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unidade 1 cosmetologia

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Luciano Fernandes dos Santo
Cosmetologia e estética
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Sumário
CapítuLo 1 – Disciplina Cosmetologia e Estética ....................................................................... 05
1.1  Anatomofisiologia da pele ....................................................................................................... 05
1.2 Introdução a Quìmica ................................................................................................................ 07
1.3 tabela periódica ......................................................................................................................... 09
1.4 Ligações Químicas ...................................................................................................................... 11
1.5 Química orgânica ....................................................................................................................... 12
1.6 Funções orgânicas....................................................................................................................... 13
1.7 Misturas e solubilidade.............................................................................................................. 15
1.8 polaridade ................................................................................................................................... 16
1.9 potencial hidrogênio iônico (pH) .............................................................................................. 17
1.10 Desenvolvimento de produtos cosméticos ............................................................................ 18
1.11 Etapas do desenvolvimento de cosméticos ......................................................................... 18
1.12 Mercado cosmético .................................................................................................................. 23
1.13 Legislação cosmética ............................................................................................................... 24
1.14 Embalagem e rotulagem ........................................................................................................ 25
1.15 Cosmetovigilância .................................................................................................................... 26
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Introdução
Nesta unidade avaliaremos a importância do universo cosmético na área de estética, bem 
como a produção e características físico-químicas dos cosméticos mais utilizados. Iniciaremos 
com os estudos de química fundamental e avançaremos até o desenvolvimento dos cosméticos, 
ressaltando as legislações que regem os produtos que estão no mercado.
1.1 Anatomofisiologia da pele
A pele é o maior órgão do corpo humano. Tal afirmação é reproduzida inúmeras vezes nas 
mídias e nos livros, mas por que a pele é considerada um órgão? para compreendermos essa 
afirmação, de-vemos entender o que é um órgão.
 • Órgão: conjuntos de tecidos que têm características morfológicas e funcionais específicas.
Logo,  verificamos  que  a  pele  é  um  órgão  formado  por  dois  tecidos  principais  (epitelial  e 
conjuntivo) e participação de diversos outros tecidos (nervoso e sanguíneo, entre outros). o foco 
deste capítulo é apresentar e explicar a respeito dos dois tecidos formadores da pele, lembrando 
que o aprofunda-mento a respeito de pele será feito no módulo de sistema tegumentar.
1.1.1 Tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado (epiderme)
É o tecido superficial que reveste toda a porção externa do corpo, garantindo principalmente 
proteção e  interação com o meio ambiente. Esse  tecido é formado por  inúmeras camadas de 
células (queratinócitos). Sua porção super-ficial é formada por células achatadas e queratinizadas. 
Na área estética e dermatológica, esse teci-do é chamado de epiderme e tem cinco divisões:
 • Estrato basal:  camada  mais  interna  constituída  de  uma  fileira  de  células  apoiada  na 
lâmina basal. tem relação com a derme por conta de sua proximidade e tem como função 
a replicação celular (re-novação celular). Nessa camada também são encontrados os 
melanócitos, que têm como função a produção de melanina, que gera a coloração da pele 
e tem a capacidade de proteção leve contra a radiação solar.
 • Estrato espinhoso: mais de uma camada de células que estão apoiadas no estrato basal. 
Seu nome provém da morfologia da membrana celular, que apresenta pontas por conta da 
compressão sofrida pela proliferação celular que ocorre no estrato basal.
Capítulo1Disciplina Cosmetologia 
e Estética
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Cosmetologia e estética
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 • Estrato granuloso: camadas de células apoiadas no estrato espinhoso. Nessa camada, por 
conta da compressão celular, os grânulos intracelulares ficam mais evidentes. Esses grânulos 
diferem entre si por sua natureza: proteica ou lipídica. os grânulos proteicos são formados 
pela estrutura de querato-hialina que no decorrer da vida celular dará origem à queratina 
superficial; este grânulo permanece dentro da célula durante toda vida celular. Os grânulos 
lipídicos são chamados de lamelares e são colocados para fora da célula; essa expulsão 
gera uma substância que interliga as células do epitélio. Esta substância é chamada de 
material cimentante e colabora para a hidratação do tecido.
 • Estrato lúcido: camadas de células apoiadas no estrato granuloso. Essas camadas estão 
presentes em regiões do corpo com atrito intenso, ou seja, essa camada está presente na 
região palmar (mãos) e plantar (pés). Esse estrato é uma camada de transição entre a 
porção viável (queratinócitos vivos) e a porção não viável (queratinócitos mortos).
 • Estrato córneo: diversas camadas de células mortas (epiderme não viável). Nessas 
camadas não são encontrados os núcleos celulares; a única estrutura presente é a proteína 
de queratina, que confere proteção ao tecido, pois está depositada na superfície e tem 
contato com o meio ambiente, servindo de barreira contra o meio externo. Nessa camada 
ocorre o processo de descamação, que é a perda das células mortas por desprendimento. 
os protocolos estéticos trabalham amplamente sobre esse processo de descamação.
1.1.2 tecido conjuntivo propriamente dito
Este segundo tecido é localizado abaixo da epiderme e tem como característica a presença de 
células, fibras e substância amorfa. Garante sustentação e nu-trição para a epiderme.
 • Células: as células presentes no conjuntivo são os fibroblastos e fibrócitos, com a função de 
produção de fibras e manutenção do ambiente tecidual conjuntivo.
 • Fibras: as  duas  principais  são  as  fibras  de  colágeno  e  de  elastina.  A  primeira  é  uma 
família de prote-ínas  com  funções distintas, mas que de modo geral  garante  fixação e 
resistência a tração do tecido. a segunda garante elasticidade ao tecido, possibilitando o 
seu retorno ao local original. Nos processos de envelhecimento, as duas fibras são alteradas 
em quantidade e forma, gerado a modificação do órgão cutâneo.
 • Substância amorfa: líquido de viscosidade moderada que preenche o espaço entre as 
células e as fibras do tecido conjuntivo. Esse líquido é altamente proteico e mineralizado. 
uma das principais subs-tâncias presentes na substância amorfa são os glicosaminoglicanos 
(GAGs); entre eles, o principal re-presentante é o ácido hialurônico, que tem a capacidade 
de reter água garantindo o preenchimento do tecido dérmico.
a derme também tem divisões como a epiderme, sendo elas mais simples (apenas duas) – a 
derme papilar e a derme reticular:
 • Derme papilar: está intimamente relacionada com a epiderme. tem como característica 
mais substân-cia amorfa e células do que fibras, garantindo maior mobilidade.
 • Derme reticular: está abaixo da derme papilar e acima do tecido subcutâneo. tem como 
característi-ca a presença de muitas fibras e pouca substância amorfae células, garantindo 
maior resistência ao tecido.
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1.1.3 tecido subcutâneo
Embora  esse  tecido  não  faça  parte  oficialmente  da  pele,  tem  uma  relação muito  próxima 
com ela. Esse tecido, conhecido como adiposo, tem como célula o adipócito e está abaixo do 
tecido conjuntivo (derme reticular). o tecido subcutâneo tem diversas funções, entre elas a 
regulação de temperatura, a proteção física e a caracterização morfológica dos gêneros, além 
da principal função, que é a reserva energética.
1.1.4 Biótipos cutâneos
Existem quadro biótipos cutâneos conhecidos:
 • Pele eudérmica (normal): apresenta oleosidade controlada, viço cutâneo, poros com 
diâmetro normal e respiração cutânea;
 • Pele lípica (oleosa): apresenta oleosidade aumentada, muito brilho, aspecto gorduroso, 
poros dilata-dos e tendência a focos acneicos;
 • Pele alípica (seca): apresenta pouca ou ausência de oleosidade, aparência opaca, aspecto 
seco e friável, poros fechados e maior propensão aos sinais da idade;
 • Pele mista: apresenta oleosidade acentuada na região frontal (testa), nariz e queixo (zona 
t) ao mesmo tempo que apresenta região malar (bochecha) ressecada.
1.2 Introdução a Quìmica
Na natureza, todas as estruturas são formadas por átomos. No universo cosmético, isso não é 
diferen-te. Logo, precisamos compreender as diferentes ligações químicas e estruturas atômicas e 
moleculares, bem como as questões relacionadas ao pH, solubilidade e polaridade dos compostos 
químicos, para podermos utilizar com consciência as diferentes formas e ativos cosméticos.
ao observarmos essa relação entre o universo químico e a natureza, conseguimos destacar 
a intera-ção que norteia a área estética com a relação entre os produtos cosméticos e o 
sistema biológico hu-mano. Da mesma forma que tudo ao redor é composto de estruturas 
químicas,  o  corpo  humano  tam-bém apresenta  sua  configuração química  específica,  em  sua 
maioria composta por moléculas orgâni-cas, formando um sistema bioquímico complexo. De 
maior saliência para a área destacamos o contex-to bioquímico da pele. ao escolhermos um 
produto para utilização, devemos levar em consideração as características cutâneas químicas 
(unidade 2) para obtermos o máximo de desempenho dos produtos, de modo que a interação 
química, cosmético x corpo seja o mais segura e eficiente possível.
para facilitar o entendimento das noções básicas de química, estão listados abaixo alguns 
termos co-muns ao estudo das moléculas químicas.
 • Átomo – menor estrutura existente no universo, a qual é formada por prótons, nêutrons e elétrons.
 • Prótons – partícula com carga positiva que compõe o núcleo atômico.
 • Nêutrons – partícula sem carga que compõe o núcleo atômico.
 • Elétrons – partícula com carga negativa que forma a eletrosfera. Está partícula pode ser 
doada, recebida ou compartilhada, configurando assim as ligações químicas.
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Cosmetologia e estética
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Fonte: autoria própria.
 • Núcleo atômico – região central composta de nêutrons e prótons.
 • Eletrosfera – região ao redor do núcleo atômico na qual encontram-se os elétrons, também 
chamada de ca-madas eletrônicas.
 • Camada de valência – última das camadas eletrônicas na qual ocorre as reações químicas. 
Chamadas de K, L, M, N, o, p e Q.
 • Número atômico – quantidade de prótons que possui o átomo, sendo característico de 
cada átomo a quanti-dade de prótons, ou seja, não existe na natureza átomos diferentes 
com a mesma quantidade de prótons. Re-presentado pela letra Z maiúscula.
 • Massa atômica -  é a soma da quantidade de prótons e nêutrons de um núcleo. Representada 
pela letra A maiúscula.
 • Molécula – junção de dois ou mais átomos.
 • Peso molecular (PM) – junção de todas as massas atômicas dos elementos que compõe 
uma molécula.
Exemplo:
Sódio (Na) – Z = 11 e A = 23
Logo, o átomo de sódio possui 11 prótons e 23 de massa atômica.
Cloro (Cl) – Z = 17 e A = 35,5
Logo, o átomo de cloro tem 17 prótons e 35,5 de massa atômica.
o cloreto de sódio (NaCl) tem peso molecular de 58,5 u.m.a (unidade de massa atômica). pM 
= Massa do Na + Massa do Cl.
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a molécula de colágeno é formada por diversos átomos compondo uma molécula orgânica, 
esta estru-tura possui alto peso molecular dificultando sua penetração e permeação cutânea.
Quando uma molécula está em seu estado fundamental, ou seja, está in natura, dizemos que 
tem a mesma quantidade de prótons e elétrons. Dessa forma, temos, por exemplo:
o potássio em estado fundamental tem 19 prótons e 19 elétrons.
Mas os átomos químicos conhecidos têm a necessidade de realizar ligações químicas com outros áto-
mos para assim poder estabilizar sua quantidade de elétrons e se manterem estáveis. Essa regra 
só não se aplica aos átomos conhecidos como gases nobres, que serão apresentados mais à frente.
uma vez que os átomos necessitam realizar ligações químicas, entendemos que eles têm a 
necessida-de de transação de elétrons. Uma vez que essa troca ocorre, verificamos a formação 
de cargas elé-tricas reais no átomo, que passa a ser chamado de íon.
 • Íon – átomo carregado eletricamente com carga positiva ou negativa.
 • Cátion – átomo carregado com carga positiva (íon positivo).
Ex.: potássio Fundamental - K (19 prótons e 19 elétrons)
íon potássio - K+ (19 prótons e 18 elétrons) – perdeu elétron
 • Ânion – átomo carregado com carga negativa (íon negativo).
Ex.: oxigênio Fundamental - o (8 prótons e 8 elétrons)
íon oxigênio – o2- (8 prótons e 10 elétrons) – ganhou elétron.
1.3 tabela periódica
para auxiliar no entendimento das características atômicas, todos os átomos químicos naturais ou 
sintéticos conhecidos pelo homem foram classificados e distribuídos segundo suas características 
químicas em uma tabela, a qual denominamos tabela periódica. Nela são encontradas 
informações referentes a cada elemento químico, como por exemplo o número atômico, a massa 
atômica e o símbolo de representação química.
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Fonte: www.tabelaperiodica.org (acessado em: 26/04/2018 às 09:30h)
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Esta tabela foi desenvolvida utilizando um sistema de família e período.
 • Família – 18 colunas (verticais) da tabela periódica. Elementos que estão alocados na 
mesma coluna apresentam as mesmas características de doação ou recebimento de elétrons. 
abaixo estão as principais famílias de importância cosmética:
 • Família 1 – elementos que doam 1 elétron. Ex.: Na+ e K+ (exceto o H, que 
compartilha 1 elétron);
 • Família 2 – elementos que doam 2 elétrons. Ex.: Mg2+ e Ca2+;
 • Família 15 – elementos que recebem ou compartilham 3 elétrons. Ex.: N3-e P3-;
 • Família 16 – elementos que recebem ou compartilham 2 elétrons. Ex.: O2-e S2-;
 • Família 17 – elementos que recebem ou compartilham 1 elétron. Ex.: F1- e Cl1-.
 • Período – 7 linhas (horizontais) da tabela periódica. Elementos que estão alocados no 
mesmo período apresentam a mesma camada de valência. Ex.: período 1 camada K, 
período 2 camada L, ... período 7 camada Q.
Outra divisão característica visualizada e destacada por diferentes cores são as classificações 
dos elementos, que são distribuídos conforme suas características em:
 • Metais – elementos que compõem a maior parte da tabela periódica. têm características 
de doação de elétrons.
 • Semimetais – elementos que estão na transição entre os metais e os não metais. pequena 
quantidade de elementos neste grupo.
 • Não metais (ametais) – elementos que têm a característica de recebimento de elétrons ou 
compartilhamento eletrônico.
 • Gases-nobres – Elementos estáveis na natureza que não necessitam realizar ligações químicas.
1.4 Ligações Químicas
Fonte: www.shutterstock.com
as ligações químicas são formadas a partir da interaçãoentre os elétrons da camada de 
valência dos átomos que interagem em uma molécula. tais ligações favorecem mutuamente a 
estabilidade dos elementos ligados e por consequência da molécula como um todo.
as ligações químicas mais comuns no universo cosmético são: iônica e covalente.
 • Ligação iônica – interação entre as camadas de valência dos átomos ligados na qual ocorre 
doa-ção/recebimento de elétrons. ao se desfazer a ligação, cada átomo envolvido torna-
se um íon, sendo um cátion aquele que perdeu o elétron e um ânion aquele que recebeu o 
elétron. Este tipo de ligação ocorre entre os elementos metais com elementos não-metais.
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Exemplo:
NaCl Na+ + Cl-
(molécula  de  cloreto  de  sódio  faz  ligação  covalente;  quando  rompida  a  ligação,  ocorre  a 
formação do cátion Na+, que perdeu um elétron, e do ânion Cl-, que recebeu um elétron).
 • Ligação covalente – interação entre as camadas de valência dos átomos ligados na qual 
ocorre compartilhamento de elétrons. ao se desfazer a ligação, cada elemento mantém a 
quantidade de elétrons originais, sem haver perda ou ganho entre as partes envolvidas 
na molécula. Esse tipo de ligação ocorre entre os elementos não metais, não metais com 
hidrogênio e hidrogênio com hidrogênio, comum nas moléculas orgânicas por conta da 
ligação de carbono com os demais elementos.
Exemplo:
H2O, C6H12O6 ou O2
(moléculas que envolve elementos não-metais ligados entre si e não-metais e hidrogênio).
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algumas técnicas estéticas utilizam aparelhos que promovem a entrada de elementos químicos 
ionizados nas camadas da pele por repulsão eletrônica, proporcionando maior penetração e 
permeação de ativos na pele.
1.5 Química orgânica
a química orgânica é um ramo da química que estuda as moléculas que participam ou interagem 
com processos biológicos e têm como característica a ligação covalente em todas as moléculas. 
Nesse ramo, o principal elemento estudado é o átomo de carbono.
o carbono, elemento constituinte das moléculas orgânicas, está presente na família 14 da tabela 
periódica, ou seja, esse elemento necessita de mais quatro elétrons para se tornar estável. a 
forma de aquisição desses elétrons é por meio de ligações covalentes entre carbonos, nitrogênio, 
oxigênio e hidrogênio em sua maioria, sempre respeitando a quantidade máxima de ligações de 
cada elemento que está de acordo com a quantidade de elétrons que cada um pode compartilhar 
– carbonos, 4 elétrons; nitrogênio, 3 elétrons; oxigênio, 2 elétrons; e hidrogênio, 1 elétron.
Fonte: autoria do autor.
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 • Forma de Traço – os símbolos dos elementos são dispostos visivelmente e todas as ligações 
são representadas por meio de traços.
 • Forma de Linha – os símbolos dos elementos são omitidos e em cada ponta ou vértice de 
linha conta-se um átomo de carbono sempre levando em consideração que todo carbono 
precisa realizar 4 ligações para estar estável, ou seja, essas ligações são comumente feitas 
por átomos de hidrogênio, caso aja uma ligação com elemento diferente de hidrogênio este 
e deve ser apresentado na forma de seu símbolo químico, desta forma temos que somente 
os símbolos do carbono e hidrogênio podem ser omitidos graficamente da estrutura.
 • Fórmula Molecular – todos os elementos são escritos na forma de seus símbolos químicos em 
sequência sempre iniciando com carbono depois hidrogênio e demais elementos presentes, 
e juntamente com o símbolo é acresci-do a quantidade atômica de cada elemento.
1.6 Funções orgânicas
por conta da grande quantidade de moléculas orgânicas presentes no universo, diversos sistemas 
de  classificação  foram  criados,  dentre  eles  o  sistema  de  classificação  das  funções  orgânicas, 
para assim facilitar a compreensão e agrupamento das moléculas químicas com características 
similares. Na tabela abaixo estão presentes as principais funções orgânicas utilizadas na estética.
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Fonte: autoria do autor.
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1.7 Misturas e solubilidade
Misturas são formadas pela interação de duas ou mais substâncias gerando assim um sistema 
que pode  ser  classificado  como  homogêneo  ou  heterogêneo.  Essa  interação  ocorre  entre  a 
substância que estiver em maior quantidade, chamada de solvente ou dispersante, e as que 
estiverem em menor quantidade, chamadas de soluto ou disperso.
 • Misturas Homogêneas (sistema unifásico) – são aquelas que não possibilitam distinguir 
visualmente os componentes que estão presentes na formulação. Ex.: água e sal de cozinha, 
na qual a água seria o solvente e o sal, o soluto.
 • Misturas Heterogêneas (sistema bi ou polifásico) – são aquelas em que é possível 
distinguir visualmente os componentes que estão presentes na formulação. Ex.: óleo corporal 
bifásico, no qual temos dois líquidos que não se misturam.
Quando avaliamos a relação soluto e solvente, podemos verificar a solubilidade dos produtos. 
Mesmo em um sistema tipicamente homogêneo, podemos verificar uma mudança de característica 
de homogeneidade quando a quantidade de soluto excede a capacidade do solvente. por 
exemplo, quando adicionamos sal em excesso a um copo com água, em determinado momento 
o sal irá precipitar e não solubilizar mais, demonstrando assim que o solvente (água) já não 
consegue solubilizar aquela quantidade de sal (soluto). Quando olhamos esse cenário, podemos 
verificar que a relação de saturação do sistema pode ser:
 • Solução insaturada – solvente tem a capacidade de solubilizar mais soluto, não atingiu o limite.
 • Solução saturada – solvente atingiu o limite máximo de solubilização do soluto. o acréscimo 
de mais soluto proporcionará a formação do precipitado.
 • Precipitado – soluto que aparece no fundo do recipiente que não consegue ser solubilizado, 
pois a capacidade de solubilidade do solvente já foi atingida.
a capacidade de solubilidade pode ser alterada se ocorrer mudança de temperatura da 
mistura. Com o aquecimento, o solvente passa a comportar mais soluto do que em temperatura 
ambiente. Um exemplo disso é a água com açúcar: em temperatura ambiente, a água comporta 
uma  certa  quantidade  de  açúcar,  enquanto  que,  ao  aquecermos  a  água,  esta  ganha  a 
capacidade de solubilizar uma quantidade maior do soluto (açúcar).
Fonte: Mundo Educação.
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1.8 polaridade
A polaridade de uma molécula está relacionada com sua força de eletronegatividade;  isso 
significa a capacidade de um átomo ou molécula de atrair outros átomos ou moléculas. Na 
natureza, os elementos mais eletronegativos  são,  respectivamente: flúor, oxigênio, nitrogênio, 
cloro e assim subsequentemente, formando assim uma fila de eletronegatividade. Os elementos 
carbono e hidrogênio têm baixa eletronegatividade entre si e com relação aos demais elementos 
presentes nas moléculas orgânicas, como já mencionado.
podemos dizer que as moléculas orgânicas têm baixa eletronegatividade, principalmente 
os hidrocarbonetos, que são formados somente por carbono e hidrogênio. a diferença de 
carga que aparece nas moléculas orgânicas se dá principalmente por conta da presença dos 
elementos oxigênio e nitrogênio. Logo, podemos dizer que as moléculas que têm esses dois 
elementos eletronegativos têm uma porção com diferença eletronegativa fazendo com que 
ocorra a formação de polos na molécula.
A  região que apresenta  o  elemento  eletronegativo  fica  carregada eletricamente de  forma 
negativa, enquanto o restante da molécula, por diferença de carga, se torna positivo. Vale 
lembrar que essa carga não é de fato real, pois a molécula não sofreu quebra ou formação de 
íons. Logo, denominamos essa carga de parcial, ou seja, existe uma diferença de polaridade, 
mas não formaçãode carga real.
 • Molécula polar – apresenta elementos eletronegativos e formação de carga parcial, polos 
negativo e positivo na mesma molécula.
 • Molécula apolar – molécula de hidrocarbonetos (carbonos e hidrogênios) que não apresenta 
diferença de eletronegatividade (sem polos).
Fonte: Manual da Química.
 VoCÊ SaBIa?
ativos que têm melhor penetração e penetração na pele são apolares, pois as membranas 
celulares têm característica apolar na maior parte. Sendo assim, as moléculas sem carga parcial 
ou real têm maior afinidade pela membrana da célula e consequente facilidade de atravessá-la.
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1.9 potencial hidrogênio iônico (pH)
o potencial hidrogênio iônico (pH) é uma forma de medida da característica ácida de uma 
solução. acidez é a capacidade de uma substância de liberar íons H+ em meio aquoso. Nesse 
contexto, temos três termos importantes:
 • Ácida – substância que em meio aquoso libera H+. Ex.: ácido salicílico, ácido lático.
 • Base ou alcalina – substância que em meio aquoso libera oH- ou recebe H+. Ex.: ureia, amônia.
 • Neutra – substância que em meio aquoso se mantém equilibrada quanto a liberação de 
oH- e H+. Ex.: água
Como forma de quantificação de acidez e alcalinidade, foi criada uma escala chamada de pH, 
a qual mensura a concentração do íon hidrogênio em uma solução aquosa. Essa mensuração 
pode ser feita de forma qualitativa (papel tornassol ou indicadores) para indicar se o produto 
está ácido ou básico, ou de forma quantitativa (peagâmetro) para indicar o quanto o produto 
está ácido ou básico.
Essa escala varia de 0 a 14, sendo que os valores abaixo de 7 são considerados ácidos, acima 
de 7 considerados básicos e o valor 7 considerado neutro.
Fonte: http://www.impactounesp.com.br/2017/04/o-que-e-o-ph-da-agua-e-qual-sua-funcao.
html (acessado em: 26/04/2018 às 10:05h)
 VoCÊ SaBIa?
O pH é fundamental para o profissional da área de estética, pois todos os produtos têm 
pHs diferentes, que precisam ser equilibrados para uso dermatológico, uma vez que a pele 
humana apresenta um pH por volta de 5,5. alterações bruscas no pH da pele podem gerar 
problemas cutâneos.
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1.10 Desenvolvimento de produtos cosméticos
a cada dia, são lançados no mercado novos produtos, diferentes formulações ou formas de 
apresentações mais atrativas para o público, fazendo com que a produtividade e a lucratividade 
para as empresas cosméticas ganhem volume.
para o desenvolvimento de um cosmético, são necessários anos de pesquisa e de processos 
de  desenvolvimento  para  enfim  o  produto  chegar  ao  mercado  consumidor  com  segurança 
e aplicabilidade. a criação de um novo produto demanda um processo contínuo e rigoroso 
pautado em etapas a serem seguidas.
1.11 Etapas do desenvolvimento de cosméticos
1.11.1 Briefing
Fonte: www.shutterstock.com
trata-se do levantamento da real necessidade do novo produto no mercado. Nessa fase, 
são realizadas diversas pesquisas relacionadas tanto com a fabricação e componentes de 
formulação quanto com relação à necessidade mercadológica do produto. aqui são avaliados 
os produtos concorrentes existentes no mercado, linhas similares à ideia proposta e qual será o 
impacto financeiro de gastos e projeções de vendas do novo produto.
Nessa fase são elencadas possibilidades de ativos e formas cosméticas para melhor agradar 
o consumidor em resultado e apresentação sensorial. as possíveis formas de registro frente à 
escolha dos ativos também são avaliadas nessa fase para o produto ser lançado e patenteado 
dentro das legislações vigentes.
Em resumo, essa fase trabalha todas as questões de idealização referentes à utilização, 
produção, gastos e lucros, legislação e aceitabilidade do produto no mercado, tudo de forma 
teórica e com embasamentos técnicos e práticos. Após a verificação da viabilidade do novo 
produto, dá-se início a fase de avaliação técnica e pesquisa bibliográfica.
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1.11.2 Avaliação técnica e pesquisa bibliográfica
Nessa fase são realizados levantamentos bibliográficos acerca do novo produto. Todas as informações 
pertinentes ao ativo do produto e a possível forma cosmética devem ser avaliadas segundo a 
proposta do novo produto e os conhecimentos científicos sobre os componentes da formulação.
A verificação de patentes e da segurança das matérias-primas ganha destaque nessa fase, 
pois todo possível prejuízo futuro precisa ser minimizado. Logo, questões legais como patentes e 
segurança de ativos são avaliadas com cautela, e os procedimentos seguintes só acontecem com 
a segurança dessas pesquisas. um fator de destaque nesse processo é a utilização de matérias-
primas de acordo com a política de cada mercado nacional, ou seja, a ideia de onde será feito 
o lançamento norteia qual legislação deverá ser avaliada, uma vez que países diferentes têm 
restrições de substâncias diferentes.
ao pensar na formulação, o manipulador deverá atentar a possíveis incompatibilidades entre 
os componentes da formulação, uma vez que algumas substâncias químicas apresentam rejeição 
ou interação com as demais substâncias. por exemplo, produtos com grandes quantidades 
de óleos essenciais não deveriam ser acondicionados em frascos plásticos, pois o óleo tem a 
capacidade de adsorver ao plástico. Essa etapa é a base para o pensamento de transferência 
de escala, que consiste na fabricação em grande quantidade do produto, pois ao ser feita a 
escala todos os pontos referentes à fabricação e acondicionamento do produto devem estar 
elucidados para não haver prejuízo.
Nessa fase também está contida a responsabilidade ambiental. Estudos do impacto que o 
produto causará ao ambiente devem ser levados em consideração para garantir se o produto 
é ou não viável para ser lançado no mercado.
Em resumo, essa fase avalia todos os conhecimentos científicos já existentes na literatura com 
relação à escolha das matérias-primas a serem utilizadas na fabricação.
1.11.3 Desenvolvimento de formulação
Fonte: www.shutterstock.com
após todos os estudos a respeito das matérias-primas a serem utilizadas, tem-se início a preparação 
da formulação. Diversas fórmulas são desenvolvidas e testadas até se obter uma formulação 
coesa e com características desejáveis, sempre levando em consideração as proporções dos 
ingredientes segundo o objetivo do produto e o mercado consumidor. por exemplo, produtos para 
pele oleosa devem apresentar poucos componentes gordurosos na formulação.
20
Cosmetologia e estética
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Nesse momento ocorre a escolha da forma cosmética, ou seja, como o produto será apresentado 
para o público atendendo às necessidades práticas do consumidor. Por exemplo, formas sólidas, 
como bastões ou pós, facilitam o transporte e demandam menos insumos para sua utilização, 
enquanto formas líquidas, como demaquilantes, necessitam de insumos como algodão para sua 
aplicação e ainda têm o risco de vazamento no transporte. Nesse sentido, podemos ressaltar 
que a forma cosmética mais desenvolvida são os semissólidos, aqui tendo como representantes os 
cremes, pois têm características de manuseio, transporte e incorporação de ativos efetivas tanto 
para a indústria quanto para o consumidor. A respeito das formas cosméticas e suas características, 
durante a próxima unidade (Unidade 2) serão abordados aspectos mais específicos.  
após desenvolvida a formulação padrão, iniciam-se os testes de estabilidade, nos quais o 
produto é avaliado em diferentes temperaturas, pressões, exposição ao ambiente, controle 
microbiológico e físico-químico. todos esses testes servem para mimetizar as condições 
ambientes a que os produtos podem ser expostos. Durante as sessões de teste, levam-se em 
consideração os extremos, pois todos esses testes visam a garantir que o produto permaneça 
estável mesmo fora doambiente industrial e cumpra com o prazo de validade estabelecido 
suportando variações ambientais previamente testadas. Abaixo, verificamos um pouco melhor 
o que cada teste avalia:
 • Temperatura – avalia as mudanças bruscas de temperatura a que o produto possa ser 
exposto, como por exemplo ser mantido ao sol ou próximo a uma fonte de calor. Esse dado 
nos mostra qual o limite para exposição;
 • Pressão – do mesmo modo que a temperatura, diferenças de pressão podem ocorrer, 
ocasionando variações da formulação. Como exemplo, destacamos a variação de pressão 
que ocorre ao nos deslocarmos entre cidades com altitudes muito diferentes. Essa variação 
pode contribuir para mudar a característica da formulação;
 • Exposição ao ambiente – quando expomos o produto ao meio ambiente, mantemos o 
pote aberto ou colocamos a mão dentro dele, deixamos o produto interagir com o 
ambiente ao redor, gerando assim contaminação microbiológica, ou seja, as formas de 
vida microscópicas presentes no ambiente podem aproveitar o conteúdo do produto para 
se proliferar, gerando assim alterações e contaminação da formulação. Essa interação 
pode desencadear mudanças físico-químicas significativas, como por exemplo alteração de 
coloração, odor, mudança de acidez ou alcalinidade, entre outras. a partir do momento que 
ocorrer esse tipo de mudança, o produto está inapto para utilização, e novos estudos com 
relação ao sistema de proteção como antioxidantes e conservantes devem ser revistos.
ao mesmo tempo, novas tecnologias são sugeridas para utilizar no produto para assim 
acrescer mais valor de mercado. Durante todo o processo são avaliadas possíveis interações 
na formulação; essa análise  irá compor os resultados da estabilidade do produto. Uma vez 
estabelecida a estabilidade, é possível determinar o prazo de validado do produto, informação 
indispensável para a qualidade do novo cosmético.
Com todos os testes prontos e aprovados, cria-se uma formulação padrão que será utilizada 
para a fabricação do produto. Esta será registrada legalmente para garantir a propriedade 
para a  indústria  enquanto durar a patente. Vale  ressaltar que a  concentração máxima de 
ativos nos casos de dermocosméticos deve ser avaliada segundo a legislação vigente em cada 
país, pois uma das diferenças entre um produto cosmético e um medicamento é a quantidade 
de princípio ativo que está presente na formulação, sendo um cosmético uma formulação com 
quantidade de ativo menor.
21
Levando em consideração o consumidor, o produto desenvolvido deve apresentar um grau de 
pureza que é verificado por meio da cor, odor, viscosidade, ausência de separação de fase, 
embalagem integra e rotulagem completa. Esses pontos são sempre avaliados pelo comprador 
como forma de testar se o produto vale o investimento feito, sendo assim todos os produtos 
cosméticos minimamente devem atender a esses pré-requisitos.
Com relação aos órgãos de vigilância, a pureza é avaliada segundo o risco à saúde, propaganda 
enganosa, controle do produto (quantidade de ativo, segurança) e rastreabilidade (lote).
 NÃo DEIXE DE CoNHECER...
A indústria cosmética tem responsabilidade pelo produto produzido mesmo após a saída do produto 
para a venda. É direito do comprador acionar a indústria caso, ao abrir o produto, ele apresente 
qualquer manifestação em desacordo com o proposto. Depois que o produto está aberto, somente 
reações que possam ocorrer por conta da formulação são responsabilidade industrial.
1.11.4 Complementação do desenvolvimento
Nessa fase têm início os testes de segurança do produto para utilização. Cada produto é testado 
levando-se em consideração seu alvo de ação. os testes realizados começam em formas de vida 
in vitro, ou seja, culturas celulares e reações enzimáticas em tubos de ensaio, e, após aprovação da 
eficácia e segurança, os testes evoluem de acordo com a necessidade, passando de in vitro para 
in vivo, embora cada vez mais as indústrias encontrem formas de testes in vitro para que os testes 
in vivo sejam minimamente necessários. os animais utilizados para testes pré-clínicos normalmente 
são de pequeno porte e devem apresentar tecido cutâneo adequado para testes. todos os testes 
realizados devem seguir normas rigorosas de ética e bem-estar animal.
Fonte: www.shutterstock.com
os testes laboratoriais pré-clínicos envolvem as comprovações básicas dos produtos. testes 
como toxicidade, alergenicidade e irritação cutânea são alguns dos testes realizados. para 
tanto, amostras dos produtos são avaliadas em reações químicas em tubos de ensaio para 
verificação  da  interação  com  enzimas  biológicas,  em  culturas  celulares  para  avaliação  da 
toxicidade cutânea, bem como em pedações de tecidos biológicos ou mesmo em pequenos 
animais nos quais o produto é administrado em pequenas regiões para avaliar o comportamento 
da pele com a exposição dos ativos, suspendendo-se imediatamente a continuidade do teste na 
presença de reações não efetivas à proposta experimental.
22
Cosmetologia e estética
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Após  a  comprovação  da  segurança  e  eficácia  nos  testes  laboratoriais,  testes  clínicos  são 
realizados nos quais os produtos são testados em humanos voluntários, todos os critérios 
de segurança e efetividade do produto são avaliados, principalmente quando analisamos 
dermocosméticos, por terem princípios ativos, ou seja, a eficiência proposta do produto deve 
ser verificada de maneira quantitativa.
ao término de todos os testes acima citados, o produto está apto a ser produzido em grande 
escala para ser comercializado. Define-se então a rotulagem final, com as adequações referentes 
ao pais em que será lançado o produto. Nesse momento, cria-se o dossiê definitivo do produto 
com todas as  informações reunidas desde o levantamento bibliográfico. Em posse de todos os 
documentos, é realizada a regularização no órgão do Ministério da Saúde ou órgão equivalente.
 VoCÊ SaBIa?
para padronizar a rotulagem no mundo todo, existe uma nomenclatura padrão para 
ingredientes cosméticos chamada INCI – Ingredients Nomenclature Cosmetics International 
(Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos). assim, em qualquer parte do mundo, 
produtos importados podem ser lidos por profissionais da área cosmética.
Vale ressaltar que, se ocorrer qualquer erro em qualquer uma das etapas apresentadas, toda a 
cadeia de desenvolvimento para, e o produto volta para a etapa de pesquisa bibliográfica para 
sanar o erro; tudo recomeça, etapa por etapa, resguardando as devidas proporções e achados.
 NÃo DEIXE DE VER...
O filme O jardineiro fiel retrata o contexto de testes clínicos e lançamento de uma nova 
medicação no mercado por uma indústria farmacêutica. O contexto do filme é medicamentoso, 
mas a ideia do desenvolvimento de um produto é a mesma apresentada para um cosmético. 
1.11.5 transferência de Escala
Nessa fase do processo, ocorre a extrapolação da escala de produção, ou seja, toda a 
formulação desenvolvida em laboratório é ajustada para a produção industrial. para isso, a 
equipe de produção é instruída e treinada para a nova demanda e é realizada a fabricação de 
um lote piloto, em escala menor do que a produção normal, para avaliação dos procedimentos 
e acerto de qualquer erro que possa vir a ocorrer.
o produto produzido nessa escala piloto é submetido a testes de controle de qualidade e 
estabilidade para assegurar suas características. Nessa etapa do processo, o maquinário 
industrial  é  selecionado,  calibrado  e  verificado  para  não  haver  erros mecânicos  durante  a 
produção. Todo esse procedimento é classificado como validação industrial, e todos os registros 
são guardados para integrar o dossiê do produto.
Em conjunto com o setor de produção, o setor de pesquisa e desenvolvimento concretiza os 
prazos de validade e a forma de armazenamentouma vez que o produto está pronto. a partir 
desse ponto, o produto está pronto para ser enviado para o mercado.
23
1.11.6 treinamento
Na  última  etapa  estão  alocadas  as  estratégias  que  colocarão  o  produto  no mercado  e  a 
capacitação dos representantes. para proporcionar uma ampla divulgação do produto, todo 
o setor de marketing é acionado, estratégias de campanha para divulgação são criadas e os 
nichos de mercado aos quais o produto se destina são selecionados.
uma equipe é treinada com todas as informações pertinentes ao produto, tanto para 
representação com as lojas quanto para o serviço de atendimento ao cliente (SaC). todos os 
envolvidos devem estar cientes dos benefícios e das informações técnicas pertinentes à venda 
do produto. toda a campanha tem como enfoque proporcionar exclusividade e inovação como 
forma de chamariz. Diversas estratégias são avaliadas para garantir o sucesso do produto.
1.12 Mercado cosmético
Um mercado que sempre se apresenta em plena expansão é o cosmético. Isso se deve a inúmeros 
fatores socioeconômicos e culturais. além de todos os fatores envolvidos no mercado da beleza, 
o fator qualidade de vida ganha força quando o assunto é bem-estar. abaixo elencaremos 
alguns dos principais pontos relevantes para o aquecimento do mercado cosmético.
 • Público feminino – desde a entrada da mulher no mercado de trabalho, que gerou a 
independência financeira feminina, o mercado cosmético ganhou um público cativo. A mulher, 
por  diversas  questões,  como  vaidade,  melhora  da  autoestima,  cuidados  com  a  saúde  e 
renovação, busca no mercado cosmético uma ferramenta para cada vez mais obter melhorias 
próprias que proporcionem aceitação e reconhecimento social. Esse público ainda representa a 
maior parte do consumo do mercado cosmético, e as indústrias têm um forte foco de marketing 
no público feminino, não somente nos produtos que se destinam a esse público como também 
em produtos de  linhas  infantis e masculinas que  são adquiridos muitas vezes pelo público 
feminino como forma de cuidado com os filhos e parceiros. Devemos levar em consideração, 
porém, que o mercado cosmético masculino ganha força a cada novo ano e tem projeção para 
maiores expansões. porém, mesmo com esse aquecimento que ocorre no mercado cosmético 
masculino, o público feminino continua sendo o principal alvo das indústrias. 
Fonte: www.shutterstock.com
24
Cosmetologia e estética
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 • Tecnologias – as modernidades tecnológicas e o gradual avanço em diferentes áreas 
da biotecnologia fazem com que o mercado cosmético ganhe um auxiliar de peso na 
hora da  seleção de  formulações. Quanto mais a  tecnologia avança, mais  nutrido fica o 
mercado cosmético, pois a cada nova ideia de melhoria da performance de cosméticos são 
necessárias inovações como nanotecnologia e liberação prolongada para permitir vencer 
as barreiras cutâneas e encaminhar o ativo até o alvo dermatológico. além de todos os 
fatores referentes às melhorias das formulações cosméticas, temos a tecnologia auxiliando 
a agilização e segurança na produção dos produtos, fazendo com que cada vez mais os 
produtos cosméticos cheguem ao mercado consumidor mais rápido e com melhor qualidade.
 • Lançamentos – a  cada ano,  inúmeros  cosméticos entram no mercado.  Essa demanda  se 
embasa  no  avanço  tecnológico  e  na  procura  pelo  público  consumidor.  Muitas  vezes  os 
lançamentos não são necessariamente inovadores, mas sim chamativos de novas versões 
dos produtos já existentes ou melhorias de produtos usuais. os lançamentos são um dos 
principais pilares do aquecimento do mercado cosmético, pois onde há novidade existe 
público para consumir. A  inovação atrai o  ser humano, que  sempre busca por melhorias 
e facilidades. De certa forma, podemos dizer que o lançamento é gerado pela procura 
(público) e por avanços tecnológicos (tecnologia).
 • Expectativa de vida – a qualidade de vida sempre é um assunto recorrente nas sociedades, 
cada vez mais agitadas. Com os avanços na área médica, a expectativa de vida é 
aumentada; isso favorece o mercado cosmético pois quanto mais se vive, maior o tempo 
para se consumir cosméticos. olhando por esta óptica e acrescentando que o ser humano 
busca qualidade de vida, os produtos cosméticos se ajustam perfeitamente à necessidade 
humana, pois quanto mais se vive, maior o tempo que se passa na fase senil e mais cuidados 
são necessários com a pele, uma vez que a pele senil perde as características de jovialidade 
com o passar dos anos. Logo, produtos cosméticos que anunciam o retardo dos sinais da 
idade, firmeza cutânea, produção de fibras e clareamento de manchas são rapidamente 
absorvidos pelo mercado cosmético.
1.13 Legislação cosmética
Definição  segundo  a  Resolução  da  Diretoria  Colegiada  (RDC)  211  de  2005  sobre  produtos 
cosméticos:
produtos de Higiene pessoal, Cosméticos e perfumes, são preparações constituídas por substâncias 
naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, 
unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com 
o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou corrigir 
odores corporais e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado. (RDC 211/05)
todos os produtos cosméticos devem atender às legislações vigentes de cada país com relação 
às regras de desenvolvimento, utilização e comercialização de produtos. para que o registro do 
produto seja efetuado de forma correta, todo dossiê formulado durante o processo de criação 
do produto deve estar totalmente completo com todas as informações pertinentes ao novo 
cosmético. Para solicitação de registro, os produtos devem ser classificados em grau de risco 1 
(cosméticos simples) ou grau de risco 2 (dermocosméticos ou que demandem teste de eficácia). 
Abaixo estão as definições a respeito dos graus de risco e exemplos segundo a RDC.
25
 • Produtos Grau 1: são produtos de higiene pessoal cosméticos e perfumes cuja formulação 
cumpre  com  a  definição  de  produtos  cosméticos  e  que  se  caracterizam  por  terem 
propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária 
e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de 
uso, devido às características intrínsecas do produto. Ex.: perfume, desodorante, xampu, 
fixadores, esmalte (adaptado de RDC 211/05).
 • Produtos Grau 2: são produtos de higiene pessoal cosméticos e perfumes cuja formulação 
cumpre  com a definição de produtos  cosméticos  e  que  têm  indicações  específicas,  cujas 
características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e 
cuidados, modo e restrições de uso. Ex.: protetores solares, produtos infantis, produtos para 
pele sensível, antitranspirante (adaptado de RDC 211/05).
1.14 Embalagem e rotulagem
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Outra  questão  descrita  nas  legislações  cosméticas  é  a  das  definições  de  embalagens  e  os 
componentes obrigatórios de rotulagem em cada tipo de embalagem. um rótulo perfeito 
possibilita ao consumidor saber exatamente o que está adquirindo, o modo de uso e o prazo de 
validade. as informações de rotulagem devem estar de forma legível e clara para não haver 
erro na leitura. Abaixo seguem as definições de embalagem primária e secundária, bem como 
os componentes de rotulagem em cada embalagem.
 • Embalagem primária: envoltório ou recipiente que se encontra em contato direto com os 
produtos (RDC 211/05).
 • Embalagem secundária: é a embalagem destinada a conter a embalagem primária ou as 
embalagens primárias (RDC 211/05).
 • Rótulo:  identificação  impressa ou  litografada, bem como dizeres pintados ou gravados, 
decalco sob pressão ou outros, aplicados diretamente sobre recipientes,embalagens, 
invólucros, envoltórios ou qualquer outro protetor de embalagens (RDC 211/05).
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Cosmetologia e estética
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 • Rotulagem obrigatória:
Fonte: RDC 211/05.
 NÃo DEIXE DE LER...
para saber mais a respeito da legislação mencionada no texto, procure RDC 211/05. Lá 
é possível encontrar outras definições e informações que ampliarão seus conhecimentos a 
respeito da legislação cosmética.
1.15 Cosmetovigilância
Essa área do processo  cosmético abrange  todo o  suporte e  verificação pós-fabricação dos 
produtos cosméticos. a cosmetovigilância tem início a partir do momento da liberação dos 
produtos pela indústria. Uma vez que o produto vai para o consumo, é de responsabilidade 
da  indústria prestar  suporte adequado via atendimento ao  cliente a  respeito de quaisquer 
produtos fabricados. Esse processo de vigilância se mostra eficaz para sanar problemas que 
possam vir a acontecer com o produto por erro de fabricação, uma vez que por meio do número 
de lote o produto pode ser rastreado.
27
Quando um produto é adquirido pelo consumidor e, quando aberto, não se encontra na devida 
forma de apresentação ou aparenta problemas de formulação, é direito do consumidor entrar 
em contato com o fabricante para que este saiba o que está havendo com seu produto e 
possa realizar o devido ressarcimento caso seja necessário. Nesse cenário, deve ser levada 
em consideração toda a cadeia logística após a saída do produto da indústria, processo de 
estocagem e venda, pois o problema apresentado pode não ter sido de fabricação, mas sim 
de maus cuidados por parte do vendedor ou do próprio consumidor. Independentemente do fator, a 
indústria deve ser acionada para verificação da ocorrência. O contato do consumidor com a indústria 
se dá pelo atendimento ao cliente (SaC), que tem treinamento adequado para esclarecimento de 
dúvidas. Uma vez sanadas as dúvidas, o produto é recolhido e levado para análise.
Em resumo, o processo de cosmetovigilância abrange todos os acontecimentos com o produto 
após a sua saída da zona de fabricação.
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Cosmetologia e estética
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Síntese
Frente ao apresentado, podemos visualizar a importância do entendimento do sistema cutâneo em 
conjunto com os fundamentos químicos para garantir a elaboração de um cosmético para utilização 
nos tratamentos estéticos, além de vislumbrar que o desenvolvimento e comercialização cosmética 
demanda diversas fases e processos para garantir a segurança e eficácia do produto ao consumidor. 
Dessa forma, podemos dar sequência aos estudos cosméticos.
29
Referências
LEONARDI, G. R. SPERS, V. R. E. Cosmetologia e empreendedorismo. São Paulo: Pharmabooks, 
2015.
SOUZA, V. M.; JUNIOR, D. A. Formulário ativos dermatológicos. São Paulo: R.B.E. editora, 1ed. 
2017.
CANTO, E. L.; PERUZZO, T. M. Química na Abordagem do Cotidiano – volume único. São Paulo: 
Saraiva. 2015.
REBELLO, T. Guia de produtos cosméticos. São Paulo: Senac, 10ed. 2016.
FOGAÇA. J. R. V. Solubilidade e Saturação. Disponível em:  http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
quimica/solubilidade-saturacao.htm. acesso em: 26/04/2018.
ROCHA. J. Tipos de Forças Intermoleculares. Disponível em:  https://manualdaquimica.uol.com.br/
quimica-geral/tipos-forcas-intermoleculares.htm. acessado em: 26/04/2018.

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