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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ALEXSANDRO JUNIOR MACHADO FUTEBOL AMADOR: A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA VIDA DOS DIRIGENTES DOS CLUBES QUE PARTICIPAM DO CAMPEONATO ORGANIZADOS PELA LFPG NA GESTÃO DE 2017. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PONTA GROSSA 2017 ALEXSANDRO JUNIOR MACHADO FUTEBOL AMADOR: A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA VIDA DOS DIRIGENTES DOS CLUBES QUE PARTICIPAM DO CAMPEONATO ORGANIZADOS PELA LFPG NA GESTÃO DE 2017. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção de título de Licenciado em Educação Física, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Miguel Archanjo de Freitas Júnior. PONTA GROSSA 2017 ALEXSANDRO JUNIOR MACHADO FUTEBOL AMADOR: A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA VIDA DOS DIRIGENTES DOS CLUBES QUE PARTICIPAM DO CAMPEONATO ORGANIZADOS PELA LFPG NA GESTÃO DE 2017. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção de título de Licenciado em Educação Física, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Educação Física. Ponta Grossa 30 de Novembro de 2017 Prof. Dr. Miguel Archanjo de Freitas Júnior – Orientador Doutor em História Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof. Pós-Doc. Bruno Pedroso Pós – Doutorado em Engenharia de Produção Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof. Ms. Luiz Marcelo de Lara Mestrado Em Ciências Sociais Aplicadas Universidade Estadual de Ponta Grossa Dedico todo meu esforço e tempo a construção deste trabalho, primeiramente a Deus, o qual iluminou toda minha jornada e minhas escolhas, dando forças para seguir em frente nos momentos mais difíceis. Aos meus pais e familiares, à minha companheira, a todos os professores e colegas que me auxiliaram, acreditaram em mim, amadureceram minhas ideias e deram forças para que pudesse alcançar todos meus objetivos, em especial ao meu orientador, o qual foi fundamentalmente importante durante minha trajetória acadêmica. AGRADECIMENTOS A Deus, por me dar forças e mostrar os melhores caminhos e oportunidades de amadurecer meus pensamentos, dando um passo a mais em direção dos meus objetivos. Ao Prof. Dr. Miguel Archanjo de Freitas Júnior, meu orientador, por ser o profissional que me inspirou a lutar por uma formação de qualidade, aconselhando-me e acreditando em mim, onde mesmo sobrecarregado pela rotina universitária, esteve disponível a todo momento, recebendo-me sempre de braços abertos. Aos meus pais, Elaine de Fatima Just Machado e Dirceu Machado, por sacrificarem seus esforços para que eu pudesse ter a melhor educação possível, sempre acreditando em meu potencial e nunca deixando eu desistir devido à dificuldade, amparando-me e aconselhando-me. Mas principalmente pelos valores que me ensinaram, como o respeito, a dedicação e a honestidade. Em todo momento de fraqueza, eles foram as figuras que inspiraram a dedicar-me mais e mais, para que a cada dia pudesse encher de orgulho os olhos daqueles que sempre deram a vida por mim. A minha avó, Alice de Mattos Just, que fundamentalmente auxiliou financeira e psicologicamente desde minha infância, pensando mais em mim do que nela mesma, sendo um exemplo de superação e batalha. A minha companheira, Karen Godoi van Mierlo, que sempre me incentivou, cobrou e auxiliou diversas vezes, inspirando-me com sua dedicação e inteligência, além de ser um dos principais objetivos de vida na minha jornada. A minha madrinha Daniela Machado Spena, a qual sacrificou seu tempo e sua família, para me ajudar na construção deste trabalho, e por ser uma das pessoas mais inspiradoras que tive frente da minha trajetória pessoal e acadêmica. A todos os professores que contribuíram na minha formação acadêmica e pessoal, pois busquei aproveitar o melhor do que cada um passou, agregando à minha educação as melhores virtudes possíveis. Ao meu colega e irmão Diesley de Paula Mainardes pelo seu companheirismo desde o primeiro dia de aula, o qual levarei no peito por toda minha vida. A todos os meus amigos que sempre estiveram ao meu lado, tornando cada dia da minha vida acadêmica especial. A CAPES e a FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA pelas bolsas concedidas através do PIBID e PIBIC ao longo desses quatro anos de curso. O esporte faz parte da sociedade, tanto quanto a sociedade também faz parte do esporte. Impossível compreender-se uma atividade (ou um plano de atividades) sem referência à totalidade na qual está inserida. Esporte e sociedade são como as duas faces de uma mesma moeda e não como o telhado em relação aos alicerces de uma casa. (DAMATTA, 1982, p. 23) RESUMO O objetivo do presente estudo é verificar a influência da Educação Física escolar na vida das pessoas que assumiram o cargo de dirigente dos clubes de futebol que disputam a campeonato amador livre no município de Ponta Grossa – PR, organizado pela Liga de Futebol Pontagrossense (LFPG). Para isso, utilizou-se como recurso metodológico a história oral, através da entrevista temática de Alberti (1989), com os 10 dirigentes dos clubes que disputam o campeonato amador livre. Verificou-se que a maioria dos entrevistados atribui à Educação Física um papel importante na vida das pessoas, e que de forma indireta interferiu no seu papel dentro do clube. Além dessas constatações, foi possível conhecer o contexto da disciplina referente à época em que os indivíduos estavam na fase escolar e contribuir com os estudos científicos acerca da gestão do futebol e da Educação Física escolar, visto que a junção desses temas ainda é pouco explorado nas instâncias acadêmicas e científicas, possibilitando um olhar histórico de fora para dentro da escola, e sua rede de relações que ultrapassam os muros escolares. Palavras-chave: Educação Física Escolar, Futebol Amador, Gestão, Influências. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 - Classificação Jurídica dos Clubes ........................................................... 27 Gráfico 2 - Perfil Profissional ..................................................................................... 28 Quadro 1 - Equipes Participantes do Campeonato Amador Livre da LFPG .............. 13 Quadro 2 - Local das entrevistas ............................................................................... 32 Quadro 3 - Perfil sócio-profissional dos dirigentes das equipes ................................ 34 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................8 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...............................................................13 1.1 HISTÓRIA ORAL ..............................................................................................14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................17 2.1 CAPÍTULO I – A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO BRASIL ........................18 2.1.1 Metodologias Renovadoras da Educação Física Escolar ...............................20 2.2 CAPÍTULO II – A CARACTERIZAÇÃO DO FUTEBOL PONTAGROSSENSE, AS EQUIPES DE FUTEBOL NO BRASIL E O PERFIL DOS PRESIDENTES FUTEBOLÍSTICOS .................................................................................................23 2.3 CAPÍTULO III – O FUTEBOL E OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DE PIERRE BOURDIEU. ............................................................................................................292.4 CAPÍTULO IIII – A EDUCAÇÃO FÍSICA E O FUTEBOL ..................................30 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES .........................................................................32 3.1 O PERFIL DA GESTÃO DOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR ....................33 3.2 O EXERCÍCIO DA PRESIDÊNCIA NOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR: CARACTERÍSTICAS E INFLUÊNCIAS ...................................................................35 3.3 A ESCOLA E O FUTEBOL: INFLUÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA VIDA DOS DIRIGENTES DOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR ......38 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................41 REFERÊNCIAS .......................................................................................................43 APÊNDICE ..............................................................................................................47 ANEXOS .................................................................................................................49 8 1 INTRODUÇÃO A concepção da Educação Física passou por modificações ao longo do tempo. Hoje, o conceito de cultura atribuído a ela é um elemento abrangente que corresponde, pelo menos, a altura do ser humano. Mesmo não estabelecido desde sua origem, seria difícil estruturar a Educação Física no âmbito escolar se esta se desvinculasse do aspecto cultural, pois é ele quem dá significado às manifestações corporais humanas, resgatando, atribuindo os símbolos construídos e transmitidos mutuamente da sociedade para a escola e da escola para a sociedade. (DAÓLIO, 2004). Partindo dessa explanação, podemos embasar o conceito de cultura em Geertz (2008), o qual busca atribuir-lhe de maneira semiótica, ou seja, através dos símbolos construídos socialmente, que o conceito de cultura se desdobra, e a Educação Física se ressignifica através desses símbolos. Ainda, o autor fundamenta-se em Max Weber, o qual relaciona o homem a um animal amarrado a teias de significado que ele mesmo teceu, portanto assume a cultura como sendo essas teias. Geertz (2008), em sua essência, busca interpretar o conceito de cultura, e neste aspecto é um dos que possui grande relevância no campo científico; no entanto, a relação com a Educação Física não é dada. Dessa forma, buscamos ser mais pontuais e nos vinculamos à perspectiva de Daólio (2004), que compartilha do mesmo pensamento que Geertz, e está diretamente ligado à Educação Física, então faz a conexão entre os conceitos: [...] "cultura" é o principal conceito para a educação física, porque todas as manifestações corporais humanas são geradas na dinâmica cultural, desde os primórdios da evolução até hoje, expressando-se diversificadamente e com significados próprios no contexto de grupos culturais específicos. O profissional de educação física não atua sobre o corpo ou com o movimento em si, não trabalha com o esporte em si, não lida com a ginástica em si. Ele trata do ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao corpo e ao movimento humanos, historicamente definidas como jogo, esporte, dança, luta e ginástica. O que irá definir se uma ação corporal é digna de trato pedagógico pela educação física é a própria consideração e análise desta expressão na dinâmica cultural específica do contexto onde se realiza. (2004, p. 09) Tendo em vista essa perspectiva, percebe-se que independente dos métodos e fase histórica que a Educação Física escolar perpassou, ela teve relação direta 9 com a cultura humana, pois foi através do contexto histórico e cultural que os sentidos de sua realização foram dados, mesmo que inicialmente estivesse mais integrada ao aspecto biológico. Levando em conta essa dimensão cultural, atenção deve ser dada aos elementos que fortemente se expressam nas cidades, estados, países e no mundo como um todo, pois se estas possuem grande relevância na sociedade, certamente estarão entrando e exercendo forças no ambiente escolar. À cultura brasileira e a Educação Física, diversas manifestações podem ser elencadas. O esporte por exemplo, não o único, mas um dos pilares da Educação Física, tornou-se um dos principais fenômenos sociais no Brasil e no mundo, assim como afirma DaMatta (1982, p.23) “o esporte faz parte da sociedade, tanto quanto a sociedade faz parte do esporte”, e consequentemente ele não iria se desvincular da Educação Física escolar. Dentro do esporte existem diversas modalidades, umas mais evidentes e praticadas que outras, basta fazer uma simples reflexão sobre o Brasil e os Estados Unidos; certamente existirá diferenças das práticas esportivas privilegiadas em determinados países, e parte disso pode ser explicado pelo caráter cultural. No Brasil, pensando no esporte, temos o futebol como a modalidade que representa nossa cultura (DAMATTA, 1986). Pois é inegável a elevada significância cultural que ele adquiriu no Brasil no decorrer do século XX. Apesar de caracterizar- se inicialmente como uma modalidade elitizada, a partir de meados da década de 1920, esse esporte se popularizou de tal forma que se tornou o esporte nacional. (RIBEIRO, 2003; DAOLIO, 2006). A magnitude do futebol tomou rumos em que atualmente faz parte do conceito de brasilidade, onde, ao traduzir a identidade brasileira orientada pelas suas manifestações sociais, dificilmente será possível fugir do futebol. DaMatta (1986) faz uma reflexão sobre os exemplos de conceitos que definem a brasilidade, e para ele, falar de um povo com horror ao futebol e ao carnaval, certamente estaria definindo outra cultura, menos a brasileira. Percebendo esta ligação solidificada, os estudos acerca do futebol começam a ganhar maior relevância principalmente a partir da década de 80 dentro da área das Ciências Sociais; este passa a ser considerado um importante espaço onde a sociedade simbolicamente se expressa, tendo como marco do estudo das 10 manifestações sociais a partir do esporte, a coletânea denominada “Universo do Futebol: esporte e sociedade brasileira” organizada pelo autor Roberto DaMatta (1982), que buscou transcender a perspectiva de alienação relacionada ao futebol, defendida pela teoria Marxista, mostrando que através deste esporte podemos compreender e expressar algumas características da nossa cultura. Na escola, a prática do futebol não é nada incomum, mesmo que esta seja transmitida em uma outra vertente do esporte, como o futsal, o qual torna-se mais comum devido aos espaços físicos disponíveis no âmbito escolar. Para Macagnan e Betti (2014), a Educação Física é um dos momentos em que se adota esta modalidade, mas não é o único momento de sua prática, pois é comum nos intervalos de aula e no recreio. E mais, não se limita somente ao espaço escolar, o futebol é praticado e vivenciado pelos alunos fora da escola, assim, as variadas maneiras que o esporte está presente se interligam e convergem. “Portanto, se alunos do ensino básico podem jogar futebol nestes contextos extra escolar e escolar, podem aprender neles” (BUSSO; DAOLIO. 2011 p. 70). Em busca de explorar maiores informações acerca do futebol nacional, iniciamos em 2016 um estudo no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), nomeado “O perfil sócio-profissional dos dirigentes das equipes da série A do campeonato brasileiro (1987-1998)” objetivando traçar um perfil dos indivíduos que presidiram os principais clubes da série A do campeonato masculino brasileiro. O foco nestes indivíduos deu-se devido à possibilidade dos mesmos poderem atuar, individualmente, na modificação das suas estruturas, e, coletivamente, na modificação da estrutura do campo futebolístico, além do fato de que com base nas informações coletadas durante o processo de pesquisa, foi notada uma escassez teórica por parte da Educação Física em relação ao tema.Para corroborar com esta constatação 5 portais1 de busca foram verificados, utilizando como caracteres as palavras “Gestão; Futebol”. A busca totalizou 68 artigos, porém apenas 5 destes, encontrados na plataforma Scielo, estavam relacionados diretamente ao tema. O foco dos trabalhos se resumiram basicamente em críticas à forma de gestão, nos processos de transformações administrativas e a 1 Scielo; Movimento; Revista Brasileira da Ciência e Movimento; Licere e Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. 11 profissionalização da gestão do futebol; logo, o presente estudo vem como uma forma de contribuir com os estudos já realizados, e também abranger as perspectivas da Educação Física acerca desta incumbência. Ao mesmo tempo durante a trajetória acadêmica, como membro do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), nos estágios obrigatórios e como professor temporário na disciplina de Educação Física no Estado do Paraná, percebi grande interesse e indagação, principalmente por parte dos meninos, em aulas que envolvessem o conteúdo futsal, modalidade advinda do futebol, e que é mais acessível na escola; essa situação reforçou a importância do estudo do futebol como esporte nacional, e instigou em tentar perceber a relação mútua que exerceu/exerce entre sociedade e a escola. Deve-se lembrar que inicialmente a Educação Física não era um componente obrigatório no currículo escolar, mas foi apresentada oficialmente à escola com a reforma de Couto Ferraz em 1851. Em 1920 a maioria das escolas já haviam incluído a matéria em suas reformas educacionais (BETTI, 1991; DARIDO, 2003). Mesmo não sendo obrigatória até então, ela já era comum no contexto escolar, assumindo, inicialmente, um caráter higienista e militar; já na década de 70, principalmente após a conquista do tricampeonato da Copa do Mundo de Futebol, houve a utilização significante da campanha da seleção de futebol ao incentivo à prática esportiva nas aulas de Educação Física (BRASIL, 1997). Logo, o esporte passa a ser o centro dentro das aulas, visando a formação de atletas de ponta para competições internacionais, objetivando tornar-se um país de massa esportiva. (BRASIL, 1997; PARANÁ, 2008) O futebol foi incentivado nas aulas de Educação Física como apresentado pelos autores, e tendo em vista o rico contexto do futebol pontagrossense buscou-se verificar a real existência dessa influência da Educação Física na vida dos presidentes/dirigentes dos clubes atuantes no futebol amador pontagrossense. Para isto, o estudo será norteado pela pergunta: “A Educação Física escolar influenciou na vida das pessoas que assumiram o cargo de dirigente dos clubes de futebol que disputam a campeonato amador livre da LFPG?” com o objetivo de verificar qual foi o real espaço ocupado pela Educação Física na realização do papel de presidente e/ou dirigente nos clubes de futebol amador de Ponta Grossa organizados pela LFPG. 12 A escolha dos indivíduos se deu pela capacidade destes, em influenciar nas atitudes e decisões no clube, dessa forma, compreender quem são e de que forma a Educação Física colaborou para que chegassem até esse posto, é uma forma de colocar em evidência uma das importâncias da Educação Física, uma vez que tal disciplina, nas suas concepções atuais, não busca o esporte de rendimento, mas despertar o gosto pela atividade física, a valorização da cultura corporal, formação de indivíduos críticos e reflexivos, seja no esporte ou demais atividades da vida humana. Para complementar e orientar a realização do estudo, seguiu-se em forma de objetivos específicos: Identificar o perfil dos dirigentes dos clubes amadores; Compreender o que levou os indivíduos a exercerem a função de presidente no clube. Realizar uma revisão sobre as concepções da Educação Física Escolar e o futebol no Brasil. Dessa forma, o estudo foi estruturado de forma a responder às indagações levantadas. 13 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Optou-se por um capítulo metodológico desvinculado da introdução devido a possibilidade de maior detalhamento dos processos seguidos para a realização deste trabalho, facilitando assim, a compreensão dos métodos utilizados nas coletas de dados. Desta forma, a pesquisa foi dividida em duas etapas interdependentes, onde inicialmente realizou-se uma revisão bibliográfica através de artigos, livros, capítulo de livros, teses e dissertações relacionadas ao tema de estudo. Na segunda etapa foram realizadas entrevistas temáticas, embasadas pelo método da história oral, com os presidentes e/ou dirigentes2 esportivos dos clubes que participam do campeonato amador livre da cidade de Ponta Grossa – PR, no ano de 2017, organizados pela Liga de Futebol Pontagrossense (LFPG). A classificação deste estudo foi estruturada pela disposição pura quanto a sua natureza, pois buscou o desenvolver da ciência, não tendo como principal finalidade aplicações práticas. Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa é qualitativa; já quanto aos objetivos é exploratória que, segundo GIL (2008, p.27), caracteriza-se por “proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis”. A escolha dos indivíduos se deu por população, ou seja, pelo estudo de todos os dirigentes dos clubes participantes, como apresentado no quadro 1. Quadro 1 - Equipes Participantes do Campeonato Amador Livre da LFPG América P. F. C. Palmeiras E.C. Associação Esportiva W-3 Parque Do Café 2 Em algumas equipes existe o presidente, o qual está ligado diretamente com as atitudes do clube, já em outras, é o diretor de esporte que responde pelo futebol amador, então optou-se por focar nos indivíduos que melhor representavam as equipes, no decorrer do texto é trabalhada a denominação de “dirigente”. 14 Carambeí E.C. Tibagi3 Metalurgente F.C. União Campo Alegre E. C. Milan Santa Mônica União Cará Cará Santa Bárbara4 Olinda E. C. Vila Velha Fonte: Autoria Própria (2017) O total de equipes participantes é 12, porém duas desistiram no decorrer do campeonato, desta forma, as desistentes entraram no critério de exclusão. Quanto aos procedimentos técnicos de análise, utilizou-se o método da história oral, o qual permite conhecer o contexto de determinado objeto de estudo através dos indivíduos que fizeram parte ou estão inseridos no lócus da pesquisa. Para a utilização desta metodologia foi utilizada à obra intitulada de – “História oral: a experiência do CPDOC” de Verena Alberti (1989). 1.1 HISTÓRIA ORAL A história oral é um método qualitativo de investigação que privilegia a realização de entrevistas com indivíduos que participaram ou testemunharam determinados fatos e acontecimentos, partindo de versões e experiências particulares, e assim fornecendo aproximações com o objeto de estudo. Esta metodologia não é um fim em si mesma, e sim um meio de conhecimento, que permite recuperar o que não é encontrado em outros documentos. Sua utilização busca levantar como os entrevistados viam e vêem o tema em questão e o que os que viveram ou presenciaram o tema podem informar sobre o lugar que ocupavam no contexto histórico e cultural. O emprego da história oral deve ser dado em temas que correspondem a temas contemporâneos, pois se faz necessário que os indivíduos que vivenciaram o contexto estudado estejam vivos. Para isto, a autora salienta que há duas formas de entrevistas, a “temática” e a “história de vida”. Optou-se pela “temática” porque esta tange somente o 3 Clube desistiu da participação do no campeonato, então entrou no critériode exclusão da pesquisa. 4 Clube desistiu da participação do no campeonato, então entrou no critério de exclusão da pesquisa. 15 envolvimento do indivíduo no tema escolhido. Já a “história de vida” dá mais voz ao entrevistado de acordo com seus interesses na história, envolvendo várias temáticas e estendendo-se muito, podendo tirar o foco do objeto principal, que é a reflexão sobre a Educação Física. No entanto, mesmo trabalhando com entrevistas temáticas, deve-se considerar o conhecimento biográfico dos indivíduos, pois estes também interferem no modo que veem o mundo e relacionam com o tema da entrevista, podendo obter melhores resultados na investigação. O equipamento indicado na obra é um gravador, porém com os avanços tecnológicos, o aparelho mais acessível e utilizado foi o celular, o qual mantém em boa qualidade as gravações e possui conexão direta com o computador, o que facilita na transcrição dos dados para o arquivo digital. A entrevista seguiu o roteiro de estudo, vinculado diretamente com o projeto de pesquisa. No momento de apresentação, os entrevistados foram apresentados aos objetivos da pesquisa e estudos relevantes estudados pelo pesquisador. Segundo Alberti (1989) deve-se aprofundar no entendimento do tema trabalhado; e, desta forma, durante o processo percebeu-se que quanto maior domínio do conteúdo na conversa, mais motivados os entrevistados se sentiam para a inclusão de seus dados. O roteiro geral foi composto por 16 questões, além da identificação (Nome, Data de nascimento, estado civil, número de filhos, naturalidade, cidade que reside, clube que representa, escolaridade e profissão), que auxiliaram na formulação do perfil biográfico dos indivíduos. As 16 questões são apresentadas no apêndice 1 deste trabalho. A entrevista foi conduzida em forma de conversa, assim como Albert (1989) indica para que seja feita, dando mais voz aos sujeitos, mas também direcionando as perguntas de acordo com o roteiro elaborado inicialmente. Ao final do encontro, o entrevistado assinou um termo de consentimento, permitindo a utilização anônima dos dados coletados. Segundo Alberti (1989) o indivíduo deve assinar o termo depois de realizar a entrevista, devido ao fato que somente depois de ter realizado o procedimento, ele será capaz de julgar se autoriza ou não os dados coletados; até mesmo porque ele não conhece todas as indagações antes da realização do procedimento. Então as entrevistas foram transcritas e armazenadas de forma fiel, sem cortes excessivos e palavras diferente das usadas pelo entrevistado. 16 Posteriormente, na transcrição dos áudios alguns vícios de linguagem foram removidos para uma melhor compreensão dos dados. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Com a intenção de facilitar a reflexão e compreensão da problemática apresentada nesta pesquisa, a fundamentação teórica foi dividida em três capítulos. No capítulo 1, “A Educação Física Escolar no Brasil”, são apresentados o histórico e a contextualização da disciplina, desde a origem até as últimas modificações mais relevantes que a estruturou no Brasil, permitindo posteriormente fazer um diálogo com os resultados obtidos nas entrevistas. Já nos outros 3 capítulos “A caracterização do futebol pontagrossense, as equipes de futebol no brasil e o perfil dos presidentes futebolísticos”, “O futebol e os pressupostos teóricos de Pierre Bourdieu” e “A Educação Física e o Futebol” apresentam de forma detalhada os objetos de estudo, auxiliando na compreensão geral do tema e as redes de ligações entre o campo futebolístico e o escolar. . 18 2.1 CAPÍTULO I – A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO BRASIL A Educação Física na escola brasileira foi implantada oficialmente em 1851 na reforma de Couto Ferraz; em sua origem adquiriu uma vertente ginástica proveniente da chancela médica higienista, fato decorrente do contexto da época que era fundamentalmente ligado a área das ciências naturais. (DAÓLIO, 2006) De acordo com o conceito histórico da Educação Física, o foco da disciplina eram os exercícios de valorização da saúde, esta metodologia é denominada de Higienista, nela a prática de exercícios de valorização da saúde física e moral, voltados para a heugenia, preparação para o trabalho na indústria nascente e prosperidade da nação, resumiam o foco da disciplina. (DARIDO, 2003; DARIDO; SOUZA JR, 2007). Ainda segundo (DARIDO, 2003), após a constituição de 1946, surge uma preocupação mais social com os alunos, com base na educação escola-novista proveniente de um modelo americano, denominada de pedagogicista, a qual considerava a Educação Física como um meio de desenvolvimento integral do aluno de forma sociocultural. No entanto alguns autores como Brach (1997) Coletivo de Autores, (1992) e Magalhães (2005), referem-se ao período pós Segunda Guerra Mundial, como um momento em que surge a introdução do esporte na escola, proveniente de um modelo de influência europeia que foi afirmando-se paulatinamente em vários países, e não um método americano como apresenta Darido. O esporte sofre, no período do pós-guerra, um grande desenvolvimento quantitativo. Afirma-se paulatinamente em todos os países sob a influência da cultura europeia, como o elemento hegemônico da cultura de movimento. No Brasil as condições para o desenvolvimento do esporte, quais sejam, o desenvolvimento industrial com a consequente urbanização da população e dos meios de comunicação de massa, estavam agora, mais do que antes, presentes. [...]Mais uma vez a Educação Física assume os códigos de uma outra instituição, e, de tal forma, que temos então, não o esporte da escola, e sim o esporte na Escola, o que indica sua subordinação aos códigos/sentido da instituição esportiva. (BRACH, 1997 p. 23) Já a partir da década de 60 todas as produções indicam que há uma transição, ou exacerbação do esporte nas aulas de Educação Física, com a implantação do regime militar. Desta forma, buscava-se a formação de alunos atletas, tentando transformar o Brasil em uma potência esportiva mundial. 19 Neste período surgem várias críticas, principalmente pela exaltada competitividade, exclusão de vários alunos e o tratamento do professor como treinador e do aluno como atleta. Em contrapartida, a partir da década de 70 e 80 começam a surgir novas fontes de pesquisa em Educação Física por parte do cenário político e da evolução dos cursos de pós-graduação, então começou a ter uma maior preocupação com o desenvolvimento sociocultural dos alunos, problematizando os modelos médico, militar e tecnicista. (MAGALHÃES, 2005; DARIDO, 2003; DARIDO; SOUZA JR, 2007; DAÓLIO, 2004) Segundo Magalhães (2005), a pesquisa em Educação Física não foi o único meio de sua modificação, houve também a organização de eventos nacionais realizados pelo Conselho Federal de Educação, para reestruturar o currículo dos cursos de graduação da disciplina, e também a preocupação da inclusão de aspectos sociofilosóficos nas aulas. Nesse período de crescimento teórico da Educação Física, surgem novas abordagens educacionais vinculadas ao cenário nacional da população, surgindo novos olhares voltados para a relação da disciplina com a cultura. Esta foi uma etapa marcante quanto as novas abordagens que buscam a formação crítica, reflexiva, autônoma e emancipatória dos indivíduos, chamada pela obra Coletivo de Autores (1992) como movimentos renovadores da educação, tendo como fundamento a pedagogia humanista, de reflexão filosófica. Os movimentos renovadores da educação física do qual faz parte o movimento dito "humanista" na pedagogia, se caracterizam pela presença de princípios filosóficos em torno do ser humano, sua identidade, valor, tendo como fundamentoos limites e interesses do homem. (COLETIVO DE AUTORES, 1992) Desta forma, as aulas de Educação Física superaram o paradigma de ser um fim em si mesmo, proporcionando aos alunos discernir sobre suas práticas, relacionando-as com o contexto social que pertenciam. Se os estudos teóricos se modificaram na década de 70, na prática da realidade escolar ainda estava uniformizado às metodologias militares e tecnicistas, onde o professor tinha um papel centralizador e as práticas eram repetições de gestos mecânicos dos fundamentos esportivos. Ainda mais com o aumento da 20 política de esporte de rendimento em nível nacional (MAGALHÃES, 2005; DARIDO, 2003). Mesmo que ainda o esporte de rendimento estivesse exacerbado nesse contexto, surge, vinculado ao viés da educação humanista, o movimento Esporte Para Todos (EPT), que vem numa forma alternativa do rendimento, prezando a cooperação e solidariedade, onde o homem passava a ser o centro, então ele determinava as regras adaptadas ao contexto em que estava (COLETIVO DE AUTORES, 1996). Não obstante, devido às modificações políticas e estruturais da sociedade e da educação, novos olhares e objetivos foram traçados, assim como novas metodologias para que os objetivos fossem cumpridos, vinculados ao cenário político, econômico e sociocultural. Além disso, a Educação Física foi integrada ao currículo escolar como matéria obrigatória, estabelecida na lei número 9.394/1996 da Lei de Diretrizes de Base (LDB), ganhando maior relevância no âmbito escolar. . 2.1.1 Metodologias Renovadoras da Educação Física Escolar A década de 70 foi um ponto de partida significante para o crescimento teórico e reflexivo acerca da Educação Física, a qual vinha de um contexto hipercompetitivo, esportivo e biológico forte. Devido a uma crescente corrente da pós-graduação no Brasil, os estudos relacionados à Educação Física começaram a problematizar as produções da área de conveniência utilitarista. Além do mais, neste momento há também uma política para o fim da ditadura em um processo de redemocratização brasileira, onde a participação da sociedade na política estava mais forte, como apresenta Carvalho (2002), juntamente com uma educação de viés crítico. (MAGALHÃES, 2005) Estas críticas foram importantes, visto que com elas buscou-se o rompimento com esse paradigma e iniciou-se a defesa do papel da Educação Física na formação de um cidadão crítico e criador, capaz de contribuir para a justiça social. (MAGALHÃES, 2005, p.95) 21 O paradigma da citação acima está relacionado ao perfil engendrado da Educação Física, em contrapartida às novas vertentes da educação como um todo, que surgiam naquela época. Assim, se deu o surgimento de novas propostas pedagógicas que buscavam desviar o foco do esporte de rendimento como conteúdo principal, e abrir as portas para novas e mais abrangentes metodologias da Educação Física, que se fundamentam no desenvolvimento do aspecto da Cultura Corporal5. Ou seja, é a partir dos conhecimentos e aprendizagens historicamente construídos, que a prática da Educação Física se desdobra e busca que o aluno seja capaz de realizar as atividades de forma crítico-superadora. Nessa abordagem o esporte torna-se um elemento da cultura corporal e deve ser encarado de forma crítico-superadora, onde os alunos compreendem os sentidos e significados de sua prática, vinculado aos elementos sócio-históricos que o fundamentaram (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Daólio (2006) implica que a questão cultural se impõe atualmente à área, para ele, a cultura é o principal conceito para a EF, pois todas as manifestações humanas são geradas pela dinâmica cultural que se manifesta diversificadamente no contexto dos grupos sociais específicos. Além da abordagem crítico-superadora proposta pelo Coletivo de Autores (1992), existem outras que também quebram com essa corrente de desempenho máximo esportivo. A exemplo delas é a abordagem propostas por João Batista Freire na obra “Educação de Corpo Inteiro” publicada antes mesmo do Coletivo de Autores. Esta apresenta a EF como um elemento de interação do indivíduo com o mundo, onde através do lúdico, o sujeito desenvolve suas potencialidades e competências cognitivas, auxiliando também a leitura e raciocínio matemático; de forma geral corroborando com outras disciplinas (DARIDO, 2003). Outras abordagens como a “sistêmica”, “crítico-emancipatória” e a “cultural”, são outras metodologias expostas no livro “Educação Física na Escola: questões e reflexões” de Suraya Cristina Darido (2003) que em síntese, surgem em um contexto e finalidades comuns, com suas particularidades, mas que buscam romper com a 5 Cultura Corporal é o conceito surgido com a obra intitulada de “Metodologia do ensino da Educação Física” no ano de 1992 e hoje, e é muito aceito atualmente. Denominado como objeto de estudo da Educação Física, abrange as danças, lutas, jogos, esportes e outras manifestações que são expressas pela motricidade humana. 22 potencialização esportiva máxima, e promover a educação dos alunos através da reflexão e compreensão da sua prática, incluindo todos os estudantes, estimulando sua autonomia, criticidade e promovendo valores que extrapolam os muros escolares. Para Silva (2012) é preciso que os alunos compreendam a importância dos conteúdos trabalhados nas aulas, pois só assim eles terão uma aprendizagem significativa e que será promovido a sua formação crítica, autônoma e participativa. Essa perspectiva resume basicamente a busca pela formação crítica do aluno através da Educação Física. 23 2.2 CAPÍTULO II – A CARACTERIZAÇÃO DO FUTEBOL PONTAGROSSENSE, AS EQUIPES DE FUTEBOL NO BRASIL E O PERFIL DOS PRESIDENTES FUTEBOLÍSTICOS Nesse cenário, o Futebol Amador6 de Ponta Grossa, o qual é o foco deste trabalho, possui grande possibilidade de análises devido a sua trajetória histórica no estado do Paraná. Segundo Ribeiro Jr. (2004), o jogo caracterizado como marco do futebol paranaense foi realizado na cidade de Ponta Grossa, no ano de 1909, entre o Ponta Grossa Esporte Clube e o Ginástico Turnverein de Curitiba. Naquela época, o futebol e outras modalidades se depararam com uma febre esportiva no país, onde além de práticas de lazer e sociabilização, o esporte começou a exercer forças na sociedade, interferindo até no modo de vestir da população, a qual se adequa à moda esportiva surgida com a modernidade capitalista (RIBEIRO JR, 2004). Assim, o futebol, esporte que mais se destacava, se encaixou em Ponta Grossa embarcado no processo de modernização, atribuído aos fatores geográficos da cidade, a qual se tornava centro urbano do interior do Paraná, e as indústrias e o comércio ganhavam forças no município. Consequentemente, o futebol integrou-se à vida dos indivíduos, principalmente os que trabalhavam no setor industrial, como engenheiros e técnicos de uma empresa de construção da linha férrea que ligava o Paraná ao estado de São Paulo. (RIBEIRO JR, 2004). Vários clubes amadores foram surgindo e até hoje participam das atividades futebolísticas presentes no município, se tornando um ponto de partida e um tema rico de análises socioculturais vinculado à cultura brasileira e à Educação Física. Ao adentrar no mundo do futebol, deve-se ter em mente que apenas uma pequena minoria dos brasileiros são jogadores que possuem fama e são reconhecidos pelo mundo. Então não é indicado fixar os olhos apenas na elite do futebol profissional. 6 As formas de prática do futebol podem ser divididas em algumas classificações, dessa forma DAMO (2003) o divide em algumas categorias, as quais definem as características de cada uma através das suas particularidades, são elas: futebol profissional,escolar, comunitário ou de várzea e o de bricolagem. Dentro destas tipologia o que melhor representa a estrutura esportiva Ponta-grossense é o futebol comunitário, onde em neste trabalho denominaremos de “Futebol Amador”, devido ao fato de que é popularmente conhecido dessa forma e é como a LFPG o nomeou. 24 Damo (2003) apresenta uma visão mais específica das formas como o futebol é praticado, para isso divide-o em quatro categorias. São elas: o futebol profissional, escolar, comunitário ou de várzea e o de Bricolagem. A divisão dos “futebóis” nos auxilia a pensar em como ele irá ser encarado realmente. Tais classificações mesmo que diferenciadas possuem suas funções estabelecidas com regras e estruturas que dão ao esporte a dinâmica de sua prática com suas leis variantes e invariantes. A seguir uma melhor descrição de cada uma das classificações, proposta por Damo (2003) 1. Futebol profissional – organizado por um órgão de nível internacional (FIFA), geralmente é sinônimo de espetáculo e envolve características econômicas fundamentais que subdividem os indivíduos em profissionais, especialistas e torcedores. 2. Futebol de bricolagem - é a classificação que permite uma maior variabilidade quanto sua prática, adequando-se ao espaço e ao número de praticantes. Ele é praticado nos momentos de lazer e tempo livre. 3. Futebol comunitário ou de várzea – tem a presença de quase todos os componentes do futebol profissional, porém diferindo em escala. Em alguns casos as federações estaduais - conectadas à estrutura da FIFA - organizam eventos que congregam a elite destes clubes, mas prevalece, sobretudo, a organização de competições em circuitos locais - bairros, cidades, dependendo das circunstâncias. 4. Futebol educacional – realizado no âmbito escolar, integrado aos conteúdos da Educação Física. Sua prática dentro da escola é explicada pelo caráter esportivo, mas também pelo fato histórico e cultural que conquistou no Brasil. Além dessas divisões propostas, a organização da prática do futebol pode ser compreendida partindo do formato dos clubes. Para isto, Marques, R; Gutierrez, D; Almeida, M. (2013), apresentam os tipos de clubes característicos no Brasil que, de certo modo, complementa a divisão proposta por Damo (2003). São eles: 1. Clubes distintivos: formado por uma elite de sócios de classe média e alta, que vincula outras atividades de caráter elitista, nem sempre estão diretamente 25 voltados ao futebol, pois conciliam com outras atividades como o golfe e hipismo; muitos dos sócios estão lá por manutenção do status. 2. Clubes integrados: caracterizados por conter indivíduos que se unem por questões identitárias e características familiares, como trabalhadores do mesmo setor ou imigrantes, por exemplo. Esse é o tipo de clube característico dos primórdios do futebol em Ponta Grossa, tendo em vista que os primeiros jogos do esporte na cidade foram realizados por trabalhadores de uma empresa de construção ferroviária. 3. Clubes esportivo: geralmente de porte pequeno, voltados a uma modalidade específica, vinculados a alguma federação, e sempre participam de competições. Geralmente necessitam de recursos para a participação nos campeonatos e o dinheiro de seus sócios não é suficiente, então necessitam de patrocínios. 4. Uniões: Não possuem o foco principal na prática esportiva, pois o objetivo maior está na busca da promoção da reflexão e luta por outras causas, como o meio ambiente e a sustentabilidade, por exemplo. 5. Associações de esporte tradicional: foco em modalidades esportivas tradicionais de determinada região. 6. Associações de esporte para todos: possui uma perspectiva de inclusão de indivíduos excluídos, não buscando o rendimento, mas sim proporcionar diversas atividades que, por meio do esporte, irão promover estes indivíduos. 7. Clubes profissionais: utilização do esporte com caráter de espetáculo, contendo atletas profissionais, visando o rendimento e fazendo parte da indústria do esporte. No contexto brasileiro o futebol profissional tomou rumos através de clubes sem fins lucrativos, denominados “Clube Social Esportivo”; eram entidades políticas que possuíam recursos vindos dos conselhos, membros e sócios, sem mão de obra especializada no meio esportivo. (AZEVÊDO. 2002). Porém, percebendo o potencial que o esporte tem de trazer recursos financeiros, foi promulgada a Lei Zico (Lei nº 8.672/1993). Com ela os clubes esportivos puderam escolher em continuar como 26 Clube Social7, ou tornar-se um Clube Empresa8. A lei Zico buscava descentralizar o poder do clube em um único gestor, tornando os clubes um espaço mais democrático e atraindo patrocinadores e investidores, resultando numa reestruturação organizacional no processo administrativo. (AZEVÊDO, P; BARROS, J; SUAIDEN, S. 2004). A lei Zico implementada em 1993 possuía o foco principalmente no futebol brasileiro, porém foi revogada em 1998 pela lei Pelé (Lei nº 9.615/1998), na tentativa de organizar o setor esportivo como um todo, reiterando a ideia de Clube Empresa, mas também visando o avanço da profissionalização esportiva no Brasil. Assim, foi promovida a institucionalização das secretarias de esporte, academias, instituições acadêmicas, empresas e diversos setores no ramo esportivo, de forma profissionalizada. (AZEVÊDO, P; BARROS, J; SUAIDEN, S. 2004). Porém o futebol-empresa não se tornou globalizado e nem principal alternativa para os clubes no Brasil, mesmo que seu consumo e visibilidade tenha atingido tal contexto. De acordo com um levantamento, de grande parte dos estatutos dos clubes profissionais, poucos são aqueles que se tornaram empresas. Para corroborar com esta constatação, o gráfico 1 apresenta a análise dos estatutos de 34 dos principais clubes brasileiros. 7 Considera-se como clube-social esportivo a associação de pessoas, onde não existe um dono, mas sim uma Assembleia Deliberativa que toma as decisões visando o melhor para os associados. Possui futebol profissional, entretanto não visa lucros. Vale lembrar que os clubes sociais não pagam os impostos iguais aos de uma empresa, sendo bem menores, daí o interesse dos dirigentes em permanecerem com os clubes sociais e não modificarem para clube empresas, pois assim mantém a “proteção” do Estado. (SPESSOTO, 2008). 8 Clube empresa caracteriza-se por ser uma organização, geralmente Ltda., que possui um dono ou vários donos chamados de sócios. Sua administração visa constantemente o lucro por meio do futebol profissional. (SPESSOTO, 2008). 27 Gráfico 1 - Classificação Jurídica dos Clubes Fonte: Autoria Própria (2017) Ao contrário da Europa, em que a maioria dos grandes clubes são de cunho empresarial, no Brasil alguns pequenos e mais jovens clubes adotaram essa modalidade; já os tradicionais e grandes clubes não optaram pela transição à clube- empresa. (PRONI, M; ZAIA, F. 2007, p. 25; MARQUES, R; GUTIERREZ, D; ALMEIDA, M. 2013, p. 07). Dois estudos são considerados básicos com relação a gestão das equipes de futebol e para compreensão do perfil dos presidentes. Azevêdo; Barros; Suaiden (2004) pesquisaram o perfil dos gestores dos clubes de futebol profissional em Brasília. De acordo com os dados levantados, todos os dirigentes são do gênero masculino com média de 45 anos, sendo 80% casados e 70% recebem mais de 25 salários mínimos. Todos possuem Ensino Fundamental completo, e os demais possuem ensino superior. Dentre os dez entrevistados, quatro são funcionários públicos, um é aposentado e os demais são empresários. Todos acumulam suas profissões com as atribuições de dirigentes dos clubes que presidem. Já Marques; Gutierrez; Almeida. (2013) pesquisaram os principais presidentes dos clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro e dos principais campeonatos estaduais,além dos campeões brasileiros nos últimos vinte anos. O resultado desta análise gerou diversos perfis, porém, houve hegemonia por parte de empresários, e demais profissões liberais, como advogados, médicos, dentistas, que permitem conciliar a gestão com outra fonte de renda, já que a maioria não recebe pelo trabalho realizado devido ao fato de que os principais clubes brasileiros estão classificados como Clube Sócio-esportivo - não visam lucro. 28 Não obstante, de acordo com Machado (2017) num estudo que focou nos presidentes dos clubes brasileiros da série A entre os anos de 1987 a 1998, foi verificado que dos 102 indivíduos levantados, 101 eram homens, e apenas 1 era mulher. O gráfico 2 apresenta os dados levantados em relação ao perfil profissional dos presidentes: Gráfico 2 - Perfil Profissional Fonte: MACHADO, 2017 Como resultado obtido verificou-se que a representação presidencial foi basicamente formada por homens de 51 anos, com uma exceção feminina. Possuem um perfil profissional diversificado, porém com predominância de empresários; 50% possuem ensino superior, e as profissões sejam elas com formação acadêmica ou não, são de caráter liberal e valorizadas socialmente. 29 2.3 CAPÍTULO III – O FUTEBOL E OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DE PIERRE BOURDIEU. Segundo Bourdieu (1983) todos os campos9 se apresentam à apreensão sincrônica como espaços estruturados de posições (ou de postos) cujas propriedades dependem das suas distintas posições nessas estruturas, podendo ser analisadas independentemente das características de seus ocupantes (em parte determinadas por elas). Por conseguinte, em complemento, Bourdieu (1983, p. 89) salienta que para o funcionamento dos campos, é preciso que “haja objetos de disputas e pessoas prontas para disputar o jogo, dotadas de habitus10 que impliquem no conhecimento de no reconhecimento das leis imanentes do jogo, dos objetos de disputas, etc.” Utilizar a perspectiva de Bourdieu (1983) na relação do futebol e Educação Física, vem como um recurso para que se possa compreender a formação dos campos e sua relação com o habitus dos indivíduos, que estão integrados a estes campos, ou seja, compreender a relação entre perfil dos indivíduos com sua posição no campo futebolístico, e as aprendizagens que os promoveram para realizar seu papel dentro do clube. Relacionados à estas aprendizagens (seus habitus), busca-se vincular o papel da Educação Física, devido ao fato de que esta trabalha com algumas características comuns ao campo futebolístico, interferindo nas aprendizagens, e promovendo maiores experiências em seus habitus, sejam eles implícitos ou explícitos. 9 Para Bourdieu os “campos” são espaços que possuem suas especificidades, regras, princípios e hierarquias. Nesses espaços há situações de disputa, tensões e conflitos por parte de seus membros, que buscam, de certa forma, a manutenção de um poder. 10 Segundo Bourdieu (1983, p. 94), habitus é o sistema de disposições adquiridas pelas aprendizagens implícitas ou explícitas que “funciona como um sistema de esquemas geradores, é gerador de estratégias que podem ser objetivamente afins aos interesses objetivos de seus autores sem terem sido expressamente concebidas para este fim. ” 30 2.4 CAPÍTULO IIII – A EDUCAÇÃO FÍSICA E O FUTEBOL O futebol chegou no Brasil no ano de 1885 e nos primeiros anos de século XX, caracterizou-se como um esporte de elite, mas rapidamente se tornou uma prática extremamente popular. É interessante notar que o cenário da época a divulgação de massa não era tão fácil como na atualidade, e que mesmo assim o tomou uma magnitude nacional de forma bastante rápida. (DAÓLIO, 2006). Com o aumento dos clubes de futebol e os campeonatos cada vez mais organizados e divulgados pelo país, uma nação clubista foi se formando e, consequentemente, uma cultura futebolística passou a representar o símbolo de brasilidade. Com uma amplitude solidificada e modalidade de relevância social o futebol começou a estabelecer relações extracampo, conquistou uma significativa importância nas instâncias políticas, econômicas e socioculturais, além disso, estruturou-se como um elemento importante da cultura popular brasileira, podendo ser considerado como um fenômeno social, passível de análises em diferentes aspectos (RINALDI, 2000). Na Educação Física, devido ao contexto esportivo que se criou no Brasil e a forte influência na sociedade, o futebol consequentemente se interligou às aulas. Desta forma Daólio (2006) problematiza: por que o futebol, sendo uma prática inglesa teve tanta repercussão aqui no Brasil? Segundo DaMatta (1982, p.21) “O futebol praticado, vivido, discutido e teorizado no Brasil seria um modo específico, entre tantos outros, pelo qual a sociedade brasileira fala, apresenta-se, revela-se, deixando-se, portanto, descobrir”. Daólio (2006) apresenta algumas formas específicas de como o futebol representa ou se relaciona com os fatos sociais. A busca pela igualdade de classes, onde mesmo com diferenças econômicas entre as equipes, ambas têm a mesma possibilidade de ganhar. As regras também possuem um caráter de igualdade, corroborando com o fato das diferenças sociais e a possibilidade de nivelamento, independente da classe à qual ela está estabelecida. DaMatta (1986) retrata o jeito do brasileiro jogar, regado de dribles e fintas, que representa a malandragem e o “jeitinho brasileiro”, dentre vários outros aspectos. 31 Na Educação Física, visto o cenário e contexto histórico, percebeu-se que o esporte esteve bastante evidente na representação da matéria, mesmo que esta buscou desvincular-se somente do esporte e do esporte de rendimento, principalmente após a década de 80. No entanto Darido; Souza Jr. (2007) ressaltam que mesmo com o discurso, principalmente acadêmico, voltado para uma reformulação da Educação Física, na prática, não houveram modificações, o esporte ainda era o conteúdo que influenciavam professores e alunos. Com o passar do tempo e os estudos que foram surgindo, foi possível perceber um encaminhamento educativo por meio do esporte e do futebol na Educação Física, presente nas diretrizes e parâmetros da disciplina. Desta forma, o encaminhamento desses conteúdos deve ser encarado de forma crítica e inclusiva, aproveitando a magnitude do futebol e resgatando o aprendizado e reflexão através dele. Neste capítulo não buscou-se apresentar o futebol como conteúdo que merece foco principal nas aulas de Educação Física, mas se faz necessário a apresentação de seu contexto e a relação que o mesmo adquiriu nas aulas, porque estamos trabalhando com um objeto de estudo que fez parte da trajetória histórica da Educação Física e, neste sentido, faz-se necessário porque buscamos compreender como eram as aulas na época, em que os indivíduos entrevistados estavam na escola, permitindo um diálogo com a bibliografia. 32 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES No segundo semestre de 2017 iniciamos a busca pelos indivíduos responsáveis pelos clubes de futebol amador que fazem parte da LFPG. Para chegar até as entrevistas precisávamos do contato dos dirigentes e, quem possuía esses contatos era o presidente da Liga de Futebol de Ponta Grossa. Ao entrarmos em contato com presidente da LFPG, o mesmo nos afirmou que organizaria os números e nos enviaria assim que possível, semanas se passaram, ligações foram feitas mas não tivemos a ajuda deste indivíduo. Felizmente, com a ajuda de um professor que compôs a banca deste trabalho conseguimos uma ficha com os números. As ligações para os indivíduos foram feitas, mas como somente tínhamos os números não sabíamos para quem estávamos ligando, ou seja, às vezes quem atendia não era representante de nenhum clube, ou até mesmo erada própria equipe a qual já havíamos entrado em contato, o que dificultou o processo de agendamento. Após identificar o nome de cada representante as entrevistas foram marcadas. No primeiro momento os indivíduos ficavam meio receosos ao saber o motivo e o objetivo da pesquisa, mas após alguns minutos de conversa no telefone mostraram-se disponíveis a colaborar. As entrevistas foram realizadas em lugares diversos, conforme a disponibilidade tanto do entrevistado quando do entrevistador, infelizmente algumas não foram possíveis de serem realizadas presencialmente, então foram feitas por telefone, onde o termo de consentimento era lido para os entrevistados após as entrevistas, cabendo a ele julgar se os dados poderiam ser utilizados ou não. O quadro 2 apresenta o local de cada uma. Quadro 2 - Local das entrevistas Clube Local América P. F. C. Prefeitura de Ponta Grossa Olinda E. C. Telefone Associação Esportiva W-3 Telefone Metalurgente F.C. Sindicato dos Metalúrgicos Carambeí E.C. Carambeí (Campo da Brf) Palmeiras E.C. Carambeí (Campo da Brf) Parque Do Café Santa Paula 33 Vila Velha Telefone União Campo Alegre E. C. Estádio Do Uca Milan Santa Mônica Telefone Fonte: Autoria própria (2017) Nas primeiras duas entrevistas, realizadas na equipe Carambeí e Palmeiras, os indivíduos não demonstraram muito interesse em primeira instância, devido ao fato de que ambos eram técnicos dos seus respectivos clubes e estavam aflitos com a partida que iria começar. No meio do jogo, percebendo que estávamos lá assistindo, o dirigente do Carambeí gritou de forma irônica: “torça para nós não perdermos, senão não tem entrevista”. Alberti (1989) alerta que há possibilidade dos entrevistados não colaborarem efetivamente com a entrevistas, devido a preocupação com compromissos julgados mais importantes, mas nada saiu do controle, pois ao fim do jogo, o qual por sorte do destino terminou empatado, ambos se dispuseram a participar sem nenhum problema. Já as demais entrevistas foram realizadas em dias e locais diferentes dos jogos do campeonato amador, então tanto a recepção quanto as conversas com os indivíduos foram mais tranquilas. 3.1 O PERFIL DA GESTÃO DOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR As equipes que compõem o campeonato amador livre da LFPG possuem diversas origens, umas são mais tradicionais, já outras são menores caracterizadas como de bairro ou cidade, as quais existem porque participam do campeonato amador, e há também as são relacionadas à questões trabalhistas e comerciais que envolvem outras atividades além do futebol amador. Em algumas equipes existe o presidente o qual está ligado diretamente com as atitudes do clube, já em outras é o dirigente de esporte que responde pelo futebol. Como não existe um único perfil entre os dirigentes, inicialmente foi traçado um perfil com informações pessoais e profissionais dos mesmos, estes dados apresentaram uma diversidade de resultados. Vejamos o quadro 3: 34 Quadro 3 - Perfil sócio-profissional dos dirigentes das equipes Idade Estado civil Filhos Naturalidade Escolaridade Profissão 51 Casado 5 Assaí - PR Ens. Superior Advogado/empresário 48 Casado 3 Ivaí Ens. Fund. Marceneiro 30 Solteiro 0 Ponta Grossa Ens. Superior Prof. De Ed. Física 45 Casado 2 Ponta Grossa Ens. Superior Advogado - Presidente do Sindicato dos metalúrgicos 52 Casado 2 Ponta Grossa Ensi. Médio Diretor de esporte Carambeí 52 Casado 3 Ponta Grossa Ensi. Médio Treinador de futebol profissional 45 Casado 1 Ponta Grossa Ens. Superior Prof. De Ed. Física 41 Casado 3 Ponta Grossa Ens. Médio Frentista 59 Casado 4 Ponta Grossa Ens. Superior Prof. De Ed. Física 37 Casado 3 Ponta Grossa Ens. Fund. Encarregado de produção Fonte: Autoria própria (2017) Com base nas constatações acima não buscamos fazer um tratamento quantitativo dos dados, mas esta aproximação auxiliou a vincularmos aos dados levantados pela bibliografia acerca do tema. Em relação ao gênero dos indivíduos, mesmo não apresentado anteriormente, deve-se deixar claro que a representação presidencial, dos clubes pontagrossenses, é formada apenas por homens. Estes possuem faixa etária entre 30 a 59 anos, com média de 47, na maioria casado (90%), tendo na média de 3 filhos e basicamente natural de ponta Grossa (80%). A diversidade aumenta em relação ao nível de escolaridade, a qual varia entre ensino superior completo (50%), ensino médio completo (30%) e ensino fundamental completo (20%). Já no que se refere à profissão11 há a recorrência de 3 professores de educação física (27%), 2 advogados (18%) e 1 empresário que acumula com outra profissão, além de 1 funcionário público, 1 treinador de futebol, 1 marceneiro, 1 frentista e 1 encarregado de produção, que correspondem a 9% cada. Referente a esses dados é interessante notar que houve a presença do profissional de Educação Física no perfil gestor, o qual não aparecia nas referências bibliográficas de nível nacional, já apresentadas anteriormente nesta pesquisa. Além disso a presença de empresários, advogados e funcionário público, corroboram com 11 A porcentagem das profissões encontradas é relacionado ao total de profissões, que no total somaram 11, pois há um presidente que possui 2 profissões, por isso a necessidade do valor atribuído ao número de profissões e não de dirigentes. 35 as principais características dos presidentes de futebol profissional apresentado por Azevêdo; Barros; Suaiden (2004) e Marques; Gutierrez; Almeida (2013), dessa forma, apresenta resultados diferentes e também próximos do que se tem escrito acerca do tema em nível nacional, e neste aspecto deixamos uma questão interessante no ar: - a gestão dos clubes de futebol amador se aproximam da profissional, ou o processo é inverso? As características apresentadas neste capítulo dão subsídios para compreendermos algumas características fundamentais em relação ao objeto de estudo, assim podendo traçar um perfil dos mesmos, já o capítulo a seguir busca fazer uma reflexão por parte dos principais motivos e características que levaram os personagens a realizar efetivamente o papel de dirigente dentro do clube. 3.2 O EXERCÍCIO DA PRESIDÊNCIA NOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR: CARACTERÍSTICAS E INFLUÊNCIAS Nas entrevistas buscamos resgatar quando e como os indivíduos começaram a fazer parte da gestão dos clubes, despertando as questões de memória e compreendendo as influências que os levaram a assumir tal posição. Diante dessa constatação percebeu-se que não se torna presidente de uma hora para outra, é necessário um certo envolvimento longitudinal com o clube para que possa estar preparado a assumir esta função, porém é claro, existem particularidades as quais tentaremos apresentar aqui. Em média os indivíduos fazem parte do clube há 15 anos, e para assumir o cargo de presidente levaram em torno de 7 anos. Há de se considerar os extremos, como no caso do clube União Campo Alegre (UCA), em que o atual presidente é integrante há 54 anos e só após 48 anos assumiu o cargo. Neste caso percebeu-se que há um laço forte estabelecido, de caráter clubista e que dificilmente será quebrado com facilidade, diferente de como ocorre com os jogadores que não se envolvem nas diretorias dos clubes. No discurso dos dirigentes percebeu-se que estes, na maioria, já disputaram como jogadores o futebol amador, alguns não permaneceram somente em um clube, mas a partir de quando começam a fazer parte da gestão, se estabelecem, e criam laços fortes com o clube. Com destaque para o discurso clubístico do entrevistado 36 08 – “Deus em primeiro lugar, minha família em segundo e Olinda em terceiro, então virou time de coração sabe, então eu sou Olindense mesmo”. Rigo; Jahnecka; Silva (2010), ao estudarem sobre o futebol de várzea dePelotas – RS, apresentam uma divisão entre os jogadores/dirigentes e os que são somente jogadores. No primeiro caso os autores indicam que há uma forte ligação clubista, então permanecem no clube por bastante tempo, já no segundo caso tende a se manter certo distanciamento com o clube, o que os permitem rodar de equipe, onde o principal objetivo é disputar o campeonato sem dedicação exclusiva à uma equipe. Nessa pesquisa a presença fiel aos clubes é perceptível, como podemos observar no discurso do entrevistado 07 que está há 54 anos envolvido num dos clubes: Faço parte do clube desde os 4 anos de idade, com 4 anos eu já estava aqui dentro. Com 18 anos eu tocava as categorias de base do infantil do clube e jogava o júnior. Eu era técnico do infantil e jogava no Jr. Daí fui diretor de Patrimônio, depois de formado fui diretor de Esportes aqui no clube. Daí fui diretor de esporte durante uns 20 anos, mais ou menos. Daí, há um tempo atrás para fechar esse projeto que foi feito aqui no clube, eu assumi a presidência. (ENTREVISTADO 07, LS) Nos clubes mais jovens como os de bairro e aqueles vinculados a aspectos trabalhistas é possível perceber que os dirigentes são aqueles envolvidos na sua criação ou reativação, estando a frente desde o início. O Metalurgente, W-3 e Milan Santa Mônica são exemplos de clubes criados e comandados pelos mesmos indivíduos que os fundaram, já o Vila Velha e o Parque do Café são clubes criados por familiares, que tiveram suas atividades suspensas e foram reativados pelos atuais dirigentes. Para que haja melhor exemplificação colocamos em evidência alguns relatos dos entrevistados que possuem ligação direta com a criação ou reativação dos clubes, estes deram a seguinte resposta quando perguntados sobre o início de seu envolvimento: Desde a criação em 1996, o clube foi criado em função do sindicato, então logo eu posso afirmar que desde que ganhamos o sindicato em 1994 a gente já pratica né, mas formalmente o clube existe desde 1996 e eu sempre atuei como presidente do clube. (ENTREVISTADO 4, MP) Nós criamos a associação esportiva W3 em 2010. Faço parte da comissão desde o início. Eles me contrataram pra ficar à frente desse projeto, desse projeto a gente criou a associação e hoje a gente tem várias vertentes esportivas dentro dessa associação. (ENTREVISTADO 9, DP) 37 Então há 4 anos que ele está na ativa de novo. Em 2013 comecei a gerenciar. É um time de bairro, entendeu? Foi fundado pelo meu avô e depois passou para o meu tio ai ficou 20 anos parado e eu reativei ele. (ENTREVISTADO 3, CL) De forma grosseira podemos elencar como os motivos que levaram a exercer a presidência foram a: tradição de família, paixão pelo futebol, motivação pessoal, experiência no futebol amador e formação profissional, como os principais fatores. De acordo com o relato dos entrevistados a grande maioria alega não receber nenhum retorno financeiro pelo trabalho que realizam, embora 2 indivíduos assumem receber financeiramente por serem diretores gerais de esporte. Na gestão profissional segundo Marques; Gutierrez; Almeida (2013) e Azevêdo; Barros; Suaiden (2004), geralmente não há retorno financeiro registrado pela função que exercem, e nesta questão o objeto de estudo aproxima-se do futebol profissional, ou mais uma vez, a gestão profissional se aproxima do amador. Já dos que relataram receber financeiramente, um deles é diretor de esporte de um clube proveniente de uma empresa metalúrgica (Entrevistado 9, DP) e outro é diretor de esporte de um município vizinho (Entrevistado 2, CB), os quais estabelecem o futebol Amador como umas das funções de seus cargos profissionais. Um atribui o motivo de ocupar função esportiva devido a formação profissional em Educação Física: “A minha graduação em 100% da totalidade dela foi o que me impulsionou estar à frente desse projeto”. (ENTREVISTADO 9, DP) e outro salienta que foi por questões políticas: Isso aí foi político. Eu entrei através do prefeito que é amigo, e ele precisava de um cara que tomasse conta, e me chamou pra esse tipo de coisa. Como eu sou diretor de esporte e faço todas essas funções, já está vinculado ao meu trabalho dentro da prefeitura. (ENTREVISTADO 2, CB). Em outros casos existem aqueles que assumiram a presidência após participarem da diretoria do clube, devido a estarem por dentro das questões administrativas em determinado momento tornaram-se presidentes, mas todos os fatores como idade, escolaridade, formação profissional, experiências de vida interferem nesse processo, ou seja, interferem em seus habtus, assim como apresenta Bourdieu (1983) entre a formação do habtus e a relação com o campo, se interligados todos esses fatores resultam num produto final o qual buscou-se apresentar. 38 3.3 A ESCOLA E O FUTEBOL: INFLUÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA VIDA DOS DIRIGENTES DOS CLUBES DE FUTEBOL AMADOR Durante a entrevista temática foi reservado um espaço específico relacionado à Educação Física Escolar, nesta etapa buscou-se conhecer como eram as aulas e a visão dos indivíduos em relação a esta disciplina. Em média o período escolar foi vivenciado na década de 70 e 80 e a maioria dos entrevistados tiveram aulas de Educação Física na escola (80%). Na época em que estudaram, alguns tiveram aulas já no primeiro ciclo do ensino fundamental, já outros somente no 3 ciclo, como chamado por alguns de “ginásio”. Grande parte dos entrevistadas atribuíram grande importância da disciplina na vida das pessoas, como visto nos seguintes discursos: “Eu acho que a Educação Física hoje é uma matéria fundamental em todos os segmentos da juventude dos jovens” (ENTREVISTADO 2, JC); “Na minha época a gente não ligava tanto pra isso, mas hoje eu vejo que é um importante incentivador” (ENTREVISTADO 4, MP); “A E.F dentro do parâmetro escolar ela dá subsídios para as pessoas, para as crianças, para elas terem oportunização de realizarem as coisas que elas quiserem fora da escola”. (ENTREVISTADO 9, DP). Nas indagações sobre suas aulas, percebemos o esporte se manifesta como conteúdo principal das aulas, assim como apresentado na revisão de literatura no capítulo sobre o histórico da Educação Física. O discurso não mudou muito entre os indivíduos, a seguir apresentamos algumas de suas falas: “Tinham poucos equipamentos, basicamente tinha vôlei, futsal, tênis de mesa, cada um com seu material esportivo, muito pouco atletismo, o foco era o futebol” (ENTREVISTADO 4, MP); “Na minha época era praticamente mais o físico, correr em volta da quadra, fazer alongamento e daí o professor dava a bola para nós jogar futebol de salão” (ENTREVISTADO 2, CB); “o meu era mais relacionado ao futsal né, o futebol né, antigamente era futebol de salão, que a gente chamava, então era mais relacionado a isso” (ENTREVISTADO 6, ES); “Bem aberta, essa palavra que eles costumam utilizar hoje. Os professores eles tinham muitos alunos para tentar fazer alguma coisa na escola, como era uma escola muito pequena e tinha pouco espaço eles deixavam bem aberta para os alunos fazerem a montagem das atividades”. (ENTREVISTADO 9, DP). 39 A respeito da visão das aulas é perceptível o diálogo com o que a bibliografia trata sobre o contexto da Educação Física, onde o esporte era o tema central como apresentado por Darido (2003), Magalhães (2005), Brach (1997), Coletivo de Autores (1992), não obstante a preferência pelo futsal, verificada nos discursos, remete à confirmação da cultura brasileira expressa nas escolas e dentro das aulas como apresentado por Daólio (2006) e DaMatta (1982). Além de como eram as aulas perguntamos sobre sua participação, para que compreendêssemos como era o envolvimento dos mesmos, e se algumas características do seu perfil gestor apareciam até mesmo nas aulas. Em resposta dessa questão apresentamos alguns discursos: “Sempre fui participativocom Espírito de liderança, era eu que sempre dividia a piazada e organizava os joguinhos lá”. (ENTREVISTADO 5, IS); “A eu era o cabeça de tudo piá, se você vê só pelos gritos aqui (referindo-se ao jogo da sua equipe), na minha época eu era assim também”. (ENTREVISTADO 2, CB); “Sempre fui bem participativo, bem ativo, na verdade, sempre tive um espírito de líder no nosso time escolar, sempre tive o espírito de capitão praticamente desde essa época já comandava como atleta a nossa equipe na escola também”. (ENTREVISTADO 1, JC); “Ah eu gostava eu participava bastante eu era bem ativo nas aulas. Tinha um relacionamento bom com as outras pessoas”. (ENTREVISTADO 6, ES); “Eu sempre fui bem dedicado né, principalmente no esporte, porque é uma das áreas que mais gosto”. (ENTREVISTADO 3, CL); Grande parte participava de jogos dentro e fora da escola, eram participativos nas aulas e possuíam um espírito de liderança, além disso atribuíram um papel importante da Educação Física na vida das pessoas. Então para finalizar a entrevista foram indagados a uma pergunta mais direta e a qual buscamos descobrir nesta pesquisa, A educação física influenciou no exercício da presidência? Vejamos as principais respostas: “De modo direto talvez não mas de modo indireto talvez sim, porque a partir do momento que você tem uma vivência principalmente quando menino quando adolescente você vai pegando o gosto pela coisa e vai tendo afinidade, E aí quando você chega na idade adulta você já tem um perfil que vai buscar aquilo que você aprendeu no passado para poder praticar no futuro e sempre motivando outras pessoas”. (ENTREVISTADO 5, IS); “Não, não interferiu em nada, foi de fora mesmo, todo aprendizado que aprendi, foi tudo fora, principalmente nos clubes que participei” (ENTREVISTADO 2, CB); 40 “Não de forma definitiva, eu penso que tem uma certa influência mas hoje ela tem o papel mais importante do que tinha lá no passado. Não vou dizer que foi fundamental, mas que teve uma influência teve” (ENTREVISTADO 4, MP) A E.F em si ela não nos dá um patamar sólido assim de 100% pra questão de direção de clube. Porque envolve muitos outros fatores além da questão esportiva. Mas no que concerne à parte esportiva, sim. (ENTREVISTADO 9, DP) Podemos dizer que não houve uma resposta concreta em relação a influência de Educação Física no exercício da presidência, alguns dizem que influenciou, outros não, já houve aqueles que foram imparciais, onde influenciou de certa forma, mas não foi somente isso. O que há de se considerar que grande maioria apresentaram características comuns, discursos comuns, que nos apresentaram diversas perspectivas em relação às aulas de Educação Física na vida de uma população específica que representa o futebol amador no município de Ponta Grossa e região. 41 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a graduação foi possível uma reflexão e vivência escolar, logicamente pelo foco do curso, mas proporcionada pela participação nos programas de estágio e iniciação à docência, já na iniciação científica a qual voltou-se para o estudo sobre a gestão do futebol brasileiro, forneceu-nos uma melhor compreensão do futebol como um importante elemento em que a sociedade se expressa. Neste sentido o trabalho de conclusão de curso, nos proporcionou uma visão do futebol e escola para além dos muros escolares, através de um olhar de fora para dentro, ou seja, não como geralmente se estabelece os estudos acerca da Educação Física, de dentro para fora, onde se pensa no ambiente escolar como foco principal. Dessa forma, recorremos escapar dos portões escolares e embarcarmos numa jornada histórica e cultural que permitiu conhecermos sobre o contexto da Educação Física a partir da década de 70, no município de Ponta Grossa, resgatando a memória dos indivíduos que um dia fizeram parte da história de nossa profissão e que hoje estão envolvidos em um contexto muito próximo à área da disciplina e da sociedade, que é o esporte, não apenas mais uma modalidade esportiva, mas dentre elas a que mais está presente em nosso país que é o futebol. De acordo com as constatações apresentadas neste trabalho, percebemos que a Educação Física, mesmo não estando presente na escola de forma legal desde o início, já se apresentava como uma corrente importante na vida dos alunos, que ao longo do tempo foi se modificando e conquistando espaço no ambiente escolar. Onde, através das entrevistas, pudemos resgatar a visão e compreensão de sua trajetória, ainda conhecendo a importância atribuída à ela a partir de uma população específica do município de Ponta Grossa e região. Referente ao perfil dos dirigentes foi possível perceber que todos os postos são ocupados por homens, casados, com média de 47 anos, na maioria possuem ensino superior completo, mas que possuem profissões diversas, com maior predominância de professores de Educação Física. Verificou-se também que, neste município, as vivências da Educação Física contribuíram, de certa forma, na formação do habtus futebolístico seja na prática ou na gestão esportiva, e que hoje estes indivíduos conseguem refletir sobre a importância desta na escola, não somente no passado, mas no contexto atual, em 42 que em muitos dos comentários, salientaram a importância tanto na atualidade como na época em que estes eram jovens. Então através dos processos teóricos e metodológicos estabelecidos neste estudo, verificou-se que a Educação Física escolar, influenciou parcialmente no exercício da presidências dos clubes de futebol que disputam o campeonato Amador do município de Ponta Grossa organizados pela LFPG, se apresentando um importante mecanismo, não o único, mas um dos que contribuíram nesse processo, e hoje, esta ocupa uma importante significância atribuída por parte dos indivíduos entrevistados. Não obstante, permitiu-se evidenciar um dos papéis da Educação Física na vida dos entrevistados, e que possivelmente estes atribuíram esta importância às suas redes de relações pessoais e profissionais, mostrando que seu papel não se finalizou ao terminar a fase escolar, mas se estendeu de forma que hoje existem pessoas que estudam e foram levadas até eles porque acredita-se que disciplina ocupou e ocupa um espaço importante na sociedade. E por fim, com as constatações adquiridas, há a possibilidade de estudos posteriores, não encerrando o trabalho em apenas uma produção, mas a subdividindo-a e buscando amplificações acerca da temática que ainda é bastante limitada. 43 REFERÊNCIAS ALBERTI, V. História Oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Contemporânea do Brasil, 1989. 202 p. AZEVÊDO, P.H. A administração dos clubes de futebol profissional do Distrito Federal em face à nova legislação esportiva brasileira. 183 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de Estudos Sociais Aplicados – Departamento de Administração, Universidade de Brasília, Brasília, 2002 AZEVÊDO, P. H.; BARROS, J. F; SUAIDEM, S. Caracterização do perfil do gestor esportivo dos clubes da primeira divisão de futebol do Distrito Federal e suas relações com a legislação esportiva brasileira. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 15, n. 1, p. 33-42, jan./jun. 2004. BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas – SP, 1997. ________ . Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. BOURDIEU, P. Algumas propriedades dos campos. Questões de sociologia. Rio de Janeiro, 1983. BRACHT, V. Educação Física e Aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1997, p. 23. BRASIL. Ministério da Educação. Educação Física – Obrigatoriedade da Disciplina, acesso em 2017. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/par/323-secretarias- 112877938/orgaos-vinculados-82187207/12962-educacao-fisica-obrigatoriedade-da- disciplina>.
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