Buscar

Direito Penal-Aula 01(Material de Apoio)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 1 | 31 
01 – Princípios e Teoria da Norma 
 
RESUMO 
 
DICAS DE REVISÃO 
 
Princípio da Legalidade 
 
 Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal (art. 5º, XXXIX da CRFB e Art. 1º do CP). 
 
 A competência legislativa sobre Direito Penal é privativa da União (art. 22, I, 
do CP). 
 
 Medida provisória sobre Direito Penal? Art. 62, §1º, I,b X STF RE 254.818-
PR 
 
 
MEDIDA PROVISÓRIA PODE BENEFICIAR O RÉU? 
Um dos princípios fundamentais do Direito Penal é a legalidade (CRFB, art. 5º, 
inc. XXXIX; CP, art. 1º). Assim, crimes e penas dependem da existência de lei 
em sentido estrito para terem respaldo no ordenamento jurídico, uma vez que 
somente esta observa a garantia do vox Populi (lei aprovada pelo parlamento). 
Observa-se, ainda, a previsão da legalidade na Convenção Americana de 
Direitos Humanos: Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no 
momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o 
direito aplicável (art. 9º). 
Em decorrência disso, medidas provisórias não podem, consequentemente, 
descrever crime ou pena ou mesmo cuidar diretamente de qualquer aspecto 
punitivo penal (CRFB, art. 62, § 1.o, I, b). 
Em 2014, o Exame da OAB questionou o seguinte: 
O Presidente da República, diante da nova onda de protestos, decide, por meio 
de medida provisória, criar um novo tipo penal para coibir os atos de 
vandalismo. A medida provisória foi convertida em lei, sem impugnações. Com 
base nos dados fornecidos, assinale a opção correta. 
a) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais por 
meio de medida provisória, quando convertida em lei. 
b) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais por 
meio de medida provisória, pois houve avaliação prévia do Congresso 
Nacional. 
c) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não é possível a criação de 
tipos penais por meio de medida provisória. 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 2 | 31 
d) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não cabe ao Presidente da 
República a iniciativa de lei em matéria penal. 
 
A questão registra ofensa ao subprincípio da reserva legal, pois em matéria 
penal somente LEI EM SENTIDO ESTRITO (Diploma legal emanado do Poder 
Legislativo, vox populi) pode criar tipos penais, não podendo haver a criação de 
tipo penal por meio de decretos, medidas provisórias etc. Portanto, a alternativa 
correta é a letra C. 
 
Superada a questão literal, vamos enfrentar a seguinte pergunta: As medidas 
provisórias poderiam beneficiar o réu? 
Embora as medidas provisórias não possam abordar o direito penal, surge a 
questão se é possível que em algum momento o acusado poderia se beneficiar 
dos efeitos de uma medida provisória? Os tribunais superiores já enfrentaram o 
tema e possuem entendimentos diversos. Confira o quadro abaixo: 
STF STJ 
Medida provisória pode beneficiar 
o réu 
Medida provisória 
NÃO pode beneficiar o réu - 
RE 254.818-PR, rel. Sepúlveda 
Pertence – Reconheceu os efeitos 
benéficos introduzidos pela Medida 
Provisória 1.571/97 (6ª e 7ª edições –
permitiram o parcelamento de débitos 
tributários e previdenciários, com 
efeito extintivo da punibilidade). 
REsp 270.163, rel. Gilson Dipp, j. 
06.06.2002, DJU 05.08.2002, p. 373, 
que refutou a aplicabilidade da MP 
1.571, nos crimes previdenciários). 
 
 
Reflexão: Ora, se o direito penal permite analogia, costumes e abraça até 
causas supralegais para afastar o delito, com mais razão é de ser reconhecer a 
possiblidade da medida provisória beneficiar o réu, como manifestação de um 
interpretação constitucional superior a mera formalidade. 
Logo, o candidato deve ficar atento, pois ao se deparar com uma questão 
objetiva que esteja fundamentada apenas na letra da lei, deverá afirmar que é 
proibida a edição de medida provisória no direito penal, pois o papel 
incriminador é exclusivo da reserva legal. 
Lado outro, caso seja questionado sobre a possibilidade conforme a 
jurisprudência, a resposta deve ser positiva, na medida em que o STF já 
aceitou tal possibilidade, desde que a medida seja para beneficiar o réu. 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 3 | 31 
 
 Lei delegada não pode veicular matéria penal (art. 68, §1º, II, da CRFB. 
 
O que não posso esquecer sobre o princípio da legalidade? 
 É proibida analogia contra o réu 
 É proibido o costume incriminador 
 É proibida a criação de tipos penais vagos e indeterminados 
 É proibida a aplicação de lei penal incriminadora para fatos praticados antes 
de serem considerados crimes (antes da vigência). 
 
 Na contagem dos prazos, leva-se em consideração o dia do final, excluindo-
se o do começo (errado). 
 
 No tocante à prescrição, é correto afirmar que o dia do começo não se inclui 
no cômputo do prazo – errada (FCC – Juiz de Direito/GO/2012). 
 
 Não é possível, em face da própria conduta, que o agente seja sujeito ativo 
e passivo do mesmo crime. Pode ocorrer, no entanto, que seja sujeito ativo 
em decorrência de sua conduta e sujeito passivo da conduta de terceiro no 
mesmo contexto fático (rixa). 
 
NORMA PENAL EM BRANCO: 
Conceito, classificação e exemplos. 
 
Conceito básico 
Norma penal em branco é aquela que exige, prevê um complemento em outro 
lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 4 | 31 
ESPÉCIE CONCEITO EXEMPLO 
 
PRÓPRIA, 
SENTIDO 
ESTRITO, 
HETEROGÊNEA 
 
O complemento normativo não é 
indicado pelo legislador. 
 
 
A lei de drogas indica o 
crime, a Resolução da 
ANVISA indica as 
substâncias (atualmente 
é a Resolução n. 
178/2002). 
 
IMPRÓPRIA, 
SENTIDO AMPLO, 
HOMOGÊNEA 
 
 
O complemento normativo é 
indicado pelo legislador 
Os crimes contra a 
administração pública 
indicam que o sujeito 
ativo é o funcionário 
público, mas não 
conceituam. O artigo 
327 do Código Penal 
conceitua o que é 
funcionário público, para 
fins penais. 
 
INVERTIDA, 
AO REVÉS, 
AO AVESSO 
 
O complemento faltante é o 
preceito secundário, a pena 
 
A lei do genocídio (Lei n. 
2.889/56) indica os 
crimes, mas as penas 
estão remetidas aos 
dispositivos Código 
Penal. Na lei do 
genocídio, as condutas. 
No Código Penal, as 
penas. 
 
 
 
AO QUADRADO 
A lei precisa de 02 (dois) 
complementos para ficar 
completa. Isso porque, o primeiro 
complemento não é suficiente, 
sendo necessário o segundo 
complemento para que o 
conceito esteja perfeito. 
 
Confira abaixo. 
 
Vamos ao exemplo: 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 5 | 31 
O artigo 38 da Lei n. 9.605/98 prevê o crime “Destruir ou danificar floresta 
considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-
la com infringência das normas de proteção”. 
 
O que é floresta de preservação permanente? A Lei n. 9.605/98 não diz, nem 
indica o complemento. Por sua vez, o artigo 6º da Lei n. 12.651/2012 indica 
noticia que as florestas de preservação permanente são declaradas pelo ato do 
Chefe do Poder Público Municipal: “Consideram-se, ainda, de preservação 
permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do 
Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formasde 
vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades”. 
 
Como se vê, para se chegar ao crime previsto no artigo 38 da Lei n. 9605/98, 
são necessários 02 (dois) complementos, uma vez que a Lei n. 12651/2012 
indica os critérios e autoriza que ato do chefe do Poder Executivo municipal 
aponte (declare) quais são as florestas de preservação permanente. 
 
Finalmente, importante observar que a norma penal em branco homogênea 
(imprópria, sentido lato, amplo).é subdividida em homovitelina e 
heterovitelina: 
 
A norma penal HOMOVITELINA é aquela em que o complemento legislativo 
está na mesma estrutura típica. A lei penal é complementada pela lei penal. 
Ex.: O artigo 304 do Código Penal é complementado pelo artigo 297 também 
do CP. 
 
A norma penal HETEROVITELINA é aquela em que o complemento legislativo 
está em outra estrutura típica. A lei penal é complementada pela lei extra penal. 
Ex.: O crime de bigamia (art. 235 do CP) precisa do complemento do Código 
Civil (art. 1.521) que indica os impedimentos para casamento. 
 
Princípio da intervenção mínima 
 fragmentariedade (abstrato, legislador) 
 subsidiariedade (concreto, julgador) 
 
 
Princípio da ofensividade 
 
REGRA 
 A autolesão é fato atípico 
 
EXCEÇÕES 
 Se a autolesão for causada com fim de fraudar seguro caracteriza 
estelionato (art. 171, §2º, V, do CP. 
 Se a autolesão for causada para que o convocado seja inabilitado do 
serviço militar (art. 184 do CPM). 
 
Princípio da culpabilidade 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 6 | 31 
a) Elementar do crime (pressuposto de pena) 
b) Princípio da responsabilidade subjetiva – art. 18, par. único, do CP) 
c) Grau da pena – art. 59 do CP. 
 
Princípio da intranscendência da pena 
 
Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação 
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, 
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido; 
 
A multa não é obrigação de reparar o dano, não se destina à vítima. A multa 
é espécie de PENA e, portanto, não pode ser executada em face dos 
herdeiros, ainda que haja transferência de patrimônio. Neste caso, com a 
morte do infrator, extingue-se a punibilidade, de forma que a pena de 
multa não pode ser executada. 
 
Princípio da confiança 
 
Afasta a tipicidade penal, quando a conduta, ainda causadora de uma violação 
ao bem jurídico, ocorreu com base na expectativa que o terceiro se 
comportasse como normalmente se espera. 
 
QUESTÃO 02 
 
Jane, dirigindo seu veículo dentro do limite de velocidade para a via, ao efetuar 
manobra em uma rotatória, acaba abalroando o carro de Lorena, que, 
desrespeitando as regras de trânsito, ingressou na rotatória enquanto Jane 
fazia a manobra. Em virtude do abalroamento, Lorena sofreu lesões corporais. 
Nesse sentido, com base na teoria da imputação objetiva, assinale a afirmativa 
correta. 
a) Jane não praticou crime, pois agiu no exercício regular de direito. 
b) Jane não responderá pelas lesões corporais sofridas por Lorena com base 
no princípio da intervenção mínima. 
c) Jane não pode ser responsabilizada pelo resultado com base no princípio 
da confiança. 
d) Jane praticou delito previsto no Código de Trânsito Brasileiro, mas poderá 
fazer jus a benefícios penais. 
 
Gabarito: c 
 
 
Principio da adequação social (Hanz Wezel) 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 7 | 31 
O princípio da adequação social é aplicável na comercialização de CDs e 
DVDs piratas? 
Súmula 502: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em 
relação ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a 
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. 
Princípio da insignificância 
 Exclui a tipicidade material. 
Requisitos exigidos pelo STF (MIRA): 
 M - ínima ofensividade da conduta do agente 
 I - nexpressividade da lesão jurídica sofrida 
 R - eduzido grau de reprovabiliddade da conduta 
 A - usência de periculosidade social da ação. 
NÃO CABE INSIGNIFICÂNCIA 
 Lesão corporoal (STJ – AgRg no AREsp 19.042) 
 Crime de moeda falsa 
 Furto qualificado 
 Moeda falsa 
 Outros crimes envolvendo a fé pública (STf n. HC 117638) 
 Tráfico de drogas 
 Posse ou porte de armas 
 Crimes militares 
 Contrabando (Se liga – Policia Federal) 
 Estelionato contra o INSS 
 Estelionato envolvendo o FGTS 
 Estelionato envolvendo seguro-desemprego 
 Porte para consumo 
 É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções 
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 
(STJ: Sumula n. 589). 
 O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a 
Administração Pública. (STJ: Sumula n. 599) 
CUIDADO COM ISSO! 
Em relação ao crime de descaminho há um entendimento próprio, no sentido 
de que é CABÍVEL o princípio da insignificância, pois apesar de se encontrar 
entre os crimes contra a administração pública, trata-se de crime contra a 
ordem tributária. 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10615003/artigo-184-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10614914/parágrafo-2-artigo-184-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/código-penal-decreto-lei-2848-40
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 8 | 31 
Qual o patamar considerado para fins de insignificância em relação a tal 
delito? 
 
STF – o fato de as Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda terem aumentado 
o patamar de 10 mil reais para 20 mil reais produz efeitos penais. Logo, o novo valor 
máximo para fins de aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários 
passou a ser de 20 mil reais. Precedentes: STF. 1ª Turma. HC 120617, Rel. Min. Rosa 
Weber, julgado em 04/02/2014. STF. 2ª Turma. HC 120620/RS e HC 121322/PR, Rel. 
Min. Ricardo Lewandowski, julgados em 18/2/2014. 
 
STJ - Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de 
descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 
20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com 
as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da 
Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado 
em 28/02/2018 (recurso repetitivo). 
 
QUESTÃO 03 
Analista Jurídico - DPE-RS - O que nos parece é que as duas dimensões do 
bem jurídico-penal ― a valorativa e a pragmática ― apresentam áreas de 
intensa interpenetração, o que origina a tendencial convergência entre elevada 
dignidade penal e necessidade de tutela penal, assim como, inversamente, 
entre reduzida dignidade penal e desnecessidade de tutela penal. 
Nesse tópico, o tema central do raciocínio da jurista portuguesa radica 
primacialmente no campo da ideia constitucional de 
 
Alternativa correta: Proporcionalidade 
 
09. Princípio da humanidade 
 
 A pena não pode violar a dignidade da pessoa humana; 
 Qualquer pena que produza efeito permanente é inconstitucional 
 Não haverá penas (art. 5º, XLVII): 
o De morte, salvo em caso de de guerra de clarada, nos termos do 
artigo 84, XIX; 
o De caráter perpétuo; 
o De trabalhos forçados; 
o De banimento; 
o cruéis 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 9 | 31 
(Eficácia temporal da lei) 
 
A lei penal entra em vigorda mesma forma que as demais leis do País: na data 
da sua publicação ou no dia posterior à vacância – vacatio legis, quando o 
legislador a estabelece. Se a lei nada diz sobre sua vigência, entra em vigor 45 
dias após a publicação. 
 
Uma vez publicada (e principalmente quando entra em vigor) deveria ser 
conhecida por todos. Tal cognição generalizada da lei, entretanto, não passa 
de uma mera ficção. Apesar de que a ninguém é dado alegar ignorância da lei 
(seu desconhecimento é inescusável – CP, art. 21), fato é que as pessoas não 
conhecem o teor dos textos legais. 
 
Toda lei penal vigora formalmente até que seja revogada (total ou 
parcialmente) por outra ou até que alcance o fim do seu prazo de vigência, 
quando se trata de lei excepcional ou temporária (CP, art. 3º). 
 
A possibilidade de revogação da lei cria inúmeras situações acerca de qual 
deve ter incidência nos casos em que um fato criminoso aconteceu sob a égide 
de uma lei e a investigação, o processo, a sentença ou a execução ocorrem 
quando outra se encontra em vigor (mais favorável ou mais prejudicial ao réu). 
Assim, entre a data do fato e a data final do cumprimento da pena podem ter 
entrado em vigor uma ou mais leis. 
 
O tema é objeto do direito penal intertemporal e tem incidência sempre que 
tivermos uma sucessão de leis penais. Mas, antes de se entrar nessa questão, 
convém analisarmos acerca da vigência, validade, repristinação, revogação, 
invalidade e duração da lei penal. 
 
Vigência, repristinação, duração e revogação da lei penal 
 
A lei penal vigora (no plano formal), como dito, enquanto não for revogada 
(formalmente) por outra lei, ou seja, enquanto não cessar (finalizar) a sua 
vigência formal. 
 
A revogação acontece por meio de outra lei e compreende tanto a ab-rogação 
(revogação total) como a derrogação (revogação parcial). 
 
A revogação ou derrogação pode ser expressa ou tácita. 
 
 EXPRESSA - quando a lei nova retira a força da lei precedente de modo 
categórico (esta lei revoga a lei número tal). 
 
 TÁCITA quando a lei nova é incompatível com a literalidade da anterior. A 
lei pode perder eficácia também diante do advento de uma nova 
Constituição (ou de uma nova emenda constitucional). 
 
 
OLHA SÓ!!! 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 10 | 31 
 O sistema jurídico brasileiro não admite a repristinação automática de 
nenhuma lei, isto é, uma lei nova (lei C), quando revoga uma outra (lei B), 
não está repristinando (automaticamente) o conteúdo legislativo (da lei A) 
que havia sido revogada por essa última (lei B). Em outras palavras: a lei B 
revogou a lei A. Quando a lei C revoga a lei B, não está repristinando 
naturalmente o conteúdo original da lei A. 
 Pelo que se pode perceber, a repristinação é constituída de pelo menos três 
leis, lembrando que não se constitui repristinação o surgimento de uma 
nova lei com a mesma redação ou tratando de assunto semelhante à outra 
existente anteriormente. 
 
Vigência e validade da lei 
 Não se pode confundir a vigência (formal) de uma lei com sua validade 
substancial (esta última consiste na sua compatibilidade com a Constituição 
e com os tratados de direitos humanos). Uma lei para entrar em vigor (para 
ter vigência) basta ser aprovada pelo Parlamento, sancionada pelo 
Presidente e publicada no Diário Oficial. Uma vez publicada e passado o 
período de vacância, caso exista, inicia sua vigência. Não havendo 
nenhuma vacância (vacatio) a ser observada, a lei começa a ter vigência de 
forma imediata (assim que publicada). Vigência, como se vê, é um 
conceito que se desenvolve no plano formal. 
 
 Nem toda lei vigente é válida. O modelo do Estado de Direito constitucional 
e internacional, que é garantista, rompe com o velho esquema do 
positivismo clássico (Kelsen) e passa a distinguir a vigência da validade. 
 
 Somente pode ser válida a lei (vigente) que conta com compatibilidade 
vertical com a Constituição (ou seja: a lei que atende às exigências 
formais e materiais decorrentes da Magna Carta) bem como com os 
tratados de direitos humanos (que gozam de status supralegal – cf. voto 
do Min. Gilmar Mendes, STF, no RE 466.343-SP). 
 
 O provecto positivismo clássico confundia os planos da vigência e da 
validade. Dizia-se que lei vigente é lei válida, desde que tenha seguido o 
procedimento formal da sua elaboração. Não se compreendia, nesse 
tempo, a complexidade do sistema constitucional e democrático de direito, 
que conta com uma pluralidade de fontes normativas hierarquicamente 
distintas (Constituição, tratados internacionais de direitos humanos e direito 
ordinário). 
 As normas que condicionam a produção do direito penal (e de todo o 
ordenamento jurídico) não são só formais (maneira de aprovação de uma 
lei, competência para editá-la etc.), senão também e, sobretudo, 
substanciais (princípio da igualdade, da intervenção mínima, da 
ofensividade, preponderância dos direitos fundamentais, respeito ao núcleo 
essencial de cada direito etc.). 
 As normas substanciais constituem limites que não podem ser 
ultrapassados pelo legislador derivado. A produção do Direito está agora 
condicionada tanto formalmente como pelos limites materiais (ou 
substanciais). 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 11 | 31 
 
EXEMPLO 
A norma que proibia a progressão de regime em crimes hediondos, por mais 
que fosse inatacável do ponto de vista formal (vigência), não possuía validade 
(ou seja: compatibilidade vertical com o princípio da individualização da pena, 
contemplado na CF, art. 5.º, XLVI). Acabou sendo declarada inconstitucional 
pelo STF (HC 82.959). As normas que previam a prisão civil do depositário 
infiel não eram válidas porque incompatíveis com o art. 7º, 7 da CADH (e art. 
11 do PIDCP) – cf. STF RE 466.343-SP. 
 
 
Revogação da lei e declaração de invalidade 
 
A revogação de uma lei é instituto coligado com o plano da legalidade e da 
vigência. Ou seja: acontece no plano formal e ocorre quando uma nova lei 
afasta a aplicação da anterior, não podendo, portanto, ser revogada por 
decisão judicial. O que pode é a lei ser julgada inconstitucional ou 
inconvencional ou, mesmo, sofrer uma interpretação conforme a Constituição; 
 
A revogação exige uma sucessão de leis (sendo certo que a posterior revoga a 
anterior expressamente ou quando com ela é incompatível). 
A declaração de invalidade de uma lei, que não se confunde com sua 
revogação, é instituto vinculado com o plano da “constitucionalidade”, ou seja, 
deriva de uma relação (antinomia ou incoerência) entre a lei e a Constituição 
(inconstitucionalidade) ou entre a lei e os tratados internacionais 
(inconvencionalidade) e relaciona-se com o plano do conteúdo substancial 
desta lei. Perceba-se que além de compatíveis com a Constituição, as normas 
internas devem estar em conformidade com os tratados internacionais 
ratificados pelo Brasil e em vigor no País, condição a que se dá o nome de 
controle de convencionalidade. 
 
 
INTERESSANTE QUESTÃO! 
 
As leis penais, quando se acham em período de vacância (vacatio legis), 
não possuem vigência. Logo, não podem ser aplicadas. E se a lei nova for 
favorável? A lei penal favorável pode ser aplicada durante a vacatio legis? 
 
CORRENTE 1 – NÃO PODE SE APLICADA (Cleber Masson, Guilherme Nucci) 
 
CORRENTE 2 – PODE SER APLICADA (Alberto Silva Franco, René Ariel Dotti, 
LFG). 
 
 
SE LIGA! 
 
Fato descrito em lei nova, mas ocorrido durante a vacatio não é crime 
(não é punível). 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 12 | 31 
Se a lei ainda não entrou em vigor, não pode alcançar fatos passados(princípio 
da irretroatividade da lei penal nova prejudicial, que se combina com o princípio 
da anterioridade da lei penal, ou seja, deve antes entrar em vigor e só vale para 
fatos futuros). 
 
Conflito de leis penais no tempo (direito penal intertemporal): princípios 
incidentes 
 
A lei penal rege os fatos ocorridos durante o tempo de sua vigência (tempus 
regit actum). Crime ocorrido sob o império da Lei 9.613/98 (Lei de Lavagem de 
Capitais), p. e., é regido por essa lei, tal como ela existia na data do crime. 
 
Sucede que, depois de ocorrido o fato (que foi cometido sob a regência de uma 
determinada lei – lei A), pode ser que o legislador modifique seu conteúdo (por 
meio da lei B). Quando isso ocorre, instaura-se um conflito de leis penais no 
tempo, cuja característica essencial, portanto, é a sucessão de leis penais. 
Para se verificar a lei penal no tempo, há que se saber quando o crime foi 
praticado. Apesar de uma análise (a da lei penal no tempo) pressupor 
necessariamente a outra (tempo do crime), os princípios incidentes em cada 
uma delas são diversos. 
 
Não se deve confundir as regras incidentes para se verificar o tempo do crime 
(ou seja, quando se considera que o crime foi praticado) com a sucessão de 
leis no tempo. Em termos lógicos, primeiro se define quando o crime foi 
praticado, depois, a lei incidente ao tempo do crime. 
 
O art. 4º do CP define o tempo do crime (“considera-se praticado o crime no 
momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado” – teoria da atividade). Assim, se uma pessoa tinha menos de 18 
anos quando praticou a ação, ainda que o resultado tenha ocorrido quando ela 
já tinha adquirido a maioridade penal, incide sobre ela as regras do ECA e não 
as do Código Penal. O tempo do crime, portanto, estabelece o marco inicial 
para se identificar qual lei incidirá no caso concreto. Sem ele, não se pode 
prosseguir na especulação acerca da lei que terá aplicação. 
 
Quando há uma efetiva sucessão de leis penais (no tempo do crime vigorava a 
lei A e no tempo da investigação, do processo, da sentença ou da execução 
passa a vigorar a lei B , regente da mesma situação fática) então, sim, pode-se 
falar em conflito de leis penais no tempo (ou sucessão de leis penais). 
 
Qual delas deve ter incidência no caso concreto: a lei do tempo do crime (lei A) 
ou a lei do tempo da investigação, do processo, da sentença ou da execução 
(lei B)? Tal questão é respondida por meio da utilização dos princípios regentes 
(conjunto de regras e princípios) do direito penal intertemporal. Para resolver 
esse assunto foram desenvolvidos dois princípios básicos e outros correlatos: 
 
Princípios básicos: 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 13 | 31 
1. Irretroatividade da lei penal nova mais severa: 
 
“a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” (art. 5.º, XL). 
 
Assim, qualquer que seja o aspecto disciplinado do direito penal incriminador 
(que cuida do âmbito do proibido e do castigo), sendo a lei nova prejudicial ao 
agente, não haverá retroatividade. 
 
Exemplo: 
A Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos – constitui um paradigmático 
exemplo de lei nova mais severa. Muitos delitos (a partir dela) passaram a ser 
punidos mais gravemente; a execução da pena tornou-se mais severa etc. 
Essa Lei, por isso mesmo, naquilo em que era mais prejudicial ao agente, foi e 
é irretroativa. 
 
2. Ultra-atividade da lei penal anterior mais benéfica: 
 
Quando o assunto disciplinado na lei nova (mais severa) já fazia parte de outra 
norma anterior (mais benéfica), aplica-se o princípio da irretroatividade da lei 
penal nova mais severa (lei nova que aumenta pena, que endurece o regime 
do seu cumprimento, estabelece novas causas agravantes, aumenta prescrição 
etc.). A lei que terá incidência, nesse caso, é a antiga (que vai continuar 
regendo os fatos ocorridos em seu tempo). 
Pelo princípio da ultra-atividade da lei penal anterior mais benéfica , embora já 
tenha perdido sua vigência, diante da lei nova, continua válida e aplicável para 
os fatos ocorridos durante o seu tempo; se a lei nova é prejudicial, ela não 
retroage, não alcança os fatos passados; desse modo, eles continuam sendo 
regidos pela lei anterior, mesmo tendo essa lei anterior já perdido sua vigência; 
aliás, justamente porque já não está vigente é que se fala em ultra-atividade, 
ou seja, a lei acaba tendo atividade mesmo depois de “morta” (quando 
revogada ou quando tenha cessado seus efeitos). Daí o nome “ultra”-atividade. 
 
Exemplo: 
O casamento do agente com a ofendida era causa extintiva da punibilidade de 
acordo com o Código Penal, art. 107, incisos VII e VIII. Com a Lei 11.106/2005 
esses incisos foram revogados. O casamento já não possui efeito extintivo da 
punibilidade. Tratando-se, entretanto, de casamento (do agente com a vítima) 
ocorrido antes do advento da Lei 11.106/2005, ainda é aplicável o art. 107, VII 
ou VIII, porque esse diploma legal (a Lei 11.106/2005) retrata uma situação de 
novatio legis in pejus. O novo texto legislativo (sendo lex gravior) não pode ter 
eficácia retroativa, ao contrário, é a lei anterior que tem efeito ultra-ativo 
(porque se trata de lex mitior). 
 
3. Retroatividade da lei penal nova mais benéfica: 
 
A regra da retroatividade da lei penal nova mais benéfica tem fundamento 
constitucional: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” (art. 5.º, 
XL). Ex.: Lei 9.714/98: ampliou o rol das penas substitutivas no nosso país: 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 14 | 31 
cuida-se, portanto, de lei nova (em regra) mais benéfica. Logo, retroativa (CF, 
art. 5.º, XL). A retroatividade não é facultativa, sim, obrigatória. 
 
A lei nova mais favorável deve ser aplicada tanto em favor do acusado (quando 
o processo ainda está em andamento) como do condenado definitivo (CP, art. 
2.o , parágrafo único). Ou seja: mesmo após a sentença final (com trânsito em 
julgado), incide no caso concreto a lei penal nova mais favorável. 
 
CP - Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da 
sentença condenatória. Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer 
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos 
por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
 
 
Qual a natureza jurídica da abolitio criminis ? 
 
CORRENTE 1 - causa superveniente de exclusão da tipicidade. Apesar de 
minoritária é a corrente mais coerente tecnicamente, uma vez que reconhece a 
abolitio pela sua essência e não pela sua consequência; 
 
CORRENTE 2 - causa de exclusão da punibilidade conforme dicção legal (“Art. 
107 – Extingue-se a punibilidade: III – pela retroatividade de lei que não mais 
considera o fato como criminoso”). (MAJORITÁRIA) 
 
 
O que é a abolitio criminis temporária? 
 
Outra peculiar forma de abolitio deu-se em 07.12.2000, quando o cloreto de 
etila deixou de integrar a lista dos entorpecentes. Depois, em 14.12.2000, 
voltou a ser criminalizado. Por uma semana desapareceu a proibição. Deu-se 
abolitio criminis (segundo nossa tese aqui teremos a denominada abolitio 
criminis temporária – houve uma abolição apenas temporária do conteúdo 
incriminador). O ministro Celso de Mello (em 1/6/15) no HC 120.026, adotou 
esse entendimento. Seguiu-se o precedente firmado no HC 94.397. A 
condenação decretada pela primeira instância e mantida pelo STJ não 
observou os critérios firmados pela jurisprudência do STF. Não atenderam o 
“gabarito” firmado pela Colenda Corte (com base em praticamente toda 
doutrina nacional). O direito não é matemática, mas a estruturação da 
tipicidade penal se aproxima disso. As decisõesdos juízes e tribunais que 
fogem do “gabarito” da tipicidade não valem. 
 
4. Não ultra-atividade da lei penal anterior mais severa: 
 
Ao princípio da retroatividade da lei penal nova mais benéfica correlaciona-se o 
da não ultra-atividade da lei penal anterior maléfica para o réu (se a lei nova é 
benéfica, é ela que terá incidência, ela retroage). A lei anterior, caso existente, 
não é ultra-ativa, ou seja, ela não terá aplicação. 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 15 | 31 
 
EFICÁCIA TEMPORAL DAS LEIS PROCESSUAIS 
 
Quanto à lei processual penal é preciso distinguir: 
– lei genuinamente processual tem aplicação imediata (CPP, art. 2º); 
– lei processual com conteúdo ou reflexos penais imediatos é regida pelos 
princípios que regem a lei penal no tempo (se a lei nova for mais benéfica 
retroage, do contrário não). 
 
Uma lei nova que venha a proibir fiança, por exemplo, é uma lei processual, 
mas tem reflexos diretos no ius libertatis. Logo, é regida pelos princípios 
aplicados à lei penal no tempo. Sendo uma lei nova prejudicial, não retroage. 
Ou seja: os crimes cometidos antes dela admitem fiança (a lei antiga, nesse 
caso, tem ultra-atividade). Ocorre, assim, a irretroatividade da lei processual 
nova mais severa e a ultra-atividade da lei processual anterior benéfica. 
A lei processual, às vezes, tem o mesmo tratamento da lei penal no que tange 
à sua aplicação no tempo. Tudo depende, como dito anteriormente, do seu 
conteúdo (genuinamente penal ou com conteúdo ou reflexos penais imediatos). 
 
Leis mistas ou híbridas: penais e processuais penal 
 
Quando se trata de lei nova que conta com aspectos penais e processuais 
penais ao mesmo tempo, o preponderante é o primeiro (o aspecto penal). 
Resta saber se ele é favorável ou desfavorável ao agente do fato. Quando 
favorável, a lei nova retroage. Se desfavorável, a lei nova não retroage. 
 
EXEMPLO FAMOSO (Atenção! MEMORIZAR): 
 
Em relação ao art. 366 do CPP (que prevê a suspensão do processo quando o 
acusado for citado por edital e não comparecer nem constituir advogado), 
firmou-se jurisprudência no sentido da sua irretroatividade (porque, na parte 
penal, cuida-se de lei nova desfavorável, na medida em que suspende a 
contagem do prazo prescricional). Consultar, dentre outros: STJ, HC 115.131-
RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima e RHC 15.526/CE, Rel. Min. Laurita Vaz, 
Quinta Turma, DJ de 14/3/05. O STF reconheceu repercussão geral sobre a 
aplicação do art. 366 em junho de 2011 (Repercussão Geral no Recurso 
Extraordinário 600.851 DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski). 
 
Critério do caso concreto 
 
Para se saber se uma lei nova é ou não mais favorável ao agente é preciso 
examinar detalhadamente o caso concreto (critério do caso concreto), isto é, as 
vantagens e desvantagens de cada uma das leis incidentes. Em caso de 
dúvida fundada , nada impede que se ouça o interessado. 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 16 | 31 
Gera incerteza, com frequência, a lei nova aparentemente mais favorável, 
porém, que cuida de “penas heterogêneas”, isto é, distintas (Ex.: crime 
sancionado com pena restritiva de direitos e, de repente, vem lei nova 
mandando aplicar somente multa). O que é melhor: a restritiva ou a multa? 
Depende de cada caso concreto e, como dito, o acusado pode pronunciar-se 
sobre o tema. 
 
Aspectos destacados 
Alguns temas merecem ser abordados, por conta da recorrência e importância 
deles: 
 
 Sucessão de várias leis penais: no tempo do crime vigorava a lei A , no 
tempo do processo a lei B e no tempo da sentença a lei C. Qual dessas leis 
deve o juiz aplicar? Aplica-se sempre a mais favorável, que pode ser a lei 
intermediária, ou a primeira ou a última. A lei mais benéfica é que conta 
com prioridade. 
 
 Combinação dos aspectos favoráveis de duas ou mais leis penais: 
o Doutrina e jurisprudência divergem sobre o tema. Veja-se abaixo: 
 
1ª corrente: não é possível combinação de lei, caso contrário o juiz não estaria 
aplicando nem a lei anterior nem a posterior e sim um dispositivo criado por ele, 
um terceiro dispositivo (Lex tertia), usurpando função do legislador. Essa é a 
posição da doutrina clássica – conforme o já mencionado artigo 2º, §2º do CP 
natimorto de Nelson Hungria 
 
Também é a posição do STJ (Sumula n. 501). 
 
 
2ª corrente: é possível combinação de leis. Se o juiz pode o mais, que é 
esquecer uma lei no todo; pode o menos, que é esquecer parte de uma lei. A 
regra geral sobre aplicação de leis penais no tempo é a de que o tempo rege o 
ato, ou seja, vale a lei vigente para regular o caso. Se a lei penal admite que se 
ignore totalmente essa regra e se utilize integralmente uma lei revogada (na 
hipótese da novatio legis in pejus), não existe óbice para que olvide apenas 
uma parte da lei vigente. Note-se que na combinação de leis penais o juiz não 
está criando uma nova lei: apenas aplica as partes benéficas devidamente 
aprovadas pelo parlamento. O juiz não cria lei. Combinar leis não é criá-las. O 
juiz estaria criando lei nova se a decisão tivesse como fonte sua vontade. 
Aplicar aspectos favoráveis de duas leis significa aplicar a vontade da lei, 
resultante da mens legislatoris. (Alexandre Salim, Gabriel Habib, LFG) 
 
3ª corrente: Quando houver dúvida sobre a lei mais benigna pergunta-se ao 
réu qual ele quer ver aplicada a ele no caso concreto. Os Tribunais Superiores 
têm decisões consagrando essa tese (que na verdade não admite a 
combinação de leis, só transfere ao réu a prerrogativa de escolha). 
 
Exemplo famoso Tráfico de drogas. 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 17 | 31 
A antiga lei de drogas (6.368/76) em seu artigo 12 previa sanção de 3 a 15 
anos para o delito de tráfico de drogas. A nova lei de drogas prevê em seu 
artigo 33, § 4º, redução da pena de 1/6 a 2/3 para o traficante primário de bons 
antecedentes. Surgiu então a indagação: seria possível combinar a pena 
mínima da lei anterior (3 anos, inferior ao novo patamar) com a minorante da lei 
nova (inexistente na lei anterior)? A discussão existiu durante um bom tempo 
na doutrina e na jurisprudência e restou decidida quando o STJ sumulou a 
questão: SUMULA 501 STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei 
11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, 
na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da 
Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”. Calha fazer dois 
apontamentos importantes no caso: 1) Algumas das decisões dos Tribunais em 
que a doutrina apoiava o argumento sobre a existência de Jurisprudência 
favorável a tese da possibilidade de combinação, apesar de fazer menção 
expressa a combinação, fazia a ressalva que essa seria possível se a pena 
resultante não ficasse superior a um ano de oito meses (!). Ora um ano é oito 
meses é a pena mínima da lei nova diminuída de dois terços (5 anos – 
2/3x5anos = 1 ano e 8 meses). A real combinação de leis no caso chegaria a 
pena mínima de um ano (3 anos – 2/3x3anos =1ano). Na verdade isso não 
estava permitindo a combinação e sim dizendo que o caso concreto é que iria 
decidir qual seria a lei mais benéfica (lei nova pra o primário; lei antiga para o 
reincidente); 2) No voto do Ministro Ayres de Brito durante o julgamento 
do Recurso Extraordinário (RE) 596152 está esposado que o que na verdade 
é vedado é a combinação de leis que se contraponham no tempo, pois isso 
sim fragmentaria a regulação da lei (duas leis que se sucedem tratando de 
forma diversa o mesmo assunto – não é possível combinar tais dispositivos 
pois eles são intencionalmente diversos, ouseja, o mais novo nasceu para não 
dar espaço regulativo algum para o mais antigo – caso o contrário teria repetido 
seus dispositivos). Como a minorante (diminuição de pena para o primário) não 
fora objeto de regulação na lei 6.368/76, não haveria que se falar em 
combinação de dispositivos no caso pois não havia dispositivo na lei anterior 
regulando a situação do pequeno traficante, não haveria ali nenhum óbice a 
retroatividade isolada do 33, § 4º pois não existiriam duas normas ocupando o 
mesmo espaço de incidência. Neste caso então a retroatividade de dispositivos 
isolados só seria vedada quando a lei anterior tratasse especificamente do 
ponto regulado, e caso não houvesse a retroatividade do dispositivo favorável 
não seria combinação de leis, uma vez que combinação só haveria quando 
implicasse no afastamento de regras do dispositivo revogado para prevalência 
de regra da nova legislação. 
 
CURIOSIDADE: Existe combinação de leis no espaço? 
 
A combinação de leis penais em relação ao tempo não é novidade. Exemplo 
clássico do tratamento entre uma lei revogada e uma lei vigente é aquele 
existente entre a lei 6.368/76 e a lei 11.343/06. 
 
Quanto ao tema, embora existente discussão doutrinária, o STJ se posicionou 
pela impossibilidade da combinação de leis no tempo. Vejamos o Enunciado n. 
501 do STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 18 | 31 
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável 
ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a 
combinação de leis”. 
 
Por outro lado, dado curioso é observar a combinação de leis no espaço, ou 
seja, o cotejo entre duas normas vigentes. 
 
Sobre o tema, o STJ (HC 239363) declarou a inconstitucionalidade do preceito 
secundário do art. 273, § 1º-B, V, do Código Penal. A pena do delito de venda 
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais de procedência 
ignorada é de reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. No caso, após 
o esvaziamento do preceito secundário do delito o STJ determinou que a 
reprimenda cabível seria a do art. 33 da lei 11.343/06 (5 a 15 anos). 
 
Segundo Luiz Flávio Gomes [1], Duas situações se vislumbram como possíveis 
“encaixes dogmáticos” para a aludida operação: 
 
1) analogia in bonam partem com fundamento na razoabilidade; 
 
2) combinação de leis penais (preceito primário do CP + Preceito 
Secundário da lei 11.343/06). 
 
Segundo o autor, a segunda opção é a mais acertada, na medida em que o 
afastamento do preceito secundário no caso, o art. artigo 273, parágrafo 1º-B, 
inciso V não foi porque a lei foi publicada sem um preceito secundário: o fato 
de não haver lei para fazer a dosimetria da pena na hipótese é um contingência 
do próprio julgamento. Logo não é um caso de se levar uma lei para um fato 
similar não regulado pela lei (analogia), mas sim de afastamento de um 
dispositivo para alocação de outro, sem dúvida um caso de combinação de 
leis, não no tempo (pois ambas estão em vigor), mas no espaço, pois 
originariamente os dispositivos pertencem a campos de atuação material 
distintos (o preceito primário para o delito de venda de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais de procedência ignorada e o secundário para o 
tráfico de drogas). 
 
3. Crimes permanentes e continuados e sucessão de leis penais: 
 
Se o sujeito inicia um crime de sequestro – CP, art. 148 (que é crime 
permanente, porque sua consumação se prolonga no tempo: durante todo o 
tempo em que a vítima fica em poder do criminoso, o crime está sendo 
praticado) na vigência da lei A e termina sob a regência da lei B , sempre será 
aplicada a lei nova (não importa se mais favorável ou não). 
 
Sendo a lei nova mais benéfica, não há dúvida que é ela que terá incidência. 
Mas mesmo que a lei nova seja mais gravosa (houve aumento de pena, por 
exemplo), ainda assim, aplica-se a lei nova porque o delito continuou mesmo 
diante da nova lei nova. 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 19 | 31 
Enunciado 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado 
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da 
continuidade ou da permanência”. 
 
4. Crime habitual e sucessão de leis penais: 
 
No crime habitual (que é aquele que exige a reiteração da conduta), caso 
algumas condutas sejam praticadas sob a vigência da lei A e outras sob a da 
lei B , sempre vai incidir a última (maléfica ou benéfica). 
 
5. Retroatividade e jurisprudência: 
 
Havendo alteração jurisprudencial acerca de determinado assunto, a nova 
orientação pode retroagir para atingir fatos ocorridos ao tempo do 
entendimento anterior? A jurisprudência retroage para alcançar fatos ocorridos 
quando vigorava entendimento anterior? 
CORRENTE 1 – SIM. (Rogério Greco, Paulo Queiroz, Rogério Sanches) 
CORRENTE 2 – Não (jurisprudência “defensiva”). 
 
6. Retroatividade e norma penal em branco: 
 
A lei penal em branco (aquela cujo preceito primário necessita de 
complementação). Quando se trata de estabelecer seus efeitos no tempo, o 
tema é bastante controvertido, acarretando o surgimento de quatro correntes 
sobre a questão: 
a) retroage sempre que mais benéfica (Paulo José da Costa Jr.); 
b) não retroage em nenhuma situação (Frederico Marques); 
c) somente retroage quando provoca uma real modificação do tipo penal 
(Mirabete); 
d) só retroage quando homogênea (que é aquela …. Ex.: contrair casamento 
sabendo da existência de nulidade absoluta – CP, art. 237. (Alberto Silva 
Franco) - Majoritária. 
 
 
 
LEI PENAL EXCEPCIONAL E LEI PENAL TEMPORÁRIA 
CP, art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período 
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, 
aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência”. 
 
LEI EXCEPCIONAL - é a lei elaborada para reger fatos que ocorrem em tempo 
anormal (calamidade pública, inundação, guerra etc.). Dura até que cessem as 
circunstâncias que a determinaram. 
 
LEI TEMPORÁRIA - é a lei que conta com período certo de duração, ou seja, 
com data previamente fixada para a cessação da sua vigência (já se sabe 
quando vai desaparecer). 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 20 | 31 
Exemplo: 
 
A Lei Geral da Copa – Lei 12.663/2012, que “dispõe sobre as medidas relativas 
à Copa das Confederações FIFA 2013, à Copa do Mundo FIFA 2014 e à 
Jornada Mundial da Juventude – 2013, que serão realizadas no Brasil”, dentre 
outras atribuições, prevê que os crimes previstos em seu capítulo VIII terão 
vigência até o dia 31 de dezembro de 2014 (art. 36). 
 
A regra regente no que concerne à lei temporária ou excepcional também é a 
do tempus regit actum , ou seja: crime ocorrido durante lei temporária ou 
excepcional é regido por essa lei, mesmo após o seu desaparecimento; é a lei 
do tempo do crime que rege esse crime; mesmo depois de revogada é ela que 
rege todos os fatos ocorridos durante a sua vigência. A lei, mesmo depois de 
revogada, continua produzindo efeitos. (ultra-atividade da lei anterior). 
 
As leis excepcionais ou temporárias, de qualquer modo, não se aplicam a fatos 
ocorridos antes delas, mesmo que ocorram em tempo anormal. Assim, mesmo 
que em relação ao tempo em que já havia a inundação, antes da lei nova os 
fatos ocorridos são regidos pela lei anterior. 
 
A lei nova, como dito, não revoga a anterior (não há uma verdadeira sucessão 
de leis penais) porque não trata exatamente da mesma matéria, do mesmo fato 
típico (ou seja: é a anterior que deixa de ter vigência, em razãoda sua 
excepcionalidade). Não há, portanto, um conflito de leis penais no tempo (na 
medida em que a lei posterior não cuida do mesmo crime definido na anterior). 
Por isso é que não há nenhuma inconstitucionalidade no art. 3º do CP. A 
questão é de tipicidade, não de inconstitucionalidade. 
 
 
PARA MEMORIZAR! 
 
Características básicas das leis temporárias e excepcionais: 
a) Autorrevogabilidade: consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo 
(nas temporárias) ou a cessada a condição (nas excepcionais); 
 
b) Utra-atividade: alcançam todos os fatos praticados na sua vigência, ainda 
que não mais subsista (seja pelo decurso de tempo de vigência, seja por não 
mais existirem as circunstancias que justificaram a sua criação). Se assim não 
fossem, exatamente por serem normalmente de curta duração, perderiam o 
caráter intimidatório. 
 
CUIDADO! Havendo, entretanto, norma específica disciplinando os efeitos da 
lei temporária ou excepcional, é ela que será aplicada aos casos concretos. 
 
 
TEMPO DO CRIME 
 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 21 | 31 
 
O CP adotou a teoria da atividade. 
 
TERRITORIALIDADE 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e 
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território 
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a 
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as 
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se 
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
REGRA: Territorialidade temperada 
 
O que é intraterritorialidade? 
 
O que é território nacional? 
- sentido jurídico 
- sentido material 
- território por extensão 
 
 
LUGAR DO CRIME 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado 
 
O CP adotou a teoria da ubiquidade. Portanto, o lugar do crime será tanto o 
local da atividade, quanto o local do resultado do crime. 
 
O que é crime a distância ou de espaço máximo? 
A conduta é praticada em um país e o resultado acontece em outro. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE 
 
A) Extraterritorialidade incondicionada (art. 7,I, do CP). 
b) Extraterritorialidade condicionada. (art. 7º, II, do CP). 
c) Extraterritorialidade hipercondicionada.(art. 7º, §3º do CP). 
 
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 22 | 31 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo 
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 
Regra da compensação 
 
EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na 
espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos 
civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de 
cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de 
requisição do Ministro da Justiça. 
 
CONTAGEM DE PRAZO 
 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, 
os meses e os anos pelo calendário comum. 
 
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA 
 
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de 
direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
 
LEGISLAÇÃO ESPECIAL 
 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por 
lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. 
 
 
CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS 
 
O conflito de aparante de leis envolve sempre: 
 1 fato (unidade de fato) 
 Mais de uma norma (pluralidade de normas) 
 
a) Princíoio da Especialidade 
Lei especial prevalece sobre lei geral 
Ex.: Infanticidio X homicídio 
 
b) Princípio da subsidiariedade 
 Subsidiariedade tácita (155X157; 146X147) 
 Subsidiariedade expressa (132, 238, 314, 325 e 337) 
 
c) Princípio da consunção 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 23 | 31 
 Crime progressivo 
 Progressão criminosa 
 Crime-meio é absorvido pelo crime-fim 
 Fato posterior não punível 
 
d) Princípio da alternatividade 
 Tipos mistos alternativos 
o Art. 122, 
o Art. 33 da Lei n. 11343/06 
o Art. 213 do CP (STF: HC n. 118284) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Avançando... 
 
AS VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
 
Primeira velocidade: 
 Modelo liberal-clássico, representado pelo Direito Penal da prisão (modelo 
garantista, com procedimento amplo e moroso, reservado a crimes de 
perigo concreto e de efetiva lesão). 
 
Segunda velocidade: 
 Procedimento mais célere, destinado a aplicar penas restritivas de direitos 
ou pecuniárias. Começou a ser aplicado no Brasil com a reforma de 1984 e 
com a Lei 9.099/95. 
 
Terceira velocidade: 
 Direito Penal do Inimigo – Günther Jakobs. 
 Permite a aplicação de pena privativa de liberdade sem a observância de 
garantias processuais e penais. Seriam considerados inimigos os agentes 
da criminalidade econômica, terrorismo, criminalidade organizada, crimes 
sexuais e outras infrações penais perigosas. 
 O inimigo deve ser submetido a medida de segurança, com possibilidade de 
antecipação de tutela penal (abandona-se o direito penal do fato). 
 
Quarta velocidade: 
 Vinculado ao direito penal internacional, pune pessoas que cometeram 
crimes contra humanidade, enquanto chefes de Estado. 
 Tribunal Penal Internacional, em Haia (Estatuto de Roma, ratificado pelo 
Brasil – Decreto 4.388/02). 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 24 | 31 
 
 
QUESTÕES: 
 
01. Considerando que Marcos fora processado pelo crime de rapto violento em 
janeiro de 2005 e o mencionado crime fora revogado pela lei 11.106 de 28 de 
Março de 2005, julgue as afirmações a seguir: 
I- a lei penal pode retroagir em algumas hipóteses 
II- se Marcos já tiver sido condenado antes de Março de 2005, permanecerá 
sujeito a pena aplicada na sentença condenatória. 
III- na hipótese ocorre abolitio criminis. 
IV - Se Marcos ainda não tiver sido condenado no juízo a quo, poderá ocorrer a 
extinção da punibilidade, desde que ela seja provocada pelo réu. 
 
a) I, II e IV estão corretas. 
b) III e IV estão corretas. 
c) I e IV estão corretas. 
d) I e III estão corretas. 
e) II e IV estão corretas. 
 
02. Com relação a lei penal no tempo, assinale a alternativa correta: 
a) A lei penal mais benéfica é portadora da retroatividade, mas não da 
ultratividade 
b) A lei penal mais benéfica é portadora da ultratividade, mas não da 
retroatividade 
c) Uma lei penal em prejuízo do réu só poderá retroagir antes de iniciadoo 
processo penal 
d) A lei penal incriminadora é portadora da ultratividade 
e) A lei penal descriminalizadora é portadora de extratividade 
 
3. Assinale a opção correta: 
a) A doutrina dominante aponta que, em regra, o crime culposo admite 
tentativa, especialmente quando a culpa é própria. 
b) Se “A” determina que “B” aplique uma surra em “C”, e este, ao executar a 
ação, excede-se, causando a morte de “C”, o Código Penal Brasileiro 
determina que ambos respondam por homicídio, em decorrência da adoção do 
sistema monista no concurso de pessoas. 
c) O erro de tipo exclui a ilicitude, mas permite a punição culposa do fato, 
quando vencível. 
d) No concurso de crimes, o cálculo da prescrição da pretensão punitiva 
considera o acréscimo decorrente do concurso formal, material ou da 
continuidade delitiva. 
e) Se vigorava lei mais benéfica, depois substituída por lei mais grave, hoje 
vigente, é a lei mais grave que será aplicada ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência foi iniciada antes da cessação da continuidade 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 25 | 31 
4. Dispõe o artigo 1º do Código Penal: "Não há crime sem lei anterior que o 
defina. Não há pena sem prévia cominação legal". Tal dispositivo legal 
consagra o princípio da: 
a) ampla defesa. 
b) legalidade. 
c) presunção de inocência. 
d) dignidade. 
e) isonomia. 
 
05. A ideia de insignificância penal centra-se no conceito 
a) formal de crime. 
b) material de crime. 
c) analítico de crime. 
d) subsidiário de crime. 
e) aparente de crime. 
 
06. O princípio válido, tratando-se de sucessão de leis penais no tempo, na 
hipótese de que a norma posterior incrimina fato n.o previsto na anterior, o da 
a) Abolitio criminis. 
b) Ultratividade. 
c) Irretroatividade. 
d) Retroatividade. 
e) Lei vigente na época no momento da pr.tica de fato pun.vel: Tempus regit 
actum. 
 
07. O Artigo 5º, Inciso XL da Constituição da República prevê “que a lei penal 
não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Tal dispositivo constitucional refere-
se ao princípio da: 
a) individualização da pena. 
b) legalidade estrita 
c) retroatividade benéfica da lei penal. 
d) irretroatividade total da lei penal. 
e) aplicação imediata da lei processual penal. 
 
08. O princípio constitucional da legalidade em matéria penal 
a) não vigora na fase de execução penal. 
b) impede que se afaste o caráter criminoso do fato em raz.o de causa 
supralegal de exclusão da ilicitude. 
c) não atinge as medidas de segurança. 
d) obsta que se reconheça a atipicidade de conduta em função de sua 
adequação social. 
e) exige a taxatividade da lei incriminadora, admitindo, em certas situações, o 
emprego da analogia. 
 
09. César, na vigência da Lei n. 01, foi condenado à pena de dois meses de 
detenção, pela prática de determinado delito. A sentença transitou em julgado. 
Antes do trânsito em julgado, entrou em vigor a Lei n. 02, que aumentou a pena 
desse crime para três meses de detenção. Após o trânsito em julgado, 
entraram em vigor duas outras leis: a Lei n. 03, que reduziu a pena dessa 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 26 | 31 
infração penal para um mês de detenção, e a Lei n. 04, que aboliu o referido 
delito. Nesse caso, 
a) aplica-se a Lei n. 02, por ter entrado em vigor antes do trânsito em julgado 
da sentença. 
b) aplica-se a Lei no 03, por ter mantido a incriminação, com redução da pena 
imposta. 
c) aplica-se a Lei no 04, que deixou de incriminar fato que anteriormente era 
considerado ilícito penal. 
d) aplica-se a pena resultante da média aritmética entre as penas de todas as 
leis referentes . mesma infração penal. 
e) não se aplica nenhuma das leis novas, que entraram em vigor após o 
trânsito em julgado da sentença. 
 
10. O princípio, segundo o qual se afirma que o Direito Penal não é o único 
controle social formal dotado de recursos coativos, embora seja o que disponha 
dos instrumentos mais enérgicos, .reconhecido pela doutrina como princípio da 
a) lesividade. 
b) intervenção mínima. 
c) fragmentariedade. 
d) subsidiariedade. 
e) proporcionalidade. 
 
GABARITO 
01- D 
02- E 
03 - E 
04 - B 
05 – B 
06 – C 
07 – C 
08 – E 
09 – C 
10 - D 
 
 
MAIS QUESTÕES 
 
11- Pedro subtraiu bem móvel pertencente à Administração pública, valendo-se 
da facilidade propiciada pela condição de funcionário público. Pedro 
responderá pelo crime de peculato e n.o pelo delito de furto em decorrência do 
princípio da 
a) subsidiariedade. 
b) consunção. 
c) especialidade. 
d) progressão criminosa. 
e) alternatividade. 
 
12 - A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus-
tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 27 | 31 
sua infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação e 
a dessocialização dos condenados s.o desdobramentos do princípio da 
a) proporcionalidade. 
b) intervenção mínima do Estado. 
c) fragmentariedade do Direito Penal. 
d) humanidade. 
e) adequação social. 
 
13 - Pablo, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pelo crime de 
descaminho (Art. 334, caput, do Código Penal), pelo transporte de mercadorias 
procedentes do Peru e desacompanhadas de documentação comprobatória de 
sua importação regular, no valor de R$ 5.000,00, conforme atestam o Auto de 
Infração e o Termo de Apreensão e Guarda Fiscal, bem como o Laudo de 
Exame Merceológico, elaborado pelo Instituo Nacional de Criminalística. 
Em defesa de Pablo, segundo entendimento dos Tribunais Superiores, é 
possível alegar a aplicação do 
a) princípio da proporcionalidade. 
b) princípio da culpabilidade. 
c) princípio da adequação social. 
d) princípio da insignificância ou da bagatela. 
 
14 - respeito do tema da retroatividade da lei penal, assinale a afirmativa 
correta. 
(A) A lei penal posterior que de qualquer forma favorecer o agente não se 
aplica aos fatos praticados durante a vigência de uma lei temporária. 
(B) A lei penal posterior que de qualquer forma favorecer o agente aplica-se 
aos fatos anteriores, com exceção daqueles que já tiverem sido objeto de 
sentença condenatória transitada em julgado. 
(C) A lei penal mais gravosa pode retroagir, aplicando-se a fatos praticados 
anteriormente à sua vigência, desde que trate de crimes hediondos, tortura ou 
tráfico de drogas, como expressamente ressalvado na Constituição. 
(D) Quando um fato é praticado na vigência de uma determinada lei e ocorre 
uma mudança que gera uma situação mais gravosa para o agente, ocorrerá a 
ultratividade da lei penal mais favorável, salvo se houver a edição de uma outra 
lei ainda mais gravosa, situação em que prevalecerá a lei intermediária. 
(E) A lei penal posterior que de qualquer forma prejudicar o agente não se 
aplica aos fatos praticados anteriormente, salvo se houver previsão expressa 
na pr.pria lei nova. 
 
15 - A respeito da aplicação da lei penal quanto ao tempo, considera- se 
praticado o crime no momento 
a) da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
b) em que o agente der início aos atos preparatórios, ainda que não tenha 
ocorrido a ação ou omissão. 
c) em que ocorrer o resultado, ainda que seja outro o momento da ação ou 
omissão. 
d) do exaurimento da conduta delituosa, ainda que seja outro o momento da 
ação ou omissão. 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 28 | 31 
e) em que o agente concluir os atos preparatórios, ainda que não tenha 
ocorridoação ou omissão. 
 
RESPOSTAS 
11 – C 
12 - D 
13 - D 
14 – A 
15 - A 
 
QUESTÕES 
 
01. Acerca dos princípios que limitam e informam o Direito Penal, assinale a 
afirmativa correta. 
a) O princípio da insignificância diz respeito aos comportamentos aceitos no 
meio social. 
b) A conduta da mãe que autoriza determinada enfermeira da maternidade a 
furar a orelha de sua filha recém-nascida não configura crime de lesão corporal 
por conta do princípio da adequação social. 
c) O princípio da legalidade não se aplica às medidas de segurança, que não 
possuem natureza de pena, tanto que somente quanto a elas se refere o art. 1º 
do Código Penal. 
d) O princípio da lesividade impõe que a responsabilidade penal seja 
exclusivamente subjetiva, ou seja, a conduta penalmente relevante deve ter 
sido praticada com consciência e vontade ou, ao menos, com a inobservância 
de um dever objetivo de cuidado. 
 
02. O Presidente da República, diante da nova onda de protestos, decide, por 
meio de medida provisória, criar um novo tipo penal para coibir os atos de 
vandalismo. A medida provisória foi convertida em lei, sem impugnações. 
Com base nos dados fornecidos, assinale a opção correta. 
a) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais por 
meio de medida provisória, quando convertida em lei. 
b) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos penais por 
meio de medida provisória, pois houve avaliação prévia do Congresso 
Nacional. 
c) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não é possível a criação de 
tipos penais por meio de medida provisória. 
d) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não cabe ao Presidente da 
República a iniciativa de lei em matéria penal. 
 
03. No curso de um delito de sequestro, em que a vítima ainda se encontrava 
privada de sua liberdade, sobreveio nova lei penal aumentando a pena prevista 
no preceito secundário do tipo penal descrito no Art. 148 do CP. 
Nesse caso, atento ao entendimento dos Tribunais Superiores acerca do tema, 
assinale a afirmativa correta. 
a) Aplica-se a lei penal mais grave, ou seja, aquela cuja entrada em vigor se 
deu no curso do delito. 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 29 | 31 
b) Aplica-se a lei penal mais benéfica, pois a lei penal não retroage, salvo em 
benefício do réu. 
c) Aplica-se a lei penal mais benéfica, com base na teoria da atividade, a qual 
impõe ser aplicável a lei penal vigente à época da ação/omissão, ainda que 
outro seja o momento do resultado. 
d) Aplica-se, eventualmente, as duas leis combinadas, caso tal conduta importe 
em benefício para o agente. 
 
04. Acerca da aplicação da lei penal no tempo e no espaço, assinale a 
alternativa correta. 
a) Se um funcionário público a serviço do Brasil na Itália praticar, naquele 
país, crime de corrupção passiva (art. 317 do Código Penal), ficará sujeito à lei 
penal brasileira em face do princípio da extraterritorialidade. 
b) O ordenamento jurídico-penal brasileiro prevê a combinação de leis 
sucessivas sempre que a fusão puder beneficiar o réu. 
c) Na ocorrência de sucessão de leis penais no tempo, não será possível a 
aplicação da lei penal intermediária mesmo se ela configurar a lei mais 
favorável. 
d) As leis penais temporárias e excepcionais são dotadas de ultra-
atividade. Por tal motivo, são aplicáveis a qualquer delito, desde que seus 
resultados tenham ocorrido durante sua vigência. 
 
05. No ano de 2005, Pierre, jovem francês residente na Bulgária, atentou 
contra a vida do então presidente do Brasil que, na ocasião, visitava o referido 
país. Devidamente processado, segundo as leis locais, Pierre foi absolvido. 
Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta. 
a) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no 
estrangeiro, não ficou satisfeita uma das exigências previstas à hipótese de 
extraterritorialidade condicionada. 
b) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de 
extraterritorialidade incondicionada, exigindose, apenas, que o fato não tenha 
sido alcançado por nenhuma causa extintiva de punibilidade no estrangeiro. 
c) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de 
extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o 
agente absolvido no estrangeiro. 
d) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como o agente é estrangeiro e a 
conduta foi praticada em território também estrangeiro, as exigências relativas 
à extraterritorialidade condicionada não foram satisfeitas 
 
 
GABARITO 
01 – B; 02 – C; 03-A; 04-A 
 
QUESTÕES DELEGADO 
 
01. Modernamente, o chamado direito penal do inimigo pode ser entendido 
como um direito penal de: 
a) primeira velocidade. 
b) garantias. 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 30 | 31 
c) segunda velocidade. 
d) terceira velocidade. 
e) quarta geração. 
 
02. Assinale a alternativa que apresenta o principio que deve ser atribuído a 
Claus Roxin, defensor da tese de que a tipicidade penal exige uma ofensa de 
gravidade aos bens jurídicos protegidos. 
a) Insignificância. 
b) Intervenção mínima. 
c) Fragmentariedade. 
d) Adequação social. 
e) Humanidade. 
 
03. Ana, menor de 17 anos de idade, contrariando proibição de seus pais, 
procura Júlio para que este realize uma tatuagem no seu ombro com 
aproximadamente 15 centímetros de diâmetro. Ainda que presente a tipicidade 
formal, poderá ser aplicado o Princípio da Alteridade porque 
a) não houve lesão efetiva ao bem jurídico tutelado. 
b) a lesão foi irrelevante ou insignificante. 
c) a lesão está dentro do que se considera como socialmente adequado. 
d) não houve lesão a bem jurídico de terceiro. 
 
04. O princípio da alteridade é violado em caso de 
a) proibição de mulher transexual utilizar banheiro público feminino. 
b) arbitramento de indenização por danos morais contra pessoa jurídica. 
c) violação de correspondência alheia. 
d) impedimento do exercício do direito de livre associação. 
e) uso da força para coibir manifestação violenta. 
 
05. A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao 
tempo da conduta, o fato é 
a) típico e lei posterior suprime o tipo penal. 
b) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo 
penal. 
c) típico e lei posterior aumenta a pena correspondente ao crime. 
d) típico e lei posterior acrescenta hipótese de aumento de pena. 
e) atípico e lei posterior o torna típico. 
 
06. O princípio da legalidade compreende 
a) a capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no momento da ação ou da 
omissão, bem como de ciência desse entendimento. 
b) o juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade do responsável 
por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena. 
c) a oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado por alguém capaz 
de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos. 
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal e, 
principalmente, na elaboração de seu conteúdo normativo. 
e) a conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na lei penal vigente no 
momento da ação ou da omissão. 
 
 
 
 
 
 
CPJUR – Centro Preparatório Jurídico 
Todos os direitos reservados © 
DELEGADO DE POLÍCIA 
Disciplina: Direito Penal 
Professor: Helom Nunes 
Aula: 01 
Página 31 | 31 
07 - Assinale a opção que apresenta princípios que devem ser observados pelas leis penais por 
expressa previsão constitucional. 
a) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, economicidade, individualização da 
penab) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da inocência, eficiência da 
pena 
c) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da inocência, 
individualização da pena 
d) legalidade, irretroatividade, moralidade, presunção da inocência, individualização da pena 
e) legalidade, impessoalidade, irretroatividade, presunção da inocência, individualização da 
pena 
 
GABARITO 
01 – D; 02 – A; 03 – A; 04 – A; 05 – A; 06 – D; 07 - B

Continue navegando