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Hélio Felisberto Jorge Beira ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA EDUCAÇÃO (Licenciatura em Ensino de Educação Física e Desporto) Universidade Rovuma Nampula 2022 Hélio Felisberto Jorge Beira ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA EDUCAÇÃO Universidade Rovuma Nampula 2022 Trabalho de caracter avaliativo individual, a apresentar no Departamento de Educação Física e Desporto, na cadeira de Fundamentos de Pedagogia, 1°ano, orientado pelos docentes: dr. Dercio Dos Santos e dr Gilberto Daniel Índice Introdução ........................................................................................................................................ 3 Historia da Educação ....................................................................................................................... 4 Educação na idade primitiva............................................................................................................ 4 Meios e fins da educação primitiva ................................................................................................. 5 Educação na antiguidade clássica .................................................................................................. 6 Educação na idade media: V-XVII (466-1640) ............................................................................... 8 Educação na idade moderna ............................................................................................................ 8 Educação contemporânea .............................................................................................................. 10 Conclusão ...................................................................................................................................... 11 Bibliografia .................................................................................................................................... 12 3 Introdução O presente trabalho de investigação aborda informações relacionadas a educação, e ela ocorre desde os primórdios e é a forma mais comum de transmissão de conhecimentos. Neste contexto, pretende-se fazer uma análise daquilo que foi a educação na idade primitiva, na antiguidade clássica, na idade media, na idade moderna, e na educação contemporânea e quais as suas principais características, de modo a fazer-se uma análise comparativa com a educação em outros períodos históricos. Entretanto, para compreender os factos históricos da educação precisamos ter presentes as diferentes formas de pensar de cada época, saber porquê e como surgiram essas diferentes formas de pensar. Portanto, precisamos de considerar certos aspectos como fundamentais, aqueles que mais se destacam ou que são o elemento fundamental da educação em cada período para que seja posteriormente observada essa comparação e de modo a evitar erros e interpretação da educação nos períodos em estudo. 4 Historia da Educação A Educação é um fenómeno social e universal, sendo uma actividade humana necessária a existência e funcionamento de todas as sociedades. Ela pode ser compreendida em dois sentidos: Amplo e Restrito. Em sentido amplo, a Educação compreende os processos formativos que ocorrem no meio social, nos quais os indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável pêlo simples facto de existirem socialmente. Em sentido restrito, a Educação ocorre em instituições específicas, escolares ou não, com finalidades explícitas de instrução e ensino mediante uma acção consciente, deliberada e planificada, embora sem separar-se daqueles processos formativos gerais. Ainda Libâneo (1994), diz que Educação é um processo de desenvolvimento unilateral da personalidade envolvendo a formação de qualidades humanas – físicas, morais, intelectuais e estéticas – tendo em vista a orientação da actividade humana na sua relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais. De acordo com Cipiri (1996), “Educação é a transmissão de usos e tradições culturais afins aos seus descendentes, para servirem de elo de ligação entre o passado e o futuro”. De um modo geral, poder-se-á dizer que a Educação é um conjunto de acções, processos, estruturas, que intervêm no desenvolvimento de indivíduos e grupos na sua relação activa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. Educação na idade primitiva A Educação como um processo de transmissão do património sociocultural, técnico e científico da Humanidade sempre ocorreu, mesmo antes da existência da escola bem como dos métodos de Educação reconhecidos como tais. Inicialmente, a Educação era a transmissão de formas de acção que ajudavam o Homem a aproveitar-se da Natureza. Nesta ordem de ideia, Monroe citado por Piletti (1993), pressupõe que a Educação Primitiva tinha por objectivo a promoção do ajustamento da criança ao ambiente típico e social por meio da aquisição da experiência de gerações passadas. A estrutura da Educação era simples e entre os povos primitivos a criança adquiria conhecimentos por meio da imitação e cerimónias de iniciação. Portanto, por meio da imitação as crianças brincavam com pequenas reproduções de instrumentos utilizados pelos adultos e numa fase posterior elas participavam das actividades dos adultos onde aprendiam as diversas ocupações da tribo como a construção de utensílios, a pesca, a caça e o trabalho agrícola. 5 Meios e fins da educação primitiva Entre os povos primitivos encontramos três formas fundamentais de educação: Educação Física; Educação Intelectual; e Educação Moral Educação Física O papel do jogo e da imitação tem uma importância relevante na educação dos povos primitivos, pois brincando e imitando as crianças aprendem todas as actividades dos adultos. Este fenómeno esteve evidente nas tribos guerreira, onde as crianças faziam espadas, arcos, escudos e em tribos consideradas de pacíficas onde imitavam as actividades dominantes como a tecelagem, a construção de cabanas, a confecção de vasos e adornos, os trabalhos do campo, a caça, a pesca e a navegação. Esses brinquedos e jogos imitativos os preparavam para a vida real. Educação Intelectual Esta educação visava tornar a criança capaz de resolver as suas necessidades individuais e, mais tarde, as da família e da comunidade. A educação intelectual começa cedo e varia conforme o sexo e a maneira de viver de cada tribo. Quer isto dizer que, se o jovem deve viver da caça e da pesca, é habituado desde cedo ao exercício de todas as actividades relacionadas com a pesca e a caça, a construir embarcações, a manejar as armas com precisão e a desenvolver sua agilidade física. Com efeito, suas faculdades intelectuais se tornam precisas, ágeis e eficazes, contribuindo automaticamente pelo desenvolvimento intelectual do indivíduo. Por outro lado, se o jovem é destinado aos trabalhos agrícolas então exercita-se em todas actividades relacionadas com a agricultura e a criação de animais e como consequência a sua inteligência se desenvolve e se aperfeiçoa. Educação Moral Os primitivos procuravam transmitir às suas gerações novos preceitos morais e espirituais, dentre eles o respeito aos pais e aos mais velhos, o culto dos antepassados, o sofrimento de honra, a fidelidade a palavra, a obediência a autoridades legítimas. Segundo Piletti (1997: 46), uma das formais pélas quais a criança adquire os conhecimentos necessários entre os povos primitivos é a imitação. Nos primeiros anos de vida a imitação é 6 inconsciente. As crianças brincam com pequenas reproduções dos instrumentos utilizados pêlos adultos. Numa segunda etapa a imitação torna-se consciente. As crianças participam das actividades dos adultos e aprendem por imitação.Essa segunda etapa tem início quando se começa a exigir trabalho da criança. Ela vai aprendendo, pouco a pouco, as diversas ocupações da tribo: construção de utensílios; a pesca e a caça, entre os povos caçadores; guarda do gado, entre os pecuários; trabalhos agrícolas, entre os povos sedentários. Educação na antiguidade clássica Na Educação grega a Educação era a oportunidade para o desenvolvimento individual. Como resultado dessa característica surge um novo conceito de Educação, a Educação Liberal, uma educação que habilitava o indivíduo a tirar proveito da sua liberdade ou dela fazer uso. Na Educação grega deu-se mais oportunidade para o desenvolvimento individual e os ideais gregos eram: liberdade política e moral, desenvolvimento intelectual, e racionalidade. Contudo, os privilégios do desenvolvimento intelectual eram limitados aos homens livres. Segundo Piletti (1993), os ideais da Educação grega foram resultado de uma lenta evolução podendo-se destacar os seguintes períodos: A Educação no Período Homérico (900-750 a.C.) onde os ideais de Educação apareciam nos poemas Ilíadas e Odisseia. A Educação teve um carácter eminentemente poético; A Educação Espartana (750-600 a.C.) o objectivo da Educação era dar a cada indivíduo um nível de perfeição física, coragem e hábito de obediência às leis que tornassem um soldado ideal. A Educação Ateniense (600-450 a.C.) o ideal era a formação completa do Homem (física e intelectual). O Estado assegurava a liberdade pessoal, criando as condições vantajosas para a Educação; A Educação Sofista (450-400 a.C.) o termo sofista designa uma nova classe de professores que surgiram devido a falta de meios para ministrar uma Educação que proporcionasse ao indivíduo condições de êxito pessoal impostas péla sociedade. Esta classe de professores recebia, em troca das aulas que ministravam, elevados valores monetários. Portanto, nos seus ensinamentos, os 7 sofistas, acentuavam de forma exagerada o valor da individualidade. É destes que surge o termo de Pitágoras, “o Homem é a medida de todas as coisas”. O Período dos Grandes Filósofos (400-300 a.C.) as deficiências do sistema ateniense de Educação fizeram com que se repensasse na Educação de modo a resolver o problema que consistia em formular um ideal educativo que pudesse satisfazer as necessidades institucionais e o bem do colectivo, para promover o desenvolvimento completo da personalidade. Neste período destacam-se filósofos como: Sócrates (470-399 a.C.) com o slogan “conhece-te a ti mesmo” afirma que é na consciência individual que se deve procurar os elementos determinantes da finalidade da vida e da Educação. Este, desenvolveu o método socrático “a ironia” – que consistia em perguntar fingindo ignorar –, e “maiêutica” – que consistia em fazer outras perguntas para levar o interlocutor a descobrir a verdade. Platão (428-348 a.C.) concordava com Sócrates sobre a necessidade de se procurar uma nova base moral para a vida, a qual deveria se encontrar em ideias e na verdade universal. Para ele, a Educação é um processo do próprio educando mediante o qual são dadas à luz as ideias que fecundam a mente. Dai que, o papel do educador consistia em promover no educando o processo de interiorização através do qual o educando podia sentir a presença das ideias. Eram conteúdos da Educação: os exercícios corporais, a cultura estética e moral, a formação científica e filosofia. Aristóteles (384-322 a.C.) ao contrário de Platão e Sócrates, afirmava que a virtude está na conquista da felicidade e do bem, enquanto que para os primeiros estava na posse do conhecimento pelo indivíduo. Aristóteles, desenvolveu seu conceito de Educação partindo da ideia de imitação. Segundo ele, o Homem se educa na medida em que copia a forma de viver dos adultos. Os povos romanos também influenciaram em grande parte a Educação da Antiguidade Clássica, pois, o seu ideal de Educação visava a concepção de direitos e deveres, daí que esta tinha uma finalidade prática e procurava alcançar resultados concretos adaptando os meios aos fins. A característica fundamental do método da Educação romana era a imitação. Portanto, cabia a Educação desenvolver aptidões nos indivíduos para cumprir os seus deveres como cidadãos romanos. A Educação estava centralizada na formação do carácter moral das pessoas daí que a 8 família desempenhava um papel importante. Tal como a Educação grega, o desenvolvimento da Educação romana também foi gradual. Numa primeira fase era dada praticamente no lar e mais tarde, com a expansão do império romano, surgiram as escolas elementares que passaram a ministrar a leitura, a escrita e a conta. Por influência da cultura grega, houve alterações substanciais que alteraram a Educação romana. Surgiram novas instituições de Educação que passaram a ministrar novos conteúdos como gramática, retórica e mais tarde direito e filosofia. Foi a partir destas instituições que se tornou possível o surgimento das universidades. Educação na idade media: V-XVII (466-1640) O processo de educação na Idade Média era de total responsabilidade da Igreja. As escolas funcionavam anexas às catedrais ou às escolas monásticas, muitas funcionavam nos mosteiros. A Igreja foi um instrumento essencial no processo da educação na Idade Média, a grande disseminadora do conhecimento. O processo de educação na Idade Média era responsabilidade da Igreja. Existiam nesse período medieval escolas que funcionavam anexas às catedrais ou a escolas monásticas que funcionavam nos mosteiros, nesse contexto, a Igreja assumiu a tarefa de disseminar a educação e a cultura no medievo e o seu papel foi preponderante para o nosso legado educacional contemporâneo. A escola no período medieval era dirigida por um cônego, ao qual se dava o nome de scholarius ou scholasticus. Os professores eram clérigos de ordens menores e leccionavam as chamadas sete artes liberais: gramática, retórica, lógica, aritmética, geografia, astronomia e música, que mais tarde constituíram o curriculum de muitas universidades. Nesta época surge um novo ideal educacional que se concentra no aspecto moral da pessoa humana, baseava-se na ideia de caridade cristã ou amor. Conforme esta premissa, a função principal da Educação consistia em dominar o corpo e pacificar o espírito. Os recém-convertidos, antes de serem admitidos como membros efectivos da igreja, eram chamados de catecúmenos, mais tarde estas escolas vieram a ser organizadas pêlos bispos com o intuito de preparar o clero para as igrejas que estavam sob sua direcção, e passaram a ser denominadas escolas das catedrais Educação na idade moderna Comenius (1592-1670) foi bispo, educador, cientista e escritor. Segundo ele, o ser humano é a mais alta, mais absoluta e mais excelente das criaturas, e a educação deve desenvolver as condições para o exercício de sua plenitude humana. Aponta três dimensões para a preparação conhecer a nós 9 mesmos, nos governar e nos dirigir para Deus. Além disso, aborda temas inovadores para sua época, defende o princípio de que é possível ensinar tudo a todos, e declara ser necessário formar a juventude e abrir escolas para todos os sexos. Para Comenius, a formação deve ser universal e as escolas podem ser reformadas. A ordem perfeita da escola deve ser buscar na natureza, propondo procedimentos específicos para ensionar as artes, as línguas, a ciência, a moral e a devoção. Em sua obra ele busca superar a educação dual, para ricos e para pobres, comentando sobre a possibilidade da universalização da educação como bem público e inalienável. John Locke (1632-1704), foi um filósofo inglês precursor do liberalismo, conjunto de ideias que visam assegurar a liberdade individual no campo da política, moral e religião. Ele discorda da concepção que as ideias sejam inatas, tal como descrito por René Descartes(1596-1650). Segundo Locke, a alma é como uma tabula rasa, onde por meio da educação se desenvolvem as ideias, seja por meio dos sentidos, como também por meio da reflexão, que é resultante da percepção do que ocorre. Apesar de suas diferenças com Descartes, ele não descarta a importância da razão, mas não entende essa como a principal fonte de conhecimento. Na educação, ele destaca o papel do mestre, que deve possibilitar experiências significativas aos seus alunos. Propõe o estudo de história, geografia, geometria e ciências naturais, valorizando a educação física como forma de ampliação da resistência e do auto-domínio. Para ele, a finalidade da educação deve ser a formação do caráter e o desenvolvimento físico, moral e intelectual. Ele não é a favor da universalização da educação, acredita que a educação deve ter modelos diferentes para os que governam e os que são governados. Fénelon (1651-1715) foi teólogo, poeta e escritor francês. Ele se preocupava com a educação feminina, apesar de não romper com os padrões da época, ele vê a mulher como um acessório do mundo masculino. Ele atribui o comportamento "fútil" das mulheres a uma educação inadequada, e para que ocorram mudanças no comportamento ele propõe a educação pelo prazer, onde prevalecia a instrução de gramática, poesia, história e leitura selecionada, dando grande relevância para a educação religiosa e moral para a vida doméstica. O século XVIII foi um período de transição do período moderno para o período contemporâneo, onde acontecem eventos importantes que redefinem a organização política e social do mundo, sendo caracterizado pelo Liberalismo e pelo Iluminismo. Immanuel Kant (1724-1804) e Jean- 10 Jacques Rousseau (1712-1778) são dois grandes pensadores deste período que influenciaram decisivamente o modelo de educação contemporânea. Este período se completa o processo de retirada da influência religiosa no Estado, juntamente com a emancipação das classes sociais e dos indivíduos. https://www.ex-isto.com/2020/09/educacao-idade-moderna.html Educação contemporânea No desenvolvimento da humanidade, novas e importantes transformações ocorreram entre os séculos XVII e XX que deram início ao que se convencionou Era Contemporânea. Foram factores motivadores a revolução industrial, o surgimento das ciências humanas, o nascimento de uma nova classe social, o proletariado formado por trabalhadores assalariados, o derrube do Estado Absolutista pela burguesia que passa a assumir o poder político e a separação entre o Estado e a Igreja. Esta nova forma de estar teve influência no Pensamento Pedagógico. A passagem da Idade Moderna para a Contemporânea na segunda metade do século XVIII é assinalada pela Revolução Burguesa que teve repercussões na Educação como consequência da separação entre a Igreja e o Estado que conduziram ao desenvolvimento dos Sistemas Públicos de Educação. Com o desenvolvimento industrial a escola passou a desenvolver um outro papel, isto é, a dar mais importância aos conteúdos técnicos e científicos ao lado das antigas matérias clássicas e literárias. O ensino público e gratuito tornou-se obrigatório e foi visto como a melhor forma para o alcance da verdadeira democracia. Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), Johann Friedrich Herbart (1776-1841) e Friedrich Froebel (1782-1852) foram os educadores que se destacaram durante este período pelas inovações que propuseram a Educação. 11 Conclusão Através do presente trabalho, chega-se a conclusão de que Educação é um fenómeno social e universal, sendo uma actividade humana necessária a existência e funcionamento de todas as sociedades. I o histórico do desenvolvimento da educação pode ser abordada nas suas respectivas etapas. E também ela pode ser compreendida em dois sentidos: Amplo e Restrito, ela pode tomar características bastante diferentes, de acordo com o meio, o tempo, as visões sociais e as etapas da educação. 12 Bibliografia AGUIAR, Lilian Maria Martins de. "Educação na Idade Média"; Brasil Escola. Disponível em: ARANHA, Maria Lúcia. História da Educação e da Pedagogia: Geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2012. https://sopra-educacao.com/2021/02/13/educacao-na-idade-contemporanea/ https://brasilescola.uol.com.br/historiag/educacao-na-idade-media.htm. Acesso em 15 de abril de 2022. GADOTTI, Moacir. Perspectivas Atuais da Educação. Revista São Paulo Perspectiva. Vol.14, no.2. São Paulo,2000. MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação – da antiguidade aos nossos dias. 12ª Edição. Cortez Editora. São Paulo. 2006. PILETTI, Claudino & PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. Editora Ática. São Paulo. 1997. https://sopra-educacao.com/2021/02/13/educacao-na-idade-contemporanea/
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