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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO – CAMPUS GUARAPARI CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO TATIANE NICOLINI PRÊMOLI DESAFIOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL EM UMA ONG QUE ATUA NO APOIO DO DESENVOLVIMENTO COMERCIAL DO ESPÍRITO SANTO GUARAPARI – ES 2021 TATIANE NICOLINI PRÊMOLI DESAFIOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL EM UMA ONG QUE ATUA NO APOIO DO DESENVOLVIMENTO COMERCIAL DO ESPÍRITO SANTO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria do Curso de Bacharelado em Administração do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Guarapari, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientadora: Prof.ª M.Sc Andrea Maria de Quadros Coorientadora: Prof.ª M. Sc Helliene Soares Carvalho GUARAPARI – ES 2021 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Guarapari Elaborado por Rosilene Supriano de Jesus Rosa CRB6-627 P925d Prêmoli, Tatiane Nicolini. Desafios da gestão organizacional em uma ONG que atua no apoio do desenvolvimento comercial do Espírito Santo / Tatiane Nicolini Prêmoli. – 2021. 86 f. : il. Orientador : Andrea Maria de Quadros. Coorientador: Helliene Soares Carvalho Monografia (Bacharelado) – Instituto Federal do Espírito Santo, Graduação em Administração, 2021. 1. Administração de empresas. 2. Planejamento estratégico. 3. Instituições sociais. I. Quadros, Andrea Maria. II. Carvalho, Helliene Soares. III. Instituto Federal do Espírito Santo. IV. Título. CDD: 658.2 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO GUA - COORDENADORIA DO CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO TERMO Nº 1/2021 - GUA-CCAD (11.02.22.01.08.01.08) Nº do Protocolo: 23183.000627/2021-95 Guarapari-ES, 23 de março de 2021. TATIANE NICOLINI PRÊMOLI DESAFIOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL EM UMA ONG QUE ATUA NO APOIO DO DESENVOLVIMENTO COMERCIAL DO ESPÍRITO SANTO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Administração, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel. Aprovado em 22 de março de 2021 COMISSÃO EXAMINADORA Prof. M.Sc ANDREA MARIA DE QUADROS Instituto Federal do Espírito Santo Orientadora Prof. M.Sc. VIRGÍNIA DE PAULA BATISTA CARVALHO Instituto Federal do Espírito Santo Membro Interno Prof. M.Sc. HELLIENE SOARES CARVALHO Instituto Federal do Espírito Santo Membro Interno Para verificar a autenticidade deste documento entre em https://sipac.ifes.edu.br/public/documentos/index.jsp informando seu número: 1, ano: 2021, tipo: TERMO, data de emissão: 23/03/2021 e o código de verificação: de96fceb1a RESUMO Para que uma organização cresça, é necessário planejar suas ações, analisar o ambiente interno e externo, traçar estratégias e projetar ações futuras. Nas entidades sem fins lucrativos, onde o objetivo principal não é o lucro, existe a necessidade de ofertar os melhores produtos e serviços para seus clientes com os recursos disponíveis, e para isso, os gestores precisam planejar suas ações com o intuito de beneficiar as partes interessadas. O presente estudo discorre sobre o tema diagnóstico empresarial, realizado na ONG Alfa que atua no apoio do desenvolvimento comercial, localizada em um município do interior do estado do Espírito Santo. O objetivo do trabalho é analisar sua gestão, identificando suas dificuldades, seus pontos fortes e frágeis e propor intervenções por meio do diagnóstico empresarial. O estudo foi desenvolvido através da abordagem qualitativa, onde a pesquisa se classifica como exploratória e descritiva, desenvolvida em forma de estudo de caso. As pesquisas realizadas com os gestores e sócios desta ONG, demonstram o quanto a instituição é bem aceita e muito bem reconhecida pela comunidade, mas também identificou oportunidades de crescimento, trazendo uma reflexão para os gestores, apontando diversos caminhos a serem seguidos. O presente estudo mostra a importância de se dedicar um tempo adequado à sua gestão para que se possa alcançar suas metas e objetivos, além de expor a importância dos clientes dentro do contexto de sua satisfação em relação aos serviços prestados. Palavras-chave: Diagnóstico empresarial. Gestão. Clientes. ABSTRACT For an organization to grow, it is necessary to plan its actions, analyze the internal and external environment, outline strategies and project future actions. In non-profit entities, where the main objective is not profit, there is a need to offer the best products and services to their customers, with the available resources, and for this, managers need to plan their actions with the objective of benefiting the parties interested parties. This study discusses the theme of business diagnostics, carried out at the NGO Alfa, which supports commercial development, located in a city in the interior of the state of Espírito Santo. The objective of the work is to analyze its management, identifying its difficulties, its strengths and weaknesses and to propose interventions through the business diagnosis. The study was developed through the qualitative approach, where the research is classified as exploratory and descriptive, developed in the form of a case study. The research carried out with the managers and partners of this NGO, demonstrates how well the institution is well accepted and very well recognized by the community, but it also identified opportunities for growth, bringing a reflection to the managers, pointing out different paths to be followed. This study shows the importance of dedicating adequate time to your management so that you can achieve your goals and objectives, in addition to exposing the importance of customers within the context of their satisfaction with the services provided. Keywords: Business diagnosis. Management. Customers. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Gênero dos sócios……………………………………………..……………….49 Tabela 2 - Faixa etária dos sócios………………………………………………..……….50 Tabela 3 - Escolaridade dos sócios…………………………………………………...…..51 Tabela 4 - Há quanto tempo é associado…………………………………………...……52 Tabela 5 - Serviços que o sócio utiliza……………………………………………...……52 Tabela 6 - Tipos de propagandas feitas pelos sócios nos últimos dois anos……...….53 Tabela 7 - Área do negócio em que o sócio gostaria de trabalhar mais…………....….54 Tabela 8 – Resultados da Matriz GUT.........................................................................63 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Número de unidades locais das fundações privadas e associações sem fins lucrativos…………………………………………………………………………....…..20 Gráfico 2 - Evolução da quantidade de OSCs por ano de fundação no ES…........…21 Gráfico 3 - Gênero dos sócios……………………………………………………......……49 Gráfico 4 - Faixa etária dos sócios……………………………………………….……….50 Gráfico 5 - Escolaridade dos sócios………………………………………………..……..51 Gráfico 6 - Há quanto tempo é associado……………………………………….……….52 Gráfico 7 - Serviços que o sócio utiliza……………………………………………..…….53 Gráfico 8 - Tipos de propagandas feitas pelos sócios nos últimos dois anos….……..54 Gráfico 9 - Área do negócio em que o sócio gostaria de trabalhar mais………..…….55 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO………………………………………………...…….………...………....10 2 JUSTIFICATIVA………………………………………….………...….…………………13 3 OBJETIVOS ………………………………………………………….………………......15 3.1 OBJETIVO GERAL ………………………………………………….…………………15 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.……………………………………….……...………....154 REVISÃO DE LITERATURA……………………………………….…....……...….......16 4.1 CONCEITO DE TERCEIRO SETOR: NOÇÕES GERAIS….….….….….....…......16 4.1.1 Terceiro Setor: Histórico Brasileiro……………..…………………..…....….….17 4.2 DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL: CONCEITO DA FERRAMENTA DE GESTÃO.....................................................................................................................22 4.3 MATRIZ DE GUT E PDCA………..…………………………………………....……..23 4.4 MODELO DE DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL …………………..………....……..25 4.5 MARKETING ........................................................................................................29 4.5.1 Marketing de Relacionamento........................................................................29 4.5.2 Marketing Empresarial ....................................................................................30 4.6 RELACIONAMENTO COM OS CLIENTES...........................................................31 4.6.1 Fidelização e retenção de clientes.................................................................32 4.6.2 Fidelização e retenção no Terceiro Setor.......................................................33 4.7 APRESENTAÇÃO DA ONG ALFA………………………………...………....……...34 4.7.1 Definição da empresa……………………………...……….…...…………....……34 5 METODOLOGIA………………………………….…………………...…………....……37 5.1 TIPO DE PESQUISA…………………………………………………………...……...37 5.2 PLANO DE PESQUISA…………………………………………………...…...….......39 5.2.1 Universo e Amostra………………………………………………………...….…...39 5.2.2 Tipo de amostragem……………………………………………………...………..39 5.2.3 Coleta de dados…………………………………………………………...…….…..40 5.2.4 Instrumento de coleta de dados…………………………………...…...…….….41 5.2.5 Tratamento dos dados…………………………………………………...…….…..42 5.2.6 Limitações do método……………………………………………………...…..….42 5.2.7 Entrevista com os gestores.............................................................................43 5.2.8 Entrevista com os associados........................................................................43 6 RESULTADOS E ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO..................................................44 6.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS: ENTREVISTA COM OS GESTORES................44 6.1.1 Presidente e Vice-Presidente: Perfil...............................................................44 6.1.2 História e vida da oganização.........................................................................44 6.1.3 Recursos pessoais e financeios.....................................................................45 6.1.4 Processos de planejamento e decisão...........................................................47 6.1.5 Estratégias de Marketing.................................................................................47 6.1.6 Aspectos Mercadológicos /Operacionais......................................................48 6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS: ENTREVISTA COM OS ASSOCIADOS............49 6.2.1 Pontos positivos da Organização na visão dos sócios.................................55 6.2.2 Sugestões de melhoria para apoiar as atividades de seu negócio.............56 6.2.3 Sugestões ou críticas que objetivam contribuir com o crescimento da ONG ...........................................................................................................................58 6.3 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS.....................................................................60 6.3.1 Sugestões de melhorias..................................................................................62 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................67 REFERÊNCIAS …………………………………………………………………….......….71 APÊNDICES…………………………………………………………………………...…...78 10 1 INTRODUÇÃO No contexto social e econômico em que os países interagem, o Brasil lança mão de um aporte social relevante para contribuir com as atividades desenvolvidas pelo primeiro e segundo setores econômicos - trata-se do terceiro setor e seu importante papel como braço social para o desenvolvimento socioeconômico brasileiro (OLIVEIRA, 2005). De acordo com Tachizawa (2014) na classificação mundial, o primeiro setor é composto pela área pública, em razão deste setor ter surgido primeiro, tempo em que as pessoas viviam reunidas em clãs. O segundo setor - iniciativa privada, surge a partir do interesse de determinadas pessoas para desenvolverem atividades individuais indiferente de continuar sua convivência em grupo. Estes dois setores ao longo da história mundial, foram se distanciando das metas compartilhadas, entre estas a preservação ambiental, o cuidado com as pessoas menos favorecidas economicamente, os enfrentamentos sociais, como por exemplo, as pessoas em situação de dependência química, doentes e outras questões que a sociedade civil organizada, empresas e governos têm dificuldades para enfrentar, portanto, um terceiro setor foi implementado para apoiar as iniciativas tanto do primeiro como segundo setores (LADIM; SCALON, 2000). Este braço social - terceiro setor é representado pelas instituições não governamentais e sem fins lucrativos, considerado o meio caminho entre o primeiro e o segundo setores, pois apresenta algumas de suas características. Importa lembrar que o Estado não tem compromisso em contribuir com as ações do terceiro setor que enfrenta as causas sociais a partir da sociedade civil organizada e conta, algumas vezes, com o apoio das empresas em seus programas de responsabilidade social, mas os desafios e custos das ações promovidas pelo terceiro setor devem ser também financiadas pelas instituições sociais, mesmo que seu caráter de atuação e funcionamento esteja restrito à instituições sem finalidade lucrativa, portanto um grande desafio é gerar receitas e resultados sem poder gerar lucros (KANITZ, 2013). 11 Na medida em que a iniciativa privada gera seus resultados voltados para a obtenção de lucros e o Estado gera resultados, uma parte da coletividade sofre com anos de desigualdades sociais resultantes do capitalismo contemporâneo em países como o Brasil, onde circunstância como a falta de acesso aos direitos e garantias fundamentais do ser humano, a injusta distribuição de renda, falta de emprego para todos aqueles que querem trabalhar, moradia, saúde educação de qualidade e demais direitos deveriam estar acessíveis a todos (FERREIRA, 2017). Para Furtado (2007), as instituições do terceiro setor enfrentam muitos desafios e dificuldades em sua gestão. Alguns exemplos são a captação de recursos, a capacitação de pessoas, o planejamento de suas atividades e saber gerenciar seus conhecimentos. Observar, identificar possíveis falhas e buscar meios para corrigi-los é de extrema importância para alcançar os objetivos de uma organização. Ao realizar um diagnóstico empresarial, o gestor tem uma visão mais ampla de sua empresa, o que facilita compreender onde estão os problemas da organização, para assim resolvê-los. Esta realidade não é diferente no terceiro setor, afinal, este setor não gera lucros, mas tem que gerar excelentes resultados, efetividade na gestão, governança corporativa, ou seja, deve apresentar os mesmos padrões de excelência que os demais setores demandam (MEREGE, 2009). Este projeto problematiza os processos de gestão de uma ONG1 considerando suas metas de apoio ao desenvolvimento comercial de um município do estado do Espírito Santo. A partir de um diagnóstico empresarial, amparados pelas diretrizes compartilhadas por Bonassi (2014), procura-se analisar os pontos fortes e frágeis da organização nos processos de gestão e no cumprimento de suas finalidades. Além disso, o presente trabalho também se propõe a oferecer ações de intervenção para a melhoria das atividades estratégicas de gestão da ONG.1 ONG – Organização Não Governamental – Instituição privada, integrante do terceiro setor, que atua no desenvolvimento de finalidades sociais, não objetivando finalidade lucrativa, ou ainda, sem fins econômicos (MEREGE, 2009). 12 Para auxiliar o tratamento dos dados, duas ferramentas do planejamento estratégico foram utilizadas: Matriz GUT e Ciclo PDCA. Quanto ao método de intervenção, foi resultante da coleta de dados e da percepção da pesquisadora, com isso, possíveis caminhos foram apontados, traduzidos em sugestões estratégicas. O estudo abrange três etapas para a obtenção de respostas do problema abordado. A primeira é o referencial teórico, trazendo ideias de outros autores a respeito do tema, a segunda etapa é a metodologia, que contribui para o alcance dos objetivos propostos e a terceira etapa é onde são apresentados os resultados da pesquisa, análises e considerações finais sobre a pesquisa. 13 2 JUSTIFICATIVA O estudo do terceiro setor no Brasil é ainda bastante reduzido, em se tratando do cenário acadêmico, uma vez que, a gestão do terceiro setor, realizada de forma profissional, ainda é bastante restrita no país. A maior parte das instituições do terceiro setor nascem da vontade das pessoas físicas e jurídicas de promover o bem comum social ou ainda a sustentabilidade do planeta. Em meados da década de 70 a questão do terceiro setor passou a ser objeto de estudos e pesquisas no Brasil em função do posicionamento das organizações não governamentais – ONG’s e sua interação com a sociedade e governo (FALCONER,1999). Para defender os direitos políticos e humanos tornados precários pela ditadura militar, surgiram na década de 70 as organizações denominadas de não governamentais — ONGs3 —, marcando uma postura de distinção quanto às ações governamentais. Essas organizações, surgidas no âmago da resistência política, tiveram um papel fundamental nos rumos da sociedade brasileira e na consolidação do terceiro setor. Além de serem responsáveis pela disseminação da noção de cidadania e pela pressão para seu exercício pleno, favoreceram também a entrada de recursos de organizações internacionais, tais como Ford Foundation, Rockefeller ou MacArthur (SILVA, 2010, p.1308) Para Melo Neto (2001) em nosso país este tema é pouco encontrado dentro das salas de aula, com isso, as pessoas não reconhecem a sua importância. O terceiro setor precisa ser um tema mais presente em nosso meio, afinal, um dos motivos da criação de suas entidades é buscar ajudar a sociedade e seus interesses em comum. A maioria das instituições do terceiro setor são criadas por pessoas que encontram muitas dificuldades em sua administração, pois na maioria das vezes, os líderes e profissionais destas instituições não têm experiência em gestão (NETO et al., 2005), haja vista, que estas instituições são comumente braços sociais de instituições eclesiásticas, associações de bairros, núcleos de pessoas que desejam praticar voluntariado e benfeitorias para a sociedade, e não necessariamente desenvolveram habilidades e competências para gerir. A maior parte das receitas geradas são utilizadas somente para pagar as contas das entidades e não são reinvestidas em novos projetos, para, por exemplo, garantir a sustentação da instituição, ou mesmo, investir para que as suas atividades sejam cada http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122010000600003#nt03 14 vez melhores. Devido a isso, muitos associados ficam insatisfeitos, e a conquista de novos associados se torna algo muito difícil. É necessário que as organizações tracem metas e objetivos para que consigam atingir bons resultados, isto é, as entidades devem fazer um planejamento (BARBOSA; BRONDANI, 2005). Neste sentido, uma ferramenta que pode nortear as ações dos diretores das organizações é o diagnóstico empresarial, diminuindo assim as chances de tomar decisões equivocadas em um mercado tão competitivo. A escolha do presente estudo se baseia na necessidade de reconhecimento das entidades que fazem parte do terceiro setor, além de conter informações que podem contribuir com a melhoria da gestão dessas organizações, de modo específico, aquelas que apoiam e interagem para o desenvolvimento do comércio no Brasil, com ênfase na realidade do estado do Espírito Santo. Espera-se com o presente trabalho oferecer reflexões sobre as referências e a importância do terceiro setor na gestão contemporânea, onde a iniciativa pública e privada unem forças para a construção de uma sociedade mais sustentável. Além disso, amparados por Bonassi (2014), Vieira (2017), Rosa (2001 apud SEBRAE, 2014) Silva (2010) em seus estudos sobre Diagnóstico empresarial como estratégia a pesquisa, resultou no desenvolvimento de um diagnóstico empresarial para conhecer e detalhar a gestão empresarial de uma ONG identificando os seus pontos fortes e frágeis, com o intuito de levar informações para a organização em estudo, bem como, oferecer um modelo de reflexão para outras ONGs analisarem as suas atividades. O presente estudo também pretende oferecer resultados que se somam aos trabalhos já existentes nos trabalhos de pesquisas de intervenção, contribuindo para a discussão científica sobre o terceiro setor como entidade de gestão e apoio no cenário econômico brasileiro à luz do diagnóstico estratégico confrontando as evidências empíricas para a proposta de possíveis soluções para as demandas descortinadas a partir do plano de ação proposto com base nas teorias gerais da Administração e especificidades. 15 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Identificar as dificuldades e propor intervenções na gestão de uma entidade do terceiro setor, utilizando a ferramenta de gestão diagnóstico empresarial, para analisar suas estratégias de apoio e fomento ao comércio municipal no interior do estado do ES. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ● Desenvolver uma análise conceitual sobre o terceiro setor e sua importância; ● Conhecer as demandas de gestão da ONG por meio do diagnóstico empresarial; ● Estudar as demandas da ONG para propor ações de intervenção com foco na melhoria da gestão e resultados; ● Analisar os seus pontos fortes e fracos; 16 4 REVISÃO DE LITERATURA 4.1 CONCEITO DE TERCEIRO SETOR: NOÇÕES GERAIS Historicamente, existiam apenas dois setores: o público e o privado, onde de um lado temos o estado e do outro temos o mercado. Junto destes dois setores, começa a se consolidar um outro que ficou conhecido como terceiro setor, desenvolvido pela esfera privada, porém visando responder às necessidades coletivas (PAES, 2006). Os autores Manãs e Medeiros (2012) dispõem desta mesma visão e ainda acrescentam que estas organizações se desenvolveram devido a uma falha do estado para responder às demandas da sociedade, por este motivo, o terceiro setor apresenta uma característica similar ao estado, pois ambos visam o atendimento do interesse social. Nesse sentido, Pereira (2001, p. 72 apud BARBIERI, 2008, p. 28) aponta que estas organizações não se revigoram às custas do Estado. Para o autor, a tendência é que quanto mais forte e quanto mais atribuído de governança o Estado for, mais forte as organizações serão. Mas elas não substituem o Estado, e sim crescem juntamente com ele. Kliksberg (2003, p. 54) afirma que as preocupações com o terceiro setor devem ser comparadas aos direitos fundamentais. No Brasil, disponibilizados na Constituição Federal (1988), no artigo 5º, que trata dos direitos e garantias fundamentais do ser humano, são bases que sustentam a sociedade moderna ao afirmar que “atender ao social não é uma concessão, é em uma democracia, tratar de fazer com que os direitosfundamentais e seus membros sejam respeitados”. Austin (2001), ao definir o nível de comprometimento e a forma com que o setor empresarial se relaciona com o terceiro setor, definiu três estágios: filantrópico, transacional e integrativo. No primeiro estágio, o filantrópico, considerado o relacionamento mais comum entre empresas e ONGs do terceiro setor, temos um doador que colabora com uma entidade, que em troca realiza atos de divulgação, como uma atitude de gratidão. No segundo estágio, denominado transacional, os parceiros interagem com mais intensidade e focam em atividades específicas para 17 que haja troca de valores para ambas as partes, isto inclui patrocínios de eventos, marketing relacionado a causas e a parceria é cada vez mais importante para suas missões e estratégias. No terceiro estágio, o integrativo, as ações se tornam alianças estratégicas, nas quais as pessoas começam a agir com mais afinco e as atividades realizadas em conjunto se expandem, trazendo benefícios que geram valor para as partes. O conceito de terceiro setor está relacionado com as organizações que o compõem, ou seja, é um conjunto de instituições que não tem fins lucrativos, cujos investimentos são maiores que os retornos financeiros, onde seu principal objetivo é atuar voluntariamente visando seu aperfeiçoamento, buscando finalidades de interesse público (PAES, 2006, p. 126). Guimarães (2008) afirma que para definir o terceiro setor, deve-se mencionar o conjunto de instituições que surgem com o interesse de trazer benefícios à um grupo e atender as demandas específicas do mesmo. Enquanto algumas entidades realizam ações filantrópicas junto às camadas mais desfavorecidas, outras investem em capacitação de seus agentes, ampliando a sua gama de atuação. Ferrarezi (2002, p.15) aponta importantes características que a definição de terceiro setor nos traz: as entidades do terceiro setor estão fora da estrutura formal do estado, não tem fins lucrativos e são formadas por pessoas jurídicas, onde todos trabalham de forma voluntária e produzem serviços para um bem de interesse coletivo. 4.1.1 Terceiro Setor: Histórico Brasileiro De acordo com Tenório (2002), após o fim da segunda guerra mundial, inúmeras transformações aconteceram devido ao novo cenário que se firmou em todo o mundo. Surgiram diversos problemas de cunho social e econômico, além do aumento da urbanização e mudanças na comunicação e produção. Isso acabou causando um aumento da pobreza, poluição, doenças e outros problemas sociais. Nesse sentido surgiram as primeiras organizações não governamentais - ONGs, que inicialmente auxiliaram na busca por amparo social nesta fase. 18 Porém, Manãs e Medeiros (2012) afirmam que o surgimento das instituições do terceiro setor ocorreu desde a origem da humanidade, nas primeiras civilizações, onde houve os primeiros atos de ajuda àqueles que mais necessitavam. Estudos apontam que a base para o surgimento do terceiro setor no Brasil, foram os princípios de caridade e filantropia. Organizações como as Santas Casas de Misericórdia e obras sociais não são organizações novas no país, se ergueram no século XVI e atuam até os dias atuais (SILVA, 2010). Como observam Calegare e Junior (2009), a filantropia e ações sociais de caráter religioso já eram praticadas no Brasil, mas a forma institucional de atuação alcançou o seu ápice na década de noventa, onde se fala do nascimento do terceiro setor no país, sendo caracterizado por uma nova extensão da filantropia. Falconer (1999) compartilha dessa mesma linha de pensamento e afirma que nos anos noventa a expressão “terceiro setor” se torna comum no Brasil e traz a promessa de renovar o espaço público, resgatando a solidariedade e se possível, até mesmo superar a pobreza. Com isso, o terceiro setor vem crescendo e se desenvolvendo em várias partes do mundo, tornando cada vez mais importante uma maior atenção às suas características. No Brasil, a Lei n° 9.790/99 - Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências - é considerada um marco legal sobre a legislação de terceiro setor no país. Esta Lei faz com que a OSCIP (organização da sociedade civil de interesse público) seja uma qualificação a ser atribuída a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, devido a ações que podem ser desenvolvidas com o poder público (BRASIL, 1999). No dia 31 de julho de 2014, a Lei n° 13.019/2014 também chamada de Lei de Fomento e de Colaboração ou Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), veio para instituir normas com relação a parcerias entre as OSC (Organizações da Sociedade Civil) e a Administração Pública (BRASIL, 2014). Neste sentido, o poder público deve realizar um processo de seleção antes de realizar 19 parcerias e oferecer apoio financeiro à estas organizações, por meio de um edital explicando as regras, para que quaisquer outras instituições de terceiro setor possam se encaixar e participar para concorrer. O objetivo é fazer com que este processo de escolha seja mais justo para todas as organizações (ROCHA, 2015). Em cada país, as instituições do terceiro setor são aplicadas de formas diferentes, devido a diversidade deste setor. Até mesmo dentro de um mesmo país estas organizações mostram diversas vertentes, como o Brasil por exemplo, que compreende instituições com características bem diversificadas, como associações de bairros, associações comerciais, fundações, associações de produtores rurais, instituições sociais, culturais, religiosas, educação, saúde, defesa de direitos e do meio ambiente (PARENTE, 2008). De acordo com o Observatório do Terceiro Setor2 (2017), em nosso país as organizações do terceiro setor vêm crescendo cada vez mais e ganhando um aumento em sua representatividade. Uma prova disto é que em 2007 o Instituto Brasileiro de Economia e Estatística - IBGE - avaliou a sua importância para a economia brasileira, onde sua participação na formação do PIB – Produto Interno Bruto – era de 1,4% no país, significando uma movimentação de cerca de 32 bilhões de reais, no ano de 2007. Porém, mesmo tendo tamanha importância, pode-se analisar através das datas apresentadas nos dados acima, que o terceiro setor ainda tem o desafio de realizar mais pesquisas, afinal, mesmo sendo importantes, os dados não apresentam a realidade atual. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016) existem cerca de 236.950 fundações privadas e associações sem fins lucrativos no 2 Observatório do Terceiro Setor - O Observatório do Terceiro Setor é uma agência brasileira de conteúdo multimídia com foco nas temáticas sociais e nos direitos humanos, no que o mundo precisa com urgência. Reúne plataformas de TV, de rádio e digitais para divulgar as boas práticas das organizações da sociedade civil. Veículo de comunicação e pesquisa dedicado a dar visibilidade aos trabalhos com impacto social. A sociedade civil hoje agrega mais de 781,9 mil entidades no Brasil e o objetivo do Observatório é disseminar conhecimentos, estimular o debate e aproximar as organizações para trocarem experiências, partilharem dificuldades e conquistas, e evoluírem em suas metas, e conta com parceiros como ONU, Jornal LeMonde Diplomatique Brasil, Microsoft, FUNASP, FIA, entre outras. Site de Instituição do Terceiro Setor. Disponível em < https://observatorio3setor.org.br/parceiros/>. Acesso em 20/07/2020. 20 Brasil. Dentre elas, as principais áreas do terceiro setor no país, são religião, cultura e recreação, e desenvolvimento e defesa dos direitos. Gráfico 01: Número de unidades locais dasfundações privadas e associações sem fins lucrativos, 2016. Fonte: IBGE, 2016. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2018) elaborou um mapa das OSCs - Organizações da Sociedade Civil - brasileiras, que contém números importantes destas organizações no país, em cada estado e até mesmo dos municípios. Em 2018, o estado do Espírito Santo estava em 13° lugar em relação à quantidade de Organizações da Sociedade Civil - 17.274 Organizações - sendo o estado de São Paulo o que tinha a maior quantidade de OSCs - 156.001 Organizações. 21 Gráfico 02: Evolução da quantidade de OSCs por ano de fundação no ES. Fonte: IPEA, 2018. Figura 01 - Distribuição das Organizações da Sociedade Civil no Brasil Fonte: IPEA, 2018. O crescimento destas instituições se dá devido a ineficiência do estado em atender as áreas sociais. Mas importa mencionar que o terceiro setor, como braço social da iniciativa social e também do estado, é uma iniciativa privada que não necessariamente ou legalmente conta com a ajuda do estado para o enfrentamento das causas sociais, mas o faz porque a sociedade civil organizada, engajada por ativismos sociais, decide enfrentar estas “lacunas” onde o estado é ineficiente em sua atuação e portando o terceiro setor, dentro de suas possibilidades e capacidade, atua 22 para apoiar o atendimento à demanda social que originariamente, no Brasil é de responsabilidade legal do estado brasileiro. Com isso, o terceiro setor se expande com o intuito de atender demandas de diversos nichos da sociedade, que abrangem áreas de saúde, educação, cultura, artes, direitos humanos e garantias fundamentais, meio ambiente, dentre outros (BELLIZIA, 2012). 4.2 DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL: CONCEITO DA FERRAMENTA DE GESTÃO Esta ferramenta, que é uma proposta de evidenciação da situação em que a organização se encontra, demonstrando não só as oportunidades de melhoria, como também os pontos fortes de sua atuação, pode ser utilizada tanto no primeiro, segundo, como no terceiro setor. A palavra “diagnóstico”, na maioria das vezes está presente no vocabulário de médicos e está relacionada ao conhecimento de doenças e não obstante a esta premissa investigativa, segundo (VIEIRA, 2017). Contudo, afirma Bonassi (2014), que um diagnóstico empresarial tem uma certa ligação com um diagnóstico médico, afinal, é através do mesmo que os médicos conseguem identificar quais são os problemas dos pacientes e com isso, apresentam o tratamento adequado. Um gestor, através do diagnóstico empresarial consegue identificar quais são os problemas da sua organização e com isso propõe o tratamento apropriado para que essas falhas sejam resolvidas e não voltem a ocorrer. Afinal, avaliar a organização sob o olhar externo e interno para conhecer pontos frágeis e pontos fortes, bem como analisar riscos, oportunidades de negócios, expansão ou ainda possibilidades para a inovações são avaliações que matrizes como GUT, PDCA, Canvas e Plano de Negócios, bem como, diagnóstico empresarial, podem oferecer aos gestores para auxiliá-los em suas decisões sobre a abertura, permanência, sobrevivência, expansão ou mesmo a necessidade de encerramento das atividades (BONASSI, 2014; VIEIRA, 2017). O trabalho em questão assume como direcionamento a realização de um Diagnóstico Empresarial e o fará com o apoio das matrizes GUT e PDCA para integrarem processos de levantamento de dados e escolha da ordem de prioridade das ações propostas como possíveis soluções para a tomada de decisões da organização em 23 estudo. O diagnóstico empresarial é uma ferramenta que auxilia os gestores a adquirirem um maior conhecimento sobre suas organizações, para que assim possam ter uma visão mais ampla de suas realidades externas e internas, podendo visualizar qual o posicionamento de sua empresa para que possa tomar as decisões corretas e alcançar melhores resultados (GOMES et al., 2007, apud VIEIRA, 2017). Chiavenato (2003, p. 407) afirma que o diagnóstico empresarial reúne as principais informações de uma empresa, para que se possa definir quais são os seus pontos fracos e seus problemas, podendo assim resolvê-los. Quando uma instituição está em uma condição crítica, é preciso analisar intensamente quais são as reais causas dos problemas ocorridos antes de tomar as devidas providências para resolvê-los, para que assim não seja desperdiçado nem tempo, nem seu capital (SILVA, 2010). 4.3 MATRIZ GUT E PDCA Daychoum (2012) define a matriz GUT como uma ferramenta que serve para priorizar os problemas existentes e tratá-los. Através dela, a organização pode realizar uma análise para que se estabeleça a prioridade dos problemas existentes e com isso, elaborar possíveis ações para resolvê-los. Ela tem esse nome, devido a levar em consideração a Gravidade, a Urgência e a Tendência dos problemas existentes em uma organização. A matriz GUT, de acordo com Hékis et al. (2013, p. 23), é uma ferramenta que responde a questões como “o que devemos fazer primeiro?” e “por onde devemos começar?”. Inicialmente, é necessário listar os fatos e em seguida atribuir pesos em uma escala de um a cinco para que assim se possa analisá-los de acordo com a sua gravidade, urgência e tendência. Após atribuir os pesos nos problemas identificados, é preciso multiplicar GxUxT, onde o problema que obtiver a maior pontuação, deverá ter prioridade em sua solução, já que é considerado o mais grave, o mais urgente e com a maior tendência de se tornar pior. 24 Figura 2 - Matriz GUT Fonte: Daychoum (2012, p. 90). Já o ciclo PDCA “realiza nas organizações uma transformação direcionada à melhoria contínua e ao controle da qualidade total” (SELEME; STADLER, 2010, p. 27). Seu principal objetivo é fazer com que os processos gerenciais de uma empresa sejam mais ágeis, objetivos e claros, para que seja alcançada uma gestão cada vez melhor e que gere bons resultados. Daychoum (2012) afirma que este ciclo se inicia com o planejamento, posteriormente as ações que foram planejadas serão executadas e em seguida, surge a necessidade de checar se o que foi realizado estava realmente de acordo com o planejado, de forma constante e cíclica, e por fim, adota-se uma ação para que os defeitos ou problemas sejam eliminados ou pelo menos sejam reduzidos. 25 Figura 3 - Ciclo PDCA Fonte: Periard (2011) Por ser um ciclo, esta ferramenta não tem um fim obrigatório. Ao terminar o primeiro ciclo e após tomar as ações planejadas, pode-se criar um planejamento novo para que seja melhorado algum procedimento, iniciando assim um novo ciclo PDCA, que a partir do ciclo anterior é essencial para o sucesso da utilização dessa ferramenta (PERIARD, 2011). 4.4 MODELO DE DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL Para a realização do presente estudo, a partir dos conhecimentos sugeridos por Rosa (2001, apud SEBRAE, 2014), Vieira (2017) é preciso coletar dados da organização que contribuam na análise organizacional e na elaboração do diagnóstico empresarial. No quadro 1 será apresentado o modelo proposto para que a pesquisadora tenha uma análise geral da situação atual da ONG, para conhecer a realidade da organização e para que se possam definir estratégias de melhorias. Quadro 01 - Modelo de Diagnóstico Empresarial 1. ANÁLISE DE AMBIENTE 1.1 Ambiente Externo (é necessário analisar o ambiente em geral, do setor e da concorrência) 26 1.1.1 Estratégias (Se a empresa realiza o planejamento estratégico e leva em conta o cenário de curto, médio e longo prazo e as necessidades de clientes, colaboradores, fornecedores e comunidade) 1.2 Ambiente Interno (é necessário descrever a estrutura organizacional quanto às áreas e departamentos, assim como as atividades definidas decada uma delas, distribuição do poder, interação das unidades e sistema de decisão) 1.2.1 Recursos organizacionais (São feitas análises periódicas da organização, de procedimentos, práticas, normas e regulamentos, de tal forma que a organização se mantenha em condições de satisfazer os objetivos do negócio o mais eficazmente possível) 1.2.2 Estrutura Organizacional (se ela condiciona a cooperação e o intercâmbio pleno e ágil de informações entre as várias unidades de trabalho) 2. QUANTO ÀS OPERAÇÕES DE MARKETING E VENDAS 2.1 Produtos/Serviços (os atuais produtos/serviços satisfazem as necessidades dos consumidores?) 2.2 Práticas para fidelização dos clientes (atividade sistemática de verificação de necessidades, tendências e atitudes dos consumidores, para gerar subsídios tanto para o desenvolvimento de novos como a reformulação dos produtos existentes, o estabelecimento de políticas de preço e a orientação de esforços publicitários) 2.3 Ampliação do mercado (a empresa realiza um esforço sistemático de desenvolvimento de produtos e de ampliação de seu mercado consumidor) 2.4 Atividades dos concorrentes (a empresa mantém-se atenta às atividades dos concorrentes em todos os aspectos) 2.5 Preços (os preços de seus produtos são definidos e atualizados de tal forma que possam ser maximizados) 2.6 Promoção dos produtos (a empresa promove eficazmente seus produtos e procura obter o maior retorno possível sobre seus investimentos em propaganda, promoção e relações públicas) 2.7 Disponibilidade dos produtos (o sistema de distribuição adotado pela empresa assegura uma oferta constante do produto à clientela) 2.8 Força de Vendas (A empresa tem uma força de vendas bem treinada, motivada, sensível às necessidades dos clientes. É uma equipe ativa capaz de garantir a maximização das vendas) 2.9 Planejamento de marketing/vendas (acompanha e controla eficazmente a execução dos planos, confrontando os resultados reais com os planejados) 2.10 Situação atual da empresa no mercado (todos os aspectos que possam refletir a posição da empresa em relação ao mercado, como seus produtos, preços, clientes, parcela do mercado que detém) 27 3. QUANTO AOS RECURSOS FINANCEIROS 3.1 Orçamentos (um exercício válido de verificação das reais possibilidades da organização e de tomada de decisões sobre aspectos importantes que possam levar os resultados a encontrar os objetivos) 3.1.1 Orçamentos de caixa (extraído do orçamento geral, que possibilita uma visualização clara do fluxo mensal de recursos e que permita o planejamento de operações de captação, aplicação, investimento, solicitação ou inserção de créditos) 3.2 Operações financeiras (se a empresa exerce um efetivo controle sobre as operações financeiras de pagamento, recebimento e imobilização) 3.3 Rendimentos do caixa (a empresa procura maximizar os rendimentos de seu caixa, aplicando os excedentes às maiores taxas e captando recursos para suprimento de caixa nas melhores condições possíveis) 3.4 Demonstrativos de resultados mensais (devem ser claros, precisos, suficientemente detalhados que permitam uma análise do desempenho de cada área de responsabilidade por resultados) 3.5 Sistema de custos (registrar, agrupar, classificar, atribuir os custos e orientar os rateios de forma coerente, objetiva e justa. Tal sistema permite a obtenção rápida de informações que possam ser necessárias à análise de discrepâncias e à tomada de decisões) 3.6 Posição Geral (a empresa procura avaliar periodicamente sua posição geral, para averiguar se não está tomando rumos menos desejáveis) 3.7 Concessão de crédito (as decisões de concessão de crédito da empresa aliam rapidez no atendimento ao cliente com avaliação criteriosa das condições que o cliente tem para saldar os débitos) 3.8 Posição financeira (a atual posição financeira da empresa deve brotar de uma análise factual e objetiva que leva em conta os diversos indicadores do termômetro financeiro da empresa) 4. QUANTO AOS RECURSOS HUMANOS 4.1 Clima Organizacional (observa-se na empresa as atitudes positivas de relacionamento humano) 4.2 Critérios de seleção (possibilita a escolha de pessoas aptas a trabalhar para os cargos oferecidos e com potencial para desenvolvimento posterior) 4.3 Programa de orientação e integração (minimiza a ansiedade e tensão dos novatos e propicia as informações necessárias a que nomeiem a trabalhar de maneira motivada e produtiva) 4.4 Programa de avaliação de desempenho (avaliar, em 14 entrevistas periódicas, cada um de seus subordinados, o desempenho destes, de criticá-lo construtivamente, indiciar setores em que o desempenho de cada um é adequado 28 e setores em que são necessárias melhorias) 4.5 Plano formal de carreira (o empregado encontra não só orientação sobre como evoluir na empresa, mas também o necessário apoio de treinamento) 4.6 Treinamento dos empregados (a empresa procura treinar os empregados potenciais de tal modo que possam estar aptos a fazer carreira) 4.7 Níveis de remuneração (pode-se dizer que os níveis de remuneração da empresa são ímpetos em relação ao mercado) 4.8 Responsabilidades dos empregados (observa-se entre os empregados um bom nível de consciência sobre seus papéis e responsabilidades) 5. QUANTO AOS RECURSOS DE PRODUÇÃO 5.1 Área de produção (se a área de produção da empresa está organizada de modo a possibilitar a maior produtividade) 5.2 Equipamentos e máquinas (quando os equipamentos e máquinas utilizados na produção permitem a maior produtividade possível) 5.3 Planejamento de produção (empresa tem um planejamento de produção adequado, devidamente entrosado com o plano de vendas e com o plano financeiro) 5.4 Atividades de produção (a organização adota controles que possam orientar eficazmente as atividades de produção) 5.5 Controle de qualidade (a empresa exerce um controle de qualidade eficaz sobre seus produtos/serviços) 5.6 Bens da empresa (se a empresa mantém suas máquinas e equipamentos, prédios, móveis e instalações sempre em boas condições) 5.7 Redução de custos de produção (quando há um esforço constante da organização em reduzir os custos de produção) 5.8 Fabricação de produtos (a organização fabrica seus produtos com o menor custo de produção possível sem sacrificar a qualidade) 5.9 Custos de produção (a empresa tem fontes seguras de suprimento de matérias-primas, mantém boas relações com seus públicos, tem uma firme orientação para os negócios, para aproveitamento de oportunidades, maximização dos resultados) 5.10 Área de comércio exterior (se a empresa está comprometida com o processo de exportação/importação, ter conhecimento das modalidades de pagamento/recebimento internacional, acompanhar as tendências/necessidades mundiais) Fonte: Proposta de diagnóstico empresarial, elaborado a partir dos autores Rosa (2001, apud SEBRAE); Quadros (2017); e Vieira (2014) 29 Mesmo sem finalidades lucrativas, as organizações do terceiro setor enfrentam dificuldades de gestão peculiares à iniciativa privada, o que torna a sua sobrevivência ainda mais desafiadora, afinal, mesmo não tendo finalidade econômica, tem despesas tais como folha de pagamento para manter-se em dia. Portanto, um estudo sobre sua atuação intra e extramuros pode oferecer uma visão técnica e enriquecedora para a tomada de decisões sobre o presente e futuro da organização, seja para potencializar aqueles aspectos identificados já como pontos fortes, ou ainda, para corrigir os “rumos” em relação aos aspectos considerados fragilidades (VIEIRA, 2017). 4.5 MARKETING De acordo com Kotler e Keller (2012), o marketing identifica e satisfaz as necessidades dos clientes proporcionando o progresso de uma empresa, ou seja, ele traz benefícios para ambas as partes envolvidas na compra e venda. É um processo onde as pessoas alcançam o que necessitam através da oferta e troca de produtos entre si. Além disso,“Marketing é estabelecer, manter e ampliar o relacionamento com os consumidores e outros parceiros, para obter lucratividade, com base em objetivos comuns das partes envolvidas” (Gronross, 1997, apud Crescitelli, (2003, p. 33). Para Kotler e Keller (2012), quando as pessoas sentiram a necessidade de aumentar suas vendas, o marketing surge para desenvolver novas técnicas capazes de trazer melhores resultados. Antigamente, os produtos eram comprados pelas pessoas independentemente de algo ou alguém. Com o passar do tempo, foram surgindo novas ideias, tecnologias, e o desejo dos consumidores também foi mudando. Por este motivo, o marketing veio para fazer com que os produtos e serviços não fossem mais ofertados como antes, mas sim, desenvolvendo estratégias focadas em atender os desejos e a satisfação dos consumidores. 4.5.1 Marketing de Relacionamento Atualmente, o marketing vem sofrendo algumas transformações devido ao avanço da tecnologia. Os consumidores podem realizar suas compras pela internet, de qualquer 30 lugar onde estiverem e por isso não precisam mais interagir pessoalmente com os vendedores, podendo assim enfraquecer as relações entre consumidor x vendedor (PEREIRA, 2009). Dessa forma, o marketing de relacionamento surge para criar uma aproximação entre a empresa e seus clientes, para que se estabeleça uma relação forte e duradoura, resultando em rentabilidade para a organização (RAMBO, 2014). De acordo com Kotler e Keller (2012) o marketing de relacionamento tem o propósito de construir relacionamentos de longo prazo, que sejam satisfatórios para ambas as partes, com a finalidade de manter seus negócios. Ainda de acordo com os autores, conquistar um novo cliente pode ser cinco vezes mais caro do que manter um já existente, por isso, é muito importante enfatizar a retenção de clientes. Para Stone e Woodcock (2002), é muito importante que o cliente seja atraído por soluções para as suas necessidades, que ainda não foram percebidas pela concorrência. No marketing de relacionamento, não se deve pensar em ações isoladas de marketing, mas sim em uma coordenação de várias áreas da organização, que devem manter contato com os consumidores. Brambilla, Pereira e Pereira (2010) afirmam que uma organização focada nos clientes, que prioriza o relacionamento e proporciona satisfação com seus produtos ou serviços, é capaz de captar, manter e fidelizar clientes com muita facilidade, pois faz com que os mesmos não sintam desejo de conhecer ou comprar na concorrência. Para garantir a satisfação, é necessário conhecer o comportamento e as expectativas do cliente alvo. 4.5.2 Marketing Empresarial O que diferencia o marketing industrial do marketing de bens e consumo, é a natureza dos clientes e como eles fazem uso do produto. No marketing industrial, as organizações é que são os clientes, ou seja, as transações envolvem duas empresas (HUTT; SPEH, 2010). 31 Para Teixeira (2019), o marketing empresarial também tem o foco de satisfazer as necessidades dos clientes, neste caso, seus clientes são outras organizações. Deve- se lembrar que do outro lado do comprador organizacional existem diversos seres humanos envolvidos, por este motivo, ofertar um produto/serviço diferenciado, no prazo correto e atender as expectativas do cliente é importante, porém não se pode esquecer que a sua relação com as pessoas pode fazer toda a diferença na escolha entre sua empresa ou seus concorrentes. De acordo com Pais (2018), a ação do marketing para convencer uma venda para uma empresa é mais desafiadora. Não que a venda para o consumidor final seja fácil, mas a pessoa física, em suas decisões, pode acabar comprando por impulso, mas se essa pessoa está realizando uma compra para a empresa, ela toma decisões com base em fatores racionais. 4.6 RELACIONAMENTO COM OS CLIENTES O mercado passa por diversas mudanças em seu comportamento, por este motivo, investir no relacionamento com os clientes é uma diferenciação competitiva, afinal, ofertar um produto de qualidade e ter um preço competitivo já não é mais um fator determinante para o sucesso de seus negócios (AUGUSTO; JÚNIOR, 2015). Nos últimos anos o foco das empresas mudou. Se antes as organizações estavam preocupadas em exibir sua imagem em anúncios e embalagens, sem se preocupar com o ser humano, atualmente as empresas se preocupam em atender bem seus clientes (MESTRINER, 2012). Priorizar um bom relacionamento com os clientes não significa simplesmente tratá-lo bem dentro de seu estabelecimento, ou ser cordial ao falar no telefone e responder um e-mail rapidamente. Ter um bom relacionamento com os clientes significa identificar quais são as suas expectativas, se antecipar às suas necessidades e desejos e ofertar uma boa experiência ao ser atendido. Quando a empresa foca nas exigências dos clientes, em troca ela alcança sua fidelização e sua preferência (AUGUSTO; JÚNIOR, 2015). 32 4.6.1 Fidelização e Retenção de clientes Para Oliveira et al., (2009), quando o cliente não altera seus hábitos de compra e adquire produtos ou serviços de uma empresa com frequência, ele se torna fiel. Essa fidelidade pode ainda ser reforçada quando o consumidor tem preferência por certa empresa e nela encontra o que deseja. A fidelidade de um cliente está atrelada às experiências que os produtos ou serviços irão proporcionar, portanto, é muito importante criar experiências positivas para fazer com que os consumidores confiem em sua empresa, além de manter relações com os mesmos. Até pouco tempo atrás, as empresas estavam preocupadas em conquistar sempre novos clientes. Atualmente, perceberam que é muito importante retê-los, e a partir disso deve-se estabelecer estratégias para a conquista de novos (BATISTA; FRAGA, 2015). Um grande fator que contribui para a fidelização e retenção de um cliente, é a satisfação. Kotler e Keller (2012) afirmam que a satisfação é um sentimento resultado da comparação de um produto com suas expectativas. Se as expectativas forem atingidas, o cliente ficará satisfeito, mas se as expectativas não forem alcançadas, o cliente ficará insatisfeito e ainda, caso a percepção do cliente for além das expectativas, o cliente ficará extremamente satisfeito. Além disso, as organizações devem desenvolver estratégias de marketing que sejam voltadas para criar e fornecer valor para os clientes. De acordo com Kotler e Keller (2012), a probabilidade das pessoas obterem satisfação e repetirem uma compra, irá depender da oferta atender ou não atender a expectativa de valor que o cliente tem. Os autores definem o valor percebido pelo cliente, como a diferença entre o que o cliente obtém e os custos que ele irá assumir. Para que um cliente seja fiel à sua empresa, é necessário desenvolver uma combinação entre preço, qualidade e confiabilidade. Para isso é preciso ser paciente, porém uma vez que a confiança é conquistada, diversos benefícios de longo prazo surgem (OLIVERA et. al. 2009). 33 4.6.2 Fidelização e Retenção no Terceiro Setor Qualquer empresa se preocupa em obter, manter e expandir seus clientes, afinal, seu sucesso depende deles. No terceiro setor não é diferente, conquistar novos clientes que possam colaborar com a causa defendida pela organização mostra que sua gestão é eficiente e evita futuros problemas de captação de recursos. Assim como qualquer outra empresa, é muito importante criar vínculos com seus clientes, manter sempre contato e os manter informados de tudo o que acontece na organização. De acordo com Duarte, Bozetti e Gabrielli (2018), para que uma organização do terceiro setor consiga novos contribuintes e ainda manter os que já contribuem, é necessário que seus colaboradores sejam comprometidos e estejam motivados e aptos para atender a todas as necessidadesda instituição. Para manter um associado, conhecê-lo apenas não basta. É importante que a organização compartilhe informações, monitore o nível de satisfação de seus clientes, ouça as suas sugestões, pois eles precisam se sentir como parte desta entidade e para isso, é preciso dedicação e tempo dos gestores. Dessa forma, a organização pode conquistar a fidelidade de seus sócios e melhorar a sua imagem para a conquista de novos clientes (MARTINS 2019). Além disso, para que a organização alcance a satisfação de um cliente é necessário que a oferta de seu mix de produtos atenda às expectativas de valor de seu associado. De acordo com Kotler e Keller (2012, p. 131), “O valor percebido pelo cliente se baseia, portanto, na diferença entre o que o cliente obtém e os custos que ele assume pelas diferentes opções possíveis”. Na relação Custo x Benefício, quando um cliente adquire um produto ou serviço por um baixo ou alto custo, mas não obtém os benefícios esperados, o cliente fica insatisfeito. Quando se adquire um produto por um alto ou baixo custo, mas as suas expectativas são atingidas ou superadas, o cliente fica extremamente satisfeito. Quando se trata da ONG Alfa, muitos empreendedores têm certa resistência para se associar e até mesmo quem já é sócio, não está totalmente satisfeito com o custo x benefício. É fundamental que uma organização invista na qualidade de seus produtos 34 ou serviços ofertados, ofereça um preço justo ou um custo x benefício que atenda as expectativas dos clientes. 4.7 APRESENTAÇÃO DA ONG ALFA 4.7.1 Definição da empresa A instituição do terceiro setor, não identificada para que sua privacidade seja reservada, apresenta como características gerais se tratar de uma ONG de atuação respeitada pela sociedade, existente em todo o território nacional, presente em todos os estados brasileiros embora não alcance todos os municípios do país, mas tem uma abrangência significativa no Brasil, uma vez que não abrange todos os municípios brasileiros, mas colabora com as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico regional em todo o território nacional e possui parcerias com outros países sul americanos. A sucursal estudada integra a rede de apoio ao sul do estado do Espírito Santo. Como toda instituição do terceiro setor, enfrenta as dificuldades que as organizações precisam desenvolver para se manter e também para permanecer atuantes uma vez que sua finalidade não é a obtenção de lucros, mas sim de receitas que permitam a sua continuidade e também o cumprimento de sua finalidade bem como o saneamento de todas as suas despesas. O diagnóstico empresarial será realizado na ONG Alfa, que teve suas atividades inauguradas no final do século passado, portanto atua no mercado capixaba há cerca de 40 anos e é uma instituição do terceiro setor, sem fins lucrativos, que busca contribuir com os empresários de pequeno e médio porte, em sua maioria, além de apoiar suas atividades estratégicas de gestão e planejamento na indústria, comércio e serviços. Esta associação contemporaneamente tem mais de 60 associados e está localizada em uma das cidades de pequeno porte do estado do Espírito Santo. Suas atividades são financiadas pelos projetos que desenvolve para mobilização de recursos e sua 35 atuação é reconhecida pelas relevantes colaborações que oferecem em todo o estado. A capilaridade desta organização em sua atuação junto aos empreendedores do Estado do Espírito Santo é bastante representativa uma vez que esta organização, pela via de suas parcerias, participa de uma estrutura que permite a troca informacional com outros núcleos de apoio ao desenvolvimento econômico do estado do Espírito Santo, embora não conte com insumos diretos do Governo do Estado, a não ser nos projetos em que são desenvolvidas parcerias e termos de ajustes para o desenvolvimento de projetos pontuais, mas não há um compromisso formalizado do Governo local, estadual ou federal para as atividades e finalidades desta instituição em suas atribuições convencionais. A descaracterização de sua identificação não prejudica em nada o objeto desta pesquisa, uma vez que o foco dos estudos está no desenvolvimento de um diagnóstico empresarial onde suas principais características serão apresentadas sob a perspectiva das oportunidades de melhorias, bem como de seus pontos fortes, além do plano de intervenções, com base nas teorias que sustentam os estudos da administração, para a construção de soluções alcançáveis e escaláveis para as demandas diagnosticadas, com foco na melhoria dos resultados da instituição. Entre as informações sobre missão, visão e valores está a intenção de ser transparente, útil, ter credibilidade e ser parceira das organizações da indústria, comércio e serviços integrantes do segundo setor econômico do estado do Espírito Santo e com estas organizações contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento. O núcleo de atuação da ONG fica em uma área próxima do centro da cidade e tem um espaço com escritório, sala de reuniões, banheiro e copa. Os clientes da instituição estão divididos entre os diversos ramos de atuação neste município, entre estes, empreendimentos urbanos e rurais. Sua administração compreende um conselho gestor não remunerado, como prevê a legislação brasileira, embora esta instituição tenha empregados e gestores contratados para o desenvolvimento de suas atividades de prestação de serviços à 36 sociedade e esta atividade é responsável pela manutenção das finalidades estatutárias desta instituição, bem como por sua sustentação. Sua atual diretoria é composta por cinco gestores, dois secretários, e conselho fiscal, com mandato estatutariamente determinado. 37 5 METODOLOGIA 5.1 TIPO DE PESQUISA Quanto aos fins, a pesquisa se classifica como exploratória e descritiva. Para Gil (2017, p. 26) a maioria das pesquisas acadêmicas assume caráter exploratório, esse tipo de pesquisa pode oferecer ao pesquisador maior intimidade com o problema em questão para que possa compreendê-lo e interpretá-lo melhor. Já a pesquisa descritiva, ainda segundo Gil (2017, p. 26), "Tem como objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno”, onde o pesquisador trabalha como observador, sem influenciar nos dados obtidos. A primeira etapa consiste no levantamento e diagnóstico das demandas que serão examinadas no campo de pesquisa. Já a segunda etapa, consiste na propositura de intervenções, com o intuito de alcançar resultados que auxiliem no desenvolvimento e melhoria da ONG. Quanto aos meios, a pesquisa articula os seguintes métodos de pesquisa e coleta de dados: Pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, pesquisa-ação e diagnóstico empresarial. Para Lakatos e Marconi (2011, p. 183) a pesquisa bibliográfica ou pesquisa de fontes secundárias compreende bibliografias que já foram publicadas por outros autores, sobre o tema que está sendo estudado pelo pesquisador. No presente estudo foram utilizados livros, artigos e monografias relacionadas ao tema em questão. Já a pesquisa de campo tem o intuito de obter informações sobre um problema, onde o pesquisador consegue observar as situações e os fatos, coletar dados para que sejam analisados e descobrir como elas ocorrem (LAKATOS; MARCONI, 2011, p.186). A pesquisa-ação procura diagnosticar problemas específicos de uma organização, com o intuito de alcançar resultados práticos, onde o pesquisador e os representantes da situação pesquisada estão envolvidos de forma cooperativa (GIL, 2017, p. 38). Do ponto de vista de sua natureza, o estudo foi feito com base na pesquisa aplicada. Para Gerhardt e Silveira (2009, p.35) esse tipo de pesquisa objetiva gera38 conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos, envolve verdades e interesses locais”. O estudo possui abordagem qualitativa, que segundo Gerhardt e Silveira (2009) esse tipo de pesquisa se preocupa em analisar as características de determinado grupo ou organização, a fim de explicar o porquê dos fatos e manifestar o que se deve fazer, sem se preocupar com a representatividade numérica. O método de abordagem utilizado no presente estudo foi o dedutivo, uma vez que parte de argumentos gerais para argumentos particulares. Para Mezzaroba e Monteiro (2009), inicialmente são apontados argumentos considerados verdadeiros para que posteriormente possam alcançar conclusões formais. Os métodos de procedimento têm caráter específico, são etapas concretas da investigação, pois se apresentam mais do ponto de vista das suas etapas e menos da perspectiva do plano geral do trabalho (LAKATOS; MARCONI, 2011). No presente estudo foi utilizado o método monográfico, que consiste no estudo de determinadas instituições, profissões, comunidades, grupos, com o intuito de obter generalizações. Entretanto, o estudo monográfico pode, também, em vez de se concentrar em um aspecto, abranger o conjunto das atividades de um grupo social particular, como no exemplo das cooperativas e do grupo indígena. A vantagem do método consiste em respeitar a "totalidade solidária" dos grupos, ao estudar, em primeiro lugar, a vida do grupo na sua unidade concreta, evitando, portanto, a prematura dissociação de seus elementos (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 108). No presente estudo, foi utilizada a observação direta intensiva, com as técnicas da entrevista, que segundo Lakatos e Marconi (2003) é considerada uma conversa entre o pesquisador e o entrevistado, de forma organizada, com o objetivo de adquirir as informações necessárias ao entrevistador, de forma verbal. Também foi utilizada a observação direta extensiva, com a técnica de aplicação de questionário, que para Lakatos e Marconi (2011) o mesmo é composto por uma série de perguntas respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador. 39 5.2 PLANO DE PESQUISA 5.2.1 Universo e Amostra O universo da pesquisa em questão corresponde aos gestores e os associados de uma ONG que apoia o desenvolvimento comercial de um município do interior do estado do Espírito Santo, com cerca de cinquenta empresas associadas e quinze membros da diretoria. As entrevistas com os gestores foram feitas com os que detém os principais cargos (presidente e vice-presidente) e os associados foram selecionados de acordo com a amostragem probabilística aleatória simples. Segundo sugere Gil (2017) por se tratar de um estudo qualitativo, a pesquisa busca a maior profundidade e aproximação das “verdades” investigadas sobre as questões que evidenciam os pontos fortes e frágeis da organização sem fins lucrativos, portanto busca não necessariamente o alcance da quantidade de associados, mas sim a qualidade das respostas e contribuições que os entrevistados estão dispostos a oferecer sobre as características da atuação da ONG que integra a amostra da pesquisa. Neste sentido, a entrevistadora fez abordagens informais em busca das melhores contribuições, aplicando assim a pesquisa para os associados que puderam contribuir com esta voluntariedade e disponibilidade. Os integrantes/gestores da ONG se dispuseram a oferecer suas contribuições bem como oferecer documentos para análise do histórico de atuação da instituição, seus resultados e impactos sociais, objetivando assim receber um estudo técnico de sua atuação com as propostas para reflexão para a adoção de estratégias futuras em sua gestão (VERGARA, 2009). Foram convidados para participar das entrevistas 10 associados, dos quais, foram escolhidas as contribuições que mais foram relevantes sobre a atuação da ONG. 5.2.2 Tipo de Amostragem Para tal, foi utilizada a amostragem não probabilística por julgamento, que de acordo com Lakatos e Marconi (2011, p. 28) o pesquisador usa o seu julgamento para selecionar os membros da população que são boas fontes de informação precisa. 40 Os dez associados entrevistados foram ouvidos e após esta etapa uma triagem sobre as considerações oferecidas e suas possíveis contribuições para a finalidade do trabalho foi realizada. 5.2.3 Coleta de Dados A coleta de dados foi realizada primeiramente com os gestores da organização, com a aplicação do questionário, com o objetivo de coletar informações sobre a ONG e sobre o seu funcionamento. Posteriormente, um outro questionário foi aplicado junto a 10 associados. O questionário desenvolvido passou por um pré-teste no mês de dezembro de 2020, realizado com um associado, para garantir que nenhuma questão dificultasse os respondentes. Na aplicação do pré-teste para os sócios, foi encontrada ambiguidade nas questões 9 e 10, por esse motivo, foi realizada uma alteração nas questões e o questionário foi aplicado a mais um sócio. Não identificando mais nenhuma necessidade de alteração, foi dada sequência à aplicação dos questionários. Já o questionário com os gestores também passou por um pré-teste em dezembro de 2020, porém não foi encontrada nenhuma necessidade de alteração. Os entrevistados, também receberam uma Carta de Apresentação e o TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, explicando sobre questões como o compromisso da pesquisadora a respeito de assuntos como a responsabilidade civil e penal de não divulgação do nome dos entrevistados, bem como, o dever de não identificar a instituição que integra a amostra desta pesquisa científica (VERGARA, 2009). Primeiramente, foi efetuado um primeiro contato por telefone para que os entrevistados aprovassem a colaboração com a pesquisa. Em seguida, a pesquisadora enviou os questionários por WhatsApp, mas encontrou dificuldades para obter o retorno dos entrevistados. Por este motivo, a pesquisadora foi até os comércios que aceitaram participar da pesquisa e anotou todas as respostas. As escolhas dos sócios foram feitas aleatoriamente com aqueles que estão ativos na 41 organização, para verificar as suas percepções a respeito da prestação de serviços da ONG. 5.2.4 Instrumento de Coleta de Dados Para a entrevista com os gestores e os clientes/parceiros, o instrumento utilizado na pesquisa de campo foi um roteiro semiestruturado de entrevista com os gestores da ONG para aproximar as informações à realidade. Além disso, também foi realizado um levantamento com os sócios da ONG, através de um questionário diferente daquele aplicado aos gestores. A pesquisa com os sócios contribui, de acordo com suas visões, o entendimento das estratégias da ONG em seu cotidiano com seus colaboradores (LAKATOS; MARCONI, 2003). A Observação participante também foi uma técnica utilizada, uma vez que a ONG permitiu o acesso da pesquisadora para acompanhar a rotina de atividades desenvolvidas no dia a dia da instituição. Foram avaliados, ainda, documentos, fotografias, atas, balanços, e outras informações do acervo documental que trazem características e dados sobre a instituição, sua história, suas práticas, cultura, princípios, entre outras informações (VERGARA, 2009). Para a realização do diagnóstico empresarial, o trabalho se divide em dois grandes eixos: o primeiro se concentra em levantar as informações sobre as práticas diárias de gestão da instituição e para este fim, o diagnóstico trabalhou o levantamento de dados bem como a sua classificação com base da ferramenta de gestão - Matriz PDCA para conhecer os pontos fortes, frágeis, oportunidades, ameaças nos ambientes internos e externos da instituição (PERIARD, 2011). O segundo eixo se concentrou na realização das entrevistas que tem como objetivo conhecer os hábitos, linhade pensamentos em torno da gestão, comportamento, opiniões e demais características dos gestores da instituição. Neste mesmo processo, ainda, aconteceram as entrevistas com os usuários dos serviços oferecidos pela ONG à sociedade, mais especificamente aos comerciantes que são clientes da instituição e com ela convivem em seu dia a dia de trabalho. 42 5.2.5 Tratamento dos Dados A partir dos dados que foram coletados, após serem geradas informações e juntamente com a bibliografia analisada, os mesmos foram examinados e interpretados através de um diagnóstico empresarial para serem elaboradas possíveis melhorias e com isso, atingir o objetivo do presente estudo na entrega de um plano de ação que ao mesmo tempo em que aponta as necessidades, sugere possíveis soluções para a tomada de decisões dos líderes (MONTEIRO, et al, 2012). Ainda segundo os mesmos últimos autores, a partir do diagnóstico, foram esclarecidas as teorias para aplicar a pesquisa, exibir os fenômenos e fatos observados e ainda, elaborar uma proposta de intervenção de melhorias que contribuam com os processos gerenciais da ONG. A após a análise dos dados obtidos, os mesmos foram tabulados na planilha do Excel e apresentados através de tabelas e gráficos que demonstram a partir das matrizes de PDCA e GUT o resultado do diagnóstico empresarial, considerando as propostas elencadas como prioritárias no cenário das matrizes já mencionadas, objetivando, portanto, como resultado final deste trabalho científico, oferecer um documento que proporcione aos gestores uma reflexão sobre os aspectos positivos, bem como, das oportunidades de melhoria e um workflow3 considerando as prioridades para a adoção de estratégias que possibilitem alcançar as metas traçadas para a ONG em busca de melhores resultados tanto internos como externos no cenário de atuação da cidade onde a instituição social interage com a sociedade (PERIARD, 2011; DAYCHOUM, 2012). 5.2.6 Limitações do Método Inicialmente, o trabalho tinha a intensão de utilizar o tipo de amostragem probabilística aleatória simples, porém, esse tipo de amostragem não foi alcançada, pois devido a pandemia do Coronavírus, a pesquisadora entrou em contato com os entrevistados por telefone, WhatsApp e os mesmos não se mostraram com vontade de estar participando das entrevistas. Vendo isso, a pesquisadora decidiu ir até os comércios para realizar as pesquisas pessoalmente, porém, a maior parte das empresas 3 Workflow - Fluxo de trabalho descrevendo datas, situação de cada atividade, responsáveis e recursos necessários ou sugeridos para o alcance da meta proposta. 43 estavam fechadas devido ao decreto municipal. Sendo assim, não foi possível obter o número da amostragem necessária para determinar este estudo estatístico, por este motivo, o tipo de amostragem passou a ser não probabilística, que consiste em selecionar uma amostra da população que seja acessível, isto é, a seleção de entrevistados aos quais se tem acesso. 5.2.7 Entrevista com os gestores Primeiramente o presidente da ONG foi entrevistado e em seguida o vice-presidente, cada um em seu comércio, onde a pesquisadora anotou as respostas que posteriormente foram transcritas e analisadas. Foi utilizado um roteiro semiestruturado de entrevista, composto por 13 questões (Apêndice B). 5.2.8 Entrevista com os associados Posteriormente os associados foram entrevistados através de um roteiro semiestruturado de entrevista, com 10 questões, para entender seu relacionamento com a ONG e obter sugestões de melhoria. 44 6 RESULTADOS E ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO Esta análise foi realizada na ONG Alfa, com os dados obtidos através da pesquisa de campo, realizada primeiramente com os dois gestores que obtém os principais cargos (presidente e vice-presidente), e posteriormente com dez associados. Primeiramente, foram apresentados os dados obtidos através das entrevistas com os gestores, em seguida, são apresentados os resultados dos dados coletados com os associados e a seguir, estão apresentadas as discussões dos resultados do diagnóstico empresarial. 6.1 ANÁLISES DOS RESULTADOS: ENTREVISTA COM OS GESTORES 6.1.1 Presidente e Vice-Presidente: Perfil O atual presidente da ONG em estudo é do gênero masculino, tem mais de 51 anos, seu grau de escolaridade é o ensino médio completo e é voluntário desta organização há mais de 25 anos, sendo um dos fundadores da mesma, na década de 90. Já o vice- presidente da ONG, pertence ao mesmo gênero, tem mais de 51 anos de idade, tem o ensino médio completo, foi um dos fundadores desta ONG e é voluntário na mesma há mais de 25 anos. 6.1.2 História e Vida da Organização De acordo com os fundadores, um grupo de comerciantes sentiu a necessidade de ter no município uma instituição com o objetivo de congregar a classe de pequenos e médios empresários para juntos, criarem meios para seu próprio desenvolvimento e consequentemente, também o do município. Com isso, esse grupo com cerca de dez comerciantes começou a se reunir frequentemente para analisarem sobre a fundação da ONG. Para os diretores, os primeiros anos da organização foram bons. Segundo o vice- presidente, após algumas reuniões, os dez comerciantes que se uniram decidiram abrir a ONG e os cargos foram divididos entre os mesmos em um jantar para divulgação, onde todos os comerciantes locais foram convidados. Naquela época, de acordo com o presidente, a prefeitura não realizava muitos projetos voltados para o comércio, vendo isso, a ONG começou a elaborar diversas propostas, 45 como por exemplo, iluminação e decoração de natal na praça municipal no fim de ano, sonorização no centro da cidade com mensagens sazonais estrategicamente desenvolvidas para importantes datas festivas, propagandas dos comércios filiados, caminhadas e corridas de bicicletas com sorteios de brindes, distribuição de viseiras e divulgação dos sócios nos pontos de chegada e partida, também eram colocadas faixas pela cidade e outdoors para a divulgação dos comércios, além dos sorteios de fim de ano, que são realizados até hoje, mas que na época era algo novo que chamava muito a atenção dos consumidores. Por este motivo, as adesões de novos sócios nos primeiros anos foram altas, pois os comerciantes estavam buscando meios para alavancarem suas vendas, e a ONG contava com mais de cem comércios associados. Durante as entrevistas desta pesquisa, perguntou-se aos gestores se os mesmos buscaram orientação antes de abrir o negócio, e eles responderam que buscaram ajuda com os gestores de ONGs vizinhas já consolidadas. Eles também informaram que buscaram referências na análise do estatuto social, regimento interno, parcerias e adaptaram para a sua realidade. Quando questionados sobre quais as dificuldades e facilidades encontradas na trajetória da organização, os líderes responderam que como facilidades, a ONG fez com que os comerciantes se tornassem um grupo forte e unido. E para conquistar esta união e parceria, foram realizadas atividades como as diversas reuniões com os sócios e diretores para que todos pudessem dar suas opiniões e com isso, diversas ideias surgiram para trazer cada vez mais benefícios. Porém, com o passar do tempo, esse grupo foi se desfazendo, as participações foram diminuindo, e assim foram encontrando dificuldades para prosseguir. 6.1.3 Recursos pessoais e financeiros Com relação aos recursos pessoais, os entrevistados foram perguntados sobre a facilidade ou não, para conseguir voluntários capacitados para atenderem as necessidades da organização e quais os critérios utilizados para a seleção. A resposta foi que há sim muita dificuldade para conseguir novos voluntários. O presidente afirma que muitos sócios dizem que a
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