Buscar

Apostila - PLANEJAMENTO E

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
PLANEJAMENTO E 
ORÇAMENTO PÚBLICO 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
Unidade 1: 
 
 Carga Tributária e Gastos públicos ................................................................................. 
 
Unidade 2: 
 
 Classificação orçamentária: receita e da despesa ........................................................... 
 
Unidade 3: 
 
Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal ....................... 
 
Unidade 4: 
 
Orçamento públicos ......................................................................................................... 
 
Unidade 5: 
Planejamento do Orçamento Público .............................................................................. 
 
Unidade 6: 
Sistema de controle externo na administração pública .................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Assumir a postura de um profissional que se apresente como mediador do conhecimento 
é compreender a diversidade e as complexidades que surgem na individualidade de cada 
educando diante de suas necessidades e potencialidades. 
Estudar em EaD não é uma tarefa tão fácil como muitos pensam, os desafios são 
constantes. Vale ressaltar que esta modalidade também permite muitas vantagens na 
aquisição de um curso superior, como a possibilidade da interatividade entre colegas, tutores 
e técnicos administrativos que auxiliam na construção da aprendizagem dentro do conforto de 
sua casa. 
O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) disponibiliza uma gama de recursos, 
tecnologias da comunicação e ferramentas de apoio à aprendizagem que permitem a interação 
acima, entre elas estão: fóruns, chats, videoconferências, simulações e exercícios on-line. 
Não poderíamos esquecer que muitas pessoas gostam de ler e estudar o material de 
maneira física, fazendo suas anotações, grifos e dialogando com os autores a partir de 
comentários ou apresentando dúvidas para serem sanadas pelo tutor ou para serem 
compartilhada com os colegas. 
Buscando mais uma alternativa para apoiar os(as) alunos(as) em seus estudos, esta 
coletânea foi elaborada com o objetivo de facilitar a impressão de todos os capítulos de livros 
que estão disponibilizados no Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA) para quem deseja 
estudar no material físico sem precisar imprimir os arquivos separados por unidades. Desta 
forma, o aluno poderá ter acesso a todos os textos que serão fundamentais para as atividades 
da disciplina em um só material. 
Bom trabalho e aproveite cada instante da oportunidade de construir conhecimento, pois 
este é um pilar fundamental para sua formação. 
 
Um abraço, 
Equipe Pedagógica 
 
 
FUNDAMENTOS 
DE ECONOMIA
Rosangela Aparecida
da Silva
Carga tributária e 
gastos públicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer o papel do setor público na economia.
  Identificar os instrumentos de política fiscal.
  Analisar a utilização da política fiscal expansionista e contracionista.
Introdução
Neste capítulo, você vai entender quais são as funções do governo e os 
objetivos que ele teoricamente deseja alcançar para atender ao bem-
-estar da sociedade. Você também vai estudar as políticas fiscais e as 
políticas tributárias e vai verificar de que maneira estas, juntamente com 
os gastos públicos, afetam o funcionamento da economia de uma região 
e de seus indicadores.
O papel do governo na economia 
O governo é um agente econômico muito importante em economias tanto 
socialistas quanto capitalistas — apesar de ter sua atuação limitada no segundo 
caso. No que se refere às economias capitalistas, o governo é mais resistente 
em interferir nos mercados. Isso só tende a acontecer quando os desequilíbrios 
em alguns mercados, em termos de preços e distribuição de bens e serviços, 
forem grandes demais a ponto de o próprio mercado não conseguir ajustá-lo, 
como no caso de monopólios.
O governo atua também no sentido de tentar equilibrar os mercados fi-
nanceiros, de onde provém o dinheiro para o financiamento da economia, e 
os mercados produtivos, de onde surgem o que se produz em termos de bens 
e serviços em uma economia, dando origem ao emprego e ao Produto Interno 
Bruto (PIB) nacional.
Logo, trata-se de um papel difícil e passível de controvérsias, visto que, 
em toda política macroeconômica governamental, existirão partes que se 
beneficiam e partes que recebem o ônus das intervenções do setor público. 
Isto é importante salientar: nenhuma política macroeconômica é feita só de 
benefícios; o importante é escolher o que acarreta mais benefícios aos agentes 
econômicos do que custos. Mas como o governo deve escolher o que fazer, 
então?
De acordo com a teoria da escolha pública (TEP), destacada por Samuel-
son e Nordhaus (2012) e Biderman e Arvate (2004), não existe mecanismo 
ideal que possa transformar as escolhas individuais em escolhas públicas. A 
verdade é que fatores como regras e instituições públicas adequadas podem 
sim melhorar a qualidade das decisões públicas e diminuir suas disparidades 
quanto à eficiência econômica e à distribuição de renda. Mas quais são essas 
regras? Entre outras, são:
  A garantia de procedimentos e regras democráticas previstas em lei 
que facilitem que as decisões sejam de acordo com o que a maioria da 
sociedade deseja, e não por interesses individuais que não refletem o 
desejo da população.
  O tempo de atuação do gestor público eleito.
  Como são financiadas as eleições.
  A forma como são aprovados os projetos pelos poderes governamentais.
  O intercâmbio de votos para projetos dentro do poder legislativo e entre 
o poder executivo e o legislativo, que pode acabar distorcendo aquilo 
que a sociedade deseja de fato.
Para saber mais sobre a teoria da escolha pública (TEP) e a teoria da escolha social (TES) 
no Brasil e suas nuances, leia o livro Economia do setor público no Brasil, de Biderman e 
Arvate (2004), que trata de vários fatores a serem considerados na escolha de políticas 
públicas do país.
Em uma economia de mercado capitalista, a tendência é o governo só 
interferir quando há falhas de mercado, tentando corrigi-las, e é isso que 
veremos agora.
Carga tributária e gastos públicos2
Falhas de mercado
As falhas de mercado existem porque a grande maioria dos mercados são 
organizados de forma imperfeita, e há assimetria de informações. Se todos 
os mercados funcionassem como Adam Smith previa em seu livro célebre A 
riqueza das nações (1776), o governo não precisaria interferir, pois o mercado, 
por si só, por meio do equilíbrio da oferta e demanda de bens e serviços, 
se autoajustaria — trata-se da chamada mão invisível. Ocorre que não há 
concorrência perfeita em todos os mercados, como previa o pensador, e nem 
todos os agentes de mercado (consumidores, produtores e governo) possuem 
informações iguais para tomarem decisões ditas racionais, já que a informação 
é assimétrica, segundo Samuelson e Nordhaus (2012).
No que se refere aos mercados, o setor público tende a interferir em setores 
onde a concorrência é imperfeita — como nos monopólios e oligopólios onde 
há formação de cartéis —, atuando com políticas institucionais de regulação e 
fiscalização — com agências específicas por setor ou órgão regulador central, 
como o Conselho Administrativo de Direito Econômico — e talvez até no 
provimento de bens públicos. Ele faz isso porque, nesses mercados, há uma 
tendência de os consumidores serem prejudicados em relação aos preços e, 
talvez, à qualidade dos bens e serviços e ao tipo de distribuição, devido à 
falta de concorrência.
Os chamados bens públicos são oferecidos pelo governo quando o setor 
privado não tem interesse econômico em oferecê-los, porque não dão retorno 
em termos de lucro ou porquenão há regras institucionais adequadas que 
garantam a manutenção de retornos financeiros nesses mercados.
Os chamados bens públicos de uso comum da sociedade, em seu sentido puro, são 
aqueles a que todos têm acesso e não são rivais, ou seja, não excluem ninguém do 
seu uso. Exemplos de bens tangíveis são ruas, praças, mares, rios, entre outros. São 
exemplos de bens intangíveis: justiça, segurança pública e defesa nacional, segundo 
Giambiagi e Além (2011).
Também podem ser oferecidos bens dentro da esfera pública quando estes 
envolvem o uso dos recursos naturais não recuperáveis do país, bens que são 
3Carga tributária e gastos públicos
considerados essenciais para a sociedade e que têm que ser utilizados de forma 
a garantir a sustentabilidade dos mesmos no longo prazo (é o caso do petróleo, 
dos minérios, da água, entre outros). 
Porém, é importante salientar que o oferecimento de bens públicos deve 
ser amplamente debatido entre todas as esferas da sociedade, para evitar que 
a sua operacionalização, em vez de gerar eficiência econômica, gere mais 
custos futuros para a Nação. Nesse caso, ao tentar corrigir uma falha de 
mercado, pode estar sendo criada uma falha de governo, e, assim, também 
podem ser geradas diferenças de renda e de acesso a bens e serviços por parte 
da população, conforme Biderman e Arvate (2004).
Funções do governo
De acordo com o que vimos até o momento, pode-se inferir que o governo tem, 
no geral, funções específi cas. Mas quais são essas funções, explicitamente? 
São elas, de acordo com Giambiagi e Além (2011):
  Função alocativa: refere-se ao fornecimento de bens públicos que a 
iniciativa privada, por algum motivo, não oferece e também ao provi-
mento de recursos públicos, como serviços de educação e saúde, que 
atendam às necessidades da sociedade.
  Função distributiva: está ligada à distribuição de renda dentro da socie-
dade. O governo deve trabalhar de forma a fazer ajustes que permitam 
que prevaleça uma distribuição de renda considerada justa pela socie-
dade. Em tese, essa função visa a diminuir as disparidades de renda 
entre os cidadãos de um país ou região.
  Função estabilizadora: conforme Giambiagi e Além (2011, p. 10), “[...] 
tem como objetivo a política econômica visando a um alto nível de 
emprego, à estabilidade dos preços e à obtenção de uma taxa apropriada 
de crescimento econômico”.
Nesse sentido, como o governo pode realizar essas funções? Existem vários 
instrumentos de políticas macroeconômicas, mas um dos principais e que pode 
atingir no curto e longo prazo esses objetivos é a adoção de políticas fiscais. 
Carga tributária e gastos públicos4
São instrumentos de políticas macroeconômicas praticadas pelo governo, segundo 
Vasconcellos e Garcia (2014):
  Política monetária: mexe com a quantidade de dinheiro em circulação na economia 
e é feita por meio do Banco Central.
  Política fiscal: é a política de receitas (política tributária) e de gastos do governo.
  Política de renda: interfere diretamente na renda da população.
  Política comercial e cambial: refere-se à política de comércio exterior do país e 
também ao valor da moeda nacional em moeda estrangeira.
Instrumentos de política fiscal 
Para alcançar os objetivos macroeconômicos — quais sejam, estabilização 
da economia, crescimento do emprego e da renda nacional, desenvolvimento 
econômico e equidade de renda —, precisamos dos chamados instrumentos 
de política macroeconômica, no caso, aqui, a política fi scal.
As políticas fiscais só podem ser implementadas pelo poder executivo 
(presidente, no caso do Brasil) depois de aprovadas pelo Congresso Nacional 
(no caso do Brasil, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal), o que 
pode demorar muito, dependendo da base de interesse dessas casas, de suas 
agendas e da legislação vigente. 
Essas políticas fiscais, que são as políticas de receitas (tributos) e gastos 
do governo, servem para estimular ou inibir os gastos do setor privado em 
consumo e em investimento e, assim, ajudar a alcançar alguns dos objetivos 
governamentais antes mencionados, conforme Vasconcellos e Garcia (2014).
Política tributária
Para atender à população no que se refere às suas funções, o governo precisa 
cobrar impostos, tarifas e multas, que são suas principais fontes de receitas, 
para, assim, obter recursos que teoricamente servirão para fi nanciar suas ações.
Receita pública é o conjunto de recursos financeiros que ingressam nos cofres 
públicos e tem por finalidade atender às diversas demandas da sociedade, 
como saúde, educação, segurança, infraestrutura, dentre outras. O ente pú-
5Carga tributária e gastos públicos
blico obtém recursos financeiros a partir da cobrança de impostos, taxas, 
contribuições, aquisição de empréstimos, alienação de bens, transferências 
de outros entes públicos ou privados etc. (TRIBUNAL DE CONTAS DE 
SANTA CATARINA, [2018]). 
A forma como são cobrados os impostos é motivo de controvérsia em vários 
países, sobretudo no Brasil. Teoricamente, a cobrança de impostos deveria 
atender às funções do governo, principalmente no que se refere à distribuição 
de renda. Mas, dependendo da implementação e de como é fiscalizada a 
arrecadação do tributo, a distribuição de renda pode até piorar.
Giambiagi e Além (2011) afirmam que, pelo conceito de equidade, cada 
contribuinte deve ‘colaborar’ com uma parcela justa de impostos para suprir a 
necessidade que o governo tem de gastos. Mas o que seria uma parcela justa? 
Para melhorar o entendimento sobre o assunto, entram dois princípios, de 
acordo com os mesmos autores:
  Princípio do benefício: segundo esse princípio, o cidadão deveria pagar 
impostos de acordo com aquilo que ele tem de benefícios do setor pú-
blico. Esse princípio é de difícil implementação, visto que é complicado 
mensurar quanto cada pessoa usufrui de bens ou recursos públicos, e 
não contribui efetivamente para uma melhor da distribuição de renda; 
funciona mais no que se refere à função alocativa.
  Princípio da capacidade de pagamento: é o mais utilizado, pois a inci-
dência tributária se dá sobre a capacidade de pagamento do cidadão, 
seja via imposto sobre a renda, sobre o consumo ou mesmo sobre a 
riqueza, o que, teoricamente, cumpre melhor a função de distribuição 
de renda. O problema aqui está sobre a implementação do imposto, que 
pode ficar em cascata (imposto sobre imposto), pois, se o governo já 
cobra imposto sobre a renda, por exemplo, a riqueza de certa forma já 
está sendo taxada se foi implementado o imposto de forma abrangente, 
o que é bem complicado. 
Ainda discutindo formas de tributação que atendam melhor à equidade 
de renda do país e gerem receitas para o governo, Giambiagi e Além (2011) 
introduzem os conceitos de impostos progressivos e regressivos:
  Impostos progressivos: são aqueles que têm alíquotas maiores de acordo 
com a renda da pessoa, ou seja, quem tem renda maior tende a pagar 
maiores impostos do que as pessoas de baixa renda.
Carga tributária e gastos públicos6
  Impostos regressivos: são o contrário dos progressivos e têm a tendência 
de piorar a distribuição de renda.
Para saber mais sobre a política tributária no Brasil e suas peculiaridades, leia a parte 
da teoria da tributação do livro de Giambiagi e Além (2011), Finanças Públicas: teoria e 
prática no Brasil, pp. 17 a 31.
Ainda dentro da discussão sobre política tributária, está a discussão de 
imposto com alíquota única, que, no Brasil, não tende a melhorar a equidade 
de renda e ainda pode piorar a função alocativa de bens e serviços, já que os 
setores são diferentes, têm número de concorrentes e consumidores distintos e, 
portanto, devem ser analisados em separado, para o bem da sociedade no todo.
Alguns impostos do Brasil
Impostos diretos: são aqueles que incidem direto sobre a renda das pessoas físicas e 
jurídicas. Exemplo: Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), em que o imposto é cobrado 
de forma progressiva, ou seja, quanto maior sua renda, maior a alíquotado imposto.
Impostos indiretos: são aqueles que incidem sobre produção e consumo. Exemplo: 
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que incide apenas sobre 
o consumo. 
O problema que muitos discutem é que talvez o ICMS e outros impostos indiretos 
sejam regressivos, pois recaem apenas sobre o consumo, e não sobre o dinheiro que 
poupamos. Logo, a classe mais baixa, que ocupa quase toda sua renda com consumo 
(pois ganha pouco), sobretudo de alimentos, acaba pagando muitos impostos indiretos 
(estes acabam sendo regressivos no país, não melhorando a distribuição de renda).
Veja mais sobre o tema nos links abaixo: 
https://goo.gl/SYRDX5
https://goo.gl/SRREUB
7Carga tributária e gastos públicos
É necessário estudar profundamente a economia, a cultura e a legislação de 
um país ou região para elaborar uma política tributária para o mesmo. Cargas 
de impostos maiores, em uma situação de crise econômica, por exemplo, podem 
diminuir a arrecadação, e não aumentar. Isso pode ocorrer por vários motivos: 
porque as pessoas tendem a incorrer em inadimplência devido à crise e/ou 
porque as rendas e, consequentemente, o consumo realmente diminuíram e 
a receita tributária total tende a diminuir (mesmo com aumento da alíquota 
ou, até mesmo, por causa dela).
Finalizando, Giambiagi e Além (2011, p. 20) colocam que “a passagem da 
teoria para a prática é complexa tendo em vista a necessidade de se adaptar a 
legislação tributária às realidades do sistema econômico”.
Política de gastos
As políticas de gastos se referem às despesas e aos custos que o setor público 
tem para manter a máquina pública em funcionamento. São exemplos de gastos 
públicos os gastos com previdência social, funcionalismo público, subsídios 
governamentais, prédios públicos, empresas estatais, administração pública, 
juros da dívida pública, infraestrutura, justiça, educação, saúde e segurança, 
entre outros, conforme explicam Samuelson e Nordhaus (2012).
Para saber mais sobre os gastos públicos no Brasil, acesse o 
link ou código a seguir:
https://goo.gl/rwCaZd
Gastos a mais do governo, em qualquer área, vão gerar necessidades a mais 
de receitas atuais ou futuras, que, em geral, o governo não tem recursos para 
suprir, o que incorrerá em maior dívida pública. Organismos internacionais, 
como o Fundo Monetário Internacional, defendem a diminuição dos gastos 
públicos, requisito imprescindível quando um país faz pedidos de empréstimos.
Mas a principal questão a ser debatida é o quanto cada gasto traz de retorno 
futuro para a sociedade. Se o gasto é feito em setores que fazem desenvolver a 
Carga tributária e gastos públicos8
economia, provavelmente, no futuro, existirão mais recursos de tributos, devido 
ao desenvolvimento e ao aumento da renda da população. Todos os gastos 
têm que ser analisados individualmente e com indicadores de horizontes de 
tempo, para verificar a possibilidade de impactos positivos nas contas públicas.
O governo deve eleger setores prioritários para realizar os gastos públicos, 
e, provavelmente, uma parte da população não ficará satisfeita com isso — é 
a ótica de que bônus para uns geram ônus para outros. Por isso, é de vital 
importância a escolha racional, por parte da sociedade, dos administradores 
públicos de uma região.
John Maynard Keynes, em 1936, com o seu livro Teoria geral do emprego, dos juros e 
da moeda, conseguiu dar a largada para o que muitos chamam na economia de era 
keynesiana, conforme Vasconcellos e Garcia (2014). Keynes defendia o aumento dos 
gastos públicos para estimular a demanda agregada (consumo da população) e, assim, 
estimular a produção nacional e o emprego.
Após a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, as teorias de Keynes foram 
largamente utilizadas pelos países de modo a tentar sanar suas crises internas. Na 
atualidade, os novos keynesianos ajustaram essa teoria de forma a controlar a inflação 
(aumento do nível geral de preços), para que esta não afetasse negativamente a 
economia no longo prazo devido ao maior gasto público.
Veja mais em: 
https://goo.gl/94sTVT
Políticas fiscais expansionista e contracionista 
As políticas fi scais expansionistas estão ligadas ao aumento dos gastos do 
governo, de modo a aumentar o consumo na economia e, por consequência, 
a produção nacional (PIB) e o emprego no país ou região. São feitas por meio 
do aumento dos gastos do governo e/ou da diminuição da carga tributária, 
conforme Vasconcellos e Garcia (2014). Essas políticas expansionistas são 
nitidamente originárias da era keynesiana.
Já as políticas fiscais contracionistas tendem a fazer o contrário, ou seja, 
são restritivas e tendem a diminuir os gastos do governo e/ou aumentar a 
carga tributária, diminuindo o consumo na economia para diminuir a inflação 
(aumento do nível geral de preços).
9Carga tributária e gastos públicos
Fazer um planejamento fiscal não é fácil e requer muita habilidade do 
gestor público, pois ele não está servindo apenas a um dono de empresa 
ou a alguns consumidores, e sim a uma população de uma região, o que é 
bem mais complicado. Cabe a essa população escolher o gestor que melhor 
servirá aos seus anseios e que saiba gerir os recursos financeiros buscando 
permanentemente o bem-estar social.
BIDERMAN, C.; ARVATE, P. (Org.). Economia do setor público no Brasil. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2004.
GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. 4. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2011.
SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA. Portal do Cidadão. Receitas públicas. [2018]. 
Disponível em: <http://portaldocidadao.tce.sc.gov.br/homesic.php?id=420460&idme
nu=municipio&menu=govern.>. Acesso em: 1 out. 2018. 
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014.
Leituras recomendadas
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 10. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
MANKIW, N. G. Introdução à economia: edição compacta. São Paulo: Pioneira Thomson 
Learning, 2005.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002. 
Carga tributária e gastos públicos10
Conteúdo:
PLANEJAMENTO E 
ORÇAMENTO 
PÚBLICO 
Jorge Vieira da Silva
Classificação orçamentária: 
receita e despesa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Definir receitas orçamentárias e as suas competências.
 Especificar a codificação e classificação das receitas orçamentárias.
 Indicar a classificação orçamentária e as principais etapas das despesas
do orçamento.
Introdução
Enquanto instrumento disciplinador das finanças públicas que auxilia 
no planejamento e controle das ações de gestão, o orçamento público 
no Brasil tem um padrão de identificação de receitas e de despesas que 
orienta gestores e funcionários públicos no planejamento e controle de 
suas atividades. Neste capítulo, você vai estudar a receita orçamentária 
e a competência contábil para fins de orçamento. Você também vai 
compreender a codificação e a classificação das receitas orçamentárias por 
categoria econômica, por origem e por espécie, entre outras classificações. 
Por fim, você vai verificar a classificação orçamentária de despesas e as 
principais etapas da codificação das despesas do orçamento. 
Receitas orçamentárias e suas competências
O termo receita, na contabilidade empresarial, corresponde ao recurso fi nan-
ceiro proveniente da venda de bens ou serviços. Derivada desse conceito, a 
receita pública, na contabilidade pública brasileira, é o montante de recursos 
fi nanceiros recolhido pelo Tesouro Nacional e por outras esferas de governo, 
via tributos (impostos, taxas e contribuições) e outras fontes. Esse montante é 
incorporado ao patrimônio do Estado com os objetivos de custear as despesas 
públicas e fi nanciar os investimentos públicos.
A Secretaria do Tesouro Nacional (STN), conceituando a receita contábil 
empresarial e a receitapública, faz afirmação similar quando coloca que 
“Receita Pública é uma derivação do conceito contábil de Receita agregando 
outros conceitos utilizados pela administração pública em virtude de suas 
peculiaridades” (BRASIL, 2005, documento on-line). A STN, ao comparar 
a receita da contabilidade empresarial à receita pública na contabilidade pú-
blica brasileira, reconhece que esta última está de acordo com os princípios 
fundamentais da contabilidade. Nesse sentido, a STN (BRASIL, 2005, 
documento on-line) afirma que:
[...] essas peculiaridades não interferem nos resultados contábeis regulamen-
tados pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC, por meio dos Princípios 
Fundamentais, até porque, a macromissão da contabilidade é atender a todos 
os usuários da informação contábil, harmonizando conceitos, princípios, 
normas e procedimentos às particularidades de cada entidade.
Ao longo dos anos, a STN tem publicado orientações e procedimentos atualizados 
para a elaboração e o controle do orçamento público, incluindo eventuais modifica-
ções na lei. Neste capítulo, estão destacadas duas publicações da STN: o Manual de 
Procedimentos do Tesouro Nacional, de 2005 (BRASIL, 2005), e o Manual de Contabilidade 
Aplicada ao Setor Público (MCASP), 8ª edição, de 2018 (BRASIL, 2018), válido para 2019. 
Essas duas publicações trazem conceitos claros e descrevem as orientações e os 
procedimentos de elaboração e controle do orçamento público no Brasil. São também 
boas referências e leituras recomendadas. Uma dica para quem quiser se manter 
atualizado é checar sempre novas publicações da STN.
Receitas orçamentárias
A Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964 (BRASIL, 1964), distingue os in-
gressos de recursos fi nanceiros de todos os entes da federação, ou seja, 
a entrada de recursos fi nanceiros nos caixas das entidades públicas, e os 
classifi ca em dois grupos: ingressos orçamentários e extraorçamentários. A 
STN defi ne que os ingressos orçamentários “[...] são aqueles pertencentes 
ao ente público, arrecadados exclusivamente para aplicação em programas 
Classificação orçamentária: receita e despesa2
e ações governamentais. Estes ingressos são denominados Receita Pública” 
(BRASIL, 2005, documento on-line).
Em relação aos ingressos extraorçamentários, é importante perceber 
que estes, embora entrem nos cofres públicos, não pertencem à União, aos 
estados, aos municípios ou ao Distrito Federal. O governo tem sua custódia, 
mas não sua propriedade. Assim, a STN (BRASIL, 2005, documento on-
-line) define que “Os ingressos extraorçamentários são aqueles pertencentes 
a terceiros arrecadados pelo ente público exclusivamente para fazer face às 
exigências contratuais pactuadas para posterior devolução. Estes ingressos 
são denominados recursos de terceiros”.
A Lei nº. 4320/1964 é a lei federal que estabelece normas para elaboração e controle 
dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal 
(BRASIL, 1964). Essa Lei é o principal documento de orçamento público no Brasil e de 
referência para este capítulo. 
No contexto dessas definições, é importante ressaltar o fato de que o 
ingresso de recursos nem sempre é receita pública. A STN (BRASIL, 2017, 
documento on-line), nesse sentido, coloca que, “Em sentido amplo, os ingressos 
de recursos financeiros nos cofres do Estado denominam-se receitas públicas, 
registradas como receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades 
de recursos financeiros para o erário, ou ingressos extraorçamentários, quando 
representam apenas entradas compensatórias”.
Em outras palavras, em sentido estrito, denominam-se públicas apenas as 
receitas orçamentárias. Isso porque “[…] ingressos extraorçamentários são 
recursos financeiros de caráter temporário, do qual o Estado é mero agente 
depositário” (BRASIL, 2017, documento on-line). Receitas orçamentárias, de 
acordo com a STN (BRASIL, 2018, documento on-line), são “Disponibilidades 
de recursos financeiros que ingressam durante o exercício e que aumentam o 
saldo financeiro da instituição”.
Continuando a definição, a STN traz que estas receitas são o “Instrumento 
por meio do qual se viabiliza a execução das políticas públicas, ou seja, as 
receitas orçamentárias são fontes de recursos utilizadas pelo Estado em pro-
gramas e ações cuja finalidade precípua é atender às necessidades públicas 
3Classificação orçamentária: receita e despesa
e demandas da sociedade” (BRASIL, 2018, documento on-line). Assim, a 
receita obtida na cobrança de impostos, por exemplo, é uma receita pública, 
uma receita orçamentária. Já a entrada de dinheiro referente a um depósito 
judicial não pertence ao Estado, que é um mero custodiante. Nesse último 
caso, trata-se de um ingresso extraorçamentário. 
É importante ficar atento às diferentes definições listadas a seguir.
  Ingresso de recursos financeiros nos cofres do Estado podem ser ingressos 
de receitas públicas (orçamentárias) ou ingressos de receitas extraorçamentárias.
  Receitas orçamentárias são aquelas que fazem parte do orçamento público. São 
os ingressos de recursos financeiros nos cofres do Estado, quando representam 
disponibilidades de recursos financeiros para o erário (caixa). São também chamadas 
de receitas públicas, por exemplo, no ingresso de recursos referentes a impostos.
  Receitas extraorçamentárias não fazem parte do orçamento público. O Estado é 
mero agente depositário. Por esse motivo, não são consideradas receitas públicas, 
por exemplo, os ingressos de recursos referentes a depósitos judiciais.
Competências das receitas orçamentárias
A contabilidade geral defi ne dois regimes para os registros contábeis: o regime 
de competência e o regime de caixa. O regime de competência é aquele que 
faz o registro contábil de receitas e despesas de acordo com o período de sua 
realização. O regime de caixa é aquele que faz o registro contábil de acordo 
com as entradas e saídas no caixa, na tesouraria da empresa.
Os dois regimes — competência e caixa — não são excludentes. Devem ser 
trabalhados em conjunto, um para planejamento e controle de resultados e o 
outro para planejamento e controle do fluxo de caixa. O regime de competência 
registra resultados de receitas e despesas de um período, enquanto o regime 
de caixa faz o registro de entradas e saídas de recursos financeiros. No caso 
das empresas, os resultados são apresentados no relatório de Demonstração 
de Resultados do Exercício, e as entradas e saídas de caixa são demonstradas 
no relatório de Demonstração dos Fluxos do Caixa.
Classificação orçamentária: receita e despesa4
Exemplos de regime de competência e regime de caixa na contabilidade geral.
  Pelo regime de competência, em uma empresa, quando a venda de um bem ou 
serviço foi realizada no mês de maio, ela será registrada no mês maio, mês de 
sua competência, independentemente de essa venda ter sido feita à vista, com 
recebimento do dinheiro em maio, ou a prazo, com recebimento do dinheiro em 
outro mês.
  Pelo regime de caixa, se uma venda foi feita no mês de maio, mas para ser paga no 
mês de junho, ela é registrada pelo regime de competência no mês de maio, mas 
com registro de recebimento pelo regime de caixa para o mês de junho.
Exemplo de regime de competência e regime de caixa na contabilidade pessoal.
  Um trabalhador fez sua declaração de imposto de renda referente ao ano de 2018 
e descobriu que terá que pagar uma diferença de imposto ao governo em 2019. 
Nesse caso, a competência é o ano de 2018 (o imposto compete à 2018), e o pa-
gamento pelo regime de caixa é feito no ano de 2019.
No orçamento público, adota-se um regime misto, que combina o regime 
de caixa e o regime de competência. No Brasil, a Lei nº. 4320/1964 (BRASIL, 
1964) define o regime de competência para as despesas e o regime de caixa 
para as receitas. Desse modo:
  as receitas são reconhecidas no momento de seu efetivo recebimento 
(regime de caixa); e
  as despesas são reconhecidas quando são efetuadas,independentemente 
do período de seu pagamento (regime de competência).
O art. 35 da Lei nº. 4.320/1964 estabelece que “[…] pertencem ao exercício 
financeiro: I – as receitas nele arrecadadas; II – as despesas nele legalmente 
empenhadas” (BRASIL, 1964, documento on-line). Isso porque o art. 35 
se refere ao regime orçamentário, e não ao regime contábil (patrimonial) 
aplicável ao setor público para reconhecimento de ativos e passivos. A receita 
orçamentária segue o regime de caixa e é reconhecida somente no momento 
da sua arrecadação. A despesa segue o regime da anualidade orçamentária 
e é reconhecida no momento de seu empenho, ou seja, quando é realizada, 
de acordo com a legislação orçamentária.
5Classificação orçamentária: receita e despesa
Exemplo de registro de despesa.
  Um funcionário público que tenha trabalhado durante o mês de maio terá a despesa 
referente a seu salário registrada contabilmente pelo regime de competência no 
mês de maio (a despesa do salário compete ao mês de maio), mesmo que este 
venha a receber seu salário no início do mês de junho.
Exemplo de registro de receita.
  A Receita Federal, todo ano, faz uma previsão de recebimentos de pessoas físicas 
que têm imposto de renda a pagar. Todavia, o registro desses recebimentos, para 
efeito da execução do orçamento, é feito somente no seu efetivo recebimento, 
quando o dinheiro entra no caixa, independentemente do ano a que se refere o 
imposto ou da data de vencimento do pagamento para o contribuinte.
Codificação e classificação das receitas 
orçamentárias
A STN afi rma que:
A classificação da receita orçamentária é de utilização obrigatória para todos 
os entes da Federação, sendo facultado seu desdobramento para atendimento 
das respectivas peculiaridades e que, nesse sentido, as receitas orçamentárias 
são classificadas segundo os seguintes critérios: a. Natureza; b. Fonte/Des-
tinação de Recursos; e c. Indicador de Resultado Primário (BRASIL, 2018, 
documento on-line, grifo nosso).
No caso da União, a STN coloca que “[…] o detalhamento das classificações 
orçamentárias da receita, no âmbito da União, é normatizado por meio de portaria 
da Secretaria de Orçamento Federal” (BRASIL, 2018, documento on-line).
Classificação da receita orçamentária por natureza
A classifi cação da receita orçamentária por natureza visa a identifi car a 
origem do recurso segundo o fato gerador, ou seja, pelo acontecimento real 
que ocasionou o ingresso da receita nos cofres públicos. A Lei nº. 4.320/1964, 
em seu art. 8º, § 1º, defi ne que os itens da discriminação da receita devem ser 
identifi cados por números de código decimal (BRASIL, 1964). Convencionou-
Classificação orçamentária: receita e despesa6
-se denominar esse código de natureza de receita. Desse modo, a natureza 
de receita é a menor célula de informação no contexto orçamentário para as 
receitas públicas e contém todas as informações necessárias para as devidas 
alocações orçamentárias.Em âmbito federal, a codifi cação da classifi cação 
da receita por natureza da receita é normatizada por meio de portaria da 
Secretaria de Orçamento Federal (SOF). Para estados, Distrito Federal e 
municípios, é feita por meio de portaria da SOF em conjunto com a STN.
Na União, utiliza-se uma estrutura de formação dos códigos da classificação 
que tem como objetivo associar, de forma imediata, a receita principal com 
aquelas dela originadas. Essa associação é efetuada por meio de um código 
numérico de oito dígitos, cujas posições ordinais têm o seguinte significado 
(BRASIL, 2018):
  C — Categoria econômica;
  O — Origem;
  E — Espécie;
  DDDD — Desdobramentos para identificação de peculiaridades da 
receita;
  T — Tipo.
Categoria econômica
A Lei nº. 4.320/1964, em seu art. 11, classifi ca as receitas orçamentárias por 
categoria econômica (BRASIL, 1964), podendo ser receitas correntes (código 
de categoria econômica “1”) ou receitas de capital (código de categoria eco-
nômica “2”). A STN defi ne as receitas correntes como aquelas arrecadadas 
dentro do exercício fi nanceiro. Essas receitas aumentam as disponibilidades 
fi nanceiras do Estado e constituem instrumento para fi nanciar os objetivos 
defi nidos nos programas e nas ações orçamentárias, com vistas a satisfazer 
fi nalidades públicas. Com o objetivo de esclarecer o que considera como 
receitas correntes, a STN exemplifi ca, dizendo que as receitas correntes são:
As receitas provenientes de tributos; de contribuições; da exploração do 
patrimônio estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econômicas 
(Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos 
de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender 
despesas classificáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes); 
por fim, demais receitas que não se enquadram nos itens anteriores, nem no 
conceito de receita de capital (Outras Receitas Correntes) (BRASIL, 2018, 
documento on-line).
7Classificação orçamentária: receita e despesa
A STN também define as receitas de capital como aquelas arrecadadas 
dentro do exercício financeiro. Essas receitas aumentam as disponibilidades 
financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e 
ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Segundo 
a STN, porém, de forma diversa das receitas correntes, as receitas de capital, 
em geral, não provocam efeito sobre o patrimônio líquido. De modo a 
exemplificar as receitas de capital, a STN aponta essas receitas como “[...] 
provenientes tanto da realização de recursos financeiros oriundos da cons-
tituição de dívidas e da conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto de 
recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados 
a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital” (BRASIL, 2017, 
documento on-line).
Além das receitas correntes e das receitas de capital, existem também 
as receitas de operações intraorçamentárias. Essas receitas se referem às 
operações que são comumente realizadas entre órgãos e demais entidades 
da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento 
da seguridade social. Elas não representam novas entradas de recursos nos 
cofres públicos, mas apenas uma movimentação de receitas entre diferentes 
órgãos. Desse modo, para diferenciá-las das receitas correntes e de capital, 
as receitas correntes intraorçamentárias e receitas de capital intraorça-
mentárias são representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas 
categorias econômicas — ou seja, não constituem novas categorias econômicas 
de receita, mas apenas especificações das categorias econômicas “receita 
corrente” e “receita de capital”. Um exemplo de receita intraorçamentária são 
as transferências de receitas da União para estados ou municípios — ou seja, 
não se trata de uma nova receita, mas, simplesmente, de uma transferência 
entre esferas de governo.
Os códigos da classificação de receitas por categoria econômica são os 
seguintes (BRASIL, 2018):
  1 — Receitas correntes;
  7 — Receitas correntes intraorçamentárias;
  2 — Receitas de capital;
  8 — Receitas de capital intraorçamentárias.
Origem
A classifi cação de origem é o detalhamento das categorias econômicas “receita 
corrente” e “receita de capital”, cujo objetivo é identifi car a procedência das 
Classificação orçamentária: receita e despesa8
receitas quando ingressam nos cofres públicos. O Quadro 1 a seguir mostra 
a classifi cação por origem.
 Fonte: Adaptado de Brasil (2018). 
Origem da receita
1 — Receitas correntes
7 — Receitas correntes 
intraorçamentárias
2 — Receitas de capital
8 — Receitas de capital 
intraorçamentárias
1 — Impostos, taxas e 
contribuições de melhoria
2 — Contribuições 
3 — Receita patrimonial 
4 — Transferências de capital 
5 — Receita industrial 
6 — Receita de serviços 
7 — Transferências correntes 
9 — Outras receitas correntes
1 — Operações de crédito
2 — Alienação de bens
3 — Amortização de empréstimos4 — Receita agropecuária
9 — Outras receitas de capital
 Quadro 1. Codificação de receitas orçamentárias por origem 
Espécie
Espécie é o nível de classifi cação vinculado à origem que permite qualifi car 
com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo, na origem “con-
tribuições”, identifi cam-se as espécies “contribuições sociais”, “contribuições 
econômicas”, “[...] contribuições para entidades privadas de serviço social 
e de formação profi ssional” e “[...] contribuição para custeio de iluminação 
pública” (BRASIL, 2018).
Desdobramentos para identificação de peculiaridades 
da receita
Os desdobramentos para identifi cação de peculiaridades da receita têm 
quatro dígitos. Sua utilização tem o objetivo de identifi car as particularidades 
de cada receita, caso seja necessário. Esses dígitos podem ou não ser utilizados, 
observando-se a necessidade de especifi cação do recurso pelos estados, pelo 
Distrito Federal e pelos municípios.
9Classificação orçamentária: receita e despesa
Tipo
O tipo, que correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a 
fi nalidade de identifi car o tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza, 
sendo (BRASIL, 2018, documento on-line):
  0 — quando se tratar de natureza de receita não valorizável ou 
agregadora;
  1 — quando se tratar da arrecadação principal da receita;
  2 — quando se tratar de multas e juros de mora da respectiva receita;
  3 — quando se tratar de dívida ativa da respectiva receita;
  4 — quando se tratar de multas e juros de mora da dívida ativa da 
respectiva receita;
  5 — quando se tratar das multas da respectiva receita quando a legislação 
pertinente diferenciar a destinação das multas da destinação dos juros de 
mora, situação na qual não poderá ser efetuado registro de arrecadação 
no tipo “2 — multas e juros de mora”;
  6 — quando se tratar dos juros de mora da respectiva receita, quando a 
legislação pertinente diferenciar a destinação das multas da destinação 
dos juros de mora, situação na qual não poderá ser efetuado registro de 
arrecadação no tipo “2 — multas e juros de mora”;
  7 — quando se tratar das multas da dívida ativa da respectiva receita, 
quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das multas da 
dívida ativa da destinação dos juros de mora da dívida ativa, situação 
na qual não poderá ser efetuado registro de arrecadação no tipo “4 — 
multas e juros de mora da dívida ativa”;
  8 — quando se tratar dos juros da dívida ativa da respectiva receita, 
quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das multas da 
dívida ativa da destinação dos juros de mora da dívida ativa, situação 
na qual não poderá ser efetuado registro de arrecadação no tipo “4 — 
multas e juros de mora da dívida ativa”;
  9 — quando se tratar de desdobramentos que poderão ser criados, caso 
a caso, pela SOF, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e 
Gestão (MP), mediante portaria específica.
O Quadro 2 a seguir mostra a classificação por tipo.
Classificação orçamentária: receita e despesa10
 Fo
nt
e:
 A
da
pt
ad
o 
de
 B
ra
si
l (
20
18
). 
D
íg
it
o
1º
2º
3º
4º
 a
o
 7
º
8
º
D
es
cr
iç
ão
 p
ad
rã
o
 d
o
s 
có
d
ig
o
s 
d
e 
ti
p
o
Si
gn
ifi
ca
do
C
at
eg
or
ia
 
ec
on
ôm
ic
a
O
rig
em
Es
pé
ci
e
D
es
do
br
am
en
to
s
Ti
p
o
Có
di
go
x
x
x
x
xx
x
0
N
at
ur
ez
a 
ag
re
ga
do
ra
1
Re
ce
ita
 p
rin
ci
pa
l
2
M
ul
ta
 e
 ju
ro
s 
da
 re
ce
ita
 p
rin
ci
pa
l
3
D
ív
id
a 
at
iv
a 
da
 re
ce
ita
 p
rin
ci
pa
l
4
M
ul
ta
 e
 ju
ro
s 
da
 d
ív
id
a 
at
iv
a 
da
 re
ce
ita
 p
rin
ci
pa
l
5
M
ul
ta
 d
a 
re
ce
ita
 p
rin
ci
pa
l q
ua
nd
o 
nã
o 
se
 a
pl
ic
ar
 o
 ti
p
o 
2
6
Ju
ro
s 
da
 re
ce
ita
 p
rin
ci
pa
l q
ua
nd
o 
nã
o 
se
 a
pl
ic
ar
 o
 ti
p
o 
2
7
M
ul
ta
s 
da
 d
ív
id
a 
at
iv
a 
qu
an
do
 
nã
o 
se
 a
pl
ic
ar
 o
 ti
p
o 
4
8
Ju
ro
s 
da
 d
ív
id
a 
at
iv
a 
qu
an
do
 n
ão
 s
e 
ap
lic
ar
 o
 ti
p
o 
4
9
D
es
do
br
am
en
to
 a
 s
er
 c
ria
do
 p
el
a 
SO
F/
M
P
 Q
u
ad
ro
 2
. C
od
ifi
ca
çã
o 
de
 re
ce
ita
s 
or
ça
m
en
tá
ria
s 
p
or
 o
rig
em
 
11Classificação orçamentária: receita e despesa
No Quadro 3 a seguir, confira um exemplo de uso da natureza de receita.
 Fonte: Adaptado de Brasil (2018). 
C
Categoria 
econômica 1
Receita 
corrente
O Origem 1 Impostos, taxas 
e contribuições 
de melhoria
E Espécie 1 Impostos
DDDD Desdobramento 
para 
identificação das 
peculiaridades
3011 Impostos sobre a 
renda de pessoa 
física (IRPF)
T Tipo 1 Principal
 Quadro 3. Exemplo para imposto de renda de pessoa física (IRPF), correspondente à na-
tureza de receita 1.1.1.3.01.1.1 
Classificação orçamentária e principais etapas 
das despesas do orçamento
A Lei nº. 4.320/1964 (BRASIL, 1964), além de diferenciar os ingressos de 
recursos fi nanceiros de todos os entes da federação, também distingue os 
dispêndios, ou seja, as saídas de recursos fi nanceiros das entidades públicas. 
Os dispêndios, assim como os ingressos, podem ser orçamentários e extraor-
çamentários. Um dispêndio orçamentário é todo aquele que tem autorização 
legislativa com base na Lei Orçamentária Anual (LOA), isto é, uma despesa 
pública. Por sua vez, o dispêndio extraorçamentário é aquele que não consta 
na LOA e compreende saídas de recursos como depósitos, pagamentos de 
restos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação de receita e 
recursos transitórios.
Assim, a despesa orçamentária pública é o conjunto de dispêndios 
realizados pelos entes públicos para o funcionamento e a manutenção dos 
serviços públicos prestados à sociedade, sendo que essa despesa depende de 
autorização legislativa, na forma de consignação de dotação orçamentária, 
para ser efetivada. 
Classificação orçamentária: receita e despesa12
É importante ficar atento às diferentes definições listadas a seguir.
  Dispêndios de recursos financeiros são as saídas de recursos financeiros dos 
cofres do Estado e podem ser orçamentários ou extraorçamentários.
  Dispêndios orçamentários são aqueles que fazem parte do orçamento público; 
são as despesas públicas. São as saídas de recursos financeiros do Estado, com 
autorização legislativa com base na legislação orçamentária.
  Dispêndios extraorçamentários não fazem parte do orçamento público e com-
preendem outras saídas de recursos, como depósitos, pagamentos de restos a pagar, 
resgate de operações de crédito por antecipação de receita e recursos transitórios.
Classificação orçamentária das despesas
Para fi ns contábeis, a STN classifi ca a despesa orçamentária quanto ao impacto 
na situação patrimonial líquida em despesa orçamentária efetiva e despesa 
orçamentária não efetiva, descritas a seguir.
  A despesa orçamentária efetiva é a despesa em que, em geral, o com-
prometimento do orçamento (empenho) não constitui o reconhecimento 
de um bem, um direito ou uma obrigação correspondente.
  Já a despesa orçamentária não efetiva é aquela em que, em geral, o 
comprometimento do orçamento (empenho) constitui o reconhecimento 
de um bem, um direito ou uma obrigação correspondente.
A STN afirma que, de modo geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa 
corrente, mas que pode acarretar despesa corrente não efetiva, como a despesa 
com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos. Do 
mesmo modo, a despesa não efetiva pode ser normalmente enquadrada como 
despesa de capital, mas tem exceções, como as transferências de capital, que 
causam variação patrimonial e se classificam como despesa efetiva.
Para fins de orçamento, as despesas orçamentárias são classificadas pela 
classificação institucional, pela classificação funcional e pela classificação 
programática, bem como pela natureza da despesa e pela fonte de recursos. A 
classificação institucional tem base na alocação de crédito e está estruturada 
em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentárioe unidade orçamentária, 
descritos abaixo (BRASIL, 1964).
13Classificação orçamentária: receita e despesa
  A unidade orçamentária é definida como o agrupamento de serviços 
subordinados ao mesmo órgão ou repartição a qual serão consignadas 
dotações próprias, de acordo com o art. 14 da Lei nº. 4.320/1964.
  Os órgãos orçamentários são definidos como os agrupamentos de 
unidades orçamentárias. As dotações são consignadas às unidades 
orçamentárias, as quais são as responsáveis pela realização das ações.
No caso do governo federal, o código da classificação institucional é com-
posto por cinco dígitos. Os dois primeiros dígitos são reservados à identificação 
do órgão orçamentário, e os demais, à identificação da unidade orçamentária. 
A Figura 1 mostra a estrutura do código da classificação institucional.
O órgão orçamentário referente ao Ministério da Educação (MEC) é o 26, e a unidade 
orçamentária referente à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é a 242. Assim, 
a classificação institucional dá o código 26242 à UFPE, que está no grupo do MEC.
Figura 1. Estrutura do código de classificação institucional no governo federal. 
Fonte: Brasil (2018, documento on-line).
A classificação funcional diferencia as dotações orçamentárias em funções 
e subfunções, identificando a área de ação governamental em que a despesa 
será realizada. Essa classificação está na Portaria nº. 42, de 14 de abril de 
1999 (BRASIL, 1999), do então Ministério do Orçamento e Gestão (MOG). 
É composta de um rol de funções e subfunções prefixadas, que servem como 
agregadoras dos gastos públicos por área de ação governamental nas esferas 
de Governo (União, estados, Distrito Federal e municípios). Trata-se de uma 
classificação independente dos programas e de aplicação comum e obrigatória, 
que permite a consolidação nacional dos gastos do setor público.
A classificação funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros 
dígitos se referem à função, e os três últimos representam a subfunção. A 
Figura 2 mostra a estrutura do código da classificação funcional.
Classificação orçamentária: receita e despesa14
A função educação é a 12, e a subfunção educação infantil é a 365. Assim, o código 
da classificação funcional para a educação infantil, que está no grupo da função 
educação, é 12365.
Figura 2. Estrutura do código de classificação funcional. 
Fonte: Brasil (2018, documento on-line).
A classificação por estrutura programática se refere às ações do governo, 
as quais estão estruturadas em programas orientados para a realização dos 
objetivos estratégicos definidos no Plano Plurianual para o período de quatro 
anos. O art. 3º da Portaria MOG nº. 42/1999 define que:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estabelecerão, em atos 
próprios, suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados 
os conceitos e determinações nela contidos, ou seja, todos os entes devem ter 
seus trabalhos organizados por programas e ações, mas cada um estabelecerá 
seus próprios programas e ações (BRASIL, 1999, documento on-line).
Com o objetivo de esclarecer o que são programas e ações da União, dos 
estados, do Distrito Federal e dos municípios, a STN define programa como 
“[…] o instrumento de organização da atuação governamental que articula um 
conjunto de ações que concorrem para a concretização de um objetivo comum 
preestabelecido” (BRASIL, 2018, documento on-line). Esse programa visa à 
solução de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou 
demanda da sociedade. As ações, de acordo com a STN, são “[…] operações 
que resultam produtos (bens ou serviços)” (BRASIL, 2018, documento on-
-line). Estas têm por objetivo contribuir para o atendimento de um programa; 
nelas se incluem as transferências obrigatórias ou voluntárias a outros entes da 
Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, 
auxílios, contribuições e financiamentos, dentre outros.
15Classificação orçamentária: receita e despesa
Classificação da despesa orçamentária por natureza
A classifi cação da despesa orçamentária segundo a sua natureza é composta 
por categoria econômica, grupo de natureza da despesa e elemento de despesa. 
A natureza da despesa ainda é complementada por uma informação gerencial 
denominada “modalidade de aplicação”, a qual tem por fi nalidade indicar se os 
recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma 
esfera de governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades. Ela 
objetiva eliminar a dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados.
A despesa orçamentária, assim como a receita orçamentária, é classificada 
em duas categorias econômicas: despesas correntes e despesas de capital. 
As despesas correntes são aquelas que não contribuem diretamente para a 
formação ou aquisição de bens de capital, e as despesas de capital são as 
que contribuem. As despesas correntes recebem o código de despesas “3”, e 
as despesas de capital recebem o código “4”.
As codificações de receitas orçamentárias por categoria econômica são 
(BRASIL, 2018):
  3 — Despesas correntes;
  4 — Despesas de capital.
O grupo de natureza da despesa é um agregador de elementos de despesa 
orçamentária com as mesmas características quanto ao objeto de gasto e 
apresenta as seguintes codificações (BRASIL, 2018):
  1 — Pessoal e encargos sociais;
  2 — Juros e encargos da dívida;
  3 — Outras despesas correntes;
  4 — Investimentos;
  5 — Inversões financeiras;
  6 — Amortização da dívida.
O elemento de despesa orçamentária, de acordo com a STN, tem por 
finalidade:
Identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, 
diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer 
forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material 
permanente, auxílios, amortização e outros que a administração pública 
utiliza para a consecução de seus fins (BRASIL, 2018, documento on-line).
Classificação orçamentária: receita e despesa16
Cada elemento recebe um código entre 01 e 99. Por exemplo, o código de 
elemento 01 se refere a “Aposentadorias do RPPS, Reserva Remunerada e 
Reformas dos Militares” (BRASIL, 2018, documento on-line). Finalmente, 
existem as modalidades de aplicação para fins de informações gerenciais, 
com códigos variando entre 20 e 99. Por exemplo, o código “20” se refere a 
transferências à União (BRASIL, 2018).
O detalhamento completo e atualizado das despesas orçamentárias, com as explicações 
sobre cada uma delas, está no MCASP. A 8ª edição do MCASP foi publicada em 2018 e 
é válida para o orçamento público de 2019. Acesse o link a seguir e confira.
https://qrgo.page.link/L2pRT
Classificação da despesa orçamentária por fonte de 
recursos
A classifi cação orçamentária por fontes/destinações de recursos tem por 
objetivo identifi car as fontes de fi nanciamento dos gastos públicos. De acordo 
com a Secretaria da Receita Federal, essas fontes/destinações reúnem certas 
naturezas de receita de acordo com regras estabelecidas. Assim, as fontes/
destinações são associadas a determinadas despesas, de forma a evidenciar os 
meios para atingir os objetivos públicos. A Secretaria coloca que essa classi-
fi cação funciona como um mecanismo integrador entre a receita e a despesa, 
pois “[...] o código de fonte/destinação de recursos exerce um duplo papel no 
processo orçamentário” (BRASIL, 2018, documento on-line).
Em outras palavras, para a receita orçamentária, o código tem a finalidade 
de indicar a destinação de recursos para a realização de determinadas despesas 
orçamentárias. Para a despesa orçamentária, o código identifica a origem dos 
recursos que estão sendo utilizados. A STN coloca que “[...] o mesmo código 
utilizado para controle das destinações da receita orçamentária também é 
utilizado na despesa correlacionada, para controle das fontes financiadoras 
da despesa orçamentária e da correta aplicação dos recursos vinculados”(BRASIL, 2018, documento on-line).
17Classificação orçamentária: receita e despesa
Principais etapas das despesas do orçamento
A STN orienta como fazer a classifi cação correta das despesas orçamentárias. 
A seguir estão resumidas as principais etapas do processo de classifi cação de 
despesas orçamentárias na aquisição de bens e serviços, com base na STN 
(BRASIL, 2018, documento on-line).
  Identificar se o registro do fato é de caráter orçamentário ou 
extraorçamentário.
  Identificar a categoria econômica da despesa orçamentária, verificando 
se é uma despesa orçamentária corrente ou de capital: 3 — despesas 
correntes; ou 4 — despesas de capital.
  Verificar o grupo de natureza da despesa orçamentária: 1 — pessoal e 
encargos sociais; 2 — juros e encargos da dívida; 3 — outras despesas 
correntes; 4 — investimentos; 5 — inversões financeiras; ou 6 — 
amortização da dívida.
  Identificar o elemento de despesa, ou seja, o objeto fim do gasto. Nor-
malmente, os elementos de despesa guardam correlação com os grupos 
de natureza de despesa, mas não há impedimento para que alguns 
elementos típicos de despesa corrente estejam relacionados a um grupo 
de despesa de capital.
BRASIL. Lei no. 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Finan-
ceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, 
dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial da União, 23 mar. 1964. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 23 out. 2019.
BRASIL. Ministério da Economia, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Portaria 
MOG nº. 42, de 14 de abril de 1999. Atualiza a discriminação da despesa por funções 
de que tratam o inciso I do § 1o do art. 2o e § 2o do art. 8o, ambos da Lei no 4.320, 
de 17 de março de 1964, estabelece os conceitos de função, subfunção, programa, 
projeto, atividade, operações especiais, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 
15 abr. 1999. Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/
legislacao/legislacao/portaria-mog-42_1999_atualizada_23jul2012-1.doc/view. Acesso 
em: 23 out. 2019.
Classificação orçamentária: receita e despesa18
BRASIL. Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de contabi-
lidade aplicada ao setor público: exercício 2017. 7. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro 
Nacional, Coordenação-Geral de Contabilidade, 2017. Disponível em: https://cdn.
tesouro.gov.br/sistemas-internos/apex/producao/sistemas/thot/arquivos/publica-
coes/26320_1585808/MCASP%207%20ed.pdf?v=5739. Acesso em: 23 out. 2019.
BRASIL. Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de contabilidade 
aplicada ao setor público. 8. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Coordenação-
-Geral de Contabilidade, 2018. Disponível em http://www.tesouro.fazenda.gov.br/docu-
ments/10180/695350/CPU_MCASP+8%C2%AA%20ed+-+publica%C3%A7%C3%A3o_
com+capa_3vs_Errata1/6bb7de01-39b4-4e79-b909-6b7a8197afc9. Acesso em: 23 
out. 2019.
BRASIL. Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional. Receitas públicas: manual 
de procedimentos: aplicado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Brasília: 
Secretaria do Tesouro Nacional, Coordenação-Geral de Contabilidade, 2005. Disponível 
em http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/contabilidade/ReceitaInter-
net2005.pdf. Acesso em: 23 out. 2019.
Leituras recomendadas
ANGÉLICO, J. Contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 
5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti-
tuicao.htm. Acesso em: 23 out. 2019.
BRASIL. Senado Federal. Legislação orçamentária. [2019]. Disponível em: https://www12.
senado.leg.br/orcamento/legislacao-orcamentaria. Acesso em: 23 out. 2019
ENAP. Orçamento público: visão geral. Módulo III: o processo. Brasília: ENAP, 2013. Dis-
ponível em: http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/872/1/OP_Modulo_3%20-%20
O%20Processo.pdf. Acesso em: 23 out. 2019.
GIACOMONI, J. Orçamento público. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
ROSEN, H. S.; GAYER, T. Finanças públicas. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
SILVA, L. M. Contabilidade governamental. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
19Classificação orçamentária: receita e despesa
 
Normas gerais de finanças 
públicas e a Lei de 
Responsabilidade Fiscal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer as noções gerais de finanças públicas.
  Explicar a Lei de Responsabilidade Fiscal e as suas origens.
  Identificar os objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Introdução
As finanças públicas assumiram reconhecida importância nas discussões 
políticas entre os cidadãos brasileiros. As pessoas estão cada vez mais 
interessadas em compreender o funcionamento do Estado para, assim, 
poderem fiscalizar devidamente as ações tomadas pelos seus represen-
tantes políticos.
Neste capítulo, você estudará assuntos de relevância prática e doutri-
nária ao aprender as noções gerais de finanças públicas, as disposições da 
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), além dos objetivos e aplicabilidades 
dessa lei.
Noções gerais de finanças públicas
O Brasil conta com uma grande carga tributária, fato que ocasiona discussões 
recorrentes sobre as fi nanças públicas pela sociedade em diversos momen-
tos, convertendo esse assunto em palco de intensas discussões políticas e 
ideológicas. 
Para entender melhor a lógica do funcionamento das finanças públicas, 
devemos considerar que o Estado precisa de recursos financeiros para cumprir 
com as suas finalidades, sendo esses recursos controlados e a gestão para o seu 
C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 1 05/04/2018 14:53:02
fomento planejada por meio das finanças públicas. Assim, podemos concluir 
que a expressão finanças públicas designa a área que analisa a obtenção, 
gestão e administração dos fundos com o objetivo de igualar os gastos públicos 
à receita dos impostos, por exemplo. É com base nessa relação que se revela a 
estabilidade econômica dos entes estatais, sendo o próprio Estado o responsável 
pelas finanças resultantes da variação das despesas públicas e dos impostos.
O que são despesas públicas?
Geralmente, designamos como despesa pública a soma dos gastos da admi-
nistração pública para atender as necessidades coletivas, tanto econômicas 
quanto sociais, e para cumprir com as responsabilidades institucionais. Essas 
despesas devem ser realizadas pelas autoridades competentes e previamente 
autorizadas pelo Poder Legislativo. Para que o Estado controle bem as despesas 
públicas, as autoridades devem assegurar a arrecadação dos impostos pagos 
pelos cidadãos e pelas empresas que integram a sociedade.
As despesas públicas também têm o potencial de estimular o consumo, uma vez que 
o Estado consegue desenvolver postos de trabalho. Feito isso, possibilita-se que as 
pessoas quitem as suas dívidas e consumam novamente, promovendo o funcionamento 
da máquina pública.
E as receitas públicas?
Para desempenhar as suas fi nalidades, o ente estatal conta com o dinheiro 
que entra nos cofres públicos. No entanto, nem todo esse dinheiro pode ser 
considerado receita pública, pois uma parcela dele provém de cauções, fi anças, 
depósitos recolhidos para o Tesouro, etc., devendo ser entendida apenas como 
entrada. A expressão receita pública é muito bem-conceituada por Aliomar 
Baleeiro (1995, p. 116), que ensina que ela “[...] é a entrada que, integrando-se 
no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência 
no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”. Nesse 
sentido, podemos defi nir a entrada como o gênero no qual a receita pública 
é uma espécie.
Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal2
C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 2 05/04/2018 14:53:02
O campo das finanças públicas abrange todos os entes federativos,pois 
elas são normatizadas por lei complementar (LC) de abrangência nacional. 
Assim, a sua observância inclui as pessoas políticas, como a União, os estados-
-membros, o Distrito Federal e os municípios. A esse respeito, a Constituição 
Federal possui um capítulo intitulado “Das Finanças Públicas”, cujo primeiro 
artigo dispõe que (BRASIL, 1988):
Art. 163 Lei complementar disporá sobre:
I — finanças públicas;
II — dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e 
demais entidades controladas pelo poder público;
III — concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV — emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V — fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI — operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII — compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da 
União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das 
voltadas ao desenvolvimento regional.
O art. 163 da Constituição estabelece que as normas gerais sobre a matéria 
devem ser tratadas por LC e o art. 24 estabelece a competência da União, dos 
estados e do Distrito Federal para legislar concorrentemente sobre Direito 
Tributário, Direto Financeiro e orçamento (BRASIL, 1988). Como já men-
cionamos, cabe à União estabelecer as regras relacionadas às suas próprias 
finanças e normas gerais de abrangência nacional. Ao Distrito Federal e aos 
estados, foi determinada uma competência suplementar, garantindo a aplica-
bilidade das diretrizes nacionais em âmbito regional. Os municípios, por sua 
vez, possuem competência para legislar sobre assuntos locais e complementar 
as legislações estadual e federal no que for necessário. Ademais, os municípios 
detêm autonomia conferida pelo Texto Constitucional para legislar também 
sobre Direito Financeiro, Direito Tributário e orçamento (BRASIL, 1988).
De acordo com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), compete exclu-
sivamente à União emitir moeda por intermédio do Banco Central, que está 
autorizado a comprar e vender títulos do Tesouro Nacional com o objetivo de 
regular a moeda ou taxa de juros. Também está vedado conceder empréstimos 
ao Tesouro Nacional ou a qualquer órgão que não seja instituição financeira, 
conforme preconizado pelo art. 164 (BRASIL, 1988):
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusi-
vamente pelo banco central.
3Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal
C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 3 05/04/2018 14:53:02
 § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos 
ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição 
financeira.
 § 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro 
Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
 § 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; 
as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades 
do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições finan-
ceiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.
Vale referir, ainda, que o Brasil possui importantes normas infraconstitu-
cionais sobre as finanças públicas. São elas:
  Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964, que versa sobre as normas gerais 
de Direito Financeiro para a elaboração e o controle dos orçamentos da 
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, com força de LC;
  Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966, que institui o Código Tributário 
Nacional (CTN);
  Lei nº. 6.830, de 22 de setembro de 1980, que disciplina o processo de 
execução fiscal;
  LC nº. 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças 
públicas voltadas à responsabilidade fiscal.
A Lei de Responsabilidade Fiscal 
e as suas origens
A LC nº. 101/2000 (BRASIL, 2000a), também conhecida como LRF, regu-
lamenta temas dispostos no Título VI - Da Tributação e do Orçamento, da 
Constituição Federal, estabelecendo normas gerais de fi nanças públicas em 
todas as esferas (federal, estadual e municipal) e todos os níveis de poder. Essa 
lei designa parâmetros a serem seguidos no que se refere a gastos públicos. 
As restrições impostas por ela objetivam preservar a situação fi scal dos entes 
federativos para garantir a qualidade fi nanceira dos estados e municípios com 
a aplicação adequada dos recursos.
A LRF atende a uma prescrição da Constituição, mais especificamente 
ao previsto no art. 163 (BRASIL, 1988), mas ela também acata ao art. 169 do 
Texto Constitucional (BRASIL, 1988), que prevê limites para as despesas com 
pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos muni-
cípios. Também é possível perceber o suporte ao registrado no art. 165, II, § 9º 
(BRASIL, 1988), que estabelece a necessidade de uma LC para definir normas de 
Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal4
C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 4 05/04/2018 14:53:02
gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, assim como 
as condições para a instituição e o funcionamento dos fundos. Por fim, a LRF 
observa o art. 250 da Carta Magna, que determina o seguinte (BRASIL, 1988):
Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento dos be-
nefícios concedidos pelo regime geral de previdência social, em adição aos 
recursos de sua arrecadação, a União poderá constituir fundo integrado por 
bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei, que disporá sobre 
a natureza e administração desse fundo.
A Lei nº. 4.320/1964 não foi substituída e nem revogada pela LRF, pois elas 
possuem enfoques distintos. No que lhe compete, a Lei nº. 4.320/1964 (BRA-
SIL, 1964) institui as normas gerais de Direito Financeiro para a elaboração 
e o controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, do Distrito 
Federal e dos municípios. Ela foi recepcionada pela Constituição Federal com 
força de LC e regulamenta as finanças públicas do País há mais de 50 anos. A 
LRF, por sua vez, assumiu como referência no seu texto o Fundo Monetário 
Internacional (FMI), instituição na qual o Brasil é Estado-membro e que 
tem editado e difundido normas de gestão pública em diversos países. Entre 
elas, legislações de países como Nova Zelândia, Estados Unidos e outros da 
Europa, assumindo certas normas e princípios dos modelos locais. Porém, as 
ações do FMI não foram os únicos parâmetros observados na elaboração da 
versão brasileira. Afinal, não há um manual universal sobre gestão de finanças 
públicas para ser adotado em todos os países.
A LRF se originou de um projeto enviado pelo Governo ao Congresso 
Nacional com vistas a dar suporte à Emenda Constitucional nº. 19, de 4 de 
junho de 1998, que exige a instituição de LCs para regular determinadas 
matérias. Nessa lei, foram contempladas matérias dos incisos I a IV do art. 163 
da Constituição (BRASIL, 1988), que tratam de finanças públicas, emissão e 
resgate de títulos, concessão de garantias e dívida pública e mobiliária.
A Lei nº. 4.320/1964 teve o potencial de modificar a história da administra-
ção pública no Brasil. A partir dessa lei, os governantes tiveram de respeitar 
normas e limites para a administração das finanças públicas, devendo prestar 
contas sobre os gastos realizados com os recursos oriundos da sociedade. Dessa 
forma, podemos identificar relevantes mudanças na administração pública ao 
longo dos anos, sendo indispensável destacar o equilíbrio das contas públicas 
trazido pela LRF. Contas essas que independem de partido político ou ideologia, 
posto que o Estado não pode mais conviver com o desequilíbrio e o desajuste 
delas, independentemente de quem estiver no poder.
5Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal
C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 5 05/04/2018 14:53:02
Objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal
De acordo com o caputdo art. 1º da LRF (BRASIL, 2000a), o seu objetivo 
principal é o estabelecimento de “[...] normas de fi nanças públicas voltadas 
para a responsabilidade na gestão fi scal”. A seguir, o parágrafo primeiro do 
mesmo artigo procura defi nir responsabilidade na gestão fi scal ao apresentar 
os seguintes pressupostos para aplicação da LRF (BRASIL, 2000a): 
  ação planejada e transparente; 
  prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das 
contas públicas; 
  garantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de metas de resulta-
dos entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia 
de receita e a geração de despesas com pessoal, seguridade, dívida, 
operações de crédito, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar.
Diversas passagens da LRF (BRASIL, 2000a) destacam a ação plane-
jada e transparente na administração pública, o que significa que a base das 
ações está no planejamento e nos planos previamente traçados. No caso da 
administração pública, esses planos estão sujeitos à apreciação e à aprovação 
legislativa, que lhes garantem legitimidade, característica indispensável no 
nosso modelo de governo.
De maneira muito adequada, Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008) destacam 
que, com a edição da LRF, consolidou-se no País o entendimento de que a trans-
ferência de situações de dificuldades fiscais para as administrações e gerações 
futuras, práticas até então usuais no setor público, devem ser repelidas mediante 
aplicação de sanções aos responsáveis. Nesse cenário, houve a edição da Lei nº. 
10.028, de 19 de outubro de 2000 (BRASIL, 2000b), que adicionou ao Código 
Penal brasileiro um capítulo sobre os crimes contra as finanças públicas. 
Após a implementação desses dispositivos, as autoridades e os agentes públicos se 
tornaram passíveis de responsabilização criminal pela má gestão dos recursos públicos. 
Por esse motivo, considera-se que a LRF, juntamente com a Lei de Crimes Fiscais (Lei 
nº. 10.028/2000), impôs muito mais rigor à administração das finanças públicas.
Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal6
C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 6 05/04/2018 14:53:03
A LRF (BRASIL, 2000a) adota os mesmos instrumentos que a Constituição 
Federal, sendo eles o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias 
(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Busca-se, assim, transparência 
e planejamento: a transparência por meio da participação e do conhecimento 
da sociedade, tendo a publicidade como aliada na arrecadação de receitas e 
na realização de despesas pelos entes públicos, e o planejamento por meio da 
vinculação das atividades planejadas e da sua execução. Para que todos os 
fins sejam alcançados, a LRF firma práticas essenciais, como: 
  participação popular na discussão e elaboração dos planos e orçamentos; 
  disponibilidade das contas dos administradores durante todo o exercício 
para consulta e apreciação pelos cidadãos e pelas instituições da sociedade; 
  emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal e de execução orça-
mentária, igualmente de acesso público e de ampla divulgação.
A LRF aborda bastante a prevenção de riscos, mas também a correção de 
desvios, que deve integrar todo o processo de planejamento. Assim, essa lei 
implementa mecanismos para evitar o impacto de situações eventuais que 
serão atendidas com os recursos da reserva de contingência. As correções 
de desvios requerem a realização de mudanças necessárias para o ajuste das 
práticas, o que demanda do gestor público a rápida atuação sempre que os 
objetivos não tiverem sido atingidos conforme o planejado. Na prática, podemos 
exemplificar com um caso em que a despesa com pessoal excedeu os limites 
previstos na LRF, momento em que deverão ser tomadas medidas para que 
esse gasto regresse aos limites estabelecidos.
O conceito de gestão responsável também adota o equilíbrio das contas 
públicas como preceito fundamental para o desenvolvimento da nação. Por-
tanto, gastar apenas o que se arrecada é a melhor equação. Para viabilizar 
esse princípio, os gestores devem seguir de forma linear o que foi planejado, 
pensando em atingir o maior número de pessoas possível. Diante disso, poderá 
surgir a seguinte questão: o ente público poderá se endividar? A esse respeito, 
a LRF (BRASIL, 2000a) dispõe sobre dívida e endividamento público, defi-
nindo parâmetros para a sua execução e limites para os entes nacionais por 
intermédio de resoluções aprovadas pelo Senado Federal.
Em suma, a LRF propiciou à sociedade uma forma legítima de acompanha-
mento e fiscalização das contas públicas por meio dos instrumentos instituídos 
pela lei, fazendo com que os cidadãos possam participar efetivamente da 
construção legal.
7Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal
C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 7 05/04/2018 14:53:03
1. Leia o que segue e assinale a 
alternativa correta. As normas da 
LRF (BRASIL, 2000a) dispõem sobre:
I. orçamento público.
II. receita pública.
III. despesa pública.
IV. endividamento.
a) As afirmativas I e IV 
estão corretas.
b) As afirmativas II, III e 
IV estão corretas.
c) As afirmativas I e III estão corretas.
d) As afirmativas I, III e IV 
estão corretas.
e) Todas as afirmativas 
estão corretas.
2. Considere a seguinte afirmação: “É 
soma dos gastos da administração 
pública para atender as necessidades 
coletivas, tanto econômicas quanto 
sociais, e para cumprir com as 
responsabilidades institucionais”. 
Essa frase conceitua qual instituto 
das finanças públicas?
a) Despesa pública.
b) Receita pública.
c) Orçamento público.
d) Concessão de garantias.
e) Planejamento financeiro.
3. No seu texto, a LRF (BRASIL, 
2000a) adotou como referência as 
legislações de países como: 
a) Inglaterra e Austrália.
b) Austrália e Nova Zelândia.
c) China e Coréia do Sul.
d) Nova Zelândia, Estados Unidos 
e alguns países da Europa.
e) Estados Unidos e Coréia do Sul.
4. Após a implementação de qual 
legislação, junto com a LRF, 
as autoridades e os agentes 
públicos ficaram passíveis de 
responsabilização criminal pela má 
gestão dos recursos públicos?
a) Lei nº. 10.028, de 19 de 
outubro de 2000.
b) Lei nº. 4.320, de 17 de 
março de 1964.
c) Lei nº. 5.172, de 25 de 
outubro de 1966.
d) Constituição Federal.
e) Lei nº. 6.830, de 22 de 
setembro de 1980.
5. Como se originou a LRF?
a) De uma demanda da população 
por intermédio de um plebiscito.
b) De um projeto enviado pelo 
Governo ao Congresso Nacional.
c) De uma proposta do 
Congresso Nacional.
d) De um projeto do Senado.
e) Nenhuma das alternativas 
anteriores.
Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal8
C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 8 05/04/2018 14:53:04
ALBUQUERQUE, C.; MEDEIROS, M.; FEIJÓ, P. H. Gestão de finanças públicas: fundamentos 
e práticas de planejamento, orçamento e administração financeira com responsabi-
lidade fiscal. 2. ed. Brasília, DF: Gestão Pública, 2008.
BALEEIRO, A. Uma introdução à ciência das finanças. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 dez. 2016.
BRASIL. Lei complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças 
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. 
Brasília, DF, 2000a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/
Lcp101.htm>. Acesso em: 10 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Finan-
ceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, 
dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, DF, 1964. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L4320.htm>. Acesso em: 14 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº. 10.028, de 19 de outubro de 2000. Altera o Decreto-Lei

Continue navegando