liga de Futebol Pontagrossense (LFPG). Para isso, utilizou-se 
como recurso metodológico a história oral, através da entrevista temática de Alberti 
(1989), com os 10 dirigentes dos clubes que disputam o campeonato amador livre. 
Verificou-se que a maioria dos entrevistados atribui à Educação Física um papel 
importante na vida das pessoas, e que de forma indireta interferiu no seu papel 
dentro do clube. Além dessas constatações, foi possível conhecer o contexto da 
disciplina referente à época em que os indivíduos estavam na fase escolar e 
contribuir com os estudos científicos acerca da gestão do futebol e da Educação 
Física escolar, visto que a junção desses temas ainda é pouco explorado nas 
instâncias acadêmicas e científicas, possibilitando um olhar histórico de fora para 
dentro da escola, e sua rede de relações que ultrapassam os muros escolares. 
Palavras-chave: Educação Física Escolar, Futebol Amador, Gestão, Influências. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Gráfico 1 - Classificação Jurídica dos Clubes ........................................................... 27 
Gráfico 2 - Perfil Profissional ..................................................................................... 28 
 
Quadro 1 - Equipes Participantes do Campeonato Amador Livre da LFPG .............. 13 
Quadro 2 - Local das entrevistas ............................................................................... 32 
Quadro 3 - Perfil sócio-profissional dos dirigentes das equipes ................................ 34 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................8 
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...............................................................13 
1.1 HISTÓRIA ORAL ..............................................................................................14 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................17 
2.1 CAPÍTULO I – A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO BRASIL ........................18 
2.1.1 Metodologias Renovadoras da Educação Física Escolar ...............................20 
2.2 CAPÍTULO II – A CARACTERIZAÇÃO DO FUTEBOL PONTAGROSSENSE, AS 
EQUIPES DE FUTEBOL NO BRASIL E O PERFIL DOS PRESIDENTES 
FUTEBOLÍSTICOS .................................................................................................23 
2.3 CAPÍTULO III – O FUTEBOL E OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DE PIERRE 
BOURDIEU. ............................................................................................................292.4 CAPÍTULO IIII – A EDUCAÇÃO FÍSICA E O FUTEBOL ..................................30 
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES .........................................................................32 
3.1 O PERFIL DA GESTÃO DOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR ....................33 
3.2 O EXERCÍCIO DA PRESIDÊNCIA NOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR: 
CARACTERÍSTICAS E INFLUÊNCIAS ...................................................................35 
3.3 A ESCOLA E O FUTEBOL: INFLUÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO 
FÍSICA NA VIDA DOS DIRIGENTES DOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR ......38 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................41 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................43 
APÊNDICE ..............................................................................................................47 
ANEXOS .................................................................................................................49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
A concepção da Educação Física passou por modificações ao longo do 
tempo. Hoje, o conceito de cultura atribuído a ela é um elemento abrangente que 
corresponde, pelo menos, a altura do ser humano. Mesmo não estabelecido desde 
sua origem, seria difícil estruturar a Educação Física no âmbito escolar se esta se 
desvinculasse do aspecto cultural, pois é ele quem dá significado às manifestações 
corporais humanas, resgatando, atribuindo os símbolos construídos e transmitidos 
mutuamente da sociedade para a escola e da escola para a sociedade. (DAÓLIO, 
2004). 
Partindo dessa explanação, podemos embasar o conceito de cultura em 
Geertz (2008), o qual busca atribuir-lhe de maneira semiótica, ou seja, através dos 
símbolos construídos socialmente, que o conceito de cultura se desdobra, e a 
Educação Física se ressignifica através desses símbolos. Ainda, o autor 
fundamenta-se em Max Weber, o qual relaciona o homem a um animal amarrado a 
teias de significado que ele mesmo teceu, portanto assume a cultura como sendo 
essas teias. 
Geertz (2008), em sua essência, busca interpretar o conceito de cultura, e 
neste aspecto é um dos que possui grande relevância no campo científico; no 
entanto, a relação com a Educação Física não é dada. Dessa forma, buscamos ser 
mais pontuais e nos vinculamos à perspectiva de Daólio (2004), que compartilha do 
mesmo pensamento que Geertz, e está diretamente ligado à Educação Física, então 
faz a conexão entre os conceitos: 
[...] "cultura" é o principal conceito para a educação física, porque todas as 
manifestações corporais humanas são geradas na dinâmica cultural, desde 
os primórdios da evolução até hoje, expressando-se diversificadamente e 
com significados próprios no contexto de grupos culturais específicos. O 
profissional de educação física não atua sobre o corpo ou com o movimento 
em si, não trabalha com o esporte em si, não lida com a ginástica em si. Ele 
trata do ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao 
corpo e ao movimento humanos, historicamente definidas como jogo, 
esporte, dança, luta e ginástica. O que irá definir se uma ação corporal é 
digna de trato pedagógico pela educação física é a própria consideração e 
análise desta expressão na dinâmica cultural específica do contexto onde 
se realiza. (2004, p. 09) 
 
Tendo em vista essa perspectiva, percebe-se que independente dos métodos 
e fase histórica que a Educação Física escolar perpassou, ela teve relação direta 
9 
 
com a cultura humana, pois foi através do contexto histórico e cultural que os 
sentidos de sua realização foram dados, mesmo que inicialmente estivesse mais 
integrada ao aspecto biológico. 
Levando em conta essa dimensão cultural, atenção deve ser dada aos 
elementos que fortemente se expressam nas cidades, estados, países e no mundo 
como um todo, pois se estas possuem grande relevância na sociedade, certamente 
estarão entrando e exercendo forças no ambiente escolar. 
 À cultura brasileira e a Educação Física, diversas manifestações podem ser 
elencadas. O esporte por exemplo, não o único, mas um dos pilares da Educação 
Física, tornou-se um dos principais fenômenos sociais no Brasil e no mundo, assim 
como afirma DaMatta (1982, p.23) “o esporte faz parte da sociedade, tanto quanto a 
sociedade faz parte do esporte”, e consequentemente ele não iria se desvincular da 
Educação Física escolar. 
 Dentro do esporte existem diversas modalidades, umas mais evidentes e 
praticadas que outras, basta fazer uma simples reflexão sobre o Brasil e os Estados 
Unidos; certamente existirá diferenças das práticas esportivas privilegiadas em 
determinados países, e parte disso pode ser explicado pelo caráter cultural. 
No Brasil, pensando no esporte, temos o futebol como a modalidade que 
representa nossa cultura (DAMATTA, 1986). Pois é inegável a elevada significância 
cultural que ele adquiriu no Brasil no decorrer do século XX. Apesar de caracterizar-
se inicialmente como uma modalidade elitizada, a partir de meados da década de 
1920, esse esporte se popularizou de tal forma que se tornou o esporte nacional. 
(RIBEIRO, 2003; DAOLIO, 2006). 
A magnitude do futebol tomou rumos em que atualmente faz parte do conceito 
de brasilidade, onde, ao traduzir a identidade brasileira orientada pelas suas 
manifestações sociais, dificilmente será possível fugir do futebol. DaMatta (1986) faz 
uma reflexão sobre os exemplos de conceitos que definem a brasilidade, e para ele, 
falar de um povo com horror ao futebol e ao carnaval, certamente estaria definindo 
outra cultura, menos a brasileira. 
Percebendo esta ligação solidificada, os estudos acerca do futebol começam 
a ganhar maior relevância principalmente a partir da década de 80 dentro da área 
das Ciências Sociais; este passa a ser considerado um importante espaço onde a 
sociedade simbolicamente se expressa, tendo como marco do estudo das 
10 
 
manifestações sociais a partir do esporte, a coletânea denominada “Universo do 
Futebol: esporte e sociedade brasileira” organizada pelo autor Roberto DaMatta 
(1982), que buscou transcender a perspectiva de alienação relacionada ao futebol, 
defendida pela teoria Marxista, mostrando que através deste esporte podemos 
compreender e expressar algumas características da nossa cultura. 
Na escola, a prática do futebol não é nada incomum, mesmo que esta seja 
transmitida em uma outra vertente do esporte, como o futsal, o qual torna-se mais 
comum devido aos espaços físicos disponíveis no âmbito escolar. Para Macagnan e 
Betti (2014), a Educação Física é um dos momentos em que se adota esta 
modalidade, mas não é o único momento de sua prática, pois é comum nos 
intervalos de aula e no recreio. E mais, não se limita somente ao espaço escolar, o 
futebol é praticado e vivenciado pelos alunos fora da escola, assim, as variadas 
maneiras que o esporte está presente se interligam e convergem. “Portanto, se 
alunos do ensino básico podem jogar futebol nestes contextos extra escolar e 
escolar, podem aprender neles” (BUSSO; DAOLIO. 2011 p. 70). 
Em busca de explorar maiores informações acerca do futebol nacional, 
iniciamos em 2016 um estudo no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação 
Científica (PIBIC), nomeado “O perfil sócio-profissional dos dirigentes das equipes 
da série A do campeonato brasileiro (1987-1998)” objetivando traçar um perfil dos 
indivíduos que presidiram os principais clubes da série A do campeonato masculino 
brasileiro. 
O foco nestes indivíduos deu-se devido à possibilidade dos mesmos poderem 
atuar, individualmente, na modificação das suas estruturas, e, coletivamente, na 
modificação da estrutura do campo futebolístico, além do fato de que com base nas 
informações coletadas durante o processo de pesquisa, foi notada uma escassez 
teórica por parte da Educação Física em relação ao tema.Para corroborar com esta constatação 5 portais1 de busca foram verificados, 
utilizando como caracteres as palavras “Gestão; Futebol”. A busca totalizou 68 
artigos, porém apenas 5 destes, encontrados na plataforma Scielo, estavam 
relacionados diretamente ao tema. O foco dos trabalhos se resumiram basicamente 
em críticas à forma de gestão, nos processos de transformações administrativas e a 
 
1 Scielo; Movimento; Revista Brasileira da Ciência e Movimento; Licere e Revista Brasileira de 
Educação Física e Esporte. 
11 
 
profissionalização da gestão do futebol; logo, o presente estudo vem como uma 
forma de contribuir com os estudos já realizados, e também abranger as 
perspectivas da Educação Física acerca desta incumbência. 
Ao mesmo tempo durante a trajetória acadêmica, como membro do Programa 
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), nos estágios obrigatórios e 
como professor temporário na disciplina de Educação Física no Estado do Paraná, 
percebi grande interesse e indagação, principalmente por parte dos meninos, em 
aulas que envolvessem o conteúdo futsal, modalidade advinda do futebol, e que é 
mais acessível na escola; essa situação reforçou a importância do estudo do futebol 
como esporte nacional, e instigou em tentar perceber a relação mútua que 
exerceu/exerce entre sociedade e a escola. 
Deve-se lembrar que inicialmente a Educação Física não era um componente 
obrigatório no currículo escolar, mas foi apresentada oficialmente à escola com a 
reforma de Couto Ferraz em 1851. Em 1920 a maioria das escolas já haviam 
incluído a matéria em suas reformas educacionais (BETTI, 1991; DARIDO, 2003). 
Mesmo não sendo obrigatória até então, ela já era comum no contexto escolar, 
assumindo, inicialmente, um caráter higienista e militar; já na década de 70, 
principalmente após a conquista do tricampeonato da Copa do Mundo de Futebol, 
houve a utilização significante da campanha da seleção de futebol ao incentivo à 
prática esportiva nas aulas de Educação Física (BRASIL, 1997). Logo, o esporte 
passa a ser o centro dentro das aulas, visando a formação de atletas de ponta para 
competições internacionais, objetivando tornar-se um país de massa esportiva. 
(BRASIL, 1997; PARANÁ, 2008) 
O futebol foi incentivado nas aulas de Educação Física como apresentado 
pelos autores, e tendo em vista o rico contexto do futebol pontagrossense buscou-se 
verificar a real existência dessa influência da Educação Física na vida dos 
presidentes/dirigentes dos clubes atuantes no futebol amador pontagrossense. Para 
isto, o estudo será norteado pela pergunta: “A Educação Física escolar influenciou 
na vida das pessoas que assumiram o cargo de dirigente dos clubes de futebol que 
disputam a campeonato amador livre da LFPG?” com o objetivo de verificar qual foi 
o real espaço ocupado pela Educação Física na realização do papel de presidente 
e/ou dirigente nos clubes de futebol amador de Ponta Grossa organizados pela 
LFPG. 
12 
 
A escolha dos indivíduos se deu pela capacidade destes, em influenciar nas 
atitudes e decisões no clube, dessa forma, compreender quem são e de que forma a 
Educação Física colaborou para que chegassem até esse posto, é uma forma de 
colocar em evidência uma das importâncias da Educação Física, uma vez que tal 
disciplina, nas suas concepções atuais, não busca o esporte de rendimento, mas 
despertar o gosto pela atividade física, a valorização da cultura corporal, formação 
de indivíduos críticos e reflexivos, seja no esporte ou demais atividades da vida 
humana. 
Para complementar e orientar a realização do estudo, seguiu-se em forma de 
objetivos específicos: Identificar o perfil dos dirigentes dos clubes amadores; 
Compreender o que levou os indivíduos a exercerem a função de presidente no 
clube. Realizar uma revisão sobre as concepções da Educação Física Escolar e o 
futebol no Brasil. Dessa forma, o estudo foi estruturado de forma a responder às 
indagações levantadas. 
13 
 
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
Optou-se por um capítulo metodológico desvinculado da introdução devido a 
possibilidade de maior detalhamento dos processos seguidos para a realização 
deste trabalho, facilitando assim, a compreensão dos métodos utilizados nas coletas 
de dados. 
Desta forma, a pesquisa foi dividida em duas etapas interdependentes, onde 
inicialmente realizou-se uma revisão bibliográfica através de artigos, livros, capítulo 
de livros, teses e dissertações relacionadas ao tema de estudo. 
Na segunda etapa foram realizadas entrevistas temáticas, embasadas pelo 
método da história oral, com os presidentes e/ou dirigentes2 esportivos dos clubes 
que participam do campeonato amador livre da cidade de Ponta Grossa – PR, no 
ano de 2017, organizados pela Liga de Futebol Pontagrossense (LFPG). 
A classificação deste estudo foi estruturada pela disposição pura quanto a sua 
natureza, pois buscou o desenvolver da ciência, não tendo como principal finalidade 
aplicações práticas. 
Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa é qualitativa; já quanto aos 
objetivos é exploratória que, segundo GIL (2008, p.27), caracteriza-se por 
“proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo 
de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado 
e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis”. 
A escolha dos indivíduos se deu por população, ou seja, pelo estudo de todos 
os dirigentes dos clubes participantes, como apresentado no quadro 1. 
 
Quadro 1 - Equipes Participantes do Campeonato Amador Livre da LFPG 
América P. F. C. Palmeiras E.C. 
Associação Esportiva W-3 Parque Do Café 
 
2 Em algumas equipes existe o presidente, o qual está ligado diretamente com as atitudes do clube, 
já em outras, é o diretor de esporte que responde pelo futebol amador, então optou-se por focar nos 
indivíduos que melhor representavam as equipes, no decorrer do texto é trabalhada a denominação 
de “dirigente”. 
 
14 
 
Carambeí E.C. Tibagi3 
Metalurgente F.C. União Campo Alegre E. C. 
Milan Santa Mônica União Cará Cará Santa Bárbara4 
Olinda E. C. Vila Velha 
Fonte: Autoria Própria (2017) 
O total de equipes participantes é 12, porém duas desistiram no decorrer do 
campeonato, desta forma, as desistentes entraram no critério de exclusão. 
Quanto aos procedimentos técnicos de análise, utilizou-se o método da 
história oral, o qual permite conhecer o contexto de determinado objeto de estudo 
através dos indivíduos que fizeram parte ou estão inseridos no lócus da pesquisa. 
Para a utilização desta metodologia foi utilizada à obra intitulada de – “História oral: 
a experiência do CPDOC” de Verena Alberti (1989). 
1.1 HISTÓRIA ORAL 
A história oral é um método qualitativo de investigação que privilegia a 
realização de entrevistas com indivíduos que participaram ou testemunharam 
determinados fatos e acontecimentos, partindo de versões e experiências 
particulares, e assim fornecendo aproximações com o objeto de estudo. 
Esta metodologia não é um fim em si mesma, e sim um meio de 
conhecimento, que permite recuperar o que não é encontrado em outros 
documentos. Sua utilização busca levantar como os entrevistados viam e vêem o 
tema em questão e o que os que viveram ou presenciaram o tema podem informar 
sobre o lugar que ocupavam no contexto histórico e cultural. 
O emprego da história oral deve ser dado em temas que correspondem a 
temas contemporâneos, pois se faz necessário que os indivíduos que vivenciaram o 
contexto estudado estejam vivos. 
Para isto, a autora salienta que há duas formas de entrevistas, a “temática” e 
a “história de vida”. Optou-se pela “temática” porque esta tange somente o 
 
3 Clube desistiu da participação do no campeonato, então entrou no critériode exclusão da 
pesquisa. 
4 Clube desistiu da participação do no campeonato, então entrou no critério de exclusão da 
pesquisa. 
15 
 
envolvimento do indivíduo no tema escolhido. Já a “história de vida” dá mais voz ao 
entrevistado de acordo com seus interesses na história, envolvendo várias temáticas 
e estendendo-se muito, podendo tirar o foco do objeto principal, que é a reflexão 
sobre a Educação Física. No entanto, mesmo trabalhando com entrevistas 
temáticas, deve-se considerar o conhecimento biográfico dos indivíduos, pois estes 
também interferem no modo que veem o mundo e relacionam com o tema da 
entrevista, podendo obter melhores resultados na investigação. 
O equipamento indicado na obra é um gravador, porém com os avanços 
tecnológicos, o aparelho mais acessível e utilizado foi o celular, o qual mantém em 
boa qualidade as gravações e possui conexão direta com o computador, o que 
facilita na transcrição dos dados para o arquivo digital. 
A entrevista seguiu o roteiro de estudo, vinculado diretamente com o projeto 
de pesquisa. No momento de apresentação, os entrevistados foram apresentados 
aos objetivos da pesquisa e estudos relevantes estudados pelo pesquisador. 
Segundo Alberti (1989) deve-se aprofundar no entendimento do tema trabalhado; e, 
desta forma, durante o processo percebeu-se que quanto maior domínio do 
conteúdo na conversa, mais motivados os entrevistados se sentiam para a inclusão 
de seus dados. 
O roteiro geral foi composto por 16 questões, além da identificação (Nome, 
Data de nascimento, estado civil, número de filhos, naturalidade, cidade que reside, 
clube que representa, escolaridade e profissão), que auxiliaram na formulação do 
perfil biográfico dos indivíduos. As 16 questões são apresentadas no apêndice 1 
deste trabalho. 
 A entrevista foi conduzida em forma de conversa, assim como Albert (1989) 
indica para que seja feita, dando mais voz aos sujeitos, mas também direcionando 
as perguntas de acordo com o roteiro elaborado inicialmente. Ao final do encontro, o 
entrevistado assinou um termo de consentimento, permitindo a utilização anônima 
dos dados coletados. Segundo Alberti (1989) o indivíduo deve assinar o termo 
depois de realizar a entrevista, devido ao fato que somente depois de ter realizado o 
procedimento, ele será capaz de julgar se autoriza ou não os dados coletados; até 
mesmo porque ele não conhece todas as indagações antes da realização do 
procedimento. 
Então as entrevistas foram transcritas e armazenadas de forma fiel, sem 
cortes excessivos e palavras diferente das usadas pelo entrevistado. 
16 
 
Posteriormente, na transcrição dos áudios alguns vícios de linguagem foram 
removidos para uma melhor compreensão dos dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Com a intenção de facilitar a reflexão e compreensão da problemática 
apresentada nesta pesquisa, a fundamentação teórica foi dividida em três capítulos. 
No capítulo 1, “A Educação Física Escolar no Brasil”, são apresentados o histórico e 
a contextualização da disciplina, desde a origem até as últimas modificações mais 
relevantes que a estruturou no Brasil, permitindo posteriormente fazer um diálogo 
com os resultados obtidos nas entrevistas. 
 
Já nos outros 3 capítulos “A caracterização do futebol pontagrossense, as 
equipes de futebol no brasil e o perfil dos presidentes futebolísticos”, “O futebol e os 
pressupostos teóricos de Pierre Bourdieu” e “A Educação Física e o Futebol” 
apresentam de forma detalhada os objetos de estudo, auxiliando na compreensão 
geral do tema e as redes de ligações entre o campo futebolístico e o escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. 
 
18 
 
2.1 CAPÍTULO I – A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO BRASIL 
A Educação Física na escola brasileira foi implantada oficialmente em 1851 
na reforma de Couto Ferraz; em sua origem adquiriu uma vertente ginástica 
proveniente da chancela médica higienista, fato decorrente do contexto da época 
que era fundamentalmente ligado a área das ciências naturais. (DAÓLIO, 2006) 
De acordo com o conceito histórico da Educação Física, o foco da disciplina 
eram os exercícios de valorização da saúde, esta metodologia é denominada de 
Higienista, nela a prática de exercícios de valorização da saúde física e moral, 
voltados para a heugenia, preparação para o trabalho na indústria nascente e 
prosperidade da nação, resumiam o foco da disciplina. (DARIDO, 2003; DARIDO; 
SOUZA JR, 2007). 
 Ainda segundo (DARIDO, 2003), após a constituição de 1946, surge uma 
preocupação mais social com os alunos, com base na educação escola-novista 
proveniente de um modelo americano, denominada de pedagogicista, a qual 
considerava a Educação Física como um meio de desenvolvimento integral do aluno 
de forma sociocultural. 
 No entanto alguns autores como Brach (1997) Coletivo de Autores, (1992) e 
Magalhães (2005), referem-se ao período pós Segunda Guerra Mundial, como um 
momento em que surge a introdução do esporte na escola, proveniente de um 
modelo de influência europeia que foi afirmando-se paulatinamente em vários 
países, e não um método americano como apresenta Darido. 
 
O esporte sofre, no período do pós-guerra, um grande desenvolvimento 
quantitativo. Afirma-se paulatinamente em todos os países sob a influência 
da cultura europeia, como o elemento hegemônico da cultura de 
movimento. No Brasil as condições para o desenvolvimento do esporte, 
quais sejam, o desenvolvimento industrial com a consequente urbanização 
da população e dos meios de comunicação de massa, estavam agora, mais 
do que antes, presentes. 
[...]Mais uma vez a Educação Física assume os códigos de uma outra 
instituição, e, de tal forma, que temos então, não o esporte da escola, e sim 
o esporte na Escola, o que indica sua subordinação aos códigos/sentido da 
instituição esportiva. (BRACH, 1997 p. 23) 
 
 Já a partir da década de 60 todas as produções indicam que há uma 
transição, ou exacerbação do esporte nas aulas de Educação Física, com a 
implantação do regime militar. Desta forma, buscava-se a formação de alunos 
atletas, tentando transformar o Brasil em uma potência esportiva mundial. 
19 
 
 Neste período surgem várias críticas, principalmente pela exaltada 
competitividade, exclusão de vários alunos e o tratamento do professor como 
treinador e do aluno como atleta. Em contrapartida, a partir da década de 70 e 80 
começam a surgir novas fontes de pesquisa em Educação Física por parte do 
cenário político e da evolução dos cursos de pós-graduação, então começou a ter 
uma maior preocupação com o desenvolvimento sociocultural dos alunos, 
problematizando os modelos médico, militar e tecnicista. (MAGALHÃES, 2005; 
DARIDO, 2003; DARIDO; SOUZA JR, 2007; DAÓLIO, 2004) 
 Segundo Magalhães (2005), a pesquisa em Educação Física não foi o único 
meio de sua modificação, houve também a organização de eventos nacionais 
realizados pelo Conselho Federal de Educação, para reestruturar o currículo dos 
cursos de graduação da disciplina, e também a preocupação da inclusão de 
aspectos sociofilosóficos nas aulas. 
 Nesse período de crescimento teórico da Educação Física, surgem novas 
abordagens educacionais vinculadas ao cenário nacional da população, surgindo 
novos olhares voltados para a relação da disciplina com a cultura. Esta foi uma 
etapa marcante quanto as novas abordagens que buscam a formação crítica, 
reflexiva, autônoma e emancipatória dos indivíduos, chamada pela obra Coletivo de 
Autores (1992) como movimentos renovadores da educação, tendo como 
fundamento a pedagogia humanista, de reflexão filosófica. 
 
Os movimentos renovadores da educação física do qual faz parte o 
movimento dito "humanista" na pedagogia, se caracterizam pela presença 
de princípios filosóficos em torno do ser humano, sua identidade, valor, 
tendo como fundamentoos limites e interesses do homem. (COLETIVO DE 
AUTORES, 1992) 
 
 Desta forma, as aulas de Educação Física superaram o paradigma de ser um 
fim em si mesmo, proporcionando aos alunos discernir sobre suas práticas, 
relacionando-as com o contexto social que pertenciam. 
Se os estudos teóricos se modificaram na década de 70, na prática da 
realidade escolar ainda estava uniformizado às metodologias militares e tecnicistas, 
onde o professor tinha um papel centralizador e as práticas eram repetições de 
gestos mecânicos dos fundamentos esportivos. Ainda mais com o aumento da 
20 
 
política de esporte de rendimento em nível nacional (MAGALHÃES, 2005; DARIDO, 
2003). 
 Mesmo que ainda o esporte de rendimento estivesse exacerbado nesse 
contexto, surge, vinculado ao viés da educação humanista, o movimento Esporte 
Para Todos (EPT), que vem numa forma alternativa do rendimento, prezando a 
cooperação e solidariedade, onde o homem passava a ser o centro, então ele 
determinava as regras adaptadas ao contexto em que estava (COLETIVO DE 
AUTORES, 1996). 
Não obstante, devido às modificações políticas e estruturais da sociedade e 
da educação, novos olhares e objetivos foram traçados, assim como novas 
metodologias para que os objetivos fossem cumpridos, vinculados ao cenário 
político, econômico e sociocultural. Além disso, a Educação Física foi integrada ao 
currículo escolar como matéria obrigatória, estabelecida na lei número 9.394/1996 
da Lei de Diretrizes de Base (LDB), ganhando maior relevância no âmbito escolar. 
. 
2.1.1 Metodologias Renovadoras da Educação Física Escolar 
A década de 70 foi um ponto de partida significante para o crescimento teórico 
e reflexivo acerca da Educação Física, a qual vinha de um contexto 
hipercompetitivo, esportivo e biológico forte. 
Devido a uma crescente corrente da pós-graduação no Brasil, os estudos 
relacionados à Educação Física começaram a problematizar as produções da área 
de conveniência utilitarista. Além do mais, neste momento há também uma política 
para o fim da ditadura em um processo de redemocratização brasileira, onde a 
participação da sociedade na política estava mais forte, como apresenta Carvalho 
(2002), juntamente com uma educação de viés crítico. (MAGALHÃES, 2005) 
 
Estas críticas foram importantes, visto que com elas buscou-se o 
rompimento com esse paradigma e iniciou-se a defesa do papel da 
Educação Física na formação de um cidadão crítico e criador, capaz de 
contribuir para a justiça social. (MAGALHÃES, 2005, p.95) 
 
21 
 
O paradigma da citação acima está relacionado ao perfil engendrado da 
Educação Física, em contrapartida às novas vertentes da educação como um todo, 
que surgiam naquela época. 
Assim, se deu o surgimento de novas propostas pedagógicas que buscavam 
desviar o foco do esporte de rendimento como conteúdo principal, e abrir as portas 
para novas e mais abrangentes metodologias da Educação Física, que se 
fundamentam no desenvolvimento do aspecto da Cultura Corporal5. Ou seja, é a 
partir dos conhecimentos e aprendizagens historicamente construídos, que a prática 
da Educação Física se desdobra e busca que o aluno seja capaz de realizar as 
atividades de forma crítico-superadora. 
Nessa abordagem o esporte torna-se um elemento da cultura corporal e deve 
ser encarado de forma crítico-superadora, onde os alunos compreendem os sentidos 
e significados de sua prática, vinculado aos elementos sócio-históricos que o 
fundamentaram (COLETIVO DE AUTORES, 1992). 
Daólio (2006) implica que a questão cultural se impõe atualmente à área, para 
ele, a cultura é o principal conceito para a EF, pois todas as manifestações humanas 
são geradas pela dinâmica cultural que se manifesta diversificadamente no contexto 
dos grupos sociais específicos. 
Além da abordagem crítico-superadora proposta pelo Coletivo de Autores 
(1992), existem outras que também quebram com essa corrente de desempenho 
máximo esportivo. A exemplo delas é a abordagem propostas por João Batista 
Freire na obra “Educação de Corpo Inteiro” publicada antes mesmo do Coletivo de 
Autores. Esta apresenta a EF como um elemento de interação do indivíduo com o 
mundo, onde através do lúdico, o sujeito desenvolve suas potencialidades e 
competências cognitivas, auxiliando também a leitura e raciocínio matemático; de 
forma geral corroborando com outras disciplinas (DARIDO, 2003). 
Outras abordagens como a “sistêmica”, “crítico-emancipatória” e a “cultural”, 
são outras metodologias expostas no livro “Educação Física na Escola: questões e 
reflexões” de Suraya Cristina Darido (2003) que em síntese, surgem em um contexto 
e finalidades comuns, com suas particularidades, mas que buscam romper com a 
 
5 Cultura Corporal é o conceito surgido com a obra intitulada de “Metodologia do ensino da 
Educação Física” no ano de 1992 e hoje, e é muito aceito atualmente. Denominado como objeto 
de estudo da Educação Física, abrange as danças, lutas, jogos, esportes e outras manifestações 
que são expressas pela motricidade humana. 
22 
 
potencialização esportiva máxima, e promover a educação dos alunos através da 
reflexão e compreensão da sua prática, incluindo todos os estudantes, estimulando 
sua autonomia, criticidade e promovendo valores que extrapolam os muros 
escolares. 
Para Silva (2012) é preciso que os alunos compreendam a importância dos 
conteúdos trabalhados nas aulas, pois só assim eles terão uma aprendizagem 
significativa e que será promovido a sua formação crítica, autônoma e participativa. 
Essa perspectiva resume basicamente a busca pela formação crítica do aluno 
através da Educação Física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
2.2 CAPÍTULO II – A CARACTERIZAÇÃO DO FUTEBOL PONTAGROSSENSE, AS 
EQUIPES DE FUTEBOL NO BRASIL E O PERFIL DOS PRESIDENTES 
FUTEBOLÍSTICOS 
Nesse cenário, o Futebol Amador6 de Ponta Grossa, o qual é o foco deste 
trabalho, possui grande possibilidade de análises devido a sua trajetória histórica no 
estado do Paraná. Segundo Ribeiro Jr. (2004), o jogo caracterizado como marco do 
futebol paranaense foi realizado na cidade de Ponta Grossa, no ano de 1909, entre 
o Ponta Grossa Esporte Clube e o Ginástico Turnverein de Curitiba. Naquela época, 
o futebol e outras modalidades se depararam com uma febre esportiva no país, onde 
além de práticas de lazer e sociabilização, o esporte começou a exercer forças na 
sociedade, interferindo até no modo de vestir da população, a qual se adequa à 
moda esportiva surgida com a modernidade capitalista (RIBEIRO JR, 2004). 
Assim, o futebol, esporte que mais se destacava, se encaixou em Ponta 
Grossa embarcado no processo de modernização, atribuído aos fatores geográficos 
da cidade, a qual se tornava centro urbano do interior do Paraná, e as indústrias e o 
comércio ganhavam forças no município. Consequentemente, o futebol integrou-se à 
vida dos indivíduos, principalmente os que trabalhavam no setor industrial, como 
engenheiros e técnicos de uma empresa de construção da linha férrea que ligava o 
Paraná ao estado de São Paulo. (RIBEIRO JR, 2004). 
Vários clubes amadores foram surgindo e até hoje participam das atividades 
futebolísticas presentes no município, se tornando um ponto de partida e um tema 
rico de análises socioculturais vinculado à cultura brasileira e à Educação Física. 
Ao adentrar no mundo do futebol, deve-se ter em mente que apenas uma 
pequena minoria dos brasileiros são jogadores que possuem fama e são 
reconhecidos pelo mundo. Então não é indicado fixar os olhos apenas na elite do 
futebol profissional. 
 
6 As formas de prática do futebol podem ser divididas em algumas classificações, dessa forma 
DAMO (2003) o divide em algumas categorias, as quais definem as características de cada uma 
através das suas particularidades, são elas: futebol profissional,escolar, comunitário ou de 
várzea e o de bricolagem. Dentro destas tipologia o que melhor representa a estrutura esportiva 
Ponta-grossense é o futebol comunitário, onde em neste trabalho denominaremos de “Futebol 
Amador”, devido ao fato de que é popularmente conhecido dessa forma e é como a LFPG o 
nomeou. 
24 
 
Damo (2003) apresenta uma visão mais específica das formas como o futebol 
é praticado, para isso divide-o em quatro categorias. São elas: o futebol profissional, 
escolar, comunitário ou de várzea e o de Bricolagem. 
A divisão dos “futebóis” nos auxilia a pensar em como ele irá ser encarado 
realmente. Tais classificações mesmo que diferenciadas possuem suas funções 
estabelecidas com regras e estruturas que dão ao esporte a dinâmica de sua prática 
com suas leis variantes e invariantes. A seguir uma melhor descrição de cada uma 
das classificações, proposta por Damo (2003) 
 
1. Futebol profissional – organizado por um órgão de nível internacional 
(FIFA), geralmente é sinônimo de espetáculo e envolve características 
econômicas fundamentais que subdividem os indivíduos em profissionais, 
especialistas e torcedores. 
2. Futebol de bricolagem - é a classificação que permite uma maior 
variabilidade quanto sua prática, adequando-se ao espaço e ao número de 
praticantes. Ele é praticado nos momentos de lazer e tempo livre. 
3. Futebol comunitário ou de várzea – tem a presença de quase todos os 
componentes do futebol profissional, porém diferindo em escala. Em alguns 
casos as federações estaduais - conectadas à estrutura da FIFA - organizam 
eventos que congregam a elite destes clubes, mas prevalece, sobretudo, a 
organização de competições em circuitos locais - bairros, cidades, 
dependendo das circunstâncias. 
4. Futebol educacional – realizado no âmbito escolar, integrado aos conteúdos 
da Educação Física. Sua prática dentro da escola é explicada pelo caráter 
esportivo, mas também pelo fato histórico e cultural que conquistou no Brasil. 
 
 Além dessas divisões propostas, a organização da prática do futebol pode ser 
compreendida partindo do formato dos clubes. Para isto, Marques, R; Gutierrez, D; 
Almeida, M. (2013), apresentam os tipos de clubes característicos no Brasil que, de 
certo modo, complementa a divisão proposta por Damo (2003). São eles: 
 
1. Clubes distintivos: formado por uma elite de sócios de classe média e alta, que 
vincula outras atividades de caráter elitista, nem sempre estão diretamente 
25 
 
voltados ao futebol, pois conciliam com outras atividades como o golfe e hipismo; 
muitos dos sócios estão lá por manutenção do status. 
2. Clubes integrados: caracterizados por conter indivíduos que se unem por 
questões identitárias e características familiares, como trabalhadores do mesmo 
setor ou imigrantes, por exemplo. Esse é o tipo de clube característico dos 
primórdios do futebol em Ponta Grossa, tendo em vista que os primeiros jogos do 
esporte na cidade foram realizados por trabalhadores de uma empresa de 
construção ferroviária. 
3. Clubes esportivo: geralmente de porte pequeno, voltados a uma modalidade 
específica, vinculados a alguma federação, e sempre participam de competições. 
Geralmente necessitam de recursos para a participação nos campeonatos e o 
dinheiro de seus sócios não é suficiente, então necessitam de patrocínios. 
4. Uniões: Não possuem o foco principal na prática esportiva, pois o objetivo maior 
está na busca da promoção da reflexão e luta por outras causas, como o meio 
ambiente e a sustentabilidade, por exemplo. 
5. Associações de esporte tradicional: foco em modalidades esportivas 
tradicionais de determinada região. 
6. Associações de esporte para todos: possui uma perspectiva de inclusão de 
indivíduos excluídos, não buscando o rendimento, mas sim proporcionar diversas 
atividades que, por meio do esporte, irão promover estes indivíduos. 
7. Clubes profissionais: utilização do esporte com caráter de espetáculo, 
contendo atletas profissionais, visando o rendimento e fazendo parte da indústria 
do esporte. 
 
No contexto brasileiro o futebol profissional tomou rumos através de clubes 
sem fins lucrativos, denominados “Clube Social Esportivo”; eram entidades políticas 
que possuíam recursos vindos dos conselhos, membros e sócios, sem mão de obra 
especializada no meio esportivo. (AZEVÊDO. 2002). Porém, percebendo o potencial 
que o esporte tem de trazer recursos financeiros, foi promulgada a Lei Zico (Lei nº 
8.672/1993). Com ela os clubes esportivos puderam escolher em continuar como 
26 
 
Clube Social7, ou tornar-se um Clube Empresa8. A lei Zico buscava descentralizar o 
poder do clube em um único gestor, tornando os clubes um espaço mais 
democrático e atraindo patrocinadores e investidores, resultando numa 
reestruturação organizacional no processo administrativo. (AZEVÊDO, P; BARROS, 
J; SUAIDEN, S. 2004). 
A lei Zico implementada em 1993 possuía o foco principalmente no futebol 
brasileiro, porém foi revogada em 1998 pela lei Pelé (Lei nº 9.615/1998), na tentativa 
de organizar o setor esportivo como um todo, reiterando a ideia de Clube Empresa, 
mas também visando o avanço da profissionalização esportiva no Brasil. Assim, foi 
promovida a institucionalização das secretarias de esporte, academias, instituições 
acadêmicas, empresas e diversos setores no ramo esportivo, de forma 
profissionalizada. (AZEVÊDO, P; BARROS, J; SUAIDEN, S. 2004). 
Porém o futebol-empresa não se tornou globalizado e nem principal 
alternativa para os clubes no Brasil, mesmo que seu consumo e visibilidade tenha 
atingido tal contexto. De acordo com um levantamento, de grande parte dos 
estatutos dos clubes profissionais, poucos são aqueles que se tornaram empresas. 
Para corroborar com esta constatação, o gráfico 1 apresenta a análise dos estatutos 
de 34 dos principais clubes brasileiros. 
 
 
7 Considera-se como clube-social esportivo a associação de pessoas, onde não existe um dono, mas 
sim uma Assembleia Deliberativa que toma as decisões visando o melhor para os associados. Possui 
futebol profissional, entretanto não visa lucros. 
Vale lembrar que os clubes sociais não pagam os impostos iguais aos de uma empresa, sendo bem 
menores, daí o interesse dos dirigentes em permanecerem com os clubes sociais e não modificarem 
para clube empresas, pois assim mantém a “proteção” do Estado. (SPESSOTO, 2008). 
8 Clube empresa caracteriza-se por ser uma organização, geralmente Ltda., que possui um dono ou 
vários donos chamados de sócios. Sua administração visa constantemente o lucro por meio do 
futebol profissional. (SPESSOTO, 2008). 
27 
 
Gráfico 1 - Classificação Jurídica dos Clubes 
 
Fonte: Autoria Própria (2017) 
 
Ao contrário da Europa, em que a maioria dos grandes clubes são de cunho 
empresarial, no Brasil alguns pequenos e mais jovens clubes adotaram essa 
modalidade; já os tradicionais e grandes clubes não optaram pela transição à clube-
empresa. (PRONI, M; ZAIA, F. 2007, p. 25; MARQUES, R; GUTIERREZ, D; 
ALMEIDA, M. 2013, p. 07). 
Dois estudos são considerados básicos com relação a gestão das equipes de 
futebol e para compreensão do perfil dos presidentes. Azevêdo; Barros; Suaiden 
(2004) pesquisaram o perfil dos gestores dos clubes de futebol profissional em 
Brasília. De acordo com os dados levantados, todos os dirigentes são do gênero 
masculino com média de 45 anos, sendo 80% casados e 70% recebem mais de 25 
salários mínimos. Todos possuem Ensino Fundamental completo, e os demais 
possuem ensino superior. Dentre os dez entrevistados, quatro são funcionários 
públicos, um é aposentado e os demais são empresários. Todos acumulam suas 
profissões com as atribuições de dirigentes dos clubes que presidem. 
Já Marques; Gutierrez; Almeida. (2013) pesquisaram os principais presidentes 
dos clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro e dos principais campeonatos 
estaduais,além dos campeões brasileiros nos últimos vinte anos. O resultado desta 
análise gerou diversos perfis, porém, houve hegemonia por parte de empresários, e 
demais profissões liberais, como advogados, médicos, dentistas, que permitem 
conciliar a gestão com outra fonte de renda, já que a maioria não recebe pelo 
trabalho realizado devido ao fato de que os principais clubes brasileiros estão 
classificados como Clube Sócio-esportivo - não visam lucro. 
28 
 
Não obstante, de acordo com Machado (2017) num estudo que focou nos 
presidentes dos clubes brasileiros da série A entre os anos de 1987 a 1998, foi 
verificado que dos 102 indivíduos levantados, 101 eram homens, e apenas 1 era 
mulher. O gráfico 2 apresenta os dados levantados em relação ao perfil profissional 
dos presidentes: 
 
Gráfico 2 - Perfil Profissional 
 
Fonte: MACHADO, 2017 
 
Como resultado obtido verificou-se que a representação presidencial foi 
basicamente formada por homens de 51 anos, com uma exceção feminina. 
Possuem um perfil profissional diversificado, porém com predominância de 
empresários; 50% possuem ensino superior, e as profissões sejam elas com 
formação acadêmica ou não, são de caráter liberal e valorizadas socialmente. 
 
29 
 
2.3 CAPÍTULO III – O FUTEBOL E OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DE PIERRE 
BOURDIEU. 
Segundo Bourdieu (1983) todos os campos9 se apresentam à apreensão 
sincrônica como espaços estruturados de posições (ou de postos) cujas 
propriedades dependem das suas distintas posições nessas estruturas, podendo ser 
analisadas independentemente das características de seus ocupantes (em parte 
determinadas por elas). 
Por conseguinte, em complemento, Bourdieu (1983, p. 89) salienta que para o 
funcionamento dos campos, é preciso que “haja objetos de disputas e pessoas 
prontas para disputar o jogo, dotadas de habitus10 que impliquem no conhecimento 
de no reconhecimento das leis imanentes do jogo, dos objetos de disputas, etc.” 
Utilizar a perspectiva de Bourdieu (1983) na relação do futebol e Educação 
Física, vem como um recurso para que se possa compreender a formação dos 
campos e sua relação com o habitus dos indivíduos, que estão integrados a estes 
campos, ou seja, compreender a relação entre perfil dos indivíduos com sua posição 
no campo futebolístico, e as aprendizagens que os promoveram para realizar seu 
papel dentro do clube. 
Relacionados à estas aprendizagens (seus habitus), busca-se vincular o 
papel da Educação Física, devido ao fato de que esta trabalha com algumas 
características comuns ao campo futebolístico, interferindo nas aprendizagens, e 
promovendo maiores experiências em seus habitus, sejam eles implícitos ou 
explícitos. 
 
 
 
9 Para Bourdieu os “campos” são espaços que possuem suas especificidades, regras, princípios 
e hierarquias. Nesses espaços há situações de disputa, tensões e conflitos por parte de seus 
membros, que buscam, de certa forma, a manutenção de um poder. 
 
 
10 Segundo Bourdieu (1983, p. 94), habitus é o sistema de disposições adquiridas pelas 
aprendizagens implícitas ou explícitas que “funciona como um sistema de esquemas geradores, 
é gerador de estratégias que podem ser objetivamente afins aos interesses objetivos de seus 
autores sem terem sido expressamente concebidas para este fim. ” 
30 
 
2.4 CAPÍTULO IIII – A EDUCAÇÃO FÍSICA E O FUTEBOL 
O futebol chegou no Brasil no ano de 1885 e nos primeiros anos de século 
XX, caracterizou-se como um esporte de elite, mas rapidamente se tornou uma 
prática extremamente popular. É interessante notar que o cenário da época a 
divulgação de massa não era tão fácil como na atualidade, e que mesmo assim o 
tomou uma magnitude nacional de forma bastante rápida. (DAÓLIO, 2006). 
Com o aumento dos clubes de futebol e os campeonatos cada vez mais 
organizados e divulgados pelo país, uma nação clubista foi se formando e, 
consequentemente, uma cultura futebolística passou a representar o símbolo de 
brasilidade. 
Com uma amplitude solidificada e modalidade de relevância social o futebol 
começou a estabelecer relações extracampo, conquistou uma significativa 
importância nas instâncias políticas, econômicas e socioculturais, além disso, 
estruturou-se como um elemento importante da cultura popular brasileira, podendo 
ser considerado como um fenômeno social, passível de análises em diferentes 
aspectos (RINALDI, 2000). 
Na Educação Física, devido ao contexto esportivo que se criou no Brasil e a 
forte influência na sociedade, o futebol consequentemente se interligou às aulas. 
Desta forma Daólio (2006) problematiza: por que o futebol, sendo uma prática 
inglesa teve tanta repercussão aqui no Brasil? Segundo DaMatta (1982, p.21) “O 
futebol praticado, vivido, discutido e teorizado no Brasil seria um modo específico, 
entre tantos outros, pelo qual a sociedade brasileira fala, apresenta-se, revela-se, 
deixando-se, portanto, descobrir”. 
Daólio (2006) apresenta algumas formas específicas de como o futebol 
representa ou se relaciona com os fatos sociais. A busca pela igualdade de classes, 
onde mesmo com diferenças econômicas entre as equipes, ambas têm a mesma 
possibilidade de ganhar. As regras também possuem um caráter de igualdade, 
corroborando com o fato das diferenças sociais e a possibilidade de nivelamento, 
independente da classe à qual ela está estabelecida. DaMatta (1986) retrata o jeito 
do brasileiro jogar, regado de dribles e fintas, que representa a malandragem e o 
“jeitinho brasileiro”, dentre vários outros aspectos. 
31 
 
Na Educação Física, visto o cenário e contexto histórico, percebeu-se que o 
esporte esteve bastante evidente na representação da matéria, mesmo que esta 
buscou desvincular-se somente do esporte e do esporte de rendimento, 
principalmente após a década de 80. 
 No entanto Darido; Souza Jr. (2007) ressaltam que mesmo com o discurso, 
principalmente acadêmico, voltado para uma reformulação da Educação Física, na 
prática, não houveram modificações, o esporte ainda era o conteúdo que 
influenciavam professores e alunos. 
Com o passar do tempo e os estudos que foram surgindo, foi possível 
perceber um encaminhamento educativo por meio do esporte e do futebol na 
Educação Física, presente nas diretrizes e parâmetros da disciplina. Desta forma, o 
encaminhamento desses conteúdos deve ser encarado de forma crítica e inclusiva, 
aproveitando a magnitude do futebol e resgatando o aprendizado e reflexão através 
dele. 
Neste capítulo não buscou-se apresentar o futebol como conteúdo que 
merece foco principal nas aulas de Educação Física, mas se faz necessário a 
apresentação de seu contexto e a relação que o mesmo adquiriu nas aulas, porque 
estamos trabalhando com um objeto de estudo que fez parte da trajetória histórica 
da Educação Física e, neste sentido, faz-se necessário porque buscamos 
compreender como eram as aulas na época, em que os indivíduos entrevistados 
estavam na escola, permitindo um diálogo com a bibliografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
No segundo semestre de 2017 iniciamos a busca pelos indivíduos 
responsáveis pelos clubes de futebol amador que fazem parte da LFPG. Para 
chegar até as entrevistas precisávamos do contato dos dirigentes e, quem possuía 
esses contatos era o presidente da Liga de Futebol de Ponta Grossa. 
Ao entrarmos em contato com presidente da LFPG, o mesmo nos afirmou que 
organizaria os números e nos enviaria assim que possível, semanas se passaram, 
ligações foram feitas mas não tivemos a ajuda deste indivíduo. Felizmente, com a 
ajuda de um professor que compôs a banca deste trabalho conseguimos uma ficha 
com os números. 
As ligações para os indivíduos foram feitas, mas como somente tínhamos os 
números não sabíamos para quem estávamos ligando, ou seja, às vezes quem 
atendia não era representante de nenhum clube, ou até mesmo erada própria 
equipe a qual já havíamos entrado em contato, o que dificultou o processo de 
agendamento. 
Após identificar o nome de cada representante as entrevistas foram 
marcadas. No primeiro momento os indivíduos ficavam meio receosos ao saber o 
motivo e o objetivo da pesquisa, mas após alguns minutos de conversa no telefone 
mostraram-se disponíveis a colaborar. 
As entrevistas foram realizadas em lugares diversos, conforme a 
disponibilidade tanto do entrevistado quando do entrevistador, infelizmente algumas 
não foram possíveis de serem realizadas presencialmente, então foram feitas por 
telefone, onde o termo de consentimento era lido para os entrevistados após as 
entrevistas, cabendo a ele julgar se os dados poderiam ser utilizados ou não. O 
quadro 2 apresenta o local de cada uma. 
 
Quadro 2 - Local das entrevistas 
Clube Local 
América P. F. C. Prefeitura de Ponta Grossa 
Olinda E. C. Telefone 
Associação Esportiva W-3 Telefone 
Metalurgente F.C. Sindicato dos Metalúrgicos 
Carambeí E.C. Carambeí (Campo da Brf) 
Palmeiras E.C. Carambeí (Campo da Brf) 
Parque Do Café Santa Paula 
33 
 
Vila Velha Telefone 
União Campo Alegre E. C. Estádio Do Uca 
Milan Santa Mônica Telefone 
 Fonte: Autoria própria (2017) 
 
Nas primeiras duas entrevistas, realizadas na equipe Carambeí e Palmeiras, 
os indivíduos não demonstraram muito interesse em primeira instância, devido ao 
fato de que ambos eram técnicos dos seus respectivos clubes e estavam aflitos com 
a partida que iria começar. No meio do jogo, percebendo que estávamos lá 
assistindo, o dirigente do Carambeí gritou de forma irônica: “torça para nós não 
perdermos, senão não tem entrevista”. 
Alberti (1989) alerta que há possibilidade dos entrevistados não colaborarem 
efetivamente com a entrevistas, devido a preocupação com compromissos julgados 
mais importantes, mas nada saiu do controle, pois ao fim do jogo, o qual por sorte do 
destino terminou empatado, ambos se dispuseram a participar sem nenhum 
problema. 
 Já as demais entrevistas foram realizadas em dias e locais diferentes dos 
jogos do campeonato amador, então tanto a recepção quanto as conversas com os 
indivíduos foram mais tranquilas. 
 
3.1 O PERFIL DA GESTÃO DOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR 
As equipes que compõem o campeonato amador livre da LFPG possuem 
diversas origens, umas são mais tradicionais, já outras são menores caracterizadas 
como de bairro ou cidade, as quais existem porque participam do campeonato 
amador, e há também as são relacionadas à questões trabalhistas e comerciais que 
envolvem outras atividades além do futebol amador. 
Em algumas equipes existe o presidente o qual está ligado diretamente com 
as atitudes do clube, já em outras é o dirigente de esporte que responde pelo 
futebol. 
Como não existe um único perfil entre os dirigentes, inicialmente foi traçado 
um perfil com informações pessoais e profissionais dos mesmos, estes dados 
apresentaram uma diversidade de resultados. Vejamos o quadro 3: 
 
34 
 
Quadro 3 - Perfil sócio-profissional dos dirigentes das equipes 
Idade Estado 
civil 
Filhos Naturalidade Escolaridade Profissão 
51 Casado 5 Assaí - PR Ens. Superior Advogado/empresário 
48 Casado 3 Ivaí Ens. Fund. Marceneiro 
30 Solteiro 0 Ponta Grossa Ens. Superior Prof. De Ed. Física 
45 Casado 2 Ponta Grossa Ens. Superior Advogado - Presidente do 
Sindicato dos metalúrgicos 
52 Casado 2 Ponta Grossa Ensi. Médio Diretor de esporte 
Carambeí 
52 Casado 3 Ponta Grossa Ensi. Médio Treinador de futebol 
profissional 
45 Casado 1 Ponta Grossa Ens. Superior Prof. De Ed. Física 
41 Casado 3 Ponta Grossa Ens. Médio Frentista 
59 Casado 4 Ponta Grossa Ens. Superior Prof. De Ed. Física 
37 Casado 3 Ponta Grossa Ens. Fund. Encarregado de produção 
 Fonte: Autoria própria (2017) 
Com base nas constatações acima não buscamos fazer um tratamento 
quantitativo dos dados, mas esta aproximação auxiliou a vincularmos aos dados 
levantados pela bibliografia acerca do tema. 
Em relação ao gênero dos indivíduos, mesmo não apresentado 
anteriormente, deve-se deixar claro que a representação presidencial, dos clubes 
pontagrossenses, é formada apenas por homens. Estes possuem faixa etária entre 
30 a 59 anos, com média de 47, na maioria casado (90%), tendo na média de 3 
filhos e basicamente natural de ponta Grossa (80%). 
A diversidade aumenta em relação ao nível de escolaridade, a qual varia 
entre ensino superior completo (50%), ensino médio completo (30%) e ensino 
fundamental completo (20%). Já no que se refere à profissão11 há a recorrência de 3 
professores de educação física (27%), 2 advogados (18%) e 1 empresário que 
acumula com outra profissão, além de 1 funcionário público, 1 treinador de futebol, 1 
marceneiro, 1 frentista e 1 encarregado de produção, que correspondem a 9% cada. 
Referente a esses dados é interessante notar que houve a presença do 
profissional de Educação Física no perfil gestor, o qual não aparecia nas referências 
bibliográficas de nível nacional, já apresentadas anteriormente nesta pesquisa. Além 
disso a presença de empresários, advogados e funcionário público, corroboram com 
 
11 A porcentagem das profissões encontradas é relacionado ao total de profissões, que no total 
somaram 11, pois há um presidente que possui 2 profissões, por isso a necessidade do valor 
atribuído ao número de profissões e não de dirigentes. 
35 
 
as principais características dos presidentes de futebol profissional apresentado por 
Azevêdo; Barros; Suaiden (2004) e Marques; Gutierrez; Almeida (2013), dessa 
forma, apresenta resultados diferentes e também próximos do que se tem escrito 
acerca do tema em nível nacional, e neste aspecto deixamos uma questão 
interessante no ar: - a gestão dos clubes de futebol amador se aproximam da 
profissional, ou o processo é inverso? 
As características apresentadas neste capítulo dão subsídios para 
compreendermos algumas características fundamentais em relação ao objeto de 
estudo, assim podendo traçar um perfil dos mesmos, já o capítulo a seguir busca 
fazer uma reflexão por parte dos principais motivos e características que levaram os 
personagens a realizar efetivamente o papel de dirigente dentro do clube. 
 
3.2 O EXERCÍCIO DA PRESIDÊNCIA NOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR: 
CARACTERÍSTICAS E INFLUÊNCIAS 
Nas entrevistas buscamos resgatar quando e como os indivíduos começaram 
a fazer parte da gestão dos clubes, despertando as questões de memória e 
compreendendo as influências que os levaram a assumir tal posição. Diante dessa 
constatação percebeu-se que não se torna presidente de uma hora para outra, é 
necessário um certo envolvimento longitudinal com o clube para que possa estar 
preparado a assumir esta função, porém é claro, existem particularidades as quais 
tentaremos apresentar aqui. 
Em média os indivíduos fazem parte do clube há 15 anos, e para assumir o 
cargo de presidente levaram em torno de 7 anos. Há de se considerar os extremos, 
como no caso do clube União Campo Alegre (UCA), em que o atual presidente é 
integrante há 54 anos e só após 48 anos assumiu o cargo. Neste caso percebeu-se 
que há um laço forte estabelecido, de caráter clubista e que dificilmente será 
quebrado com facilidade, diferente de como ocorre com os jogadores que não se 
envolvem nas diretorias dos clubes. 
No discurso dos dirigentes percebeu-se que estes, na maioria, já disputaram 
como jogadores o futebol amador, alguns não permaneceram somente em um clube, 
mas a partir de quando começam a fazer parte da gestão, se estabelecem, e criam 
laços fortes com o clube. Com destaque para o discurso clubístico do entrevistado 
36 
 
08 – “Deus em primeiro lugar, minha família em segundo e Olinda em terceiro, então 
virou time de coração sabe, então eu sou Olindense mesmo”. 
 Rigo; Jahnecka; Silva (2010), ao estudarem sobre o futebol de várzea dePelotas – RS, apresentam uma divisão entre os jogadores/dirigentes e os que são 
somente jogadores. No primeiro caso os autores indicam que há uma forte ligação 
clubista, então permanecem no clube por bastante tempo, já no segundo caso tende 
a se manter certo distanciamento com o clube, o que os permitem rodar de equipe, 
onde o principal objetivo é disputar o campeonato sem dedicação exclusiva à uma 
equipe. Nessa pesquisa a presença fiel aos clubes é perceptível, como podemos 
observar no discurso do entrevistado 07 que está há 54 anos envolvido num dos 
clubes: 
Faço parte do clube desde os 4 anos de idade, com 4 anos eu já estava 
aqui dentro. Com 18 anos eu tocava as categorias de base do infantil do 
clube e jogava o júnior. Eu era técnico do infantil e jogava no Jr. Daí fui 
diretor de Patrimônio, depois de formado fui diretor de Esportes aqui no 
clube. Daí fui diretor de esporte durante uns 20 anos, mais ou menos. Daí, 
há um tempo atrás para fechar esse projeto que foi feito aqui no clube, eu 
assumi a presidência. (ENTREVISTADO 07, LS) 
 
Nos clubes mais jovens como os de bairro e aqueles vinculados a aspectos 
trabalhistas é possível perceber que os dirigentes são aqueles envolvidos na sua 
criação ou reativação, estando a frente desde o início. O Metalurgente, W-3 e Milan 
Santa Mônica são exemplos de clubes criados e comandados pelos mesmos 
indivíduos que os fundaram, já o Vila Velha e o Parque do Café são clubes criados 
por familiares, que tiveram suas atividades suspensas e foram reativados pelos 
atuais dirigentes. Para que haja melhor exemplificação colocamos em evidência 
alguns relatos dos entrevistados que possuem ligação direta com a criação ou 
reativação dos clubes, estes deram a seguinte resposta quando perguntados sobre 
o início de seu envolvimento: 
Desde a criação em 1996, o clube foi criado em função do sindicato, então 
logo eu posso afirmar que desde que ganhamos o sindicato em 1994 a 
gente já pratica né, mas formalmente o clube existe desde 1996 e eu 
sempre atuei como presidente do clube. (ENTREVISTADO 4, MP) 
Nós criamos a associação esportiva W3 em 2010. Faço parte da comissão 
desde o início. Eles me contrataram pra ficar à frente desse projeto, desse 
projeto a gente criou a associação e hoje a gente tem várias vertentes 
esportivas dentro dessa associação. (ENTREVISTADO 9, DP) 
37 
 
Então há 4 anos que ele está na ativa de novo. Em 2013 comecei a 
gerenciar. É um time de bairro, entendeu? Foi fundado pelo meu avô e 
depois passou para o meu tio ai ficou 20 anos parado e eu reativei ele. 
(ENTREVISTADO 3, CL) 
 
De forma grosseira podemos elencar como os motivos que levaram a exercer 
a presidência foram a: tradição de família, paixão pelo futebol, motivação pessoal, 
experiência no futebol amador e formação profissional, como os principais fatores. 
De acordo com o relato dos entrevistados a grande maioria alega não receber 
nenhum retorno financeiro pelo trabalho que realizam, embora 2 indivíduos 
assumem receber financeiramente por serem diretores gerais de esporte. Na gestão 
profissional segundo Marques; Gutierrez; Almeida (2013) e Azevêdo; Barros; 
Suaiden (2004), geralmente não há retorno financeiro registrado pela função que 
exercem, e nesta questão o objeto de estudo aproxima-se do futebol profissional, ou 
mais uma vez, a gestão profissional se aproxima do amador. 
Já dos que relataram receber financeiramente, um deles é diretor de esporte 
de um clube proveniente de uma empresa metalúrgica (Entrevistado 9, DP) e outro é 
diretor de esporte de um município vizinho (Entrevistado 2, CB), os quais 
estabelecem o futebol Amador como umas das funções de seus cargos 
profissionais. Um atribui o motivo de ocupar função esportiva devido a formação 
profissional em Educação Física: “A minha graduação em 100% da totalidade dela 
foi o que me impulsionou estar à frente desse projeto”. (ENTREVISTADO 9, DP) e 
outro salienta que foi por questões políticas: 
Isso aí foi político. Eu entrei através do prefeito que é amigo, e ele precisava 
de um cara que tomasse conta, e me chamou pra esse tipo de coisa. Como 
eu sou diretor de esporte e faço todas essas funções, já está vinculado ao 
meu trabalho dentro da prefeitura. (ENTREVISTADO 2, CB). 
 
Em outros casos existem aqueles que assumiram a presidência após 
participarem da diretoria do clube, devido a estarem por dentro das questões 
administrativas em determinado momento tornaram-se presidentes, mas todos os 
fatores como idade, escolaridade, formação profissional, experiências de vida 
interferem nesse processo, ou seja, interferem em seus habtus, assim como 
apresenta Bourdieu (1983) entre a formação do habtus e a relação com o campo, se 
interligados todos esses fatores resultam num produto final o qual buscou-se 
apresentar. 
38 
 
3.3 A ESCOLA E O FUTEBOL: INFLUÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO 
FÍSICA NA VIDA DOS DIRIGENTES DOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR 
Durante a entrevista temática foi reservado um espaço específico relacionado 
à Educação Física Escolar, nesta etapa buscou-se conhecer como eram as aulas e 
a visão dos indivíduos em relação a esta disciplina. Em média o período escolar foi 
vivenciado na década de 70 e 80 e a maioria dos entrevistados tiveram aulas de 
Educação Física na escola (80%). Na época em que estudaram, alguns tiveram 
aulas já no primeiro ciclo do ensino fundamental, já outros somente no 3 ciclo, como 
chamado por alguns de “ginásio”. 
Grande parte dos entrevistadas atribuíram grande importância da disciplina na 
vida das pessoas, como visto nos seguintes discursos: “Eu acho que a Educação 
Física hoje é uma matéria fundamental em todos os segmentos da juventude dos 
jovens” (ENTREVISTADO 2, JC); “Na minha época a gente não ligava tanto pra isso, 
mas hoje eu vejo que é um importante incentivador” (ENTREVISTADO 4, MP); “A 
E.F dentro do parâmetro escolar ela dá subsídios para as pessoas, para as crianças, 
para elas terem oportunização de realizarem as coisas que elas quiserem fora da 
escola”. (ENTREVISTADO 9, DP). 
Nas indagações sobre suas aulas, percebemos o esporte se manifesta como 
conteúdo principal das aulas, assim como apresentado na revisão de literatura no 
capítulo sobre o histórico da Educação Física. O discurso não mudou muito entre os 
indivíduos, a seguir apresentamos algumas de suas falas: “Tinham poucos 
equipamentos, basicamente tinha vôlei, futsal, tênis de mesa, cada um com seu 
material esportivo, muito pouco atletismo, o foco era o futebol” (ENTREVISTADO 4, 
MP); “Na minha época era praticamente mais o físico, correr em volta da quadra, 
fazer alongamento e daí o professor dava a bola para nós jogar futebol de salão” 
(ENTREVISTADO 2, CB); “o meu era mais relacionado ao futsal né, o futebol né, 
antigamente era futebol de salão, que a gente chamava, então era mais relacionado 
a isso” (ENTREVISTADO 6, ES); “Bem aberta, essa palavra que eles costumam 
utilizar hoje. Os professores eles tinham muitos alunos para tentar fazer alguma 
coisa na escola, como era uma escola muito pequena e tinha pouco espaço eles 
deixavam bem aberta para os alunos fazerem a montagem das atividades”. 
(ENTREVISTADO 9, DP). 
39 
 
A respeito da visão das aulas é perceptível o diálogo com o que a bibliografia 
trata sobre o contexto da Educação Física, onde o esporte era o tema central como 
apresentado por Darido (2003), Magalhães (2005), Brach (1997), Coletivo de 
Autores (1992), não obstante a preferência pelo futsal, verificada nos discursos, 
remete à confirmação da cultura brasileira expressa nas escolas e dentro das aulas 
como apresentado por Daólio (2006) e DaMatta (1982). 
Além de como eram as aulas perguntamos sobre sua participação, para que 
compreendêssemos como era o envolvimento dos mesmos, e se algumas 
características do seu perfil gestor apareciam até mesmo nas aulas. Em resposta 
dessa questão apresentamos alguns discursos: “Sempre fui participativocom 
Espírito de liderança, era eu que sempre dividia a piazada e organizava os joguinhos 
lá”. (ENTREVISTADO 5, IS); “A eu era o cabeça de tudo piá, se você vê só pelos 
gritos aqui (referindo-se ao jogo da sua equipe), na minha época eu era assim 
também”. (ENTREVISTADO 2, CB); “Sempre fui bem participativo, bem ativo, na 
verdade, sempre tive um espírito de líder no nosso time escolar, sempre tive o 
espírito de capitão praticamente desde essa época já comandava como atleta a 
nossa equipe na escola também”. (ENTREVISTADO 1, JC); “Ah eu gostava eu 
participava bastante eu era bem ativo nas aulas. Tinha um relacionamento bom com 
as outras pessoas”. (ENTREVISTADO 6, ES); “Eu sempre fui bem dedicado né, 
principalmente no esporte, porque é uma das áreas que mais gosto”. 
(ENTREVISTADO 3, CL); 
Grande parte participava de jogos dentro e fora da escola, eram participativos 
nas aulas e possuíam um espírito de liderança, além disso atribuíram um papel 
importante da Educação Física na vida das pessoas. Então para finalizar a 
entrevista foram indagados a uma pergunta mais direta e a qual buscamos descobrir 
nesta pesquisa, A educação física influenciou no exercício da presidência? Vejamos 
as principais respostas: 
“De modo direto talvez não mas de modo indireto talvez sim, porque a partir 
do momento que você tem uma vivência principalmente quando menino 
quando adolescente você vai pegando o gosto pela coisa e vai tendo 
afinidade, E aí quando você chega na idade adulta você já tem um perfil que 
vai buscar aquilo que você aprendeu no passado para poder praticar no 
futuro e sempre motivando outras pessoas”. (ENTREVISTADO 5, IS); 
“Não, não interferiu em nada, foi de fora mesmo, todo aprendizado que 
aprendi, foi tudo fora, principalmente nos clubes que participei” 
(ENTREVISTADO 2, CB); 
40 
 
“Não de forma definitiva, eu penso que tem uma certa influência mas hoje 
ela tem o papel mais importante do que tinha lá no passado. Não vou dizer 
que foi fundamental, mas que teve uma influência teve” (ENTREVISTADO 
4, MP) 
A E.F em si ela não nos dá um patamar sólido assim de 100% pra questão 
de direção de clube. Porque envolve muitos outros fatores além da questão 
esportiva. Mas no que concerne à parte esportiva, sim. (ENTREVISTADO 9, 
DP) 
Podemos dizer que não houve uma resposta concreta em relação a influência 
de Educação Física no exercício da presidência, alguns dizem que influenciou, 
outros não, já houve aqueles que foram imparciais, onde influenciou de certa forma, 
mas não foi somente isso. O que há de se considerar que grande maioria 
apresentaram características comuns, discursos comuns, que nos apresentaram 
diversas perspectivas em relação às aulas de Educação Física na vida de uma 
população específica que representa o futebol amador no município de Ponta 
Grossa e região. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Durante a graduação foi possível uma reflexão e vivência escolar, 
logicamente pelo foco do curso, mas proporcionada pela participação nos programas 
de estágio e iniciação à docência, já na iniciação científica a qual voltou-se para o 
estudo sobre a gestão do futebol brasileiro, forneceu-nos uma melhor compreensão 
do futebol como um importante elemento em que a sociedade se expressa. Neste 
sentido o trabalho de conclusão de curso, nos proporcionou uma visão do futebol e 
escola para além dos muros escolares, através de um olhar de fora para dentro, ou 
seja, não como geralmente se estabelece os estudos acerca da Educação Física, de 
dentro para fora, onde se pensa no ambiente escolar como foco principal. 
Dessa forma, recorremos escapar dos portões escolares e embarcarmos 
numa jornada histórica e cultural que permitiu conhecermos sobre o contexto da 
Educação Física a partir da década de 70, no município de Ponta Grossa, 
resgatando a memória dos indivíduos que um dia fizeram parte da história de nossa 
profissão e que hoje estão envolvidos em um contexto muito próximo à área da 
disciplina e da sociedade, que é o esporte, não apenas mais uma modalidade 
esportiva, mas dentre elas a que mais está presente em nosso país que é o futebol. 
De acordo com as constatações apresentadas neste trabalho, percebemos 
que a Educação Física, mesmo não estando presente na escola de forma legal 
desde o início, já se apresentava como uma corrente importante na vida dos alunos, 
que ao longo do tempo foi se modificando e conquistando espaço no ambiente 
escolar. Onde, através das entrevistas, pudemos resgatar a visão e compreensão de 
sua trajetória, ainda conhecendo a importância atribuída à ela a partir de uma 
população específica do município de Ponta Grossa e região. 
Referente ao perfil dos dirigentes foi possível perceber que todos os postos 
são ocupados por homens, casados, com média de 47 anos, na maioria possuem 
ensino superior completo, mas que possuem profissões diversas, com maior 
predominância de professores de Educação Física. 
Verificou-se também que, neste município, as vivências da Educação Física 
contribuíram, de certa forma, na formação do habtus futebolístico seja na prática ou 
na gestão esportiva, e que hoje estes indivíduos conseguem refletir sobre a 
importância desta na escola, não somente no passado, mas no contexto atual, em 
42 
 
que em muitos dos comentários, salientaram a importância tanto na atualidade como 
na época em que estes eram jovens. 
Então através dos processos teóricos e metodológicos estabelecidos neste 
estudo, verificou-se que a Educação Física escolar, influenciou parcialmente no 
exercício da presidências dos clubes de futebol que disputam o campeonato Amador 
do município de Ponta Grossa organizados pela LFPG, se apresentando um 
importante mecanismo, não o único, mas um dos que contribuíram nesse processo, 
e hoje, esta ocupa uma importante significância atribuída por parte dos indivíduos 
entrevistados. 
Não obstante, permitiu-se evidenciar um dos papéis da Educação Física na 
vida dos entrevistados, e que possivelmente estes atribuíram esta importância às 
suas redes de relações pessoais e profissionais, mostrando que seu papel não se 
finalizou ao terminar a fase escolar, mas se estendeu de forma que hoje existem 
pessoas que estudam e foram levadas até eles porque acredita-se que disciplina 
ocupou e ocupa um espaço importante na sociedade. E por fim, com as 
constatações adquiridas, há a possibilidade de estudos posteriores, não encerrando 
o trabalho em apenas uma produção, mas a subdividindo-a e buscando 
amplificações acerca da temática que ainda é bastante limitada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
REFERÊNCIAS 
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Contemporânea do Brasil, 1989. 202 p. 
AZEVÊDO, P.H. A administração dos clubes de futebol profissional do Distrito 
Federal em face à nova legislação esportiva brasileira. 183 f. Dissertação 
(Mestrado em Administração) – Faculdade de Estudos Sociais Aplicados – 
Departamento de Administração, Universidade de Brasília, Brasília, 2002 
AZEVÊDO, P. H.; BARROS, J. F; SUAIDEM, S. Caracterização do perfil do gestor 
esportivo dos clubes da primeira divisão de futebol do Distrito Federal e suas 
relações com a legislação esportiva brasileira. Revista da Educação Física/UEM, 
Maringá, v. 15, n. 1, p. 33-42, jan./jun. 2004. 
BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas – 
SP, 1997. 
________ . Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. 
BOURDIEU, P. Algumas propriedades dos campos. Questões de sociologia. Rio 
de Janeiro, 1983. 
BRACHT, V. Educação Física e Aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 
1997, p. 23. 
BRASIL. Ministério da Educação. Educação Física – Obrigatoriedade da Disciplina, 
acesso em 2017. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/par/323-secretarias-
112877938/orgaos-vinculados-82187207/12962-educacao-fisica-obrigatoriedade-da-
disciplina>.

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