Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO 2 SUMÁRIO Unidade 1: Carga Tributária e Gastos públicos ................................................................................. Unidade 2: Classificação orçamentária: receita e da despesa ........................................................... Unidade 3: Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal ....................... Unidade 4: Orçamento públicos ......................................................................................................... Unidade 5: Planejamento do Orçamento Público .............................................................................. Unidade 6: Sistema de controle externo na administração pública .................................................... 3 INTRODUÇÃO Assumir a postura de um profissional que se apresente como mediador do conhecimento é compreender a diversidade e as complexidades que surgem na individualidade de cada educando diante de suas necessidades e potencialidades. Estudar em EaD não é uma tarefa tão fácil como muitos pensam, os desafios são constantes. Vale ressaltar que esta modalidade também permite muitas vantagens na aquisição de um curso superior, como a possibilidade da interatividade entre colegas, tutores e técnicos administrativos que auxiliam na construção da aprendizagem dentro do conforto de sua casa. O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) disponibiliza uma gama de recursos, tecnologias da comunicação e ferramentas de apoio à aprendizagem que permitem a interação acima, entre elas estão: fóruns, chats, videoconferências, simulações e exercícios on-line. Não poderíamos esquecer que muitas pessoas gostam de ler e estudar o material de maneira física, fazendo suas anotações, grifos e dialogando com os autores a partir de comentários ou apresentando dúvidas para serem sanadas pelo tutor ou para serem compartilhada com os colegas. Buscando mais uma alternativa para apoiar os(as) alunos(as) em seus estudos, esta coletânea foi elaborada com o objetivo de facilitar a impressão de todos os capítulos de livros que estão disponibilizados no Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA) para quem deseja estudar no material físico sem precisar imprimir os arquivos separados por unidades. Desta forma, o aluno poderá ter acesso a todos os textos que serão fundamentais para as atividades da disciplina em um só material. Bom trabalho e aproveite cada instante da oportunidade de construir conhecimento, pois este é um pilar fundamental para sua formação. Um abraço, Equipe Pedagógica FUNDAMENTOS DE ECONOMIA Rosangela Aparecida da Silva Carga tributária e gastos públicos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o papel do setor público na economia. Identificar os instrumentos de política fiscal. Analisar a utilização da política fiscal expansionista e contracionista. Introdução Neste capítulo, você vai entender quais são as funções do governo e os objetivos que ele teoricamente deseja alcançar para atender ao bem- -estar da sociedade. Você também vai estudar as políticas fiscais e as políticas tributárias e vai verificar de que maneira estas, juntamente com os gastos públicos, afetam o funcionamento da economia de uma região e de seus indicadores. O papel do governo na economia O governo é um agente econômico muito importante em economias tanto socialistas quanto capitalistas — apesar de ter sua atuação limitada no segundo caso. No que se refere às economias capitalistas, o governo é mais resistente em interferir nos mercados. Isso só tende a acontecer quando os desequilíbrios em alguns mercados, em termos de preços e distribuição de bens e serviços, forem grandes demais a ponto de o próprio mercado não conseguir ajustá-lo, como no caso de monopólios. O governo atua também no sentido de tentar equilibrar os mercados fi- nanceiros, de onde provém o dinheiro para o financiamento da economia, e os mercados produtivos, de onde surgem o que se produz em termos de bens e serviços em uma economia, dando origem ao emprego e ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Logo, trata-se de um papel difícil e passível de controvérsias, visto que, em toda política macroeconômica governamental, existirão partes que se beneficiam e partes que recebem o ônus das intervenções do setor público. Isto é importante salientar: nenhuma política macroeconômica é feita só de benefícios; o importante é escolher o que acarreta mais benefícios aos agentes econômicos do que custos. Mas como o governo deve escolher o que fazer, então? De acordo com a teoria da escolha pública (TEP), destacada por Samuel- son e Nordhaus (2012) e Biderman e Arvate (2004), não existe mecanismo ideal que possa transformar as escolhas individuais em escolhas públicas. A verdade é que fatores como regras e instituições públicas adequadas podem sim melhorar a qualidade das decisões públicas e diminuir suas disparidades quanto à eficiência econômica e à distribuição de renda. Mas quais são essas regras? Entre outras, são: A garantia de procedimentos e regras democráticas previstas em lei que facilitem que as decisões sejam de acordo com o que a maioria da sociedade deseja, e não por interesses individuais que não refletem o desejo da população. O tempo de atuação do gestor público eleito. Como são financiadas as eleições. A forma como são aprovados os projetos pelos poderes governamentais. O intercâmbio de votos para projetos dentro do poder legislativo e entre o poder executivo e o legislativo, que pode acabar distorcendo aquilo que a sociedade deseja de fato. Para saber mais sobre a teoria da escolha pública (TEP) e a teoria da escolha social (TES) no Brasil e suas nuances, leia o livro Economia do setor público no Brasil, de Biderman e Arvate (2004), que trata de vários fatores a serem considerados na escolha de políticas públicas do país. Em uma economia de mercado capitalista, a tendência é o governo só interferir quando há falhas de mercado, tentando corrigi-las, e é isso que veremos agora. Carga tributária e gastos públicos2 Falhas de mercado As falhas de mercado existem porque a grande maioria dos mercados são organizados de forma imperfeita, e há assimetria de informações. Se todos os mercados funcionassem como Adam Smith previa em seu livro célebre A riqueza das nações (1776), o governo não precisaria interferir, pois o mercado, por si só, por meio do equilíbrio da oferta e demanda de bens e serviços, se autoajustaria — trata-se da chamada mão invisível. Ocorre que não há concorrência perfeita em todos os mercados, como previa o pensador, e nem todos os agentes de mercado (consumidores, produtores e governo) possuem informações iguais para tomarem decisões ditas racionais, já que a informação é assimétrica, segundo Samuelson e Nordhaus (2012). No que se refere aos mercados, o setor público tende a interferir em setores onde a concorrência é imperfeita — como nos monopólios e oligopólios onde há formação de cartéis —, atuando com políticas institucionais de regulação e fiscalização — com agências específicas por setor ou órgão regulador central, como o Conselho Administrativo de Direito Econômico — e talvez até no provimento de bens públicos. Ele faz isso porque, nesses mercados, há uma tendência de os consumidores serem prejudicados em relação aos preços e, talvez, à qualidade dos bens e serviços e ao tipo de distribuição, devido à falta de concorrência. Os chamados bens públicos são oferecidos pelo governo quando o setor privado não tem interesse econômico em oferecê-los, porque não dão retorno em termos de lucro ou porquenão há regras institucionais adequadas que garantam a manutenção de retornos financeiros nesses mercados. Os chamados bens públicos de uso comum da sociedade, em seu sentido puro, são aqueles a que todos têm acesso e não são rivais, ou seja, não excluem ninguém do seu uso. Exemplos de bens tangíveis são ruas, praças, mares, rios, entre outros. São exemplos de bens intangíveis: justiça, segurança pública e defesa nacional, segundo Giambiagi e Além (2011). Também podem ser oferecidos bens dentro da esfera pública quando estes envolvem o uso dos recursos naturais não recuperáveis do país, bens que são 3Carga tributária e gastos públicos considerados essenciais para a sociedade e que têm que ser utilizados de forma a garantir a sustentabilidade dos mesmos no longo prazo (é o caso do petróleo, dos minérios, da água, entre outros). Porém, é importante salientar que o oferecimento de bens públicos deve ser amplamente debatido entre todas as esferas da sociedade, para evitar que a sua operacionalização, em vez de gerar eficiência econômica, gere mais custos futuros para a Nação. Nesse caso, ao tentar corrigir uma falha de mercado, pode estar sendo criada uma falha de governo, e, assim, também podem ser geradas diferenças de renda e de acesso a bens e serviços por parte da população, conforme Biderman e Arvate (2004). Funções do governo De acordo com o que vimos até o momento, pode-se inferir que o governo tem, no geral, funções específi cas. Mas quais são essas funções, explicitamente? São elas, de acordo com Giambiagi e Além (2011): Função alocativa: refere-se ao fornecimento de bens públicos que a iniciativa privada, por algum motivo, não oferece e também ao provi- mento de recursos públicos, como serviços de educação e saúde, que atendam às necessidades da sociedade. Função distributiva: está ligada à distribuição de renda dentro da socie- dade. O governo deve trabalhar de forma a fazer ajustes que permitam que prevaleça uma distribuição de renda considerada justa pela socie- dade. Em tese, essa função visa a diminuir as disparidades de renda entre os cidadãos de um país ou região. Função estabilizadora: conforme Giambiagi e Além (2011, p. 10), “[...] tem como objetivo a política econômica visando a um alto nível de emprego, à estabilidade dos preços e à obtenção de uma taxa apropriada de crescimento econômico”. Nesse sentido, como o governo pode realizar essas funções? Existem vários instrumentos de políticas macroeconômicas, mas um dos principais e que pode atingir no curto e longo prazo esses objetivos é a adoção de políticas fiscais. Carga tributária e gastos públicos4 São instrumentos de políticas macroeconômicas praticadas pelo governo, segundo Vasconcellos e Garcia (2014): Política monetária: mexe com a quantidade de dinheiro em circulação na economia e é feita por meio do Banco Central. Política fiscal: é a política de receitas (política tributária) e de gastos do governo. Política de renda: interfere diretamente na renda da população. Política comercial e cambial: refere-se à política de comércio exterior do país e também ao valor da moeda nacional em moeda estrangeira. Instrumentos de política fiscal Para alcançar os objetivos macroeconômicos — quais sejam, estabilização da economia, crescimento do emprego e da renda nacional, desenvolvimento econômico e equidade de renda —, precisamos dos chamados instrumentos de política macroeconômica, no caso, aqui, a política fi scal. As políticas fiscais só podem ser implementadas pelo poder executivo (presidente, no caso do Brasil) depois de aprovadas pelo Congresso Nacional (no caso do Brasil, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal), o que pode demorar muito, dependendo da base de interesse dessas casas, de suas agendas e da legislação vigente. Essas políticas fiscais, que são as políticas de receitas (tributos) e gastos do governo, servem para estimular ou inibir os gastos do setor privado em consumo e em investimento e, assim, ajudar a alcançar alguns dos objetivos governamentais antes mencionados, conforme Vasconcellos e Garcia (2014). Política tributária Para atender à população no que se refere às suas funções, o governo precisa cobrar impostos, tarifas e multas, que são suas principais fontes de receitas, para, assim, obter recursos que teoricamente servirão para fi nanciar suas ações. Receita pública é o conjunto de recursos financeiros que ingressam nos cofres públicos e tem por finalidade atender às diversas demandas da sociedade, como saúde, educação, segurança, infraestrutura, dentre outras. O ente pú- 5Carga tributária e gastos públicos blico obtém recursos financeiros a partir da cobrança de impostos, taxas, contribuições, aquisição de empréstimos, alienação de bens, transferências de outros entes públicos ou privados etc. (TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA, [2018]). A forma como são cobrados os impostos é motivo de controvérsia em vários países, sobretudo no Brasil. Teoricamente, a cobrança de impostos deveria atender às funções do governo, principalmente no que se refere à distribuição de renda. Mas, dependendo da implementação e de como é fiscalizada a arrecadação do tributo, a distribuição de renda pode até piorar. Giambiagi e Além (2011) afirmam que, pelo conceito de equidade, cada contribuinte deve ‘colaborar’ com uma parcela justa de impostos para suprir a necessidade que o governo tem de gastos. Mas o que seria uma parcela justa? Para melhorar o entendimento sobre o assunto, entram dois princípios, de acordo com os mesmos autores: Princípio do benefício: segundo esse princípio, o cidadão deveria pagar impostos de acordo com aquilo que ele tem de benefícios do setor pú- blico. Esse princípio é de difícil implementação, visto que é complicado mensurar quanto cada pessoa usufrui de bens ou recursos públicos, e não contribui efetivamente para uma melhor da distribuição de renda; funciona mais no que se refere à função alocativa. Princípio da capacidade de pagamento: é o mais utilizado, pois a inci- dência tributária se dá sobre a capacidade de pagamento do cidadão, seja via imposto sobre a renda, sobre o consumo ou mesmo sobre a riqueza, o que, teoricamente, cumpre melhor a função de distribuição de renda. O problema aqui está sobre a implementação do imposto, que pode ficar em cascata (imposto sobre imposto), pois, se o governo já cobra imposto sobre a renda, por exemplo, a riqueza de certa forma já está sendo taxada se foi implementado o imposto de forma abrangente, o que é bem complicado. Ainda discutindo formas de tributação que atendam melhor à equidade de renda do país e gerem receitas para o governo, Giambiagi e Além (2011) introduzem os conceitos de impostos progressivos e regressivos: Impostos progressivos: são aqueles que têm alíquotas maiores de acordo com a renda da pessoa, ou seja, quem tem renda maior tende a pagar maiores impostos do que as pessoas de baixa renda. Carga tributária e gastos públicos6 Impostos regressivos: são o contrário dos progressivos e têm a tendência de piorar a distribuição de renda. Para saber mais sobre a política tributária no Brasil e suas peculiaridades, leia a parte da teoria da tributação do livro de Giambiagi e Além (2011), Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil, pp. 17 a 31. Ainda dentro da discussão sobre política tributária, está a discussão de imposto com alíquota única, que, no Brasil, não tende a melhorar a equidade de renda e ainda pode piorar a função alocativa de bens e serviços, já que os setores são diferentes, têm número de concorrentes e consumidores distintos e, portanto, devem ser analisados em separado, para o bem da sociedade no todo. Alguns impostos do Brasil Impostos diretos: são aqueles que incidem direto sobre a renda das pessoas físicas e jurídicas. Exemplo: Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), em que o imposto é cobrado de forma progressiva, ou seja, quanto maior sua renda, maior a alíquotado imposto. Impostos indiretos: são aqueles que incidem sobre produção e consumo. Exemplo: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que incide apenas sobre o consumo. O problema que muitos discutem é que talvez o ICMS e outros impostos indiretos sejam regressivos, pois recaem apenas sobre o consumo, e não sobre o dinheiro que poupamos. Logo, a classe mais baixa, que ocupa quase toda sua renda com consumo (pois ganha pouco), sobretudo de alimentos, acaba pagando muitos impostos indiretos (estes acabam sendo regressivos no país, não melhorando a distribuição de renda). Veja mais sobre o tema nos links abaixo: https://goo.gl/SYRDX5 https://goo.gl/SRREUB 7Carga tributária e gastos públicos É necessário estudar profundamente a economia, a cultura e a legislação de um país ou região para elaborar uma política tributária para o mesmo. Cargas de impostos maiores, em uma situação de crise econômica, por exemplo, podem diminuir a arrecadação, e não aumentar. Isso pode ocorrer por vários motivos: porque as pessoas tendem a incorrer em inadimplência devido à crise e/ou porque as rendas e, consequentemente, o consumo realmente diminuíram e a receita tributária total tende a diminuir (mesmo com aumento da alíquota ou, até mesmo, por causa dela). Finalizando, Giambiagi e Além (2011, p. 20) colocam que “a passagem da teoria para a prática é complexa tendo em vista a necessidade de se adaptar a legislação tributária às realidades do sistema econômico”. Política de gastos As políticas de gastos se referem às despesas e aos custos que o setor público tem para manter a máquina pública em funcionamento. São exemplos de gastos públicos os gastos com previdência social, funcionalismo público, subsídios governamentais, prédios públicos, empresas estatais, administração pública, juros da dívida pública, infraestrutura, justiça, educação, saúde e segurança, entre outros, conforme explicam Samuelson e Nordhaus (2012). Para saber mais sobre os gastos públicos no Brasil, acesse o link ou código a seguir: https://goo.gl/rwCaZd Gastos a mais do governo, em qualquer área, vão gerar necessidades a mais de receitas atuais ou futuras, que, em geral, o governo não tem recursos para suprir, o que incorrerá em maior dívida pública. Organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, defendem a diminuição dos gastos públicos, requisito imprescindível quando um país faz pedidos de empréstimos. Mas a principal questão a ser debatida é o quanto cada gasto traz de retorno futuro para a sociedade. Se o gasto é feito em setores que fazem desenvolver a Carga tributária e gastos públicos8 economia, provavelmente, no futuro, existirão mais recursos de tributos, devido ao desenvolvimento e ao aumento da renda da população. Todos os gastos têm que ser analisados individualmente e com indicadores de horizontes de tempo, para verificar a possibilidade de impactos positivos nas contas públicas. O governo deve eleger setores prioritários para realizar os gastos públicos, e, provavelmente, uma parte da população não ficará satisfeita com isso — é a ótica de que bônus para uns geram ônus para outros. Por isso, é de vital importância a escolha racional, por parte da sociedade, dos administradores públicos de uma região. John Maynard Keynes, em 1936, com o seu livro Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, conseguiu dar a largada para o que muitos chamam na economia de era keynesiana, conforme Vasconcellos e Garcia (2014). Keynes defendia o aumento dos gastos públicos para estimular a demanda agregada (consumo da população) e, assim, estimular a produção nacional e o emprego. Após a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, as teorias de Keynes foram largamente utilizadas pelos países de modo a tentar sanar suas crises internas. Na atualidade, os novos keynesianos ajustaram essa teoria de forma a controlar a inflação (aumento do nível geral de preços), para que esta não afetasse negativamente a economia no longo prazo devido ao maior gasto público. Veja mais em: https://goo.gl/94sTVT Políticas fiscais expansionista e contracionista As políticas fi scais expansionistas estão ligadas ao aumento dos gastos do governo, de modo a aumentar o consumo na economia e, por consequência, a produção nacional (PIB) e o emprego no país ou região. São feitas por meio do aumento dos gastos do governo e/ou da diminuição da carga tributária, conforme Vasconcellos e Garcia (2014). Essas políticas expansionistas são nitidamente originárias da era keynesiana. Já as políticas fiscais contracionistas tendem a fazer o contrário, ou seja, são restritivas e tendem a diminuir os gastos do governo e/ou aumentar a carga tributária, diminuindo o consumo na economia para diminuir a inflação (aumento do nível geral de preços). 9Carga tributária e gastos públicos Fazer um planejamento fiscal não é fácil e requer muita habilidade do gestor público, pois ele não está servindo apenas a um dono de empresa ou a alguns consumidores, e sim a uma população de uma região, o que é bem mais complicado. Cabe a essa população escolher o gestor que melhor servirá aos seus anseios e que saiba gerir os recursos financeiros buscando permanentemente o bem-estar social. BIDERMAN, C.; ARVATE, P. (Org.). Economia do setor público no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA. Portal do Cidadão. Receitas públicas. [2018]. Disponível em: <http://portaldocidadao.tce.sc.gov.br/homesic.php?id=420460&idme nu=municipio&menu=govern.>. Acesso em: 1 out. 2018. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. Leituras recomendadas DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 10. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2009. MANKIW, N. G. Introdução à economia: edição compacta. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002. Carga tributária e gastos públicos10 Conteúdo: PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO Jorge Vieira da Silva Classificação orçamentária: receita e despesa Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir receitas orçamentárias e as suas competências. Especificar a codificação e classificação das receitas orçamentárias. Indicar a classificação orçamentária e as principais etapas das despesas do orçamento. Introdução Enquanto instrumento disciplinador das finanças públicas que auxilia no planejamento e controle das ações de gestão, o orçamento público no Brasil tem um padrão de identificação de receitas e de despesas que orienta gestores e funcionários públicos no planejamento e controle de suas atividades. Neste capítulo, você vai estudar a receita orçamentária e a competência contábil para fins de orçamento. Você também vai compreender a codificação e a classificação das receitas orçamentárias por categoria econômica, por origem e por espécie, entre outras classificações. Por fim, você vai verificar a classificação orçamentária de despesas e as principais etapas da codificação das despesas do orçamento. Receitas orçamentárias e suas competências O termo receita, na contabilidade empresarial, corresponde ao recurso fi nan- ceiro proveniente da venda de bens ou serviços. Derivada desse conceito, a receita pública, na contabilidade pública brasileira, é o montante de recursos fi nanceiros recolhido pelo Tesouro Nacional e por outras esferas de governo, via tributos (impostos, taxas e contribuições) e outras fontes. Esse montante é incorporado ao patrimônio do Estado com os objetivos de custear as despesas públicas e fi nanciar os investimentos públicos. A Secretaria do Tesouro Nacional (STN), conceituando a receita contábil empresarial e a receitapública, faz afirmação similar quando coloca que “Receita Pública é uma derivação do conceito contábil de Receita agregando outros conceitos utilizados pela administração pública em virtude de suas peculiaridades” (BRASIL, 2005, documento on-line). A STN, ao comparar a receita da contabilidade empresarial à receita pública na contabilidade pú- blica brasileira, reconhece que esta última está de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade. Nesse sentido, a STN (BRASIL, 2005, documento on-line) afirma que: [...] essas peculiaridades não interferem nos resultados contábeis regulamen- tados pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC, por meio dos Princípios Fundamentais, até porque, a macromissão da contabilidade é atender a todos os usuários da informação contábil, harmonizando conceitos, princípios, normas e procedimentos às particularidades de cada entidade. Ao longo dos anos, a STN tem publicado orientações e procedimentos atualizados para a elaboração e o controle do orçamento público, incluindo eventuais modifica- ções na lei. Neste capítulo, estão destacadas duas publicações da STN: o Manual de Procedimentos do Tesouro Nacional, de 2005 (BRASIL, 2005), e o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), 8ª edição, de 2018 (BRASIL, 2018), válido para 2019. Essas duas publicações trazem conceitos claros e descrevem as orientações e os procedimentos de elaboração e controle do orçamento público no Brasil. São também boas referências e leituras recomendadas. Uma dica para quem quiser se manter atualizado é checar sempre novas publicações da STN. Receitas orçamentárias A Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964 (BRASIL, 1964), distingue os in- gressos de recursos fi nanceiros de todos os entes da federação, ou seja, a entrada de recursos fi nanceiros nos caixas das entidades públicas, e os classifi ca em dois grupos: ingressos orçamentários e extraorçamentários. A STN defi ne que os ingressos orçamentários “[...] são aqueles pertencentes ao ente público, arrecadados exclusivamente para aplicação em programas Classificação orçamentária: receita e despesa2 e ações governamentais. Estes ingressos são denominados Receita Pública” (BRASIL, 2005, documento on-line). Em relação aos ingressos extraorçamentários, é importante perceber que estes, embora entrem nos cofres públicos, não pertencem à União, aos estados, aos municípios ou ao Distrito Federal. O governo tem sua custódia, mas não sua propriedade. Assim, a STN (BRASIL, 2005, documento on- -line) define que “Os ingressos extraorçamentários são aqueles pertencentes a terceiros arrecadados pelo ente público exclusivamente para fazer face às exigências contratuais pactuadas para posterior devolução. Estes ingressos são denominados recursos de terceiros”. A Lei nº. 4320/1964 é a lei federal que estabelece normas para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal (BRASIL, 1964). Essa Lei é o principal documento de orçamento público no Brasil e de referência para este capítulo. No contexto dessas definições, é importante ressaltar o fato de que o ingresso de recursos nem sempre é receita pública. A STN (BRASIL, 2017, documento on-line), nesse sentido, coloca que, “Em sentido amplo, os ingressos de recursos financeiros nos cofres do Estado denominam-se receitas públicas, registradas como receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos financeiros para o erário, ou ingressos extraorçamentários, quando representam apenas entradas compensatórias”. Em outras palavras, em sentido estrito, denominam-se públicas apenas as receitas orçamentárias. Isso porque “[…] ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, do qual o Estado é mero agente depositário” (BRASIL, 2017, documento on-line). Receitas orçamentárias, de acordo com a STN (BRASIL, 2018, documento on-line), são “Disponibilidades de recursos financeiros que ingressam durante o exercício e que aumentam o saldo financeiro da instituição”. Continuando a definição, a STN traz que estas receitas são o “Instrumento por meio do qual se viabiliza a execução das políticas públicas, ou seja, as receitas orçamentárias são fontes de recursos utilizadas pelo Estado em pro- gramas e ações cuja finalidade precípua é atender às necessidades públicas 3Classificação orçamentária: receita e despesa e demandas da sociedade” (BRASIL, 2018, documento on-line). Assim, a receita obtida na cobrança de impostos, por exemplo, é uma receita pública, uma receita orçamentária. Já a entrada de dinheiro referente a um depósito judicial não pertence ao Estado, que é um mero custodiante. Nesse último caso, trata-se de um ingresso extraorçamentário. É importante ficar atento às diferentes definições listadas a seguir. Ingresso de recursos financeiros nos cofres do Estado podem ser ingressos de receitas públicas (orçamentárias) ou ingressos de receitas extraorçamentárias. Receitas orçamentárias são aquelas que fazem parte do orçamento público. São os ingressos de recursos financeiros nos cofres do Estado, quando representam disponibilidades de recursos financeiros para o erário (caixa). São também chamadas de receitas públicas, por exemplo, no ingresso de recursos referentes a impostos. Receitas extraorçamentárias não fazem parte do orçamento público. O Estado é mero agente depositário. Por esse motivo, não são consideradas receitas públicas, por exemplo, os ingressos de recursos referentes a depósitos judiciais. Competências das receitas orçamentárias A contabilidade geral defi ne dois regimes para os registros contábeis: o regime de competência e o regime de caixa. O regime de competência é aquele que faz o registro contábil de receitas e despesas de acordo com o período de sua realização. O regime de caixa é aquele que faz o registro contábil de acordo com as entradas e saídas no caixa, na tesouraria da empresa. Os dois regimes — competência e caixa — não são excludentes. Devem ser trabalhados em conjunto, um para planejamento e controle de resultados e o outro para planejamento e controle do fluxo de caixa. O regime de competência registra resultados de receitas e despesas de um período, enquanto o regime de caixa faz o registro de entradas e saídas de recursos financeiros. No caso das empresas, os resultados são apresentados no relatório de Demonstração de Resultados do Exercício, e as entradas e saídas de caixa são demonstradas no relatório de Demonstração dos Fluxos do Caixa. Classificação orçamentária: receita e despesa4 Exemplos de regime de competência e regime de caixa na contabilidade geral. Pelo regime de competência, em uma empresa, quando a venda de um bem ou serviço foi realizada no mês de maio, ela será registrada no mês maio, mês de sua competência, independentemente de essa venda ter sido feita à vista, com recebimento do dinheiro em maio, ou a prazo, com recebimento do dinheiro em outro mês. Pelo regime de caixa, se uma venda foi feita no mês de maio, mas para ser paga no mês de junho, ela é registrada pelo regime de competência no mês de maio, mas com registro de recebimento pelo regime de caixa para o mês de junho. Exemplo de regime de competência e regime de caixa na contabilidade pessoal. Um trabalhador fez sua declaração de imposto de renda referente ao ano de 2018 e descobriu que terá que pagar uma diferença de imposto ao governo em 2019. Nesse caso, a competência é o ano de 2018 (o imposto compete à 2018), e o pa- gamento pelo regime de caixa é feito no ano de 2019. No orçamento público, adota-se um regime misto, que combina o regime de caixa e o regime de competência. No Brasil, a Lei nº. 4320/1964 (BRASIL, 1964) define o regime de competência para as despesas e o regime de caixa para as receitas. Desse modo: as receitas são reconhecidas no momento de seu efetivo recebimento (regime de caixa); e as despesas são reconhecidas quando são efetuadas,independentemente do período de seu pagamento (regime de competência). O art. 35 da Lei nº. 4.320/1964 estabelece que “[…] pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas; II – as despesas nele legalmente empenhadas” (BRASIL, 1964, documento on-line). Isso porque o art. 35 se refere ao regime orçamentário, e não ao regime contábil (patrimonial) aplicável ao setor público para reconhecimento de ativos e passivos. A receita orçamentária segue o regime de caixa e é reconhecida somente no momento da sua arrecadação. A despesa segue o regime da anualidade orçamentária e é reconhecida no momento de seu empenho, ou seja, quando é realizada, de acordo com a legislação orçamentária. 5Classificação orçamentária: receita e despesa Exemplo de registro de despesa. Um funcionário público que tenha trabalhado durante o mês de maio terá a despesa referente a seu salário registrada contabilmente pelo regime de competência no mês de maio (a despesa do salário compete ao mês de maio), mesmo que este venha a receber seu salário no início do mês de junho. Exemplo de registro de receita. A Receita Federal, todo ano, faz uma previsão de recebimentos de pessoas físicas que têm imposto de renda a pagar. Todavia, o registro desses recebimentos, para efeito da execução do orçamento, é feito somente no seu efetivo recebimento, quando o dinheiro entra no caixa, independentemente do ano a que se refere o imposto ou da data de vencimento do pagamento para o contribuinte. Codificação e classificação das receitas orçamentárias A STN afi rma que: A classificação da receita orçamentária é de utilização obrigatória para todos os entes da Federação, sendo facultado seu desdobramento para atendimento das respectivas peculiaridades e que, nesse sentido, as receitas orçamentárias são classificadas segundo os seguintes critérios: a. Natureza; b. Fonte/Des- tinação de Recursos; e c. Indicador de Resultado Primário (BRASIL, 2018, documento on-line, grifo nosso). No caso da União, a STN coloca que “[…] o detalhamento das classificações orçamentárias da receita, no âmbito da União, é normatizado por meio de portaria da Secretaria de Orçamento Federal” (BRASIL, 2018, documento on-line). Classificação da receita orçamentária por natureza A classifi cação da receita orçamentária por natureza visa a identifi car a origem do recurso segundo o fato gerador, ou seja, pelo acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita nos cofres públicos. A Lei nº. 4.320/1964, em seu art. 8º, § 1º, defi ne que os itens da discriminação da receita devem ser identifi cados por números de código decimal (BRASIL, 1964). Convencionou- Classificação orçamentária: receita e despesa6 -se denominar esse código de natureza de receita. Desse modo, a natureza de receita é a menor célula de informação no contexto orçamentário para as receitas públicas e contém todas as informações necessárias para as devidas alocações orçamentárias.Em âmbito federal, a codifi cação da classifi cação da receita por natureza da receita é normatizada por meio de portaria da Secretaria de Orçamento Federal (SOF). Para estados, Distrito Federal e municípios, é feita por meio de portaria da SOF em conjunto com a STN. Na União, utiliza-se uma estrutura de formação dos códigos da classificação que tem como objetivo associar, de forma imediata, a receita principal com aquelas dela originadas. Essa associação é efetuada por meio de um código numérico de oito dígitos, cujas posições ordinais têm o seguinte significado (BRASIL, 2018): C — Categoria econômica; O — Origem; E — Espécie; DDDD — Desdobramentos para identificação de peculiaridades da receita; T — Tipo. Categoria econômica A Lei nº. 4.320/1964, em seu art. 11, classifi ca as receitas orçamentárias por categoria econômica (BRASIL, 1964), podendo ser receitas correntes (código de categoria econômica “1”) ou receitas de capital (código de categoria eco- nômica “2”). A STN defi ne as receitas correntes como aquelas arrecadadas dentro do exercício fi nanceiro. Essas receitas aumentam as disponibilidades fi nanceiras do Estado e constituem instrumento para fi nanciar os objetivos defi nidos nos programas e nas ações orçamentárias, com vistas a satisfazer fi nalidades públicas. Com o objetivo de esclarecer o que considera como receitas correntes, a STN exemplifi ca, dizendo que as receitas correntes são: As receitas provenientes de tributos; de contribuições; da exploração do patrimônio estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econômicas (Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes); por fim, demais receitas que não se enquadram nos itens anteriores, nem no conceito de receita de capital (Outras Receitas Correntes) (BRASIL, 2018, documento on-line). 7Classificação orçamentária: receita e despesa A STN também define as receitas de capital como aquelas arrecadadas dentro do exercício financeiro. Essas receitas aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Segundo a STN, porém, de forma diversa das receitas correntes, as receitas de capital, em geral, não provocam efeito sobre o patrimônio líquido. De modo a exemplificar as receitas de capital, a STN aponta essas receitas como “[...] provenientes tanto da realização de recursos financeiros oriundos da cons- tituição de dívidas e da conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto de recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital” (BRASIL, 2017, documento on-line). Além das receitas correntes e das receitas de capital, existem também as receitas de operações intraorçamentárias. Essas receitas se referem às operações que são comumente realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade social. Elas não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos, mas apenas uma movimentação de receitas entre diferentes órgãos. Desse modo, para diferenciá-las das receitas correntes e de capital, as receitas correntes intraorçamentárias e receitas de capital intraorça- mentárias são representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas categorias econômicas — ou seja, não constituem novas categorias econômicas de receita, mas apenas especificações das categorias econômicas “receita corrente” e “receita de capital”. Um exemplo de receita intraorçamentária são as transferências de receitas da União para estados ou municípios — ou seja, não se trata de uma nova receita, mas, simplesmente, de uma transferência entre esferas de governo. Os códigos da classificação de receitas por categoria econômica são os seguintes (BRASIL, 2018): 1 — Receitas correntes; 7 — Receitas correntes intraorçamentárias; 2 — Receitas de capital; 8 — Receitas de capital intraorçamentárias. Origem A classifi cação de origem é o detalhamento das categorias econômicas “receita corrente” e “receita de capital”, cujo objetivo é identifi car a procedência das Classificação orçamentária: receita e despesa8 receitas quando ingressam nos cofres públicos. O Quadro 1 a seguir mostra a classifi cação por origem. Fonte: Adaptado de Brasil (2018). Origem da receita 1 — Receitas correntes 7 — Receitas correntes intraorçamentárias 2 — Receitas de capital 8 — Receitas de capital intraorçamentárias 1 — Impostos, taxas e contribuições de melhoria 2 — Contribuições 3 — Receita patrimonial 4 — Transferências de capital 5 — Receita industrial 6 — Receita de serviços 7 — Transferências correntes 9 — Outras receitas correntes 1 — Operações de crédito 2 — Alienação de bens 3 — Amortização de empréstimos4 — Receita agropecuária 9 — Outras receitas de capital Quadro 1. Codificação de receitas orçamentárias por origem Espécie Espécie é o nível de classifi cação vinculado à origem que permite qualifi car com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo, na origem “con- tribuições”, identifi cam-se as espécies “contribuições sociais”, “contribuições econômicas”, “[...] contribuições para entidades privadas de serviço social e de formação profi ssional” e “[...] contribuição para custeio de iluminação pública” (BRASIL, 2018). Desdobramentos para identificação de peculiaridades da receita Os desdobramentos para identifi cação de peculiaridades da receita têm quatro dígitos. Sua utilização tem o objetivo de identifi car as particularidades de cada receita, caso seja necessário. Esses dígitos podem ou não ser utilizados, observando-se a necessidade de especifi cação do recurso pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. 9Classificação orçamentária: receita e despesa Tipo O tipo, que correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a fi nalidade de identifi car o tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo (BRASIL, 2018, documento on-line): 0 — quando se tratar de natureza de receita não valorizável ou agregadora; 1 — quando se tratar da arrecadação principal da receita; 2 — quando se tratar de multas e juros de mora da respectiva receita; 3 — quando se tratar de dívida ativa da respectiva receita; 4 — quando se tratar de multas e juros de mora da dívida ativa da respectiva receita; 5 — quando se tratar das multas da respectiva receita quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das multas da destinação dos juros de mora, situação na qual não poderá ser efetuado registro de arrecadação no tipo “2 — multas e juros de mora”; 6 — quando se tratar dos juros de mora da respectiva receita, quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das multas da destinação dos juros de mora, situação na qual não poderá ser efetuado registro de arrecadação no tipo “2 — multas e juros de mora”; 7 — quando se tratar das multas da dívida ativa da respectiva receita, quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das multas da dívida ativa da destinação dos juros de mora da dívida ativa, situação na qual não poderá ser efetuado registro de arrecadação no tipo “4 — multas e juros de mora da dívida ativa”; 8 — quando se tratar dos juros da dívida ativa da respectiva receita, quando a legislação pertinente diferenciar a destinação das multas da dívida ativa da destinação dos juros de mora da dívida ativa, situação na qual não poderá ser efetuado registro de arrecadação no tipo “4 — multas e juros de mora da dívida ativa”; 9 — quando se tratar de desdobramentos que poderão ser criados, caso a caso, pela SOF, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP), mediante portaria específica. O Quadro 2 a seguir mostra a classificação por tipo. Classificação orçamentária: receita e despesa10 Fo nt e: A da pt ad o de B ra si l ( 20 18 ). D íg it o 1º 2º 3º 4º a o 7 º 8 º D es cr iç ão p ad rã o d o s có d ig o s d e ti p o Si gn ifi ca do C at eg or ia ec on ôm ic a O rig em Es pé ci e D es do br am en to s Ti p o Có di go x x x x xx x 0 N at ur ez a ag re ga do ra 1 Re ce ita p rin ci pa l 2 M ul ta e ju ro s da re ce ita p rin ci pa l 3 D ív id a at iv a da re ce ita p rin ci pa l 4 M ul ta e ju ro s da d ív id a at iv a da re ce ita p rin ci pa l 5 M ul ta d a re ce ita p rin ci pa l q ua nd o nã o se a pl ic ar o ti p o 2 6 Ju ro s da re ce ita p rin ci pa l q ua nd o nã o se a pl ic ar o ti p o 2 7 M ul ta s da d ív id a at iv a qu an do nã o se a pl ic ar o ti p o 4 8 Ju ro s da d ív id a at iv a qu an do n ão s e ap lic ar o ti p o 4 9 D es do br am en to a s er c ria do p el a SO F/ M P Q u ad ro 2 . C od ifi ca çã o de re ce ita s or ça m en tá ria s p or o rig em 11Classificação orçamentária: receita e despesa No Quadro 3 a seguir, confira um exemplo de uso da natureza de receita. Fonte: Adaptado de Brasil (2018). C Categoria econômica 1 Receita corrente O Origem 1 Impostos, taxas e contribuições de melhoria E Espécie 1 Impostos DDDD Desdobramento para identificação das peculiaridades 3011 Impostos sobre a renda de pessoa física (IRPF) T Tipo 1 Principal Quadro 3. Exemplo para imposto de renda de pessoa física (IRPF), correspondente à na- tureza de receita 1.1.1.3.01.1.1 Classificação orçamentária e principais etapas das despesas do orçamento A Lei nº. 4.320/1964 (BRASIL, 1964), além de diferenciar os ingressos de recursos fi nanceiros de todos os entes da federação, também distingue os dispêndios, ou seja, as saídas de recursos fi nanceiros das entidades públicas. Os dispêndios, assim como os ingressos, podem ser orçamentários e extraor- çamentários. Um dispêndio orçamentário é todo aquele que tem autorização legislativa com base na Lei Orçamentária Anual (LOA), isto é, uma despesa pública. Por sua vez, o dispêndio extraorçamentário é aquele que não consta na LOA e compreende saídas de recursos como depósitos, pagamentos de restos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação de receita e recursos transitórios. Assim, a despesa orçamentária pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e a manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade, sendo que essa despesa depende de autorização legislativa, na forma de consignação de dotação orçamentária, para ser efetivada. Classificação orçamentária: receita e despesa12 É importante ficar atento às diferentes definições listadas a seguir. Dispêndios de recursos financeiros são as saídas de recursos financeiros dos cofres do Estado e podem ser orçamentários ou extraorçamentários. Dispêndios orçamentários são aqueles que fazem parte do orçamento público; são as despesas públicas. São as saídas de recursos financeiros do Estado, com autorização legislativa com base na legislação orçamentária. Dispêndios extraorçamentários não fazem parte do orçamento público e com- preendem outras saídas de recursos, como depósitos, pagamentos de restos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação de receita e recursos transitórios. Classificação orçamentária das despesas Para fi ns contábeis, a STN classifi ca a despesa orçamentária quanto ao impacto na situação patrimonial líquida em despesa orçamentária efetiva e despesa orçamentária não efetiva, descritas a seguir. A despesa orçamentária efetiva é a despesa em que, em geral, o com- prometimento do orçamento (empenho) não constitui o reconhecimento de um bem, um direito ou uma obrigação correspondente. Já a despesa orçamentária não efetiva é aquela em que, em geral, o comprometimento do orçamento (empenho) constitui o reconhecimento de um bem, um direito ou uma obrigação correspondente. A STN afirma que, de modo geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente, mas que pode acarretar despesa corrente não efetiva, como a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos. Do mesmo modo, a despesa não efetiva pode ser normalmente enquadrada como despesa de capital, mas tem exceções, como as transferências de capital, que causam variação patrimonial e se classificam como despesa efetiva. Para fins de orçamento, as despesas orçamentárias são classificadas pela classificação institucional, pela classificação funcional e pela classificação programática, bem como pela natureza da despesa e pela fonte de recursos. A classificação institucional tem base na alocação de crédito e está estruturada em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentárioe unidade orçamentária, descritos abaixo (BRASIL, 1964). 13Classificação orçamentária: receita e despesa A unidade orçamentária é definida como o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a qual serão consignadas dotações próprias, de acordo com o art. 14 da Lei nº. 4.320/1964. Os órgãos orçamentários são definidos como os agrupamentos de unidades orçamentárias. As dotações são consignadas às unidades orçamentárias, as quais são as responsáveis pela realização das ações. No caso do governo federal, o código da classificação institucional é com- posto por cinco dígitos. Os dois primeiros dígitos são reservados à identificação do órgão orçamentário, e os demais, à identificação da unidade orçamentária. A Figura 1 mostra a estrutura do código da classificação institucional. O órgão orçamentário referente ao Ministério da Educação (MEC) é o 26, e a unidade orçamentária referente à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é a 242. Assim, a classificação institucional dá o código 26242 à UFPE, que está no grupo do MEC. Figura 1. Estrutura do código de classificação institucional no governo federal. Fonte: Brasil (2018, documento on-line). A classificação funcional diferencia as dotações orçamentárias em funções e subfunções, identificando a área de ação governamental em que a despesa será realizada. Essa classificação está na Portaria nº. 42, de 14 de abril de 1999 (BRASIL, 1999), do então Ministério do Orçamento e Gestão (MOG). É composta de um rol de funções e subfunções prefixadas, que servem como agregadoras dos gastos públicos por área de ação governamental nas esferas de Governo (União, estados, Distrito Federal e municípios). Trata-se de uma classificação independente dos programas e de aplicação comum e obrigatória, que permite a consolidação nacional dos gastos do setor público. A classificação funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros dígitos se referem à função, e os três últimos representam a subfunção. A Figura 2 mostra a estrutura do código da classificação funcional. Classificação orçamentária: receita e despesa14 A função educação é a 12, e a subfunção educação infantil é a 365. Assim, o código da classificação funcional para a educação infantil, que está no grupo da função educação, é 12365. Figura 2. Estrutura do código de classificação funcional. Fonte: Brasil (2018, documento on-line). A classificação por estrutura programática se refere às ações do governo, as quais estão estruturadas em programas orientados para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano Plurianual para o período de quatro anos. O art. 3º da Portaria MOG nº. 42/1999 define que: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estabelecerão, em atos próprios, suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados os conceitos e determinações nela contidos, ou seja, todos os entes devem ter seus trabalhos organizados por programas e ações, mas cada um estabelecerá seus próprios programas e ações (BRASIL, 1999, documento on-line). Com o objetivo de esclarecer o que são programas e ações da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a STN define programa como “[…] o instrumento de organização da atuação governamental que articula um conjunto de ações que concorrem para a concretização de um objetivo comum preestabelecido” (BRASIL, 2018, documento on-line). Esse programa visa à solução de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade. As ações, de acordo com a STN, são “[…] operações que resultam produtos (bens ou serviços)” (BRASIL, 2018, documento on- -line). Estas têm por objetivo contribuir para o atendimento de um programa; nelas se incluem as transferências obrigatórias ou voluntárias a outros entes da Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxílios, contribuições e financiamentos, dentre outros. 15Classificação orçamentária: receita e despesa Classificação da despesa orçamentária por natureza A classifi cação da despesa orçamentária segundo a sua natureza é composta por categoria econômica, grupo de natureza da despesa e elemento de despesa. A natureza da despesa ainda é complementada por uma informação gerencial denominada “modalidade de aplicação”, a qual tem por fi nalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades. Ela objetiva eliminar a dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. A despesa orçamentária, assim como a receita orçamentária, é classificada em duas categorias econômicas: despesas correntes e despesas de capital. As despesas correntes são aquelas que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de bens de capital, e as despesas de capital são as que contribuem. As despesas correntes recebem o código de despesas “3”, e as despesas de capital recebem o código “4”. As codificações de receitas orçamentárias por categoria econômica são (BRASIL, 2018): 3 — Despesas correntes; 4 — Despesas de capital. O grupo de natureza da despesa é um agregador de elementos de despesa orçamentária com as mesmas características quanto ao objeto de gasto e apresenta as seguintes codificações (BRASIL, 2018): 1 — Pessoal e encargos sociais; 2 — Juros e encargos da dívida; 3 — Outras despesas correntes; 4 — Investimentos; 5 — Inversões financeiras; 6 — Amortização da dívida. O elemento de despesa orçamentária, de acordo com a STN, tem por finalidade: Identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a administração pública utiliza para a consecução de seus fins (BRASIL, 2018, documento on-line). Classificação orçamentária: receita e despesa16 Cada elemento recebe um código entre 01 e 99. Por exemplo, o código de elemento 01 se refere a “Aposentadorias do RPPS, Reserva Remunerada e Reformas dos Militares” (BRASIL, 2018, documento on-line). Finalmente, existem as modalidades de aplicação para fins de informações gerenciais, com códigos variando entre 20 e 99. Por exemplo, o código “20” se refere a transferências à União (BRASIL, 2018). O detalhamento completo e atualizado das despesas orçamentárias, com as explicações sobre cada uma delas, está no MCASP. A 8ª edição do MCASP foi publicada em 2018 e é válida para o orçamento público de 2019. Acesse o link a seguir e confira. https://qrgo.page.link/L2pRT Classificação da despesa orçamentária por fonte de recursos A classifi cação orçamentária por fontes/destinações de recursos tem por objetivo identifi car as fontes de fi nanciamento dos gastos públicos. De acordo com a Secretaria da Receita Federal, essas fontes/destinações reúnem certas naturezas de receita de acordo com regras estabelecidas. Assim, as fontes/ destinações são associadas a determinadas despesas, de forma a evidenciar os meios para atingir os objetivos públicos. A Secretaria coloca que essa classi- fi cação funciona como um mecanismo integrador entre a receita e a despesa, pois “[...] o código de fonte/destinação de recursos exerce um duplo papel no processo orçamentário” (BRASIL, 2018, documento on-line). Em outras palavras, para a receita orçamentária, o código tem a finalidade de indicar a destinação de recursos para a realização de determinadas despesas orçamentárias. Para a despesa orçamentária, o código identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados. A STN coloca que “[...] o mesmo código utilizado para controle das destinações da receita orçamentária também é utilizado na despesa correlacionada, para controle das fontes financiadoras da despesa orçamentária e da correta aplicação dos recursos vinculados”(BRASIL, 2018, documento on-line). 17Classificação orçamentária: receita e despesa Principais etapas das despesas do orçamento A STN orienta como fazer a classifi cação correta das despesas orçamentárias. A seguir estão resumidas as principais etapas do processo de classifi cação de despesas orçamentárias na aquisição de bens e serviços, com base na STN (BRASIL, 2018, documento on-line). Identificar se o registro do fato é de caráter orçamentário ou extraorçamentário. Identificar a categoria econômica da despesa orçamentária, verificando se é uma despesa orçamentária corrente ou de capital: 3 — despesas correntes; ou 4 — despesas de capital. Verificar o grupo de natureza da despesa orçamentária: 1 — pessoal e encargos sociais; 2 — juros e encargos da dívida; 3 — outras despesas correntes; 4 — investimentos; 5 — inversões financeiras; ou 6 — amortização da dívida. Identificar o elemento de despesa, ou seja, o objeto fim do gasto. Nor- malmente, os elementos de despesa guardam correlação com os grupos de natureza de despesa, mas não há impedimento para que alguns elementos típicos de despesa corrente estejam relacionados a um grupo de despesa de capital. BRASIL. Lei no. 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Finan- ceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial da União, 23 mar. 1964. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 23 out. 2019. BRASIL. Ministério da Economia, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Portaria MOG nº. 42, de 14 de abril de 1999. Atualiza a discriminação da despesa por funções de que tratam o inciso I do § 1o do art. 2o e § 2o do art. 8o, ambos da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, estabelece os conceitos de função, subfunção, programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 15 abr. 1999. Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/ legislacao/legislacao/portaria-mog-42_1999_atualizada_23jul2012-1.doc/view. Acesso em: 23 out. 2019. Classificação orçamentária: receita e despesa18 BRASIL. Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de contabi- lidade aplicada ao setor público: exercício 2017. 7. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Coordenação-Geral de Contabilidade, 2017. Disponível em: https://cdn. tesouro.gov.br/sistemas-internos/apex/producao/sistemas/thot/arquivos/publica- coes/26320_1585808/MCASP%207%20ed.pdf?v=5739. Acesso em: 23 out. 2019. BRASIL. Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 8. ed. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Coordenação- -Geral de Contabilidade, 2018. Disponível em http://www.tesouro.fazenda.gov.br/docu- ments/10180/695350/CPU_MCASP+8%C2%AA%20ed+-+publica%C3%A7%C3%A3o_ com+capa_3vs_Errata1/6bb7de01-39b4-4e79-b909-6b7a8197afc9. Acesso em: 23 out. 2019. BRASIL. Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional. Receitas públicas: manual de procedimentos: aplicado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, Coordenação-Geral de Contabilidade, 2005. Disponível em http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/contabilidade/ReceitaInter- net2005.pdf. Acesso em: 23 out. 2019. Leituras recomendadas ANGÉLICO, J. Contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/consti- tuicao.htm. Acesso em: 23 out. 2019. BRASIL. Senado Federal. Legislação orçamentária. [2019]. Disponível em: https://www12. senado.leg.br/orcamento/legislacao-orcamentaria. Acesso em: 23 out. 2019 ENAP. Orçamento público: visão geral. Módulo III: o processo. Brasília: ENAP, 2013. Dis- ponível em: http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/872/1/OP_Modulo_3%20-%20 O%20Processo.pdf. Acesso em: 23 out. 2019. GIACOMONI, J. Orçamento público. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2003. ROSEN, H. S.; GAYER, T. Finanças públicas. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. SILVA, L. M. Contabilidade governamental. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 19Classificação orçamentária: receita e despesa Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer as noções gerais de finanças públicas. Explicar a Lei de Responsabilidade Fiscal e as suas origens. Identificar os objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal. Introdução As finanças públicas assumiram reconhecida importância nas discussões políticas entre os cidadãos brasileiros. As pessoas estão cada vez mais interessadas em compreender o funcionamento do Estado para, assim, poderem fiscalizar devidamente as ações tomadas pelos seus represen- tantes políticos. Neste capítulo, você estudará assuntos de relevância prática e doutri- nária ao aprender as noções gerais de finanças públicas, as disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), além dos objetivos e aplicabilidades dessa lei. Noções gerais de finanças públicas O Brasil conta com uma grande carga tributária, fato que ocasiona discussões recorrentes sobre as fi nanças públicas pela sociedade em diversos momen- tos, convertendo esse assunto em palco de intensas discussões políticas e ideológicas. Para entender melhor a lógica do funcionamento das finanças públicas, devemos considerar que o Estado precisa de recursos financeiros para cumprir com as suas finalidades, sendo esses recursos controlados e a gestão para o seu C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 1 05/04/2018 14:53:02 fomento planejada por meio das finanças públicas. Assim, podemos concluir que a expressão finanças públicas designa a área que analisa a obtenção, gestão e administração dos fundos com o objetivo de igualar os gastos públicos à receita dos impostos, por exemplo. É com base nessa relação que se revela a estabilidade econômica dos entes estatais, sendo o próprio Estado o responsável pelas finanças resultantes da variação das despesas públicas e dos impostos. O que são despesas públicas? Geralmente, designamos como despesa pública a soma dos gastos da admi- nistração pública para atender as necessidades coletivas, tanto econômicas quanto sociais, e para cumprir com as responsabilidades institucionais. Essas despesas devem ser realizadas pelas autoridades competentes e previamente autorizadas pelo Poder Legislativo. Para que o Estado controle bem as despesas públicas, as autoridades devem assegurar a arrecadação dos impostos pagos pelos cidadãos e pelas empresas que integram a sociedade. As despesas públicas também têm o potencial de estimular o consumo, uma vez que o Estado consegue desenvolver postos de trabalho. Feito isso, possibilita-se que as pessoas quitem as suas dívidas e consumam novamente, promovendo o funcionamento da máquina pública. E as receitas públicas? Para desempenhar as suas fi nalidades, o ente estatal conta com o dinheiro que entra nos cofres públicos. No entanto, nem todo esse dinheiro pode ser considerado receita pública, pois uma parcela dele provém de cauções, fi anças, depósitos recolhidos para o Tesouro, etc., devendo ser entendida apenas como entrada. A expressão receita pública é muito bem-conceituada por Aliomar Baleeiro (1995, p. 116), que ensina que ela “[...] é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”. Nesse sentido, podemos defi nir a entrada como o gênero no qual a receita pública é uma espécie. Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal2 C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 2 05/04/2018 14:53:02 O campo das finanças públicas abrange todos os entes federativos,pois elas são normatizadas por lei complementar (LC) de abrangência nacional. Assim, a sua observância inclui as pessoas políticas, como a União, os estados- -membros, o Distrito Federal e os municípios. A esse respeito, a Constituição Federal possui um capítulo intitulado “Das Finanças Públicas”, cujo primeiro artigo dispõe que (BRASIL, 1988): Art. 163 Lei complementar disporá sobre: I — finanças públicas; II — dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo poder público; III — concessão de garantias pelas entidades públicas; IV — emissão e resgate de títulos da dívida pública; V — fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; VI — operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII — compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. O art. 163 da Constituição estabelece que as normas gerais sobre a matéria devem ser tratadas por LC e o art. 24 estabelece a competência da União, dos estados e do Distrito Federal para legislar concorrentemente sobre Direito Tributário, Direto Financeiro e orçamento (BRASIL, 1988). Como já men- cionamos, cabe à União estabelecer as regras relacionadas às suas próprias finanças e normas gerais de abrangência nacional. Ao Distrito Federal e aos estados, foi determinada uma competência suplementar, garantindo a aplica- bilidade das diretrizes nacionais em âmbito regional. Os municípios, por sua vez, possuem competência para legislar sobre assuntos locais e complementar as legislações estadual e federal no que for necessário. Ademais, os municípios detêm autonomia conferida pelo Texto Constitucional para legislar também sobre Direito Financeiro, Direito Tributário e orçamento (BRASIL, 1988). De acordo com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), compete exclu- sivamente à União emitir moeda por intermédio do Banco Central, que está autorizado a comprar e vender títulos do Tesouro Nacional com o objetivo de regular a moeda ou taxa de juros. Também está vedado conceder empréstimos ao Tesouro Nacional ou a qualquer órgão que não seja instituição financeira, conforme preconizado pelo art. 164 (BRASIL, 1988): Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusi- vamente pelo banco central. 3Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 3 05/04/2018 14:53:02 § 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. § 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. § 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições finan- ceiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Vale referir, ainda, que o Brasil possui importantes normas infraconstitu- cionais sobre as finanças públicas. São elas: Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964, que versa sobre as normas gerais de Direito Financeiro para a elaboração e o controle dos orçamentos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, com força de LC; Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966, que institui o Código Tributário Nacional (CTN); Lei nº. 6.830, de 22 de setembro de 1980, que disciplina o processo de execução fiscal; LC nº. 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas à responsabilidade fiscal. A Lei de Responsabilidade Fiscal e as suas origens A LC nº. 101/2000 (BRASIL, 2000a), também conhecida como LRF, regu- lamenta temas dispostos no Título VI - Da Tributação e do Orçamento, da Constituição Federal, estabelecendo normas gerais de fi nanças públicas em todas as esferas (federal, estadual e municipal) e todos os níveis de poder. Essa lei designa parâmetros a serem seguidos no que se refere a gastos públicos. As restrições impostas por ela objetivam preservar a situação fi scal dos entes federativos para garantir a qualidade fi nanceira dos estados e municípios com a aplicação adequada dos recursos. A LRF atende a uma prescrição da Constituição, mais especificamente ao previsto no art. 163 (BRASIL, 1988), mas ela também acata ao art. 169 do Texto Constitucional (BRASIL, 1988), que prevê limites para as despesas com pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos muni- cípios. Também é possível perceber o suporte ao registrado no art. 165, II, § 9º (BRASIL, 1988), que estabelece a necessidade de uma LC para definir normas de Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal4 C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 4 05/04/2018 14:53:02 gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, assim como as condições para a instituição e o funcionamento dos fundos. Por fim, a LRF observa o art. 250 da Carta Magna, que determina o seguinte (BRASIL, 1988): Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento dos be- nefícios concedidos pelo regime geral de previdência social, em adição aos recursos de sua arrecadação, a União poderá constituir fundo integrado por bens, direitos e ativos de qualquer natureza, mediante lei, que disporá sobre a natureza e administração desse fundo. A Lei nº. 4.320/1964 não foi substituída e nem revogada pela LRF, pois elas possuem enfoques distintos. No que lhe compete, a Lei nº. 4.320/1964 (BRA- SIL, 1964) institui as normas gerais de Direito Financeiro para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Ela foi recepcionada pela Constituição Federal com força de LC e regulamenta as finanças públicas do País há mais de 50 anos. A LRF, por sua vez, assumiu como referência no seu texto o Fundo Monetário Internacional (FMI), instituição na qual o Brasil é Estado-membro e que tem editado e difundido normas de gestão pública em diversos países. Entre elas, legislações de países como Nova Zelândia, Estados Unidos e outros da Europa, assumindo certas normas e princípios dos modelos locais. Porém, as ações do FMI não foram os únicos parâmetros observados na elaboração da versão brasileira. Afinal, não há um manual universal sobre gestão de finanças públicas para ser adotado em todos os países. A LRF se originou de um projeto enviado pelo Governo ao Congresso Nacional com vistas a dar suporte à Emenda Constitucional nº. 19, de 4 de junho de 1998, que exige a instituição de LCs para regular determinadas matérias. Nessa lei, foram contempladas matérias dos incisos I a IV do art. 163 da Constituição (BRASIL, 1988), que tratam de finanças públicas, emissão e resgate de títulos, concessão de garantias e dívida pública e mobiliária. A Lei nº. 4.320/1964 teve o potencial de modificar a história da administra- ção pública no Brasil. A partir dessa lei, os governantes tiveram de respeitar normas e limites para a administração das finanças públicas, devendo prestar contas sobre os gastos realizados com os recursos oriundos da sociedade. Dessa forma, podemos identificar relevantes mudanças na administração pública ao longo dos anos, sendo indispensável destacar o equilíbrio das contas públicas trazido pela LRF. Contas essas que independem de partido político ou ideologia, posto que o Estado não pode mais conviver com o desequilíbrio e o desajuste delas, independentemente de quem estiver no poder. 5Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 5 05/04/2018 14:53:02 Objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal De acordo com o caputdo art. 1º da LRF (BRASIL, 2000a), o seu objetivo principal é o estabelecimento de “[...] normas de fi nanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fi scal”. A seguir, o parágrafo primeiro do mesmo artigo procura defi nir responsabilidade na gestão fi scal ao apresentar os seguintes pressupostos para aplicação da LRF (BRASIL, 2000a): ação planejada e transparente; prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das contas públicas; garantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de metas de resulta- dos entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e a geração de despesas com pessoal, seguridade, dívida, operações de crédito, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar. Diversas passagens da LRF (BRASIL, 2000a) destacam a ação plane- jada e transparente na administração pública, o que significa que a base das ações está no planejamento e nos planos previamente traçados. No caso da administração pública, esses planos estão sujeitos à apreciação e à aprovação legislativa, que lhes garantem legitimidade, característica indispensável no nosso modelo de governo. De maneira muito adequada, Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008) destacam que, com a edição da LRF, consolidou-se no País o entendimento de que a trans- ferência de situações de dificuldades fiscais para as administrações e gerações futuras, práticas até então usuais no setor público, devem ser repelidas mediante aplicação de sanções aos responsáveis. Nesse cenário, houve a edição da Lei nº. 10.028, de 19 de outubro de 2000 (BRASIL, 2000b), que adicionou ao Código Penal brasileiro um capítulo sobre os crimes contra as finanças públicas. Após a implementação desses dispositivos, as autoridades e os agentes públicos se tornaram passíveis de responsabilização criminal pela má gestão dos recursos públicos. Por esse motivo, considera-se que a LRF, juntamente com a Lei de Crimes Fiscais (Lei nº. 10.028/2000), impôs muito mais rigor à administração das finanças públicas. Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal6 C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 6 05/04/2018 14:53:03 A LRF (BRASIL, 2000a) adota os mesmos instrumentos que a Constituição Federal, sendo eles o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Busca-se, assim, transparência e planejamento: a transparência por meio da participação e do conhecimento da sociedade, tendo a publicidade como aliada na arrecadação de receitas e na realização de despesas pelos entes públicos, e o planejamento por meio da vinculação das atividades planejadas e da sua execução. Para que todos os fins sejam alcançados, a LRF firma práticas essenciais, como: participação popular na discussão e elaboração dos planos e orçamentos; disponibilidade das contas dos administradores durante todo o exercício para consulta e apreciação pelos cidadãos e pelas instituições da sociedade; emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal e de execução orça- mentária, igualmente de acesso público e de ampla divulgação. A LRF aborda bastante a prevenção de riscos, mas também a correção de desvios, que deve integrar todo o processo de planejamento. Assim, essa lei implementa mecanismos para evitar o impacto de situações eventuais que serão atendidas com os recursos da reserva de contingência. As correções de desvios requerem a realização de mudanças necessárias para o ajuste das práticas, o que demanda do gestor público a rápida atuação sempre que os objetivos não tiverem sido atingidos conforme o planejado. Na prática, podemos exemplificar com um caso em que a despesa com pessoal excedeu os limites previstos na LRF, momento em que deverão ser tomadas medidas para que esse gasto regresse aos limites estabelecidos. O conceito de gestão responsável também adota o equilíbrio das contas públicas como preceito fundamental para o desenvolvimento da nação. Por- tanto, gastar apenas o que se arrecada é a melhor equação. Para viabilizar esse princípio, os gestores devem seguir de forma linear o que foi planejado, pensando em atingir o maior número de pessoas possível. Diante disso, poderá surgir a seguinte questão: o ente público poderá se endividar? A esse respeito, a LRF (BRASIL, 2000a) dispõe sobre dívida e endividamento público, defi- nindo parâmetros para a sua execução e limites para os entes nacionais por intermédio de resoluções aprovadas pelo Senado Federal. Em suma, a LRF propiciou à sociedade uma forma legítima de acompanha- mento e fiscalização das contas públicas por meio dos instrumentos instituídos pela lei, fazendo com que os cidadãos possam participar efetivamente da construção legal. 7Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 7 05/04/2018 14:53:03 1. Leia o que segue e assinale a alternativa correta. As normas da LRF (BRASIL, 2000a) dispõem sobre: I. orçamento público. II. receita pública. III. despesa pública. IV. endividamento. a) As afirmativas I e IV estão corretas. b) As afirmativas II, III e IV estão corretas. c) As afirmativas I e III estão corretas. d) As afirmativas I, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 2. Considere a seguinte afirmação: “É soma dos gastos da administração pública para atender as necessidades coletivas, tanto econômicas quanto sociais, e para cumprir com as responsabilidades institucionais”. Essa frase conceitua qual instituto das finanças públicas? a) Despesa pública. b) Receita pública. c) Orçamento público. d) Concessão de garantias. e) Planejamento financeiro. 3. No seu texto, a LRF (BRASIL, 2000a) adotou como referência as legislações de países como: a) Inglaterra e Austrália. b) Austrália e Nova Zelândia. c) China e Coréia do Sul. d) Nova Zelândia, Estados Unidos e alguns países da Europa. e) Estados Unidos e Coréia do Sul. 4. Após a implementação de qual legislação, junto com a LRF, as autoridades e os agentes públicos ficaram passíveis de responsabilização criminal pela má gestão dos recursos públicos? a) Lei nº. 10.028, de 19 de outubro de 2000. b) Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964. c) Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966. d) Constituição Federal. e) Lei nº. 6.830, de 22 de setembro de 1980. 5. Como se originou a LRF? a) De uma demanda da população por intermédio de um plebiscito. b) De um projeto enviado pelo Governo ao Congresso Nacional. c) De uma proposta do Congresso Nacional. d) De um projeto do Senado. e) Nenhuma das alternativas anteriores. Normas gerais de finanças públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal8 C11_Constituicao_e_Tributacao.indd 8 05/04/2018 14:53:04 ALBUQUERQUE, C.; MEDEIROS, M.; FEIJÓ, P. H. Gestão de finanças públicas: fundamentos e práticas de planejamento, orçamento e administração financeira com responsabi- lidade fiscal. 2. ed. Brasília, DF: Gestão Pública, 2008. BALEEIRO, A. Uma introdução à ciência das finanças. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 14 dez. 2016. BRASIL. Lei complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília, DF, 2000a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/ Lcp101.htm>. Acesso em: 10 mar. 2018. BRASIL. Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Finan- ceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, DF, 1964. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L4320.htm>. Acesso em: 14 mar. 2018. BRASIL. Lei nº. 10.028, de 19 de outubro de 2000. Altera o Decreto-Lei
Compartilhar