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AULA 3 PLANOS DE CARREIRA E DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL Profª Jane Vechi de Souza 2 INTRODUÇÃO A presente aula aborda temas para a compreensão de uma organização sistêmica que hoje tem suas complexidades e para que seja contínua sua existência, ultrapassando gerações e cenários que estão por vir, torne-se modelo ao longo de sua caminhada. Atribuímos aos gestores atuais responsabilidades pelo pensamento de longo prazo, concentrando-se nos impactos de suas ações no presente e seus reflexos no futuro. A visão global vem como pilar para que estratégias possam ser desenhadas e seguidas com previsibilidade, mesmo em um mundo volátil como o que vivemos. O domínio de competências pessoais vem ganhando força e o aprendizado pessoal e organizacional devem fazer cada vez mais parte da vida e carreiras individuais. A visão compartilhada, o espírito colaborativo de líderes e equipes deve ser mantidos, pois adiciona vitalidade nas empresas. É fundamental trazer, por meio de estimuladores organizacionais, uma consciência coletiva sobre o que é de responsabilidade individual, o que cada ser humano deve e pode fazer por sua carreira e pela empresa que faz parte. Como líder e na versão lapidada de gestor, reconhecer sua missão profissional é o primeiro passo para uma contribuição genuína com consequências certamente construtivas. E a abordagem de coaching para o empowerment de lideranças em suas performances tem também promovido uma força tarefa necessária para ajudar demais profissionais do time na realização correta de suas atividades. É comprovado que o coaching potencializa a mentalidade do líder e da organização. Gera aprendizagem estratégica e comportamental, move líderes a formar novos líderes, revitaliza o capital intelectual e traz ativos que todo o negócio precisa. No entanto, esse contexto ocorre com maestria se houver pleno interesse da pessoa no seu desenvolvimento pessoal. É de suma importância reforçar o grau de responsabilidade dos profissionais em suas carreiras, por escolhas que fazem, decisões que tomam e modelos adotados. Lembre-se, a carreira é sua. A empresa responsabiliza-se por projetos que vão valorizar o seu investimento no desenvolvimento de seus talentos. Tenha sempre o intraempreendedorismo no escopo de seus planos. 3 TEMA 1 – AUTOCONHECIMENTO, AUTODESENVOLVIMENTO E GESTÃO PESSOAL 1.1 Autoconhecimento: uma ponte entre o presente e o futuro O autoconhecimento é tema de extrema relevância no percurso carreira. Trata- se da capacidade de compreensão sobre nós mesmos. Quem somos enquanto personalidade e quais comportamentos fazemos predominar no meio de atuação. Quando nos conhecemos, as relações interpessoais se tornam mais assertivas, coerentes e previsíveis, as tomadas de decisão sobre vida e negócios tendem a impactos positivos. O contexto aqui estudado tem sido referência em academias com os estudos de neurociência e psicologia humanista. Sabermos sobre nossos potenciais e fragilidades nos impulsiona para mudanças que se façam prioritárias para uma vida com bem-estar físico, emocional e psíquico. Clarificamos nossos pensamentos, sentimentos e emoções e agimos com mais equilíbrio entre razão e emoção. O humanista Carl Rogers, em sua teoria da personalidade, defende que todos nós temos uma consciência sobre quem somos, um autoconceito, significando a capacidade de reconhecermos nossas características individuais desde a infância e na medida que o tempo avança esses autoconceitos vão sendo substituídos. Para Rogers, o autoentendimento passava por um processo de aprendizagem centrado na própria pessoa (Rogers, 2017). Em programas atuais de carreira, o autoconhecimento tem sido o pilar que sustenta o presente e o futuro de um executivo. Gera uma curva de evolução, seja no âmbito pessoal ou profissional e competências estratégicas são possíveis de alcançar, assim como as emocionais, relacionais e a capacidade de resolver problemas com efetividade. Quanto mais aprofundado é o conhecimento de um indivíduo sobre ele próprio, mais consciência absorverá sobre sua missão, crenças e valores. Isso implica em escolhas alinhadas aos seus propósitos e princípios, refletindo em felicidade e momentos de plenitude. Ao mapear seu plano de metas para carreira, o profissional focado em suas concepções pessoais, distingue melhor o que vai lhe agregar, em qual área da vida deve investir conforme seus desejos e interesses. Um profissional que busca carreira verticalizada, por exemplo, pode ampliar seu nicho de competências para exercer tal 4 posição. E quando sua base está fortalecida, conhece suas próprias limitações e demais características individuais e sua trajetória se torna atrativa e facilitada. O autoconhecimento traz benefícios para todo o ser humano. Desenvolve diversidade de inteligências, amplia a visão global e torna a pessoa mais coerente em suas análises críticas e consistente em sua competência social e emocional. 1.2 Autodesenvolvimento e os impactos na carreira Diante do processo que chamamos de autodesenvolvimento, romper padrões é fundamental para darmos um passo à frente. Significa nos revestir de uma outra “roupagem”, remodelar atitudes que muitas vezes estão obsoletas para o mundo em que vivemos. Mudar comportamentos implica remover velhos hábitos e seguir em frente com novas formas e abordagens. Um dos precursores da Psicologia Humanista, A. Maslow, conhecido mundialmente por sua hierarquia das necessidades que se apresenta sob a forma de uma pirâmide, aborda que em todo o ser humano há impulso para o desenvolvimento pessoal fundamentado por uma das necessidades humanas, a autorrealização. Em seus estudos, afirma que o homem tem seu futuro dentro dele próprio, tem uma natureza interna que passa por um processo de individuação (Maslow, 1962). O autodesenvolvimento voltado às carreiras são estruturados com exercícios de autorreflexão e demais ferramentas psicológicas para a maturação individual. Podemos combinar o autoconhecimento com o autodesenvolvimento. Para que haja o desenvolvimento do ser integral, é relevante o indivíduo assumir responsabilidade por seu crescimento, buscando o que lhe traz mais satisfação e sensação de bem- estar. Adotar ações estratégicas para gerir a própria vida, com habilidades intelectuais a fim de discernir e escolher o melhor para o momento presente e o amanhã. No contexto das organizações, o tema “desenvolvimento das pessoas” vem se destacando e podemos compreender o motivo. Empresas de sucesso são compostas por pessoas engajadas, desenvolvidas em suas competências, dessa forma, se impulsionam para a busca de novos conhecimentos. Na visão de Joel Dutra, a pessoa é um ser integral, único e deve compartilhar responsabilidades com a organização na qual está inserida. Deve adotar papel ativo no seu processo de desenvolvimento. O enfoque está na capacidade de autonomia e preparo para situações inesperadas (Dutra, 2002). 5 O desenvolvimento pessoal apresenta condição única, exclusiva para gerir carreira no século XXI e faz parte de um ranking de competências, sendo a prioridade no mundo corporativo. Na sequência do ranking, vemos os demais talentos que contribuem para a liderança de pessoas e outros processos organizacionais. Profissionais que estão focados nessa expertise do eu seguem se premiando, pois vão abrindo portas e janelas no mercado. Resulta em um mix de competências e habilidades que a própria pessoa necessita e organizações também. Implica na sustentação física, emocional, intelectual, social, espiritual, profissional. Entendemos que o bom gerenciamento da carreira leva a um grau de entusiasmo e comprometimento; sendo assim, torna-se saudável as empresas participarem ativamente da gestão de carreira de seus colaboradores. Muitos modelos de gestão criam políticas de recompensase projetos meritocráticos. Investem constantemente no desenvolvimento humano com programas de educação executiva ou treinamentos pontuais com foco em competências, e o resultado tende a enaltecer o desempenho individual e coletivo. O alinhamento de perspectivas pessoais e organizacionais se tornam cada vez mais imprescindíveis, levando em consideração os perfis empreendedores de profissionais e a retenção deles. 1.3 Gestão pessoal É comprovado que pessoas autodesenvolvidas estão mais preparadas em habilidades exigidas pelo mercado, entre elas, curiosidade pelo novo, empreendedorismo pessoal, automotivação, proatividade, gestão emocional, sabedoria interpessoal, flexibilidade para lidar com problemáticas cotidianas e resolvê-las, persistência e resiliência. Tais habilidades são as consideradas soft skills, comportamentais, diferentes das hard skills, técnicas, que dependem exclusivamente do desenvolvimento das primeiras citadas, da nossa vontade em buscar estudos e novos conhecimentos. E a inteligência emocional pode ser traduzida como o alicerce para que todas essas atitudes se manifestem e que possam ser refletidas nos meios de trabalho, social e familiar. Barbara Braham, em sua obra À procura de si próprio: um guia para a realização pessoal, trata de missão e futuro, correlaciona um ao outro e enfatiza que precisamos compreender nossa missão neste mundo para que o futuro seja melhor visualizado (Braham, 1993). 6 As escolhas de nossa vida, seja no campo profissional ou pessoal, são determinadas por nossos valores. Fazer as melhores escolhas dependerá de quanto estes valores estão alinhados com a missão que compreendemos ter, seja em nossa vida ou negócio. Procure saber mais sobre quem você é, retire suas “vendas”, refine o olhar sobre si mesmo. Todo essa escalada que inicia na própria pessoa está associado à carreira e como geri-la em um ambiente de empresas mutável em que o capital humano precisa urgentemente ser repensado no sentido de valorização e priorização. Quanto mais nos percebemos, mais próximos de nossa paixão estaremos, obtendo, assim, um passaporte para a autossustentação. TEMA 2 – INTELIGÊNCIA E OS TESTES DE QI Ao longo da história, o conceito de Inteligência foi estudo significativo assim como o é na atualidade e moveu diversos cientistas, especialistas a teorizar sobre o conceito. A inteligência é um conceito da psicologia moderna que todos utilizam. O campo é vasto e ainda continua o desenvolvimento nesta área. Segundo Gardner (1995, p. 21), a inteligência: implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural. A capacidade de resolver problemas permite à pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser atingido e localizar a solução adequada para esse objetivo. A inteligência também está relacionada a ordem hereditária, ao temperamento e ao caráter, faz parte da personalidade como um todo. Celso Antunes, em seu livro Inteligências múltiplas e seus estímulos, define inteligência como a capacidade de conhecer e entender, é juízo, senso de discernimento, adaptação, convivência, ser capaz de resolver problemas e de criar novas ideias para o desenvolvimento de produtos (Antunes, 1998). Os testes de inteligência surgiram entre os séculos XIX e XX, na busca por medir o tamanho da inteligência dos indivíduos. Charles Spearman, psicólogo londrino, em 1904 afirmou em sua teoria que a inteligência é composta de dois elementos: o fator geral (G), que se refere a características hereditárias; e o fator especial (S), relacionado às habilidades específicas de cada sujeito. Considerava que o treinamento que recebemos durante a vida também exerce influência significante na inteligência. 7 No início do século XX, mais especificamente em 1905, o psicólogo francês Alfred Binet, junto com Victor Henri e Théodore Simon, foi quem desenvolveu o primeiro teste para medir a capacidade intelectual. Em um primeiro momento, o teste foi destinado e aplicado nas escolas para mapear alunos com dificuldades na aprendizagem. Revelaria a idade mental da criança. Com isso, eles publicaram o teste Binet-Simon, que focava em habilidades verbais. Posteriormente, o psicólogo alemão William Stern definiu a expressão Quociente de Inteligência, QI, em 1912, com a denominação das expressões Idade Mental e Idade Cronológica, a fim de comparativos entre habilidade intelectual e a idade de uma pessoa, numérica, cronológica. Assim, o Quociente de Inteligência ou QI (abreviação) definido por Stern significa um fator que mede nossa inteligência por meio de testes específicos. Ele estudou o fator geral de inteligência humana, sendo aceito na diversidade dos testes psicométricos da atualidade. Já as escalas de inteligência foram estudadas e sugeridas pelo psicólogo Lewis Madison Terman, da Universidade Stanford, revisou a escala Binet-Simon, resultando nas escalas de inteligência Stanford-Binet (1916), sendo popular por muitas décadas nos Estados Unidos. Nesse estudo classificou resultados em que considerou o perfil de genialidade a pontuação dos testes acima de 140 e pontuações inferior a 70, pessoas de raciocínio lento. David Wechsler, em 1939, criou o teste direcionado exclusivamente para adultos, chamado de Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, passando por diversas revisões desde então. Autor de uma das baterias mais famosas e usadas ainda na atualidade para avaliar habilidades cognitivas, a Wechsler Intelligence Scales, tanto na versão adulta (WAIS) quanto na versão infantil. A seguir a escala de classificações do teste por nível de inteligência: • Igual ou superior a 130: superdotação • 120 – 129: inteligência superior • 110 – 119: inteligência acima da média • 90 – 109: inteligência média • 80 – 89: normal fraco • 70 – 79: limite da deficiência • Igual ou inferior a 69: deficiente mental 8 Podemos dividir os conceitos de inteligência e QI. No mundo da ciência, o termo inteligência geralmente se refere ao que poderíamos chamar de inteligência cognitiva ou acadêmica. A inteligência pode ser compreendida como o conjunto de habilidades cognitivas ou intelectuais fundamentais para elaborar novos conhecimentos, utilizando- os de uma maneira coerente para resolver efetivamente problemas de diversas ordens. Um quociente de inteligência ou QI é uma pontuação derivada de um conjunto de testes padronizados desenvolvidos para medir as habilidades cognitivas de uma pessoa (“inteligência”) em relação à sua idade. Está relacionado a pontuações resultantes de vários testes padrões de inteligência. Sendo assim, nosso desempenho cognitivo é medido pelo QI. Na atualidade, vem se repensando o quanto é de valia usar apenas resultados dos testes de QI para definir a empregabilidade ou carreira de profissionais. Um posicionamento sensato de quem avalia perfis por meio de tais testagens de QI e tem tal poder de decisão no processo de contratação é mesclar baterias de testes que possam aferir demais inteligências, uma vez que possuímos múltiplas delas, o que vamos estudar na continuidade. Esse comportamento vem se mostrando presente em meios acadêmicos e corporativos. Sendo assim, os testes mensuradores de QI não devem predizer por si só o quanto profissionais estão aptos a exercer determinadas funções de nível intelectual e comportamental. O contexto atual deve se utilizar de ferramentais que vão além do quociente de inteligência. Já não cabe mais um indicador (QI) apenas para profissionais obterem seus passaportes de carreira. Ser respeitoso com o ser humano é avaliá-lo em seu todo. Possuímos técnicas e recursos psicológicos para atender esse mapeamento, que vai desde as características de personalidade até temperamento. TEMA 3 – INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS No início da década de 1980, Howard Gardnerse tornou conhecido especialmente no mundo acadêmico por sua teoria sobre Inteligências Múltiplas. Em 1983, publicou seu livro Frames of mind, editado em português com o título de Estruturas da mente, no qual expôs a Teoria das Inteligências Múltiplas. A proposta de Gardner agregou um novo conceito de inteligência, desde então. Muitos contextos de ensino puderam modificar seus olhares e práticas sobre as diversas formas de estímulos ao desenvolvimento intelectual. Sobre as Inteligências Múltiplas, Gardner teorizou nove Inteligências: 9 • A lógico-matemática: habilidade para lidar com uma linha de raciocínio, a pessoa orienta-se por padrões, ordem e sistematização. Inteligência presente em matemáticos, físicos e estatísticos, profissionais de área lógica. • Inteligência linguística: está relacionada ao domínio da linguagem ao se comunicar com os outros, a capacidade de usar a escrita e a fala, mostrando desenvoltura na expressividade. Articulam bem os pensamentos e as palavras. As pessoas conseguem analisar conteúdos, informações e produzir materiais como livros, artigos etc. Profissionais que expressam essa inteligência são os jornalistas, políticos, escritores, poetas, entre outros. • Inteligência físico-cinestésica: capacidade de utilizar os movimentos corporais nas atividades do dia a dia, para a resolução de problemas e construção de algum produto. Executa diretamente. Dançarinos, atletas, cirurgiões e mecânicos se valem dela. • Inteligência interpessoal: capacidade para compreender as perspectivas, desejos e necessidades de outros e relacionar-se bem com eles. Encontrada nos vendedores, líderes religiosos, políticos, professores. • Inteligência intrapessoal: capacidade de se conhecer, de estar bem consigo mesmo, de conseguir administrar os próprios sentimentos, de se conhecer e de usar essas informações para alcançar objetivos pessoais. • Inteligência musical: capacidade de se expressar por meio da música, ou seja, dos sons organizando-os de forma criativa a partir dos tons e timbres. • Inteligência espacial: está associada ao sentimento de direção, à capacidade de formar um modelo mental e utilizá-lo para se orientar. É importante tanto para navegadores como para cirurgiões ou escultores. Presente em atletas, dançarinos e diversos artistas. • Inteligência natural: sensibilidade para o reconhecimento de uma espécie da natureza, para em seguida classificá-la. É característica de paisagistas, arquitetos e mateiros, por exemplo. • Inteligência existencial: pessoas com capacidades filosóficas, que refletem sobre a existência e a vida humana. Nossas inteligências precisam ser estimuladas independente da idade que possuímos. 10 Gardner deixou testes e padronizações de lado. Sua intenção sempre foi defender e ampliar o conceito de uma inteligência que não pode ser “mensurada” e se manifesta de forma prática. Para Gardner, cada indivíduo nasce com um vasto potencial de talentos ainda não moldado pela cultura, o que só começa a ocorrer por volta dos 5 anos. Segundo ele, a educação costuma errar ao não levar em conta os vários potenciais de cada um. Além disso, é comum que essas aptidões sejam sufocadas pelo hábito nivelador de grande parte das escolas. Afirma que podemos classificar como inteligência o potencial para processar informações que pode ser ativado ou não a partir da “configuração cultural” do meio em que se vive, ou seja, toda habilidade ou conjunto de habilidades (capacidade) das quais dispõe um indivíduo que poderá desenvolvê-las, permitindo-lhe a resolução de problemas e a elaboração de produtos valiosos numa cultura (Gardner, 1995). TEMA 4 – CARREIRA EXECUTIVA E COACHING DE LIDERANÇA Na aula anterior, abordamos o tema coaching e seus estilos no mercado. Mais especificamente trataremos aqui o processo de coaching para líderes, seus objetivos e premissas, os impactos e vantagens competitivas o profissional que tramita pelo processo. O tema liderança é debatido nos dias atuais e mundialmente por empresas de todos os nichos, públicas, privadas etc. A liderança é relevante e relaciona-se à gestão, governança, poder de comando, autoridade, prestígio, controle da própria vida, pois o indivíduo pode assumir papéis de liderança no trabalho, na família, no meio social. A organização que possui lideranças com cultura de alto desempenho, utilizando o coaching executivo, oferece condições para que as equipes se tornem “equipes que aprendem” (learning teams); essas equipes se tornam mais competitivas e velozes ao apresentar respostas as demandas que lhe cabem. O aumento do capital humano só é possível quando existe ações para o desenvolvimento de competências. Tais hábitos encontramos em empresas que adotam modelos de avaliação de desempenho. Os resultados possibilitam feedbacks entre gestor e colaborador e a criação de trilhas de aprendizagem. Uma forte metodologia para o auxílio progresso individual. Jack Welch, ex-presidente e CEO da General Electric, apostava que o líder do futuro seria um coach (Welch, 2005). 11 Este é o cenário previsto por Welch, extremamente competitivo, inovativo, alternativo, em que profissionais líderes precisam se concentrar em entregas de alto desempenho e no alcance de novas expertises para atuar com superação frente aos desafios que lidam. O líder que atua como um coach apresenta maturidade intelectual, social, emocional e profissional. Seu perfil é sensato na maior parte do tempo ao tomar decisões, reflete antes das ações, dá feedback constante e sua gestão é compartilhada. O fato de o coaching ajudar líderes em suas posições a prosperarem, significa que tal modelo estratégico de desenvolvimento faz refletir sobre os modelos mentais das lideranças, o que pensam sobre suas equipes, como estão liderando, o que essas equipes esperam de seu líder. Mas a responsabilidade pela formação da equipe compete a ambos, líder e liderado. Os papéis que cada uma assume e a seriedade ao conduzir-se no âmbito carreira dependerá o seu sucesso e a longevidade de negócios. 4.1 Papéis de um líder coach • Partner estratégico – Realiza parcerias, cria alianças para a solução de problemas. Analisa cenários e propicia recursos para a equipe alcançar melhores resultados. Um líder colaborativo, generoso, que pensa no outro e transmite conhecimentos ao seu time, pensando sempre em agregar e desenvolver potenciais alheios. • Reconhece o potencial de seus liderados – Ressalta pontos fortes e enfatiza para cada um na equipe, contribui para que as pessoas sejam gestoras de suas próprias vidas, responsáveis por suas escolhas. • Lapidador de talentos – Faz emergir os recursos internos de cada colaborado,r trazendo à tona seus potenciais até então escondidos ou adormecidos. Gera aprendizado. • Atua com foco no desenvolvimento das pessoas – Capacidade de motivação, adaptação, inteligência emocional, inteligência social, resiliência, inovação, entre outras. • Tem poder de escuta e não julga o outro – Respeita o outro independente se compartilha com a mesma opinião ou não. Quando a equipe se sente respeitada, é comum receber orientações e acatar. 12 • Cria conexões – Estabelece vínculos empáticos. AIinha expectativas, compreende e mostra-se interessado na perspectiva de seus colaboradores. • Gera confiabilidade – Preserva as informações recebidas, conversa com sua equipe individualmente, cumpre com a palavra dada, segue protocolos estabelecidos com as partes. Em muitos cenários empresariais, presenciamos lideranças em seus mais diversos modelos: líderes funcionais, voltados aos processos, líderes hierárquicos, que assumem maior poder de mando, autonomia e decisão estratégica e gestores em seu nível de desenvolvimento máximo com foco na formação individual e acadêmica e na performance construída constantemente, que os fazem se destacar dosdemais. Esse último poder ser considerado o perfil que Welch ressaltava, o Líder Coach. Na concepção da liderança coaching, duas abordagens são de extrema importância para a prosperidade das empresas. O líder precisa ter vontade e determinar-se a analisar seu estilo de liderar. Essa premissa está embutida no coaching, em que o objetivo do programa é formar futuros líderes e maturar competências comportamentais nos mesmos. O mundo dos negócios evoluiu, a liderança foi modernizada e precisa-se de líderes mais atualizados, preparados para o “novo”, engajados em tomadas de responsabilidade, geradores de resultados de excelência, junto as pessoas que lideram. O profissional líder que se desenvolve na linhagem do coaching compreende- se, conhece as demais personalidades que gere e se interessa pelo desenvolvimento alheio, traz assuntos promissores e compartilha em seu contexto profissional, faz conversa coaching para provocar nos liderados mudanças de atitudes que se façam necessárias. As conversas são embasadas em perguntas para gerar no outro respostas que possam agregar em sua jornada. O líder coach ensina e dissemina aprendizados que obteve ao longo de sua caminhada de liderança, é um processo de multiplicação de conhecimentos por lideranças hierarquizadas. Tichy chama de DNA da Organização (Tichy, 1997). Esse comportamento de líder que ensina fornece estímulos para a empresa manter-se atualizada em seu todo e madura para planos de sucessão. Representa gerar ambientes que oportunizem carreiras em um longo plano. 13 4.2 Capital intelectual e alta performance 4.2.1 Capital intelectual O meio corporativo se transformou nos últimos 20 anos. O termo capital se relaciona com os bem mais importantes da empresa. De um lado, os bem materiais, recursos, tecnologias, financeiro, sistemas e de outro, as pessoas, as equipes. A junção de habilidades comportamentais e técnicas, teóricas, conceituais é vista como estratégia na organização, por atribui-se essa soma ao capital intelectual. Falamos sobre inteligência e sua diversidade anteriormente e, fazendo referência ao assunto, pode ser compreender ainda o capital intelectual como a soma da grande riqueza do nosso intelecto e habilidades desde as relacionais como as pensantes, ambas se traduzem no comportamento humano. A grande riqueza de uma corporação é o capital intelectual, fator humano puro, podendo ser observado nos resultados produzidos durante uma história. Pessoas produzindo por meio de suas destrezas mentais e físicas resultados efetivos. O capital intelectual é de cada indivíduo, ele adquire com investimento que faz ao longo de seu percurso, a maneira como cada um de nós cuida, conduz e gerencia sua vida e carreira determina o quanto de potencial intelectual possui. Jack Groppel, PhD, associou o executivo da atualidade a um atleta, trazendo o termo atleta corporativo, refletindo sobre o perfil deste em nosso momento, um profissional que se destaque por sua resiliência, que não perca o jogo, que tome decisões acertadas, que ganhe o jogo. Uma pessoa que esteja preparada para disputar partidas todos os dias e não somente de vez em quando. E, para que exista esse executivo de sucesso em várias esferas, é fundamental dar a ele apoio, recursos internos da organização para que de fato atinja a excelência nos negócios (Groppel, 1999). A liderança estratégica e de pessoas deve criar cultura de capacitar seus liderados, logicamente aos que tem interesse, para que que não apenas “sobrevivam” na empresa, mas que funcionem no modelo de performance, absorvendo o máximo sua inteligência cognitiva e atitudes sobrelevadas. O objetivo aqui é atuar se superando fortemente por meio de desenvolvimento de seus potenciais. O líder que promove tal espaço evita desperdícios e as entregas do time fortalecem o conjunto organizacional. Os estudos seculares de empresas e liderança de pessoas nos proporciona hoje uma jornada fortalecida de como devemos lidar com o ser humano, em uma 14 relação de mais interação e respeitabilidade. Referenciamos aqui a figura do Gestor Coach, sendo capaz de alavancar um clima promissor, com atitudes de personalizar a individualidade humana e não generalizar em massa a intelectualidade que é de cada um. Esse líder é impulsionado a formar pessoas e equipes de excelência. 4.2.2 Performance No mundo global de negócios, sobrevive quem está na melhor forma e as competências individuais aqui ganham cada vez mais significância. Com a globalização e mercados exponenciais, as exigências e regras são distintas do ontem, espera-se times mais versáteis, inovativos, focados em resultados, altamente produtivos. Espera-se que o líder de hoje seja alguém que ultrapasse o modelo de apenas “dar ordens”. Que possa gerar mudanças duradouras e de grande impacto positivo as empresas que faz parte. Em um momento econômico complexo que vivemos, as empresas estão se posicionado com mais exigência e critérios ao trazer nossos profissionais para assumir determinadas funções principalmente cargos de liderança, tendendo a filtrar com mais critérios colaboradores para sucessão ou promoção. Os indicadores para elencar quem tem elevada performance mudaram. Somente formação técnica já não basta, as buscas hoje são por habilidades pessoais, como o autogerenciamento, a autorresponsabilidade, a estabilidade emocional, comunicação e negociação estratégica, capacidade de estabelecer vínculos, disponibilidade para aprender o novo, objetivos, metas e propósitos definidos, um olhar sistêmico para sua vida, o autocuidado, visão antecipada e ações à frente, evitando problemas de diversas ordens, disciplina, respeitabilidade, atitudes de generosidade e colaboração, pensamento claro e ideias organizadas, práticas profissionais com dedicação e evolução pessoal sempre. O chamado hight potential, termo que é dado ao alto nível de potencial que profissionais entregam em suas empresas. Quando se fala em gestão mais humana, interpreta-se como a capacidade de uma empresa em lidar com pessoas em todas as suas particularizações, visualizá-las como agentes facilitadores, transformadores, mobilizadores, que provoque a contínua evolução empresarial. A performance tem relação com o movimento que cada um de nós faz em busca de objetivos mais ousados. 15 TEMA 5 – ORGANIZAÇÕES QUE APRENDEM O termo learning organization (organizações que aprendem) foi criado por Peter Senge e ressalta o modelo de gestão por aprendizado. Empresas são consideradas organismos vivos, que evoluem e se adaptam aos ambientes. Ao contrário de empresas estáticas, que possuem em cada escalão o poder de ordem (Senge, 2013). Esse modelo retrata bem o momento de mercado em que estamos vivendo, no qual a adaptação às mudanças e inovação é competência essencial para o sucesso. As organizações que aprendem estão pautadas na concepção de que são as pessoas responsáveis pelos seus próprios aprendizados. O processo é individual, sendo possível por meio do estilo de liderar. A nova cultura do aprendizado vai propiciando novos hábitos nos colaboradores, sendo possível a organização receber impactos positivos no dia a dia. É possível, assim, realizar a gestão de mudanças com sustentabilidade, crucial para essa era volátil que todos estamos inseridos. Peter Senge identificou cinco disciplinas para uma organização que aprende (learning organization), com o objetivo de ajudar as pessoas a se tornarem participantes ativos na compreensão de sua realidade no presente e na modelagem para o futuro. 1) Pensamento sistêmico 2) Maestria pessoal dos colaboradores 3) Modelos mentais 4) Visão compartilhada 5) Aprendizado em equipe (Senge, 2013) As pessoas precisam de estruturas e sistemas que conduzam à aprendizagem, reflexão e engajamento. O conceito de learning organization identifica o líder como facilitador,que utiliza o feedback como ferramenta de aprendizagem. O conceito de teaching organization define o líder que assume o papel de professor junto às suas equipes, auxiliando outras lideranças a adquirirem know-how. Compreende-se que uma organização que se utiliza desses dois modelos é proativa, adaptável, aprende constantemente com seus erros e posiciona-se com mais maturidade para o que está por vir. O capital humano é mais valorizado e evoluído. 16 5.1 Equipes autossuficientes As equipes autossuficientes se mostram nos ambientes de lideranças que implementam novos aprendizados junto aos seus liderados. A mudança de cultura só é possível quando líderes a iniciarem. A grande parte dos liderados necessitam de desenvolvimento. Muitos são como pedras preciosas que ainda precisam de lapidação. A responsabilidade pela formação de futuros líderes deve ser dos gestores imediatos. Sendo assim, a empresa não precisa ser sobrevivente, mas, sim, adotar um modelo de superação, pois os liderados poderão usar mais seus potenciais e sua autoestima aumentará, na medida em que a empresa tem outros desafios e metas mais ousadas. Quanto mais dominamos novas competências, mais satisfação pessoal e gosto por continuar. A liderança não é um dom nato, ela pode ser aprendida e multiplicada. Líderes devem ser modelos de referência. John Maxwell defende que o compromisso de líderes em desenvolver suas equipes garante o crescimento contínuo da organização e das pessoas. Ensinar os outros é uma condição de disposição e não de posição (Maxwell, 2007). Portanto, aprendemos ensinando e o contrário também é verdadeiro. Pense nisso e se você for um profissional que busca a liderança estratégica, lembre-se do modelo de liderar apresentado nessa aula. 17 REFERÊNCIAS ANTUNES, C. As inteligências múltiplas e seus estímulos. São Paulo: Editora Papirus, 2020. BRAHAM, J. B. 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Universidade de Indiana: Editora Arno Press, 1973. v. 33. (Classics in Psychology) STERN, W. Psicologia Geral. Lisboa: Editora Calouste, 1971. TICHY, N.; COHEN, E. The leadership engine. New York: Harper Collins,1997. WECHSLER, D.; NASCIMENTO, E. Livro de estímulos: escala de inteligência. Londres: Editora Pearson, 2001. WECHSLER, D. The measurement and appraisal of adult intelligence. Editora Andesite Press, 2015. WELCH, J.; WELCH, S. Paixão por vencer. Rio de Janeiro: Editora Alta Books, 2005. 18 WELCH, J.; BYRNE, J. A. Jack definitivo: segredos do Executivo do Século. São Paulo: Editora Campus, 2001.
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