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MONOGRAFIA-FINAL-TEBURO

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Universidade Lúrio
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Licenciatura em Desenvolvimento Local e Relações Internacionais
O Contributo das ONGs para o Desenvolvimento Socioeconómico das Comunidades Locais: Caso da Visão Mundial, Muecate.
(2015-2020)
Adolfo Ernesto Teburo
Ilha de Moçambique
Julho, 2021
Universidade Lúrio
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Licenciatura em Desenvolvimento Local e Relações Internacionais
O Contributo das ONGs para o Desenvolvimento Socioeconómico das Comunidades Locais: Caso da Visão Mundial, Muecate.
(2015-2020)
	Monografia apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, como requisito para obtenção do grau de Licenciatura em Desenvolvimento Local e Relações Internacionais. 
Adolfo Ernesto Teburo
Ilha de Moçambique
Julho, 2021
Índice de abreviatura
ADP-
ASDI -Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional 
BM- Banco Mundial 
Care- Cooperative for Assistance and Relief Everywhere
ECT- Education Children Together
EUA -Estados Unidos da América
FFE-Food For Education
FMI-Fundo Monetário Internacional 
FRELIMO-Frente de Libertação de Moçambique
GDM-Governo do Distrito de Muecate
IDH- Índice de Desenvolvimento Humano
INE-instituto Nacional de Estatística
IRDC -Internacional Rural Development Center
OI- organizações Internacionais
ONGs-Organizações não-governamentais
ONGIs- organizações não-governamental internacional 
PRE- Programa de Reajustamento Estrutural
PRES- Programa de Reajustamento Estrutural e Social
RENAMO-Resistência Nacional de Moçambique
USAID -United States Agency for International Development 
SADCC - Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral 
VIH- Vírus de Imunodeficiência Humana
SDSMAS-Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social
SDEJT-Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia
SDAE-Serviços Distritais de Actividades Económicas
SIDA- síndrome da imunodeficiência adquirida
WV- World Vision
WVI-world Vision International 
WVM-world vision Mozambique
Declaração
 
Eu, Adolfo Ernesto Teburo, estudante da faculdade de ciências sociais e humanas no curso de Desenvolvimento Local e Relações Internacionais declaro por minha honra, que o presente trabalho de culminação de curso constitui o resultado da minha investigação científica, sob orientação do meu supervisor. O trabalho nunca foi apresentado em nenhum outro âmbito para obtenção de qualquer grau académico. 
Ilha de Moçambique,______ de_________________ de 20___
_____________________________________________
Adolfo Ernesto Teburo
 Agradecimento
Esta licenciatura, é fruto de muitas parcerias, na qual reconheço a importância de cada um, e sendo assim gostaria de deixar a minha sincera gratidão a todos. Agradeço à Deus em primeiro lugar, pelo dom da vida, saúde e todas as maravilhas que tem realizado na minha vida;
Agradeço igualmente a meus pais, minhas irmãs, e aos meus primos por estarem comigo em todos os momentos; 
A Universidade Lúrio -Faculdade de ciências sociais e humanas por ter me recebido de braços abertos e com todas as condições que me proporcionaram anos de muita e rica aprendizagem.
Agradeço ao meu orientador, Dr. Victorino Chadreque pelas críticas, sugestões e disponibilidade demostrada durante a realização do presente trabalho. O meu muito obrigado. 
Obrigado a todos aqueles que contribuíram generosamente com seus conhecimentos e documentos em particular a Visão Mundial, e ao Governo do distrito de Muecate, assim como a população local pelo carinho, acolhimento; 
A paróquia da Nossa Senhora de Purificação, pelos sucessivos párocos, nomeadamente, na pessoa do Pe. Patrício Simão, Pe. Francisco e Pe. Adérito Pedro pela força, apoio moral, espiritual, social nesta minha jornada académica.
A casa Paroquial, mais conhecida por República pelos três anos de convivências pacíficas, de aprendizado, de partilha, na verdade vocês foram uma família para mim.
A minha parceira Sumaiya Buraimo, pelo amor, debate, preparações exaustivas, acima de tudo pela inspiração que me dava ao longo deste percurso; na verdade foste a melhor pessoa que tive o prazer de conhecer. Ao Fatahe, mais conhecido por Black, e Abdul Azize, amigos naturais da Ilha de Moçambique, vocês foram na verdade uma boa companhia para mim. E todos outros que de forma directa e indirecta contribuíram para a realização deste trabalho. 
A todos vocês, os meus sineiros agradecimentos!
Muito obrigado. 
Dedicatória
Aos meus pais, Ernesto Teburo e Lúcia João Canhunha; Minha irmã, Mariamo Maria Meque; e Minha prima, Lisete Gabriel João Canhunha, pelo sacrifício e luta para conseguir cada centavo e alocar aos meus estudos, mesmo diante das diversidades.
Resumo
O presente trabalho tem como tema “o contributo das ONGs para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais, caso da visão mundial em Muecate (2015-2020)”, dada a importância do tema, surgiu a necessidade de se levantar a seguinte questão de partida ː De que modo as ONGs contribuem para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais: Caso da Visão Mundial, Muecate? O estudo tinha como Objectivo Analisar o Contributo da Visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate, e escolha deste tema justifica-se pelo facto de o distrito de Muecate, na província de Nampula nos últimos anos ter sido o maior beneficiário de investimentos destinados ao Programa Patrocínio à Criança que segundo a Visão Mundial, cerca de USD 80.000.000.00 estão sendo investidos nos projectos: FFE[footnoteRef:1], ECT[footnoteRef:2]02 e ECT03 no distrito de Muecate. A metodologia usada para a realização deste estudo, foi basicamente quanto a abordagem qualitativa, e quanto aos objectivos trata-se uma pesquisa explicativa, tendo o seu suporte na pesquisa bibliográfica, documental e trabalho de campo que serviu para discutir sobre o tema em causa. O estudo concluiu que visão mundial contribui para o desenvolvimento socioeconómico do distrito de Muecate. Os resultados do campo, mostram que a visão mundial actua nas áreas de saúde, educação, infra-estruturas, água e saneamento de meio, entre outras áreas, e, leva-nos a afirmar que esta ONG, tem dado o seu contributo significativo nas áreas sociais acima descritas. [1: Food For Education, que significa na língua portuguesa “Alimentação para as escolas”.] [2: Education Childrem Together, que significa na língua portuguesa “Juntos educando as crianças”.] 
Palavras-chave: ONGs, Visão Mundial, Desenvolvimento Socioeconómico, Distrito de Muecate.
vi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
A presente monografia visa abordar sobre “ O Contributo das ONGs Para o Desenvolvimento Socioeconómico das Comunidades Locais: Caso da Visão Mundial, Muecate (2015-2020) ”. A abordagem da temática surgiu da necessidade de reflexão sobre o papel das ONGs e o seu impacto nas comunidades locais, sobre tudo as localizadas na província de Nampula, onde de acordo com Dionizio (1998, p.91), refere que “actualmente é a segunda província com mais organizações não-governamentais do país num ranking liderado pela província de Maputo”. 
Após a Segunda Guerra Mundial começaram a aparecer no panorama mundial, novos actores internacionais, as Organizações Não Governamentais. “Nas décadas de 1970-80, assistiu-se a uma evolução das ONG[footnoteRef:3] para Organizações Não Governamentais para o desenvolvimento (ONGD). As ONGD adoptaram uma base mais estruturalista que denunciava a pobreza no âmbito das relações económicas internacionais” (Alves 1996). [3: Para o referente estudo, o termo refere-se as Organizações Não Governamentais em todos os sentidos.] 
Em Moçambique pós-independência as ONGD assumiram um papel fundamental no que respeita à acção para o desenvolvimento e à atitude do poder político. Se em 1975, a criação de ONGD nacionais não era permitida dada a afiliação à política socialista, em 1984, devido à crise económica e social que se arrastava desde finais dos anossetenta, foi implementado um programa de ajustamento estrutural e o país abriu portas às ONGD estrangeiras. Isso permitiu uma abertura sempre maior, conseguindo chegar-se à legalização das ONGD nacionais aquando da preparação da nova Constituição moçambicana de 1990 (Mauri, 2013). 
Paralelamente a isso, na década oitenta, Moçambique estava mergulhado numa situação muito devastadora, por um lado a guerra civil e por outro lado as calamidades naturais que obrigaram o Governo moçambicano a alterar a sua política externa[footnoteRef:4]. Neste capítulo da política externa, pelo contexto internacional que se vivia naquele período, compulsoriamente o Estado Moçambicano viu-se a aderir as instituições da Bretoon Woods pedindo financiamento ao FMI e BM para resolver os assuntos de interesse nacional. Foi este pacote de negociações que culminou com o financiamento de 45 Milhões de dólares e adopção do PRE. Estas somas avultadas de capital tiveram como consequência irreversível a entrada de duas organizações não-governamentais internacionais, nomeadamente a CARE e a Visão Mundial Internacional. (Meque, 2013) [4: De acordo com Figueiredo (s/d) “Conjunto das decisões e acções de um Estado em relação ao domínio externo”. ] 
1.1.2. Estrutura do trabalho
O trabalho segue a seguinte estrutura, formada em capítulos: 
Capítulo I: Contém uma apresentação do tema; os objectivos gerais e específicos; problematização; justificativa e relevância do estudo; e questões de investigação.
Capítulo II: tem a ver com o enquadramento teórico, onde se aborda questões relacionadas com a teoria da interdependência, ONGs e Desenvolvimento económico e social. Este capítulo Divide-se em títulos e subtítulos, que variam em função da abordagem do tema e do método. Com recurso à exposição, o desenvolvimento faz uma revisão bibliográfica com as teorias referentes ao tema e objecto tratado, apresentando as respectivas discussões.
Capítulo III: tem a ver com os procedimentos metodológicos. Neste capítulo, foram apresentados os aspectos metodológicos usados na concepção da pesquisa. Trata-se de procedimentos, directrizes seguidas para a realização deste trabalho, incluindo a explicação clara, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção a desenvolvida no método de trabalho da pesquisa. 
Capitulo IV: trata-se da apresentação e discussão de resultados. Neste capítulo, foram apresentados os resultados dos trabalhos do campo realizado no distrito de Muecate, que consistiu em entrevistas com a população local, gestores da visão e os detentores do poder político de acordo com a amostra representativa. 
E por último o capítulo V que tem a ver com conclusões e sugestões onde se faz uma resenha sobre o contributo das ONGs para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais, caso da visão mundial em Muecate. 
1.2. Delimitação da Pesquisa
De acordo com Lakatos e Marconi (2003), “delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação. A delimitação do tema é compreendida como sendo a indicação da abrangência do estudo que se pretende realizar, estabelecendo-se os limites conceptuais do tema. 
A presente monografia apresenta um estudo sobre: O Contributo das ONGs para Desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais: Caso da Visão Mundial, Muecate, no período que corresponde entre (2015-2020), por meio de um pesquisa de campo desenvolvida no distrito de Muecate concretamente na vila sede. 
1.3. Problema da pesquisa
Na compreensão do contributo das ONGs questiona-se o papel que estas desempenham no desenvolvimento das comunidades locais. Procura-se entender o motivo pelo qual os países pobres como Moçambique optam por aceitar o estabelecimento de ONGs como a Visão Mundial dentro do seu território. Com isso, queremos dizer que é evidente a presença de ONGs internacionais em Moçambique, porém elas actuam em diversas áreas. A noção das ONGs em Moçambique data-se no ano de 1983 numa altura em que o país era assolado pelas calamidades naturais e pela guerra civil. Há uma abordagem de Hulme (1997, p.14), que na qual refere que “o crescente papel das Organizações não-governamentais vem em um processo de desenvolvimento, indica que países em desenvolvimento têm reservado um espaço para elas e suas políticas públicas”. 
No distrito de Muecate, na província de Nampula, de acordo com o relatório da secretaria distrital de Muecate (2020, P.16) realça que “actualmente actuam 10 ONGs no distrito, com principal enfoque para a Visão Mundial, ICAP[footnoteRef:5] e Programa Nacional da malária.” Um dado interessante nesse relatório é que a Visão Mundial é a primeira ONG de maior peso naquele distrito, desde em 2001, ano em que começou a desenvolver as suas actividades através do programa ADP[footnoteRef:6]. Aliado a isso, Marshal (2001, p.349), refere que as “organizações não-governamentais têm desempenhado um papel fundamental no combate à da pobreza, no crescimento económico, em actuação nas áreas de defesa da democracia, dos direitos humanos, da cidadania dos cuidados sociais, as ONGs tornam-se resposta ao crescimento da economia”. É caso para dizer, que a visão Mundial está a actuar aproximadamente há 20 anos no distrito de Muecate. [5: Organização não-governamental que apoia a implementação do Plano Estratégico Nacional para o combate às ITS/HIV/SIDA em Moçambique. Disponível em www.icap.columbia.edu] [6: Area Development Program, que significa na língua portuguesa ‘Programa de áreas de Desenvolvimento”. ] 
Um outro problema da pesquisa, é que o distrito de Muecate fora afectado severamente pela guerra civil em Moçambique (1977-1992), este factor, culminou com a destruição de infra-estruturas sociais tais como: Centro de saúde, escolas, estradas, pontes, etc. verifica-se também que o distrito de Muecate é meramente rural, com a agricultura a sua fonte de economia local. Face as constatações acima descritas, o estudo procura responder a seguinte questão de partida: De que modo as ONGs contribuem para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais: Caso da Visão Mundial, Muecate? 
1.4. Objectivos 
A seguir apresenta-se os objectivos, geral e específicos, do trabalho.
1.4.1. Geral
· Analisar o Contributo da Visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate.
1.4.2. Específicos
· Identificar as áreas de actuação da visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate.
· Descrever os projectos de intervenção da visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate;
· Avaliar as actividades que são realizadas pela visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate.
1.5. Questões de investigação
1. Quais são as áreas de actuação da visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate?
2. Como são implementados os projectos de intervenção da visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate?
3. Quais são as actividades que são realizadas pela visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate?
1.6. Justificativa e Relevância do Estudo 
A escolha deste tema justifica-se pelo facto de o distrito de Muecate, na província de Nampula nos últimos anos ter sido o maior beneficiário de investimentos destinados ao Programa Patrocínio à Criança que segundo a Visão Mundial, cerca de USD 80.000.000.00 estão sendo investidos nos projectos: FFE[footnoteRef:7], ECT[footnoteRef:8]02 e ECT03 no distrito de Muecate. [7: Food For Education, que significa na língua portuguesa “Alimentação para as escolas”.] [8: Education Childrem Together, que significa na língua portuguesa “Juntos educando as crianças”.] 
A motivação para este estudo surgiu, para além do interesse individual por temas de cooperação e Desenvolvimento, como também por ser um tema pertinente na realidade em que se insere. Ademas, nota-se actualmente vários estudos de diferentes autores neste âmbito, daí que se achoupontual e relevante abordar este tema no contexto moçambicano, de modo a enriquecer as abordagens já existentes. Foi também pretensão, enquadrar os temas cooperação e desenvolvimento num único trabalho, de modo a facilitar a sua percepção enquanto fases e processos que procuram perceber as dinâmicas ocorridas desde 1983 à actualidade conforme se referiu anteriormente.
O outro argumento da escolha do tema tem a ver com a divergência de opiniões no seio dos académicos, sociedade civil, políticos, entre outros quanto à contribuição das ONGs para o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique, bem como nas áreas onde estas organizações actuam. 
No âmbito social, as organizações não-governamentais não só afectam as famílias directamente envolvidas mas também a sociedade no geral, porque contribui no desenvolvimento económico e social da sociedade.
A temática sobre o contributo das organizações não-governamentais para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais, vem sendo estudado desde os tempos longínquos até a actualidade, por vários autores e académicos, procurando formas de solucionar este fenómeno. No âmbito científico esta pesquisa vai servir como um elo de ligação das ideias dos diferentes autores e académicos sobre as possíveis causas deste problema, com vista a adoptar formas para ultrapassar este fenómeno. E poderá trazer novos horizontes na realização de novas pesquisas.
Outra razão que justifica a relevância da materialização da pesquisa prende-se pelo facto de o autor ter frequentado o curso de Licenciatura em Desenvolvimento Local e Relações Internacionais, sendo que o contacto com os conteúdos inerentes a especialidade suscitou interesse em aprofundar a relação entre as ONGs e a melhoria das condições de vida das comunidades do distrito de Muecate.
CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo trata do referencial teórico e dos conceitos mais importantes para a compreensão deste estudo. No tocante ao referencial teórico, foi usada a teoria da interdependência antecedida de uma breve contextualização dos sujeitos internacionais. No segundo momento são definidos conceitos como: ONGs, Desenvolvimento económico e social, Países em vias de Desenvolvimento e as áreas de actuação das ONG em Moçambique. E no terceiro momento o contributo das ONGs em Moçambique. A sua compreensão no contexto deste trabalho evitará a multiplicidade de interpretações do conteúdo aqui abordado.
2. Contextualização dos sujeitos internacionais 
Depois da Segunda Guerra Mundial a fisionomia da sociedade internacional mudou drasticamente, fazendo aparecer uma nova ordem internacional a partir de então instaurada. Entre os séculos XVII e XIX os Estados (principalmente os europeus) detinham, de maneira exclusiva, a qualidade de sujeitos do Direito Internacional Público. Depois do século XX essa situação se transforma, passando tais Estados a ter que dividir esse seu antigo status com outros atores da sociedade internacional, que também passaram a participar da cena exterior de variadas formas e sob diversos contextos. Trata-se do momento em que as organizações internacionais começam a ganhar enorme relevo na cena internacional. (Mazuoli, 2015, p.450)
É nesta perspectiva que Mazuoli (2015, p.449) refere que são, portanto, sujeitos do Direito Internacional Público “todos aqueles entes ou entidades cujas condutas estão directamente previstas pelo direito das gentes (ou, pelo menos, contidas no âmbito de certos direitos ou obrigações internacionais) e que têm a possibilidade de actuar (directa ou indirectamente) no plano internacional”. Ainda de acordo com o mesmo autor: 
Um aumento volumoso das organizações internacionais ocorreu no período imediatamente subsequente à Segunda Guerra Mundial, principalmente após o advento da Organização das Nações Unidas, em 1945. Assim como a ONU (que é actualmente o tipo mais importante dessa forma de organização), as demais organizações internacionais também podem ter capacidade jurídica para celebrar tratados de carácter obrigatórios, regidos pelo Direito Internacional, com os Estados e com outros organismos internacionais. Tais organizações variam segundo suas finalidades (económicas, políticas, militares, científicas, financeiras etc.), ou seu âmbito de actuação (universais ou regionais) ou mesmo quanto à natureza dos poderes exercidos (intergovernamentais e supranacionais). (idem, 2015, pp.453-454)
Nas relações internacionais, todo o problema necessita de uma boa explicação teórica para abranger os fenómenos. Assim as relações entre as organizações não- governamentais (Visão Mundial) para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais de Muecate são vistas à luz da teoria da interdependência.
 2.2. Teoria da Interdependência
A teoria da interdependência surge nos anos 1960 como reacção e crítica aos principais pressupostos da teoria realista, segundo os quais: o Estado é o principal Actor das relações internacionais; sistema internacional é anárquico, pois não há uma entidade superior ao Estado; e uso recorrente e sistemático da força na resolução de controversas (Bedin, 2004, p.208). Esta teoria surge como um instrumento para encontrar respostas mais convincentes sobre as relações internacionais num cenário de rápidas transformações e de múltiplas combinações entre diferentes actores estatais e não estatais que dependem um do outro para a prossecução dos seus interesses uma vez que o desenvolvimento e a globalização tornaram os diferentes actores no Sistema Internacional (SI) incapazes de gerir o seu próprio destino e são estes que vêm, ainda, protagonizar uma luta constante com o fim de adquirir maior influência e poder (Idem, p.208).
 2.2.1. Precursores
Bedin (2004, p.218), faz bastante referência a Joseph Nye e Robert Keohane. Estes publicaram inúmeros trabalhos sobre a teoria da interdependência, nomeadamente The Transnational Relations and International Organizations (1974), After Hegemon (1984), e Power and Interdependence (1989)
 2.2.2. Pressupostos
A teoria da interdependência apoia-se, de acordo com Bedin (2011, p.256) nos seguintes pressupostos básicos: Os Estado não são os únicos actores proeminentes nas relações internacionais uma vez que a crescente aproximação entre as fronteiras nacionais cria “canais múltiplos” de contacto entre diferentes sociedades não necessariamente sob o controle estatal levando ao surgimento de actores não-estatais que contrabalançam a importância do Estado nas relações internacionais. O advento da interdependência diversifica as principais questões em RI não havendo uma hierarquia entre os mesmos, isto é, questões económicas podem ser tão importantes quanto as questões de segurança ou defesa.
2.2.3.Aplicabilidade da Teoria 
A teoria da interdependência se adequa pelo facto de os seus pressupostos permitirem a análise dos interesses dos actores em causa, nesta vertente uma vez que ela diz que o estado não é único autor proeminente das relações internacionais, a teoria da interdependência se aplica neste tema porque envolve actores não estatais permitindo a eles espaço e a ganharem um nome na arena internacional contrabalançado a importância do estado nas relações internacionais.
2.3.Conceito de Organizações Não-Governamentais (ONGs) 
Ribeiro (1995), citado por Mauri (2013) define “as ONGs como um produto da sociedade ocidental, criado no fim do século XIX para responder a uma situação de calamidade de ordem social ou natural” (p.21).
No Brasil, desde a conferência mundial da Organização das Nações Unidas – ONU, no Rio, conhecida como Eco-92, a imprensa assimilou o termo “organizações não-governamentais” ONGs e passou a empregá-lo como sinónimo de entidades sem fins lucrativos (Oliveira & Haddad, 2001, p.63). No mesmo diapasão, Seitenfius (2012), refere que as ONGAT[footnoteRef:9] “são organizações privadas, movidas por algum vínculo de solidariedade transnacional, sem fins lucrativos”. [9: Organizações não-governamentais de alcance transnacional.] 
De modo geral, as ONGs podem ser definidas como um grupode pessoas que se organizam, formal e autonomamente, para executar acções no campo das políticas públicas, ou seja, para buscarem resposta a problemas da sociedade nas mais diversas áreas: educacional, política, económica, cultural, de saúde etc., e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das condições da cidadania, sem objectivo de fins lucrativos (Ciconello, 2003, citado por Júnior, 2006, p.10).
“As organizações não-governamentais (ONGs) podem ser consideradas como agentes de desenvolvimento que actuam em contexto socioeconómico em fase de adaptação a um mundo em rápida mudança” (Dionizio, 1998, p.15)
A ser assim, os autores em referência, trazem nas suas abordagens as palavras-chaves nomeadamente instituições que têm a sua origem no ocidente, ou países que detém um poder económico forte, e que o objectivo é contribuir para a melhoria das condições de vida dos países em vias de desenvolvimento, como é o caso do continente Africano. Ademais, os autores acima citados, vão de encontro com os objectivos deste estudo ao se referir que as ONGs buscam resposta a problemas da sociedade nas mais diversas áreas: educacional, económica, cultural, de saúde, etc. 
Um outro conceito que merece atenção é o de Países em vias de Desenvolvimento. São países em vias de desenvolvimento todos aqueles com: 
· Um padrão de vida próximo do nível de subsistência, e grande parte do orçamento familiar usado para alimentação;
· Baixas taxas de urbanização, habitação precária, população dedicada ao sector primário;
· Altas taxas de analfabetismo, baixa esperança de vida à nascença, mortalidade infantil altíssima, nutrição, saúde pública e condições sanitárias deficientes;
· Altos índices de desemprego, baixo uso de tecnologias modernas, poupança e investimento quase inexistentes. (Wache, 2008)
Portanto, estes países são instáveis e dependentes da ajuda dos países desenvolvidos tanto a nível económico como a nível tecnológico.
2.4.Áreas de actuação das ONGs 
Podemos definir a intervenção de ajuda internacional em geral, e das ONGs em particular, em três fazes: emergência, reabilitação e desenvolvimento, que tem objectivos específicos, mas que se sobrepõem no tempo, ou seja, em cada fase da ajuda externa predomina um tipo de intervenção que coexiste com as típicas de outros tipos. (Dionizio, 1998)
 A ajuda de emergência destina-se essencialmente a salvar vidas humanas, vítimas de uma situação de calamidade (secas ou conflito armados); a fase de desenvolvimento tem como objectivo a melhoria das condições de vida das populações através de reforço das capacidades locais; por fim, a reabilitação serve de elo de ligação entre as intervenções de emergência e de reabilitação, contendo por isso características de ambas. (idem, 1998)
Na década de 80 e princípios de 90, as actividades das ONGs em Moçambique eram essencialmente de emergência, seguindo-se as de apoio à agricultura e os sectores sociais, com valores insignificativos, correspondendo por tanto, à intervenções de reabilitação. Segundo Hanlon (1991, p.77):
 As ONGs prolongaram a assistência de emergência alimentar para além do necessário, contribuindo para uma situação de dependência da ajuda externa. De facto, teoricamente, é aconselhável que as interacções de emergência se confinam a um período curto, iniciando-se logo que possível as actividades de reabilitação e de realçar a economia, aumentando as capacidades locais.
“Com o fim da guerra, em 1992, embora ajuda de emergência continue a ter um peso elevado, já se nota uma certa reorientação para objectivos de reabilitação, e mesmo para o desenvolvimento, mas ainda em reduzida escala; esta tendência acentuou-se nos anos seguintes” (Dionizio, 1998). 
Actualmente, os sectores em que os projectos das ONGs estrangeiras têm uma maior incidência são: a saúde, a educação, o abastecimento de água e a agricultura. A ajuda é essencialmente realizada através de construção e/ou reabilitação de infra-estruturas; ou no caso de agro-pecuária, através de fornecimento de sementes e/ou equipamentos, e créditos e/ou doações em espécie. Alguns projectos são concebidos de forma integrada, ou seja, procurar englobar no mesmo projecto as várias áreas apontadas, numa determinada região, o que adere a uma lógica de “desenvolvimento rural”. O apoio a ONGs nacionais e/ou organizações locais não constitui uma prioridade das ONGs estrangeiras, representando uma percentagem muito reduzida no total dos projectos. Com um peso bastante inferior, existem ainda projectos de apoio a crianças, incentivos a microempresas, desminagem e desenvolvimento institucional nas estruturas do Estado. (idem)
As ONGs moçambicanas iniciaram as suas actividades na área de emergência. Actualmente, a formação, a educação cívica e a assistência técnica constituem as áreas onde um maior número de ONGs nacionais se têm empenhado; esses projectos incluem fundamentalmente formação profissional, alfabetização, ensino informal e campanhas de planeamento familiar, de combate a SIDA, do processo eleitoral e de desminagem. 
2.5. Os projectos de intervenção das Organizações Não-governamentais (ONGs) 
Quanto aos projectos de intervenção, os autores são unânimes ao descreverem que a maioria das ONGs possuem programas e em cada programa são traçados projectos. Geralmente os programas têm um período de tempo mais extenso. Na sua maioria levam 12 a 15 anos, o que quer dizer que são de longo prazo. Enquanto os projectos são de curto a médio prazo, razão pela qual a maioria das ONGs preferem postar nos projectos porque os resultados são imediatos. Nesta linha de ideia, Dionizio (1998) refere que:
Em seguida, os projectos mais implementados pelas ONGs são a reabilitação ou construção de infra-estruturas sociais e sanitárias e projectos para crianças da rua, principalmente a construção de centros de acolhimento. O desenvolvimento comunitário e rural, o apoio institucional a organizações locais e a ONGs nacionais, e o desenvolvimento de actividades agro-pecuárias, piscatórias e da pequena indústria, são as restantes áreas escolhidas.
A ser assim, de acordo com o autor supracitado, podemos inferir que os projectos de intervenção da ONGs na sua maioria estão virados para a áreas de saúde, educação, infra-estruturas, agricultura, entre outros cujo teor tem impactos visíveis dentro das comunidades moçambicanas.
2.6.Avaliação do impacto das actividades das Organizações Não-governamentais (ONGs)
 Muito pouco se sabe acerca do impacto das actividades das ONGs. As maiorias dos estudos efectuados são pontuais, impossibilitando a comparação entre eles e a avaliação do trabalho das ONGs de forma global. No entanto, quer as ONGs quer os doadores, têm vindo a mostrar-se crescentemente interessados nesta análise. 
Para as ONGs a avaliação devia, segundo Sogge (s/d, p.45) constituir uma “forma de responsabilidade para com os outros ou a base para uma autoanalise”. No entanto, a avaliação não é uma questão simples. De acordo com Fowler e Biekart (1996) “deveria responder a um processo conjunto, entre as ONGs e os beneficiários, que permitiria verificar o que se alterou na vida das pessoas após a intervenção”. Este processo requer a identificação da situação inicial, a determinação de indicadores e objectivos, e análise dos resultados. 
Alguns projectos das ONGs provocam alterações de longo prazo e de natureza intangível, assim como os processos que desencadeiam, dificultando a determinação dos resultados quando finaliza o projecto. À medida que aumentam os fundos canalizados através das ONGs, os doadores Bilaterais e Multilaterais têm um maior interesse em ter conhecimento do impacto das actividades das ONGs, no sentido de aumentar a eficácia da aplicação desses fundos. No entanto, os esforços desenvolvidos nesta matéria também se têm deparado com uma série de obstáculos:
· Falta de dados disponibilizados pelas ONGs
· Quantidade considerável de projectos financiados pelos doadores
· A alteração de objectivos e estratégias das ONGs (da implementação de projectos ao fortalecimentodas capacidades das ONGs do Sul) requer novos métodos de avaliação
· Falta de consenso e incertezas em relação ao método de avaliação do impacto (ex: análise quantitativa versus qualitativa). (Mauri, 2013)
Devido a sua própria natureza e o seu papel, o impacto das ONGs não deve ser abordado unicamente em termos quantitativos, mas também qualitativos, como o aumento da consciencialização das instituições multilaterais, dos doadores e das populações do Norte para os problemas do desenvolvimento, a mudança de comportamento dos agentes de desenvolvimento, o fortalecimento da sociedade civil e dos governos do Sul, o empowerment das populações, e o seu efeito a longo prazo. (Dionizio, 1998)
2.6.1.Relação entre as ONGs e o Estado
Quanto às relações com o Estado alguns autores defendem que estas devem ir no sentido de uma complementaridade, como demostra a teoria de interdependência. A pergunta que fica no ar é: mas como se deve processar essa complementaridade?
Friedemann (1996, p.171) diz que o “desenvolvimento alternativo requer um estado assente numa democracia participada, onde as decisões são tomadas o mais localmente possível, e que preste contas aos cidadãos”. Assim, segundo Friedemann, o estado continua a ser o maior parceiro num desenvolvimento alternativo, estabelecendo as políticas macroeconómicas, regulando e fiscalizando a actividade económica, garantindo a construção e a manutenção públicas. 
Para Ritchie (1994, p.211-12) referi que:
Preconiza-se ainda que o estado providencie um quadro legal, que crie instrumentos financeiros de crédito e facilidade de transferência de fundos, conceda benefícios fiscais, crie um clima político estável, exija a apresentação de relatórios, e coordene a acção das actividades das ONGs, para evitar a duplicação de projectos e fazer incidir a sua acção onde é mais necessária, dando, contudo, uma certa liberdade a sua acção. 
“As ONGs cabem o papel de colaborar com o estado, democraticamente legitimado, ao nível local, desenvolvendo, entre outros, as capacidades dos recursos humanos da administração local, através da formação”. (Dionizio, 1998, p.42)
No entanto, o facto de as políticas do governo e as relações entre estes dois sectores influenciarem positiva ou negativamente as acções das ONGs (conseguindo um efeito multiplicador, e garantindo muitas vezes a sustentabilidade dos projectos), a colaboração entre estes dois sectores é fundamental, continuando a ter cada um o seu papel.
É de realçar a necessidade, ainda no âmbito do desenvolvimento alternativo, de as ONGs manterem uma certa autonomia, constituindo-se como parceiros não como substitutos do estado, ou seja, devem “trabalhar e não para os governos” (Quina, 1996, p.05).
2.7. Desenvolvimento social e económico
Uma abordagem do desenvolvimento que é concebida com a finalidade de aumentar a auto-suficiência, alcançando a justiça social por meio da melhoria da qualidade de participação das organizações da sociedade civil, pode considerar-se sustentável. Para Goméz (2007), desenvolvimento entende-se por um progresso global, económico, social, cultural e político que tende para a melhoria constante de toda população e de cada indivíduo, através de sua participação livre e significativa no próprio desenvolvimento e na distribuição de recursos que dele deriva. Assim também o entende Armas (1995) citado por Goméz (2003) ao referir que:
O desenvolvimento como melhoria do bem-estar das comunidades tem a finalidade de satisfação das necessidades e problemas das pessoas, por isso, se pode entender por desenvolvimento humano, que é para o autor, o processo de ampliação de gama de opções das pessoas, brindando-as de maiores oportunidades de educação, saúde e emprego, abarcando até opções humanas, desde o ambiente em boas condições, até as liberdades económicas e políticas.
Deste modo, a nossa discussão vai se cingir na questão do desenvolvimento socioeconómico, pois preocupa-nos o envolvimento das populações nos programas da visão Mundial em Muecate. Assim, para Fernandes (1992), entende por Desenvolvimento “um processo endógeno registado em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover o dinamismo económico e a melhoria da qualidade de vida da população”. 
Segundo o autor, este processo, representa uma singular transformação nas bases económicas e na organização social em nível local, resultante da mobilização das energias da sociedade, explorando as suas capacidades e potencialidades específicas. 
Para muitos, o rápido e harmonioso desenvolvimento económico e social de uma determinada região exige uma gestão descentralizada cada vez mais criativa e flexível que prime pela simplicidade na organização, por uma maior adequação às necessidades e realidade do terreno, por uma delimitação clara da jurisdição e autoridade entre órgãos locais e centrais, pela informação, diálogo e transparência na tomada e implementação de decisões, e a prestação periódica de contas (Barner at al., 1997). 
A Estratégia para o Desenvolvimento Económico Local (EDEL) na sua vertente Distrital, num estudo desenvolvido pelo Ministério da Planificação e Desenvolvimento em 2008, transcreve-as como sendo um processo participativo que favorece e estimula a parceria entre os principais actores públicos e privados de um território definido, permitindo assim o desenho e implementação conjunta duma estratégia concertada, utilizando os recursos locais e as vantagens competitivas num contexto global, com o objectivo final de criar empregos decentes e estimular a actividade económica.
Para Vasconcelos e Garcia (1998, p.205) Desenvolvimento em qualquer conceito deve: 
Resultar do crescimento acompanhado de melhorias de qualidade de vida, ou seja, deve incluir as alterações das composições do produto e alimentação de recursos pelos diferentes sectores de economia de forma a melhorar os indicadores de bem-estar económico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de vida de alimentação, educação, saúde e moradia)
Essa abordagem submete-nos à questão do Desenvolvimento Económico Local (DEL) que só pode ser almejado através do envolvimento activo das comunidades no processo de planificação e tomada de decisões. Sobre isso, Silva (1997) explica que o desenvolvimento económico local é definido como sendo um conjunto de estratégias e acções para a reconstrução da base produtiva local (para a activação da economia local e pode provocar impactos sobre as condições de vida das populações locais). 
Contudo, pode-se entender o desenvolvimento económico local, como sendo um processo capaz de envolver todos os esforços dos grupos locais para resistir alguns processos assimétricos de desenvolvimento como a organização e os processos participativos capazes de produzir efeitos sobre a comunidade local.
2.8. REVISÃO DA LITERATURA EMPÍRICA
Dionizio (1998), o papel das organizações não-governamentais ONGs, no desenvolvimento de Moçambique. Dissertação de Mestrado, apresentado na Universidade de Técnica de Lisboa.
A presente pesquisa teve como tema o papel das organizações não-governamentais ONGs, no desenvolvimento de Moçambique. O estudo tinha como objectivo compreender e caracterizar o papel das ONGs no processo de desenvolvimento em Moçambique, e as suas formas de actuação com sector público e privado.
O resultado da pesquisa mostrou que a intervenção das ONGs têm assumido um importante papel quer ao nível local e nacional quer ao nível internacional. No contexto internacional, nas últimas décadas, temos assistido a mudanças institucionais significativas, com efeito, os papéis dos agentes de desenvolvimento em geral estão a alterar-se e mesmo a ser portos em causa. Neste âmbito as ONGs têm vindo adquirir um importante papel, quer a nível local e nacional, quer no âmbito internacional. Ainda de acordo com o autor, conclui dizendo que as ONGs são actualmente elementos fundamentais do quadro institucional de Moçambique. 
Mauri, (2013) Organizações Não Governamentais e Desenvolvimento: Análise do trabalho de algumas ONG em Moçambique.Dissertação de mestrado, apresentada na universidade técnica de Lisboa. 
A presente pesquisa teve como tema Organizações Não Governamentais e Desenvolvimento: Análise do trabalho de algumas ONG em Moçambique. O estudo tinha como objectivo compreender os mecanismos relacionais que existem entre as ONGD (nacionais e estrangeiras) e o poder político moçambicano.
O resultado da pesquisa mostrou que o fenómeno das ONGD é difícil de examinar na sua complexidade. Contudo, a nível prático significa por exemplo que uma ONGD estrangeira tem que, a cada dois anos, obter uma autorização para trabalhar em Moçambique. Por seu turno, a burocracia é muito lento facto que concorre para que a maiorias das ONGD, possa trabalhar por algum tempo no território, sem estatuto legalizado correndo por isso o risco de “serem fechadas”, de se verem impedidas de agir e continuar o seu trabalho, caso resultem pouco cómodas ou mesmo incómodas ao governo. O poder político consegue portanto, por meio da utilização de uma falta burocrática, manter um poder não desprezível sobre as ONGD estrangeiras.
Sampanha, C. J., Frei, V. (2018). A visão mundial Moçambique e seu papel na promoção da agricultura familiar e segurança alimentar no distrito de Muecate, Nampula-Moçambique.
No seu artigo intitulado “A visão mundial Moçambique e seu papel na promoção da agricultura familiar e segurança alimentar no distrito de Muecate, Nampula-Moçambique”, Frei e Sampanha (2018), referem que no conjunto dessas organizações com as quais o governo moçambicano estabeleceu e/ou estabelece acordos de cooperação internacional destaca-se a Visão Mundial Moçambique (WVM) afiliada da Visão Mundial Internacional, conhecida no seu acrónimo em inglês por World Vision Internacional (WVI) que, entre outros objectivos, visa a contribuir para a promoção da agricultura familiar e segurança alimentar em alguns distritos do país, com destaque para o distrito de Muecate, na província de Nampula.
O estudo tinha como objectivo analisar a contribuição da organização não-governamental Visão Mundial Moçambique (WVM[footnoteRef:10]) e o seu papel na promoção da agricultura e segurança alimentar no distrito de Muecate, província de Nampula. [10: World Vision Mozambique ] 
Como resultado do estudo constatou-se que apesar dos esforços empreendidos pela WVM visando a garantir a segurança alimentar e nutricional em Muecate, parte significativa dos produtores familiares no distrito ainda se debate com a problemática da insegurança alimentar e nutricional, posto que muitos AFs[footnoteRef:11] não conseguem prover alimentos para as suas famílias durante o ano todo. Por consequência, o distrito é caracterizado por altos índices de má nutrição e fome crónica afectando principalmente crianças, mulheres e idosos. [11: Agregado familiar ] 
WORLD VISION INTERNATIONAL WVI (2016) World vision history in Mozambique[footnoteRef:12] [12: História de visão mundial em Moçambique. Disponível em: http://www.wvi.org/mozambique/our-work.] 
De acordo com o relatório da visão mundial publicado em (2016) refere que “a WVM inicia, por volta de 1983, as suas primeiras operações no país, prestando assistência alimentar e medicamentosa às pessoas deslocadas e afectadas pela guerra, com destaque para a região sul de Moçambique” (WVI, 2016). 
Posteriormente, entre 1991 a 1994, período marcado pelo fim da guerra civil e a realização das primeiras eleições multipartidárias no país, a WVM Contando com o apoio financeiro da USAID, implantou o Programa de Recuperação e Desenvolvimento Agrícola (ARDP – sua sigla em Inglês), tendo distribuído em larga escala sementes e utensílios agrícolas, ao mesmo tempo em que iniciava amplo programa de investigação agronómica aplicada e de reforço aos serviços de extensão rural na região centro de Moçambique. (idem, 2016)
Ainda de acordo com a fonte referi que actualmente, perto de 3,5 milhões de pessoas em Moçambique beneficiam-se de uma série de intervenções da WVM, tanto no que diz respeito à promoção e ao reforço das políticas de protecção das crianças nas comunidades, quanto à promoção e o reforço das estratégias e iniciativas visando a melhorar a situação de segurança alimentar, de acesso à educação e água potável e para prevenir a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e ao mesmo tempo cuidar de pessoas afectadas por essa pandemia (WVI, 2016), com enfoque nas províncias de Gaza ao sul do país, Tete e Zambézia na região central e Nampula a norte.
CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
No presente capitulo, serão apresentados os procedimentos metodológicos que foram usados para a materialização do trabalho onde serão descritos de forma clara, os tipos de pesquisa, a abordagem de estudo, os participantes da pesquisa, os procedimentos e as técnicas de recolha de dados de análise e interpretação respectivamente, sob forma a alcançar os objectivos preconizados.
Prodanov e Freitas (2003, p.14), referem que “metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade”
A ser assim, a metodologia é o caminho, os meios nos quais o pesquisador percorreu com vista a atingir a veracidade dos factos alcançados, isto é, para dar respostas as questões da pesquisa.
3.1. Tipo de pesquisa 
O tipo desta pesquisa é vista quanto a abordagem, a nível de investigação, quanto aos objectivos, aos procedimentos de recolha de dados, quanto as fontes de informação e quanto ao método de procedimento.
3.1.1. Quanto a investigação 
Do ponto de vista da sua natureza trata-se de uma pesquisa básica. A Pesquisa básica objectiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência em aplicação pratica prevista, envolve verdades e interesses universais.
3.1.2.Quanto aos objectivos
Quanto aos objectivos trata-se de uma pesquisa do tipo explicativa. Explicativa porque procura explicar como e onde foram trazidos os resultados, mecanismos e procedimentos para a obtenção dos seus resultados proporcionando um estudo detalhado da natureza social, das fontes, e a relação causas e efeito.
Para Lakatos & Marconi (2001), este tipo de pesquisa visa estabelecer relações de causa-efeito por meio da manipulação directa das variáveis relativas ao objecto de estudo, buscando identificar as causas do fenómeno. Normalmente, é mais realizada em laboratório do que em campo.
3.1.4. Quanto a forma de abordagem
Na presente pesquisa, de forma a detalhar o contributo das ONGs para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais, caso da visão mundial Muecate baseou-se na abordagem qualitativa. Porque os sujeitos ora entrevistados tem um vínculo indissociável com o objecto em estudo. Como afirma prodanov e freitas (2013, p.17), “a pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e o subjectivo do sujeito que não pode ser induzido em números”. No mesmo diapasão, Creswell (2007), a pesquisa qualitativa baseia-se fundamentalmente em dados de observação, entrevistas, revisão de literatura e documentos.
3.1.5Quanto aos procedimentos de recolha de dados 
Do ponto de vista dos procedimentos de recolha de dados, trata-se de uma pesquisa de campo. Porque a pesquisa procurou obter informações ou conhecimentos a cerca do problema que se quer resolver com pessoas que tem experiências com o fenómeno em estudo, e quer se responder as questões de estudo. 
3.1.6. Quanto as fontes informações de informações
 Quanto a fonte de informações trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Pesquisa bibliográfica segundo Gil (2008) “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas” (p.50).
Baseado na pesquisa bibliográfica fez-se a revisão literária, com basea buscar fundamentos teóricos de obras já publicadas, com vista a entender melhor acerca do tema proposto da qual está engajado o trabalho. 
Fez ˗ se um estudo de caso, que visa na prática de entrevistas com base em um questionário que foi elaborado pelo proponente, que o mesmo o facilitou na colecta de dados para a análise do tema supra citado. 
3.1.7. Método de Procedimento
Neste contexto, no presente trabalho foi usado o método indutivo como método de pesquisa, visto que, parte de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.
Lakatos e Marconi (2003), afirmam que:
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam (p. 86).
Na mesma ordem ideia, Gil (2008) sustenta que “o método indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de colecta de dados particulares” (p. 10).
Com base nas perspectivas dos autores acima citados, reside a ideia de que no método indutivo, parte se da observação de factos ou fenómenos cujas causas se deseja conhecer. A seguir, procuramos compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procedeu-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenómenos. 
3.2. Universo e amostra/Participantes e sujeitos da pesquisa
Segundo Richardson (2006) “O universo refere-se a um conjunto de pessoas que representavam a totalidade de indivíduos com as mesmas características definidas para um estudo. O investigador determina os elementos que irão constituir a amostra” (p. 157). 
A ser assim podemos assumir que População (ou universo da pesquisa) é o conjunto de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para uma determinada pesquisa. Enquanto amostra é a parte da população ou do universo, seleccionadas consoante uma regra definida.
 A luz da presente pesquisa tem como população os indivíduos que vivem nas comunidades rurais de Muecate, tendo como amostra 18 indivíduos das idades entre 20-70 anos de idade, `conforme a tabela alustrada abaixo.
Tabela 01: 
	Sexo 
	Idade
	Total
	M
	F
	20-70
	18
	8
	10
	
	
Fonte: adaptado pelo autor (2021)
A opção por estes participantes na pesquisa passa necessariamente pelo facto de o pesquisador acreditar que são estes que podem ter informação privilegiada para o fornecimento de dados sobre o assunto em causa.
3.3. Técnicas e Instrumentos de recolha de dados
De acordo com Gil citado em Silva e Menezes (2005, p.33), “a definição do instrumento de colecta de dados dependera dos objectivos que se pretende alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado”. Os instrumentos de recolha de dados são: observação, questionário, formulário e entrevista.
À luz desta pesquisa, foram usados como principais os seguintes instrumentos de colecta de dados: observação, análise documental e a entrevista semiestruturada. 
3.3.1. Entrevista semiestruturada
Aqui, o entrevistador dirigiu, sempre que achou oportuno, perguntas importantes para o seu esclarecimento a fim de explorar mais em relação ao assunto ou fenómeno em estudo. A selecção deste grupo para a entrevista semiestruturada deve-se ao facto destes estarem dotados de um grau suficientemente elevado de conhecimento da matéria ora em questão e por conseguinte, seu envolvimento nos programas da visão mundial em Muecate. 
Para Ketele e Rogiers (1993) sustentam que a entrevista “é um método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas seleccionadas cuidadosamente, a fim de obter informações sobre factos ou representações, cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado na perspectiva dos objectivos da recolha de informações” (p.23)
3.3.2 Análise documental
Segundo Zenella (2011) a análise documental, também chamado de pesquisa documental, envolve a investigação em documentos internos (da organização) ou externos (governamentais, de organizações não governamentais ou instituições de pesquisa, dentre outras). É uma técnica utilizada tanto em pesquisa quantitativa como qualitativa.
No que concerne à esta técnica, importa referir que foram analisados documentos tais como: relatórios da ECT 02, relatórios anuais da secretaria distrital de Muecate, e relatórios das culturas agrícolas dos SDAE e mapa do aproveitamento pedagógico dos alunos. 
3.3.3. Observação simples
De acordo com Marconi e Lakatos (2003), definem a observação como sendo “técnica de colecta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenómenos que se desejam estudar” (p.190). Para Gil (2008) observação simples entende-se como “aquela em que o pesquisador, permanecendo alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem. Neste procedimento, o pesquisador é muito mais um espectador que um actor” (p.101). 
No que tange a esta técnica, foram observadas algumas vias de acesso, escolas, hospitais, acesso a água potável, associações de agricultores, entre outros. 
3.4. Técnicas de apresentação, analise e discussão de resultados 
Neste item fez-se apresentação dos resultados que foram recolhidos no campo sobre o contributo das ONGs para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais, caso da visão mundial Muecate. Tratou-se de um estudo qualitativo, com carácter explicativo, foi usado a Matriz de análise de conteúdo, e o plano consistiu em três fases nomeadamente:
a) Pré-análise dos dados;
b) Descrição analítica; e 
c) Interpretação dos resultados.
Essa análise de conteúdo baseou-se mediante os objectivos específicos, que foram transformados em categorias de análise. 
Na descrição o proponente fez a descrição de acordo com a categoria de análise, de seguida fez a confrontação directa dos dados recolhidos no campo e o que a literatura diz sobre a temática em estudo. Ou seja, fez-se uma confrontação tudo quanto fora escrito sobre as ONGs e a Visão Mundial e o que fora encontrado no campo depois da recolha de dados e com base nesses dois itens, então passou-se para o posicionamento final sobre o contributo das ONGs para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais, caso da visão mundial em Muecate.
3.4.1. Caracterização do local de Estudo
O distrito de Muecate localiza-se a nordeste da província de Nampula, confinado a norte com os distritos de Eráti e Nacarôa, a Sul com os distritos de Nampula e Meconta, a Este com os distritos de Nacarôa e Monapo e a Oeste com os distritos de Mecubúri (MAE, 2005). De acordo com dados preliminares do IV Recenseamento Geral da População e Habitação realizado em 2017, o distrito de Muecate conta com uma população de aproximadamente 175 mil habitantes, correspondentes a cerca de 3% da população da província de Nampula calculada no mesmo ano em torno de 6.103 mil habitantes. A densidade populacional do distrito é de aproximadamente 30 habitantes/km2 contra a média provincial de 75 habitantes/km2. Ainda de acordo com a mesma fonte, cerca de 41.200 AFs[footnoteRef:13] residem actualmente no distrito de Muecate (INE, 2018). [13: Agregados familiares ] 
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO DE DADOS E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
O capítulo em referência tem como objectivo apresentar, analisar e interpretar os dados colectados. Nele estão apresentados os dados relativos à observação directa do autor, dezoito (18) entrevistas: técnicos da Visão Mundial, Governo do distrito de Muecate, SDSMAS-Muecate, SDEJT-Muecate, SDAE-Muecate, e os secretários dos bairros e dos respectivos moradores do distrito em estudo. Os dados aqui apresentados resultam das entrevistas feitas no âmbito do processo da colecta de dados no campo.4.1. Apresentação dos dados 
Os dados aqui apresentados neste capítulo resultam da compilação das respostas dos entrevistados conforme a amostra do projecto e estão apresentados em números cardinais. Parte dos dados foram colectados a partir da observação directa do próprio autor no local da pesquisa. 
No total foram contactados dezoito (18) inqueridos, sendo: 04 do sector público nomeadamente, administradora do distrito de Muecate, Directora DSMAS-Muecate, director SDEJT-Muecate, Director DAE-Muecate; 02 do sector privado nomeadamente, a Coordenadora de advocacia, comunicação e relação com o governo na visão mundial-Nampula, e o gestor da equipa técnica multissectorial da visão Mundial e doze (12) secretários e líderes tradicionais em representação da sociedade civil no distrito de Muecate. A ser assim, os dados recolhidos durante a apresentação que segue foram sequenciados obedecendo o instrumento usado para a sua colecta e a especificidade dos respondentes. 
4.1.1. Dados relativos à observação 
Umas das actividades preliminares que antecederam a colecta de dados com recurso a entrevista e a análise documental, foi a observação simples do próprio local da pesquisa cujos dados estão apresentados na grelha que consta no apêndice deste trabalho. 
De forma preambular, visitamos e fizemos um périplo em redor do distrito de Muecate. E, no seu percurso, viu a estrada que liga a localidade de Nacavala (Meconta) à vila sede de Muecate num troço de 14Km de estradas não asfaltada, que tem a classificação no nível C, ruas e bairros da vila sede, fontes de abastecimento de água, transporte interdistrital em circulação, embora com certas deficiências, escolas, hospitais, entre outros aspectos observados. 
4.1.2. Dados relativos à Visão Mundial 
No primeiro contacto com os funcionários da Visão Mundial, ficamos a saber que esta ONG está há aproximadamente vinte anos a apoiar as comunidades locais no distrito de Muecate, porém, esse apoio ainda não cobre a todos os necessitados porque não chega para todos, até porque só apenas os projectos estavam virados para as crianças (FFE e ECT). 
Aos funcionários da visão Mundial, foram feitas três (03) questões para dois (02) entrevistados, sequenciadas, a saber:
Questão 01: Quais são as áreas de actuação da visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate? Com esta questão, pretendia-se saber quais são as áreas de actuação da visão mundial no distrito de Muecate na promoção do desenvolvimento socioeconómico e que impacto tem na vida social das comunidades locais.
Reagindo a questão levantada, o entrevistado e responsável pelo projecto ECT2[footnoteRef:14], respondeu que a visão mundial, actua em Muecate, nas áreas de educação, saúde, agricultura, protecção à criança, água e saneamento, e infra-estruturas, mas tudo baseado no programa de patrocínio à criança. [14: Food for education. (alimentação para as escolas) ] 
Num outro desenvolvimento, a fonte frisou que a Visão Mundial desde em 2013 que concebeu o projecto FFE (food for education), já foi usufruído três fazes. Tendo sido declarado pelo patrocinador No four[footnoteRef:15], o que levou o autor a questionar, como garantirão a sustentabilidade deste projecto, tendo em conta que não terão a quarta fase? Feliz com pergunta, o entrevistado respondeu nos seguintes termos: já estamos na fase do desenvolvimento sustentável. Para garantir a sustentabilidade do projecto aqui em Muecate, a visão mundial esta a cooperar com o governo para darmos o conhecimento necessário que ira garantir a sustentabilidade. Como dissera, já iniciamos, só para dar exemplos, todas associações de agricultores do distrito, em cada fim da cifra de colheita, tem a dever de repartir 30% da sua produção global e canalizar as escolas. Tudo isso, são esforços da visão mundial, com horizonte na sustentabilidade dos projectos que ela vem aplicando no distrito de Muecate. [15: Não haverá a quarta fase.] 
Questão 02: Como são implementados os projectos de intervenção da visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate? Com esta questão, pretendia-se saber da visão mundial com quem trabalha para a materialização dos seus objectivos no distrito de Muecate.
Em resposta, os entrevistados frisaram que a visão mundial é um dos parceiros de cooperação do governo, e sendo assim, os seus projectos são implementados em coordenação com o governo em todos os níveis (nacional, provincial e distrital), pois estas intervenções contribuem para o plano quinquenal do governo, que tem como objectivo o desenvolvimento económico do país. 
a) Tendo em conta que os projectos são implementados junto com o governo distrital, qual é montante em cada implementação? Com esta questão pretendia-se saber, qual é o montante envolvido nesses projectos. 
Como dissemos, temos um programa (patrocínio à criança) e dentro dele, desenhamos projectos curtos e a médio prazo. Com isso, quero dizer que o primeiro projecto chamava-se FFE (food for education), que foi implementado na primeira fase (2013-2016), orçado em USD 25.000.000.00. Na segunda fase, o Projecto passou a ser designado por ECT2 (Education Children Together), implementado no período entre (2015-2020), e estava orçado em USD 29.000.000.00. e por fim, temos agora a terceira fase ECT3 (2020-2024), que esta orçado em USD 26.000.000.00. Para além do apoio financeiro, o governo norte-americano tem doado produtos ao governo moçambicano, como é o caso da Farinha CSB+ que contém 70% de farinha, 25% de soja, e 5% de nutrientes. 
b) Quem são os beneficiários dos projectos da visão mundial? Com esta pergunta, pretendia-se saber qual é o público-alvo dos programas da visão mundial no distrito de Muecate. 
Os inquiridos responderam que o público-alvo dos projectos da visão mundial no distrito de Muecate são as crianças, suas famílias e a comunidade no mundo inteiro.
Questão 03: Quais são as actividades que são realizadas pela visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate? Com esta questão, pretendia-se saber as actividades levadas a cabo pela visão mundial no distrito de Muecate. 
De acordo com a fonte, a visão mundial realiza varias actividades de desenvolvimento comunitário, com base nas áreas indicadas no número um. Só para citar alguns, por exemplo:
Educação - formação de professores, e de conselho de escola, campos de leitura, sensibilização sobre a importância de educação, distribuição de material escolar para crianças mais desfavorecidas, fornecimento de material didáctico e jogos para escolas.
Saúde - formação de mães em boas práticas alimentares com base nos produtos locais, como papas enriquecidas para bebés, Visitas constantes, no âmbito do pacote conselho certo na hora certa para mulheres grávidas e gestantes. 
Agricultura- formação de camponeses em matéria de técnicas de produção, formação de associações de camponeses, apoio em sementes e insumos agrícolas, formação de grupos de poupança, construção de represas, promoção e produção de hortícolas, etc.
Protecção de criança e advocacia - formação de crianças, pais e encarregados em matéria de direitos da criança, criação e formação de grupo de parlamento infantil, clubes de midia, clubes juvenis e grupos de criança de Cidadania Viz e Acção, formação de comités de protecção a criança, formação de líderes comunitários e religiosos em matérias de lei de protecção a criança, influenciar o governo a criar e implementar leis que protegem a criança, etc.
Água e saneamento – construção de furos de água e pequenos sistemas, formação dos comités de água, sensibilização em boas práticas de higiene e saneamento do meio.
Infra-estruturas – construção de escolas e sanitários nas escolas. 
a) Quais são os impactos socioeconómicos com a presença da Visão Mundial no Distrito de Muecate? Com esta questão, pretendia-se perceber se há resultados visíveis da presença da visão mundial naquele distrito da província de Nampula. 
No seguimento das respostas, os entrevistadosreferiram que os impactos socioeconómicos são a presença de infra-estruturas, tais como: as escolas e sanitários; mais consciência sobre os direitos e a protecção da criança, há mais crianças nas escolas, mais desenvolvimento económico, melhorias nos hábitos alimentares, melhoria do nível de nutrição, melhoria de hábitos de higiene. 
b) Quais são os desafios enfrentados pela visão mundial no distrito de Muecate? Com esta questão o autor pretendia saber, quais obstáculos a visão mundial enfrenta no processo de melhoria das condições de vida das comunidades locais. 
Em resposta, os entrevistados referiram que um dos grandes desafios das intervenções de desenvolvimento da visão mundial é a dificuldade na mudança de mentalidade, que muitas vezes contribui para a pobreza. Isto, deve-se a questões culturais (hábitos e costumes, e crenças).
4.1.3. Dados Relativos ao Governo Distrital de Muecate 
No primeiro contacto com o governo distrital de Muecate, ficamos a saber que existem actualmente dez (10) ONGs que operarem no distrito de Muecate, com mais destaque para a Visão Mundial, ICAP e PNCM-Programa Nacional de Combate a Malária. Também ficamos a saber que está em curso a construção de quinze (15) escolas que serão entregues ao GDM[footnoteRef:16] ainda no corrente ano de 2021. Estas obras estão sob a égide da Visão Mundial. [16: Governo do distrito de Muecate ] 
Ao Governo distrital de Muecate, foram levantadas três (03) questões para uma (01) entrevistada, sequenciadas, a saber:
Questão 01: Em que medida a Visão Mundial contribui para o Desenvolvimento Socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate? Com esta questão pretendia-se saber se a visão mundial contribui para o desenvolvimento socioeconómico do distrito de Muecate. 
A entrevistada, referiu que a visão mundial contribui para desenvolvimento socioeconómico do distrito de Muecate, através da construção de muitos empreendimentos sociais a nível de todo o distrito de Muecate, nomeadamente: construção de salas de aula, financiamento à associações locais, abertura de furos de água e na vertente nutricional as mulheres grávidas recebem um kit básico de alimentação. A fonte, disse que o distrito de Muecate no que concerne ao abastecimento da água, tem uma cobertura aceitável, actualmente o distrito conta com 76% de rede de cobertura.
 Em seguida, a entrevistada, referiu que a visão mundial e o governo do distrito de Muecate caminham de mãos dadas, porque de acordo com a fonte, a visão mundial é um parceiro de cooperação estratégico no desenvolvimento socioeconómico do distrito de Muecate. 
Questão 02: Quais são os indicadores sociais e económicos visíveis nas comunidades de Muecate? Com esta questão, o autor pretendia aferir se havia existência de infra-estruturas sociais a nível do distrito com a cooperação entre a visão mundial e o governo distrital.
 A entrevistada respondeu que os indicadores sociais visíveis a nível das comunidades do distrito de Muecate são: Escolas, Abertura de furos de água, Saneamento do meio, Hospitais, etc.
Questão 03: Quais são as acções levadas a cabo pelo Governo em parceria com a Visão Mundial para a melhoria das condições de vida das comunidades locais? Com esta questão, o autor pretendia saber, como é que a cooperação acontece para a melhoria das condições de vida das populações. 
A fonte respondeu que as acções levadas a cabo entre o governo e a visão mundial para a melhoria das condições de vida são várias acções, entre elas: auscultação das necessidades das populações entre as duas entidades. 
4.1.4. Dados relativos aos Serviços de Educação, Juventude e Tecnologia
No seguimento do processo de recolha de dados, fora também visitado os serviços distritais de educação, juventude e tecnologia de Muecate. No primeiro contacto com este sector, dicamos a saber que a visão mundial constrói e apetrecha as escolas do distrito de Muecate. Para o corrente ano lectivo de 2021, a visão mundial distribuiu um total 1225 carteiras nas escolas recém construídas.
Ao sector de educação, foram levantadas três questões para um (01) entrevistado, sequenciadas, a saber:
Questão 01: Que apoio a visão Mundial dá ao Sector da Educação nas comunidades do Distrito de Muecate? Com esta questão, o autor pretendia saber se a visão mundial tem apoiado o sector de educação no distrito de Muecate. 
O entrevistado, reagindo à questão respondeu dizendo que a visão mundial apoia no lanche escolar de oitenta e três (83) escolas, na construção de salas de aula, abertura de furos de água nas escolas, construção de sanitários nas escolas, distribuição de carteiras, capacitação de professores em leitura e escrita nas classes iniciais, em matérias de saúde escolar, construção de cozinhas, armazéns e alpendres escolares, etc.
Questão 02: Que impulso tem o apoio que a visão mundial presta na Educação formal dos alunos nas nossas comunidades? Com esta questão, o autor pretendia saber se há um impulso por parte dos alunos dentro das comunidades com o apoio da visão Mundial.
O entrevistado respondeu que o apoio da visão mundial nas escolas tem como resultados: o aumento de número de alunos do novo ingresso (1ª classe); Retenção dos alunos principalmente da rapariga; Diminuição de desnutrição crónica; hábito de lanchar por parte do aluno; Melhoria do aproveitamento pedagógico do aluno; Aumento da renda das associações que fornecem os produtos; Aumento da produção escolar.
Questão 03: Qual é o nível do aproveitamento pedagógico dos alunos com o apoio que a Visão Mundial presta nas Escolas? Com esta pergunta, pretendia-se analisar os últimos cinco (05) anos dos alunos que frequentam o I e II ciclo sobre o seu aproveitamento pedagógico. 
Reagindo a esta questão, a fonte referiu que o aproveitamento pedagógico é positivo, na medida em que cada ano há uma subida linear. Vide em anexo (01) deste trabalho.
4.1.5. Dados relativos aos Serviços Distritais de Actividades Económicas de Muecate
No primeiro contacto com os SDAE-Muecate, a autor ficou sabendo que o distrito de Muecate dispõe de associações de agricultores, todas elas legalizadas, isto é, possuem DUAT[footnoteRef:17]. Ademais, as todas associações de agricultores estão vinculadas a uma escola primária. Este vínculo foi acordado entre a Visão Mundial, as direcções das escolas e as associações de agricultores. Foi acordado que a visão mundial financia as associações, e em troca as associações devem canalizar 30% da sua produção global as escolas. [17: Direito de Uso e Aproveitamento de Terra. 
] 
Aos SDAE-Muecate, foram levantadas três questões para um (01) entrevistado, sequenciadas, a saber:
 Questão 01: Que apoio a visão Mundial dá ao sector e em particular aos agricultores locais na promoção do desenvolvimento Rural? Com esta questão, o autor pretendia saber, se os agricultores locais recebem apoio da visão mundial. 
O entrevistado respondeu que a visão mundial fornece a esse sector: insumos agrícolas, sementes, adubos, equipamentos agrícolas tais como, enxadas, catanas, regadores, Assistência técnica aos agricultores: práticas agrícolas, formação de grupo de poupança e sua gestão.
Questão 02: A Visão Mundial tem financiado as iniciativas locais na promoção do desenvolvimento rural? Com esta questão, pretendia-se saber se a visão mundial financia as iniciativas locais que promovem o desenvolvimento rural no distrito de Muecate. 
De acordo com o entrevistado, referiu que no programa ADP que terminou em 2015, apoiou na construção de represas nas associações de Muecate; Apoiou na legalização das associações do distrito, na vertente comercial (aquisição de alvará e licenças simplificadas) Apoiou no fomento pecuário (caprino), e criação de frango de turno rotativo, Apoiou as associações na abertura de uma loja de insumos agrícola.
Questão 03: Quantas associações dos agricultores já receberam apoio vindo da Visão Mundial? Com esta questão, o autor pretendia saber se as associações tinham apoio da visão mundial em Muecate. 
De igual modo, a fonte respondeu que em 2020, 42 Associações tiveram apoiodirecto da visão mundial e em 2021 mais cinco (05) associações foram comtempladas no pacote. Neste caso, a visão mundial apoia 47 associações a nível do distrito de Muecate. 
4.1.6. Dados relativos aos Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social
No primeiro contacto com os SDSMAS, ficamos a saber que a nível do distrito de Muecate existem dois centros de saúde, nomeadamente: centro de saúde de Muecate-sede e centro de saúde de Imala, situado no posto administrativo do mesmo nome. O que levou o pesquisador a compreender que a nível do distrito de Muecate não tem um hospital distrital, com um pouco mais sofisticado em termos de camas, serviços de urgências, entre outros para atender a demanda populacional. Em outras palavras, os pacientes com doenças mais graves, são evacuados para o vizinho distrito de Nampula para afeitos de cuidados intensivos de saúde. 
Aos SDSMAS-Muecate, foram levantadas três questões para uma (01) entrevistada, sequenciadas, a saber:
Questão 01: Que apoio a visão mundial dá a este sector na promoção da saúde local? Com esta questão, o autor pretendia saber se a visão mundial apoia ao sector da saúde. 
De acordo com a fonte, disse que a visão mundial tem apoiado a este sector na formação dos comités de saúde, e de gestão, no âmbito do saneamento do meio, na vacinação nas escolas, na distribuição de farinha CSB nas unidades sanitárias para motivar as mulheres na abertura de fichas de pré-natais as mulheres grávidas e apoio nutricional nas comunidades.
Questão 02: Qual dos hospitais do distrito teve o financiamento directo da Visão Mundial? Com esta questão o autor pretendia saber se havia hospitais que tiveram apoio directo da visão mundial.
Reagindo a essa questão, a fonte responder que a nível do distrito de Muecate, há dois centros de saúde que tiveram apoio directo da visão mundial, nomeadamente: centro de saúde de Muecate e o centro de saúde de Imala.
Questão 03: Quais os programas do MISAU que visam mitigar a desnutrição das nossas comunidades locais? Com esta questão o autor pretendia saber os programas do MISAU para reduzir a desnutrição crónica das crianças a nível do distrito. 
A nossa fonte respondeu nos seguintes termos: Nutrição e saúde da comunidade. 
4.1.7.Dados relativos aos secretários dos Bairros, líderes Tradicionais em representação das comunidades locais. 
Há que referir que as entrevistas feitas a este grupo alvo, foram em quatros bairros diferentes, nomeadamente: Jardim, Hospital, Vila Nova e Agricultura. No primeiro contacto com os secretários, o autor ficou sabendo que actualmente todos bairros que compõem a vila-sede não são extensos, no ponto de vista territorial. Aliás, pela sua estrutura topográfica, a vila sede do distrito de Muecate, tem apenas oito (08) bairros nomeadamente: Jardim, Omame, Vila Nova, Plantane, Ostoquio, Agricultura, Hospital e Represa. Entretanto, no que tange ao secretário do bairro, foram levantadas cinco questões para os (12) entrevistados, conforme se segue apresentação a baixo:
Questão 01: Senhor Secretário da comunidade já ouviu falar da visão mundial? Com esta questão, o autor pretendia aferir o nível de conhecimento da existência da visão mundial na comunidade. 
Dos 12 entrevistados, responderam que sim. Já ouvimos falar da visão mundial nesta comunidade.
Questão 02: Que impactos sociais e económicos visíveis nesta comunidade? Com esta questão, o autor pretendia de forma clara perceber se a comunidade está a par das mudanças que a visão mundial traz nas comunidades de Muecate. 
Os secretários dos bairros responderam que a visão mundial ajuda muito principalmente nas áreas de saúde, educação, abertura de furos de água, etc.
Questão 03: Essa comunidade já recebeu algum furo de água proveniente da Visão Mundial? Com esta questão o autor pretendia colher informações pragmáticas dentro das comunidades. 
Os entrevistados responderam nos seguintes termos: trouxe furos de água, principalmente nas escolas. 
Questão 04: Secretário o que tem a dizer sobre a Visão mundial aqui em Muecate no geral, em particular na sua comunidade? Com esta pergunta, o autor pretendia aferir o nível de satisfação com o apoio da visão mundial naquela comunidade. 
Os entrevistados responderam que a visão mundial nesta comunidade ajuda bastante.
Questão 05: Acha que a visão mundial ajuda a sua comunidade a desenvolver? Com esta questão o autor pretendia ouvir de o secretário do bairro sobre a VM relativamente a sua comunidade.
O nosso entrevistado respondeu que a visão mundial ajuda sim na minha comunidade.
4.2. Discussão de resultados
Neste item pretende-se fazer a discussão dos resultados obtidos no campo e a teoria de base de forma a trazer-se uma compreensão clara sobre o contributo das ONGS para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais, caso da visão Mundial Muecate. No final de cada uma das categorias, seguem-se as sensibilidades do pesquisador em jeito de conclusão, discutindo os dados com as informações bibliográficas abordadas na revisão da literatura.
“Todo o material recolhido numa pesquisa de tipo qualitativa é geralmente sujeito a uma análise de conteúdo” (Guerra, 2006). As categorias são as que anteriormente apresentamos, tal como destacou-se no item 3.4 deste trabalho:
4.2.1. Áreas de actuação da visão Mundial para o Desenvolvimento socioeconómico das comunidades do Distrito de Muecate
Nesta categoria pretende-se perceber o rol das áreas de actuação desenvolvidas pela visão Mundial no distrito de Muecate, com a vista a obter-se uma visão geral do cumprimento das tarefas e responsabilidades desta ONG a nível do distrito. Entretanto, antes de falar sobre as áreas desenvolvidas, vale a pena ressaltar que a Visão Mundial foi instituída pela primeira vez neste Distrito em 2001. 
Em relação as áreas de actuação da visão mundial no distrito de Muecate, quinze (15) dos entrevistados, equivalente a 83,3% referiram que as áreas de actuação são: educação, saúde, agricultura, protecção a criança, água e saneamento, e infra-estruturas. 
A ser assim, pode-se inferir que a visão mundial tem abrangendo várias áreas sociais, cujo teor é visível nas comunidades do distrito de Muecate. Ademais, podemos inferir que ela (VM) tem se inclinado praticamente nas áreas que a maioria das ONGs atua. Como referi Dionizio (1998), “actualmente, os sectores em que os projectos das ONGs estrangeiras têm uma maior incidência são: a saúde, a educação, o abastecimento de água e a agricultura”. A ajuda é essencialmente realizada através de construção e/ou reabilitação de infra-estruturas; ou no caso de agro-pecuária, através de fornecimento de sementes e/ou equipamentos, e créditos e/ou doações em espécie. Sobre os insumos agrícolas, um técnico no SDAE[footnoteRef:18] garantiu que as associações de agricultores têm recebido sementes agrícolas, ajuda técnica, entre outros apoios. [18: Serviços distritais das actividades económicas. ] 
Mas então, até que ponto estas áreas promovem o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais de Muecate? Para Goméz (2007), “desenvolvimento entende-se por um progresso global, económico, social, cultural e político que tende para a melhoria constante de toda população e de cada indivíduo, através de sua participação livre e significativa no próprio desenvolvimento e na distribuição de recursos que dele deriva”. Por sua vez, Cistac (2007, p. 20) considera que o desenvolvimento “é a capacidade de satisfazer adequadamente as necessidades básicas humanas, tais como, alimentação, habitação, saúde, água, educação e protecção social”. Já nas palavras de Vinod (2000, 16), “o desenvolvimento social tende a estar associado ao bem-estar e qualidade de vida das populações e das comunidades locais”. 
Esta acepção dos autores faz-nos claramente compreender que a causa última pela qual promove-se o desenvolvimento é a “melhoria das condições de vida das pessoas”. Por isso, essa melhoria passa necessariamente por um avanço ou progresso global, envolvendo todas as áreas ou sectores de actividade, de maneira que se possa oferecer

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