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Autora: Profa. Tais Masotti Lorenzetti Fortes Colaboradoras: Profa. Renata Guzzo Souza Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano Enfermagem Integrada Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Professora conteudista: Tais Masotti Lorenzetti Fortes Doutora em Patologia Clínica (2015), estudou o processo de envelhecimento da pele e propôs métodos de prevenção de lesões pertinentes à ação de alterações cutâneas. Com a prática repetida na atenção de idosos, realizou mestrado em Gerontologia Social (2001). As mudanças pedagógicas ocasionaram o estudo de metodologias participativas e levaram em consideração sua vivência anterior, motivo pelo qual fez outra especialização, agora em Métodos de Aprendizagem Participativa. Por acreditar na responsabilidade de a Enfermagem apresentar as possibilidades terapêuticas e estimular o paciente na participação de seu tratamento, cursou pós‑graduação em Marketing (1990). Formou‑se em Enfermagem (1986), trabalhou como enfermeira em unidade de clínica médica, em clínica de doenças infectocontagiosas e no controle de infecções hospitalares enquanto terminava a especialização em Enfermagem médico‑cirúrgica. Iniciou a carreira docente em 1994, ministrando disciplinas de saúde do adulto e doenças transmissíveis. A elaboração deste material de estudo reúne conhecimento, por vezes, pouco trabalhados ao longo da graduação, mas cada vez mais presente na prática profissional, como cuidados paliativos, segurança do paciente e inclusão. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) F738e Fortes, Tais Masotti Lorenzetti. Enfermagem Integrada / Taís Masotti Lorenzetti Fortes. – São Paulo: Editora Sol, 2019. 104 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2.018/19, ISSN 1517‑9230. 1. Perfil integrado e epidemiológico. 2. Assistência primária à saúde. 3. Política nacional de humanização. I. Título. CDU 616‑083 W501.73 – 19 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Kleber Nascimento Vitor Andrade Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Sumário Enfermagem Integrada APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: AVANÇOS, DESAFIOS E IMPASSES .....................................................9 2 ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: PERFIL DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO/GRÁFICOS E INDICADORES ..................................... 12 3 FATORES RELEVANTES NA MUDANÇA DO PERFIL DE DINÂMICA DEMOGRÁFICA ................ 18 3.1 Urbanização ............................................................................................................................................ 18 3.2 Proporção de menores de 5 anos de idade na população .................................................. 19 3.3 Proporção de idosos na população, por ano, segundo região e sexo ............................. 20 3.4 Razão de dependência ....................................................................................................................... 23 3.5 Taxa de fecundidade ........................................................................................................................... 25 3.6 Natalidade ............................................................................................................................................... 26 3.7 Mortalidade proporcional por idade ............................................................................................ 28 3.8 Expectativa de vida ao nascer ......................................................................................................... 33 4 INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS E PLANEJAMENTO EM SAÚDE. MANUSEIO DE BANCOS DE DADOS SECUNDÁRIOS (DATASUS, SINAN, SINASC, SIM, SI‑PNI, ENTRE OUTROS) ................................................................................................................................................... 35 Unidade II 5 ASSISTÊNCIA PRIMÁRIA À SAÚDE ........................................................................................................... 42 5.1 Sistematização da Assistência de Enfermagem na Atenção Básica, modelos propostos, acolhimento .......................................................................................................... 42 6 MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL – SAÚDE DA FAMÍLIA: CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE ATENÇÃO À SAÚDE E A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO ................................................................................................................................................. 45 6.1 Atenção Primária à Saúde e a Estratégia Saúde da Família: o território no contexto da saúde/visita domiciliária ................................................................... 50 7 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO .............................................................................................. 53 7.1 Acolhimento ........................................................................................................................................... 56 7.1.1 Gestão participativa e cogestão ....................................................................................................... 56 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 7.1.2 Ambiência .................................................................................................................................................. 56 7.1.3 Clínica ampliada e compartilhada ................................................................................................... 56 7.1.4 Valorização do trabalhador ................................................................................................................. 57 7.1.5 Defesa dos direitos dos usuários ...................................................................................................... 57 7.1.6 Formação e intervenção....................................................................................................................... 57 7.2 Programas de saúde na atenção básica ...................................................................................... 58 7.2.1 Hipertensão e diabetes ......................................................................................................................... 62 7.3 Programa Nacional de Controle da Tuberculose ..................................................................... 647.4 Políticas de combate à dengue, zika, chikungunya e febre amarela ............................... 68 7.4.1 Portarias ...................................................................................................................................................... 74 7.4.2 Notas técnicas .......................................................................................................................................... 75 7.5 Políticas Públicas de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT) ........................ 75 8 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE FERIDAS ............................................................................................. 76 7 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 APRESENTAÇÃO A proposta da disciplina Enfermagem Integrada refere‑se à sua denominação: integrar conteúdo. Reforça conteúdos abordados com a perspectiva de aprofundar e relacionar as demais disciplinas discutidas até então. O foco está em Saúde Coletiva e Políticas de Saúde presentes em todos os cuidados de saúde e referentes aos programas que se baseiam em dados epidemiológicos. Em um processo similar ao de estabelecer as políticas de saúde, iniciaremos com as avaliações epidemiológicas e suas leituras e, posteriormente, observaremos programas de saúde propostos para doenças crônicas não transmissíveis, cuidados com patologias epidêmicas como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Abordaremos o problema da tuberculose, ainda tão presente entre nós e que causa danos físicos e emocionais, saúde de trabalhadores e, por fim, discutiremos princípios relacionados aos cuidados de feridas. INTRODUÇÃO O processo de formação profissional oferece informações ao longo do curso que muitas vezes não entendemos ou valorizamos por falta de outros conhecimentos ou maturidade. Rever alguns destes conteúdos em outros momentos ou com outra apresentação deve ter um significado diferente. A disciplina Enfermagem Integrada propõe o exercício de revisitar alguns conteúdos da Atenção Básica. Com as experiências somadas é possível articular informações com maior profundidade e situações atuais: casos de políticas de saúde específicas para grupos com características comuns como homens, mulheres, crianças, trabalhadores, portadores de doenças crônicas e outras. Primeiramente, apresentaremos o resgate histórico do SUS e seus objetivos desde a criação, relataremos a avaliação dos resultados e a implantação do programa ao fim de 25 anos de história. Demonstraremos também a proposta de interpretação de dados e informações, o uso de indicadores para estabelecer prioridades de programas de saúde ou interpretar as mudanças sociais, prevenindo agravos. Na sequência, direcionaremos estas informações para programas de saúde de grande relevância e estratégias utilizadas para cumprir metas como: acolhimento, gestão participativa e valorização do trabalhador. Exibiremos os programas de diagnóstico e acompanhamento de hipertensão, diabetes e tuberculose. Descreveremos as políticas de combate à dengue, zika, chikungunya e febre amarela, bem como programas de educação e implantação de avaliação de feridas agudas ou crônicas, critérios de avaliação para propor a melhor cobertura e acompanhar os resultados. Por fim, este material oferecerá a oportunidade de associar conhecimentos adquiridos durante o processo formativo profissional e lançar outro olhar às políticas de saúde. 9 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA Unidade I 1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: AVANÇOS, DESAFIOS E IMPASSES No fim da década de 1970, com a crise mundial dos sistemas de saúde consequentes da incompatibilidade entre os custos crescentes e a ineficiência, por baixo impacto, sobre a saúde das populações, a Organização Mundial de Saúde incentivou a construção de um pacto internacional em torno da indicação da “Saúde para Todos no ano 2000” na Assembleia Mundial de Saúde, em 1977, e a Declaração de Alma‑Ata, em 1978, na qual a Atenção Primária à Saúde, APS, foi colocada como a chave para o alcance dessa meta. Na Declaração, apresentou‑se um conceito abrangente de saúde com o reconhecimento do papel dos determinantes sociais na produção da saúde‑doença e a afirmação da saúde como direito humano fundamental, com o comprometimento de outros setores econômicos e sociais, além do setor saúde (AQUINO et al., 2014; MEDICI, 2011). Temos no Brasil um Sistema Único de Saúde (SUS), desde a Constituição de 1988, cujos princípios são universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde (ESCOREL, 2008). Sendo a universalidade a determinação de que este sistema precisa ser acessível a toda a população, uma vez que entre outras características ele é financiado a partir dos impostos pagos, direta e indiretamente, por todos. Deve ter o direito garantido (como é o caso) e possuir o acesso disponível. A equidade tem a ver não com tratar igualmente toda a população, mas sim com lidar desigualmente com os desiguais. Nesta afirmação, apresentamos a necessidade de cuidar das pessoas de maneira individualizada, respeitando suas características e peculiaridades. É diferente vir de uma família com antecedentes de câncer, com alta concentração de diabéticos, hipertensos ou portadores de problemas cardíacos. Além dos genes, condições socioeconômicas influenciam na manifestação e incidência de doenças e comportamento social. Integralidade de atenção propõe um modelo que desenvolva desde ações de promoção à saúde até a continuidade de cuidados quando os pacientes podem ter alta de hospitais, independentemente de o usuário ir para casa ou outro tipo de local para dar sequência à assistência. Entre essas duas situações, ainda há o acesso a vacinas, saneamento básico, alimentação saudável e oportunidades de detecção precoce de doenças sempre que possível, bem como disponibilidade de serviços de emergência para ocorrências agudas. Lembrete Os princípios do SUS de universalidade, equidade e integralidade da Atenção à Saúde são os alicerces do programa e devem sempre ser recordados. 10 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I Para implantação integral do SUS, é necessário ter pessoal capacitado em número suficiente, recursos para a produção das ações de saúde e financiamento que permita realizar as ações de controle dessas ações, regulação para orientar os fluxos de cidadãos saudáveis e de pacientes em relação ao consumo de bens e serviços de saúde (PAIM, 2008). Para conseguir atender toda a população e suas demandas de saúde, sejam preventivas, de promoção ou curativas, são realizados convênios e contratos com a iniciativa privada. No entanto, há situações diferentes. Algumas iniciativas são oferecidas pelos serviços públicos integralmente, porém o serviço privado também oferta e tem sua demanda, como o caso das clínicas de imunização ofertando as mesmas vacinas que o serviço público. Por outro lado, não há leitos públicos em número suficiente; portanto, convênios com hospitais privados, com ou sem finalidade lucrativa, são firmados para dar resposta a elas (MALIK, 1995). Pouco mais de uma década após a criação da Constituição Federal, o sanitarista Sergio Arouca já lembrava que era preciso retomar os princípios básicos da reforma sanitária, que não se resumiam à criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Propõe discutir a saúde não como política do Ministério da Saúde, mas como um dever permanente do Estado e direito do cidadão. Para tanto, identificar conquistas e desafios do sistema de saúde brasileiro é uma tarefa contínua (LINS; GUIMARÃES, 2016). Em 2000, a ONU convocou todas as nações do mundo para uma reunião de Cúpula do Milênio, na qual se estabeleceram os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), propostas de ações concretas em direção à universalização de cobertura, tomando como base o ano de 1990 e prazo até o anode 2015: redução da mortalidade infantil (a dois terços do valor de 1990), redução da mortalidade materna (a três quartos do valor de 1990), combate a doenças transmissíveis como o HIV/aids, malária e outras e acesso da população a medicamentos essenciais. O informe final dos ODM de saúde feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revelou importante progresso na saúde até 2015, mas em geral as metas não foram plenamente atingidas. A mortalidade infantil (menores de 5 anos), ao nível mundial, se reduziu a menos da metade, mas não em dois terços, e a mortalidade materna se reduziu em média a 45%, e não em três quartos (MEDICI, 2011). A Fundação Oswaldo Cruz (2013) fez uma avaliação do SUS em decorrência das comemorações dos 25 anos de implantação, em 2013, quando profissionais da saúde produziram balanços em diversas áreas de atuação no campo da saúde coletiva. Entre as conquistas destacadas estão: o controle e a eliminação de doenças por meio da vacinação, socorro para 110 milhões de pessoas na rede pública, assistência farmacêutica, financiamento de transplantes e uma vigilância sanitária atuante. Os desafios são mais visíveis no dia a dia do SUS, como a força de trabalho, a gestão do sistema e a administração, apontadas por especialistas e autoridades como pontos a serem melhorados. Com relação à Atenção Básica, os desafios persistem na necessidade de priorização política do investimento, viabilizando os instrumentos de gestão, a ampliação da estratégia Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários. Entre 25 e 27 de setembro de 2015, uma nova assembleia da ONU, com a presença de mais de 150 nações, lançou o compromisso mundial com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 11 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA um conjunto de 17 propósitos com várias metas a ser alcançado até o ano 2030, dentre os quais o terceiro é dedicado ao tema da saúde. Eles começaram a ser implementados em janeiro de 2016 e a distância que separa a aspiração e a garantia do direito ainda é grande. O Objetivo 3 é Saúde e Bem‑Estar: Assegurar uma vida saudável e promover o bem‑estar para todos, em todas as idades e tem como metas as descritas a seguir. Quadro 1 – Metas do Objetivo 3 de Desenvolvimento Sustentável 3.1 Até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos 3.2 Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém‑nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos até 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos até 25 por 1.000 nascidos vivos 3.3 Até 2030, acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis 3.4 Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis por meio de prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem‑estar 3.5 Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool 3.6 Até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes em estradas 3.7 Até 2030, assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais 3.8 Atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos 3.9 Até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos e por contaminação e poluição do ar, da água e do solo 3.a Fortalecer a implementação da Convenção‑Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial de Saúde em todos os países, conforme apropriado 3.b Apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas e medicamentos para as doenças transmissíveis e não transmissíveis, que afetam principalmente os países em desenvolvimento, proporcionar o acesso a medicamentos e vacinas essenciais a preços acessíveis, de acordo com a Declaração de Doha sobre o Acordo Trips e Saúde Pública, que afirma o direito dos países em desenvolvimento de utilizarem plenamente as disposições do Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (Trips, na sigla em inglês) sobre flexibilidades para proteger a saúde pública e, em particular, proporcionar o acesso a medicamentos para todos 3.c Aumentar substancialmente o financiamento da saúde e o recrutamento, desenvolvimento, treinamento e retenção do pessoal de saúde nos países em desenvolvimento, especialmente nos países de menor desenvolvimento relativo e nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento 3.d Reforçar a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais à saúde Fonte: Plataforma Agenda 2030 ([s.d.]). Gadelha e Braga (2016) defendem que a sustentabilidade do SUS passa pela vinculação da inovação, ciência e tecnologia aos programas de promoção, prevenção e assistência do sistema de saúde. Segundo eles, uma atenção primária resolutiva trabalha com um padrão mínimo de tecnologia, que agrega valor à atenção, por exemplo, a incorporação de um reagente para diagnóstico na Atenção Básica, que distingue o vírus da zika, da dengue e da chikungunya”. 12 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I Nos países desenvolvidos, que já alcançaram a cobertura universal de saúde, se destaca que sua construção foi um processo incremental, com alcance, com a sustentabilidade da economia, procurando ampliar os benefícios junto com os fatores que favoreceram a estabilidade e o crescimento (MEDICI, 2011). Pelo lado da gestão, a maioria dos sistemas de cobertura universal dos países de renda mais elevada se orientam recentemente pela remuneração dos serviços de saúde associada ao alcance de resultados. Baseados em valor (value based healthcare), buscam três objetivos: (i) melhorar a saúde populacional (incluindo neste caso a promoção, a prevenção e o diagnóstico precoce); (ii) melhorar a sustentabilidade do cuidado (de forma a obter o melhor resultado pelo menor preço) e; (iii) melhorar a qualidade da atenção e a satisfação do paciente (MEDICI, 2011). Pelo lado da política, a construção dos sistemas de saúde universal deve respeitar a cultura e a economia política de cada país, buscando envolver todos em sua construção de forma consensual, colocando a satisfação da população e dos pacientes em primeiro lugar. Para tal, deve promover a solidariedade e a coesão social na sua implementação (MEDICI, 2011). Vale perguntar se a cobertura universal de saúde será sempre uma aspiração ou um direito para a maioria da população mundial. Novas descobertas científicas, inovações em tratamentos e medicamentos acontecem a cada momento e o acesso a elas com a cobertura universal à saúde, no seu sentido integral, é sempre um alvo móvel. A definição do que dever ser pactuado como cobertura (ou o conjunto de serviços a serem cobertos e negociados entre o governo e a população) passa a ser um dos principais fatores que garantiria que a cobertura universal de saúde possa ser sustentável e não seja uma aspiração inalcançável (MEDICI, 2011). Saiba mais Para saber mais sobre as políticas públicas de saúde, acesse o site do Ministério da Saúde: OBSERVATÓRIO DE ANÁLISE POLÍTICA EM SAÚDE. Balanço de 2017 e perspectivas para 2018 na saúde pública e no SUS. Salvador: Oaps, 2018. Disponível em: <http://analisepoliticaemsaude.org/oaps/noticias/786c83a61325250adfe42d8530d65ef0/3/>. Acesso em: 8 out. 2018. 2 ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA: PERFIL DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO/GRÁFICOS E INDICADORES O alcance das metas apresentadas pela ONU em 2015 somente será possível através da conquista dos objetivos propostos, bem como do estabelecimento de políticas públicas que visem à geração de emprego, distribuição de renda, moradia digna e ambiente com baixo adensamento domiciliar. Implicará, sobretudo, na participação coletiva, pois “não há democracia efetiva onde existe excessiva desigualdade material entre os cidadãos. E essa desigualdade material, econômica, impede inclusive que haja uma democracia política efetiva” (COUTINHO, 2002). 13 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA Para a construção de uma sociedade democrática, é imperativo o enfrentamento de seus principais problemas de saúde, relacionados e contextualizados com um conjunto de indicadores, permitindo uma compreensão das diferenças regionais, urbano‑rurais, intraurbanas, econômicas, sociais e culturais que expressam diferenças nos modos de se ter saúde, adoecer e receber o cuidado. Indicam o peso de alguns determinantes na manutenção e aprofundamento das diferenças em saúde, bem como os imensos desafios postos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e à sociedade como um todo (BATISTELLA, 2007). Demografia (dêmos = população, graphein = estudo) refere‑se ao estudo das populações humanas e sua evolução temporal. Os estudos demográficos possibilitam a avaliação e planejamento nas mais diferentes esferas, como sociais, de saúde, lazer, saneamento. Em um estudo demográfico, as principais variáveis a ser consideradas são: o tamanho da população; sua distribuição por sexo, idade, estado conjugal; natalidade, fecundidade, mortalidade e migrações (BRASIL, 2015d). Para ter uma visão da condição social e de saúde da população brasileira, há informações disponíveis nos vários sistemas de informação coordenados pelo Ministério da Saúde, em especial: o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e o Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação (Sinan). Existem também outras fontes de dados, como o inquérito epidemiológico sobre o perfil de atendimento das violências em unidades de urgências e emergências do Brasil, os dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), as informações demográficas provenientes dos censos populacionais e as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnad e PNS) do IBGE (BRASIL, 2015a). Observação Os sistemas de informação devem estar vinculados aos programas de saúde, assim captam, processam e devolvem os dados para subsidiar mudanças e novas práticas. Segundo a Organização Pan‑Americana de Saúde (Opas), a Análise de Situação de Saúde (Asis) é um processo analítico‑sintético que permite caracterizar, medir e explicar o perfil de saúde‑doença de uma população, incluindo os danos ou problemas de saúde, assim como seus determinantes, que facilitam a identificação de necessidades e prioridades em saúde, a identificação de intervenções e de programas apropriados e a avaliação de seu impacto (BRASIL, 2015d). Conhecer o número total de pessoas residentes e a sua estrutura relativa permite dimensionar a população‑alvo de ações e serviços; contribui para o planejamento, a gestão e a avaliação de políticas públicas relacionadas à saúde, à educação, ao trabalho, à previdência e à assistência social para os diversos segmentos de idade. A população brasileira, segundo o Censo Demográfico 2010, atingiu o total de 190.755.799 habitantes na data de referência (SOUZA, 2015). 14 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I Na avaliação de dados epidemiológicos, propõem‑se uma sequência de avaliações que possibilitam verificar o objetivo do levantamento das informações, objetivo ou aplicação das informações e possíveis falhas, fonte coletora, método de coleta de dados e possíveis interpretações de dados. Um exemplo de interpretação é de que as projeções indicam que, em 2040, a taxa de crescimento cairá para – 0,291%, o que representa uma população de 215,3 milhões de habitantes. O País apresentará um potencial de crescimento populacional até 2030, quando se acredita que a população atinja o chamado “crescimento zero”. Neste momento serão registradas taxas de crescimento negativas, que correspondem à queda no número da população e consequências na renovação populacional (BRASIL, 2015d). A seguir podemos conhecer a distribuição total da população brasileira por região, no período de 1990 a 2012. Em seguida, apresentamos os dados a serem observados. Tabela 1 – População brasileira total e sua distribuição proporcional, por ano, segundo região Região 1990 1998 2002 2010 2012 Absoluto % Absoluto % Absoluto % Absoluto % Absoluto % Brasil 144.090.756 100,0 161.790.182 100,0 174.632.960 100,0 190.755.799 100,0 193.976.530 100,0 Norte 9.695.245 6,7 11.868.731 7,3 13.504.599 7,7 15.864.454 8,3 16.347.807 8,4 Nordeste 41.742.159 29,0 45.811.262 28,3 48.845.112 28,0 53.081.950 27,8 53.907.144 27,8 Sudeste 61.658.587 42,8 68.961.230 42,6 74.447.456 42,6 80.364.410 42,1 81.565.983 42,0 Sul 21.824.851 15,1 24.154.142 14,9 25.734.253 14,7 27.386.891 14,4 27.731.644 14,3 Centro‑Oeste 9.169.914 6,4 10.994.817 6,8 12.101.540 6,9 14.058.094 7,4 14.423.952 7,4 Adaptada de: IBGE (2011). O que podemos analisar na tabela referente à população total: A conceituação refere‑se ao número total de pessoas residentes e sua estrutura relativa, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Há margem para interpretação da magnitude do contingente demográfico e de sua distribuição relativa. Pode ser aplicado para cálculo de taxas de base populacional; dimensionar a população‑alvo de ações e serviços; analisar variações geográficas e temporais na distribuição de idades; contribuir para o planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas relacionadas à saúde, educação, trabalho, previdência e assistência social, para os diversos segmentos de idade; orientar a alocação de recursos públicos, como, por exemplo, no financiamento de serviços em base per capita; por fim, subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas de alcance social. Como limitações pode apresentar eventuais falhas de cobertura na coleta direta de dados demográficos. As estimativas para um determinado ano estão sujeitas a correções decorrentes de novas informações demográficas. A fonte dos dados é o IBGE, através do Censo Demográfico, previsto para ser realizado a cada 10 anos. Os três últimos foram executados em 1991, 2000 e 2010. Seus dados incluem: estimativas anuais 15 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA e mensais da população do Brasil e das Unidades da Federação: 1980‑2020, bem como estimativas a partir de pesquisas amostrais (PNAD). Foi utilizado o método de cálculo direto da base de dados, expressando‑se os resultados em números absolutos e relativos. A distribuição proporcional da população por regiões não se altera substantivamente no período analisado. As regiões Sul e Sudeste contam com mais da metade da população (56,3% em 2012) e a Nordeste, com pouco mais de um quarto (27,8% no mesmo ano). As regiões Norte e Centro‑Oeste – áreas de expansão de fronteira econômica – aumentaram levemente a sua participação (de 13,2%, em 1991, para 15,8%, em 2012). A seguir consta outra proposta de representação de dados, agora com menos informações e apresentando também as possibilidades de representações gráficas, que permitem o acesso visual aos resultados mais rápidos. Tabela 2 – Taxa de crescimento da população, por período,segundo região Região 1991-2000 2000-2010 2010-2011 Brasil 1,64 1,17 0,84 Norte 2,86 2,09 1,51 Nordeste 1,31 1,07 0,77 Sudeste 1,62 1,05 0,74 Sul 1,43 0,87 0,63 Centro‑Oeste 2,39 1,91 1,29 Adaptada de: IBGE (2011). A análise da tabela anterior avalia o percentual de incremento médio anual da população residente em determinado espaço geográfico, no período considerado. O valor da taxa refere‑se à média anual obtida para um período de anos compreendido entre dois momentos, em geral correspondentes aos censos demográficos. Indica o ritmo de crescimento populacional. A taxa é influenciada pela dinâmica da natalidade, da mortalidade e das migrações, sendo empregada na observação de variações geográficas e temporais do crescimento populacional e na realização de estimativas e projeções populacionais para períodos curtos. Podem ocorrer imprecisões da base de dados utilizada para o cálculo do indicador em relação à coleta de dados demográficos ou à metodologia empregada para elaborar estimativas e projeções populacionais. O IBGE tem a previsão de efetuar Censo Demográfico a cada dez anos, sendo que os três últimos deles foram realizados em 1991, 2000 e 2010. O cálculo usa o método geométrico. Em termos técnicos, para obter a taxa de crescimento (r), subtrai‑se 1 da raiz enésima do quociente entre a população final (Pt) e a população no começo do período considerado (P0), multiplicando‑se o resultado por 100, sendo “n” igual ao número de anos no período. n Pt r 1 x100 P0 = − 16 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I Entre os períodos de 1980/1991 e 1991/2000, houve declínio expressivo das taxas anuais de crescimento populacional, determinado principalmente pela redução da fecundidade. Na região Sul, a taxa de crescimento foi maior, possivelmente pela diminuição da emigração ou pelo retorno dos migrantes para as áreas de expansão da fronteira agrícola, ocorrida em maior número na década de 1970. As regiões Norte e Centro‑Oeste apresentam os valores mais elevados nos três períodos, refletindo atividades de expansão econômica, atrativas de influxos migratórios. Observação Estes dados determinam políticas de cuidados específicos com a população, como as campanhas de vacinação para idosos ou crianças, de acordo com as características da região. Constam a seguir as mesmas informações apresentadas em gráfico de colunas: 3,5 2,5 1,5 0,5 1991‑2000 2000‑2010 2010‑2011 3 2 1 0 Re giã o C en tro ‑O est e Re giã o S ul Re giã o S ud est e Re giã o N ord est e Re giã o N ort e Bra sil Figura 1 – Taxa de crescimento da população brasileira, por período, segundo região Saiba mais Para avaliar as formas de representação gráfica e de sinais, leia o artigo: SMYTHE, K. C. A. S.; PRADO, G. C.; SMYTHE JR., N. L. Análise de formas de representação gráfica dos requisitos projetuais utilizadas no processo de design de produtos assistivos. Infodesign, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 72‑92, 2016. Disponível em: <https://infodesign.org.br/infodesign/ article/view/416/279>. Acesso em: 21 set. 2018. 17 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA Ao serem representados em gráfico de linhas os dados são os seguintes: 3,5 2,5 1,5 0,5 1991‑2000 2000‑2010 2010‑2011 3 2 1 0 Região Centro‑Oeste Região Sul Região Sudeste Região Nordeste Região Norte Figura 2 – Taxa de crescimento da população brasileira, por período, segundo região Veremos agora o estilo gráfico de barras: 1991‑2000 2000‑2010 2010‑2011 0 1 2 3 4 Região Centro‑Oeste Região Sul Região Sudeste Região Nordeste Região Norte Brasil Figura 3 – Taxa de crescimento da população brasileira, por período, segundo região Quando a opção de representação for em gráfico em pizza, as informações podem ser apresentadas separadamente, como a seguir: 1991‑2000 2000‑2010 2010‑2011 A) B) C) Região Centro‑Oeste Região Sul Região Sudeste Região Nordeste Região Norte Figura 4 – Taxa de crescimento da população brasileira, por período, segundo região 18 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I As informações idênticas oferecidas na figura foram apresentadas por representações gráficas diferentes, possibilitando a escolha da melhor maneira de visualizar os resultados e facilitar a sua interpretação. 3 FATORES RELEVANTES NA MUDANÇA DO PERFIL DE DINÂMICA DEMOGRÁFICA Estamos observando um aumento expressivo na expectativa de vida dos brasileiros nas últimas décadas, de 43,3 anos em 1950 para 70,4 anos em 2000. O envelhecimento da população é resultado do declínio na fecundidade, e não só na mortalidade. O rápido e generalizado declínio da fecundidade observado no fim da década de 1960 – a taxa de fecundidade total passou de 6,1 filhos por mulher nos anos 1930; para 5,8, nos anos 1970 e para 2,3 filhos por mulher em 2000 – leva o País a um nível de fecundidade próximo ao de reposição (número de nascimentos constante e igual ao número de óbitos, gerando crescimento nulo) (CARVALHO; GARCIA, 2003). Outras tendências na dinâmica populacional precisam ser refletidas como o aumento significativo da gravidez na adolescência: 1 em cada 5 partos ocorre entre adolescentes – menores de 20 anos. Por outro lado, a violência e os acidentes de trânsito produzem uma sobremortalidade masculina na adolescência e hoje, aos 60 anos, mulheres são 58% e homens 42% da população (BRASIL, 2015f). 3.1 Urbanização O avanço da industrialização acentuou o processo de urbanização e de desenvolvimento das metrópoles brasileiras até os anos 1980. Nas últimas décadas as taxas de crescimento das sedes metropolitanas e regionais vêm diminuindo, ao passo que se observa um crescimento mais elevado de suas áreas de entorno. Houve significativo crescimento populacional de cidades não metropolitanas em todas as regiões brasileiras, sendo que aquelas pequenas e de porte intermediário apresentaram maior crescimento. Nas capitais, porém, o processo de periferização tem‑se intensificado (PATARRA, 2000). Tabela 3 – Grau de urbanização, por ano, segundo região Brasil, 1991-2012 Região 1991 1996 2001 2006 2011 2012 Brasil 75,59 79,35 81,61 83,19 84,63 84,78 Região Norte 59,05 66,49 70,35 72,21 73,98 74,29 Região Nordeste 60,65 66,19 69,53 71,64 73,58 73,87 Região Sudeste 88,02 89,68 90,83 92,03 93,05 93,02 Região Sul 74,12 78,62 81,45 83,48 85,33 85,64 Região Centro‑Oeste 81,28 84,98 86,99 88,04 89,01 89,17 Adaptada de: IBGE (2011). A tabela anterior propõe a verificação do percentual da população residente em áreas urbanas, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Ela indica a proporção da população total que 19 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA reside em áreas urbanas, segundo a divisão político‑administrativa estabelecida pelas administrações municipais. Pode ser utilizada para acompanhar o processo de urbanização da população brasileira, em diferentes espaços geográficos. É necessário planejar a gestão e avaliação de políticas públicas para adequação e funcionamento da rede de serviços sociais e da infraestrutura urbana. O método de cálculo se baseia na fórmula: população urbana residente x100 população total residente A concentração urbana é mais acentuada nas regiões Sudeste, Centro‑Oeste e Sul. Nas regiões Norte e Nordeste há menor concentração urbana. A urbanização tem crescido em todas as regiões nos períodos considerados, sendo um pouco mais aceleradamente nas regiões Norte e Nordeste. 3.2 Proporção de menores de 5 anos de idade na população O progressivo declínio da proporção de menores de 5 anos de idade, em todas as regiões do País, reflete a redução dos níveis de fecundidade. Nas regiões Sudeste e Sul, esse fenômenoé mais evidente, uma vez que entraram há mais tempo no processo de transição demográfica (SOUZA, 2015). As causas mais comuns de óbito neonatal são as afecções originadas no período perinatal e as malformações congênitas, enquanto nos óbitos pós‑neonatais as principais causas são as doenças infecciosas e parasitárias e também as doenças do aparelho respiratório (BRASIL, 2006d). A taxa de mortalidade infantil se eleva quando considerados alguns determinantes e condicionantes, como a situação rural do domicílio, a diminuição da renda familiar e a diminuição da escolaridade da mãe. Condições socioeconômicas, tais como renda e escolaridade, ajudam a explicar essa diferença. Nos últimos anos, o declínio da mortalidade infantil ainda foi favorecido pela expansão do ESF, que vem acumulando resultados positivos na prevalência de aleitamento materno e na redução da desnutrição infantil. Tabela 4 – Proporção (%) de menores de 5 anos de idade na população, por ano, segundo região Brasil, 1991, 1996-2012 Região 1991 2000 2005 2010 2012 Brasil 11,3 9,6 8,9 7,2 7,2 Região Norte 14,3 12,7 12,1 9,8 9,8 Região Nordeste 12,8 10,6 9,5 8,0 8,0 Região Sudeste 10,0 8,7 8,1 6,5 6,5 Região Sul 10,5 8,8 8,0 6,4 6,4 Região Centro‑Oeste 11,5 9,8 9,1 7,6 7,6 Adaptada de: IBGE (2011). 20 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I ‑ 4,0 8,0 12,0 16,0 2,0 6,0 10,0 14,0 1991 2000 2005 2010 2012 Região Centro‑Oeste Região Sul Região Sudeste Região Nordeste Região Norte Figura 5 – Proporção (%) de menores de 5 anos de idade na população, por ano, segundo região Indica o percentual de pessoas com menos de 5 anos de idade, na população total residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado, a participação relativa do segmento populacional de menores de 5 anos de idade no total da população. Está associado aos níveis de fecundidade e natalidade, que repercutem na estrutura etária da população. Como regiões com reduzidas taxas de fecundidade apresentam menor proporção de crianças abaixo de 5 anos de idade, pode ser utilizado para analisar variações geográficas e temporais na distribuição de crianças menores de 5 anos de idade. Contribui para o planejamento, a gestão e avaliação de políticas públicas relacionadas à saúde, educação e assistência social de crianças em idade pré‑escolar. Analisando os dados, ter a redução da população menor de 5 anos de idade em todo o território nacional reforça a diminuição da natalidade. Este dado sozinho representa a diminuição da população infante, mas não identifica os motivos. Pode ser analisado juntamente com a quantidade de nascidos vivos e mortalidade infantil. 3.3 Proporção de idosos na população, por ano, segundo região e sexo A proporção de pessoas com mais de 60 anos de idade na população geral vem apresentando tendência ascendente, somada à redução dos níveis de fecundidade e ao aumento da esperança de vida ao nascer. As maiores proporções são encontradas nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. Em todos os locais, a proporção de mulheres idosas é maior que a de homens idosos, seguindo uma tendência mundial. 21 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA Tabela 5 – Proporção de idosos na população, por ano, segundo região e sexo Brasil, 1991, 1996-2012 Região 1991 2000 2005 2010 2012 Brasil Homens 6,8 7,8 8,3 9,8 9,8 Mulheres 7,8 9,3 10,0 11,7 11,7 Ambos os sexos 7,3 8,6 9,2 10,8 10,8 Região Norte Homens 4,6 5,4 5,8 6,7 6,7 Mulheres 4,6 5,5 5,9 6,9 6,9 Ambos os sexos 4,6 5,5 5,8 6,8 6,8 Região Nordeste Homens 7,0 7,8 8,2 9,4 9,4 Mulheres 7,5 9,0 9,8 11,1 11,1 Ambos os sexos 7,3 8,4 9,0 10,3 10,3 Região Sudeste Homens 7,2 8,3 8,8 10,6 10,6 Mulheres 8,7 10,3 11,0 13,1 13,1 Ambos os sexos 7,9 9,3 10,0 11,9 11,8 Região Sul Homens 7,1 8,3 8,9 10,9 10,9 Mulheres 8,3 10,0 10,9 13,1 13,1 Ambos os sexos 7,7 9,2 9,9 12,0 12,0 Região Centro‑Oeste Homens 5,2 6,6 7,2 8,5 8,5 Mulheres 5,1 6,7 7,4 9,1 9,1 Ambos os sexos 5,2 6,6 7,3 8,8 8,8 Adaptada de: IBGE (2011). ‑ 5,0 10,0 15,0 2012 2010 2005 2000 1991 Região Centro‑Oeste Região Sul Região Sudeste Região Nordeste Região Norte Figura 6 – Proporção de idosos na população, por ano, segundo região e sexo 22 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I Apresenta o percentual de pessoas com 60 e mais anos de idade, na população total residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Aceitando a definição de idoso como pessoa maior de 60 anos de idade estabelecida na legislação brasileira. Indica a participação relativa de idosos na população geral. Reflete o ritmo de envelhecimento da população. O crescimento da população de idosos está associado à redução das taxas de fecundidade e de natalidade e ao aumento da esperança de vida. Pode ser utilizada para analisar variações geográficas e temporais na distribuição de idosos, contribuindo para o planejamento, a gestão e avaliação de políticas públicas relacionadas à saúde, previdência e assistência social de idosos. O método de cálculo é: Número de pessoas residentes de 60 e mais anos de idade x100 População total residente, excluída a de idade ignorada* *A exclusão de pessoas de idade ignorada resulta em que o indicador se refira ao total da população com idade conhecida. Reflete o aumento da população idosa, é uma realidade em todas as regiões do país, independendo do sexo. Pode‑se notar maior quantidade de mulheres idosas. Com esta avaliação é possível pensar em políticas sociais e de saúde para esta população, objetivando melhora na qualidade de vida e acesso aos serviços de saúde e lazer. Outra forma ilustrativa de representar a estrutura da população por idade e sexo é por meio da pirâmide etária (ela pode ser confeccionada segundo região, município, áreas rural e urbana). O número absoluto ou a proporção da população ocupa o eixo horizontal, enquanto o eixo vertical corresponde aos grupos de idade. O lado direito do eixo horizontal é destinado à proporção de mulheres e o esquerdo, à dos homens. Quanto mais alta a pirâmide, maior a expectativa de vida. É possível perceber que quanto mais desenvolvido econômica e socialmente é o país, mais sua pirâmide terá uma forma retangular. Figura 7 – Distribuição da população brasileira por sexo, segundo grupos de idade em 2010 23 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA 3.4 Razão de dependência Na sociedade moderna, temos três revoluções que afetam, profundamente, as estruturas familiares e a social. São a revolução contraceptiva: dissociação da sexualidade da reprodução; a revolução sexual, principalmente, para as mulheres: separação entre sexualidade e casamento; e a revolução no papel social da mulher e nas relações de gêneros tradicionais: homem provedor versus mulher cuidadora. Essas revoluções interferem diretamente nos arranjos familiares, fecundidade, aumento da população e repercutem na interpretação da razão de dependência. O arranjo familiar predominante no Brasil é o do tipo casal com filhos, mas essa predominância vem decrescendo ao longo do tempo. Quando se avalia a razão de dependência observamos crianças, jovens e idosos que dependem física e emocionalmente de um adulto. Tabela 6 – Razão de dependência, por ano, segundo região e componente Brasil, 1991, 1996-2012 Região 1991 2000 2005 2010 2012 Brasil Jovens 59,9 47,9 42,5 37,0 37,0 Idosos 12,6 13,8 14,4 16,6 16,6 Total 72,5 61,7 56,9 53,5 53,5 Região Norte Jovens 80,5 65,0 59,3 50,4 50,4 Idosos 8,8 9,6 9,9 11,0 11,0 Total 89,3 74,5 69,2 61,4 61,3 Região Nordeste Jovens 73,9 56,3 48,6 42,1 42,1 Idosos 13,6 14,4 14,7 16,316,3 Total 87,5 70,6 63,3 58,4 58,3 Região Sudeste Jovens 51,3 41,7 37,3 32,7 32,7 Idosos 13,1 14,5 15,2 17,8 17,8 Total 64,4 56,2 52,5 50,5 50,5 Região Sul Jovens 52,9 43,5 39,0 33,0 33,0 Idosos 12,7 14,5 15,3 18,1 18,1 Total 65,6 58,0 54,4 51,2 51,2 Região Centro‑Oeste Jovens 59,2 47,2 42,2 36,7 36,7 Idosos 8,7 10,4 11,1 13,2 13,2 Total 67,9 57,6 53,3 49,9 49,9 Adaptada de: IBGE (2011). É possível identificar o gradativo declínio da razão de dependência, em todas as regiões brasileiras, podendo ser relacionado ao processo de transição demográfica. A redução dos níveis de fecundidade 24 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I leva à diminuição das taxas de natalidade, implicando o decréscimo do contingente jovem da população; elevação da população idosa, na sua participação relativa, combinada ao aumento absoluto do seu volume. A razão entre o segmento etário da população definido como economicamente dependente (os menores de 15 anos de idade e os maiores de 60) e o potencialmente produtivo (entre 15 e 59 anos), na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Mede a participação relativa da população potencialmente inativa, que deveria ser sustentada pela parcela da população potencialmente produtiva. Quanto maiores os valores, mais a população em idade produtiva deve sustentar uma grande proporção de dependentes, o que significa consideráveis encargos assistenciais para a sociedade. Indicada para acompanhar a evolução do grau de dependência econômica em uma determinada população, significa renovação ou não no mercado de trabalho e pode subsidiar a formulação de políticas nas áreas de saúde e de previdência social. O método de cálculo utilizado é: Número de pessoas residentes de 0 a1 4 anos e maiores de 60 x100 Número de pessoas residentes de 1 5 a 59 anos Observação Para calcular a Razão de Dependência Jovem e a Razão de Dependência de Idosos, considere no numerador, respectivamente, apenas os jovens (menores de 15 anos) ou os idosos (60 anos em diante). O denominador da razão mantém‑se constante. Re giã o C en tro ‑O est e Re giã o C en tro ‑O est e Re giã o S ul Re giã o S ul Re giã o S ud est e Re giã o S ud est e Re giã o N ord est e Re giã o N ord est e Re giã o N ort e Re giã o N ort e 20,0 90,0 1991 2000 2005 2010 2012 16,0 70,0 12,0 60,0 8,0 40,0 4,0 20,0 18,0 80,0 14,0 10,0 50,0 6,0 30,0 2,0 10,0 ‑A) ‑B) Figura 8 – Razão de dependência, por ano, segundo região e componente para idosos e jovens, respectivamente 25 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA 3.5 Taxa de fecundidade Há diferença entre fecundidade e fertilidade. A fertilidade estuda o potencial reprodutivo das mulheres, enquanto fecundidade é o resultado concreto da capacidade reprodutiva delas (filhos tidos). Quanto maior o controle exercido pelas mulheres sobre a gravidez (utilização de métodos contraceptivos) maior será a distância entre a fertilidade e a fecundidade (CARVALHO; PINA; SANTOS, 2000). A fecundidade considera o estado conjugal (duração das uniões), a idade do início da vida sexual, a frequência das relações sexuais e perdas fetais, bem como o uso de métodos contraceptivos. Refere‑se à relação entre nascimentos vivos e mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos), e a medida mais usada para o cálculo desta relação é chamada de taxa de fecundidade total (TFT), que é uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria até o fim de seu período reprodutivo, mantidas constantes as taxas observadas na referida data. Também pode ser definida como o número médio de filhos por mulher em idade de procriar, ou seja, de 15 a 49 anos. Segundo os resultados da amostra do Censo Demográfico 2010, o número médio de filhos nascidos vivos por mulher ao fim de seu período fértil, no Brasil, foi de 1,90 filho, diminuição de 69,2% em relação ao valor de 1940. Tabela 7 – Taxa de fecundidade total, por ano, segundo região Brasil, 1991-2011 Região 1991 1995 2000 2005 2010 2011 Brasil 2,73 2,49 2,29 1,99 1,82 1,78 Região Norte 3,99 3,47 3,01 2,63 2,34 2,26 Região Nordeste 3,38 2,90 2,54 2,19 1,92 1,86 Região Sudeste 2,28 2,17 2,06 1,78 1,67 1,66 Região Sul 2,45 2,28 2,08 1,78 1,66 1,66 Região Centro‑Oeste 2,60 2,33 2,17 2,00 1,82 1,79 Adaptada de: IBGE (2011). ‑ 1991 1995 2000 2005 2010 2011 1,50 3,00 0,50 2,00 3,50 1,00 2,50 4,00 4,50 Região Centro‑Oeste Região Sul Região Sudeste Região Nordeste Região Norte Figura 9 – Taxa de fecundidade total, por ano, segundo região 26 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I No estudo em análise, considerou‑se o número médio de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher ao fim do seu período reprodutivo, na população residente em determinado espaço geográfico. Pode ser aplicado com a migração como indicador da dinâmica demográfica, não sendo afetado pela estrutura etária da população. Taxas inferiores a 2,1 são sugestivas de fecundidade insuficiente para assegurar a reposição populacional. O decréscimo da taxa pode estar associado a vários fatores, tais como: urbanização crescente, redução da mortalidade infantil, melhoria do nível educacional, ampliação do uso de métodos contraceptivos, maior participação da mulher na força de trabalho e instabilidade de emprego. Pode ser aplicado para avaliar tendências da dinâmica demográfica e realizar estudos comparativos entre áreas geográficas e grupos sociais. Também é capaz de subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas nas áreas de saúde, educação, trabalho e previdência social, com projeções demográficas que orientem o redimensionamento da oferta de serviços, entre outras aplicações. No caso apontado, observa‑se contínuo declínio das taxas de fecundidade total, com maior intensidade nas regiões Norte e Nordeste, uma vez que entraram posteriormente no processo de transição demográfica. 3.6 Natalidade A natalidade refere‑se à relação entre os nascimentos vivos e a população total. Os dados do Sinasc, corrigidos pelo Estudo de Busca Ativa, têm evidenciado a tendência decrescente dos níveis de natalidade e fecundidade em todo o País (SZWARCWALD et al., 2011). Desde 2010, observou‑se estabilização dos níveis de fecundidade em valores muito abaixo do nível de reposição (2,1 filhos por mulher) nas regiões Sul, Sudeste e Centro‑Oeste, enquanto persistem tendências de queda desses níveis nas regiões Norte e Nordeste. Com relação às características das mães, verifica‑se a mudança na estrutura etária delas no momento do parto. Aumentou‑se a proporção de nascimentos em mulheres com idades iguais ou superiores a 30 anos, mais significativamente nas regiões Sul e Sudeste, entre mulheres de cor da pele branca e de maior escolaridade. Por outro lado, destaca‑se a elevada proporção de mães adolescentes, sobretudo no Norte e Nordeste, e em mulheres de cor da pele/raça parda e indígena. A análise do indicador de participação em consultas de pré‑natal em 2013 mostrou que 75% das mães no País atenderam ao recomendado pela política nacional, mas observam‑se importantes variações regionais e segundo características sociodemográficas dessas mães. Quanto ao tipo de parto, a tendência crescente da proporção de cesarianas em todo o País é confirmada com os dados de 2013, com maiores valores no Sul, Sudeste e Centro‑Oeste. No entanto, o aumento acelerado da ocorrência de cesarianas no Norte e no Nordeste tem reduzido as diferenças regionais. A análise dos nascimentos, segundo esfera administrativa do estabelecimento de saúde de ocorrência do parto, revela as variações regionais de organização dos serviços de saúde de atenção à gestante e ao recém‑nascidono País. No Norte e no Nordeste, há predominância de partos ocorridos em 27 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA estabelecimentos de saúde públicos, enquanto nas demais regiões prevalecem os estabelecimentos não públicos, ainda que neles possamos encontrar leitos custeados pelo SUS. Tabela 8 – Taxa bruta de natalidade, por ano, segundo região Brasil, 1991-2011 Região/tipo de taxa 1991 1995 2000 2005 2010 2011 Brasil 23,39 21,97 20,32 17,47 15,78 15,63 Região Norte 31,93 30,14 27,82 24,32 21,60 21,15 Região Nordeste 26,81 25,13 22,61 19,64 17,28 16,91 Região Sudeste 20,23 19,20 18,27 15,46 14,20 14,18 Região Sul 21,49 19,77 17,75 14,86 13,72 13,79 Região Centro‑Oeste 24,38 22,34 20,94 18,65 16,53 16,43 Adaptada de: IBGE (2011). Re giã o C en tro ‑O est e Re giã o S ul Re giã o S ud est e Re giã o N ord est e Re giã o N ort e 1991 1995 2005 2000 2010 2011 ‑ 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 Figura 10 – Taxa bruta de natalidade, por ano, segundo região Nessa análise, apresenta‑se o número de nascidos vivos, por mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Expressa‑se intensidade com a qual a natalidade atua sobre uma certa população. Em geral, taxas elevadas estão associadas a condições socioeconômicas precárias e a aspectos culturais da população. Propõe‑se analisar variações geográficas e temporais da natalidade. O estudo contribui para o cálculo do crescimento vegetativo ou natural da população, subtraindo‑se, da taxa bruta de natalidade, a taxa bruta de mortalidade. Devido à subnotificação de nascidos vivos, o uso de dados derivados de sistemas de registro contínuo está condicionado a correções. No período, observam‑se valores decrescentes para todas as regiões brasileiras. 28 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I O método de cálculo: nº total de nascidos vivos população total residente 3.7 Mortalidade proporcional por idade A importância de avaliar este dado está na possibilidade de reorientar as prioridades de prevenção e tratamento de doenças. A desigualdade do perfil da mortalidade no Brasil indica o aprofundamento das análises por diversas variáveis estratégicas – sexo, idade, raça/cor da pele, localização geográfica –, além de novas abordagens das causas de morte (BRASIL, 2015f). Em avaliações aprofundadas percebe‑se que na infância (menores de 5 anos) ocorrem infecções específicas do período perinatal, especialmente no sexo masculino, e as anomalias congênitas do coração e do aparelho circulatório. Nas crianças entre 5 e 9 anos de idade, o perfil praticamente foi mantido, liderado pelos ATT (acidentes de transporte terrestre), seguidos pelas pneumonias e leucemias, em ambos os sexos. Para adolescentes (10 a 19 anos), também foi mantido o perfil na última década, prevalecendo causas externas. A principal causa para mulheres é a dos ATT, seguida pelos homicídios, enquanto nos homens ocorreu o contrário, a maior causa foi homicídio. Cabe destacar que, entre as adolescentes, a terceira causa de morte foi associada ao ciclo gravídico puerperal. Na idade adulta (20 a 59 anos), o perfil da mortalidade em mulheres indica predomínio das DCNT (Doenças Crônicas não Transmissíveis) entre as principais causas, sendo que ocupam o primeiro lugar as doenças cardiovasculares (DCV), seguido das mortes por câncer de mama e IAM (Infarto Agudo do Miocárdio). Para o sexo masculino, liderado pelos homicídios e ATT, em terceiro lugar aparecem as mortes por IAM, enquanto as DCV ocupam o quinto lugar. Na faixa de 60 anos ou mais, ambos os sexos apresentam perfil similar, sendo as DCV a primeira causa. No sexo feminino, completam o perfil: pneumonia, o IAM, diabetes e as doenças hipertensivas; e no masculino: IAM, pneumonia, o grupo “bronquite, enfisema, asma” e diabetes. A tendência das DCV foi decrescente, e as de pneumonia e diabetes, crescente. Tabela 9 – Mortalidade proporcional (%) por idade, por ano, segundo região e faixa etária Brasil, 1990-2011 Região/faixa etária 1990 1995 2000 2005 2010 2011 Brasil Menor de 1 ano 11,86 9,24 7,24 5,14 3,52 3,41 1 a 4 anos 2,20 1,57 1,20 0,87 0,62 0,57 5 a 9 anos 0,88 0,69 0,57 0,48 0,37 0,35 10 a 14 anos 0,89 0,84 0,67 0,58 0,50 0,47 15 a 19 anos 2,02 2,06 2,04 1,89 1,67 1,69 29 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA 20 a 24 anos 2,82 2,80 2,83 2,63 2,46 2,33 25 a 29 anos 3,09 3,13 2,70 2,63 2,54 2,45 30 a 34 anos 3,29 3,47 2,99 2,66 2,64 2,61 35 a 39 anos 3,50 3,87 3,56 3,18 2,83 2,78 40 a 44 anos 3,87 4,21 4,23 3,97 3,58 3,52 45 a 49 anos 4,34 4,66 4,87 4,95 4,66 4,59 50 a 54 anos 5,34 5,21 5,55 5,78 5,78 5,73 55 a 59 anos 6,17 6,28 6,17 6,45 6,73 6,72 60 a 64 anos 7,47 7,42 7,65 7,18 7,54 7,66 65 a 69 anos 8,16 8,85 8,67 8,83 8,39 8,39 70 a 74 anos 8,90 9,19 9,91 9,73 9,92 9,75 75 a 79 anos 9,24 9,10 9,65 10,59 10,46 10,45 80 anos ou mais 15,97 17,40 19,52 22,47 25,79 26,53 Região Norte 1990 1995 2000 2005 2010 2011 Menor de 1 ano 21,44 16,10 15,35 11,30 8,12 7,54 1 a 4 anos 5,35 3,50 3,15 2,49 1,74 1,54 5 a 9 anos 1,83 1,37 1,25 0,96 0,92 0,81 10 a 14 anos 1,58 1,53 1,21 1,14 0,97 0,96 15 a 19 anos 2,89 3,05 2,95 3,01 3,17 3,16 20 a 24 anos 3,58 3,58 3,88 3,95 4,42 4,01 25 a 29 anos 3,74 3,51 3,40 3,94 4,40 4,05 30 a 34 anos 3,68 3,62 3,55 3,75 4,19 3,97 35 a 39 anos 3,64 3,78 3,80 3,77 3,83 3,72 40 a 44 anos 3,63 4,12 4,08 4,12 4,17 4,05 45 a 49 anos 3,78 4,11 4,46 4,61 4,80 4,60 50 a 54 anos 4,40 4,74 4,66 5,13 5,53 5,22 55 a 59 anos 4,59 5,23 5,32 5,44 5,87 6,07 60 a 64 anos 5,15 6,20 6,28 6,00 6,50 6,66 65 a 69 anos 5,72 7,21 6,88 7,60 7,11 7,26 70 a 74 anos 6,11 6,88 7,63 7,93 8,38 8,53 75 a 79 anos 6,89 7,28 7,18 7,99 7,93 8,44 80 anos ou mais 12,02 14,19 14,98 16,88 17,96 19,41 Região Nordeste 1990 1995 2000 2005 2010 2011 Menor de 1 ano 16,47 12,95 10,77 7,43 4,65 4,32 1 a 4 anos 3,62 2,33 1,79 1,19 0,80 0,72 5 a 9 anos 1,12 0,89 0,76 0,63 0,48 0,44 10 a 14 anos 0,96 0,97 0,86 0,68 0,68 0,60 30 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I 15 a 19 anos 1,73 1,96 2,14 2,09 2,22 2,21 20 a 24 anos 2,41 2,49 3,00 2,97 3,27 3,03 25 a 29 anos 2,73 2,73 2,61 2,96 3,27 3,11 30 a 34 anos 2,80 2,99 2,97 2,81 3,19 3,16 35 a 39 anos 3,00 3,12 3,35 3,15 3,15 3,11 40 a 44 anos 3,44 3,45 3,72 3,76 3,69 3,65 45 a 49 anos 3,82 4,09 4,18 4,35 4,48 4,43 50 a 54 anos 4,47 4,50 4,96 5,02 5,07 5,10 55 a 59 anos 4,76 5,34 5,42 5,75 5,82 5,70 60 a 64 anos 5,87 5,97 6,62 6,39 6,81 6,81 65 a 69 anos 6,86 7,69 7,21 7,96 7,54 7,56 70 a 74 anos 8,15 8,44 8,68 8,55 9,15 9,11 75 a 79 anos 9,38 9,36 9,24 9,76 9,23 9,43 80 anos ou mais 18,40 20,73 21,74 24,57 26,51 27,53 Região Sudeste 1990 1995 2000 2005 2010 2011 Menor de 1 ano 9,78 7,61 5,30 3,66 2,65 2,63 1 a 4 anos 1,50 1,14 0,78 0,58 0,44 0,42 5 a 9 anos 0,70 0,53 0,41 0,36 0,26 0,27 10 a 14 anos 0,78 0,71 0,53 0,46 0,38 0,36 15 a 19 anos 2,11 2,03 2,01 1,66 1,21 1,26 20 a 24 anos 2,98 2,93 2,85 2,36 1,83 1,79 25 a 29 anos 3,31 3,38 2,78 2,38 1,99 1,93 30 a 34 anos 3,60 3,77 3,02 2,54 2,22 2,20 35 a 39 anos 3,81 4,35 3,72 3,10 2,57 2,53 40 a 44 anos 4,10 4,60 4,54 4,07 3,43 3,38 45 a 49 anos 4,58 4,95 5,23 5,26 4,70 4,61 50 a 54 anos 5,67 5,45 5,82 6,20 6,14 6,0955 a 59 anos 6,69 6,59 6,40 6,78 7,17 7,28 60 a 64 anos 8,09 7,85 7,92 7,42 7,90 8,10 65 a 69 anos 8,61 9,20 9,18 9,14 8,68 8,65 70 a 74 anos 9,09 9,42 10,42 10,23 10,26 9,95 75 a 79 anos 9,16 8,97 9,89 11,19 11,16 11,03 80 anos ou mais 15,44 16,51 19,21 22,58 26,99 27,52 Região Sul 1990 1995 2000 2005 2010 2011 Menor de 1 ano 9,02 6,96 5,05 3,39 2,36 2,38 1 a 4 anos 1,48 1,21 0,86 0,56 0,39 0,37 5 a 9 anos 0,77 0,61 0,51 0,37 0,26 0,25 31 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA 10 a 14 anos 0,83 0,77 0,54 0,50 0,39 0,37 15 a 19 anos 1,78 1,77 1,49 1,67 1,46 1,40 20 a 24 anos 2,35 2,27 1,92 2,19 2,03 1,85 25 a 29 anos 2,47 2,52 2,05 2,11 2,09 2,00 30 a 34 anos 2,66 2,81 2,51 2,18 2,16 2,09 35 a 39 anos 2,99 3,24 3,11 2,92 2,49 2,36 40 a 44 anos 3,61 3,90 3,91 3,71 3,34 3,22 45 a 49 anos 4,34 4,52 4,70 4,86 4,59 4,56 50 a 54 anos 5,59 5,38 5,77 5,85 5,80 5,72 55 a 59 anos 6,89 6,81 6,71 6,80 7,06 6,93 60 a 64 anos 8,51 8,46 8,63 7,91 8,01 8,09 65 a 69 anos 9,48 10,19 9,95 9,73 9,28 9,33 70 a 74 anos 10,42 10,58 11,28 11,04 10,69 10,67 75 a 79 anos 10,37 10,18 10,87 11,59 11,55 11,49 80 anos ou mais 16,45 17,84 20,13 22,63 26,06 26,91 Região Centro-Oeste 1990 1995 2000 2005 2010 2011 Menor de 1 ano 12,13 10,14 7,93 6,12 4,19 4,09 1 a 4 anos 2,29 1,94 1,48 1,09 0,82 0,68 5 a 9 anos 1,13 0,95 0,72 0,62 0,49 0,46 10 a 14 anos 1,28 1,17 0,89 0,80 0,60 0,60 15 a 19 anos 2,63 2,76 2,68 2,36 2,14 2,13 20 a 24 anos 4,00 3,80 3,52 3,25 3,15 3,12 25 a 29 anos 4,06 3,99 3,54 3,43 3,10 3,17 30 a 34 anos 4,08 4,34 3,72 3,31 3,39 3,36 35 a 39 anos 4,34 4,43 4,26 3,95 3,45 3,41 40 a 44 anos 4,60 4,73 4,78 4,57 4,26 4,21 45 a 49 anos 5,03 5,22 5,53 5,52 5,16 5,13 50 a 54 anos 6,27 5,82 5,91 6,11 6,07 6,18 55 a 59 anos 6,45 6,68 6,51 6,71 6,95 6,93 60 a 64 anos 7,17 7,44 8,09 7,79 7,54 7,70 65 a 69 anos 7,42 7,86 8,35 8,75 8,54 8,48 70 a 74 anos 7,80 7,97 8,84 9,06 9,86 9,80 75 a 79 anos 7,70 7,54 8,15 9,06 9,73 9,71 80 anos ou mais 11,62 13,22 15,10 17,52 20,57 20,85 Notas: 1. Nas tabulações por faixa etária, estão suprimidos os casos com idade ignorada. 2. Mortalidade proporcional: percentual sobre o total de óbitos. Adaptada de: IBGE (2011). 32 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I 1990 2000 2010 1995 2005 2011 ‑ 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 M en or d e 1 an o 5 a 9 an os 15 a 1 9 an os 25 a 2 9 an os 35 a 3 9 an os 45 a 4 9 an os 55 a 5 9 an os 65 a 6 9 an os 75 a 7 9 an os 1990 2000 2010 1995 2005 ‑ 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 2011 M en or d e 1 an o 5 a 9 an os 15 a 1 9 an os 25 a 2 9 an os 35 a 3 9 an os 45 a 4 9 an os 55 a 5 9 an os 65 a 6 9 an os 75 a 7 9 an os a) Norte b) Nordeste 1990 2000 2010 1995 2005 ‑ 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 2011 M en or d e 1 an o 5 a 9 an os 15 a 1 9 an os 25 a 2 9 an os 35 a 3 9 an os 45 a 4 9 an os 55 a 5 9 an os 65 a 6 9 an os 75 a 7 9 an os 1990 2000 2010 1995 2005 ‑ 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 2011 M en or d e 1 an o 5 a 9 an os 15 a 1 9 an os 25 a 2 9 an os 35 a 3 9 an os 45 a 4 9 an os 55 a 5 9 an os 65 a 6 9 an os 75 a 7 9 an os c) Sudeste d) Sul 1990 2000 2010 1995 2005 ‑ 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 2011 M en or d e 1 an o 5 a 9 an os 15 a 1 9 an os 25 a 2 9 an os 35 a 3 9 an os 45 a 4 9 an os 55 a 5 9 an os 65 a 6 9 an os 75 a 7 9 an os 1990 2000 2010 1995 2005 ‑ 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 2011 M en or d e 1 an o 5 a 9 an os 15 a 1 9 an os 25 a 2 9 an os 35 a 3 9 an os 45 a 4 9 an os 55 a 5 9 an os 65 a 6 9 an os 75 a 7 9 an os e) Centro–Oeste f) Brasil Figura 11 – (a, b, c, d, e, f) Mortalidade proporcional (%) por idade, por ano, segundo região e faixa etária 33 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA Trata‑se da distribuição percentual dos óbitos por faixa etária, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Mede‑se a participação dos óbitos em cada faixa etária, em relação ao total de óbitos. Elevadas proporções de óbitos de menores de um ano de idade estão associadas a más condições de vida e de saúde. O deslocamento da concentração de óbitos para grupos etários mais elevados reflete a redução da mortalidade em idades jovens – sobretudo na infância – e o consequente aumento da expectativa de vida da população. O estudo é indicado para analisar variações geográficas e temporais da mortalidade por idade e sexo. Contribui para a avaliação dos níveis de saúde da população. Identifica a necessidade de estudos sobre as causas da distribuição da mortalidade por idade. O método de cálculo: Número de óbitos de residentes, por faixa etária x100 Número de óbitos de residentes, excluídos os de idade ignorada* *A exclusão dos óbitos de idade ignorada resulta que o indicador se refira ao total de óbitos com idade conhecida. Com estes dados observa‑se, entre 1990 e 2004, em todas as regiões brasileiras, significativo deslocamento da mortalidade proporcional para as faixas etárias mais altas, como resultado da redução da mortalidade na infância e do aumento da expectativa de vida. 3.8 Expectativa de vida ao nascer Em demografia, entende‑se por envelhecimento populacional o crescimento da população considerada idosa e que amplia a sua participação relativa no total da população. A ampliação da população idosa pode se dever a uma redução do grupo etário jovem, por queda da fecundidade, configurando o que se denomina envelhecimento pela base. Pode ocorrer por um crescimento do grupo idoso. A expectativa de vida aumenta pela melhora da qualidade de vida, acesso a cuidados de saúde, informações e saneamento básico (MOREIRA, 2000). Saiba mais Para conhecer a perspectiva do crescimento populacional e os potenciais de ação no Brasil, acesse: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Projeção da população 2018: número de habitantes do país deve parar de crescer em 2047. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: <https://agenciadenoticias. ibge.gov.br/agencia‑sala‑de‑imprensa/2013‑agencia‑de‑noticias/ releases/21837‑projecao‑da‑populacao‑2018‑numero‑de‑habitantes ‑do‑pais‑deve‑parar‑de‑crescer‑em‑2047>. Acesso em: 11 out. 2018. 34 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I Tabela 10 – Esperança de vida ao nascer, por ano, segundo região e sexo Brasil, 1991-2012 Região/sexo 1991 1995 2000 2005 2010 2011 2012 Brasil Homens 63,2 64,7 66,0 68,3 70,2 70,6 70,9 Mulheres 70,9 72,5 73,9 75,9 77,6 77,9 78,2 Ambos os sexos 66,9 68,5 69,8 72,0 73,9 74,2 74,5 Região Norte Homens 63,7 65,1 65,1 66,4 67,6 67,8 68,0 Mulheres 70,3 71,3 71,1 72,9 74,4 74,7 75,0 Ambos os sexos 66,9 68,1 67,9 69,4 70,8 71,1 71,3 Região Nordeste Homens 59,6 61,4 63,6 65,5 67,2 67,5 67,8 Mulheres 66,3 68,4 71,4 73,6 75,5 75,8 76,1 Ambos os sexos 62,8 64,8 67,4 69,4 71,2 71,6 71,9 Região Sudeste Homens 64,5 66,0 67,0 69,7 72,1 72,5 72,9 Mulheres 73,4 74,8 75,6 77,4 79,0 79,3 79,6 Ambos os sexos 68,8 70,3 71,1 73,5 75,6 75,9 76,3 Região Sul Homens 66,7 67,9 68,5 70,6 72,5 72,8 73,1 Mulheres74,3 75,2 75,5 77,5 79,3 79,7 80,0 Ambos os sexos 70,4 71,5 71,9 74,0 75,9 76,2 76,6 Região Centro‑Oeste Homens 65,2 66,7 67,7 69,2 70,4 70,7 70,9 Mulheres 72,0 73,6 74,3 75,8 77,2 77,5 77,7 Ambos os sexos 68,6 70,0 74,3 75,8 77,2 77,5 77,7 Nota: 1. Dados de 2000 a 2010 alterados em relação ao IDB anterior. Adaptada de: IBGE (2011). 1991 2005 2012 Ambos os sexos Mulheres Homens 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 ‑ 1995 20102000 2011 Figura 12 – Esperança de vida ao nascer, por ano e sexo no Brasil 35 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA O estudo expressa o número médio de anos de vida esperados para um recém‑nascido, mantido o padrão de mortalidade existente na população residente, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. O aumento da esperança de vida ao nascer sugere melhoria das condições de vida e de saúde da população. Aplicado para analisar variações geográficas e temporais na expectativa de vida da população. Suas funções são: contribuir para a avaliação dos níveis de vida e de saúde da população; subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas de saúde e de previdência social, entre outras, relacionadas com o aumento da expectativa de vida ao nascer (oferta de serviços, atualização de metas, cálculos atuariais). Os resultados apontam que a esperança de vida ao nascer vem aumentando em todas as regiões e em ambos os sexos. Os valores extremos correspondem às regiões Sul e Nordeste, porém esta última apresenta o maior número de anos de vida média ganhos desde o início do período. Saiba mais Para mais detalhes do perfil da população brasileira, acesse: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Projeção da população do Brasil por sexo e idade: 2000 e 2060. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ projecao_da_populacao/2013/default.shtm>. Acesso em: 11 out. 2018. 4 INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS E PLANEJAMENTO EM SAÚDE. MANUSEIO DE BANCOS DE DADOS SECUNDÁRIOS (DATASUS, SINAN, SINASC, SIM, SI‑PNI, ENTRE OUTROS) Os indicadores de saúde refletem o quadro real das condições de saúde de uma população. Sua utilização pode orientar os gestores de saúde no planejamento e controle das atividades locais. Este estudo tem como objetivo descrever a percepção dos gestores de unidades de saúde quanto ao uso dos indicadores de saúde em suas ações de planejamento e controle dos serviços de saúde (LIMA; ANTUNES; SILVA, 2015). As intervenções de saúde devem ser pautadas nas necessidades da população e nos indicadores epidemiológicos, demográficos e socioeconômicos (PEREIRA; TOMASI, 2016). A gestão no Sistema Único de Saúde (SUS) envolve planejar, organizar, controlar e avaliar, definindo prioridades para abranger demandas existentes e recursos disponíveis nas ações e serviços de saúde oferecidos (BATTESINI; FISCHMANN; WEISE, 2013). Os indicadores gerados a partir de dados epidemiológicos em saúde são instrumentos essenciais na gestão pública (PEREIRA; TOMASI, 2016). A aplicação da epidemiologia no planejamento está prevista no SUS desde a Lei Orgânica de Saúde nº 8.080/1990, que preconiza a utilização de dados epidemiológicos para estabelecer prioridades e destinar recursos financeiros ou humanos. O SUS possui sistemas de informação específicos, gerenciados pelo Ministério da Saúde que têm sua base de dados alimentada continuamente, como o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), 36 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 Unidade I Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), Sistema de Informação de Agravos de Notificação Obrigatória (Sinan) e Sistema de Informação de Saúde para a Atenção Básica (Sisab) (GIL; LUIZ; GIL, 2016). Podem articular os dados coletados na área da saúde com outros bancos de dados existentes do município ou região, como, por exemplo, os dados do IBGE, o que demonstra um aperfeiçoamento na análise de dados do território (FERREIRA, 2016). Um indicador consiste em uma medida que reflete uma característica ou aspecto particular, em geral não sujeito à observação direta (MEDRONHO et al., 2009). Os indicadores de saúde devem elucidar a situação de saúde de um indivíduo ou de uma população. A qualidade de um indicador depende das propriedades dos componentes utilizados em sua formulação e da precisão dos sistemas de informação empregados. Lembrete Um indicador sofre a ação das mudanças sociais, portanto ele muda conforme alteram as características sociais. Um indicador pode ser útil hoje, mas não ser mais amanhã. Em geral, a validade de um indicador é determinada por sua sensibilidade ou sua capacidade de detectar o fenômeno analisado. Outros atributos de um indicador são: mensurabilidade (utilizar dados disponíveis ou fáceis de conseguir), relevância (responder a prioridades de saúde), e custo‑efetividade (os resultados justificam o investimento de tempo e recursos) (RIPSA, [s.d.]). Em publicação da Organização Pan‑Americana de Saúde sobre indicadores básicos de saúde para o Brasil, produzidos pela Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA, 2008), são utilizados os seguintes agrupamentos: • Indicadores demográficos: medem a distribuição de fatores determinantes da situação de saúde relacionados à dinâmica populacional na área geográfica referida. Permitem aos demógrafos trabalhar os dados recolhidos sobre uma população. — Indicadores socioeconômicos: PIB, renda per capita, IDH, taxa de desemprego e a oferta de serviços públicos; eles medem a distribuição dos fatores determinantes da situação de saúde relacionados ao perfil econômico e social da população residente na área geográfica referida. — Indicadores de mortalidade: são considerados indicadores de saúde, por terem relação direta com a qualidade de vida; eles informam a ocorrência e distribuição das causas de óbito no perfil da mortalidade da população residente na área geográfica referida. — Indicadores de fatores de risco/fatores de proteção: os termos mais utilizados para tratar a adversidade são fatores de risco, eventos de vida ou estressores, enquanto os fatores de proteção são usualmente chamados de mediadores. Os indicadores medem os fatores de risco (por exemplo: tabaco, álcool) e/ou proteção (por exemplo: alimentação 37 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 12 /1 8 ENFERMAGEM INTEGRADA saudável, atividade física, aleitamento) que predispõem a doenças e agravos ou protegem das doenças e agravos. — Indicadores de recursos: medem a oferta e a demanda de recursos humanos, físicos e financeiros para atendimento às necessidades básicas de saúde da população na área geográfica referida. Eles consideram a ausência no trabalho, seja qual for o motivo, representando um fator importante no aumento dos custos e diminuição da produtividade. Lembrando que as faltas podem ser causadas por motivos legais; voluntárias ou por doença. — Indicadores de cobertura: medem o grau de utilização dos meios oferecidos pelo setor público e pelo setor privado para atender às necessidades de saúde da população na área geográfica referida. Consequentemente, a cobertura do serviço de saúde em relação às demandas da população. • Indicadores sociais, econômicos e demográficos: referem‑se diretamente à saúde de indivíduos ou de populações. — As medidas de mortalidade e morbidade: a morbidade é um termo genérico usado para designar o conjunto de casos de uma dada doença ou a soma de agravos à saúde que atingem um grupo de indivíduos. Trata‑se da taxa de portadores de certa doença em relação à população estudada, em determinado local e momento. Medir morbidade nem sempre é uma tarefa fácil, pois são muitas as limitações que contribuem para essa dificuldade, como a subnotificação. A mortalidade (taxa de mortalidade)
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