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NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS À GESTÃO FINANCEIRA AULA 1 Prof. Vinicius Diniz Moraes 2 CONVERSA INICIAL O objetivo central desta aula é mostrar as relações entre o processo da Revolução Industrial e evolução tecnológica no mundo das finanças. A constante busca por melhor produtividade, lucro e qualidade de vida motiva a invenção e o desenvolvimento de novas tecnologias. Sendo assim, na primeira parte da aula mostraremos como se deram as diferentes revoluções tecnológicas, quais foram seus impactos e importância. Em seguida, será discutido como as revoluções impactaram bancos e outras atividades financeiras. Após, veremos como diferentes atividades consideradas tradicionais do mundo das finanças estão sendo revistas e alteradas em razão de inovações. Por fim, serão apresentadas novas inovações e tecnologias que, atualmente, estão sendo implantadas para a melhoria de empresas financeiras. As mais proeminentes são: Big Data, Internet das Coisas, processo de automação e blockchain. CONTEXTUALIZANDO Desde antes do Império Romano, já se tem registros de operações de crédito e débito. Naquele tempo, pelo pequeno número de transações, os registros eram feitos em pedras, papiros e livros. Trazendo esse problemática para a atualidade, seria impensável o registro de toda operação financeira em meios físicos. Isso se deu em razão dos avanços tecnológicos e revoluções industriais. Da mesma maneira, a melhoria dos registros revolucionou diversos setores econômicos e atividades financeiras. Novas tecnologias estão em sendo inventadas e alterando drasticamente nossa forma de pensar, agir e interagir. Mais recentemente, as inovações tecnológicas da chamada indústria 4.0 procuram resolver problemas atuais e revolucionar processos produtivos e a economia como nunca antes. Quais podem ser os impactos da nova revolução industrial na gestão financeira? Quais são as atividades e os processos que se aperfeiçoarão? E quais serão as técnicas que se tornarão obsoletas? TEMA 1 – EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA ÀS FINANÇAS Definimos tecnologia como um bem material, máquinas, equipamentos ou instrumentos que auxiliam e melhoram os hábitos e relações humanas. Associa- se o termo tecnologia, economicamente, a produtos e técnicas que tornam transações e processos mais fáceis, rápidos, menos custosos e mais produtivos. 3 A indústria de telecomunicações é, normalmente, o exemplo que vem à cabeça quando se pensa em tecnologia e evolução tecnológica. A introdução do telégrafo e a implantação dos primeiros cabos marítimos mudou drasticamente a forma de comunicação em longas distâncias que, anteriormente, era apenas possível via cartas. Posteriormente, a invenção do telefone e da internet proporcionou a comunicação de longa distância de forma quase instantânea, facilitando operações e atividades relacionadas às comunicações, mas também revolucionando outros mercados e produtos. O mercado internacional de ações seria muito mais limitado sem a evolução tecnológica da telecomunicação, por exemplo. 1.1 Tecnologia e evolução tecnológica Invenções e evoluções tecnológicas que transcendem uma única indústria ou setor econômico e alteram drasticamente diversas outras esferas econômico- sociais, como hábitos, trabalho e transações, são conhecidas como revoluções industriais. Já presenciamos três diferentes revoluções, e, atualmente, discute- se que estamos na quarta revolução, a chamada indústria 4.0. A primeira revolução industrial começou na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX. O economista Adam Smith, em A riqueza das nações (1776), descreve com maestria as causas e consequências econômicas dessa revolução. A consequência mais famosa descrita é a divisão do trabalho, quando o trabalho artesanal foi substituído pelo trabalho assalariado de grandes jornadas, 15 horas por dia. Anteriormente, o trabalhador era responsável por todos os processos de produção e, por conta da divisão do trabalho da primeira revolução industrial, ele passou a especializar-se em partes do processo. Outra característica do período é a invenção e dissipação de máquinas e equipamentos de produção que facilitaram o processo produtivo, diminuindo o tempo de produção, aumentando a quantidade produzida e a produtividade. A principal indústria que causou essa evolução disruptiva foi a de tecidos, com a invenção do tear mecânico. Posteriormente, a máquina a vapor estendeu a revolução industrial a outros países e continentes. Já a segunda revolução industrial data de meados do século XIX até a Segunda Guerra Mundial. Esse período é caracterizado pela invenção, introdução e desenvolvimento da indústria química, elétrica, do petróleo e aço. Destacou-se, também, pelo uso da combustão, que propiciou grande avanço nos 4 meios de transporte, como os navios a vapor, o carro e aviões. Em termos de tecnologias de produção e trabalho, o período foi conhecido pela introdução do fordismo, sistema de produção em massa baseado na linha de montagem. A corrida espacial durante a Guerra Fria, a robótica, estudos genéticos, nucleares e o avanço das telecomunicações como telefone, rádio e televisão marcaram a chamada revolução técnico-científica informacional, a terceira revolução industrial, de meados do século XX. A principal característica desse período foram as invenções e aprimoramentos consequentes das grandes guerras e da competição entre Estados Unidos e União Soviética. Em virtude das facilidades de comunicação e transporte e da constante busca por menores custos, a produção torna-se mais flexível com o modelo enxuto “Just in Time” do toyotismo. Hoje, há um debate em que alguns autores dizem que estamos vivendo a Quarta Revolução Industrial ou indústria 4.0. Segundo Mario, Tobias e Boris (2015), o termo foi utilizado pela primeira vez em 2011 por um projeto de tecnologia industrial alemão. Segundo esse projeto, a mais nova revolução será a integração de máquinas inteligentes e interconectadas via redes sem fio capazes de autoaprendizado. Ou seja, o processo de produção passa a ser inteligente (smart factories). Para que isso seja possível, diversos avanços e evoluções tecnológicas foram necessárias, como a inteligência artificial, computação em nuvem, internet 5G, entre outras. Os principais componentes da indústria 4.0 são: 1. Sistemas Ciber-Físicos (SCF): a fusão do mundo virtual e físico em que sistemas e mecanismos físicos, como máquinas ou robôs, são controlados por computadores e algoritmos. 2. Internet das Coisas (Internet of Things, IoT): objetos como smartphones ou sensores interagem entre si e são capazes de trocar informações e cooperar. 3. Internet dos Serviços (Internet of Services, IoS): vendedores passam a oferecer seus serviços via internet, combinados com outros diferentes ofertantes. Em termos de crescimento econômico, como aumento do PIB, cada revolução industrial contribuiu para dinamizar a economia, melhorar estruturas de produção e aumentar a produtividade. Consequentemente, o crescimento econômico aumentou consideravelmente após cada revolução. Estima-se que o 5 impacto da quarta revolução industrial siga essa tendência e que o avanço tecnológico contribua para o aumento exponencial das atuais estruturas econômicas. A Figura 1 ilustra a relação entre crescimento econômico e cada revolução industrial de acordo com o tempo: Figura 1 – Potencial de crescimento das revoluções industriais 1.2 Evolução da tecnologia aplicada ao mundo das finanças A criação das finanças, do sistema financeiro e dos bancos não é um fenômeno recente. David Graeber (2012) mostra que mesmo antes da primeira revolução industrial e até mesmo do dinheiro – seja em papel ou moeda – já havia registros de atividades de débito e crédito entre pessoas e comunidades. Apesar da condenação da usura(cobrança de juros) pela Igreja Católica, monarquias e impérios durante a Idade Média foram criados e sustentados com grande auxílio de atividades bancárias e de financiamento. A família Médici de Florença, Itália, do século XV, foi grande responsável por espalhar diversos bancos pela Europa e financiar desde grandes navegações e conquistas militares até artistas da época. Durante o século XVII e XVIII, a Holanda iria se tornar o grande centro financeiro da Europa e do mundo com o Império Habsburgo. Naquela época, transações e crédito internacional já eram utilizados para financiar grandes expedições marítimas. Devido ao grande risco dessas viagens, por naufrágio e ataque de piratas, outras operações financeiras se tornaram cada vez mais populares, como créditos comerciais, seguros e bolsa de valores. Também foi 6 durante essa época o surgimento da primeira bolha especulativa, o caso conhecido como Mania da Tulipa, em que os preços das tulipas holandesas tiveram grande alta devido à aposta de futuros aumentos. Mesmo com atividades financeiras limitadas, pouco antes da revolução industrial, a Inglaterra já contava em 1694 com um banco central, bancos privados e regionais. As finanças da época funcionaram como combustível para difundir as novas invenções e máquinas por meio de financiamento. O impacto da evolução tecnológica do período foi no sentido de dissipar e multiplicar o sistema financeiro para outros centros, como os Estados Unidos. A partir desse período, a oferta de crédito passou a ser consideravelmente maior devido ao aumento dos depósitos nos bancos provindos dos grandes lucros da revolução. Já a segunda revolução industrial foi marcada pela criação de novos produtos financeiros – o grande uso de cheques como meio de pagamentos, por exemplo – e também pelo aumento de vendas de títulos de investimentos usados para financiar grandes obras mundo afora, tais como ferrovias. Esses títulos eram contratos de empréstimos que garantiam renda fixa ao fornecedor de crédito. Ao mesmo tempo, as atividades bancárias foram facilitadas com a melhoria dos meios de transportes, o que, por sua vez, também facilitou a comunicação com o rápido crescimento dos serviços postais. A vasta popularização de instrumentos financeiros e da bolsa de valores, especialmente nos Estados Unidos, foi um grande aspecto de uma das maiores crises de bolhas especulativas, a crise de 1929. Diferentemente das outras revoluções industriais, a revolução propiciada pelos avanços da tecnologia de informação alterou significativamente as atividades bancárias e financeiras. Como mostrado anteriormente, as finanças funcionavam como combustível para mudanças tecnológicas. Com a evolução das telecomunicações e especialmente a internet e o computador, as tecnologias passaram a revolucionar o setor financeiro. Por exemplo, em 1969, foi instalado o primeiro caixa eletrônico pelo banco inglês Barclays. Concomitantemente, foram introduzidas as primeiras ideias de proteção bancária por senhas. Para facilitar a comunicação interbancária internacional, em 1973 foi criada a Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT), que até hoje gere as ordens de pagamentos e transferências bancárias mundiais. O sistema prometia alta segurança protegida por um mecanismo de números, mas já sofreu várias ameaças digitais e ataques de hackers. 7 Segurança, redução de custos e maiores facilidades são o que a Indústria 4.0 promete para revolucionar o mercado financeiro. Agências físicas, caixas eletrônicos e inclusive o dinheiro em papel-moeda estão próximos de se tornarem obsoletos. Com a evolução da internet sem fio e dos smartphones, basta alguns toques na tela para enviar dinheiro ao outro lado do mundo. As chamadas “tecnologias wearable” também estão mudando as transações financeiras, pois agora permitem que consumidores façam pagamentos utilizando relógios e pulseiras inteligentes. O atendimento ao cliente está sendo revolucionado com a inteligência artificial, visto que robôs digitais são capazes de fornecer ajuda via internet. Outras tecnologias da indústria 4.0 poderão impactar profundamente as finanças, tais como blockchain, automação e Big Data. A mudança é tão profunda e rápida que certos conglomerados financeiros estão sendo ameaçados pelas novas empresas financeiras chamadas fintechs, devido à sua lentidão na adoção e adaptação às novas tecnologias. Apenas o tempo dirá quem irá ganhar a corrida da evolução tecnológica no mundo das finanças. 1.3 A reinvenção na busca do lucro e problemas associados A revolução no sistema financeiro não é apenas uma consequência natural dos avanços tecnológicos em outras áreas. A constante busca por menores custos, maior rentabilidade e maior lucro são as principais razões que motivam bancos e atividades financeiras a se reinventar e adotar novas propostas de atividades e serviços. A inteligência dos computadores aliada às grandes quantidades de dados disponíveis ajudarão os bancos a melhorar as estimativas de probabilidade de inadimplência na hora de realizarem empréstimos ou oferecerem crédito a um cliente. Outra possibilidade é a criação de algoritmos capazes de calcular instantaneamente, baseados em dados estocados na nuvem, o score de crédito de cada cliente e o tipo de crédito mais vantajoso. O score de crédito é uma medida de grau confiabilidade no tomador do empréstimo calculado baseado no histórico de pagamentos e relacionamento do cliente com a instituição financeira. No Brasil, as empresas mais conhecidas são a Serasa Experience e o SPC. As empresas financeiras ganham consideravelmente com melhoras no processo de inteligência aliado à concessão de crédito, pois a diminuição da inadimplência é um elemento-chave para a rentabilidade e saúde financeira dos 8 bancos e empresas fornecedoras de crédito. Ainda, essas novas tecnologias podem ajudar a evitar outra crise econômica como a do subprime de 2007-2008, em que bancos norte-americanos quebraram por oferecer crédito a pessoas com baixo score e sem garantias, aumentando, portanto, a inadimplência. Outro ponto é a substituição de pessoas por máquinas interconectadas, o processo de automação. A previsão apresentada pelo Fórum Econômico Mundial de 2019, em Davos – reunião que une anualmente líderes mundiais para discussão de questões atuais –, é de que bancos poderão cortar os custos em proporção às receitas em aproximadamente 15% com o processo de automação. Ainda, a tecnologia prevê um aumento de 30% na produtividade do trabalho (World Economic Forum, 2019). Contudo, as novas tecnologias e os novos processos inovativos também trazem problemas aos trabalhadores, empresas e mercados tradicionais. Desde Adam Smith e Marx, fala-se na substituição do trabalho por máquinas e capital. Anos depois, veio à tona o debate da substituição do trabalho humano por robôs. No caso da quarta revolução industrial e das finanças, não é diferente. Na reunião em Davos de 2019, o diretor executivo da empresa de seguros ING anunciou acreditar que o número de empregos no mundo das finanças diminuirá, e que aqueles que continuaram na indústria terão suas atividades e funções alteradas significantemente em decorrência das novas propostas tecnológicas aplicadas à área financeira. Na mesma linha de pensamento, o conglomerado financeiro Citigroup prevê perda de 1,7 milhão de empregos devido ao processo de digitalização dos bancos (Noonan, 2016). TEMA 2 – TECNOLOGIAS TRADICIONAIS REVISTAS Com a introdução de novas tecnologias durante a revolução e evolução tecnológica, várias atividades, funções, tecnologias e mercados são revistos, alterados e substituídos. Esse é a ideia de destruição criadora, em que, com o advento de novas técnicas, há uma crescente tensão entre as atividades tradicionais e as novas até queas inovações dominem o mercado por serem mais produtivas e com menores custos. Com o passar do tempo, então, as atividades e mercados tradicionais perdem espaço na economia por serem mais custosos e menos eficientes, tornando-se, eventualmente, obsoletos e extintos. Nesse sentido, mostraremos como três atividades do mercado financeiro foram revistas e evoluíram no tempo. A primeira diz respeito aos meios de pagamento, 9 já a segunda trata do mercado de capitais e, por fim, o sistema de atendimento e transações bancárias. Com o crescimento das chamadas fintechs, novas empresas financeiras com grande uso de tecnologias, surgiu uma crescente tensão entre bancos tradicionais e bancos virtuais. A grande diferença entre essas duas técnicas é o aspecto físico. Enquanto bancos tradicionais ainda contam com grandes operações físicas, escritórios, agências e caixas eletrônicos, os bancos online contam com uma operação muito mais enxuta e com grande uso de aplicativos de celular e internet banking, por exemplo. A criação dos bancos digitais é o resultado da evolução tecnológica e a identificação de novos hábitos e necessidade dos consumidores. Muito em razão dos problemas de atendimento dos bancos físicos, em que clientes precisam se deslocar até uma agência e ainda esperar pelo atendimento, a atividade acaba sendo muito custosa e demorada. Já no caso do internet banking, as operações bancárias estão a apenas um clique de distância. Todavia, a batalha entre bancos tradicionais e os novos entrantes no mercado está muito longe de ser resolvida. A vantagem é que os grandes conglomerados financeiros já possuem uma boa “fatia de mercado”, o marketshare. Além disso, suas capacidades de investimento, pesquisa e desenvolvimento são muito maiores em razão de seu tamanho. Em pesquisa realizada pela consultoria Ernst Young (2018), dois terços dos bancos no mundo anteciparão seus investimentos em tecnologia, e estima-se que o orçamento destinado à tecnologia subiu 10% apenas em 2018. Outra questão da evolução tecnológica no mundo das finanças é o trade- off entre velocidade de adequação a novas tecnologias em busca de maior rentabilidade e a segurança do sistema. Trade-off é um conceito da economia que significa conflito de escolha. Atualmente, os bancos de modo geral vêm sofrendo um conflito de escolha entre se adequar rapidamente às novas tecnologias para aumento da rentabilidade e dos lucros com manutenção de sua marketshare, ou construção de uma plataforma online sólida e segura que levaria mais tempo. É justamente o que a Perspectiva Global Bancária de 2018 mostra: há um risco crescente em termos de segurança em detrimento do crescimento acelerado de aplicações digitais. Segundo o estudo, há uma grande necessidade de mudança de foco de crescimento para cyber segurança, proteção de dados 10 e diminuição de riscos. Uma das grandes promessas em termos de segurança digital é a tecnologia blockchain, a qual abordaremos adiante. A grande questão para o sistema financeiro, então, é a redefinição de estratégias e planos de negócios baseados em novas tecnologias. Em outras palavras, não basta usar tecnologias como assessórios, é necessária uma drástica revisão nas estruturas tradicionais de negócios; caso contrário, os gastos em investimento são ineficazes. Para isso, uma das novas estratégias é a criação de um ecossistema de inovação. Esses ecossistemas buscam criar parcerias com outras empresas e agentes externos aos bancos para auxiliar na identificação de potencialidades e deficiências. A tendência é que as empresas mais eficientes e lucrativas do futuro serão aquelas em meio de um ecossistema colaborativo com outras fintechs. Hoje, a proposta de ecossistemas no setor bancário é o open banking, rede que possibilita interação e integração de várias empresas financeiras. Ainda, há a exigência de maior modularidade e flexibilidade nas empresas financeiras para serem capazes de cumprir as necessidades e evoluções tecnológicas do futuro. Isso significa que o sucesso está em uma empresa financeira focada na estratégia, e não no tamanho da corporação. TEMA 3 – BIG DATA E INTERNET DAS COISAS Duas tecnologias principais do processo de revolução da Indústria 4.0 são o Big Data e a Internet das Coisas. Estima-se que ambas terão alto impacto no setor financeiro, alterando desde o relacionamento com o cliente até os cálculos de score bancário e inadimplência. A seguir será apresentado como cada tecnologia pode ser capaz de alterar o setor financeiro. 3.1 Big Data Como o próprio nome inglês sugere, Big Data (“dados grandes”) é uma grande base de dados que não são suportados apenas por um computador convencional. Por isso, esses dados normalmente podem incorrer em altos custos de uso, manipulação e estocagem à empresa. Ao mesmo tempo, possuem grande poder analítico se bem utilizados. O grande desafio que o Big Data tenta solucionar é a utilização produtiva e barata de grande volume de dados captados em pouquíssimo tempo. Em 11 levantamento documentado pelo Comitê Econômico Social Europeu (2017), 2.5 exabytes de dados foram criados apenas em 2016. Ainda, o comitê estima que 90% de todos os dados do mundo foram gerados em apenas dois anos. Segundo a empresa SaS (2019), uma das líderes em análise de dados, o termo Big Data passou a ser reconhecido pela definição dos três Vs, criada por Doug Laney por volta dos anos 2000. Eles são: volume, velocidade e variedade. Volume diz respeito à grande quantidade de dados coletados por máquinas, provindos de diversas fontes, incluindo atividades financeiras, internet, sensores e câmeras. A alta capacidade de transmissão desses dados caracteriza o segundo V, a velocidade. Hoje, informações são transmitidas quase instantaneamente, trazendo novos desafios e necessidades de plataformas e tecnologias capazes de suportar tal característica. Por fim, como os dados provêm de diversas fontes e formatos, a variedade distingue o Big Data das demais bases de dados. Normalmente, as bases de dados tradicionais proporcionam dados numéricos e estruturados, como os dados de inflação, por exemplo. Contudo, as grandes bases de dados podem conter dados numéricos e também dados não estruturados, tais como documentos, vídeos e áudios. Uma das principais ferramentas que auxiliam na análise das grandes bases da dados é a plataforma Hadoop, que tem a característica peculiar de ser de livre utilização (open source). Diferentemente dos softwares e programas de computadores pagos da primeira década do século XXI, o Hadoop é totalmente grátis e pode ser modificado para atender às necessidades específicas de cada usuário. Outras ferramentas conhecidas como open source são Android e Linux. E as ferramentas e técnicas mais famosas que permitem o acesso e a estruturação dessas grandes bases de dados são: SaS, R, mySQL e Python. Algumas aplicações das grandes bases de dados são relacionadas ao consumidor, principalmente a percepção, ação e comportamento dos clientes derivado das redes sociais e outras plataformas da internet, como sites de reclamação, comentários e avaliações. A partir da interação dos usuários, ferramentas chamadas APIs – interface de programação de aplicações – irão minar os dados da web para potencial análise. A grande questão do Big Data, portanto, é aprimorar o processo da utilização e processamento desses dados. Uma das grandes áreas de aplicação do Big Data é a indústria do marketing. Hoje, a interação, troca de informações entre consumidores e decisões de consumo se alteraram, e as exigências dos consumidores passaram 12 a ser muito maiores. Assim, as bases de dados auxiliam empresas a entenderem as novas exigências de mercado para otimizarem recursos de publicidade e propaganda em uma política muito mais efetiva e produtiva, diminuindo custosde aquisição de clientes e aumentando a rentabilidade. Com o crescimento acelerado do número de empresas fornecendo serviços financeiros, o entendimento do comportamento do consumidor e o marketing passaram a ser fundamentais para garantir receitas e lucros crescentes. No caso específico da gestão e finanças, o Big Data é uma importante ferramenta para melhoria de processos de análise e previsão, alocação de recursos e redução dos custos. O ponto central é que o Big Data auxilia na tomada de decisão da empresa a partir de dados e fatos sólidos de acontecimentos passados, em vez da intuição de determinado gestor. Por exemplo, com base no histórico de preços de determinada ação, aliado a fatos específicos da empresa, uma projeção do preço futuro das ações e da performance podem ser criados com muito mais exatidão do que anteriormente. Apesar dos grandes benefícios, há intenso debate sobre os limites éticos do uso de base de dados e sua extração. Até que ponto a busca por dados de consumidores e usuários da internet torna-se uma invasão de privacidade? Grandes organizações governamentais, como a União Europeia, já estão criando leis com os direitos e deveres quanto ao uso dessas ferramentas. O projeto do Comitê Econômico Social Europeu (2017) classifica os dados e meios de extração em quatro categorias: Dados ativos: o usuário conscientizado envia dados para uma central de armazenamento por meio de apps. Um exemplo é o envio da localização do usuário em aplicativos de mapas. Dados passivos: os dados sobre o usuário são coletados por uma terceira pessoa e depois enviados para o armazenamento. Por exemplo: dados de hospitais e sistema de saúde. Envios de dados conscientizados: os usuários são claramente avisados de que sua atividade está sendo monitorada e transformada em dados para serem extraídos. Normalmente há uma mensagem ou termo de conscientização que precisa ser aceito pelo usuário. Envio de dados não conscientizados: não houve aviso prévio sobre a extração de dados do usuário. Por isso, não se pode assumir que o 13 usuário esteja ciente da extração. Isso pode ocorrer com câmeras de segurança pública, por exemplo. Portanto, há um movimento que procura regulamentar a extração e o uso das bases de dados na direção de tornar o usuário cada vez mais ciente do que são esses dados, como estão sendo extraídos e para quais fins. A proposta não é limitar nem eliminar a extração de dados, mas dar mais poder ao usuário em escolher se sua atividade pode ser, de certa forma, monitorada ou não. Ainda, o usuário deve ter o direito de saber o que está sendo feito com os dados, onde eles estão sendo estocados e quais são os tipos de dados armazenados. Já existe uma legislação vigente que permite a qualquer pessoa solicitar seus dados estocados por determinadas empresas. Em suma, assim como outras tecnologias, o Big Data já está revolucionando muitas formas de fazer negócios, tanto na área de finanças como em outras atividades do cotidiano. Seu poder auxilia na análise e na tomada de decisão para melhoria de processos e atividades empresariais. Contudo, há um limite ético para extração e utilização dessas bases de dados. A discussão ainda é muito recente e o tema é bastante promissor para pesquisas futuras. 3.2 Internet das Coisas (IoT) No sentido mais amplo, Internet das Coisas – ou Internet of Things (IoT) em inglês – significa conectar qualquer “coisa” à rede de internet. “Coisas” significa qualquer objeto do dia a dia, incluindo torradeiras, cafeteiras, relógios, televisores, máquinas de lavar, lâmpadas, carros etc. Contudo, as “coisas” não são somente objetos, mas também podem ser pessoas, empresas e ferramentas, por exemplo. A regra é “qualquer coisa que possa ser conectada será conectada” (Wenger 2016). O movimento da Internet das Coisas está totalmente interligado ao crescimento e difusão das redes de internet ultrarrápidas, as bandas largas e fibras óticas, e ao advento e popularização do Big Data. Afinal, a banda larga propicia uma conexão de aparelhos com poucos limites, e o Big Data se beneficia da extração de dados desses produtos conectados. E afinal, quais são as aplicações práticas e os benefícios da IoT? No caso de uma linha de produção, as máquinas serão smart, isto é, conectadas à internet e interconectadas entre si. Isso propicia um monitoramento remoto da 14 produção, otimização de tempo e preservação de recursos. Já para a área das finanças, especialistas da empresa de consultoria Deloitte (2019) estimam que a revolução e os impactos da IoT nas finanças serão tão grandes quanto os da internet. Eles estimam um aumento de 15 trilhões de dólares em valor econômico no setor até o final dessa década. Especificamente para as finanças, a IoT pode influenciar positivamente o desenvolvimento de modelos de risco, melhorando as estimativas em razão do maior volume e qualidade de dados. Além disso, já estão sendo utilizados robôs e algoritmos no mercado de capitais que realizam transações de compra e venda inteligentes, nas quais, a partir de uma série histórica, o computador realiza todo o procedimento de compra ou venda de ações. Um terceiro benefício para o setor financeiro diz respeito às tecnologias wearables, em que empresas de processamento de pagamentos serão um importante intermediário para garantir transações econômicas. Por fim, os serviços ao cliente poderão ser facilitados, possivelmente tornando agências e canais telefônicos obsoletos. A grande questão sobre as tecnologias e o avanço da IoT é a segurança. Com a maior conectividade, e sem grandes mudanças na segurança dos dados, a tendência é que estejamos mais vulneráveis, afinal, haverá um constante crescimento na quantidade de informações sobre nossas atividades e transações, e ataques de hackers podem aumentar em quantidade e periculosidade. Portanto, juntamente ao desenvolvimento da tecnologia, se faz necessária a evolução da segurança da rede. TEMA 4 – AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS O processo de automação é consequência direta da dissipação e desenvolvimento da Internet das Coisas e das grandes bases de dados, Big Data. A automação de processos é uma técnica conhecida da Gestão de Projetos Empresariais (ou BPM – Business Process Management). A técnica consiste em usar a IoT, a conectividade dos objetos e máquinas, com as bases de dados para a melhoria do processo produtivo, monitoramento, redução de custos, melhor alocação de recursos e substituição de mão de obra para o aumento da produtividade. Em suma, a automação de processos busca otimizar tarefas substituindo a mão de obra humana por computadores, máquinas e robôs nutridos por dados e interconectados. 15 A automação de processos já é uma realidade em alguns bancos no setor de atendimento ao cliente. Com a ajuda da inteligência artificial, o serviço é prestado por algoritmos e programas de computadores, ou seja, em vez de ligarmos via telefone para uma central de atendimento, agora somos atendidos via chat, por exemplo, por um sistema inteligente. Os benefícios da automação são: controle de processos, agilidade no atendimento, monitoramento da qualidade das soluções, drásticas reduções de custo, criação de indicadores via dados coletados durante o atendimento, integração de processos, entre outros. Em termos de custo, neste caso, fica evidente como a automação de processos e a substituição do atendimento ao consumidor humano pelo de um sistema tecnológico ocorre. Pense em um banco internacional. Mesmo terceirizando o serviço de atendimento ao cliente, o banco precisa assegurar uma rede de atendimento que cubra a maioria das línguas em que o banco funciona. Isso significa uma enorme estrutura e emprego de pessoas apenas para o atendimento ao cliente. Com a implantação do algoritmo, toda rede de atendimento passa ser substituídaapenas por um algoritmo que é capaz de reconhecer a língua falada pelo cliente e, automaticamente, oferecer a assistência. Além do mais, o banco possui pleno controle da qualidade do serviço prestado pelas máquinas, o que seria impossível de ocorrer com os serviços de call center espalhados pelo mundo. TEMA 5 – A REVOLUÇÃO BLOCKCHAIN Como já discutido, as evoluções de tecnologia da chamada quarta revolução industrial estão alterando profundamente o mundo das finanças. A constante busca por menores custos e maior rentabilidade está forçando empresas financeiras a reverem suas atividades e adotarem novas estratégias. Com o auxílio da Internet das Coisas e do Big Data, o processo de decisão é melhorado, passando a se basear em fatos coletados por meio da ultra conexão. O processo de automação permite constante monitoramento remoto e melhoria de processos e da produtividade. Todavia, a corrida para o melhoramento tecnológico das finanças tem deixado para trás o grande buraco da segurança. Cada vez mais, dados sobre nossas vidas estão disponíveis, tornando-nos vulneráveis a ataques de vírus, hackers, spams, malwares, entre outros. Justamente, em razão de potenciais falhas de segurança das finanças 4.0, a tecnologia blockchain se mostra essencial à revolução tecnológica da indústria. 16 O protocolo de segurança blockchain surgiu em meados da crise econômica de 2008. Enquanto todos estavam preocupados em como salvar a economia americana, Satoshi Nakamoto – cuja verdadeira identidade ainda é um mistério – revolucionou o mercado financeiro com seu artigo sobre bitcoin. No artigo, Nakamoto (2008) explica como seria possível um sistema de pagamentos entre duas pessoas sem intermediação de empresas financeiras, como bancos ou empresas de transações como Paypal. Tapscott e Tapscott (2017) mencionam que a tecnologia blockchain possui pelo menos três grandes qualidades. A primeira é que o sistema é distribuído em vários computadores voluntários, portanto, dificulta a ação de hackers por não haver apenas um alvo de ataque. A segunda qualidade é o público. Não há apenas uma instituição encarregada da tecnologia, como é o caso dos softwares Windows e iOS da Apple, por exemplo. Por fim, o sistema é criptografado, dificultando ainda mais o roubo de dados da rede blockchain. A Figura 2 ilustra a diferença entre rede centralizada, a mais comum atualmente em transações financeiras, e descentralizada, a proposta blockchain. Figura 2 – Rede centralizada versus rede descentralizada A grande questão é que o famoso bitcoin só foi possível em razão da técnica de segurança blockchain. Para assegurar transações sem intermediários extremamente seguras, a técnica funciona como um encadeamento de blocos – como o próprio nome em inglês sugere. Cada bloco possui determinada informação, por exemplo, uma transação. O bloco é enumerado com um número único chamado hash, sua própria identidade. Caso a informação contida no bloco seja alterada, mesmo de forma mínima, o hash vai se alterar, dando características únicas a cada bloco. A interligação entre os blocos acontece, pois 17 cada bloco contém a informação sobre o hash do bloco anterior e todo histórico de transações dos blocos anteriores, formando a cadeia de blocos. O sistema central do blockchain é a rede colaborativa de validação de blocos. Essa rede funciona como um grande sistema que busca prevenir erros e outras alterações na cadeia. Diversos computadores interconectados e localizados ao redor do mundo estão constantemente resolvendo problemas matemáticos complexos na busca de falhas nessa cadeia de blocos. Essa atividade chama-se mineração (mining). Ao encontrar algum erro em um dos blocos, a solução matemática é revelada e posta à prova para outros computadores. Caso o erro seja novamente encontrado por outros pontos da rede, um novo bloco é criado no final do encadeamento, validando os demais blocos da cadeia. Sendo assim, em decorrência desse processo múltiplas vezes, a tendência é que à medida que a cadeia se expanda, as informações contidas nos primeiros blocos tornam-se cada vez mais seguras, afinal, as cadeias estão em constante processo de validação. Por fim, todas as validações e transações são registradas no livro-razão, que fica, também, decentralizado. A Figura 3 ilustra como a cadeia se desenvolveria, crescendo e ficando mais segura ao longo do tempo. Figura 3 – O processo blockchain Na área das finanças, as possibilidades de implantação da tecnologia blockchain são imensas. Além da ideia principal de eliminação de intermediadores de transações econômicas, a tecnologia pode ser utilizada no mercado de capitais, carteiras digitais, comércio online, auditoria e compliance, entre outros. A possibilidade de contratos inteligentes (smart contracts) é uma grande aposta para revolucionar as transações econômicas. O blockchain se encarregaria de facilitar, verificar e impor as cláusulas do contrato acordado entre duas partes sem intermédio de terceiros. Isso reduziria custos e aumentaria a 18 segurança e execução desses contratos. A grande aplicação dos contratos inteligentes seria o setor imobiliário, no qual, atualmente, o processo burocrático é custoso e demorado. Além disso, essa evolução tecnológica afetaria drasticamente os cartórios, forçando-os a rever seus modelos de negócios. Em dezembro de 2018, o banco brasileiro Itaú Unibanco fez uma capacitação de 100 milhões de dólares utilizando o blockchain, o primeiro teste da tecnologia para transações financeiras na América Latina. Segundo as partes envolvidas, o teste foi um sucesso e a tecnologia é bastante promissora, pois facilita a comunicação sem uso de papéis, resultando em um processo mais eficiente e barato (Umpires 2018). Portanto, o blockchain tem grande potencial no setor financeiro por sua segurança e eficiência. Juntamente das tecnologias Big Data, IoT e automação de processos, faz parte das Finanças 4.0, um período de revisão de práticas tradicionais para melhoramentos e avanços na vida humana. Contudo, o processo não é simples e muitas mudanças ainda ocorrerão. Grandes empresas poderão perder partes significativas de mercado e o crescimento das fintechs poderá ter grande papel nessa dinâmica, e o interessante é que essas mudanças estão acontecendo agora! TROCANDO IDEIAS Um dos grandes problemas levantados sobre as novas tecnologias aplicadas às finanças é a questão da segurança e privacidade. Enquanto a Internet das Coisas e o Big Data auxiliam e dinamizam vários processos, sua expansão sem os devidos cuidados pode deixar nossas vidas e relações humanas mais complicadas. Sendo assim, discorra sobre os potencias limites dessas tecnologias quanto à privacidade, apontando argumentos contrários e favoráveis para a sua regulamentação. NA PRÁTICA Como mencionado durante a aula, as diversas tecnologias da quarta revolução industrial prometem alterar significantemente atividades e estratégias no setor financeiro, e algumas já estão sendo implantadas. Pesquise uma empresa do setor financeiro que utilize Big Data, IoT, automação de processos 19 ou blockchain. Quais os motivos da adoção dessa tecnologia? Quais as implicações econômicas para a empresa e o mercado? FINALIZANDO Invenções de novos produtos podem alterar atividades e relações de produção. A primeira revolução industrial mudou significativamente processos de produção e o trabalho, que passou de artesão para assalariado. Já a segunda revolução industrial melhorou ainda mais os meios de transporte, facilitando a integração mundial e aumentando a produtividade com a implantação das linhas de produção. Posteriormente, foi a vez da revolução eletrônica e evolução das telecomunicações, com o advento da internet e da automação, modificando a produção para métodos mais enxutos. Hoje,vivemos a quarta revolução industrial, baseada em novas tecnologias digitais que prometem menores custos e grande crescimento da produtividade. As evoluções tecnológicas também impactam e alteram os negócios do setor financeiro. Desde a adoção do papel-moeda até a implantação dos cartões de créditos, a indústria está em constante mutação na busca de expansão e maiores lucros. Ao mesmo tempo em que as revoluções industriais possibilitaram a criação de serviços como os mercados de capitais e transações internacionais, o setor financeiro contribuiu para expandir os horizontes, como o financiamento dos navios mercantes, e a democratização de novas invenções, como o financiamento da indústria ferroviária no século XIV. Portanto, a evolução tecnológica e o setor financeiro estão em constante interação na busca de inovações de produtos e tecnologias. Atualmente, na era da indústria 4.0, algumas tecnologias estão despontando como as mais prováveis de serem largamente adotadas no futuro. Entre elas, Big Data, Internet das Coisas, automação de processos e blockchain. Big Data consiste em uma grande base de dados distinguida por seu volume, velocidade e variedade. Algumas aplicações são relacionadas ao consumidor, principalmente a percepção, ação e comportamento dos clientes. A Internet das Coisas refere-se a conectar qualquer objeto à internet. Por exemplo, o crescimento de produtos chamados inteligentes, como televisão, cafeteiras, torradeiras, entre outros. Um grande benefício da IoT na questão produtiva é possibilitar o monitoramento remoto da produção para uma otimização de tempo e preservação de recursos. 20 Já a automação de processos está relacionada às duas tecnologias mencionadas acima, Big Data e IoT. Consiste em implantar objetos capazes de serem monitorados e comandados remotamente via algoritmo ou outra tecnologia digital. Além do monitoramento, a automação pode propiciar ao processo produtivo redução de custos, melhor alocação de recursos e substituição de mão de obra para o aumento da produtividade. Contudo, ainda não há unanimidade na aplicação dessas novas tecnologias, muito em razão de preocupações a respeito da privacidade e da segurança. Para resolvê-las, a invenção da tecnologia de segurança blockchain e sua dissipação para várias atividades e setores industriais promete ser uma revolução em termos de segurança. Provinda da criptomoeda bitcoin, o blockchain tem o beneficio de ser baseado em uma rede descentralizada, tornando o sistema muito mais confiável e menos propenso a ataques de hackers, por exemplo. Ainda precisa-se avaliar como essas novas tecnologias serão adaptadas ao setor financeiro e se, talvez, elas irão revolucionar processos, atividades e serviços financeiros. 21 REFERÊNCIAS EESC – European Economic and Social Committee. The ethics of Big Data: balancing economic benefits and ethical questions of Big Data in the EU policy context. Disponível em: <https://www.eesc.europa.eu/en/our- work/publications-other-work/publications/ethics-big-data>. Acesso em: 6 maio 2019. GLOBAL banking outlook 2018. EY, 2018. 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