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ESCOLA POLITÉCNICA DA USP
DEPTO. DE ENGENHARIA MECÂNICA
SISEA – LAB. DE SISTEMAS ENERGÉTICOS ALTERNATIVOS
www.usp.br/sisea
PME – 3361 Processos de Transferência de Calor
Prof. Dr. José R Simões Moreira
2o semestre/2017
versão 1.5
primeira versão: 2005
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor
____________________________
http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2017
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Este trabalho perfaz as Notas de Aula da disciplina de PME
3361 - Processos de Transferência de Calor (antiga PME
2361) ministrada aos alunos do 3º ano do curso de
Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP.
O conteúdo aqui apresentado trata de um resumo dos
assuntos mais relevantes do livro texto “Fundamentos de
Transferência de Calor e Massa” de Incropera e Dewitt.
Também foram utilizados outros livros-texto sobre o
assunto para um ou outro tópico de interesse, como é o
caso do “Transferência de Calor” de Holman.
O objetivo deste material é servir como um roteiro de
estudo, já que tem um estilo quase topical e ilustrativo. De
forma nenhuma substitui um livro texto, que é mais
completo e deve ser consultado e estudado.
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor
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Prof. José R. Simões Moreira
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2457667975987644
Breve Biografia
Graduado em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da USP (1983), Mestre em
Engenharia Mecânica pela mesma instituição (1989), Doutor em Engenharia Mecânica -
Rensselaer Polytechnic Institute (1994) e Pós-Doutorado em Engenharia Mecânica na
Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (1999). Atualmente é Professor Associado da
Escola Politécnica da USP, professor do programa de pós-graduação do Instituto de Energia e
Meio Ambiente (IEE-USP), professor de pós-graduação do programa de pós-graduação em
Engenharia Mecânica da EPUSP, pesquisador do CNPq, consultor ad hoc da CAPES, CNPq,
FAPESP, entre outros, Foi secretário de comitê técnico da ABCM, Avaliador in loco do
Ministério da Educação. Tem experiência na área de Engenharia Térmica, atuando
principalmente nos seguintes temas: mudança de fase líquido-vapor, uso e processamento de gás
natural, refrigeração por absorção, tubos de vórtices, sensores bifásicos, energia solar, ciclos
termoquímicos e sistemas alternativos de transformação da energia. Tem atuado como revisor
técnico de vários congressos, simpósios e revistas científicas nacionais e internacionais.
MInistra(ou) cursos de Termodinâmica, Transferência de Calor, Escoamento Compressível,
Transitórios em Sistemas Termofluidos e Sistemas de Cogeração, Refrigeração e Uso da
Energia e Máquinas e Processos de Conversão de Energia. Coordenou cursos de especialização
e extensão na área de Refrigeração e Ar Condicionado, Cogeração e Refrigeração com Uso de
Gás Natural, termelétricas, bem como vários cursos do PROMINP. Atualmente coordena um
curso de especialização intitulado Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência
Energética por meio do PECE da Poli desde 2011 em sua décima quarta edição. Tem sido
professor de cursos de extensão universitária para profissionais da área de termelétricas,
válvulas e tubulações industriais, ar condicionado, tecnologia metroferroviária e energia. Tem
participado de projetos de pesquisa de agências governamentais e empresas, destacando:
Fapesp, Finep, Cnpq, Eletropaulo, Ipiranga, Vale, Comgas, Petrobras, Ultragaz e Fapesp/BG-
Shell. Foi agraciado em 2006 com a medalha ´Amigo da Marinha`. Foi professor visitante na
UFPB em 2000 - João Pessoa e na UNI - Universitat Nacional de Ingenieria em 2002 (Lima -
Peru). Foi cientista visitante em Setembro/2007 na Ecole Polytechnique Federale de Lausanne
(Suiça) dentro do programa ERCOFTAC - ´European Research Community On Flow,
Turbulence And Combustion`. Participou do Projeto ARCUS na área de bifásico em
colaboração com a França. Foi professor visitante no INSA - Institut National des Sciences
Appliquées em Lyon (França) em junho e julho de 2009. Tem desenvolvido projetos de cunho
tecnológico com apoio da indústria (Comgas,Eletropaulo, Ipiranga, Petrobras e Vale). Possui
duas patentes. É autor de mais de 100 artigos técnico-científicos, além de ser autor dos livros
“Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética (2017) e "Fundamentos e
Aplicações da Psicrometria" (1999), beom como autor de um capítulo do livro "Thermal Power
Plant Performance Analysis" (2012). Já orientou mais de 20 mestres e doutores, além de cerca
de 50 trabalhos de conclusão de curso de graduação e diversas monografias de cursos de
especialização e de extensão, bem como trabalhos de iniciação científica, totalizando um
número superior a 90 trabalhos. Possui mais de 100 publicações, incluindo periódicos tecnico-
científicos nacionais e internacionais. Finalmente, coordena o laboratório e grupo de pesquisa
da EPUSP de nome SISEA - Lab. de Sistemas Energéticos Alternativos.
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AULA 1 - APRESENTAÇÃO
1.1. INTRODUÇÃO
Na EPUSP, o curso de Processos de Transferência de Calor sucede o curso de
Termodinâmica clássica no 3º ano de Engenharia Mecânica. Assim, surge de imediato a
seguinte dúvida entre os alunos: Qual a diferença entre “Termo” e “Transcal”? ou “há
diferença entre elas”?
Para responder à essa dúvida, vamos considerar dois exemplos ilustrativos das áreas de
aplicação de cada disciplina. Para isso, vamos recordar um pouco das premissas da
Termodinâmica.
A Termodinâmica lida com estados de equilíbrio térmico, mecânico e químico, e é
baseada em três leis fundamentais:
- Lei Zero (“equilíbrio de temperaturas” – permite a medida de
temperatura e o estabelecimento de uma escala de temperatura)
- Primeira Lei (“conservação de energia” – energia se conserva)
- Segunda Lei (“direção em que os processos ocorrem e limites de
conversão de uma forma de energia em outra”)
Dois exemplos que permitem distinguir as duas disciplinas:
(a) Equilíbrio térmico – frasco na geladeira
Considere um frasco fora da geladeira à temperatura ambiente. Depois, o mesmo é
colocado dentro da geladeira, como ilustrado. Claro que, inicialmente, fG TT
inicial final
As seguintes análises são pertinentes, cada qual, no âmbito de cada disciplina:
Termodinâmica: TmcUQT - fornece o calor total necessário a ser transferido
do frasco para resfriá-lo baseado na sua massa, diferença de temperaturas e calor
específico médio – APENAS ISTO!
frasco
ambientef TT Gf TT
t
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Transferência de calor: responde outras questões importantes, tais como: quanto
tempo t levará para que o equilíbrio térmico do frasco com seu novo ambiente
(gabinete da geladeira), ou seja, para que Tf = TG seja alcançado? É possível reduzir (ou
aumentar) esse tempo?
Assim, a Termodinâmica não informa nada a respeito do intervalo de tempo t para
que o estado de equilíbrio da temperaturado frasco ( fT ) com a da geladeira ( GT ) seja
atingido, embora nos informe quanto de calor seja necessário remover do frasco para
que esse novo equilíbrio térmico ocorra. Por outro lado a disciplina de Transferência
de Calor vai permitir estimar o tempo t , bem como definir quais parâmetros podemos
interferir para que esse tempo seja aumentado ou diminuído, segundo nosso interesse.
De uma forma geral, toda vez que houver gradientes ou diferenças finitas de
temperatura ocorrerá também uma transferência de calor. A transferência de calor pode
se dar no interior de um corpo ou sistema ou na interface da superfície deste corpo e um
meio fluido.
(b) Outro exemplo: operação de um ciclo de compressão a vapor
TERMIDINÂMICA: 1ª Lei: cec qqw . Permite conhecer ou estabelecer o trabalho
e os fluxos de calor envolvidos, mas não permite dimensionar os equipamentos
(tamanho e diâmetro das serpentinas do condensador e do evaporador, por exemplo),
apenas lida com as formas de energia envolvidas e o desempenho do equipamento,
como o COP:
c
e
w
qCOP
TRANSFERÊNCIA DE CALOR: permite dimensionar os equipamentos térmicos de
transferência de calor. Por exemplo, responde às seguintes perguntas:
- Qual o tamanho do evaporador / condensador?
- Qual o diâmetro e o comprimento dos tubos?
- Como atingir maior / menor troca de calor?
compressor
válvula
condensador
evaporador
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- Outras questões semelhantes.
Problema-chave da transferência de calor: o conhecimento do fluxo de calor.
O conhecimento dos mecanismos de transferência de calor permite:
- Aumentar o fluxo de calor: projeto de condensadores, evaporadores, caldeiras, etc.;
- Diminuir o fluxo de calor: Evitar ou diminuir as perdas durante o “transporte” de frio
ou calor como, por exemplo, tubulações de vapor, tubulações de água “gelada” de
circuitos de refrigeração;
- Controle de temperatura: motores de combustão interna, pás de turbinas, aquecedores,
etc.
1.2 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR
A transferência de calor ocorre de três formas, quais sejam: condução, convecção e
radiação térmica. Abaixo se descreve cada um dos mecanismos.
(a) Condução de calor
- Gases, líquidos – transferência de calor dominante ocorre da região de alta
temperatura para a de baixa temperatura pelo choque de partículas mais energéticas para
as menos energéticas.
- Sólidos – energia é transferência por vibração da rede (menos efetivo) e, também, por
elétrons livres (mais efetivo), no caso de materiais bons condutores elétricos.
Geralmente, bons condutores elétricos são bons condutores de calor e vice-versa. E
isolantes elétricos são também isolantes térmicos (em geral).
A condução, de calor é regida pela lei de Fourier (1822)
dx
dTAq
x
onde: A : área perpendicular ao fluxo de calor xq
T : temperatura
. .
x
sólido
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A constante de proporcionalidade é a condutividade ou condutibilidade térmica do
material, k, ou seja:
dx
dTkAqx
As unidades no SI das grandezas envolvidas são:
[
x
q ] = W ,
[ A ] = 2m ,
[T ] = K ou Co ,
[ x ] = m .
assim, as unidades de k são: [ k ] =
Cm
W
o ou Km
W
A condutividade térmica k é uma propriedade de transporte do material. Geralmente, os
valores da condutividade de muitos materiais encontram-se na forma de tabela na seção
de apêndices dos livros-texto.
Necessidade do valor de (-) na expressão
Dada a seguinte distribuição de temperatura:
Para 12 TT
T2
T1
T
x
T
xx1 x2
0xq (pois o fluxo de calor flui da região de maior para a de menor temperatura. Está,
portanto, fluindo em sentido contrário a orientação de x)
Além disso, do esquema: 0
0
0
x
T
x
T
, daí tem-se que o gradiente também será
positivo, isto é:
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0
dx
dT
mas, como 0k (sempre), e 0A (sempre), conclui-se que,
então, é preciso inserir o sinal negativo (-) na expressão da condução de calor (Lei de
Fourier) para manter a convenção de que 0xq na direção de x.
Se as temperaturas forem invertidas, isto é, 21 TT , conforme próximo esquema, a
equação da condução também exige que o sinal de (-) seja usado (verifique!!)
De forma que a Lei da Condução de Calor é:
Lei de Fourier (1822)
(b) Convecção de Calor
A convecção de calor é baseada na Lei de resfriamento de Newton (1701)
)( TTAq S
onde, a proporcionalidade é dada pelo coeficiente de transferência de calor por
convecção, h, por vezes também chamado de coeficiente de película. De forma que:
dx
dTkAq
x
)( TThAq S
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onde:
A : Área da superfície de troca de calor;
ST : Temperatura da superfície;
T : Temperatura do fluido ao longe.
- O problema central da convecção é a determinação do valor de h que depende de
muitos fatores, entre eles: geometria de contato fluido-superfície (área da superfície, sua
rugosidade e sua geometria), propriedades termodinâmicas e de transportes do fluido,
temperaturas envolvidas, velocidades. Esses são alguns dos fatores que interferem no
seu valor.
(c) Radiação Térmica
A radiação térmica é a terceira forma de transferência de calor e é regida pela lei de
Stefan – Boltzmann. Sendo que Stefan a obteve de forma empírica (1879) – e
Boltzmann, de forma teórica (1884).
Corpo negro – irradiador perfeito de radiação térmica
(para um corpo negro)
constante de Stefan – Boltzmann (5,669x10-8 W/m2 K4)
Corpos reais (cinzentos) 4ATq , onde é a emissividade da superfície que é
sempre menor que a unidade.
Mecanismo físico: Transporte de energia térmica na forma de ondas eletromagnéticas
ou fótons, dependendo do modelo físico adotado. Não necessita de
meio físico para se propagar. Graças a essa forma de transferência
de calor é que existe vida na Terra devido à energia na forma de
calor da irradiação solar que atinge nosso planeta.
4ATq
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Exercícios Resolvidos: Exercícios adaptados do livro Fundamentos de transferência
de calor e massa, Incropera
1.1 A base, com 5 mm de espessura, de uma panela com diâmetro de 200 mm pode ser feita
com ferro fundido (k=80,2 W/(m K)) ou cobre (k=390 W/(m K)). Quando usada para ferver
água, a superfície da base exposta à água encontra-se a 110ºC. Se calor é transferido do fogão
para a panela a uma taxa de 600 W, qual é a temperatura da superfície voltada para o fogão para
cada um dos dois materiais?
Dados do problema:
Diâmetro do fundo da panela: ∅ = ʹͲͲ ��
Espessura do fundo da panela: ݁ = ͷ ��
Condutividade dos materiais: alumínio - �= ͺͲ,ʹ � � ; cobre - � = ͵ͻͲ � �
Temperatura no fundo do lado em contato com a água: �ଶ = ͳͳͲ°�
Desenho esquemático:
Hipóteses:
1. Regime permanente
2. Problema unidimensional
Solução:
Da lei de Fourier: � = −�� ݀�݀ݔ = −�� ሺ�ଵ − �ଶሻ݁
Sabendo que � = ͲͲ�, e que � = ��24 = ͵,ͳͶ ∗ ሺ,ଶ ሻ24 = Ͳ,Ͳ͵ͳͶ �ଶ �ଵ = �݁�� + �ଶ
Para o ferro fundido: �ଵ = ͲͲ � ∗ Ͳ,ͲͲͷ �ͺͲ,ʹ �� � ∗ Ͳ,Ͳ͵ͳͶ �ଶ + ͳͳͲ = ͳͳͳ,ͻ°�
Para o cobre:
�ଵ = ͲͲ � ∗ Ͳ,ͲͲͷ �͵ͻͲ �� � ∗ Ͳ,Ͳ͵ͳͶ �ଶ + ͳͳͲ = ͳͳͲ,ʹͷ°�
Note-se que devido à condutividade do cobre ser maior do que a do alumínio a diferença de
temperatura entre T1 e T2 são menores.
1.2 Uma caixa de transmissão, medindo w=0,3 m de lado, recebe uma entrada de potência de
Pent=150 HP fornecida por um motor elétrico. Sendo a eficiência de transmissão η=0,93; com o
escoamento do ar caracterizado por T∞=30ºC e
h = 200 W/(m2K). Nessas condições, pede-se
qual é a temperatura superficial da caixa de
transmissão? Dados do problema:
Dimensões do cubo ݓ = Ͳ,͵ �
Quantidade de faces exposta: 6
Potência de entrada: �௧ = ͳͷͲ ��
Rendimento da caixa de transmissão: � = Ͳ,ͻ͵
Temperatura do ar: �∞ = ͵Ͳ°�
e
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Conversão de unidade: ͳ �� = Ͷ �
Hipóteses:
1. Regime permanente
2. Coeficiente convectivo e temperatura na superfície uniforme
3. Transferência de calor por radiação desprezível
Solução:
� = ݓଶ
Da lei de resfriamento de Newton: � = ℎ � ሺ�௦ − �∞ሻ = ℎ ݓଶ ሺ�௦ − �∞ሻ
A potência transmitida é dada por �௧ = �௧ �. Logo, a parte não foi transmitida se
transformou em um fluxo de calor que pode ser obtido por: � = �௧ሺͳ − �ሻ = ͳͷͲ �� Ͷ ��� ሺͳ − Ͳ,ͻ͵ሻ = ͺ͵͵ �
Igualando ambos obtemos a temperatura da superfície: �௦ = �∞ + � ℎ ݓଶ = ͵Ͳ°� + ͺ͵͵ � ∗ ʹͲͲ �� � ሺͲ,͵ �ሻଶ = ͳͲʹ,ͷ°�
1.3 Considere a caixa de transmissão do problema anterior, mas agora permita a troca por
radiação com a sua vizinhança, que pode ser aproximada por um grande envoltório a Tviz
=30ºC. Sendo a emissividade da superfície da caixa a ε=0,8, qual é a sua temperatura?
Dados do problema:
Dimensões do cubo ݓ = Ͳ,͵ �
Quantidade de faces exposta: 6
Potência de entrada: �௧ = ͳͷͲ ��
Rendimento da caixa de transmissão: � = Ͳ,ͻ͵
Temperatura do ar: �∞ = ͵Ͳ°�
Hipóteses:
1. Regime permanente
2. Coeficiente convectivo e
temperatura na superfície
uniforme
3. Transferência de calor por
radiação com a vizinhança
Solução:
Aproveitando a solução do exercício anterior: � = ͺ͵͵ � e � = ݓଶ
A transferência de calor se dá por convecção e radiação, fazendo um balanço de energia para
regime permanente temos que: �௧ − �௦í = Ͳ
Sendo que: �௦� = �[ ℎሺ�௦ − �∞ሻ + ��(�௦4 − ����4 )]
Igualando a taxa de calor da transmissão temos (nota: as temperaturas têm que ser absolutas:
ͺ͵͵ � = ሺͲ,͵Ͳሻଶ [ʹͲͲ ሺ�௦ − ͵Ͳ͵ሻ + Ͳ,ͺ ∗ ͷ, ∗ ͳͲ−8ሺ�௦4 − ͵Ͳ͵4ሻ]
Radiação Convecção
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Após tentativa e erro, obtém-se: �௦ ≈ ͵͵ � = ͳͲͲ°�
Notamos que para a temperatura �௦ ≈ ͵͵ � , a �� ≈ ͷͲ � e �ௗ = ʹ �, ou seja, a
transferência de calor por convecção é predominante. E como vimos no exercício anterior, se
desprezarmos a radiação a temperatura da superfície será de �௦ = ͳͲʹ,ͷ°�.
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AULA 2 – CONDUÇÃO DE CALOR
CONDUÇÃO DE CALOR
Condutibilidade ou Condutividade Térmica, k
Da Lei de Fourier da condução de calor, tem-se que o fluxo de calor, q, é diretamente
proporcional ao gradiente de temperaturas, de acordo com a seguinte expressão:
x
Tkq
, onde A é a área perpendicular à direção do fluxo de calor e k é a
condutividade térmica do material.
As unidades no SI da condutividade térmica, k, do material, são:
x
TA
qk
m
C
m
Wk
o
2
Cm
Wk
o ou Km
W
.
Sendo:
k: condutividade (de transporte) do material que pode ser facilmente determinada de
forma experimental. Valores tabelados de diversos materiais se encontram na seção de
apêndice do livro-texto.
Exemplo de experimento laboratorial para obtenção de k
isolante
x
A
Resistência
elétrica
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7
i
Pontos de medição de
temperatura
q
A
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No experimento indicado, uma corrente elétrica é fornecida à resistência elétrica
enrolada em torno da haste do bastão. O fluxo de calor gerado por efeito joule vai ser
conduzido da haste para o bastão (lado direito). Mediante a instalação de sensores de
temperatura (termopares, por ex.), pode-se levantar o perfil da distribuição de
temperaturas ao longo de bastão, como aquele indicado no gráfico acima. Estritamente
falando, esse perfil temperatura é linear, como vai se ver adiante. Por outro lado, o fluxo
de calor fornecido é a própria potência elétrica dissipada, ou seja, IUIRq 2 .
Sendo a seção transversal A conhecida, então, da lei de Fourier, determina-se a
condutividade térmica do material da haste, k. Neste caso,
x
TA
qk
.
Um aspecto importante da condução de calor é que o mecanismo da condução de calor é
diferente dependendo do estado físico e da natureza do material. Abaixo, indicam-se os
mecanismos físicos de transporte de acordo com o estado físico.
Gases
O choque molecular permite a troca de energia cinética das moléculas mais
energéticas para as menos energéticas. A energia cinética está relacionada com a
temperatura absoluta do gás. Quanto maior a temperatura, maior o movimento
molecular, maior o número de choques e, portanto, mais rapidamente a energia térmica
flui. Pode-se mostrar que.
Tk
Para alguns gases, a pressão moderada, k é só função de T. Assim, os dados
tabelados para uma dada temperatura e pressão podem ser usados para outra pressão,
desde que seja à mesma temperatura. Isso não é valido próximo do ponto critico.
Líquidos
Qualitativamente o mecanismo físico de transporte de calor por condução nos
líquidos é o mesmo do que o dos gases. Entretanto, a situação é consideravelmente mais
complexa devido à menor mobilidade das moléculas.
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Sólidos
Duas maneiras básicas regem a transferência de calor por condução em sólidos:
vibração da rede cristalina e transporte por elétrons livres. O segundo modo é o mais
efetivo e é o preponderante em materiais metálicos. Isto explica porque, em geral, bons
condutores de eletricidade também são bons condutores de calor. A transferência de
calor em isolantes se dá, por meio da vibração da rede cristalina, que é menos eficiente.
O diagrama a seguir ilustra qualitativamente as ordens de grandeza da condutividade
térmica dos materiais. Nota-se que, em geral, a condutividade aumenta na sequência de
gases, líquidos e sólidos e que os metais puros são os de maior condutividade térmica.
EQUAÇÃO GERALDA CONDUÇÃO DE CALOR EM COORDENADAS
CARTESIANAS
Balanço de energia em um
volume de controle elementar
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BALANÇO DE ENERGIA (1ª LEI)
Fluxo de Taxa de Taxa temporal Fluxo de
calor que calor de variação calor que
entra no + gerada = da energia + deixa o
V.C. no V.C. Interna no V.C. V.C.
(I) (II) (III) (IV)
Sejam os termos:
(I) Fluxo de calor que entra no V.C.
Direção x
x
TdAk
x
Tdzdykq xxx
-
Direção y
y
Tdzdxkq yy
y
Tdzdxkq yy
Direção z y
Tdydxkq zz
(II) Taxa de calor gerado
dz q '''G dydxEG
onde: '''gq = Taxa de calor gerado na unidade de volume. 3mW
(III) Taxa temporal de variação da energia interna
t
T
cdzdydx
t
u
m
t
UEar
onde: c = calor específico; m = massa elementar do V.C. e a densidade.
CkgkJ o/
(IV) Fluxo de calor que deixa o V.C. – expansão em serie de Taylor:
Direção x: xd
x
q
qq xxdxx
)(0 2dxdx
x
q
qq xxdxx
Direção y:
dyy
q
qq yydyy
z
Tdydxkq zz
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Direção z:
dz
z
q
qq zzdzz
Então, juntando os termos (I) + (II) = (III) + (IV), vem:
dz
z
q
qdy
y
q
qdx
x
q
q
t
T
cdxdydzdxdydzqqqq zz
y
y
x
xGzyx
'''
+ ordem superior
simplificando os termos zyx qqq e , , vem:
,
''' dz
z
qdy
y
q
dx
x
q
t
T
cdxdydzdxdydzq zyxG
e, substituindo a Lei de Fourier para os termos de fluxo de calor,
dxdydzk
z
dxdydzk
y
dxdydzk
xt
T
cdxdydzdxdydzq zyxG
z
T
y
T
x
T
'''
Dividindo ambos os lados pelo volume de controle elementar dxdydz, temos finalmente:
Essa é a equação geral da condução de calor. Não existe uma solução analítica para
todos os casos e geometrias, porque se trata de um problema que depende das condições
inicial e de contorno. Por isso, ela é geralmente resolvida para diversos casos que
dependem da geometria do problema, do tipo (regime permanente) que perfazem as
condições de contorno e inicial. Evidentemente, procura-se uma solução do tipo:
),,,( tzyxTT . A seguir são apresentados alguns casos básicos.
Casos:
A) Condutividade térmica uniforme (material isotrópico) e constante (independe
de T)
kkkk zyx
t
T
k
q
z
T
y
T
x
T '''g
T
1
2
2
2
2
2
2
2
onde,
t
T
z
T
y
T
x
T
"'
cqk
z
k
y
k
x
Gzyx
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18
= c
k
é conhecida como difusibilidade ou difusividade térmica, cuja unidade no SI é:
s
m
s
s
J
mW
Kkg
J
m
kg
Km
W
c
k ²²
3
Essa equação ainda pode ser escrita em notação mais sintética da seguinte forma:
onde:
2
2
2
2
2
2
2
zyx
é o operador matemático chamado de Laplaciano no
sistema cartesiano de coordenadas.
Esta última forma de escrever a equação da condução de calor é preferível, pois,
embora ela tenha sido deduzida acima para o sistema cartesiano de coordenadas, a
formulação simbólica do laplaciano independe do sistema de coordenadas adotado.
Caso haja interesse em usar outros sistemas de coordenadas, basta substituir o
Laplaciano do sistema de interesse, como exemplificado abaixo,
- Cilíndrico: 2
2
2
2
2
2 11
zrr
r
rr
- Esférico: 2
2
222
2
2
2
sen
1
sen
sen
11
rrr
r
rr
B) Sem geração de calor e k uniforme e constante, 0''' Gq
(Eq. de Fourier)
C) Regime permanente (ou estacionário) e k uniforme e constante, 0
t
T
(Eq. de Poisson)
D) Regime permanente e k constante e uniforme
(Eq. de Laplace)
t
T
k
q
T G
1'''2
12
t
TT
0
'''
2
k
qT G
02 T
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19
Exercícios Resolvidos: Exercícios adaptados do livro Fundamentos de transferência
de calor e massa, Incropera
2.1 Considere uma parede plana com 100 mm de espessura e condutividade térmica de 100 W/m
K. Supondo a manutenção de condições de regime permanente, com T1 = 400 K e T2 = 600 K,
determine o fluxo de calor q”x e o gradiente de temperatura dT/dx para os sistemas de
coordenadas mostrados.
Dados do problema:
T1 = 400 K ; T2 = 600 K ; k= 100 W/
m K ; L=100 mm.
Hipóteses:
1. Transferência de calor
unidimensional
2. Propriedades, k é constante
3. Regime permanente
4. Sem geração interna de calor
Solução:
A equação de transferência de calor: ��′′ = −� ݀�݀�
O gradiente de temperatura é constante na parede é constante podendo ser representado desta
forma: ݀�݀� = �ሺܮሻ − �ሺͲሻܮ
Substituindo os valores numérico no gradiente, temos:
a) ௗ�ௗ� = �మ−�భ = ሺ−ସሻ,ଵ = ʹͲͲͲ ܭ/�
b) ௗ�ௗ� = �భ−�మ = ሺସ−ሻ,ଵ = −ʹͲͲͲ ܭ/�
c) ௗ�ௗ� = �మ−�భ = ሺ−ସሻ,ଵ = ʹͲͲͲ ܭ/�
A taxa de calor é calculada utilizando a equação da Lei de Fourier e considerando k=
100 W/m.
a) ��" = −ͳͲͲ � ܺ ʹͲͲͲ = −ʹͲͲ ��మ
b) ��" = −ͳͲͲ � ܺሺ−ʹͲͲͲ ሻ = +ʹͲͲ ��మ
c) ��" = −ͳͲͲ � ܺ ʹͲͲͲ = −ʹͲͲ ��మ
2.2 Condução unidimensional, em regime permanente, com geração de energia interna
uniforme ocorre em uma parede plana com espessura de 50 mm e uma condutividade
térmica constante igual a 5 W/ (m K). Nessas condições, a distribuição de temperaturas tem
a forma T (x)= a +b x +cx2. A superfície em x=0 está a uma temperatura T(0) = T0 =120°C.
Nessa superfície, há convecção com um fluido a T∞ = 20°C com h = 500 W/(m2 K). A
superfície em x=L é isolada termicamente.
(a) utilizando um balanço de energia global na parede, calcule a taxa de geração interna de
energia utilizando um balanço de energia na parede, calcule a taxa de geração interna de
energia.
(b) determine os coeficientes a, b e c aplicando as condições de contorno na distribuição de
temperaturas especificada. Use os resultados para calcular e representar graficamentea
distribuição de temperatura.
Desenho esquemático:
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Hipóteses:
1. Regime estacionário
2. Condução unidimensional
3. Propriedades constantes e geração interna de calor constante
4. Condição de contorno, x=L é adiabático
Solução:
(a) a geração interna de energia pode ser obtida pelo balanço de energia na parede �̇௧′′ − �̇௦í′′ + �̇�′′ =0 onde �̇௦í′′ = ��′′
Substituindo temos: ℎሺ�∞ − �ሻ + �̇ܮ = Ͳ
sendo �̇ = −ℎ ሺ�∞−�బሻ = −5ͲͲ �మ ሺଶ−ଵଶሻ°�,ହ = ͳ,ͲܺͳͲ �య
b) aplicando as condições de contorno podemos obter os coeficientes a, b e c da equação de
distribuição de temperatura.
Condição de contorno 1: quando x= 0, convecção na superfície. �̇௧′′ − �̇௦í′′ = ��′′ − ��′′ሺͲሻ = Ͳ o qual, ��′′ሺͲሻ = −� ௗ�ௗ�)�=
Substituindo ��′′ሺͲሻ(distribuição de temperatura), ℎሺ�∞ − �ሻ − [−�ሺͲ + ܾ + ʹܿ�ሻ�=] = Ͳ , assim obtemos o coeficiente b: ܾ = − ℎሺ�∞ − �ሻ� = −5ͲͲ �ܹଶܭ ሺʹͲ − ͳʹͲሻ°� ͳ5 �ܹܭ = ͳ,ͲܺͳͲସ ܭ�
Condição de contorno 2: x=L, parede adiabática ou superfície isolada �̇௧ − �̇௦� = −��′′ሺܮሻ = Ͳ onde, ��′′ሺܮሻ = −� ௗ�ௗ�)�= �[−Ͳ + ܾ + ʹܿ�]�= = Ͳ assim obtemos c, ܿ = − ଶ = −ͳ,ͲܺͳͲସ ଵଶሺ,ହሻ = −ͳ,ͲܺͳͲହ మ
Desde que a temperatura em x=0 é conhecida, T(0)=T0 =120°C, obtemos:
�ሺͲሻ = ͳʹͲ°� = ܽ + ܾ Ͳ + ܿ Ͳ ou a =120°C obtendo o perfil de temperatura
�ሺ�ሻ = ͳʹͲ°� + ͳ,ͲܺͳͲସ ܭ� � − ͳ,ͲܺͳͲହ ܭ�ଶ �ଶ
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21
AULA 3 – CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME
PERMANENTE SEM GERAÇÃO – PLACA OU PAREDE PLANA
O caso mais simples que se pode imaginar de transferência de calor por condução é o
caso da parede ou placa plana, em regime permanente, sem geração interna de calor e
propriedades de transporte (condutividade térmica) constantes. Este é o caso ilustrado
na figura abaixo em que uma parede de espessura L, tendo a face esquerda mantida a
uma temperatura T1, enquanto que a face à direita é mantida à temperatura T2. Poderia se
imaginar que se trata, por exemplo, de uma parede que separa dois ambientes de
temperaturas distintas. Como se verá, a distribuição de temperaturas T(x) dentro da
parede é linear, como indicado na figura, com T1 > T2.
Para resolver esse caso, vamos partir da equação geral da condução de calor, deduzida
na aula anterior, isto é:
t
T
k
q
T G
1'''2
Introduzindo as simplificações do problema, vem:
i. Não há geração interna de calor: 0 Gq
ii. Regime permanente: 0
t
T
iii. Unidimensional (1D):
1
2
2
2
x
Assim, com essas condições, vem que 02
2
x
Td
, e a solução procurada é do tipo T(x).
Para resolver essa equação considere a seguinte mudança de variáveis: dx
dT
Logo, substituindo na equação, vem que 0dx
d
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22
Integrando por separação de variáveis vem:
1Cd , ou seja: 1C
Mas, como foi definido
dx
dT 1Cdx
dT
Integrando a equação mais uma vez, vem:
21)( CxCxT Que é a equação de uma reta, como já antecipado.
Para se obter as constantes C1 e C2, deve-se aplicar as condições de contorno que, nesse
exemplo, são dadas pelas temperaturas superficiais das duas faces. Em termos
matemáticos isso quer dizer que
(A) em x = 0 1TT
(B) e em x = L 2TT
De (A): 12 TC
e de (B): 112 TLCT L
TTC 121
Assim,
Para efeito de ilustração, suponha que 21 TT , como mostrado na figura abaixo.
Cálculo do fluxo de calor transferido através da
parede
.
Para isso, deve-se usar a Lei de Fourier, dada por:
dx
dTkq
e, substituindo a distribuição de temperaturas,
vem:
L
TTkT
L
xTT
dx
dkq 12112
, ou,
em termos de fluxo de calor por unidade de área,
temos:
mW 212''
L
TTkqq
Esquecendo o sinal de (-), já que sabemos a direção do fluxo de calor, vem
112 )()( TL
xTTxT
L
Tkq ''
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23
Conhecida a equação que rege do fluxo de calor através da parede, podemos:
Aumentar o fluxo de calor q”:
. Com o uso de material bom condutor de calor, isto é, com k
. Ou, pela diminuição da espessura da parede, isto é L
Ou diminuir o fluxo de calor q”:
. Com o uso de material isolante térmico k
. Ou, pelo aumento da espessura da parede, isto é L
CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE SEM
GERAÇÃO INTERNA DE CALOR – TUBO CILÍNDRICO.
Este é o caso equivalente, em coordenadas cilíndricas, ao da condução de calor
unidimensional, em regime permanente, sem geração de calor e condutividade térmica
constante estudado acima para uma parede ou placa plana. A diferença é que sua
aplicação é para tubos cilíndricos.
A equação geral é da forma
t
T
k
q
T G
1'''2
Neste caso, a geometria do problema indica que se deve resolver o problema em
coordenadas cilíndricas. Para isso, basta usar o Laplaciano correspondente, isto é:
t
T
k
q
z
TT
rr
T
r
rr
G
111 '''
2
2
2
2
2
Introduzindo as simplificações:
i. Não há geração interna de calor: 0 Gq
ii. Regime permanente: 0
t
T
iii. Unidimensional (1D): que é válido para um tubo muito longo, ou
seja, T não depende de z, logo 02
2
z
T
iv. Há uma simetria radial, T não depende de , isto é: 02
2
T
As simplificações (iii) e (iv) implicam que se trata de um problema unidimensional na
direção radial, r. A aplicação dessas condições resulta em:
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24
0
dr
dT
r
dr
d
, onde a solução procurada é do tipo )(rTT
As condições de contorno para a ilustração indicada acima são:
A superfície interna é mantida a uma temperatura constante, isto é: ii TTrr
A superfície externa é também mantida a uma outra temperatura constante, isto é:
ee TTrr
Solução:
1a Integração – separe as variáreis e integra uma vez, para resultar em:
10 Cdrdrdr
dT
rd 1Cdr
dT
r
Integrando pela 2a vez, após separação de variáveis, vem:
21 CrdrCdT
Portanto, a distribuição de temperaturas no caso do tubo cilíndrico é logarítmica e não
linear como no caso da parede plana.
Determinação de 1C e 2C por meio da aplicação das condições de contorno:
(A) ii TTrr 21 )ln( CrCT ii
(B) ee TTrr 21 ) ln( CrCT ee
Fazendo-se (A) – (B), temos que
e
i
1
r
rln CTT ei , ou
e
i
1
r
rln
ei TTC
Finalmente, na eq. da distribuição detemperaturas:
Distribuição de temperatura, supondo ei TT .
21 )ln( CrCrT
eei TTTrT
e
e
i r
rln
r
r
ln
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25
Te
Ti
re ri
raio
Lei logarítmica
T
O fluxo de calor é obtido por meio da Lei de Fourier, isto é, dr
dTkq
Atenção a esse ponto, a área A é a área perpendicular ao fluxo de calor e não a área da
seção transversal. Portanto, trata-se da área da “casquinha” cilíndrica ilustrada abaixo.
rLA 2 (área da casca cilíndrica), L é o comprimento do tubo
Substituindo a distribuição logarítmica de temperatura na equação de Fourier,
21 )ln()( CrCrT , vem:
])ln([2 21 CrCdr
d
rLkq
ou, efetuando a derivação, temos:
r
kLrCq 12 1
ou, ainda: 12 kLCq
Substituindo, 1C :
e
i
r
rln
2 ie TTkLq
(W)
O fluxo de calor total q é constante através das superfícies cilíndricas!
Entretanto, o fluxo de calor por unidade de área, ''q , depende da posição radial
e
i
ie
r
r
TT
rL
kL
A
qq
ln
)(
2
2
''
e
i
ie
r
r
TT
r
kq
ln
)(
''
2mW
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Exercícios Resolvidos: Exercícios adaptados do livro transferência de calor e massa,
Çengel.
3.1. Considere que a base do ferro de passar roupa doméstico possui uma espessura de L
= 0,5 cm, e uma área de A = 300 cm2, o material de ferro com condutividade térmica, k
= 15 W/m. A superfície interna da placa é aquecida por uma resistência de 1200 W e a
superfície externa ocorre uma transferência de calor por convecção a vizinhança com T∞
= 20°C como apresentado na figura abaixo. Considerando um coeficiente de
transferência de calor por convecção, h = 80 W/m2°C, e que a transferência de calor por
radiação é desprezível, determine a distribuição de temperatura ao longo da placa e a
temperatura da superfície interna e externa.
Hipóteses:
Estado estacionário
A condução e calor é unidimensional
As propriedades físicas constantes
Sem geração interna de energia
A isolação térmica na superfície interna é
perfeitamente adiabático
Dados do problema:
h = 80 W/m2°C ; L = 0,5 cm ; A = 300 cm2; T∞ = 20°C ; k
= 15 W/m
Solução: O fluxo de calor na superfície interna é dada por, ̇ݍ = �బ̇�್ೌೞ� = ଵଶ �,ଷ �మ = ͶͲͲͲͲ ��మ.
A partir da equação de difusão do calor e as hipóteses admitida obtemos a equação diferencial
abaixo: ݀ଶ�݀�ଶ = Ͳ
Integrando a equação acima duas vezes obtemos o perfil de temperatura: ௗ�ௗ� = �ଵ . Integrando mais uma vez obtemos, �ሺ�ሻ = �ଵ� + �ଶ . C1 e C2 são as constantes de
integração e são obtidas aplicando as condições de contorno.
Condição de contorno 1: Na superfície interna, � = Ͳ, −� ௗ�ௗ�|�= = ̇ݍ , o que indica que −��ଵ = ̇ݍ e �ଵ = − ̇బ�
Condição de contorno 2: Na superfície externa, � = ܮ, �ሺܮሻ = �ଵܮ + �ଶ e −� ௗ�ௗ� = ℎ[�ሺܮሻ − �∞] → −��ଵ = ℎ[ሺ�ଵܮ + �ଶሻ − �∞]
Substituindo �ଵ = − ̇ݍͲ� e resolvendo para obter C2, temos: �ଶ = �∞ + ̇బℎ + ̇బ� ܮ . Substituindo
as constantes no perfil de temperatura obtemos:
�ሺ�ሻ = �∞ + ̇ݍ (ܮ − �� + ͳℎ )
Aplicando os valores na equação acima para � = Ͳ e � = Ͳ,ͷ ܿ� encontramos a
temperatura da superfície interna e externa respectivamente.
�ሺͲሻ = ʹͲ°� + ͶͲͲͲͲͲ ��ଶܭ(
Ͳ,ͲͲͷ �ͳͷ ��°� + ͳͺͲ ��ଶ°�)
= ͷ͵͵°�
�ሺܮሻ = ʹͲ°� + ቌͶͲͲͲͲ��ଶͺͲ ��ଶ°� ቍ = ͷʹͲ°�
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3.2. Um tubo por onde passa vapor de água possui as seguintes dimensões: comprimento, L=20
m; raio interno r1= 6 cm; raio externo r2=8 cm; e condutividade térmica, k= 20W/m°C. A
temperatura média da superfície interna e externa, T1=150°C e T2=60°C, são mantidas
constantes. Obtenha a distribuição de temperatura da parede do tubo e determine a perda de
calor do vapor por meio da parede do tubo.
Hipóteses:
1. Regime estacionário
2. Condução de calor unidimensional
3. As propriedades físicas
4. Sem geração calor
Solução: Da equação de difusão de calor para
coordenada cilíndrica, ݀݀ݎ (ݎ ݀�݀ݎ) = Ͳ
Integrando uma vez temos, ݎ ௗ�ௗ = ܿଵ e integrando mais
uma vez obtemos o perfil de temperatura: �ሺݎሻ = �ଵ ln ݎ + �ଶ
Aplicando as condições de contorno para determinar as constantes,
C.C 1: ݎ = ݎଵ �ሺݎଵሻ = �ଵ = ͳͷͲ°� → �ଵ = �ଵ ln ݎଵ + �ଶ →�ଵ = �మ−�భln ሺೝమೝభሻ
C.C 2: ݎ = ݎଶ �ሺݎଶሻ = �ଶ = Ͳ°� → �ଶ = �ଵ ln ݎଶ + �ଶ →�ଶ = �ଵ − �మ−�భlnቀೝమೝభቁ ln ሺݎଵሻ
Substituindo as constantes no perfil de temperatura obtemos: � ሺݎሻ = ቌln ቀ ݎݎଵቁln ቀݎଶݎଵቁቍሺ�ଶ − �ଵሻ + �ଵ
A taxa de calor do vapor é determinada utilizando a lei de Fourier, �̇ = −��݀�݀ݎ = −�ሺʹ�ݎܮሻ�ଵݎ = −ʹ��ܮ�ଵ = ʹ��ܮ �ଵ − �ଶln ሺݎଶݎଵሻ
Substituindo os valores numéricos obtemos: �̇ = ʹ� (ʹͲ ��°�) ሺʹͲ �ሻ ሺͳͷͲ − Ͳሻ°�ln ሺͲ,ͲͺͲ,Ͳሻ = ͺ ��
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AULA 4 – PAREDES PLANAS COMPOSTAS
Condução unidimensional, regime permanente, sem geração de calor – paredes
compostas.
Para resolver de forma rápida e simples este problema, note que o fluxo de calor q é o
mesmo que atravessa todas as paredes. Assim, para cada parede pode-se escrever as
seguintes equações:
- parede 1:
1
21
1
)(
L
TTAkq
Ak
qL
TT
1
1
21
- parede 2:
2
32
2
)(
L
TTAkq
Ak
qLTT
2
2
32
- parede 3:
3
43
3
)(
L
TTAkq
Ak
qLTT
3
3
43
Assim, somando os termos _____________
de todas as paredes:
Ak
L
qTT
i
i 41
ou, simplesmente,
R
Tq
onde, T refere-se à diferença total de temperaturas da duas faces externas e R é a
resistência térmica da parede composta, dada por
Ak
L
R
i
i
ANALOGIA ELÉTRICA
Nota-se que existe uma analogia elétrica perfeita entre fenômenos elétricos e térmicos
de condução de calor, fazendo a seguinte correspondência:
qi
TU
TÉRMICOÔHMICO RR
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29
Por meio de analogia elétrica, configurações mais complexas (em série e paralelo) de
paredes podem ser resolvidas.
Circuito elétrico equivalente
Fluxo de calor que é:
T
total
R
Tq
5//1 RRRRT
com
432//
1111
RRRR
Resistência térmica de contato
Quando as superfícies de dois sólidos são colocadas em contato para formar uma parede
composta, a região interfacial entre eles pode ter uma resistência térmica de contato, �௧," , devido ao fato de que não existe uma contato “perfeito” entre as duas superfícies,
como ilustrado abaixo, devido à rugosidade superficial. A transferência de calor se dará
por condução nos pontos de contato dos picos das rugosidades e pela condução através
do fluido que preenche o espaço entre as superfícies. Radiação térmica também pode
estarpresente.
q
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30
A resistência térmica de contato é dada por
�௧," = � − ���"
Alguns valores de resistência térmica estão indicados na Tabela 3.2 do livro do
Incropera, reproduzida a seguir.
CONDUÇÃO EM PLACA PLANA COM GERAÇÃO INTERNA DE CALOR
Geração interna de calor pode resultar da conversão de uma forma de energia em calor.
Exemplos de formas de energia convertidas em calor:
1. Geração de calor devido à conversão de energia elétrica em calor (efeito Joule)
2RIP (W)
Onde: P : potência elétrica transformada em fluxo de calor por efeito Joule (W)
R : resistência ôhmica ( )
I : corrente elétrica (A)
Ainda, U : diferença de potencial elétrico (V)
UIP ou
R
UP
2
Em termos volumétricos, '''Gq )/( 3mW , V
PqG ''' (W/m3), onde V : volume onde o
calor é gerado.
2. Geração de calor devido a uma reação química exotérmica )0( ''' Gq como, por
exemplo, o calor liberado durante a cura de resinas e concreto. Já, no caso de uma
reação endotérmica, 0''' Gq .
3. Outras formas tais de geração de calor devido à absorção de radiação, nêutrons, etc...
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31
Parede (placa) plana com geração de calor uniforme (resistência elétrica plana).
Esse é o caso de resistências elétricas planas.
Lb
T1
T2
2
L
2
b
i
Equação geral
t
T
k
q
T G
1'''2 , sendo que 0
t
T
(regime permanente)
0
'''
2
k
qT G )(xTT
Condições de contorno:
(1) Lx 1TT
(2) Lx 2TT
Solução
Seja a seguinte mudança de variável (apenas por conveniência):
dx
dT ,
Então
k
q
dx
d G
'''
Integrando essa equação por partes, vem:
1
'''
Cdx
k
qd G , mas como 1
'''
então , Cx
k
q
dx
dT
dx
dT G
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32
Integrando novamente:
Obs.: Trata-se de uma distribuição parabólica de temperaturas.
Como no caso da resistência elétrica '''Gq (geração de calor) é positivo e,
claro, k também é positiva, a constante que multiplica o termo 2x é
negativa parábola com a concavidade voltada para baixo. Por outro lado,
se '''Gq for negativo, o que pode ocorrer com processos de curas de algumas
resinas (processos endotérmicos), então a concavidade será voltada para
cima.
Determinação das constantes 1C e 2C :
Condições de contorno
(1)
21
2'''
1 2
CLC
k
Lq
T G - temperatura da face esquerda conhecida
(2)
21
2'''
2 2
CLC
k
Lq
T G - temperatura da face direita conhecida
Somando (1)+(2), vem:
2
2'''
21 2Ck
Lq
TT G
k
LqTTC G
22
2'''
21
2 .
Substituindo em (1) ou (2), tem-se
L
TTC
2
12
1
Então, a distribuição final de temperaturas é:
CASOS:
(A) Suponha que as duas faces estejam à mesma
temperatura: STTT 21 . Daí, resulta que:
21
2'''
2
)( CxC
k
xq
xT G
22
)(
2
)()( 2112
22''' TT
L
xTT
k
xLq
xT G
S
G T
k
xLq
xT
2
)()(
22'''
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33
É uma distribuição simétrica de temperaturas. A máxima temperatura, nesse caso,
ocorre no plano central, onde 0x (note a simetria do problema). Se for o caso pouco
comum de uma reação endotérmica, ou '''Gq < 0, a concavidade seria voltada para abaixo
e, no plano central, haveria a mínima temperatura.
Também poderia se chegar a essa expressão usando 0
dx
dT
S
G
CMÁX Tk
LqTT
2
2'''
O fluxo de calor (lei de Fourier)
dx
dTkAq ou, o fluxo de calor por unidade de área,
dx
dTk
A
qq '' , substituindo a distribuição de temperaturas, vem:
S
'''
G'' T
k
)xL(q
dx
dkq
2
22
,
ou, simplesmente:
No plano central (x = 0) o fluxo de calor é nulo devido à simetria do problema e das
condições de contorno.
Dessa forma, o plano central age como o caso de uma parede adiabática, 0'' q
(B) Nesse caso, suponha que a temperatura de uma das faces seja maior: Por exemplo,
21 TT , como ilustrado abaixo a seguir.
'''''
Gxqq
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34
Plano em que ocorre a máxima temperatura, máxT ( máxx )
Sabemos que o fluxo de calor é nulo em máxx :
0
máxx
dx
dTk ou
0
22
)()(
2
21
12
22
'''
TT
L
xTTxL
k
q
dx
d G , que resulta em:
0
2
)( 12'''
L
TT
x
k
q
máx
G
Cuja solução é:
Substituindo-se o valor de xmáx na expressão da distribuição da temperatura, encontra-se
o valor da máxima temperatura máxT . Tente fazer isso!
PENSE: Suponha que você é um engenheiro-perito e é chamado para dar um parecer
sobre um incêndio com suspeita de ter origem no sobreaquecimento do sistema elétrico.
Como você poderia, a partir de uma análise na fiação elétrica, inferir se houve ou não
sobreaquecimento à luz do assunto tratado nesta aula?
Exercícios Resolvidos: Exercícios adaptados do livro Fundamentos de transferência
de calor e massa, Incropera
4.1. O vidro traseiro de um automóvel é desembaçado pela passagem de ar quente sobre sua
superfície interna.
(a) Se o ar quente está a T∞,i = 40°C e o coeficiente de convecção correspondente é a hi = 30
W/(m2 K), quais as temperaturas das superfícies interna e externa de uma janela de vidro de 4
mm de espessura se a temperatura do ar ambiente é T∞,e = -10°C e o coeficiente de convecção
associado é he = 65 W/(m2 K)?
'''
12
2
)(
G
máx Lq
kTT
x
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35
Diagrama esquemático do problema:
Hipóteses:
1. Regime estacionário
2. Condução unidimensional
3. A transferência de calor por radiação é desprezível
4. As propriedades físicas são constantes
Solução: (a) O fluxo pode ser obtido por: �′′ = �∞,ଵ − �∞,ଶ�௧�௧ = �∞,� − �∞,ͳℎ + ܮ� + ͳℎ� = ͶͲ°� − ሺ−ͳͲ°�ሻͳͷ �ܹଶܭ + Ͳ,ͲͲͶ �ͳ,Ͷ �ܹ ܭ + ͳ͵Ͳ �ܹଶ ܭ = ͷͲ°�ሺͲ,ͲͳͷͶ + Ͳ,ͲͲʹͻ + Ͳ,Ͳ͵͵͵ሻ�ଶ ܭ/ܹ = ͻͺ �ܹଶ
Se o fluxo de calor �′′ = ℎ�(�∞,� − �∞,), a temperatura da superfície é: �௦,� = �∞,� − �′′ℎ� = ͶͲ°� − ଽ଼ ��మଷ ��మ� = ,°�
Da mesma forma obtemos para a temperatura da superfície externa: �௦, = �∞, − �′′ℎ� = −ͳͲ°� − ଽ଼ ��మହ ��మ� = Ͷ,ͻ°C
4.2.Uma parede plana de espessura 0,1 m e condutividade térmica k = 25 W/(m K) com geração
volumétrica de calor uniforme de 0,3 MW/m3 é isolada de um lado enquanto o outro lado é
expostoa um fluido a 92°C. O coeficiente de transferência de calor por convecção entre a
parede e o fluido é 500W/(m2 K). Determine a temperatura máxima da parede.
Hipóteses:
1. Regime estacionário
2. Condução unidimensional
3. Geração de energia uniforme no
volume
4. A superfície interna é adiabática
Solução: A equação do perfil de temperatura é para parede plana é dado por; �ሺ�ሻ = �ଵ� + �ଶ
Como a parede interna é adiabática, a temperatura no ponto � = Ͳ, é a temperatura máxima na
parede que pode ser obtido com a equação: � = �̇�మଶ� + �௦
A temperatura externa pode obtida por: �௦ = �∞ + �̇ܮℎ = ͻʹ°� + Ͳ,͵ܺͳͲ �ܹଷ Ͳ,ͳ �ͷͲͲ �ܹଶܭ = ͻʹ + Ͳ = ͳͷʹ°�
Consequentemente obtemos: � = Ͳ,͵ܺͳͲ ௐ�య ሺ,ଵ � ሻమଶଶହ ��� + ͳͷʹ°� = Ͳ + ͳͷʹ = ʹͳʹ°�
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36
AULA 5 - CONDUÇÃO DE CALOR EM CILINDROS COM
GERAÇÃO INTERNA DE CALOR e COEFICIENTE
GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Nesta aula, vai se estudar o caso da geração interna
de calor em cilindros maciços. Como exemplo de
aplicação tem-se o calor gerado por efeito joule
devido à passagem de corrente elétrica em fios
elétricos, como indicado na figura ao lado.
Partindo da equação geral da condução de calor:
t
T
k
q
T
'''
G
12
(Regime permanente)
Neste caso, é conveniente usar o Laplaciano em coordenadas cilíndricas, isto é:
2
2
2
2
2
2 11
z
TT
rr
T
r
rr
T
Hipóteses adicionais
- simetria radial: 02
2
(não há influência da posição angular numa seção
transversal, pois há simetria radial)
- o tubo é muito longo: 02
2
z
(não há efeitos de borda na direção axial)
Logo, trata-se de uma distribuição de temperaturas unidimensional na direção radial, ou
seja, )(rTT
Assim, introduzindo essas simplificações na equação geral da condução, vem:
01
'''
k
q
dr
dT
r
dr
d
r
G
Ou, integrando por partes:
1
'''
Crdr
k
q
dr
dT
rd G
, ou, ainda: 1
2'''
2
C
k
rq
dr
dT
r G
Integrando novamente por separação de variáveis:
2
1
'''
2
Cdr
r
C
r
k
qdT G
21
2'''
ln
4
)( CrC
k
rq
rT G
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37
*condições de contorno para obtenção das constantes C1 e C2:
(1) STrrT )( 0 a temperatura da superfície TS é conhecida
(2) 0
0
rdr
dT
simetria radial na linha central
Isso implica dizer que o fluxo de calor é nulo na linha central e, como decorrência,
também pode-se afirmar que a máxima temperatura máxT ocorre nessa linha.
Da segunda condição de contorno, vem que:
0
2
lim 1
'''
0
r
C
k
rqG
r
Do que resulta em 01 C , para que a expressão permaneça sempre nula.
Da primeira condição de contorno.
2
2'''
4
C
k
rq
T GS ou, k
rqTC GS 4
2
0
'''
2
Finalmente, a equação da condução de calor fica:
É uma distribuição parabólica de temperatura (2º. grau) !
Sendo, SGmáx Tk
rqT
4
2
0
'''
SG TrrkqT 220
'''
4
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38
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Considere um tubo cilíndrico longo revestido de isolamento térmico perfeito do lado
externo. Sua superfície interna é mantida a uma temperatura constante igual a iT .
Considere, ainda, que ocorre geração de calor '''Gq uniforme.
a) calcule a distribuição de temperaturas;
b) determine o fluxo de calor total removido (internamente);
c) determine a temperatura da superfície externa.
Solução:
Hipóteses: as mesmas que as anteriores.
Eq. 01
'''
k
q
dr
dT
r
dr
d
r
G
Condições de contorno:
(1) ii TrrT )( (temperatura interna constante)
(2) 0
erdr
dT
(fluxo de calor nulo na superfície)
A solução geral, como já visto, é:
21
2'''
ln
4
)( CrC
k
rq
rT G
Sendo, 1C e 2C saem das condições de contorno do problema específico:
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39
i
ie
ieG T
r
r
r
rr
k
rq
rT
ln2
4
)( 2
222'''
k
rq
C eG
2
2'''
1 ;
)ln(2
4
22'''
2 i
e
ieG
i r
r
r
k
rqTC
Assim,
O fluxo de calor é:
dr
dTkAq
)()2( rT
dr
d
rLkq
Após substituir a distribuição de temperaturas e efetuar da derivada, vem:
22''' ieG rrqLq (W/m)
A temperatura máxima é:
emáx TT
i
i
e
e
eieG
emáx T
r
r
r
rr
k
rq
TT
ln2
4 2
222'''
OUTRO EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Num fio de aço inoxidável de 3,2mm de diâmetro e 30cm de comprimento é aplicada
uma tensão de 10V. O fio está mantido em um meio que está a Co95 e o coeficiente de
transferência de calor vale CmkW o2/10 .
Calcule a temperatura no centro do fio. A resistividade do fio e de cm70 e sua
condutibilidade térmica vale CmW o/5,22
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40
CT oc 267
Solução:
Calor gerado por unidade de volume, isto é, a potência elétrica dissipada no volume.
R
URiP
2
2
;
A
LR
m 81070
mL 3,0 , 26
232
100425,8
4
)102,3(
4
m
DA
2
6
8
106111,2
100425,8
3,01070R
kWP 830,3
106111,2
100
2
3,0100425,8
1083,31083,3
6
33
LAV
PqG
3
910587,1
m
WqG
hA
PTTTThAP PP )(
3,0)102,3(1010
1083,395 33
3
PT
CT oP 222
k
rq
TT oGPc 4
2
5,224
)106,1(10587,1222
239
cT
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41
RESISTÊNCIA TÉRMICA – Várias Situações
- paredes planas
R
TTq 21
kA
LR
- circuito elétrico
- paredes compostas
- Circuito elétrico
Ainda,
onde
432//
1111
RRRR
5//1 RRRREQ
EQR
TTq 21
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42
- Tubo cilíndrico
R
TTq ei ;kL
r
r
R i
e
2
ln
- Tubo cilíndrico composto
- Circuito elétrico
ieq RR
Para dois tubos:
Lk
r
r
R
1
1
2
1 2
ln
Lk
r
r
R
2
2
3
2 2
ln
Lk
r
r
R
i
i
i
eq 2
ln 1
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43
Por indução, como deve ser a resistência térmica devido à convecção de calor?
Lei de convecção (Newton)
)( TThAq p e
hA
TT
q p 1
onde,
hA
1
é a resistência térmica de convecção
- Circuito elétrico
Para o caso em que houver convecção em ambas as paredes:
- Convecção em tubo cilíndrico
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44
Tabela-resumo de Resistências Térmicas
Circuito Elétrico
Fluxo de
Transferência
de calor
Resistências Térmicas
Parede plana
R
TTq 21
kA
LR
Parede plana com
convecção
R
TTq 21
321 RRRR
AhkA
L
Ah
R
21
11
Paredes compostas
EQR
TTq 21
5//1 RRRREQ
432//
1111
RRRR
Tubo cilíndrico
R
TTq ei
kL
r
r
R i
e
2
ln
Tubo cilíndrico
composto
eq
ei
R
TT
q
Lk
r
r
R
i
i
i
eq 2
ln 1
Convecção externa
em tubo cilíndrico
eq
ei
R
TT
q
hAkL
r
r
R i
e
eq
1
2
ln
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45
COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR U
O coeficiente global de transferência de calor é definido por:
totalTUAq
Claramente, U está associado com a resistência térmica,
- parede plana
AhkA
L
Ah
R
21
11
TUA
R
Tq
R
UA 1 ou
RA
U 1
Logo,
21
11
1
hk
L
h
U
- tubo cilíndrico
Há um problema associado com a área de referência. É preciso dizer se U se refere à
área interna do tubo, iU , ou à área externa, eU . No entanto, os dois valores são
intercambiáveis mediante a seguinte expressão:
totaliitotalee TAUTAU
Logo, iiee AUAU
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46
U referido à área externa:
e
r
r
e
e
hkL
A
U
i
e 1
2
ln
1
U referido à área interna:
ee
ir
r
i
i
hA
A
kL
A
U
i
e
2
ln
1
RAIO CRÍTICO DE ISOLAMENTO TÉRMICO
As tubulações que transportam fluidos aquecidos (ou frios) devem ser isoladas do meio
ambiente a fim de restringir a perda (ou ganho) de calor do fluido, que implica em
custos e ineficiências. Aparentemente, alguém poderia supor que a instalação pura e
simples de camadas de isolantes térmicos seria suficiente. Entretanto, um estudo mais
pormenorizado mostrará a necessidade de se estabelecer um critério para realizar esta
operação.
Como visto, o fluxo de calor é
hLrkL
TTq
e
r
r
i
i
e
2
1
2
ln
ou,
hrk
TTL
q
e
r
r
i
i
e 1ln
)(2
Note que o raio externo que aparece no
denominador dessa expressão tem duas
contribuições: uma no termo de condução e a
outra no termo de convecção. De forma que, se
o raio externo do isolamento aumentar, ele
diminui uma das resistências térmicas (a de convecção), enquanto que a resistência
térmica de condução aumenta. Isto está ilustrado no gráfico acima e dá origem a um
ponto de maximização. Do cálculo, sabe-se que a máxima transferência de calor ocorre
quando a derivada é nula, isto é,
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47
h
k
rcrit
2
.
1
.
1
2
1ln
)(20
e
rherk
hrk
TTL
dr
dq
e
r
r
i
e
i
e
Assim,
2
11
ee hrkr
critr é o chamado raio crítico de isolamento.
Se o raio crítico de isolamento for originalmente menor que
h
k
a transferência de calor
será aumentada pelo acréscimo de camadas de isolamento até a espessura dada pelo raio
crítico – conforme tendência do gráfico. Neste caso, ter-se-ia o efeito oposto ao
desejado de diminuir o fluxo de calor. Por outro lado, se originalmente a espessura de
isolamento for maior que a do raio crítico, adições sucessivas de camadas isolantes vão
de fato diminuir a perda de calor.
Para exemplificar, considere um valor do coeficiente de transferência de calor por
convecção de h =
Cm
W
o27 (convecção natural). A tabela a seguir indica os raios críticos
de isolamento para alguns isolantes térmicos.
material CmW ok critr (mm)
Teflon 0,350 50,0
Papel 0,180 25,7
Couro 0,159 22,7
Borracha macia 0,130 18,6
Silicato de cálcio 0,055 7,9
Lã de vidro 0,038 5,4
Poliestireno expandido 0,027 3,9
Folhas de papel e alumínio de
vidro laminado 0,000017 0,0024
Exercícios Resolvidos: Exercícios adaptados do livro transferência de calor e massa,
Çengel
5.1 Um fio com 3 mm de diâmetro e 5 m de comprimento com isolante de plástico, espessura de
2 mm e condutividade térmica, k = 0,15 W/m°C. Medições elétricas indicam que passa uma
corrente de 10 A pelo fio e a queda de tensão ao longo do fio é de 8 V. O isolamento de plástico
fica exposto ao ar com T∞ = 30°C e o coeficiente de transferência de calor, h = 12W/m2°C.
Determine a temperatura na superfície de contato entre o fio e o isolante em operação de regime
permanente, e determine o raio crítico.
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48
Hipóteses:
1. Regime estacionário
2. A condução de calor unidimensional
3. As propriedades físicas constantes
4. A resistência de contato entre fio e o isolante é desprezível
5. A transferência de calor por radiação está incluída no
coeficiente de transferência de calor
Solução: A taxa de transferência de calor do fio para o isolante é
igual a taxa de geração de calor produzido devido à resistência,
assim podemos obter:
ܳ̇ = ܹ̇� = ܸ � = ሺͺ ܸሻሺͳͲ �ሻ = ͺͲܹ
A área da superfície externa, �ଶ = ሺʹ � �ଶሻ� =ʹ �ሺͲ,ͲͲ͵ͷ �ሻሺͷ �ሻ = Ͳ,ͳͳͲ �ଶ
E as resistências apresentadas são dados por: ܴ�� = ͳℎ�ଶ = ͳሺͳʹ �ܹଶ°�ሻሺͲ,ͳͳͲ �ଶሻ = Ͳ, °�ܹ ܴ��௦௧�� = ln ሺ�ଶ�ଵሻʹ��� = ln ሺ͵,ͷͳ,ͷሻʹ �ሺͲ,ͳͷ �ܹ°� ሺͷ �ሻ = Ͳ,ͳͺ °�ܹ
Portanto: ܴ௧௧�� = ܴ��௦௧�� + ܴ�� = Ͳ, + Ͳ,ͳͺ = Ͳ,ͻͶ °��
ܳ̇ = �1−�∞������ → determinando a temperatura na superfície de contato entre o fio e a capa de
plástico: �ଵ = �∞ + ܴܳ̇௧௧�� = ͵Ͳ°� + ሺͺͲܹሻ ቀͲ,ͻͶ °��ቁ = ͳͲͷ°�
Ainda determinamoso raio crítico do isolamento: �� = �ℎ = Ͳ,ͳͷ �ܹ°�ͳʹ �ܹଶ°� = Ͳ,Ͳͳʹͷ � = ͳʹ,ͷ ��
O raio crítico, rcr , com o aumento da espessura da capa de plástico a taxa de transferência de
calor aumenta se a temperatura da superfície de contato permanecer constante. Este
comportamento ocorre até que o raio da capa plástico atinja o raio crítico.
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 49
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AULA 6 - ALETAS OU SUPERFÍCIES ESTENDIDAS
Considere uma superfície aquecida (ou resfriada) que se deseja trocar calor com um
fluido que a envolve que está à temperatura T∞.
Da lei de resfriamento de Newton, vem que o fluxo de calor trocado é dado por
TThAq s , onde h é o coeficiente de transferência de calor por convecção, A é a
área de troca de calor e Ts e T∞ são as temperaturas da superfície do fluido (ao longe).
Por uma simples análise, sabe-se que a transferência de calor pode ser melhorada, por
exemplo, aumentando-se a velocidade do fluido em relação à superfície. Com isso,
aumenta-se o valor do coeficiente de transferência de calor h e, por conseguinte, o
fluxo de calor trocado. Porém, há um preço a pagar e este preço é o fato que vai se
exigir a utilização de equipamentos de maior porte para movimentação do fluido, ou
seja, maiores ventiladores (ar) ou bombas (líquidos).
Uma forma muito empregada de se aumentar a taxa de transferência de calor consiste
em aumentar a superfície de troca de calor com o emprego de aletas, como as ilustradas
abaixo.
Assim, o emprego das aletas permite uma melhora da transferência de calor pelo
aumento da área exposta ou de contato entre a superfície aquecida e o fluido.
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 50
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Alguns poucos exemplos de aplicação de aletas:
(1) camisa do cilindro de motores de combustão interna resfriados a ar, como os do
“velho” fusca e motores de motocicletas;
(2) carcaça de motores elétricos;
(3) condensadores e evaporadores, como os de aparelhos de ar condicionado;
(4) dissipadores de componentes eletrônicos e de CPUs de computadores;
(5) orelhas de elefantes.
TIPOS DE ALETAS
A figura abaixo ilustra uma série de exemplos de aletas. Evidentemente, existem
centenas ou milhares de formas construtivas que estão, muitas das vezes, associadas ao
processo construtivo das mesmas (extrusão, soldagem, etc).
Figura 1– Diferentes tipos de superfícies aletadas, de acordo com Kreith e Bohn. (a)
aleta longitudinal de perfil retangular; (b) tubo cilíndrico com aletas de perfil
retangular; (c) aleta longitudinal de perfil trapezoidal; (d) aleta longitudinal de perfil
parabólico; (e) tubo cilíndrico equipado com aleta radial; (f) tubo cilíndrico equipado
com aleta radial com perfil cônico truncado; (g) pino cilíndrico; (h) pino cônico
truncado; (i) pino parabólico.
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EQUAÇÃO GERAL DA ALETA
Volume de controle
elementar, C
Hipóteses:
- regime permanente;
- temperatura uniforme na seção transversal;
- propriedades constantes.
Balanço de energia
convecçãopCVdo
saiquequecalordefluxo
III
conduçãopCVo
deixaquequecalordefluxo
II
conduçãopCVno
entraquecalordefluxo
I
/../../..
(I)
dx
dTkAq xx
(II) )( 2dxodx
dx
dqqq xxdxx expansão em série de Taylor
(III) )TT(hAq Lc
)( TThPdxqc
P : perímetro “molhado”, isto é, o perímetro da superfície externa (área lateral, AL) da
aleta que se encontra em contato com o fluido.
Substituindo-se as equações acima no balanço global de energia, vem:
dxTThPdxdx
dx
dq
qq xxx )(
0)( TThPdx
dqx
Ou, substituindo a lei de Fourier da condução:
0)(
TThPdx
dTA
dx
dk
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mxmx ececx 21)(
Sendo dTdTT
0
k
hP
dx
dA
dx
d
Esta é a equação geral da Aleta
)(x que é a distribuição de temperaturas ao longo da aleta;
)(xAA que depende da geometria da aleta (deve ser conhecida).
ALETA DE SEÇÃO TRANSVERSAL CONSTANTE: RETANGULAR
Do ponto de vista matemático, a equação de aleta mais simples de ser resolvida é a de
seção transversal constante como, por exemplo, uma aleta prismática de seção
transversal retangular ou circular. Assim, da equação geral com A = cte, vem:
022
2
m
dx
d
,
kA
hP
m 2
A solução é do tipo: ,
Essa solução provém do polinômio característico, o qual possui duas raízes reais e
distintas (m e –m) . Veja a seção “ lembrete de cálculo” abaixo.
Determinação das constantes 1c e 2c vêm das condições de contorno:
a1 Condição de Contorno
TT
TT
xpara
bb
b
)0(
)0(
0
0
2
0
1
ececb
bcc 21
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LEMBRETE DE CÁLCULO
Solução geral de equação diferencial homogênea de a2 ordem e coeficientes constantes
02
2
cy
dx
dyb
dx
yd
Assume-se que nxey
Substituindo essa solução, vem
02 nxnxnx cebneen nxe
Daí, obtém-se o polinômio característico
02 cbnn
Caso 1: 1n e 2n reais e distintos
xnxn
ececy 21 21
Caso 2: 1n e 2n reais iguais
xnxn
xececy 11 21
Caso 3: conjugados complexos
qipn 1 ; qipn 2
)]()cos([ 21 qxsencqxcey px
Onde,
2
bp ;
2
4 2bcq
A outra relação entre as condições de contorno depende do tipo de aleta, conforme
os casos (a), (b) e (c), abaixo estudados:
(a) aleta muito longa
Nesse caso, admite-se que a aleta é muito longa e sua
extremidade já atingiu a temperatura do fluido. Do ponto de
vista matemático uma aleta muito longa pode ser
simplificada como uma aleta de comprimento “infinito”,
isto é:
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x
kA
hP
b
mx
b e
x
ex
)()(
0 ouTTx
Assim,
bmxmx
x
ccecec 2121 0lim0
De forma que, a distribuição de temperaturas nesse caso é:
Ou, substituindo a definição de , vem:
O fluxo de calor total transferido pela aleta
O fluxo de calor total transferido pela aleta pode
ser calculado por dois métodos:
(1) aletabasecondaleta qq . (o fluxo de calor total
transferido é igual ao fluxo de calor por condução na base da aleta)
(2) dxTThPqaleta )(0
(o fluxo de calor total transferido é a integral do
fluxode calor convectivo ao longo de toda a superfície da aleta)
Usando o método (1), vem:
00
x
b
x
baleta dx
dkA
dx
dTkAq
Mas, cteAAb
0
)(
x
mx
b
mx
baleta emkAedx
dkAq
kA
hPkAq baleta
hPkAq baleta ou )( TThPkAq baleta
x
kA
hP
bb
e
TT
T)x(T)x(
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mLmL
mL
b
ee
e
c 1
Pelo outro método (2):
dxhPqaleta 0 ; cteP
dxehPq mxbaleta 0
bbmbmxbmxbaleta hPkA
m
hP
e
m
hP
m
ehPdxehPq
1limlimlim
0
0
ou, )( TThPkAq baleta o mesmo resultado anterior!
(b) caso em que a extremidade da aleta é adiabática
(finito)
Nesse caso, admite-se que a transferência de calor na
extremidade da aleta é muito pequena. Portanto,
admite-se que é adiabático:
LxLx dx
d
dx
dT
0 (extremidade adiabática), ou 021 mxmx ececdxd
De onde, se obtém,
mLmL
mL
b
ee
e
c
2
Mas como bcc 21 , então:
Logo, substituindo na equação, vem:
mx
c
mLmL
mL
mx
c
mLmL
mL
b
e
ee
e
e
ee
e
21
Ou 2/ 2/
)()(
mLmL
xLmxLm
b ee
ee
ou
mLcosh
)xL(mcosh
T)x(T
T)x(T)x(
bb
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)mL(senh
mk
hmLcosh
)xL(msenh
mk
h)xL(mcosh
T)x(T
T)x(T)x(
bb
)mL(senh
mk
h)mLcosh(
)mL(conh
mk
h)mL(senh
)TT(hPkAq b
Lembrete de funções hiperbólicas:
FUNÇÃO DEFINIÇÃO DERIVADA
)(xsenh
2
xx ee
)cosh(x
)cosh(x
2
xx ee
)(xsenh tanhሺ�ሻ
)cosh(
)(
x
xsenh
)(sec 2 xh
O fluxo de calor total transferido pela aleta
O mesmo resultado do caso anterior
00 cosh
)(cosh
x
b
x
aleta
mL
mxL
dx
dkA
dx
dkAq
)()cosh(
)(
m
mL
mLsenhkA b
)(mLtghmkA b
)(mLtghhPkAq b
(c) aleta finita com perda de calor por convecção na extremidade
Caso realista.
Condição de contorno na extremidade:
em
)( TTh
dx
dTkLx L
Lx
condução na extremidade = convecção
Distribuição de temperaturas
Fluxo de calor
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Tabela Resumo. Distribuição de temperaturas e perda de calor em aletas de seção
transversal uniforme.
Caso
Condição de
contorno na
extremidade ሺ� = �ሻ
Distribuição de Temperatura
Fluxo de Calor
a
Aleta muito
longa
xkA
hP
bb
e
TT
TxTx )()(
)TT(hPkAq baleta
b
Extremidade
adiabática
mL
xLm
TxT
TxTx
bb cosh
)(cosh
)(
)()(
)mL(tghhPkA)TT(q b
c
Convecção na
extremidade
(caso real)
)(cosh )()(cosh)( )()( mLsenh
mk
hmL
xLmsenh
mk
hxLm
TxT
TxTx
bb
)()cosh( )()()( mLsenh
mk
hmL
mLconh
mk
hmLsenh
TThPkAq b
� = √ℎ���
Comprimento Corrigido de Aleta
Em muitas situações, costuma-se usar a solução do caso (b) – extremidade adiabática –
mesmo para os casos reais. Para isso, usa-se o artifício de “rebater” a metade da
espessura t para cada lado da aleta e definir o chamado comprimento corrigido de aleta,
LC. Com isso, usa-se o caso (b) de solução mais simples.
b
t
L t/2
Lc=L+t/2
2/tLLc
L t/2
Lc
O erro introduzido por
essa aproximação será
menor que 8% desde que
5,0
k
ht
Exercícios Resolvidos: Exercícios adaptados do livro fundamentos de transferência
de calor e massa, Incropera
6.1 Tubos de cobre estão fixado à placa absorvedora de um coletor solar plano, conforme
mostrado na figura.
A placa absorvedora feita com a liga de alumínio (2024-T6) possui 6 mm de espessura e é
isolada termicamente na sua superfície interior. Há vácuo no espaço que separa a superfície
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superior da placa e a placa de cobertura transparente. Os tubos encontram-se espaçados entre si
por uma distância L de 0,02 m e água escoa nos tubos para remover a energia coletada. A água
pode ser suposta estar a uma temperatura uniforme Ta=60°C. Em condições de operação em
regime estacionário, nas quais o fluxo radiante liquido na superfície absorvedora é de �ௗ′′ =ͺͲͲ W/m2, quais são a temperatura máxima na placa e taxa de transferência de calor para a água
por unidade de comprimento do tubo? Note que �ௗ′′ representa o efeito líquido da absorção da
radiação solar pela placa absorvedora
e da troca de radiação entre placa
absorvedora e a placa de cobertura.
Você pode supor que a temperatura da
placa absorvedora exatamente acima
de um tubo seja igual à da água.
Hipótese:
1. Regime estacionário
2. Condução unidimensional
3. Absorção de radiação uniforme
na superfícia da placa
4. A perda por cndução no
isolamento é desprezível
5. A perda de calor por convecção é desprezível
6. A temperatura da placa absorvedora no ponto x=0, a temperatura da placa é igual da água
na entrada
Solução: Pela tabelas de propriedades, temos que: � = ͳͺͲ ��°� , a placa absorvedora atua
como uma superfície extendida, e a equação diferencial que descreve a distribuição de
temperatura pode ser obtida com o balanço de massa no volume de controle:
Obtemos: ��′ + �ௗ′′ ሺ��ሻ − ��+ௗ�′ = Ͳ , sendo que ��+ௗ�′ = ��′ + ௗ�′ௗ� �� e , ��′ = −�� ௗ�ௗ�
Então temos: �ௗ′′ − ௗௗ� [−�� ௗ�ௗ�] = Ͳ ou ௗమ�ௗ�మ + ���′′�� = Ͳ
Integrando duas vezes, a solução geral para a distribuição de temperatura é dada por: �ሺ�ሻ = − �ௗ′′ʹ�� �ଶ + ܥଵ� + ܥଶ
Aplicando as condições de contorno: �ሺͲሻ = � → ܥଶ = � ௗ�ௗ�|�=ಽమ = Ͳ →ܥଵ = ���′′ �ଶ��
Consequentemente: �ሺ�ሻ = ���′′ଶ�� �ሺܮ − �ሻ + � , a temperatura máxima na placa absorvedora, o
qual ocorre em � = �ଶ, é dado por: ��� = � (ʹܮ) = �ௗ′′ ܮଶͺ�� + �
A taxa de energia coletada por tubo pode ser obtido a equaçãod a lei de Fourierno ponto, � = Ͳ.
Essa é a energia transferido para o tubo por condução proveniente da placa absorvedora,
portanto: �′ = ʹ [−� � ௗ�ௗ�|�=] consequentemente, multiplicando-se por 2, pois, o calor vem dos dois
lados temos: �′ = −ܮ �ௗ′′′
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Portanto: ��� = 8 ��మሺ,ଶ �ሻమ8 [ଵ8 ��಼]ሺ,6 � ሻ + Ͳ°ܥ ou ��� = ͵,°ܥ �′ = −Ͳ,ʹ � 8��మ ou �′ = −ͳͲ ��
6.2 Uma barra de latão de 100 mm de comprimento de 5 mm de diâmetro se estende
horizontalmente de um molde de fundição a 200°C. a barra está noar ambiente com T∞=20°C e
h=30 W/m2K. Qual é a temperatura da barra a 25, 50 e 10 mm a partir do molde?
Hipótese:
1. Regime estacionário
2. Condução unidimensional
3. Propriedades físicas e, h,
são constantes
4.Radiação é desprezível
Da tab ela de propriedades dos materiais, latão k=133 W/mK.
� = [ ℎ���]ଵଶ = [ ℎ�ܦ�� ܦଶͶ ]
ଵଶ = [Ͷℎ�ܦ]ଵଶ = [ Ͷܺ͵Ͳ �ܹଶܭͳ͵͵ �ܹܭ ሺͲ,ͲͲͷ �ሻ]
ଵଶ
� = ͳ͵,Ͷ͵ �−ଵ
Ainda de acordo com a tabela de resumo de distribuição de temperatura, a distribuiçãod e
temperatura tem a seguinte forma: � = c୭s୦ �ሺ�−�ሻ+ሺℎ/��ሻ s୧୬୦ �ሺ�−�ሻc୭s୦ ��+ቀ ℎ��ቁ s୧୬୦ �� � as relações ℎ�� = ଷ ��మ಼ଵଷ,ସଷ �−భ ቀଵଷଷ ��಼ቁ = Ͳ,Ͳͳͺ
Sabendo que � = ͳͺͲ°ܥ, a distribuição de temperatura é dada por: � = cosh �ሺܮ − �ሻ + Ͳ,Ͳͳͺ sinh �ሺܮ − �ሻʹ,Ͳ ሺͳͺͲ°ܥሻ
A partir da equação descrita acima é possivel encontrar a temperatura para cada distância
obtendo a tabela abaixo:
m (m) Cosh m(L-x) Sinh m(L-x) � �ሺ °ܥሻ �ଵ = Ͳ,Ͳʹͷ 1,55 1,19 136,5 156,5 �ଶ = Ͳ,Ͳͷ 1,24 0,725 108,9 128,9 ܮ = Ͳ,ͳ 1 0 87 107
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60
AULA 7 – EFICIÊNCIA E EFETIVIDADE DE ALETAS
Eficiência de Aleta
A teoria desenvolvida na aula anterior é bastante útil para uma análise em detalhes para
o projeto de novas configurações e geometrias de aletas. Para alguns casos simples,
existem soluções analíticas, como foi o do caso estudado da aleta de seção transversal
constante. Seções geométricas irregulares ou que envolvem condições de contorno mais
complexas podem ser resolvidas mediante solução numérica da equação diferencial geral
da aleta. Porém, existe um método de seleção de tipos de aletas baseado no chamado
método da eficiência da aleta. Sendo que a eficiência de aleta, A , é definida por
idealcasobase.tempàestivessealetaacasootransmitidseriaquecalorfluxo
realcasoaleta/potransmitidcalordefluxo
A
q
qb qb= cte
L
Pode ser utilizado o comprimento corrigido, dado por: Lc = L+ t/2
Para o caso estudado na aula anterior da aleta retangular de extremidade adiabática, a
aplicação da definição de eficiência de aleta resulta em:
c
c
bc
cb
A
mL
mLtgh
hPL
mLtghhPkA )()( q
q , com
kA
hP
m
Por outro lado, o perímetro molhado é dado por
btbP 2)(2 (para t << b, aleta fina), sendo btA , de onde se obtém:
cc Lkt
h
mL 2
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61
Cálculo do Fluxo de Calor Através da Aleta
Da definição de eficiência de aleta, o fluxo de calor real transferido pela aleta, qA, pode
ser obtido por meio de maxqq AA , onde o máximo fluxo de calor transferido, qmax, é
aquele que ocorreria se a aleta estivesse toda à temperatura da base, isto é:
bahAq qmax ,
onde, Aa é a área total exposta da aleta e TTbbq
Assim, o fluxo de calor real transferido pela aleta é:
baaA hAq q
Note que a eficiência da aleta, a , selecionada sai de uma tabela, gráfico ou equação.
Na sequência deste texto há uma série de gráficos para alguns tipos de aletas.
Deve-se usar aleta quando:
(1) h é baixo (geralmente em convecção natural em gases, como o ar atmosférico)
(2) Deve-se usar um material de condutividade térmica elevado, tais como cobre e
alumínio, por razões que veremos adiante.
O alumínio é superior devido ao seu baixo custo e baixa densidade.
Exemplo de Aplicação
Em um tubo de diâmetro externo de 2,5 cm são instaladas
aletas circulares de alumínio por um processo de
soldagem na superfície. A espessura das aletas é de 0,1
cm e o diâmetro externo das mesmas é de 5,5 cm, como
ilustrado. Se a temperatura do tubo for de 100oC e o
coeficiente de transferência de calor for de 65 W/m2 K,
calcule o fluxo de calor transferido pela aleta.
Solução
Trata-se de aleta circular de alumínio. O valor da condutividade térmica é de 240 W/mK
(obtido por consulta a uma tabela de propriedades termofísicas dos sólidos). Vamos
calcular os parâmetros do gráfico correspondente dado na página 63 à frente.
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62
m
tLLmL
mt
c 0155,02
015,001,0
2
)5,25,5(
001,0
255,01055,1240650155,0 1055,1001,00155,0 5,055,12123c25 PcP kAhLmtLA
Para o uso do gráfico (pg.63), precisamos ainda da razão entre o raio externo corrido e o
raio interno da aleta.
24,2
25,1
2/1,075,22/
1
2
1
2
r
tr
r
r c
Com esses dois parâmetros no gráfico, obtemos
%91A . Assim, o fluxo de calor trocado pela aleta é:
, 5,177500394,06591,0 WhAq baaA q Já que a área exposta da aleta, vale, . 00394,02 22122 mrrA ca
Exemplo de Aplicação (cont...)
Admitindo que o passo das instalações da aleta é de 1 cm, qual deve ser o fluxo de calor
total transferido pelo tubo, se o mesmo for de 1 m de comprimento.
Solução
O tubo terá 100 aletas. O fluxo de calor trocado por aleta já é conhecido do cálculo
anterior. O fluxo de calor da porção de tubos sem aletas será:
aletas. há não que em tubodo área a é onde ),( sassasa ATThAq
221 07068,0 8,7061,010010025,12)(2 mcmtNLrA aTsa
Assim, Wqsa 6,344)25100(07068,065
O fluxo de calor trocado pelas 100 aletas será Wqca 17505,17100
Finalmente, o fluxo total de calor trocado pelo tubo será
Wqqq casaT 5,209417506,344 e %6,83%1002095
1750%
Como se vê, a instalação das aletas aumenta consideravelmente a transferência de calor.
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63
Ap – área de seção transversal de aleta
Tipo
Aa área total exposta da aleta
b – largura da
aleta
Lc = L-corrigido
t = espessura
Retangular cbL2
Triangular 2/122 )2/(2 LLb
Parabólica 2/122 )2/(05,2 LLb
Anular 2/121222 rrb c
Fluxo de calor transmitido
pela aleta:
baahAq q
Área total da aleta
Eficiencia da aleta
(f da figura)
TTbbq
base
Aa é a área total exposta da
aleta
Para obter a eficiência da
aleta, use os dados
geométricos disponíveis e
os indicados nos gráficos.
Uma vez obtida a eficiência
da aleta, calcule o fluxo real
de calor através da simples
expressão acima.
Comentários:
Aleta triangular (y ~ x)
requer menos material
(volume) para uma mesma
dissipação de calor do que a
aleta retangular. Contudo, a
aleta de perfil parabólico é a
que tem melhor índice de
dissipação de calor por
unidade de volume (q/V),
mais é apenas um pouco
superior ao perfil triangular
e seu uso é raramente
justificado em função de
maior custo de produção.
A aleta anular é usada em
tubos.
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64
Efetividade da Aleta
Como visto, a eficiência de aleta é somente um procedimento de seleção de tipos de
aletas, já que uma tabela, gráficoou equação fornece as eficiências das aletas e os cálculos
se dão a partir desse ponto. Mas, é preciso continuar com a análise para determinar se, de
fato, haverá incremento ou não da transferência de calor com a instalação de aletas. Claro
que está informação é crucial para que o engenheiro decida pela instalação de aletas. Para
que se possa seguramente tomar uma decisão sobre a vantagem ou não da instalação de
aletas, deve-se lançar mão do método da efetividade de aleta, . Nesse método, compara-
se o fluxo de calor devido através da aleta com o fluxo de calor que o ocorreria caso ela
não houvesse sido instalada. Lembrando que caso a aleta não existisse, a transferência de
calor em questão ocorreria através da área da base da aleta, Ab. Assim, define-se a
efetividade como sendo a razão entre o fluxo de calor através da aleta pelo fluxo de calor
através da base da aleta, ou seja:
bb
aleta
aletas
aleta
hA
q
q
q
q /
Ab, Tb
O fluxo de calor sem a aleta, q
s/aleta, é o que ocorreria na base da aleta, conforme ilustração
acima. Como regra geral, justifica-se o caso de aletas para ε > 2.
Para aleta retangular da extremidade adiabática
bb
cb
hA
mLtghhPkA
q
q )(
Nesse caso: A = Ab e, portanto,
kPhA
mLtgh c
/
)(
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65
Exemplos de Aplicação
Exemplo de aplicação 1 – Uma aleta de aço inoxidável, seção circular de dimensões L =
5 cm e r = 1 cm, é submetida à três condições de resfriamento, quais sejam:
A – Água em ebulição; h = 5000 W/m2K
B – Ar – convecção forçada; h = 100 W/m2K
C – Ar – Convecção natural; h = 10 W/m2K
Calcule a efetividade da aleta, para os seguintes dados:
- k aço inox = 19 W/m K (obtido de uma tabela de propriedades de transporte)
- Comprimento corrigido: Fórmula 2/rLLc
L= 5cm
Solução:
kPhA
mLtgh c
/
)( , com
hh
kr
h
rk
rh
kA
hP
m 24,3
01,0.19
222
2
e 2/01,005,024,3 hmLc , ou
seja: hmLc 178,0 .
No denominador tem-se: hh
k
hr
rk
rh
kP
hA 0162,0
19.2
01,0.
22
2
.
Substituindo estes dois resultados na expressão da efetividade, vem:
h
htgh
0162,0
)178,0(
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66
Agora, analisando os três casos (valores diferentes de h)
Caso A : h = 5000 W/m2 K 873,0
145,1
1
50000162,0
)5000178,0( tgh
Caso B : h = 100 W/m2 K 833,5
162,0
945,0
1000162,0
)100178,0( tgh
Caso C : h = 10 W/m2K 0,10
051,0
510,0
100162,0
)10178,0( tgh
Comentário
- Como visto, a colocação da aleta nem sempre melhora a transferência de calor. No caso
A, por exemplo, a instalação de aletas deteriora a transferência de calor, já que ε<1. Um
critério básico é que a razão hA/Pk deve ser muito menor que 1 para justificar o uso de
aletas.
Caso (A) 31,1
kP
hA
Caso (B) 026,0
kP
hA
Caso (C) 00262,0
kP
hA
- Informação importante: A aleta deve ser colocada do lado do tubo de menor coeficiente
de transferência de calor, que é também o de maior resistência térmica.
Exemplo de aplicação 2 – Considerando o problema anterior, suponha que a aleta seja
constituída de três materiais distintos e que o coeficiente de transferência de calor seja h
= 100 W/m2 oC. Calcule a efetividade para cada caso.
Das tabelas de propriedades de transporte dos materiais, obtém-se:
A – Cobre k = 368 W/m K
B – Aço inox k = 19 W/m K
C – Alumínio k = 240 W/m K
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67
Solução:
kkkr
h
m
4,141
01,0.
100.22 e, portanto,
kk
mLc
76,72/01,005,04,141
No denominador, agora temos:
kkk
hr
kP
hA
2
1
2
01,0.100
2
Substituindo ambos os resultados, obtém-se:
)/76,7(2 ktghk
Caso (A): k = 368 W/m K (cobre) ε = 10,7
Caso (B): k = 19 W/m K (aço inox) ε = 5,8
Caso (C): k = 240 W/m K (alumínio) ε = 10,1
Comentário:
O material da aleta é bastante importante no que tange a efetividade de uma aleta. Deve-
se procurar usar material de elevada condutividade térmica (cobre ou alumínio).
Geralmente, o material empregado é o alumínio por apresentar várias vantagens, tais
como:
(1) É fácil de ser trabalhado e, portanto, pode ser extrudado;
(2) Tem custo relativamente baixo;
(3) Possui uma densidade baixa, o que implica em menor peso final do equipamento;
(4) Tem excelente condutividade térmica.
Em algumas situações as aletas podem ser parte do projeto original do equipamento e
serem fundidas juntamente com a peça, como ocorre com as carcaças de motores elétricos
e os cilindros de motores resfriados a ar, por exemplo. Nesse caso, as aletas são feitas do
mesmo material da carcaça do motor.
Exercícios Resolvidos: Exercícios adaptados do livro fundamentos de transferência de
calor e massa, Incropera
7.1 Como mais e mais componentes são colocados em um circuito integrado individual (chip), a
quantidade de calor que é dissipado tende a aumentar. Por outro lado, esse aumento está limitado
pela temperatura máxima permitida de operação do chip, que é aproximadamente 75°C. Para
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68
maximizar a dissipação de calor propõe-se utilizar uma matriz 4x4 de aletas de cobre em forma
de pino que podem ser fixadas através de processos metalúrgicos à superfície externa de um chip
quadrado de 12,7 mm de lado.
(a)Esboce o circuito térmico equivalente para a montagem pino-chip-placa, admitindo condições
de estado estacionário unidimensional e resistência de contato desprezível entre os pinos e o chip.
Numa forma variável, enumere as resistências apropriadas, temperaturas e taxas de calor.
(b)Para as seguintes condições: Rt,c=10-4 m2K/W, Lb= 5 mm, kb = 1 W/mK, T∞,0= T∞,i = 20°C;
hi=40W/m2K, h0=250W/m2K, qual é a máxima taxa na qual o calor pode ser dissipado no chip
quando os pinos estão no lugar? Isto é, qual é o valor de qc para Tc=75°C? O diâmetro e o
comprimento do pino são Dp=1,5 mm e Lp=15 mm.
Hipóteses:
1. Regime estacionário
2. Condução unidimensional
3. A resistência de contato entre o chip
e pino é desprezível
4. Propriedades físicas são constante
5. A resistência térmica do chip é
desprezível
6. A temperatura no chip é uniforme
Solução: a) O esquema da resistência térmica é dado pela figura abaixo:
Tendo a dissipação de calor
pela a placa inferior, qi, e a
dissipação e calor pelas aletas,
qt.
A energia dissipada pela placa é dada por: �� = �−�∞,�( భℎ�+�,′′ +ಽ್�್ )/�
Já a energia dissipada pelas aletas é dada por: �௧ = �−�∞,బ�,బ
A resistência das aletas é dada por �௧, = ሺߟℎ�௧ሻ−ଵ, onde ߟ = ͳ − ே�ೌ� ሺͳ − ߟሻ; �௧ = ܰ� + � e � = ��ܮ = ��ሺܮ + �ସ ሻ.
b) Fazendo alguns cálculos para aleta e substituindo os valores na equações acima, obtemos �.
� = ��; � = √ ℎబ�ೌ�ೌ ; ߟ = tanh �� ; � = �� మସ;� = � = �ଶ; � = ͶͲͲ ��
Resolvendo as equações obtemos que �௧ = ͳ,͵ͷ � e �� = Ͳ,ʹͻͷ �, consequentemente � =ͳ,Ͷ �
7.2 Água é aquecida através de um tubo de cobre de 50 mm de diâmetro submerso em um tanque.
Nos Gases quentes de combustão (Tg=750 K) escoam no interior do tubo. Para aumentar a
transferência de calor para água, quatro aletas planas de seção transversal uniforme formando um
cruzamento são inseridas em cada tubo. As aletas possuem 5 mm de espessura e também são
feitas de cobre (k = 400 W/mK). Se a temperatura da superfície do tubo é Ts =350 K e o coeficiente
de transferência de calor por convecção do lado do gás é hg = 30W/m2K, qual a taxa de
transferência de calor para á água por metro de tubo?
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69
Hipóteses:
1. Regime estacionário
2. Condução unidimensional
3. Propriedades físicas constantes
4. A radiação é desprezada
5. O coeficiente de convecção são constantes
6. O tubo cilíndrico pode ser adotado como uma
placa plana com aletas retangulares e com a
superfície da ponta adiabática
Solução:
A taxa de transferência de calor por unidade de tubo: �௧′ = ߟℎ�௧′ ሺ�� − �௦ሻ ߟ = ͳ − ே�′�′ ሺͳ − ߟሻ ܰ�′ = Ͷ ሺʹܮሻ = ͺሺͲ,Ͳʹͷ � ሻ = Ͳ,ʹͲ � �௧′ = ܰ�′ + �′ = Ͳ,ʹͲ � + ሺ�� − Ͷ�ሻ = Ͳ,ʹͲ � + ሺ� x Ͳ,Ͳͷ� − Ͷ x Ͳ,ͲͲͷ � ሻ = Ͳ,͵͵ �
Para aletas com a ponta adiabática temos, ߟ = ೌ�ೌ� = ெ tanhሺ�ሻℎሺଶ x ଵሻሺ�−�ೞሻ , lembrando que, � = ܮ x �, e neste problema está sendo calculado
por metro de tubo, ou seja, ܮ = ͳ �. ܯ = √ℎ�ܭ�ߠ = [ʹℎሺͳ � + �ሻ� ሺͳ � x �ሻ]ଵଶ(�� − �௦)≈ [͵Ͳ ��ଶܭ ሺʹ �ሻͶͲͲ ��ܭ ሺͲ,ͲͲͷ �ଶሻ]ଵଶ ሺͶͲͲ ܭሻ = Ͷ͵ͺʹ� �ܮ = √ ℎ��� = {ʹℎሺͳ � + �ሻ� ሺͳ � x �ሻ }ଵ/ଶ ܮ = [ ͵Ͳ ��ଶܭ ሺʹ �ሻͶͲͲ ��ܭ ሺͲ,ͲͲͷ �ଶሻ]
ଵ/ଶ Ͳ,Ͳʹͷ � = Ͳ,ͳ͵
E ainda temos que tanhሺ�ܮሻ = Ͳ,ͳ͵ ߟ = ସଷ଼ଶ � ሺ,ଵଷሻଷ ��మ಼ሺ,ହ �మሻሺସ ሻ = ହଽହ � � = Ͳ,ͻͻʹ ߟ = ͳ − ,ଶ,ଷଷ ሺͳ − Ͳ,ͻͻʹሻ = Ͳ,ͻͻͷ
�௧′ = Ͳ,ͻͻͷ ቀ͵Ͳ ��మቁ Ͳ,͵͵ � ሺͶͲͲ ܭሻ = ͶͲʹͷ ��
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71
AULA 8 – CONDUÇÃO DE CALOR EM REGIME
TRANSITÓRIO – SISTEMA CONCENTRADO
Introdução
Quando um corpo ou sistema a uma dada temperatura é bruscamente submetido a novas
condições de temperatura como, por exemplo, pela sua exposição a um novo ambiente de
temperatura diferente, certo tempo será necessário até que seja restabelecido o equilíbrio
térmico. Exemplos práticos são aquecimento/resfriamento de processos industriais,
tratamento térmico, alimentos colocadas na geladeira, materiais inseridos em fornos, entre
outros. No esquema ilustrativo abaixo, suponha que um corpo esteja inicialmente a uma
temperatura uniforme T0. Subitamente, é exposto a um ambiente que está a uma
temperatura maior T∞2. Uma tentativa de ilustrar o processo de aquecimento do corpo está
indicada no gráfico temporal do esquema. A forma da curva de aquecimento esperada é, de
certa forma, até intuitiva para a maioria das pessoas, baseado na própria experiência
pessoal.
T0
1T
10 TT
Tempo t=0
2T
2T
T0
t
t
T(t)
Uma análise mais detalhada e precisa do problema do aquecimento do exemplo
ilustrativo acima vai, entretanto, indicar que o aquecimento do corpo pode não ocorrer de
forma uniforme no seu interior. Na ilustração que segue, indica-se de forma ilustrativa a
temperatura na no centro Tc, e numa posição qualquer na superfície Ts. Note que as curvas
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72
de aquecimento não são iguais. Isto indica que a variação da temperatura no corpo não é
uniforme dentro do corpo, de uma forma geral. Esta análise que envolve o problema da
difusão interna do calor é um pouco trabalhosa do ponto de vista matemático, mas pode ser
resolvida para alguns casos de geometrias e condições de contorno simples, como será visto
na próxima aula. Casos mais complexos podem ser resolvidos de forma numérica.
Entretanto, o interesse da aula de hoje é numa hipótese simplificadora que funciona para
um grande número de casos práticos. A ideia consiste em assumir que todo o corpo tenha
uma única temperatura uniforme a cada instante. Esta hipótese é chamada de sistema
concentrado, objeto de análise na sequência.
2T
T0
t
Ts
T0
TC
2T
T
T0
Sistema
Concentrado
TC
Sistema Concentrado
A hipótese é que a cada instante t, o sistema tenha uma só temperatura uniforme T(t).
Isto ocorre em situações nas quais os sistemas (corpos) tenham sua resistência interna à
condução desprezível face à resistência externa à troca de calor externa que, geralmente se
dá por convecção. Para conduzir essa análise, lança-se mão do esquema abaixo de um
corpo a uma temperatura inicial T0 e que, subitamente, é exposto a um ambiente de
temperatura T∞, de forma a que ocorra transferência de calor convectiva.
T0
T
q convecção
TS
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73
O balanço de energia fornece o seguinte esquema
Balança de energia
=
Termo (I):
dt
dT
c
dt
du
dt
du
m
dt
dU
m = massa do corpo;
U = energia interna do corpo;
u = energia interna específica do corpo;
ρ = densidade do corpo;
= volume do corpo;
c = calor específico do corpo.
Termo (II):
)( TThAqconv
h = coeficiente transferência de calor por convecção para o fluido circunvizinho;
A = área da superfície do corpo em contato com o fluido;
T = temperatura instantânea do corpo T = T (t);
T = temperatura ao longe do fluido.
Assim, pelo esquema do balanço de energia, vem:
)( TThAdt
dT
c
Essa é uma equação diferencial de primeira ordem, cuja condição inicial é T(t=0) = T0.
Separando as variáveis para se realizar uma integração por partes, vem:
dt
c
hA
TT
dT
Taxa temporal de
variação de energia
interna do corpo
(I)
Fluxo de calor
Trocado por
convecção
(II)
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74
Por simplicidade, seja dTdTT , então:
dt
c
hAd
, ou
t
t
dt
c
hAd
00
, do que resulta em:
t
c
hA
0
ln .
Finalmente,
t
c
hA
e
0
ou
t
c
hA
e
TT
TT
0
Analogia Elétrica
Essa equação resulta da solução de um sistema de primeira ordem. Soluções desse tipo
ocorrem em diversas sistemas físicos, inclusive na área de eletricidade. Existe uma analogia
perfeita entre o problema térmico apresentado e o caso da carga e descarga de um capacitor,
como ilustrado no esquema abaixo.
V
t
V0 C R
V0
Inicialmente o capacitor C é carregado até uma tenção elétrica V0 (chave ligada).
Depois, a chave é aberta e o capacitor começa a se descarregar através da resistência R.
A solução desse circuito RC paralelo é
RC
t
e
V
V
0
Note a Analogia
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75
Elétrica Térmica
Tensão, V TT
Capacitância, C c
Resistência, R hA/1
Circuito térmico equivalente
V
t
T0
V0
c hA/1
T
Constante de tempo do circuito elétrico,
RC
A constante de tempo é uma grandeza muita prática para indicar o quão rapidamente o
capacitor se carrega ou se descarrega. O valor de, t , e é o instante em que a tensão do
capacitor atingiu o valor de e-1 ~ 0,368
368,011
0
e
ee
V
V
Com isso, pode-se fazer uma análise muito interessante, como ilustrado no gráfico
abaixo que indica a descarga do capacitor para diferentes constantes de tempo. Quanto
maior for a constante de tempo, mais o capacitor demora para atingir o valor de 0,368V0.
V
t
V0
I
II
III
IV
1 2 3 4
0,368V0
Por analogia, a constante de tempo térmica será:
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76
t
t
t
c
hA
ee
TT
TT
0
→ hA
c
t
Veja o gráfico ilustrativo abaixo para ver a influência da constante de tempo térmica.
t
t
TT
TT0
)(368,0 0 TT
Um exemplo interessante da aplicação dos conceitos de transitório térmico é o caso da
medida de temperaturas com sensores do tipo termopar e outros. Esses sensores consistem
de dois fios unidos pelas suas extremidades que formam uma junção. Essa junção é exposta
ao ambiente que se deseja medir a temperatura. Suponha, de forma ilustrativa, um ambiente
que idealmente sua temperatura tem o comportamento ilustrado pela linha cheia no
esquema abaixo, isto é, sua temperatura oscila entre T∞1 e T∞2, de período em período (onda
quadrada). Agora, deseja-se selecionar um sensor que acompanhe o mais próximo possível
o seu comportamento. Três sensores de constantes térmicas diferentes são mostrados. Note
que o sensor de maior constante térmica, 3 , praticamente não “sente” as variações de
temperatura, enquanto que o sensor de menor constante térmica acompanha melhor as
variações de temperatura. Esse exemplo poderia ser o caso de um motor de combustão
interna em que as temperaturas da câmara variam com a admissão e combustão dos gases.
Com esse simples exemplo, mostra-se a importância da constante térmica.
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77
t
10 TT
TT
20 TT
tP 2tP 3tP
12 1
13
A equação que rege o regime transitório concentrado pode ainda ser reescrita para se obter
a seguinte forma
FoBie
TT
TT
0
Onde, Bi é o número de Biot, definido por
k
hLBi , e Fo é o número de Fourier, definido
por 2L
tFo
(trata-se de um “tempo” adimensional). Sendo,
h = coeficiente transferência de calor por convecção;
= difusividade térmica;
k = condutividade térmica;
L = comprimento característico do corpo;
O número de Biot é uma razão entre a resistência interna à condução de calor e a resistência
externa à convecção.
Pode-se adotar L como sendo a razão entre o volume do corpo pela sua área exposta à troca
de calor.
expostaárea
corpodoolume
v
A
VL
Para concluir esta aula, deve-se informar o limite da aplicabilidade da hipótese de sistema
concentrado. Mostra-se que a hipótese de sistema concentrado admite solução razoável
desde que:
1,0Bi
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78
EXEMPLO DE APLICAÇÃO 1 (adaptado de Incropera, ex. 5.1)
Termopares são sensores muito precisos para medir temperatura. Basicamente, eles são
formados pela junção de dois fios de materiais distintos que são soldados em suas
extremidades, como ilustrado na figura abaixo. A junção soldada pode, em primeira análise,
ser aproximada por uma pequena esfera de diâmetro D. Considere um termopar usado para
medir uma corrente de gás quente, cujas propriedades de transporte são: k = 20 W/m K,
c = 400 J/kg K e = 8500 kg/m3. Inicialmente, o termopar de D = 0,7 mm está a 25oC e é
inserido na corrente de gás quente a 200oC. Quanto tempo vai ser necessário deixar o
sensor em contato com o gás quente para que a temperatura de 199,9oC seja indicada pelo
instrumento? O coeficiente de transferência de calor vale 400 W/m2K.
SOLUÇÃO
Comprimento característico: mD
A
VL 4
3
10167,1
6
107,0
6
Número de Biot: 3
4
10333,2
20
10167,1400
k
hLBi
Da expressão da temperatura, vem 76,3200
20025
2009,199ln
10333,2
1ln1 3
0
TT
TT
Bi
Fo
Dado que 610883,5
4008500
20
c
k
e 2L
tFo , vem:
s
LFo
t 4,7
10883,5
10167,176,3200
6
242
Comentário: note que o número de Biot satisfaz a condição de sistema concentrado 1,0Bi .
Um tempo de 7,4 s é necessário para obter uma leitura precisa de temperatura. O que
aconteceria com o tempo se o diâmetro do termopar fosse reduzido à metade?
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79
EXEMPLO DE APLICAÇÃO 2
Melancias são frutas muito suculentas e refrescantes no calor. Considere o caso de uma
melancia a 25oC que é colocada na geladeira, cujo compartimento interno está a 5oC. Você
acredita que o resfriamento da melancia vai ocorrer de forma uniforme, ou se, depois de
alguns minutos a fatia da mesma estará em temperaturas diferentes? Para efeito de
estimativas, considere que a melancia tenha 30 cm de diâmetro e suas propriedades de
transporte sejam as da água. Considere, também, que o coeficiente de transferência de calor
interno do compartimento da geladeira valha h = 5 W/m2oC.
Solução:
ܭá��� = Ͳ,Ͳʹͷ �/�°ܥ
Cálculo do Nº de Biot
ܤ� = ℎ , sendo ܮ = �
ܮ = Ͳ,͵ = Ͳ,Ͳͷ�
D= 0,3 m
ܤ� = 0,0ହ×ହ0,02ହ = ͳͲ
Conclusão, a melancia não vai resfriar de forma uniforme. Isto está de acordo com sua
experiência?
D = 0,3 m
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80
AULA 9 – CONDUÇÃO DE CALOR EM REGIME
TRANSITÓRIO – SÓLIDO SEMI-INFINITO
Fluxo de Calor num Sólido Semi-Infinito
Na aula anterior foi estudado o caso da condução de calor transitória para sistemas
concentrados. Aquela formulação simplificada começa a falhar quando o corpo possui
dimensões maiores e propriedades de transporte tais que a resistência interna à
condução não pode ser desprezada face à resistência externa à convecção (Bi > 0,1).
Soluções analíticas existem para casos em que uma das dimensões é predominante e
muito grande que, em termos matemáticos, é dito infinito. Considere o esquema abaixo
de um sólido com uma superfície exposta à troca de calor (à esquerda) e sua dimensão
se estende à direita para o infinito (daí o nome de semi-infinito). A face exposta sofre
bruscas mudanças de condição de contorno, como se verá.
Condições de contorno
(A) Temperatura constante na face exposta:
TiT0
x
Solução: T(x, t)
Equaçãogeral condução de calor
t
T
k
qT
1'''2
Por não haver geração interna de calor, vem que
t
T
x
T
1
2
2
, a qual é submetida as
seguintes condições:
- Condição inicial: iTxT )0,(
- Condição de contorno: 0),0( TtT
Sem apresentar detalhes da solução do problema, prova-se que a distribuição de
temperaturas é dada por:
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81
t
x
erf
TT
TT
i 20
0
,
Onde, erf é a chamada função erro de Gauss, cuja definição é dada por:
t
x
de
t
x
erf
2
0
22
2
Vista em forma gráfica, esta função tem o seguinte comportamento.
Para valores numéricos de T = T (x,t), veja a Tabela B – 2 do livro do Incropera
e Witt. Note que o seu comportamento se parece com uma exponencial “disfarçada”.
Tabela B-2 do Incropera
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82
Fluxo de calor numa posição x e tempo t
Para se obter o fluxo de calor instantâneo numa dada posição qualquer, basta aplicar a
lei de Fourier da condução. Isto é feito substituindo a distribuição de temperaturas
acima, na equação de Fourier, isto é:
t
x
iix de
x
TTkA
t
x
erfTTT
x
kA
x
TkAq
2
0
000
22)()
2
()(
t
x
x
e
TTkA
t
x
i
2
)(2 40
2
, do que, finalmente, resulta em:
t
x
i
x e
t
TTkA
q
40
2)(
(B) Fluxo de calor constante na face exposta:
Neste outro caso, estuda-se que a face exposta está submetida a um fluxo de calor
constante,
Tiq0
qx
x
Partindo da equação da condução de calor
t
T
x
T
1
2
2
, submetida às seguintes
condições:
- Condição inicial: iTxT )0,(
- Condição de contorno: 0
0
q
x
TkA
x
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83
A solução é:
t
x
erf
kA
xq
kA
e
tq
TT
t
x
i
2
1
2
0
4
0
2
NOTA: Obtenha o fluxo de calor!!
(C) Convecção de calor na face exposta
Nesse terceiro caso, analisa-se o caso em que ocorre convecção de calor na face
exposta à esquerda.
Ti
qx
x
T
Novamente, partindo da equação da condução de calor sem geração interna, vem:
t
T
x
T
1
2
2
, a qual é submetida às seguintes condições:
- Condição inicial: T (x,o) = Ti
- Condição de contorno:
TtThA
x
TkA
x
),0(
0
(condução interna =
Convecção)
A solução é:
k
th
t
x
erfe
t
x
erf
TiT
TT k
th
k
hx
i
2
1
2
1
2
2
NOTA: Obtenha o fluxo de calor! – use a Lei de Fourier!
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84
Outros casos de condução transitória de interesse
Placas, chapas, cilindros e esferas são geometrias muito comuns de peças
mecânicas. Quando o número de Biot é pequeno, basta que se use a abordagem de
sistema concentrado. Entretanto, quando isso não ocorre, há de se resolver a equação
geral da condução de calor. No entanto, para essas geometrias básicas, Heisler
desenvolveu soluções gráficas, como mostrado na tabela abaixo.
Tabela – convenção para uso dos diagramas de Heisler
Placas cuja espessura é
pequena em relação as outras
dimensões
Cilindros cujos diâmetros são
pequenos quando comparados
com o comprimento
Esferas
T0 Te
x
2L
T
T
Te r0
r0
r
Te
T
TtrTouTtxT ),(),(
TTii
TT00
TTee
Número de Biot: k
hLBi
L – dimensão características (dada no gráfico)
Número de Fourier, Fo (tempo adimensional), definido por
22 cL
kt
L
t
Fo
Calor total trocado pelo corpo Qi
iii cTTcQ )(
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85
Gráficos de Heisler para uma placa de espessura 2L. Para outras geometrias (esfera e
cilindro): ver Apêndice D do Incropera e Witt
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86
Exemplo:
Uma placa de espessura de 5 cm está inicialmente a uma temperatura uniforme de
425 ºC. Repentinamente, ambos os lados da placa são expostos à temperatura ambiente,
T = 65 ºC com hmédio = 500 W/m2 ºC. Determinar a temperatura do plano médio da placa
e a temperatura a 1,25 cm no interior da mesma, após 3 min.
Dados:
k = 43,2 W/mK
α = 1,19 x 10-5 m2/s
x
5 cm
h
Solução:
2L = 5 cm = 0,05 m → L = 0,025 m
1,0289,0
2,43
025,0500
k
hLBi
Não se aplica a solução de sistema concentrado. Portanto, use a solução de Heisler. Para
isso, deve-se calcular os parâmetros para os gráficos da página anterior, que são:
45,3
289,0
11
Bi
e 43,3
025,0
1801019,1
2
5
20
L
tF
Do diagrama de Heisler (página anterior), vem:
e CCC 22745,0.)65425(65 . Assim,
CT o2270 Na linha de centro após 3 mim
Do gráfico para uma posição qualquer x:
45,3/1 iB
5,0
025,0
0125,0/ Lx 95,00
95,0)65227(6595,0)( 0 CCTTTT
CT o9,218 p/ min3,5,0 t
L
x
45,3
165,0
11
iB
43,30 F
45,00
i
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AULA 10 – CONDUÇÃO DE CALOR EM REGIME
PERMANENTE BIDIMENSIONAL
Condução Bidimensional
Até a presente aula, todos os casos estudados referiam-se à condução de calor
unidimensional em regime permanente, ou seja, não se considerava a distribuição espacial
da temperatura para além de uma dimensão. Também foram estudados os casos
transitórios em uma dimensão. Evidentemente, muitos problemas reais são bi ou
tridimensionais. Soluções analíticas existem para um número limitado de problemas de
condições de contorno e geometrias simples. Os casos mais realistas devem ser resolvidos
de forma numérica. Entretanto, neste curso introdutório é importante que o estudante
tenha uma visão das soluções analíticas existentes e, para isso, é resolvido um problema
clássico que é o método da separação das variáveis para uma placa retangular
bidimensional.
O Método da Separação de Variáveis
Seja uma placa retangular, submetidaàs condições de contorno ilustrados, isto é, todos
os lados estão à mesma temperatura T1, exceto o lado superior que está à T2.
y
b
T2
T1
T1
T1
L
T(x,y)
x
Placa retangular com as condições de contorno indicadas, procura-se T (x,y)
Equação da condução de calor
t
T
k
qT
1'''2
Hipóteses:
(1) Regime permanente
(2) Sem geração interna de calor
(3) Bidimensional
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As hipóteses resultam em: 02 T ou 02
2
2
2
y
T
x
T
Condições de contorno – temperaturas dos quatro lados
(1) T(0,y) = T1
(2) T(L,y) = T1
(3) T(x,0) = T1
(4) T(x,b) = T2
É conveniente realizar uma mudança de variáveis
12
1
TT
TT
Condições de contorno na nova variável θ são:
(1) θ(0,y) = 0
(2) θ(L,y) = 0
(3) θ(x,0) = 0
(4) θ(x,b) = 1
A variação elementar de temp. é d
TT
dT 12
Então, 02
2
2
2
yx
Esta é a equação da condução na nova variável θ.
A técnica de separação das variáveis supõe que a distribuição de temperaturas θ(x,y)
seja o produto de duas outras funções X e Y as quais, por sua vez, são funções exclusivas
apenas das variáveis do problema x e y, isto é:
yYxXyx ),(
Assim, a derivada parcial em relação à x dessa nova função são:
Primeira derivada:
dx
dXY
x
Segunda derivada: 2
2
2
2
dx
XdY
x
Analogamente em relação à y:
Segunda derivada: 2
2
2
2
dy
YdX
y
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 89
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Logo, substituindo essas derivadas segundas parciais na equação diferencial da
condução, vem:
02
2
2
2
dy
YdX
dx
XdY
ou, dividindo-se pelo produto XY, vem:
2
2
2
2 11
dx
Xd
Xdy
Yd
Y
É digno de nota que na equação acima o lado esquerdo é uma função exclusiva de y e
o lado direito, uma função exclusiva de x. No entanto, os dois lados da equação são
sempre iguais. Isto implica dizer que cada lado da equação não pode ser nem função de
x, nem de y, já que de outra forma não seria possível manter a igualdade sempre válida.
De forma que a igualdade deve ser uma constante que, por conveniência matemática, se
usa o símbolo 2 . Dessa forma, tem se:
2
2
21
dx
Xd
X
e
2
2
21
dy
Yd
Y
Note que a equação diferencial parcial original deu origem à duas outras equações
diferenciais comuns ou ordinárias. As soluções dessas duas novas equações são bem
conhecidas (lembre-se do polinômio característico) e são:
xsenCxCxX 21 cos , e
yy eCeCyY 43
De forma que, voltando à variável original, yYxXyx ),( , a solução global é:
yy eCeCxsenCxCyx 4321 .cos,
A obtenção das constantes depende das condições de contorno impostas. Assim:
Da 1a Condição de contorno: θ(0,y) = 0
0.0.0.cos,0 4321 yy eCeCsenCCy
De onde se conclui que a única possibilidade é que 01 C
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 90
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Agora, da 3ª condição de contorno: θ(x,0) = 0
432 .0 CCxsenC
de onde se obtém que 043 CC 43 CC
Da 2ª condição de contorno: θ(L,y) = 0
)(.0 42 yy eeCLsenC
mas, como simultaneamente as duas constantes não podem ser nulas, isto é:
042 CeC , logo, deduz-se que 0)( Lsen
Os possíveis λ que satisfazem essa condição são: nL
ou, seja
L
n
n = 1,2,3, .....
nota: λ = 0, resulta na solução trivial e não foi considerada. λ são os autovalores.
Portanto, a distribuição de temperaturas até o presente é:
)(
42 2
2,
L
yn
senh
L
yn
L
yn
C
n
ee
L
x
nsenCCyx
n
ou, seja )()(,
L
y
nsenh
L
x
nsenCyx nn
Para cada n = 1,2,3,... Existe uma solução particular θn. Daí também ter juntado as
constantes 42 CeC num nova única constante Cn que dependem do valor de n.
Então a solução geral deve ser a combinação linear de todas as possíveis soluções.
L
yn
senh
L
xn
senCyx
n
n
1
,
Cn deve ser obtido da última condição de contorno: θ(x,b) = 1, isto é:
L
bn
senh
L
xn
senC
n
n
1
1
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 91
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A última e mais difícil tarefa é de encontrar os coeficientes Cn da série acima para
obter a distribuição final de temperaturas. Essa tarefa é realizada usando a teoria das
funções ortogonais, revista abaixo.
REVISÃO DO CONCEITO DE FUNÇÕES ORTOGONAIS
Um conjunto infinito de funções g1(x), g2(x), é dito ortogonal no domínio bxa , se
b
a
nm nmpdxxgxg /0)()( (dica: note que se parece com produto escalar de vetores:
o produto escalar de dois vetores ortogonais é nulo)
Muitas funções exibem a propriedade de ortogonalidade, incluindo )(
L
x
nsen
e )cos(
L
x
n
em
Lx 0
Verifica-se também, que qualquer função f(x) pode ser expressa numa série infinita de funções ortogonais,
ou seja:
1
)()(
m
mm xgAxf
Para se obter os coeficientes Am; procede-se da seguinte forma:
(1) Multiplica-se por )(xgn , ambos os lados da igualdade:
1
)()()()(
m
mmnn xgAxgxfxg
(2) Integra-se no intervalo de interesse:
dxxgAxgdxxfxg b
a
m
mmn
b
a
n
1
)()()()(
Usando a propriedade de ortogonalidade, ou seja:
nmsedxxgxg
b
a
nm 0)()(
Pode-se eliminar a somatória, então: dxxgAdxxfxg b
a
mm
b
a
m )()()( 2
Finalmente, as constantes da série Am podem ser obtidas:
dxxg
dxxfxg
A b
a
m
b
a
m
m
)(
)()(
2
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 92
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Voltando ao problema, tem-se:
1
1
n
n L
bn
senh
L
xn
senC (A)
Comparando com o caso acima, vemos que f(x) = 1 e que
,....2,1;)(
n
L
xn
senxg
ortogonalfuncão
n
Logo, expandindo a função f(x) = 1, vem
1
1
n
n L
xn
senA
Assim, podem ser obtidos os coeficientes da série, como visto na revisão acima:
ndx
L
xn
sen
dx
L
xn
sen
A
n
L
L
n
1)1(2 1
0
2
0
Então,
11)1(2
1
1
n
n
L
xn
sen
n
(B)
Comparando (A) com (B), vem:
1
1
1
1)1(2
n
nn
n L
xn
sen
nL
bn
senh
L
xn
senC
Então, da igualdade das séries:
,....3,2,1;1)1(2
1
n
L
bn
senhn
C
n
n
De forma que a solução final do problema é:
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 93
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1
1 1)1(2),(
n
n
L
bn
senh
L
yn
senh
L
xn
sen
n
yx
É interessante ver o gráfico desta função
y
b
L
x
1
75.0
50.0
25.0
10.0
0
0 0
Calcule o fluxo de calor. Nesse caso, você precisa calcular qx e qx. Note que o fluxo de
calor, nesse caso, será dado de forma vetorial, isto é:
i
x
Tkqx
e j
y
Tkq y
. Sendo que o fluxo total de calor será yx qqq e o
módulo do fluxo de calor será 22 yx qqq em W/m2
Faça os Exercícios 4.2 e 4.3 do Incropera e Witt
Método Gráfico
O método gráfico é empregado para problemas bidimensionais envolvendo condições de
contorno adiabáticas ou isotérmicas. Exige paciência, sendo que o objetivo é construir
uma malha formada por isotérmicas e linhas de fluxo de calor constante.
Com a finalidade de ilustrar o método, considere uma seção quadrada, cuja superfície
interna é mantida a T1 e a externa T2.
T2
T1
(1) O primeiro passo é identificar todas as possíveis linhas de simetria do problema
tais linhas são determinadas pela geometria e condição simétricas.
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 94
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T2
T1
SIMETRIA
SIMETRIA
(2) As linhas de simetria são adiabáticas, ou seja, não há fluxo de calor na direção
perpendicular a elas. Portanto, podem ser tratados como linhas de fluxo de calor
constante.
T2
T1
PAREDES
ADIBATICAS
(3) Traças algumas linhas de temperatura constante. Lembre-se que elas são
perpendiculares às linhas de fluxo constante.
T2
T1
(4) As linhas de fluxo constante devem ser desenhadas criando quadrados
curvilíneos. Isto é feito fazendo como que as linhas de fluxo cruzem as linhas de
temperatura constantes em ângulo reto e impondo que todos os quadrados tenham
aproximadamente, o mesmo comprimento.
qX
DL
LINHAS DE
FLUXO CTE.
(ADIABÁTICO)
(OU QUADRADO
CURVILÍNEO)
(5) Quando houver um “canto” isotérmico”, a linha de fluxo cte. Deve bissectar o
ângulo formado pelas duas superfícies
T
T
LINHA DE
FLUXO CTE.
O fluxo de calor, por unidade de espessura de material, que atravessa o quadro curvilíneo
ilustrado é:
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 95
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D
DD
l
Tlkqi (1)
qi
DL
DL
O fluxo de calor acima é o mesmo que atravessa qualquer região que esteja limitada pelas
mesmas linhas de fluxo constantes desde T1 até T2. Então, pode-se escrever que.
N
TTT 12 D
(2)
T1
T2
Onde N é o numero de incrementos de temperatura entre T1 e T2. (no exemplo N = 5).
Assim, de (1)
N
TTkqi
)( 12 (3)
O fluxo de calor total, q, é a soma de todos os M “Faixas” formadas por duas linhas
adjacentes de fluxo de calor (no exercício M = 5)
)( 12
1
TTk
N
Mqq
M
i
i
Define-se a razão M/N como o fator de forma do sistema, assim:
)(5 12 TTkq
Exercícios Resolvidos: Exercícios adaptados do livro fundamentos de transferência de
calor e massa, Incropera
10.1. Um forno longo, construído de tijolo refratário com condutividade térmica de 1,2 W/mK,
possui a seção transversal mostrada com temperatura de superfície interna e externa de 600 e
60°C, respectivamente. Determine o fator de forma e a taxa de transferência de calor por unidade
de comprimento utilizando o método de representação gráfica do fluxo.
Hipóteses:
1. Condução bidimensional
2. Propriedades físicas constantes
3. Comprimento do forno, l
Solução: Considerando o forno simétrico, podemos fazer a análise em um quarto do forno.
Portanto a fluxo de transferência de calor por unidade de comprimento, l, é dada por: �′ = �� = Ͷ �� ݇ ሺ ଵܶ − ଶܶሻ , onde, S é fator de forma para a seção simétrica. Escolhendo 3
incrementos de temperatura, N, podemos plotar o gráfico do fluxo abaixo:
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Da equação do fator de forma temos: ܵ = ெ�ே ou �� = ெே = 8,5ଷ = ʹ,ͺ͵
Assim podemos obter o fluxo de calor, �′ = Ͷ � ʹ,ͺ͵ �ͳ,ʹ �݉ � ሺͲͲ − Ͳሻ°� = ,͵Ͷ ݇�݉
Obs*: O fator de forma também pode ser estimado a partir da tabela 4.1 do livro fundamentos de
transferência de calor e massa do Incropera. A seção consiste em duas paredes (uma horizontal e
outra na vertical) com um canto de junção. Utilizando as relações da tabela obtemos: ܵ = Ͳ,ͷ ݉Ͳ,ͷ ݉ ݈ + Ͳ,ͷͶ݈ + Ͳ,ͷͲ,ͷ ݈ = ͵,ͲͶ ݈
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97
AULA 11 – SOLUÇÃO NUMÉRICA - DIFERENÇAS FINITAS
Como estudado na aula anterior, a solução da equação da condução de calor em
configurações bi e tridimensional é bastante complexa e, verdadeiramente, na maioria dos
casos práticos não existe nem solução analítica. Nesse caso, lança-se mão de métodos
numéricos de solução. Há uma grande variedade de métodos disponíveis na literatura, mas
vamos nos ater a apenas um dos métodos: o das diferenças finitas.
A idéia consiste em dividir a região que está sendo examinada em pontos discretos ou
pontos nodais, e aplicar um balanço de energia para cada ponto nodal, conforme ilustrado
no esquema abaixo. Assim, transforma-se o meio contínuo original em um meio discreto
formado por uma matriz de pontos com propriedades térmicas que “concentram” as
informações do meio contínuo original naqueles pontos. Considerando o esquema a seguir,
considere o ponto nodal (m,n) indicado, tendo como vizinhos os pontos nodais (m-1,n) à
esquerda, (m+1,n) à direita, (m,n-1) abaixo e (m,n+1) acima. A distância entre os pontos
nodais é x e y, nas duas direções principais.
m,n
x
ym,n
m+1,nm-1,n
m,n+1
m,n-1
y,n
x,m
Pontos Nodais
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98
A equação da condução de calor em RP, 2-D é dada por 02
2
2
2
y
T
x
T
. Ela pode assim
ser assim discretizada:
x
TT
x
T nmnm
nm
)(
,1,
,
2
1
(Primeira derivada na direção x – face esquerda)
x
TT
x
T nmnm
nm
)(
,,1
,
2
1 (Primeira derivada na direção x – face direita)
Assim,
x
x
T
x
T
x
T nmnm
,21,21
2
2
(Segunda derivada na direção x – centro)
Ou, ainda, após substituição das primeiras derivadas: 2
,,1,1
,
2
2
)(
2
x
TTT
x
T nmnmnmnm
Analogamente, na direção y: 2
,1,1,
,
2
2
)(
2
y
TTT
y
T nmnmnm
nm
Assim, a equação original da condução de calor diferencial pode ser aproximada por uma
equação algébrica,
2
2
2
2
y
T
x
T 04
,1,1,,1,1 nmnmnmnmnm TTTTT , se Δx = Δy
A equação acima é a forma da equação do calor em diferenças finitas para o caso em RP, 2-
D. Note que a temperatura nodal Tm,n representa a média aritmética das quatro temperaturas
da sua redondeza.
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99
O que acontece nas regiões de contorno do problema?
Suponhamos que haja convecção, conforme ilustrado. Um nó (à direita) se situa sobre a
superfície ou no contorno do meio.
m,nm-1,n
m,n+1
m,n-1
Convecção
T
Procede-se a um balanço de energia para o ponto (m,n) em questão
)()(
2
)(
2
)(
,
1,,1,,,1,
TTyh
y
TTxk
y
TTxk
x
TT
yk nm
nmnmnmnmnmnm
se Δx = Δy
0)2(
2
12 1,1,,1,
nmnmnmnm TTTTk
xh
k
xhT
Para outras condições de contorno, equações semelhantes podem ser escritas.
Por exemplo, um canto superior à direita:
m,nm-1,n
m,n-1
Ty
x
x = y
0)(212 1,,1,
nmnmnm TTTk
xh
k
xhT
Ver tabela 4.2 (Incropera) ou Tabela 3.2 Holman para outras condições e geometrias.
Tabela 4.2 do Incropera.
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100
Uma vez que as equações de todos os pontos nodais forem estabelecidas, obtém-se um
sistema de N equações por N incógnitas do tipo:
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101
NNNNNN
NN
NN
cTaTaTa
cTaTaTa
cTaTaTa
...
....
....
....
...
...
2211
22222121
11212111
Ou, em notação simplificada matricial, vem:
][]].[[ CTA
Estudar exemplo resolvido 4.3 (Incropera)
Uma técnica antiga de solução manual de sistemas lineares de equações é o chamado
método da relação. Nesta técnica, a equação nodal é, primeiramente, igualada a zero:
0...2211 nnmnmm cTaTaTa
Em seguida é igualada a um resíduo e depois segue-se o seguinte procedimento de solução:
1 – Admite-se uma distribuição inicial de temperatura;
2 – O valor do resíduo em cada ponto nodal é calculado;
3 – “Relaxar” o maior resíduo encontrado para zero (ou próximo) mudando a temperatura
do ponto nodal correspondente;
4 – Recalcular os resíduos para esta nova temperatura;
5 – Continuar o processo 3 – 4 até que todos os resíduos sejam nulos ou próximos de zero.
Hoje em dia, há muitos programas de computador e até de calculadoras que resolvem um
sistema linear de equações por diversas técnicas. Basta selecionar um deles. Por exemplo, o
método de eliminação gaussiana.
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102
Exemplo Resolvido
Uma placa retangular é submetida às condições de contorno ilustradas na figura. Pede-se
calcular a distribuição de temperatura nos pontos nodais mostrados, dados que:
h = 200 W/m2 ºC
T = 20 ºC
k = 10 W/m ºC
x = y = 10 cm
5 6 7 6 5
3 4 3
1 2 1
20T C
100°C
100°C
100°C
OBS: Observar a simetria do problema (nós com o mesmo número)
Solução:
Pontos nodais interiores (1-4) - vale a seguinte equação:
04
,1,1,,1,1 NMNMNMNMNM TTTTT
Portanto,
042:4
01004:3
010042:2
0)100(24:1
7432
6431
421
321
TTTTnó
TTTTnó
TTTnó
TTTnó
Ponto nodal 5 (canto) – vale a seguinte equação
0)(2
,1,
fixonmnm TTTk
xh
k
xhT
nó 5: 0)100(20
10
1,02002
10
1,0200
65
TT , ou
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103
01404 65 TT
Pontos nodais com convecção (6 – 7) – vale a seguinte equação:
02
2
12
,1,11,,
nmnmnmnm TTTTk
xh
k
xhT
nó 6: 02
2
120
10
1,02002
10
1,0200
7536
TTTT , ou
02
2
120
10
1,02002
10
1,0200
7536
TTTT , ou ainda,
040
2
14
2
1
7653 TTTT
nó 7: 0)22(
2
1404 647 TTT , ou
0404 764 TTT
Em forma de Matriz temos:
40
40
140
0
100
100
200
4101000
2
14
2
10100
0140000
1004210
0101401
0001042
0000114
7
6
5
4
3
2
1
T
T
T
T
T
T
T
Solução do sistema pelo método de eliminação gaussiana
CT
CT
CT
CT
CT
CT
CT
7,36
8,38
7,44
2,68
3,74
2,87
4,90
7
6
5
4
3
2
1
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor
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104
AULA 12 – INTRODUÇÃO À TRANSFERÊNCIA DE
CALOR CONVECTIVA
Lei de Resfriamento de Newton
Já vimos que a transferência de calor por convecção é regida pela simples de lei de
resfriamento de Newton, dada por:
)( TTAhq S
onde,
Ts, T∞ – temperaturas da superfície aquecida e do fluido ao longe;
A – área de troca de calor, isto é, a área de contato do fluido com a superfície;
h = coeficiente de transferência de calor por convecção.
Nota-se que a expressão para o cálculo da transferência de calor é consideravelmente
mais simples que a da condução. De forma que basta resolver uma equação algébrica
simples para que o fluxo de calor seja obtido desde que, claro, se conheça o valor de h,
enquanto que no segundo caso, exige-se a solução da equação diferencial da condução
de calor. Essa aparente simplicidade é, no entanto, enganosa, pois, em geral, h é função
de um grande número de variáveis, tais como as propriedades de transporte do fluido
(viscosidade, densidade, condutividade térmica), velocidade do fluido, geometria de
contato, entre outras. Assim, pode-se afirmar de uma forma ampla que o problema
fundamental da transferência de calor por convecção é a determinação do valor de h
para o problema em análise. Nessa e nas demais aulas, serão apresentados expressões e
métodos de obtenção dessa grandeza para diversas condições de interesse prático. Mas,
antes, vamos apresentar os números adimensionais que controlam a transferência de
calor convectiva.
Análise Dimensional
A análise dimensional é um método de reduzir o número de variáveis de um problema
para um conjunto menor de variáveis, as quais não possuem dimensão física, isto é,
tratam-se de númerosadimensionais. Alguns adimensionais que o aluno já deve estar
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105
familiarizado são o número de Reynolds na Mecânica dos Fluidos, e os números de Biot
e de Fourier.
A maior limitação da análise dimensional é que ela não fornece qualquer informação
sobre a natureza do fenômeno. Todas as variações que influenciam devem ser
conhecidas de antemão. Por isso deve se ter uma compreensão física preliminar correta
do problema em análise.
O primeiro passo da aplicação do método consiste na determinação das dimensões
primárias. Todas as grandezas que influenciam no problema devem ser escritas em
função destas grandezas. Por exemplo, considere o sistema primário de grandezas
MLtT, sendo:
Comprimento L
Tempo t
Massa M
Temperatura T
Nesse sistema de grandezas primárias, por exemplo, a grandeza força tem as seguintes
dimensões:
Força ML/t2
O mesmo pode ser feito para outras grandezas de interesse:
Condutividade térmica ML/t3T
Calor ML2/t2
Velocidade L/t
Densidade M/L3
Velocidade M/Lt
Calor específico a pressão constante L2/t2T
Coeficiente De transmissão de calor M/t3T
Teorema dos Π ou de Buckingham
Esse teorema permite obter o número de adimensionais independentes de um problema.
É dado por:
M = N – P
Onde,
M – número de grupos adimensionais independentes;
N – número de variáveis físicas dos problemas;
P – número de dimensões primárias;
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106
Sendo um adimensional genérico, pode-se escrever, então:
0),...,( 21 mF
Para exemplificar, considere um fenômeno físico de 5 variáveis e três dimensões
primarias. Logo, M = 5-3 = 2, de onde se obtém:
0),( 21 F ou
pode-se escrever um adimensional como função do outro da seguinte forma.
)( 21 f
Essa relação funcional pode ser teórica ou experimental, obtida em laboratório, como
ilustrado no gráfico abaixo. Note que seria necessário se realizarem experimentos com
apenas uma variável (grupo adimensional 2) e observar o comportamento ou
dependência do adimensional 1. Com isso, reduz-se drasticamente o número de
experimentos. Caso contrário, seria necessário fazer experimentos envolvendo as 5
variáveis originais do problema.
1
2
erimentalcurvaf exp)( 2
Outro exemplo, seria o caso de um fenômeno descrito por 3 grupos adimensionais.
Nesse caso, tem-se:
0),,( 321 F , ou ),( 321 f
Pode-se, assim, planejar experimentos laboratoriais mantendo 3 constantes, e variar 2,
observando como 1 varia, como ilustrado no gráfico abaixo.
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107
2
tesconsdecurvas tan31
Adimensionais da transferência de calor por convecção forçada
Considere o escoamento cruzado em um tubo aquecido, como ilustrado na figura
abaixo.
fluido
V
Tubo
aquecido
D
Sabe-se de antemão que as grandezas que interferem na transferência de calor são:
Variáveis Eq. Dimensional
D Diâmetro do Tubo L
k Condutividade térmica do fluido ML/t3T
V Velocidade do fluido L/t
ρ Densidade do fluido M/L3
μ Viscosidade do fluido M/Lt
CP Calor especifico a pressão constante L2/t2T
h Coef. de transferência de calor M/t3T
Portanto, há N = 7 grandezas e P = 4 dimensões primárias, do que resulta em:
M = 7 – 4 = 3 (3 grupos adimensionais)
Seja um grupo adimensional genérico do tipo:
gf
p
edcba hcVKD
Substituindo as equações dimensionais de cada grandeza, vem:
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108
gfedcb
a
Tt
M
Tt
L
Lt
M
L
M
t
L
Tt
MLL
32
2
33
ou, após rearranjo, vem:
gfbgfecbfedcbagedb TtLM 32323
Por se tratar de um adimensional, todos os expoentes devem ser nulos, isto é:
0
0323
023
0
gfb
gfecb
fedcba
gedb
Há um sistema de 7 incógnitas e 4 equações. Portanto, o sistema está indefinido. O
método pressupõe que se assumam alguns valores para os expoentes. Aqui é um ponto
crítico do método, pois há de se fornecer valores com critérios. Por exemplo,
(A) – Como h é uma grandeza que nos interessa, vamos assumir o seguinte conjunto de
valores
0
1
dc
g
Assim, pode-se resolver a equação do grupo adimensional, resultando em:
a = 1
b = -1
e = f = 0
Esse primeiro grupo adimensional recebe o nome de número de Nusselt, definido por:
Nu
k
Dh 1
(B) – Agora vamos eliminar h e assumir outros valores
0
1
0
f
a
g
(para não aparecer h)
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A solução do sistema fornece:
b = 0
c = d = 1
e = -1
De onde resulta o outro grupo adimensional relevante ao problema que é o número de
Reynolds, dado por:
D
VD Re2
(C) - Finalmente, vamos assumir os seguintes valores
e = f =1
b = -1
Daí resulta, o terceiro e último número adimensional que recebe o nome de número de
Prandtl.
Pr3 k
cp
Então, há uma função do tipo
0),,( 321 F ou 0),,( PrReDNuF .
Isolando o número de Nusselt, vem:
),( PrReDfNu
Assim, os dados experimentais podem ser correlacionados com as 3 variáveis (os
grupos adimensionais) ao invés de sete (as grandezas que interferem no fenômeno).
Vimos, então, que:
),( PrReDfNu
Diversos experimentos realizados com ar, óleo e água mostraram que existe uma ótima
correlação envolvendo estes três adimensionais, conforme ilustrado no gráfico abaixo.
Note que, ar, água e óleo apresentam propriedades de transporte bastante distintas e, no
entanto, os coeficientes de transferência de calor nesses três fluidos podem ser
correlacionados por meio dos números adimensionais. Isto também indica que, uma vez
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110
obtida a expressão que rege a transferência de calor, nos sentimos à vontade para usar
com outros fluidos, caso não existam dados experimentais de laboratório disponíveis.
10 1001
1
3,0Pr
Nu
4,03,0 RePr82,0Nu
água
óleo
ar
3<ReD<100
10
0,01
Re
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111
AULA 13 – CAMADA LIMITE LAMINAR SOBREUMA
PLACA OU SUPERFICIE PLANA
Na aula passada vimos que a transferência de calor no escoamento externo sobre uma
superfície resulta na existência de 3 números adimensionais que controlam o fenômeno.
Essas grandezas são o número de Nusselt, Nu, o de Reynolds, Re, e o de Prandtl, Pr. De
forma que existe uma relação do tipo Nu = f(Re, Pr), que pode ser obtida de forma
experimental ou analítica em algumas poucas situações.
Na aula de hoje apresentar-se-á uma situação particular em que esta relação pode ser
obtida de forma analítica e exata para o caso do escoamento forçado sobre uma
superfície plana. Para isso, serão apresentadas as equações diferenciais que regem a
transferência de calor em regime laminar. Depois será indicada a solução dessas
equações. Para começar o estudo, considere o escoamento de um fluido sobre uma
superfície ou placa plana, conforme ilustrado a seguir. Admita que o fluido tenha um
perfil uniforme de velocidades (retangular) antes de atingir a placa. Quando o mesmo
atinge a borda de ataque, o atrito viscoso vai desacelerar as porções de fluido adjacentes
à placa, dando início a uma camada limite laminar, cuja espessura cresce à medida que
o fluido escoa ao longo da superfície. Note que esta camada limite laminar vai crescer
continuamente até que instabilidades vão induzir a uma transição de regime para dar
início ao regime turbulento, se a placa for comprida o suficiente. Admite-se que a
transição do regime de escoamento laminar para turbulento ocorra para a seguinte
condição 5105Re
xu
xtransição (às vezes também se usa 3 105), onde x é a
distância a partir do início da placa (borda de ataque).
y
u
laminar
x
Transição Turbulento
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No regime laminar, o fluido escoa como se fossem “lâminas” deslizantes, sendo que a
tensão de cisalhamento (originária do atrito entre essas camadas) é dada por
dy
du
para um fluido newtoniano (como o ar, água e óleo). Essa condição e geometria de
escoamento permitem uma solução exata, como se verá a seguir.
Equações da continuidade e quantidade de movimento na camada limite laminar
Hipóteses principais:
- Fluido incompressível
- Regime permanente
- Pressão constante na direção perpendicular à placa
- Propriedades constantes
- Força de cisalhamento na direção y constante
Considere um elemento diferencial de fluido dentro da camada limite laminar (CLL),
como indicado.
x
y
dy
dx
Equação da continuidade ou da conservação de massa.
dydx
x
u
u )(
dxdy
y
v
v )(
vdx
udy
dx
d
y
Como entrasai mm , então substituindo os termos, vem:
dxdy
y
v
vdydx
x
u
uvdxudy )()(
.
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113
Simplificando, tem-se
0
y
v
x
u
ou 0VDiv
onde, o operador matemático Div é definido por,
y
j
x
iDiv
.
Equação da conservação da quantidade de movimento
Da 2ª lei de Newton, tem-se que
extF Variação do fluxo da quantidade de movimento
Note que essa lei é uma equação vetorial, isto é, o balanço deve ser feitos nas diversas
direções (x, y, z). No caso, nos interessa o balanço de forças e de quantidade de
movimento na direção paralela à placa, ou, seja a direção x.
Forças externas (pressão e atrito – gravidade desprezível)
dxdy
y
)(
dx
pdy
dydx
x
pp )(
dydx
x
ppdxdxdy
y
pdyFx )()(
ou, simplificando, dxdy
x
pdxdy
y
Fx
Mas, admitindo um fluido newtoniano, tem-se
y
u
que, substituindo, vem.
dxdy
x
pdxdy
y
uFx
22
Agora, vamos calcular o fluxo de quantidade de movimento (direção x)
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114
dxdy
y
u
udy
y
v
v ))((
vudx
dydx
x
u
u 2)(
dyu2
Juntando todos os termos, tem-se o fluxo líquido de quantidade de movimento na
direção x:
superior ordem de termos2
)(
)(2
))(()(
2
222
22
dxdy
y
v
udxdy
y
u
vdxdy
x
u
u
uvdxdxdy
y
u
y
v
dxdy
y
v
udxdy
y
u
vvudxdyudydx
x
udxdy
x
u
udyu
uvdxdxdy
y
u
udy
y
v
vdyudydx
x
u
u
Ainda é possível simplificar esta equação para obter
dxdy
y
v
x
u
udxdy
y
u
v
x
u
u
decontinuida
0
)()(
dxdy
x
u
v
x
u
u )(
Portanto, agora podemos igualar os termos de resultante das forças externas com a
variação do fluxo da quantidade de movimento, resultando na seguinte equação:
x
p
y
u
y
u
v
x
u
u
2
2
)(
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115
Equação da conservação da energia, ou primeira lei da termodinâmica
- Condução na direção x desprezível
- Energia cinética desprezível face à entalpia
dxdy
y
u
udy
y
v
v ))((
dydx
x
u
u 2)(
dxdy
y
u
u ))((
)( 2
2
dy
y
T
y
Tkdx
dx
dy
y
Tkdx
dxuvhdx
uhdy
Potência (térmica) líquida das forças viscosas
dydx
y
u
uu
y
dydx
y
udxudxdy
y
u
u
)()(
Conservação de energia:
tempode unidade na
ldiferencia controle
de volumeo deixa
que energia de fluxo
tempode unidade
na realizado
líquido trabalho
tempode unidade na
ldiferencia controle
de volumeno entra
que energia de fluxo
Agora, vamos tratar cada termo em particular
Fluxo de energia que entra
Entalpia + Condução de calor (note que a condução na direção x é desprezível –não é
verdade no caso de metais líquidos)
y
Tkdxuhdyvhdx
Taxa de trabalho na unidade de tempo (potência térmica gerada pelas forças viscosas)
dxdy
y
u
u
y
dydy
x
hhdy
x
u
u ))((
dydy
y
hhdy
y
u
u ))((
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116
Fluxo de energia que entra
)())(())(( 2
2
dy
y
T
y
Tkdxdydx
x
hhdx
x
u
udxdy
y
hhdy
y
v
v
Desprezado os termos de ordem superior
dxdy
x
ukdxdy
y
vhdxdy
y
h
vdxdy
x
uhdxdy
x
h
udydx
y
u
u
y 2
2
00
2
2
0
)(
x
uk
y
v
x
uh
x
h
v
x
h
u
y
u
u
y
decontinuida
Com Tch p e substituindo todos os termos na equação de balanço, resulta na forma
diferencial da equação da energia para a camada limite laminar, dada abaixo:
y
u
u
yy
Tk
y
T
vc
x
T
uc pp 2
2
Em geral a potência térmica gerada pelas forças viscosas (último termo) é desprezível
face ao termo da condução de calor e de transporte convectivo de energia (entalpia).
Isso ocorre a baixas velocidades. Assim, a equação da energia pode ser simplificada
para:
2
2
y
T
y
T
v
x
T
u
Retornando agora à equação da conservação da quantidade de movimento. Se o
escoamento se der à pressão constante, aquela equação pode ainda ser reescrita como:
2
2
y
u
y
u
v
x
u
u
onde,
é a viscosidade cinemática
Comparando as duas equações acima, nota-se que quando , ou seja, 1Pr
corresponde ao caso em que a distribuição da temperatura é idêntica a distribuição de
velocidades, o que ocorre com as maiorias dos gases, já que 1Pr65,0 .
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117
Em resumo, as três equações diferenciais que regem a transferência de calor na camada
limite laminar são:
Conservação de massa 0
y
v
x
u
Conservação da quantidade de movimento
direção x
x
p
y
u
y
u
v
x
u
u
2
2
)(
2
2
y
u
y
u
v
x
u
u
Pressão constante
Conservação de energia 2
2
y
T
y
T
v
x
T
u
Ver solução das camadas limites laminares hidrodinâmica e térmico no apêndice B do
Holman e item 7.2 do Incropera. Solução de Blasius.
Os principais resultados da solução dessas equações diferenciais são os seguintes:
Espessura da camada limite hidrodinâmica (CLH):
x
x
Re
5 ;
Coeficiente local de atrito local: 2/1
,
Re664,0 xxfc ;
Coeficiente local de atrito médio desde a borda de ataque:
2/1
0
,,
Re328,1*21 Lf
L
xfLf LxCdxCL
c ;
Razão entre as espessuras das camadas limites hidrodinâmica (CLH) e térmica (CLT):
3/1Pr
t
;
Número de Nusselt local: Pr6,0PrRe332,0 3/12/1xxNu 50
Número de Nusselt médio: 3/12/1
0
PrRe664,0*21 L
L
LxxL NudxNuL
uN .
Definição do coeficiente de atrito:
2/2
u
c sf
, s tensão de cisalhamento na parede
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118
Os gráficos abaixo indicam o comportamento das camadas limites. Note que o número
de Prandtl desempenha um papel importante no crescimento relativo das CLT e CLH.
Tu ,
)1(Pr T
)1(Pr T
)1(Pr T
x
C.L.T C.L.H
Temos as seguintes relações:
x
C xf
1
,
, e
x
h xf
1
,
.
TS
T u
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119
AULA 14 – CAMADA LIMITE LAMINAR – SOLUÇÃO
INTEGRAL OU APROXIMADA DE VON KARMAN
Na aula passada, vimos as equações diferenciais da camada limite laminar. Os
resultados da solução clássica de Blasius foram apresentados. A solução per si não foi
discutida, uma vez que o livro-texto apresenta em detalhes o procedimento de solução.
Nesta aula, vamos ver uma solução aproximada baseada no método integral, também
conhecida como solução de von Karman.
Neste caso, define-se um volume de controle diferencial apenas na direção x paralela ao
escoamento, cuja altura H se estenda para além da camada limite, isto é, H ,
conforme ilustrado na figura abaixo.
x
y
1 2
A A
dx
H
Leis de conservação na camada limite laminar do elemento diferencial acima:
Balanço de massa
Fluxo mássico na face 1 – A: H udy
0
Fluxo mássico na face 2 – A: dxudy
dx
d
udy
HH
00
Fluxo mássico na face A – A: dxudy
dx
d H
0
Balanço de fluxo de quantidade de movimento na direção x
Fluxo de Q. M. na Face 1 – A: H dyu
0
2
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120
Fluxo de Q. M. na Face 2 – A: dxdyu
dx
ddyu
HH
0
2
0
2
Fluxo de Q. M. na Face A – A: dxudy
dx
d
u
H
0
Fluxo líquido de quantidade de movimento para fora do volume de controle
(face 2-A) – (face A – A) – (face 1 – A) =
Fluxo liquido de Q. M. = dxudy
dx
d
udxdyu
dx
d HH
00
2
Lembrando da regra do produto de diferenciação, vem que:
)()()( ddd ou
)()()( ddd
Fazendo u
H udy
0
, vem
dx
dx
du
udydxudyu
dx
ddxudy
dx
d
u
HHH
000
dxudy
dx
dudxudyu
dx
d HH
00
Agora, substituindo na expressão do fluxo líquido de Q. M, vem:
dxudy
dx
dudxudyu
dx
ddxdyu
dx
dMQfluxo
HHH
000
2
..
Os dois primeiros termos da integral podem ser reunidos para obter a seguinte forma
mais compacta:
dxudy
dx
dudxudyuu
dx
dMQfluxo
HH
00
)(..
Agora, vamos obter a resultante das forças externas. No presente caso, só vamos
considerar as forças de pressão e de atrito.
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121
- força resultante da pressão: dx
dx
dPH
- força de cisalhamento na parede: -dx
0
y
p y
udx
Finalmente, a equação integral da camada limite laminar hidrodinâmica pode agora ser
escrita (2ª lei de Newton):
dxudy
dx
dudxudyuudx
dx
dPH
y
udx
HH
y
000
)(
Se a pressão for constante ao longo do escoamento, como ocorre com o escoamento
sobre uma superfície plana (no caso do escoamento dentro de um canal ou tubo, essa
hipótese não é válida): 0
dx
dP
A hipótese de P = cte. também implica em que a velocidade ao longe também seja
constante, já que, fora da camada limite, é valida a eq. de Bernoulli, ou
cte
uP
2
De forma que, na forma diferencial: 00
2
2 duduudP
Assim, a equação da conservação da Q.M. se resume a:
H
y
udy)uu(
dx
d
y
u
00
Mas como H > δ a velocidade é constante u = u∞, então:
00
)(
yy
u
udyuu
dx
d
Esta é a forma final da equação da conservação da Q.M. válida para o escoamento
laminar sobre uma superfície ou placa plana. Até o presente momento, o
equacionamento é exato, pois nenhuma aproximação foi empregada. A questão é: se
conhecermos o perfil de velocidades u(y), então, a equação acima pode ser integrada.
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122
Daí, pode se obter, entre outras coisas, a lei de crescimento da camada limite laminar
hidrodinâmica, isto é, a espessura da camada limite laminar numa posição x a partir da
borda de ataque, (x).
A solução aproximada, objeto desta análise, começa quando se admite um perfil de
velocidades na direção perpendicular ao escoamento, isto é, u(y). Claro que a adoção
desse perfil deve seguir certos critérios. Pense: Se você tivesse que admitir tal perfil de
velocidades, provavelmente faria o mesmo que o apresentado aqui. Isto é, você imporia
um polinômio de grau tal que as condições de contorno do perfil de velocidades fossem
satisfeitas. Certo? Pois é exatamente isso é que é feito. Então, primeiro passemos a
analisar as condições de contorno do problema, que são:
0/0
/0
/
0/0
2
2
yp
y
u
yp
y
u
ypuu
ypu
As três primeiras condições de contorno são simples e de dedução direta. A primeira
informa que a velocidade na superfície da placa é nula (princípio de não-
escorregamento); a segundo diz que fora da CL a velocidade é a da corrente fluida e a
terceira diz que a transição entre a CL e a corrente livre é “suave”, daí a derivada ser
nula. A última c.c. é um pouco mais difícil de perceber. Há de se analisar a equação
diferencial da conservação da quantidade de movimento da camada limite laminar (aula
anterior que requer que essa condição seja nula sobre a superfície da placa). Como são
quatro as condições de contorno, uma distribuição que satisfaz estas condições de
contorno é um polinômio do 3º grau, dado por:
3
4
2
321)( yCyCyCCyu
Daí, aplicando as c.c. para se obterem as constantes C1 a C4, tem-se o perfil aproximado
de velocidades:
3
2
1
2
3)(
yy
u
yu
Introduzindo-o na eq. da Q. M., vem:
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123
00
33
2
2
1
2
3
2
1
2
31
yy
udyyyyy
dx
d
u
Do que resulta, após algum trabalho:
u
u
dx
d
2
3
280
39 2
Integrado essa equação por partes, lembrando que para x = 0 δ = 0 (a CL começa
na borda de ataque):
xdxdu 0084078
ou,
u
vx
x 64,4)( , ou
x
x
x
Re
64,4)(
Lembrando da aula anterior que solução exata (Blasius) fornece:
x
x
x
Re
5)(
Ver Holman Apêndice B ou Incropera
Considerando as aproximações realizadas, o resultado aproximado é bastante razoável.
Camada Limite Térmica Laminar
Uma vez resolvido o problema hidrodinâmico acima, agora se pode resolver o problema
térmico, tendo sempre como alvo a obtenção do coeficiente de transferência de calor, h.
Note que junto à superfície todo calor transferido da superfície para o fluido se dá por
condução de calor e depois este fluxo de calor vai para o fluido. De forma, que se
podem igualar os dois termos da seguinte maneira:
0
)(
y
p y
TkTTh , ou
TT
y
Tk
h
p
y 0
Assim, para se obter o coeficiente de transferência de calor é preciso conhecer a
distribuição de temperaturas T(y). De forma semelhante ao que foi feito para o caso
hidrodinâmico, pode-se aplicar as seguintes c.c. para a distribuição de temperaturas:
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124
Condições de contorno
0/0
/
/0
0/
2
2
yp
y
T
ypTT
yp
y
T
ypTT
t
t
p
Método integral (aproximado)
x
y
x0
t
u
T
cteTp
Considere a figura acima, em que o aquecimento da superfície começa a partir de um
ponto x0, a partir da borda de ataque. De forma análoga ao caso hidrodinâmico,
desenvolvendo um balanço de energia num V.C. de espessura maior que δ, vem:
(ver Holmam)
00
2
0
)(
y
H
p
H
y
Tdy
dy
du
c
udyTT
dx
d
Admitindo uma distribuição polinomial de grau 3 para a distribuição de temperaturas e
aplicando as c.c., vai se obter a seguinte curva aproximada:
3
2
1
2
3)()(
ttp
p yy
TT
TyTy
(o mesmo que o de velocidades, pois as c.c. são as mesmas)
Desprezando o termo de dissipação viscosa, obtém-se a seguinte relação entre as
espessuras de camadas limites:
3/14/3
03/1 1Pr
026,1
1
x
xt
Se a placa for aquecida ou resfriada desde a borda, x0 = 0, temos
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125
3/1Pr
026,1
1
t
No desenvolvimento admitiu-se δt < δ o que é razoável para gases e líquidos
11
11
/Pr
t
Finalmente, agora, podemos calcular o h, por substituição da distribuição de
velocidades, calculada junto à parede
tttp
p
p
y
x
kk
TT
TTk
TT
y
Tk
h
2
3
2
3
2
3
)(
)(0 , ou
3/14/3
0
3/1
1Pr026,1
2
3
x
xkhx , ou ainda
3/14/3
0
2/1
3/1 1Pr332,0
x
x
x
ukhx
Lembrando da definição do número de Nusselt,
k
xhNu xx , vem:
3/14/3
02/13/1 1RePr332,0
x
xNu xx
As equações anteriores são para valores locais.
O coeficiente médio de transferência de calor será, se x0 = 0:
L
x
dxu
L
dxh
h
LL
x
L
0
2/1
2/1
3/1
0
Pr332,0
, ou
2/
Pr332,0 2/1
2/1
3/1
L
L
u
hL
, ou finamente:
LxL hL
uh
2Pr332,02
2/1
3/1
Analogamente, para esse caso:
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126
312166402 //LLxL PrRe,Nuk
Lh
uN
Note que é a mesma expressão da solução exata!
Quando a diferença de temperatura do fluido e da placa for substancial, as
propriedades de transporte do fluido devem ser avaliadas á temperatura de película, Tf
2
TTT pf
E se o fluxo de calor for uniforme ao longo da placa, tem-se:
31214530 //LL PrRe,k
hLNu
Note que as dependências de Re e Pr são as mesmas, variando somente a constante de
multiplicação (0,453 no lugar de 0,664).
Ver exercíciosresolvidos do Holmam 5.4 e 5.5
Exemplo resolvido (extraído do livro de Pitts e Sissom)
Num processo farmacêutico, óleo de rícino (mamona) a 40ºC escoa sobre uma placa
aquecida muito larga de 6 m de comprimento, com velocidade de 0,06 m/s. Para uma
temperatura de 90ºC. Determine:
(a) a espessura da camada limite hidrodinâmica ao final da placa
(b) a espessura da camada limite térmica t no final da placa
(c) o coeficiente de transferência de calor local e médio ao final da placa
(d) o fluxo de calor total transferido da superfície aquecida.
São dados:
Propriedades calculadas a CT f 0652
9040
= 7,3810-8 ms/s
fk = 0,213 W/m
oC
= 6,510-5 m2/s
= 9,57102 kg/m3
= 6,2210-2 N.s/m2
pC = 3016 Ck
J
g
CTp 90
u
T
t
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127
Solução
Verificação se o escoamento é laminar ao final da placa
)105(Re5538
105,6
606,0Re 55
transiçãoL
Lu
É laminar!
Método Exato Método Aproximado
a)
x
x Re
5 ; x = L = 6m
m40,0
5538
65
x
x Re
64,4 ; x = L = 6m
m37,0
5538
664,4
b)
3/1
8
5
3/13/1 881
1038,7
105,6)/(Pr
t
mt 042,0881
4,0
3/1
3/1Pr
026,1
1
t
mt 037,0881
37,0
026,1
1
3/1
c) 2/1
3/1Pr332,0
L
ukhx
Cm
W
hx
2
2/1
5
3/1
4,8
6105,6
06,0)881(213,0332,0
Cm
Whh LxL 28,164,822
2/1
3/1Pr332,0
L
ukhx
Obs*: Tanto a solução exata como a
aproximada leva a constante ao
mesmo valor de 0,332
Cm
Whx 24,8
Cm
Whh LxL 28,164,822
d) )( TThAq s
m
W
TTLh
L
q
s
p
5040
)4090(68,16)(
)( TThAq s
m
W
TTLh
L
q
s
p
5040
)4090(68,16)(
Analogia de Reynolds – Colburn ou Analogia entre Transf. de Calor e Atrito
Como visto nas aulas anteriores, a transferência de calor e de quantidade de movimento
(atrito superficial) são regidas por equações diferenciais análogas. Na verdade, esta
analogia entre os dois fenômenos é muito útil e será explorada nesta seção. Essa é a
chamada analogia de Reynolds-Colburn que, portanto, relaciona o atrito superficial com
a transferência de calor. Qual a sua utilidade? Bem, em geral dados de medição
laboratorial de atrito superficial podem ser empregados para estimativas do coeficiente
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128
de transferência de calor. Isto é uma grande vantagem, pois, pelo menos no passado, os
dados de atrito eram bem mais abundantes que os de transferência de calor.
Por definição, o coeficiente de atrito é dado por:
2
2
u
C pf
Mas, por outro lado, para um fluido newtoniano (todos os que vamos lidar neste curso),
a tensão de cisalhamento na parede é:
0
y
p y
u
Usando o perfil de velocidades desenvolvido na aula 14, ou seja:
3
2
1
2
3
yy
u
u
,
temos que a derivada junto à parede resulta em:
u
y
u
y 2
3
0
Por outro lado, usando o resultado da solução integral ou aproximada da espessura da
camada limite, isto é,
x
x Re
64,4 que, mediante substituição na definição da tensão de
cisalhamento na parede, resulta em:
x
uu x
p
Re
323,0
2
3
Substituindo este resultado na equação da definição do coeficiente de atrito, vem:
x
xfx
xu
uC
Re
323,0Re323,0
2 2
Por outro lado, da aula anterior, chegou-se à seguinte expressão para o número de
Nusselt, 2/13/1 RePr332,0 xxNu que, mediante algum rearranjo pode ser escrito como:
2/13/2 RePr332,0
PrRe
x
St
x
x
x
Nu
, onde Stx
uc
h
p
x
é o número de Stanton. Então,
reescrevendo de forma compacta:
x
xSt Re
332,0Pr 3/2
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129
Comparando as duas equações anteriores em destaque, notamos que eles são iguais a
menos de uma diferença de cerca de 3% no valor da constante, então, esquecendo desta
pequena diferença podemos igualar as duas expressões para obter:
2
Pr 3/2 fxx
c
St
Esta é a chamada analogia de Reynolds-Colburn. Ela relaciona o coeficiente de atrito
com a transferência de calor em escoamento laminar sobre uma placa plana. Dessa
forma, a transferência de calor pode ser determinada a partir das medidas da força de
arrasto sobre a placa. Ela também pode ser aplicada para regime turbulento (que será
visto adiante) sobre uma placa plana e modificada para escoamento turbulento no
interior de tubos. Ela é válida tanto para valores locais, como para valores médios.
______________________________________________________________________
Exemplo resolvido – continuação do anterior
Calcule a força de arrasto sobre a placa do exemplo anterior.
Sabe-se que 3/2Pr
2
tS
C f
Por outro lado, 52 1070,906,030161057,9
8,16
uc
h
tS
p
L
Assim da analogia, podemos obter 23/25 1078,1881107,92 fC , de forma
que a tensão de cisalhamento na superfície é:
2
2
222
1007,3
2
)06,0(9571078,1
2 m
NuC fp
Finalmente, a força de atrito por unidade de largura é:
m
NL
L
F
p
p
184,061007,3 2
______________________________________________________________________
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130
AULA 15 –CAMADA LIMITE TURBULENTA E
TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM ESCOAMENTO
EXTERNO
Camada Limite Turbulenta
A transferência de calor convectiva na camada limite turbulenta é fenomenologicamente
diferente da que ocorre na camada limite laminar. Para entender o mecanismo da
transferência de calor na camada limite turbulenta, considere que a mesma possui três
subcamadas, como ilustrado no esquema abaixo:
x
y
turbulenta
Camada amortecedora
Sub camada laminar
A CLT é subdividida em:
- Subcamada laminar – semelhante ao escoamento laminar – ação molecular
- Camada amortecedora – efeitos moleculares ainda são sentidas
- Turbulento – misturas macroscópicas de fluido
Para entender os mecanismos turbulentos, considere o exercício de observar o
comportamento da oscilação da velocidade local (isto é, em um ponto do escoamento),
o que é ilustrado no gráfico temporal abaixo.
t
u
u
Do gráfico ilustrado, depreende-se que a velocidade instantânea, u, flutua
consideravelmente em torno de um valor médio, u . Este fato da flutuação da
velocidade local em conjunção com a flutuação de outras grandezas, embora possa
parecer irrelevante, é o que introduz as maiores dificuldades no equacionamento e no
que se chama “problema da turbulência”. Para analisar o problema, costuma-se dividir a
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131
velocidade instantânea em dois componentes: um valor médio e outro de flutuação,
como indicado:
velocidade na direção paralela: 'uuu
velocidade na direção transversal: 'vvv
O mesmo se faz com o termo de oscilação da pressão local:
pressão:
fluctuacàomedio
táneoins
valor
PPP '
tan
Em todos os casos, uma barra sobre a grandeza indica um valor médio e uma apóstrofe,
valor de flutuação. Os termos de flutuação são responsáveis pelo surgimento de forças
aparentes que são chamadas de tensões aparentes de Reynolds, as quais devem ser
consideradas na análise.
Para se ter uma visão fenomenológica das tensões aparentes, considere a ilustração da
camada limite turbulenta abaixo. Diferentemente do caso laminar, em que o fluido se
“desliza” sobre a superfície, no caso turbulento há misturas macroscópicas de “porções”
de fluido. No exemplo ilustrado, uma “porção” de fluido (1) está se movimentando para
cima levando consigo sua velocidade (quantidade de movimento) e energia interna
(transferência de calor). Evidentemente, uma “porção” correspondente (2) desce para
ocupar o lugar da outra. Isso é o que dá origem às flutuações. Do ponto de vista de
modelagem matemática, essas “simples” movimentações do fluido dentro da camada
limite dão origem às maiores dificuldades de modelagem.
Uma análise mais detalhada do problema da transferência de calor turbulenta foge do
escopo deste curso. Assim, referira-se a uma literatura mais específica para uma análise
mais profunda. No entanto, abaixo se mostram os passos principais da modelagem.
O primeiro passo é escrever as equações diferenciais de conservação – aula 13. Em
seguida, substituem-se os valores instantâneos pelos termos correspondentes de média e
flutuação, isto é, 'uuu , 'vvv e 'PPP . Esse procedimento é chamado de
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132
médias temporais de Reynolds. Começando pela equação da conservação da quantidade
de movimento, tem-se:
x
P
y
u
y
u
v
x
u
u
1
2
2
Agora, substituindo a decomposição das grandezas, 'uuu , 'vvv e 'PPP ,
PP
x
uu
y
uu
y
vvuu
x
uu
1
2
2
x
P
x
P
y
u
y
u
y
u
v
y
u
v
y
u
v
y
u
v
x
u
u
x
u
u
x
u
u
x
u
u
11
2
2
2
2
Neste ponto é conveniente realizar uma média temporal sobre um intervalo de tempo
T = t2 - t1 longo o suficiente para capturar as informações relevantes de flutuação do
escoamento. Para isso, define-se, a seguinte média temporal sobre uma grandeza
instantânea f (ou sua derivada espacial) qualquer:
2
1
1 t
t
dt )t(f
T
f
As seguintes propriedades se aplicam:
011112121
f e
s
f
s
f
,ff ,fCCf ,ffff 11
sendo, C uma constante no intervalo de tempo e s é uma coordenada espacial (x, y ou z).
Assim, aplicando a média temporal sobre a equação anterior, vem:
x
P
x
P
y
u
y
u
y
u
v
y
u
v
y
u
v
y
u
v
x
u
u
x
u
u
x
u
u
x
u
u
11
2
2
2
2
Usando as propriedades de média temporal, obtém-se a seguinte equação:
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133
00
2
2
2
2
00
0
11
x
P
x
P
y
u
y
u
y
u
v
y
u
v
y
u
v
y
u
v
x
u
u
x
u
u
x
u
u
x
u
u
Reescrevendo, vem:
y
u
v
x
u
u
x
P
y
u
y
u
v
x
u
u
1
2
2
Ainda, vamos tratar em separado as médias temporais que envolvem as flutuações
(termos entre parênteses). O seguinte artifício matemático pode ser escrito:
x
v
u
x
vu
x
u
v e
x
u
u
x
uu
x
u
u
De forma que aqueles termos podem ser escritos como:
0
x
v
x
u
u
x
vu
x
uu
x
u
v
x
u
u
O termo entre parênteses do lado direito é nulo pela lei da conservação de massa.
Substituindo a igualdade acima, obtém-se a forma da equação diferencial turbulenta da
conservação da quantidade de movimento:
x
vu
x
uu
x
P
y
u
y
u
v
x
u
u
1
2
2
Como indicado acima, no processo de obtenção desta equação, admitiu-se que a média
temporal das flutuações e suas derivadas são nulas. Com isso surgiram termos que
envolvem a média temporal da derivada do produto das flutuações, que são os termos
entre parênteses. Por fim, ainda existe uma última simplificação que envolve a camada
limite. Para o caso do escoamento bidimensional verifica-se que o gradiente do produto
das flutuações na direção principal x (primeiro termo dos parênteses) é desprezível em
relação ao segundo termo, de forma que a equação final da conservação da quantidade
de movimento turbulenta é:
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134
x
vu
x
P
y
u
y
u
v
x
u
u
1
2
2
Aqui reside grande parte do problema da turbulência que é justamente se estabelecer
modelos para estimar o gradiente da média temporal do produto das flutuações das duas
componentes de velocidade. Este termo dá origem às chamadas tensões aparentes de
Reynolds que têm um tratamento à parte.
De forma análoga, pode-se estabelecer a equação da energia para a camada limite
turbulenta, o que resulta em:
'T'vC
y
Tk
yy
T
v
x
T
uC pp
Por semelhança ao caso laminar, definem-se:
Viscosidade turbilhonar: uvy
u
M
e
Difusividade turbilhonar: Tvy
T
H
Assim, definem-se a tensão de cisalhamento total turbulenta por: y
u
Mt
,
e transferência de calor total turbulenta: y
TCq Hpt
Distante da parede, o domínio da viscosidade e da difusividade turbilhonares é superior
em relação às grandezas moleculares, isto é, M e H . De forma que se
pode definir um número de Prandtl turbulento, HMt /Pr aproximadamente
unitário. Isso indica que os transportes de energia e de quantidade de movimento nessa
região ocorrem na mesma proporção e que os perfis de temperatura e de velocidade
médios sejam mais uniformes nesta região.
O estudo das grandezas turbilhonares dão origem aos perfis de velocidade e temperatura
universais. Importante frisar, que as muitas análises indicam que a analogia de
Reynolds-Colburn entre atrito superficial e transferência de calor pode ser estendida
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135
para região turbulenta. É objeto dos estudos de turbulência adequadamente modelar os
efeitos das variações instantâneas das grandezas, o que foge do escopo destas notas de
aula.
É importante saber que existem dois regimes de transferência de calor: laminar e
turbulento. Também existe uma região de transição entre os dois regimes. Expressões
apropriadas para cada regime em separado e em combinação estão indicadas na tabela
7.9 do Incropera e Witt.
Resumo das expressões de transferência de calor para regime turbulento sobre
superfícies planas:
Local : 318,0 PrRe0296,0 xxNu 60Pr6,010Re 8 x
Médio : 318,0 Pr871Re037,0 LLNu 810Re L
2,0Re37,0 x
x
810Re L
Nota: para outras expressões ver livro-texto – ou tabela ao final desta aula.
As propriedades de transporte são avaliadas à temperatura de mistura (média
entre superfície e ao longe). Reynolds crítico = 5 105
_____________________________________________________________________
Exemplo resolvido (Holman 5-7)
Ar a 20oC e 1 atm escoa sobre uma placa plana a 35 m/s. A placa tem 75 cm de
comprimento e é mantida a 60ºC. Calcule o fluxo de calor transferido da placa.
Propriedades avaliadas à CT 40
2
6020
Ckg
kJ
cp 007,1 3128,1 m
kg 7,0Pr
Cm
Wk 02723,0
ms
kg
x 510007,2
610475,1Re xVLL
2055)871Re037,0(Pr 8,03/1 LL k
LhNu
CmWNu
L
kh L 2/6,74
WTTAhq s 2238)2060.(1.75,0.6,74)(
______________________________________________________________________
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136
Escoamento Cruzado sobre Cilindros e Tubos
No caso do escoamento externo cruzado
sobre cilindros e tubos, a análise se torna
mais complexa. O número de Nusselt
local, dado em função do ângulo de
incidência , isto é, Nu(), é fortemente
influenciado não só pela formação das
camadas limites, como também pelo efeito
do descolamento da camada limite. A
figura ao lado indica o que acontece com o
número local de Nusselt. Para ReD 105, o
número de Nusselt decresce como
consequência do crescimento da camada
limite laminar (CLL) até cerca de 80o.
Após este ponto, o escoamento se descola
da superfície destruindo a CLL e gerando
um sistema de vórtices e mistura que
melhora a transferência de calor (aumento de Nu(). Para ReD > 105, ocorre a transição
de laminar para turbulento e, portanto, a formação da camada limite turbulenta (CLT).
Na fase de transição (80o a 100o) ocorre a melhora da transferência de calor. Uma vez
iniciada a CLT, novamente se verifica a diminuição do coeficiente local de transferência
de calor devido ao crescimento da CLT para, em torno de 140o, descolar o escoamento
da superfície que destrói a CLT para, então, gerar o sistema de vórtices e mistura que
volta a melhorar a transferência de calor. No caso turbulento há, portanto, dois mínimos.
Embora do ponto de vista de melhoria da transferência de calor possa ser importante
analisar os efeitos locais do número de Nusselt, do ponto de vista do engenheiro e de
outros usuários é mais proveitoso que se tenha uma expressão para a transferência de
calor média. Assim, uma expressão bastante antiga tem ainda sido usada, trata-se da
correlação empírica de Hilpert, dada por:
3
1
PrRemDD Ck
DhNu
onde, D é o diâmetro do tubo. As constantes C e m são dadas na tabela abaixo como
função do número de Reynolds.
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137
ReD C m
0,4 – 4 0,989 0,330
4 – 40 0,911 0,385
40 – 4.000 0,683 0,466
4.000 – 40000 0,193 0,618
40.000 – 400.000 0,027 0,805
No caso de escoamento cruzado de um gás sobre outras seções transversais, a mesma
expresssão de Hipert pode ser usada, tendo outras constantes C e m como indicado na
próxima tabela (Jakob, 1949).
Para o escoamento cruzado de outros fluidos sobre cilindros circulares, uma expressão
mais atual bastante usada é devida a Zhukauskas, dada por
4/1
Pr
PrPrRe
s
nm
DD CNu válida para
610Re1
500Pr7,0
D
,
onde as constantes C e m são obtidas da tabela abaixo. Todas às propriedades são
avaliadas à T∞, exceto Prs que é avaliado na temperatura de superfície (parede). Se
Pr 10, use n = 0,37 e, se Pr > 10, use n = 0,36.
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138
ReD C m
1 – 40 0,75 0,4
40 – 1.000 0,51 0,5
1.000 – 2105 0,26 0,6
2105 – 106 0,076 0,7
____________________________________________________________
Escoamento sobre Banco de Tubos
Escoamento cruzado sobre um banco de tubos é muito comum em trocadores de calor.
Um dos fluidos escoa perpendicularmente aos tubos, enquanto que o outro circula
internamente. No arranjo abaixo, apresentam-se dois arranjos típicos. O primeiro é
chamado de arranjo em linha e o outro de arranjo desalinhado ou em quicôncio.
Arranjos em linha ou quicôncio
Existem várias expressões práticas para a transferência de calor sobre banco de tubos.
Para o ar, pode se usar a expressão de Grimison, que também pode ser modificada para
outros fluidos, como discutido em Incropera (Seção 7.6). Mais recentemente,
Zhukauskas apresentou a seguinte expressão:
4/1
36,0
max, Pr
PrPrRe
s
m
DD CNu
válida para
6
max, 10.2Re1000
500Pr7,0
20
D
LN
onde, NL é o número de fileiras de tubos e todas as propriedades, exceto Prs (que é
avaliada à temperatura da superfície dos tubos) são avaliadas à temperatura média entre
a entrada e a saída do fluido e as constantes C e m estão listadas na tabela abaixo.
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139
Configuração ReD,max C m
Alinhada 10-102 0,80 0,40
Em quicôncio 10-102 0,90 0,40
Alinhada
Em quicôncio
102-103 Aproximado como um único
102-103 cilíndro (isolado)
Alinhada
(ST/SL>0,7)a 10
3
-2105 0,27 0,63
Em quicôncio
(ST/SL<2) 10
3
-2105 0,35(ST/SL)1/5 0,60
Em quicôncio
(ST/SL>2) 10
3
-2105 0,40 0,60
Alinhada 2x105-2106 0,021 0,84
Em quicôncio 2x105-2106 0,022 0,84
a
Para ST/SL>0,7 a transferência de calor é ineficiente, e tubos alinhados não deveriam ser utilizados.
Se o número de fileiras de tubos for inferior a 20, isto é, NL < 20, então deve-se corrigir
a expressão acima, multiplicando o resultado obtido por uma constante C2, conforme
expressão abaixo e valores dados na segunda tabela abaixo.
20220 LL NDND NuCNu
Tabela com o fator de correção C2 para NL<20 (ReD>103)
NL 1 2 3 4 5 7 10 13 16
Alinhada 0,70 0,80 0,86 0,90 0,92 0,95 0,97 0,98 0,99
Em quicôncio 0,64 0,76 0,84 0,89 0,92 0,95 0,97 0,98 0,99
O número de Reynolds ReD,max é calculado para a velocidade máxima do fluido que
percorre o banco de tubos. No arranjo em linha, a velocidade máxima ocorre em
V
DS
SV
T
T
max , onde as grandezas podem ser vistas na figura anterior. No arranjo em
quicôncio ou desalinhado, a velocidade máximapode ocorrer em duas regiões,
conforme ilustrado na figura anterior. Vmax ocorrerá na seção A2 se a seguinte condição
for satisfeita )()(2 DSDS TD que, após uma análise trigonométrica simples, se
obtém a seguinte condição equivalente
22
212
2 DSSSS TTLD
. Se isso
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140
acontecer, então: V
DS
SV
D
T
)(2max . Caso essa condição não seja satisfeita, então, a
velocidade máxima ocorre em A1 e, portanto, usa-se novamente VDS
SV
T
T
max .
Tabelas- resumo com as equações (Incropera & Witt)
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141
______________________________________________________________________
Exercício de Aplicação
Verifica-se um escoamento de ar a uma velocidade de 4 m/s e temperatura de 30°C.
Neste escoamento de ar é colocada uma fina placa plana, paralelamente ao mesmo, de
25 cm de comprimento e 1 m de largura. A temperatura da placa é de 60°C.
Posteriormente, a placa é enrolada (no sentido do comprimento) formando um cilindro
sobre o qual o escoamento de ar vai se dar de forma cruzada. Todas as demais
condições são mantidas. Pede-se:
(a) Em qual caso a troca de calor é maior.
(b) Qual o fluxo de calor trocado em ambos os casos.
(c) Analisar se sempre há maior troca de calor numa dada configuração do que na
outra, independentemente do comprimento e velocidade do ar. Justifique sua
resposta através de um memorial de cálculo.
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142
Solução
Propriedades do ar à C
TT
T p 45
2
ν = 1,68 x 10-5 m2/s
k = 2,69 x 10-2 W/mK
Pr = 0,706
Placa
L=0,25m
CTp 60
smu /4
CT 30
critL x
Lu Re1095,5
1068,1
25,04Re 45
5105
2,144)706,0()1095,5(664,0PrRe664,0 3/12/143/12/1 xNu LL
Assim CmW
L
kNuhL 2/56,15
25,0
02697,02,144
Cilindro
D
CTs 60
Tu ,
πD = L D = 0,25/π = 0,0796 m
Assim, 45 10895,11068,1
0796,04Re
D
Usando a expressão de Hilpert (a mais simples) (Eq. 7.55b)
3/1PrRemDD CNu p/ReD=1,895104 C = 0,193
m = 0,618
Assim, 63,75)706,0()10895,1(193,0 3/1618,04 DNu
de forma que: KmW
D
kNuh DD 2/63,25
0796,0
02697,063,75
a) A transferência de calor é maior no caso do cilindro pois LD hh e a área de troca de
calor é a mesma.
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143
b)
Placa
WQ
TTAhQ
placa
ppplaca
7,116
3025,056,15
)(
Cilindro
WQ
TTAhQ
cil
pccil
2,192
3025,063,25
)(
c) Porção laminar 5
,
105Re Lcrit
Note que 51059,1Re/ReRe DLD sendo equivalente ao crítico.
3/12/1 PrRe664,0 LL L
kh (A)
m
D
m
DD CL
kC
D
kh RePrRePr
3/1
3/1 (B)
Portanto de (A), 2/1
3/1
Re664,0
Pr
L
Lh
L
k , que, pode ser subst. em (B), para obter
L
m
D
D
L
m
D
D hC
hCh 5,02/1 Re669,2Re664,0
Re
Ou 5,0Re669,2 mD
L
D C
h
h
para o caso laminar na placa
Porção laminar-turbulenta ReL> Recrit =5105
3/18,0 Pr)871Re037,0( LLNu (Eq. 7.41 p/camada limite mista)
De donde 3/18,0 Pr)871Re037,0( LLk
Lh
e
871Re037,0
Pr
8,0
3/1
L
Lh
L
k
(C)
sub. em (B), vem
871Re037,0
Re
8,0 L
L
m
D
D
hCh
Subs. ReL = πReD, vem: 871Re037,0
Re
8,0 L
m
D
L
D C
h
h
Finalmente para o caso laminar e turbulento na placa
871Re037,0
Re
8,0 L
m
D
L
D C
h
h
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144
Os diversos valores de C e m da expressão de Hilpert foram substituídos nas expressões
das razões entre os coeficientes de transferência de calor e aparecem na tabela abaixo e,
em forma gráfica. Evidentemente, a transferência de calor será sempre maior no caso do
cilindro (na faixa de validade das expressões)
ReD C m hD/hL regime
4 0,898 0,33 2,09 laminar
40 0,911 0,385 1,59 “
4000 0,683 0,466 1,38 “
40000 0,193 0,618 1,8 “
159000 0,027 0,805 2,78 “
200000 0,027 0,805 2,15 lam-turb
400000 0,027 0,805 1,43 “
L
D
h
h
ReD
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
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AULA 16 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO INTERIOR
DE TUBOS E DUTOS - LAMINAR
Considerações hidrodinâmicas do Escoamento
Diferentemente do escoamento externo sobre corpos e superfícies, a camada limite
interior tem início e crescimento sobre a superfície interna do tubo ou duto que,
dependendo do comprimento do tubo, vai se coalescer na linha central, como ilustrado
abaixo. O comprimento até que isso ocorra é chamado de comprimento de entrada. A
partir desse ponto, diz-se que o escoamento é plenamente desenvolvido.
Desenvolvimento da camada limite laminar
xe – comprimento de entrada
x > xe – escoamento plenamente desenvolvido
O número de Reynolds agora deve ser baseado no diâmetro do tubo (ou duto), isto é:
Du
D Re , sendo u – velocidade média
O caso laminar vai ocorrer para 2300Re D e, nesse caso, o comprimento de entrada
se estende até DeD
x
Re05,0
Desenvolvimento da camada limite turbulenta
No caso turbulento, dá-se início ao desenvolvimento da camada limite laminar, porém,
essa camada limite sofre uma transição para camada limite turbulenta, como indicado na
figura abaixo.
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Nesse caso, Dxe 10 . O número de Reynolds vai indicar se o escoamento é turbulento,
quando seu valor será superior a 4000, isto é, 4000Re D . Entre 2300 e 4000 ocorre
transição laminar-turbulento. Para efeitos práticos, porém, pode-se assumir escoamento
turbulento a partir de 2300.
TEMPERATURA MEDIA DE MISTURA
No caso do escoamento interno, existe um problema de referenciar a transferência de
calor. Para exemplificar essa dificuldade, considere os escoamentos externos e internos
ilustrados abaixo. No primeiro caso, o cálculo da transferência de calor se dá levando
em consideração a temperatura da superfície, Ts, e do fluido ao longe, T∞, que é
constante. Isso já não ocorre no caso do escoamento no interior de tubos e dutos. Não
existe uma temperatura ao longe constante, T∞, para efetuar o cálculo da troca térmica
pela lei de resfriamento de Newton. Deve-se, portanto, utilizar uma temperatura
representativa do fluido na seção de interesse, Tm. Não se pode ser a temperaturamédia
aritmética simples, pelos motivos expostos abaixo. Há de ser uma temperatura que
efetivamente represente a temperatura do fluido na seção. Esta é a chamada temperatura
média de mistura ou de copo.
)(
cte
s TThAq
T
sT
C.L.
externo
)( ms TThAq
sT
interno
Para se entender como obter a temperatura média de mistura, considere os seguintes
perfis de temperatura e velocidade em um fluido sendo aquecido:
sT
cT
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Note que as maiores temperaturas ocorrem junto à parede, porém nessa região é
exatamente onde ocorrem as menores velocidades. Assim, a média aritmética simples
TdAATm 1 não representa a temperatura efetiva da seção. Para obter a temperatura
efetiva da seção, considere o exercício mental em que uma porção da seção transversal
do tubo com fluido é colocada dentro de um copo. Há de se concordar que a
temperatura efetiva que representa a seção é aquela temperatura decorrente do equilíbrio
térmico daquela porção de fluido. Certo? Sim, isto está correto e daí o nome alternativo
de temperatura de copo (“cup” que significa literalmente “caneca” no vernáculo
original).
dx
(copo)
mequilibrio TT
Para determinar essa temperatura, considere o fluxo entálpico, hE , na seção transversal
dado por: Ah uhdAmhdE
0
.
Assim, pode-se definir a entalpia média, hm, na seção transversal por:
mh
A
m hmEuhdA
m
h 0
1
Mas, sabendo que mpm Tch , então: A P
P
m TdAuC
mC
T
0
1
Se CP= cte., vem que Am uTdAmT 0
1
Mas, por definição a vazão mássica na seção transversal é dada por A udAm
0
Assim, chega-se na expressão da definição da temperatura média de mistura ou
temperatura de copo, qual seja:
A
A
m
udA
uTdA
T
0
0
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Para o caso do duto circular a área da seção transversal é dada por
rdrdArA 22 que, substituindo na expressão acima, resulta em:
r
r
m
urdr
uTrdr
T
0
0
(Válida para tubo circular)
Além do mais, se ρ= cte, vem
R
R
m
urdr
uTrdr
T
0
0
(válida para tubo circular)
Transferência de Calor no Escoamento Laminar no Interior de Duto
Conhecida a expressão para o cálculo da temperatura média de mistura, pode-se
determinar a transferência de calor, caso sejam conhecidas as distribuições de
velocidade e de temperatura na seção transversal, isto é, u(r) e T(r). O caso laminar
fornece tais expressões, como veremos a seguir. Considere o perfil laminar de
velocidades ilustrado abaixo. No diagrama à direita, tem-se um balanço de forças para o
elemento de fluido.
ra
q
r
Elemento de fluido
)2( rdx
dx
2)( rdpp )( 2rp
Um balanço de forças, resulta em: )2(2 rdxdpr , ou dx
dr
du
rdp 2 , ou ainda:
dr
dx
dprdu 2
Integrando na direção radial. Note que a pressão estática é a mesma na seção
transversal, isto é, p p(r), vem que C
dx
dpr
u 4
2
A constante C é determinada da condição de parede, isto é,
u = 0
r = r0 dx
dprC 4
.
2
0
r0
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Assim, )(
4
1)( 220 rrdx
dp
ru
Velocidade no centro do tubo, u0: dx
dpr
u 4
2
0
0
Finalmente, dividindo uma expressão pela outra, tem-se:
2
0
2
0
1)(
r
r
u
ru
O perfil de velocidades é parabólico (2º grau)!!
Admitindo-se fluxo de calor constante na parede do tubo: 0
dx
dq p
Um balanço de energia para o elemento de fluido anterior resulta em:
x
T
r
T
r
rr
11
Como o fluxo de calor e constante ao longo do tubo, então: cte
x
T
Por outro lado, por simetria no centro do tubo, sabe-se que 0
0
rr
T
e, na parede do
tubo cteq
r
Tk p
rr
0
Entrando com estas c.c na equação acima e integrando, resulta no seguinte perfil
laminar de temperaturas:
4
0
2
0
2
00
0 4
1
4
1)(
r
r
r
rru
x
TTrT
Finalmente, pode-se agora introduzir os perfis de velocidade, u(r) e temperatura, T(r),
na equação da definição da temperatura média de mistura 00
00
rr
m urdruTrdrT
Após algum esforço, se obtém
x
TruTTm
2
00
0 96
7
(para fluxo de calor constante na
parede).
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Para se poder calcular a transferência de calor, ainda é preciso obter a temperatura de
parede (r = r0). Isto é prontamente obtido da expressão de T(r), que resulta em:
x
T
ruTTp
2000 16
31
(fluxo de calor constante)
Agora, finalmente, o coeficiente de transferência de calor laminar em tubo circular com
propriedades constantes, fluxo de calor constante na parece, e escoamento plenamente
desenvolvido pode ser calculado, a partir da sua própria definição:
0
)(
rr
mp
r
TkATThAq
, ou mp rrTT
r
Tk
h
0
Substituindo as expressões, vem:
mP TT
rr
x
TruT
x
T
ruT
r
r
r
rru
x
TT
r
k
h
2
00
0
2
000
4
0
2
0
2
00
0
96
7
16
31
4
1
4
1
0
Após se efetuarem os cálculos, vai-se chegar a
D
kh 364,4 ou, 364,4DNu . Este é
um resultado notável, pois o número de Nusselt para escoamento laminar plenamente
desenvolvido, propriedades constantes, submetido a um fluxo de calor constante não
depende do número de Reynolds ou de qualquer outro parâmetro! Se os cálculos forem
efetuados para temperatura de parede constante, vai-se obter 66,3DNu .
Trabalhos teóricos também foram realizados para outras geometrias e seus valores são
apresentados na tabela abaixo. O fator de atrito também é apresentado.
Nos problemas práticos, as propriedades devem ser calculadas à média entre as
temperaturas médias de saída e entrada, isto é:
2
msme
m
TTT quando as diferenças de
temperatura não são significativas. Em caso diferenças significativas, deve-se empregar
o conceito de diferença média logarítmica de temperatura, DMLT, visto adiante.
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 151
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No caso de seções transversais não circulares, define-se o chamado diâmetro hidráulico,
Dh, de acordo com:
P
ADh
4 , onde A é a área da seção transversal do tubo e P é o chamado perímetro
molhado (o perímetro que abarca o fluido que está em contato com a parede da
tubulação).
Quando os tubos são curtos, deve-se considerar que o escoamento ainda não está
plenamente desenvolvido e deve-se usar a expressão corrigida. O gráfico abaixo ilustracomo o número de Nusselt varia, começando da entrada, até que o escoamento se torne
plenamente desenvolvido.
Relação para tubo curto: 3/2PrRe)/(04,01
PrRe)/(0668,066,3
D
D
D LD
LDNu
Nu
x
Plenamente desenvolvido
Veja livro para correlações que consideram o comprimento de entrada.
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DETERMINAÇÃO DE Tm AO LONGO DO COMPRIMENTO DO TUBO
Em muitas situações, estamos mais interessados em determinar como a temperatura
média de mistura varia ao longo do tubo. Isto é obtido, mediante um balanço de energia,
conforme ilustrado na figura abaixo. É válida para qualquer regime de escoamento, pois
decorre de uma análise da Primeira Lei da Termodinâmica. Note que, nesta seção, h
refere-se à entalpia específica e não ao coeficiente convectivo de calor.
dx
dxxhm x
hm
pdAq"
Expansão em serie de Taylor da entalpia, vem ... dxdx
dhhh xxdxx
Mas, pela 1ª lei, temos: pxdxx dAqhmhm " , que substituindo a expansão, já
desprezando os termos de ordem superior, tem-se
px
x
x dA"qhmdxdx
dhhm
ou, simplesmente px dA"qdxdx
dh
m , sendo Ap = área em contato com o fluido.
Mas, por outro lado PdxdA ; onde P é o perímetro molhado.
De forma que Pdxqdx
dx
dh
m x "
Ou, ainda, Pq
dx
dh
m x " . Assumindo cteC/pdTCdh ou,TCh PPmp , tem-se
dx
dTCm
dx
dTAuCPq mPmP "
Dois casos podem ser analisados para ser determinar Tm que dependem da condição de
contorno impostas na parede do tubo.
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 153
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(I) Fluxo de calor constante na parede. cteq"
Integrando a equação, vem ctex
AuC
Pq
xT
P
m
")(
Para x = 0, Tm = Te, de forma que e
P
m TxAuC
Pq
xT
")(
(II) Temperatura de parede constante Tp = cte
Nesse caso, )(" mpxx TThq que, substituindo na expressão Tm, vem
dx
dTCmTTPh mPmpx )(
Ou, dx
cm
Ph
TT
dT
p
x
mp
m
, cuja integração resulta em ctexCm
PhTT
P
c
mp )ln(
Para x = 0, Tm = Te, de forma que
P
c
ep
mp
Cm
Pxh
TT
xTT
exp
)(
T Tp
Te
Tm
h
h
Fluxo de calor constante na superfície
T
x
Tp
Te
Temperatura de parede constante
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154
AULA 17 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO INTERIOR
DE DUTOS - TURBULENTO
Transferência de Calor no Escoamento Turbulento em Dutos – Analogia de
Reynolds-Colburn
No caso laminar, a transferência de calor da parede para o fluido (ou vice-versa) é dada
por condução, segundo a lei de Fourier, isto é,
dr
dTk
A
q , ou
dr
dT
cA
q
p
No caso de escoamento turbulento, define-se uma expressão análoga que tem a seguinte
forma
dr
dT
cA
q
H
p
em que, artificialmente, define-se H como difusividade térmica turbilhonar.
Analogamente à tensão de cisalhamento , tem-se:
dr
du
dr
du
m )(
em que, m é a viscosidade turbilhonar.
Hipótese: Admitindo que o calor e quantidade de movimento sejam transportados a
uma mesma taxa, ou seja, H = m e Ȟ = α, então tem-se que Pr = 1. De forma que,
dividindo as equações anteriores, vem:
du
dT
Ac
q
p
ou dTduAc
q
p
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155
Outra hipótese a ser adotada é que a razão entre o fluxo de calor por unidade de área e o
cisalhamento seja constante na seção transversal, o que permite escrever que o que
ocorre na parede, também ocorre dentro do escoamento, isto é:
ppP
p
P AC
q
AC
q
ou dTduAC
q
ppP
p
As condições de contorno do problema são:
u = 0 , T = Tp
u = um , T = Tm
De forma, que é possível integrar a equação: m
p
m T
T
u
pPp
p dTdu
CA
q
0
que resulta em mpm
pPp
p TTu
CA
q
mas, por outro lado, o fluxo de calor convectivo é dado por )( mppp TThAq . Agora
igualando as duas expressões, tem-se:
mpm
ppp
mpp TTu
cA
TThA
)(
que resulta em p
p
m
c
hu
(A)
Por outro lado, o equilíbrio de forças no elemento de fluido ilustrado abaixo resulta em:
LrrP p 0
2
0 2 , ou PL
r
p 2
0
Lrp 02
p
2
0)( rPP 20rP
L
Mas, da mecânica dos fluidos, sabe-se que a perda de pressão distribuída é dada por:
2
2
0
mu
d
LfP ,
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156
sendo, f = fator de atrito (sai do diagrama de Moody ou de uma expressão de ajuste –
Colebrook, Churchill, entre outras)
Assim, comparando as duas expressões, vem que
2
8 mp
u
f (B)
Finalmente, pode-se concluir a analogia igualando as equações (A) e (B). Assim:
2
8 mp
m u
f
C
hu
Agora é de interesse que se façam aparecer os adimensionais que controlam o
fenômeno. Para isso, algumas manipulações serão necessárias, começando por
rearranjar a equação acima, para obter:
8
f
uC
h
mp
Agora, conveniente, esta expressão é multiplicada e dividida por algumas grandezas,
conforme indicado abaixo:
8
1 f
DuC
k
k
hD
mp
que, pode ainda ser manipulada para obter: 8
11 f
/uD/k
hD
m
Finalmente, os grupos adimensionais são substituídos:
8
f
RePr
Nu
D
D , ou
8
fSt
Esta é a analogia de Reynolds para escoamento turbulento em tubos. Ela está de acordo
com dados experimentais para gases (Pr ~ 1). Com base em dados experimentais
Colburn recomenda que a relação acima seja multiplicada por Pr2/3 para Pr > 0,5 (até
100). Lembre-se que essa analogia já havia sido desenvolvida para escoamento laminar.
8RePr 31
fNu
D
D , ou
8
Pr 32 fSt
Na faixa de Reynolds entre 2 104, para tubos lisos, f pode ser aproximado pela seguinte
equação de ajuste
2,0Re184,0 Df .
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157
Então, obtém-se a famosa expressão de Dittus-Bolter (ligeiramente modificada)
3/18,0 PrRe023,0 DDNu
Na prática, sugere-se que o expoente do número de Prandtl seja do tipo
n
DDNu PrRe023,0
8,0
sendo,
n = 0,3 se o fluido estiver sendo resfriado
n = 0,4 se o fluido estiver sendo aquecido
Para tubos rugosos, usar o diagrama de Moody, como mostrado abaixo, para obter f.
Ou uma expressão de correlação, como por exemplo as expressões de Churchill ou
Colebrook:
Expressão de Churchill:
121
5,1
12
1
Re
88
BA
f
D
em que,
16
9,0 27,0Re7
1ln457,2
DA D
e
16
Re
530.37
D
B
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158
A expressão acima tem a vantagem de ajustar de forma suave a transição laminar-
turbulento
Expressão de Colebrook (clássica):
2/12/1 Re
51,2
7,3
/log0,21 f
D
f D
Correlações válidas considerando a região de entrada para tubos lisos:
0,5 < Pr < 1,5 ��̅̅ ̅̅ � = Ͳ,Ͳʹͳ4ሺ���ସ/ହ − ͳͲͲሻ��ଶ/ହ [ͳ + (��)ଶ/ଷ]
0,5 < Pr < 1,5
��̅̅ ̅̅ � = Ͳ,Ͳͳʹሺ���0,଼ − ʹ8Ͳሻ��ଶ/ହ [ͳ + (��)ଶ/ଷ]
CORREÇÃO DEVIDO A PROPRIEDADES VARIAVEIS
(A) Laminar
As propriedades são calculadas à temperatura de mistura. Acontece que algumas
propriedades dependem fortemente da temperatura como, por exemplo, a viscosidade da
água:
ȝ (T = 25°C) ~ 8,90 x 10-4 kg/ms
ȝ (T = 30°C) ~ 7,98 x 10-4 kg/ms
Em 5ºC ocorre uma variação em torno de 10%.
Assim, segue-se que a seguinte expressão seja utilizada para levar este efeito em
consideração.
n
p
m
cor NuNu
ȝm = viscosidade à temperatura da mistura. ȝp = viscosidade à temperatura da parede
Se o fluido for em gás n = 0 (sem correções) Para 0,5 < Tm / Tp < 2,0
(B) Turbulento
n
p
m
cor
T
TNuNu
Ver tabela de correlações para outras
configurações
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159
T – temperatura absoluta
n = 0 (resfriamento de gases)
n = 0,45 para fases sendo aquecidos (n = 0,15 p/ Co2)
se 0,5 < Tm / Tp < 2,0
Líquidos
11,0
Pr
Pr
p
m
cor NuNu
Exemplos resolvidos
(1) Ar escoa pelo interior de um duto de 5cm de diâmetro. A velocidade do ar é 30m/s e
sua temperatura é 15ºC. O comprimento aquecido do tubo é 0,6m com temperatura de
parede, Tp = 38ºC. Suponha que o escoamento seja plenamente desenvolvido. Obtenha a
transferência de calor e a temperatura de saída do ar.
0,6m
Te Ts
CTp 38
Calcule as propriedades à temperatura média
2
se
m
TTT
Dittus Boelter: 4,08,0 PrRe023,0 DDNu (1)
Balanço de energia: )()( espmp TTCmTTAh (2)
Note que há duas equações e duas incógnitas (Ts e h)
Esses tipos de problema devem normalmente serem resolvidos de forma iterativa,
conforme esquema abaixo. Primeiro admite-se uma temperatura de saída, calculam-se
todas as grandezas envolvidas e depois faz-se a verificação se corresponde ao resultado
da segunda equação. Caso contrário, admite-se uma nova temp. de saída.
Admite Ts Calcula Tm Calcula da eq. (1)
Nova Ts
h
Compara Ts
com eq. (2)
fim
igual
diferente
Ts = 21ºC Tm = 18ºC
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor
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160
Tabela A.5 (Holman) A.4 (Incropera) – Interpolação
ρ = 1,2191 kg/m3 γ = 14,58 x 10-6 m2/s Pr = 0,72
cp = 1,0056 kJ/kg°C k = 0,02554 W/m°C
5
6 10029,11058,14
05,030Re x
x
xVD
D turbulento !!!!
34,206)72,0()5^10029,1(023,0PrRe023,0 4,08,04,08,0 xNu DD
Cm
W
D
kNuh D 24,10505,0
02554,0*34,206
De (2)
C
x
TT
mc
hATT mp
p
es
7,171838
100056,1072,0
6,005,04,10515 3
Não confere!! Portanto, nova iteração é necessária
Assumindo agora Ts = 18ºC
Logo, Tm = 16,5ºC, assim:
ρ = 1,2262 kg/m3 = 14,40 x 10-6 m2/s Pr = 0,711
cp = 1,0056 kJ/kg°C k = 0,02542 W/m°C
51004,1Re xD skgm /072,0 CmWh 2/27,105
CTs 95,17 OK! Agora, confere
Realizando os próximos cálculos. Pela lei de resfriamento
WTTAhq mps 3,213)5,1638(6,005,027,105)(
Pela 1ª. Lei
WTTcmq esp 2,217)1518(6,1005072,0)(
As diferenças se justificam em função das aproximações usadas e no cálculo das
propriedades.
(2) Água passa em tubo de 2cm de diâmetro dotado de uma velocidade média de 1 m/s.
A água entra no tubo a 20ºC e o deixa a 60ºC. A superfície interna do tubo é mantida a
90ºC. Determine o coeficiente médio de convecção de calor, sabendo que o tubo é
longo. Calcule, também, o fluxo de calor transferido por unidade de área de tubo.
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161
Solução
As propriedades termofísicas da água serão calculadas à média das temperaturas de
misturas da entrada e saída, isto é, a 40ºC.
ρ = 992,3 kg/m3 k = 0,6286 W/m°C cp = 4,174 kJ/kg°C ȝ = 6,531 x 10-4 kg/ms Pr = 4,34
O número de Reynolds do escoamento é
4
4 10039,310531,6
3,99202,01Re
VD
D
O escoamento é turbulento e o número médio de Nusselt é obtido usando a equação de
Dittus-Bolter, vem.
4,08,0 PrRe023,0
D
DNu
Assim, 5,15934,410039,3023,0 4,08,04 DNu
As propriedades termofísicas da água são dependentes da temperatura, e uma correção
deveria ser realizada para o número de Nusselt obtido com a hipótese de propriedades
constantes. O número de Prandtl da água a 90oC vale 1,97.
0,174
97,1
34,45,159
Pr
Pr 11,0
11,0
P
m
cor NuNu
O coeficiente médio de transferência de calor é
Cm
W
D
kNuh cor
21,546802,0
6286,00,174
2/4,27340901,5468)(" mkWTThq p
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162
DIFERENÇA MÉDIA LOGARÍTMICA DE TEMPERATURA – DMLT
No exemplo anterior de parede de tubo constante, a temperatura de mistura do fluido
varia de forma exponencial entre a entrada e saída. Assim, os cálculos realizados acima
foram apenas aproximados, pois usamos uma temperatura média representativa do
fluido que foi simplesmente a média aritmética entre a temp. de mistura de entrada e a
de saída. No entanto, prova-se (ver próxima aula) que nestes casos deve-se usar a
diferença média logarítmica de temperatura, DMLT, definida por:
es
es
TT
TTDMLT
ln
sendo, sps TTT e epe TTT
T
x
Tp
Te
Assim, a lei de resfriamento de Newton adequadamente aplicada é DMLTAhq
Refazendo o exercício, vem: CDMLT o2,477030ln
7030 - compare com CT o40
Assim, 2/1,2582,471,5468)(" mkWDMLThq
Como última informação, perceba que se as diferenças de temperatura entre a entrada e
saída não forem muito grandes, a DMLT vai tender à diferença entre a temperatura de
parede e a média entre as temperaturas de mistura de entrada e saída. A DMTL será
estudada detalhadamente na próxima aula.
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163
Outro exemplo de Aplicação
Um tubo de um aquecedor solar é exposto a uma radiação térmica uniforme e constante
de 1000 W/m por meio de um concentrador. O diâmetro do tubo é de 60mm.
1) se a água entra no tubo a skgm /01,0 e Tm,1 = 20°C. Qual ocomprimento do tubo necessário para a temperatura de saída alcançar Tm,2
= 80°C?
2) Qual a temperatura superficial do tubo na saída?
Solução
L
Ts
skgm /01,0
CTm 201
CTm 802
1) 1º Lei TCmQ p , com DLqQ " e, portanto, TCmDLq p "
De forma que:
Dq
TCm
L p"
, ou m,
,
,L 3113
0601000
604181010
2) )(" 2,2, mps TThq ou 2,2, " msp Th
qT
Precisamos, agora, fazer uma estimativa de h
Regime de escoamento – cálculo do número de Reynolds:
D
m
D
DmDum
D
44Re 2
da tabela 2680 /10352 mNsC , então
2300603
1035206,0
01,04Re 6
D - Laminar !!
Como se trata de fluxo de calor constante na parede, tem-se 364,4
k
DhNuD
Assim,
D
kh 364,4 , mas CmWk C /670,080
Logo, CmWxh 2/73,48
06,0
67,0364,4
Finalmente, CTp 5,1008073,48
1000
2,
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AULA 18 – TROCADORES DE CALOR – MÉTODO DA
DIFERENÇA MÉDIA LOGARÍTMICA DE
TEMPERATURA – DMLT
O principal objetivo no projeto térmico de trocadores de calor é a determinação da área
superficial necessária para transferir o calor de um fluido quente para um fluido frio,
conhecidas as vazões de pelo menos um dos fluidos e as temperaturas dos fluidos. Este
trabalho é facilitado pelo uso do coeficiente global de transmissão de calor, U, já
definido anteriormente, que é:
TAUq
Onde, T é uma “diferença média efetiva ou representativa das temperaturas” dos
fluidos para todo o trocador de calor; U já foi definido e representa a inverso das
resistências térmicas. Para as configurações usuais mais encontradas, temos:
Paredes plana:
21 /1//1
1
hkLh
U
Parede cilíndrica:
00000 /1//ln/
1
hkrrrhrr
U
iii
, ( TAUq oo )
ooioiiii hrrkrrrhU ///ln/1
1
, TAUq ii
Onde os índices i e o representam as superfícies interna e externa do tubo,
respectivamente.
A tabela a seguir fornece valores aproximados de U para alguns fluidos utilizados em
trocadores de calor. As faixas relativamente largas de U resultam da diversidade dos
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materiais empregados e das condições do escoamento, bem como da configuração
geométrica.
Fluido (U – W/m²K)
Óleo para óleo 170-312
Orgânico para orgânico 57-340
Vapor para
Soluções aquosas 567-3400
Óleo combustível, pesado 57-170
Óleo combustível, leve 170-340
Gases 28-284
Água 993-3.400
Água para
Álcool 284-850
Salmoura 567-1.135
Ar comprimido 57-170
Álcool condensado 255-680
Amônia condensado 850-1.420
Freon 12 condensado 454-850
Óleo condensado 227-567
Gasolina 340-510
Óleo lubrificante 113-340
As figuras abaixo mostram alguns tipos de trocadores de calor.
Corrente paralela Contra-corrente
Corrente cruzada Corrente cruzada
Casco e tubo
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Trocador de placas
O TROCADOR DE CALOR DE CORRENTES PARALELAS
Antes de serem efetuados os cálculos da transferência de calor, é necessário definir
“diferença média efetiva ou representativa das temperaturas” T . Seja, por exemplo,
um trocador de calor de correntes paralelas, cujos perfis de temperatura estão mostrados
na seguinte figura.
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Para a configuração acima considerar que:
1. U é constante ao longo de todo o trocador.
2. O sistema é adiabático ocorrendo troca de calor somente entre os dois fluidos.
3. As temperaturas de ambos os fluidos são constantes numa dada seção transversal e
podem ser representadas pela temperatura de mistura.
4. Os calores específicos dos fluidos são constantes.
Com base nestas hipóteses, a troca de calor entre os fluidos quente (q) e frio (f) para
uma espessura infinitesimal dx é:
( )q fdq U T T dA
onde dA é a área elementar de troca de calor. O fluxo de energia recebida pelo fluido
frio é igual à fornecida pelo fluido quente, isto é,
qqqfff dTcmdTcmdq
onde m é o fluxo mássico e c é o calor específico. Da equação anterior resulta:
1 1( )q f
q q f f
d T T dq
m c m c
Substituindo dq da equação de transferência de calor, resulta:
( ) 1 1
( )
q f
q f q q f f
d T T
U dA
T T m c m c
Cuja integração é igual a
2
1
1 1ln
q q f f
T UA
T m c m c
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 168
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onde, 1 qe feT T T e 2 qs fsT T T , como indicado no gráfico de distribuição de
temperaturas da figura anterior (“e” refere-se à entrada e “s”, à saída). Por meio de um
balanço de energia em cada fluido, tem-se:
( ) ( )q q f fqe qs fs fe
q q
m c m c
T T T T
Substituindo-se estas expressões na equação anterior:
2
1
( ) ( )
ln qe qs fs fe
T T T TT UA
T q
Ou:
12
12
ln TT
TTUAq
Comparando-se este resultado com a primeira equação, nota-se que “diferença média
efetiva ou representativa das temperaturas” T , procurada é dada por:
DMLTTT
TTT
12
12
ln
Esta diferença média efetiva ou representativa de temperatura é chamada de diferença
média logarítmica de temperatura (DMLT).
O TROCADOR DE CALOR EM CONTRA-CORRENTE
As distribuições de temperaturas nos fluidos quente e frio associadas a um trocador de
calor com escoamento em contracorrente estão mostradas na figura abaixo. Note que a
temperatura de saída de fluido frio (Tfs) pode ser maior que a temperatura de saída de
fluido quente (Tqs).
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 169
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De forma similar que para o caso de correntes paralelas pode-se demonstrar o DMLT
para o caso contra-corrente que a taxa de transferência por conservação de energia
infinitesimal e convectivo são respectivamente:
q q q f f fdq m c dT m c dT e ( )q fdq U T T dA
Subtraindo o segundo e terceiro termos da equação de conservação infinitesimal e
substituindo a segunda equação juntamente com a equação de conservação, tem-se
1 2 1 21 1( ) ( ) q q f fq f q f
q q f f
T T T T
d T T dq U T T dA
m c m c q q
ou
1 1 2 2
( ) ( ) ( )( )
q f
q f q f
q f
d T T U T T T T dA
T T q
Substituindo a equação anterior em termos das seções 1 e 2 do gráfico acima:( )
1 2
( )
( )q f
q f
d T U T T dA
T q
Integrando a equação acima, obtém-se:
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 170
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ATT
q
U
T
T )(ln 21
1
2
ou
DMLTAUq onde 12
12
ln TT
TTDMLT
Onde 1 qe fsT T T e 2 qs feT T T
Para as mesmas temperaturas de entrada e saída, a DMLT em contra-corrente é maior
que para corrente paralela, dessa forma, admitindo o mesmo U, a área necessária para
uma determinada taxa de transferência de calor é menor para um trocador em
contracorrente.
Exemplo resolvido (do Incropera):
Um trocador de calor de tubos concêntricos com configuração em contracorrente é
utilizado para resfriar o óleo lubrificante do motor de uma grande turbina a gás
industrial. A vazão da água de resfriamento do tubo interno (Di = 25 mm) é de 0,2 kg/s,
enquanto a vazão do óleo através da região anular (De = 45 mm) é de
0,1 kg/s. O óleo e a água entram às temperaturas de 100 °C e 30 °C, respectivamente. O
coeficiente de transferência de calor por convecção na região anular (do óleo) é de
38,4 W/m²K. Qual deve ser o comprimento do trocador se a temperatura de saída do
óleo deve ser de 60°C?
Solução
Considerações:
Perda de calor para a vizinhança desprezível.
Mudanças nas energias cinética e potencial desprezíveis.
Propriedades constantes.
Resistência térmica na parede do tubo e efeitos da deposição desprezíveis.
Condições de escoamento completamente desenvolvidas na água e no óleo (U
independente de x).
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Propriedades do óleo de motor novo ( qT = 80 °C)
cp = 2.131 J/kg-K; μ = 0,0325 N.s/m²; k = 0,138 W/m K.
Propriedades da água ( cT 35 °C) , primeira aproximação!
cp = 4.178 J/kg K; μ = 0,000725 N.s/m²; k = 0,625 W/m K; Pr = 4,85.
,
( )q p q qe qsq m c T T
0,1 2131 (100 60) 8.524q W
A temperatura de saída da água é:
,
fs fe
f p f
qT T
m c
8524 30 40,2
0,2 4178fs
T °C
Por tanto a primeira aproximação de fT = 35 °C foi uma boa escolha.
A DMLT é igual a:
C
TT
TT
TTTT
DMLT
feqs
fsqe
feqsfsqe
2,43
30
98,5ln
308,59
ln
)()(
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O coeficiente de transferência global é dado por (já desprezando a condução de calor
através da parede):
ei hh
U
/1/1
1
Para o escoamento da água através do tubo,
4 4 0, 2Re 14.050
0,025 0,000725
c
D
e
m
D
(Turbulento)
Usando a expressão de Dittus-Boelter modificada para aquecimento (da água), vem^:
9085,414050023,0PrRe023,0 4,05/44,05/4 DDNu
Assim:
KmW
D
kNuh
i
Di ²/250.2025,0
625,090
Por tanto o coeficiente global de transferência de calor é:
KmWU ²/8,37
4,38/1250.2/1
1
A área necessária para a troca de calor é de:
DMLTU
qA
E o comprimento será de:
m
DMLTUD
qL
i
5,66
2,438,37025,0
524.8
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O MÉTODO F
Para trocadores de calor mais complexos, como os multitubulares, diversos passes na
carcaça ou correntes cruzadas, a determinação da diferença média efetiva de
temperatura é tão difícil que o procedimento usual é modificar a equação acima através
de um fator de correção F, resultando em:
DMLTFAUq
onde, DMLT é aquela para um trocador de calor de tubo duplo em contracorrente com
as mesmas temperaturas de entrada e saída da configuração mais complicada. As figuras
a seguir fornecem os fatores de correção para diversas configurações. Nestas figuras, a
notação (T, t) representa as temperaturas das duas correntes de fluido, pois não importa
se o fluido quente escoa nos tubos ou na carcaça.
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AULA 19 – TROCADORES DE CALOR – MÉTODO DA
EFETIVIDADE - NUT
O método estudado de cálculo térmico de trocadores de calor estudado na aula anterior,
DMLT, é útil quando as temperaturas de entrada e saída dos fluidos frio e quente são
conhecidas. Porém, se mais de uma das temperaturas de entrada ou saída do trocador de
calor forem desconhecidas, o método DMLT é trabalhoso, necessitando de um método
iterativo do tipo tentativa e erro até a convergência final. Nesta aula, vamos ver um
segundo método que dispensa o conhecimento de todas aquelas temperaturas. Trata-se
do método da efetividade () e do número de unidades de transferência (NUT). Para
isso, considere a seguinte definição de efetividade:
máx
real
q
q
possívelcalordetrocamáxima
realcalordetroca
Sendo que a máxima troca de calor possível é aquela que resultaria se um dos fluidos
sofresse uma variação de temperatura igual à máxima diferença de temperaturas
possível, o que ocorre com a temperatura de entrada do fluido quente (Tq) menos a
temperatura de entrada do fluido frio (Tf). Este método emprega a efetividade para
eliminar a temperatura de saída desconhecida e fornece a solução para a efetividade em
termos de outros parâmetros conhecidos ( m , c, A e U).
Seja a capacidade definida como cmC . Então, pela 1a Lei da Termodinâmica, tem-
se:
( ) ( )
real q qe qs f fs feq C T T C T T
O que indica que o fluxo de calor cedido pelo fluido quente é aquele recebido pelo
fluido frio. A máxima troca de calor ocorre quando o fluido de menor C sofrer a maior
variação de temperatura possível, isto é,
min ( )máx qe feq C T T
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Esta troca de calor seria conseguida num trocador de calor de contracorrente de área
infinita. Combinando as equações acima, obtém-se:
min ( )real qe feq C T T
Trocador de Calor de Correntes Paralelas
Considere o trocador de calor simples de correntes paralelas como aquele da figura
abaixo:
As seguintes hipóteses simplificadoras são válidas:
1. O coeficiente global de transf. de calor U é constante ao longo de todo o trocador.
2. O sistema é adiabático; ocorre transferência de calor somente entre os dois fluidos.
3. As temperaturas de ambos os fluidos são uniformes numa dada seção transversal e
podem ser representadas pela temperatura de mistura.
4. Os calores específicos dos fluidos são constantes.
Note que são as mesmas hipóteses adoptadas para o cálculo de DMLT.
Combinando as equações acima, são obtidas as duasexpressões para a efetividade:
min min
( ) ( )
( ) ( )
q qe qs f fs fe
qe fe qe fe
C T T C T T
C T T C T T
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Como o valor mínimo de C pode ocorrer tanto para o fluido quente quanto para o fluido
frio, existem dois valores possíveis para a efetividade:
:
qe qs
q f q
qe fe
T T
C C
T T
:
fs fe
q f f
qe fe
T T
C C
T T
Os índices de indicam qual fluido tem o valor mínimo de C. Para um TC muito
grande ( A )
Retomando a equação da DMLT, esta pode ser escrita em função de C da seguinte
maneira:
2
1
1 1ln
q q f f
T UA
T m c m c
, (eq. da DMLT)
1 1ln qs fs
qe fe q f
T T
UA
T T C C
Ou
1 q
q f
CUA
C Cqs fs
qe fe
T T
e
T T
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Se considerado que o fluido quente tem o valor mínimo de C, a partir da equação da
efetividade, obtém-se:
feqe
fefs
feqe
fsqs
feqe
feqe
feqe
qsfsfsfefeqe
esqe
qsqe
q TT
TT
TT
TT
TT
TT
TT
TTTTTT
TT
TT
qq
real
f
real
feqe
fsqs
feqe
fefs
feqe
fsqs
q
C
q
C
q
TT
TT
TT
TT
TT
TT
11
Rearranjando,
feqe
fsqs
f
q
q TT
TT
C
C
11
ou
1
1
1 /
q
q f
CUA
C C
q
q f
e
C C
Se o fluido frio tem o valor mínimo de C:
qf
C
C
C
UA
f C/C
e q
f
f
1
1
1
Ou generalizando:
máx
C
C
C
UA
CC
e máx
/1
1
min
1 min
min
Denomina-se Número de Unidades de Transferência (NUT) ao agrupamento:
minC
AUNUT
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Então temos para um T.C de corrente paralela:
máx
C
CNUT
CC
e máx
/1
1
min
1 min
Note que, para um evaporador ou condensador, C = Cmin/Cmáx=0, porque um dos
fluidos permanece numa temperatura constante, tornando seu calor específico (aparente)
efetivo infinito.
Outras Configurações
Expressões para a efetividade de outras configurações estão na seguinte tabela, em que
C = Cmin/Cmáx. NUT (na tabela NUT está escrito como NTU – number of transfer units).
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 181
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Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 182
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Exemplo
Uma fluxo de água de 0,75 kg/s entra num TC de tubo duplo, em contra-corrente, a
temperatura de 38 °C. A água é aquecida por um fluxo de óleo de 1,51 kg/s (cp=1,88
kJ/kgK) que entra no TC a 116 °C. Para uma área de 13 m² e U=340 W/m²K determinar
o fluxo de calor total transferido.
Solução:
Cágua = 0,75 x 4184 = 3138 W/oC = 3,138 kW/ oC
Cóleo = 1,51 x 1880 = 2838,8 W/oC = 2,8388 kW/ oC
Logo, Cmin = Cóleo
Então,
NUT = UA/Cmin = 340 x13/2838,8 = 1,557
C = Cmin/Cmax = 2838,8/3138 = 0,905
Da expressão ou do gráfico do TC em tubo duplo, em contra-corrente:
� = ͳ − �−�்ሺଵ−�ሻͳ − ܥ × �−�்ሺଵ−�ሻ = ͳ − �ଵ,557ሺ,95−ଵሻͳ − Ͳ,ͻͲͷ × �ଵ,557ሺ,95−ଵሻ = Ͳ,ʹ
kW,)(,,qq maxreal 813838116838826270
As temperaturas de saída das correntes quente e fria são obtidas da equação de
conservação de energia:
C,
,
,
C
qTT
óleo
real
qeqs 16783882
8138116
C,
,
,
C
qTT
água
real
fefs 2821383
813838
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 183
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Correntes paralelas
Considere o mesmo TC, mas agora na configuração de correntes paralelas.
4980
90501
1
1
1 9050155711
,
,
e
C
e ,,CNUT
q
kW ,)(,,qq maxreal 311038116838824980
C,
,
,
C
qTT
óleo
real
qeqs 07783882
3110116
C,
,
,
C
qTT
água
real
fefs 1731383
311038
Exemplo – Continuação
Calcule o fluxo de calor do trocador de calor do exemplo anterior usando o método F-
DMLT da aula anterior. Admita as temperaturas de entrada do problema e as de saída
que foram obtidas para as configurações de contra-corrente e de correntes paralelas.
Comente.
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor 184
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Solução
Contra-corrente ܶ = ͳͳ°ܥ ܶ� = ,ͳ°ܥ ܶ = ͵ͺ°ܥ ܶ� = ͺʹ,ʹ°ܥ ∆ ଵܶ = ܶ − ܶ� = ͳͳ − ͺʹ,ʹ = ͵͵,ͺ°ܥ ∆ ଶܶ = ܶ� − ܶ = ,ͳ − ͵ͺ = ʹͻ,ͳ°ܥ ܦܯܮ �ܶ� = ͵͵,ͺ − ʹͻ,ͳ݈� ቀ͵͵,ͺʹͻ,ͳቁ = ͵ͳ,Ͷ°ܥ ��� = ܷ × � × ܦܯܮ �ܶ�= ͵ͶͲ × ͳ͵ × ͵ͳ,Ͷ ��� = ͳ͵ͺ,ͺ݇�
Correntes paralelas ܶ = ͳͳ°ܥ ܶ� = ,Ͳ°ܥ ܶ = ͵ͺ°ܥ ܶ� = ͵,ͳ°ܥ ∆ ଵܶ = ܶ − ܶ = ͳͳ − ͵ͺ = ͺ°ܥ ∆ ଶܶ = ܶ� − ܶ� = ,Ͳ − ͵,ͳ = ͵,ͻ°ܥ ܦܯܮ �ܶ = ͺ − ͵,ͻ݈� ቀͺ͵,ͻቁ = ʹͶ,°ܥ �� = ܷ × � × ܦܯܮ �ܶ= ͵ͶͲ × ͳ͵ × ʹͶ, �� = ͳͲͻ,ʹ ݇�
Comentários
(1) Nas configurações contra-corrente e correntes paralelas os valores do fluxo de
calor são os mesmos, como era de se esperar. A diferença (110,3 e 109,2 kW) no
caso de corrente paralela se deve pelo número de casas decimais usadas.
(2) Evidentemente, esse era um resultado esperado, pois os dois métodos são
equivalentes e devem levar ao mesmo resultado.
(3) Note que, em geral, a configuração de contra-corrente tem uma capacidade
maior para a mesma carga térmica de trabalho, mantidas as demais condições
operacionais.
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AULA 20 – CONVECÇÃO NATURAL OU LIVRE
Nos casos anteriormente estudados, os de convecção interna e externa, havia o
movimento forçado do fluido em relação à superfície de troca de calor. Esse movimento
forçado pode ser causado por um agente externo como uma bomba, um ventilador, ou
outra máquina de fluxo. A força da gravidade desempenhava pouco ou nenhum efeito
sobre a transferência de calor nesses casos. No entanto, quando o fluido se encontra em
repouso e em contato com uma superfície aquecida (ou resfriada) a transferência de
calor da superfície para o fluido deverá ocorrer de forma não forçada. Nesse caso o
número de Reynolds é nulo e as correlações desenvolvidas para a convecção forçada
não se aplicam. Assim, o movimento do fluido junto à superfície vai ocorrer como
resultado de outro fenômeno, originário da variação de densidade do fluido como
consequência de gradientes de temperatura. Para se entender melhor esse aspecto,
considere uma superfície vertical em contato com um fluido em repouso. A região em
contato com a superfície aquecida também vaise aquecer e, como consequência, haverá
uma diferença de empuxo gravitacional entre as porções aquecidas e as menos
aquecidas. Assim, as porções aquecidas sobem, enquanto que as menos aquecidas
tomam seu lugar dando origem às correntes de convecção. Camadas limites térmicas e
hidrodinâmicas também são estabelecidas, como ilustrado abaixo. No caso da CLH, as
condições de contorno do problema exigem que a velocidade seja nula junto à superfície
e também na extremidade da camada limite, como ilustrado.
Equações diferenciais
Quantidade de movimento
2
2
y
ug
x
p
y
u
v
x
u
u
x
y
CLH
CLT
Tœ
uœ = 0
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Mas, g
x
p
, de forma que substituindo na equação da QM, vem
2
2
)(
y
ug
y
u
v
x
u
u
Mas o coeficiente de expansão voluntária, , pode ser escrito como:
TTT p
11
, ou )( TT (aproximação de
Boussinesq), logo,
2
2
)(
y
uTTg
y
u
v
x
u
u
Note que para gás perfeito, ][K 11 1-
TRT
P
TP
RT
T pp
GP
A equação da Energia: 2
2
y
T
y
T
v
x
T
u
Contrariamente à solução das camadas limites hidrodinâmicas e térmicas laminares da
convecção forçada, as equações da conservação da quantidade de movimento e da
energia não podem ser resolvidas separadamente, pois o termo de empuxo TTg
acopla estas duas equações. Não se pretende avançar na discussão da solução dessas
camadas limites e sugere-se a leitura da Seção 9.4 do livro do Incropera, como ponto de
partida para aquele aluno mais interessado. De forma que, a partir desse ponto, lança-se
mão de correlações empíricas, obtidas em experimentos de laboratório.
O primeiro passo para a análise empírica é a definição de um novo grupo adimensional
chamado número de Grashof, Gr, por
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2
3)(
xTTgGr sx
Este adimensional representa a razão entre as forças de empuxo e as forças viscosas na
convecção natural. Ele desempenha um papel semelhante ao do número de Reynolds na
convecção forçada, o qual representa a razão entre as forças de inércia e as forças
viscosas. Assim, a solução das equações da quantidade de movimento e da energia pode
ser escrita da seguinte forma geral:
Pr),(GrfNu
A solução aproximada para a placa vertical isotérmica em convecção natural laminar,
resulta em:
4/14/12/1 Pr)952,0(Pr508,0 xx GrNu
e o valor médio de Nusselt
Lxx
L
xL NuGrdxNuL
uN
34Pr)952,0(Pr677,01 4/14/12/10
Assim, como ocorre com a convecção forçada, também existe a transição de camadas
limites de laminar para turbulenta na placa vertical, o valor normalmente aceito é
910Pr critGr
Relações Empíricas
Diversas condições de transferência de calor por convecção natural podem ser
relacionadas da seguinte forma.
,Pr)( mm CRaGrCuN
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sendo as propriedades calculadas a temperatura de película, Tf, que é a média entre a
temperatura da superfície e do fluido. O produto Gr.Pr é chamada de número de
Rayleigh
v
LTTgGrRa s
3
Pr.
a) Superfícies Isotérmicas - Convecção natural em cilindros e placas
Geometria Ra C m obs
4/1
35
LGrL
D Cilindros e placas verticais 10
4
– 109 0,59 ¼ Laminar
109 – 1013 0,10 1/3 Turbulento
Cilindros horizontais 104 – 109 0,53 ¼ Laminar
109 – 1012 0,13 1/3 Turbulento
b) Fluxo de calor constante
Grashof modificado: Gr* 2
4
*
.
k
xqgNuGrGr Bxx
Laminar, placa vertical: 5/1* Pr.60,0 xx GrNu 11*5 1010 xGr
Turbulento, placa vertical: 4/1* Pr.17,0 xx GrNu 16*13 10Pr10.2 xGr
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Sumário de correlações (Incropera)
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Exemplo sugerido
Com base em muitos dados experimentais indicados no gráfico abaixo (extraído de
Kreith & Bohn), estabeleça sua própria correlação experimental de )(RafNuD para
cilindros horizontais.
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Espaços Confinados
Um caso comum de convecção natural é o de duas paredes
verticais isotérmicas, conforme ilustrado ao lado, separadas
por uma distância . A figura seguinte mostra os perfis de
velocidade e temperatura que podem ocorrer, de acordo com
MacGregor e Emery. Na figura, o número de Grashof é baseado
na distância entre as placas:
2
3
21 )(
TTgGr
Os regimes de escoamento estão indicados no gráfico acima. As correntes de convecção
diminuem com o número de Grashof e, para números de Grashof muito baixos, o calor é
transferido por condução de calor. Outros regimes de convecção também existem,
dependendo do número de Grashof, como ilustrado. O número de Nusselt é expresso em
T2 T1
21 TT
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função da distância das placas, isto é:
k
hNu . Conforme indicado por Kreith,
algumas correlações empíricas podem ser empregadas:
Gr - número de Grashof baseado na distância entre as placas.
No caso de espaço confinado horizontal há duas situações a serem consideradas. Não
haverá convecção se a temperatura da placa superior for maior que a da placa inferior e,
nesse caso, a transferência de calor se dará por meio de condução de calor simples. Já
no caso recíproco, isto é, temperatura da placa inferior maior que a da placa superior,
haverá convecção. Para um número de Grashof baseado na distância entre as placas,
Gr, inferior a 1700 haverá a formação de células hexagonais de convecção conhecidas
como células de Bernard, como ilustrado abaixo. O padrão das células é destruído pela
turbulência para Gr 50000.
Segundo Holman, há certa discordância entre autores, mas a convecção em espaços
confinados pode ser expressa por meio de uma expressão geral do tipo:
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mn LGrC
k
hNu
Pr
C,m e n são dadas na tabela a seguir. L é a dimensão característica da placa. Holman
adverte que deve-se usar essa expressão na ausência de uma expressão mais específica.
CONVECÇÃO MISTA
Até o presente os casos de convecção natural e forçada foram tratados separadamente.
Claro que a natureza não está preocupada com nossas classificações e os fenômenos vão
ocorrer mediante a presença das forças que o controlam (forças de empuxo, atrito e
inercial). De forma que existem determinadas situações em que os dois efeitos
convectivos são significativos, para as quais se dá o nome de convecção mista.
Considera-se que a convecção mista ocorra quando 1Re/ 2 LLGr . As formas
combinadas dessas duas formas de convecção podem ser agrupadas em três categorias
gerais: (a) escoamento paralelo se dá quando os movimentos induzidos pelas duas
formas de convecção estão na mesma direção (exemplo de uma placa aquecida com
movimento forçado ascendente de ar); (b) escoamento oposto se dá quando os
movimentos induzidos pelas duas formas de convecção estão em direções opostas
(exemplo de uma placa aquecida com movimento forçado descendente de ar); (c)
escoamento transversal é exemplificado pelo movimento forçado cruzado sobre um
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cilindro aquecido, por exemplo. É padrão considerar que o número de Nusselt misto
seja resultante da combinação dos números de Nusselt da convecção forçada, NuF, e
natural, NuN, segundo a seguinte expressão:
n
N
n
F
n NuNuNu
Onde, o expoente n é adotado como 3, embora 3,5 e 4 também sejam adotados para
escoamentos transversais sobre placas horizontais e cilindros (e esferas),
respectivamente. O sinal de (+) se aplica para escoamentos paralelos e transversais,
enquanto que o sinal de (-), para escoamentos opostos.
Exemplo
Em um determinado experimento de laboratório, uma pequena esfera de cobre de 1 cm
de diâmetro é mantida aquecida atingindo uma temperatura de superfície constante de
TS = 69 oC e é circundada por água a T∞ = 25 oC. Determine o fluxo de calor total em
watts transferido da pequena esfera para a água sob duas situações:
(a) a água está em repouso;
(b) a água se movimenta com uma velocidade ascendente de U∞ = 0,04 m/s;
(c) a partir de que velocidade da água a convecção natural poderia ser desprezada?
Obs.: para o item (b) considere a transferência de calor combinada de convecção natural (livre) e
forçada. Para isso, verifique se a condição em que os dois efeitos são significativos dado por GrD ≈ReD2 e
use a expressão Nu3 = NuF3 + NuN3, onde, NuN é o número de Nusselt calculado como se houvesse apenas
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convecção natural e NuF se houvesse apenas convecção forçada. Todos os números de Nusselt são
baseados no diâmetro da esfera.
Solução
(a) Propriedades da água a CTTT sf 472
2569
2
mKWksmxK /627,0/1082,5/0004366,0 27
smxKkgJcp /10515,1)7,0(84,3Pr/4182 27
116
77
33
101014,2
1051,11082,5
01,0)2569(0004366,081,9
xxxv
DTTgRa s
22
84,3
469,01
)1014,2(589,02
Pr
469,01
589,02 9/416/9
4/16
9/416/9
4/1
xRaNu N
KmW
D
kNuh NN
2/1379
01,0
627,022
222 0003140010 m,,DAs
W,,TTAhq ssNN 119256900031401379
(b)
556398)1082,5(
01,0)2569(0004366,081,9
27
3
2
3
xv
DTTgGr sD
687
1082,5
01,004,0Re 7 xv
DU
D
121,1
687
556398
Re 22
D
DGr
mskgmskgx s /10400/10557 66
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196
25,04,05,05,025,04,03/25,0
400
55784,368706,06874,02PrRe06,0Re4,02
s
DDFNu
28,30FNu
74,33
333 NuNuNuNu NF
KmW
D
kNuh 2/2115
01,0
627,074,33
W,,TThAq ss 229256900031402115
(c)
1
Re2
D
DGr
portanto, assumindo 01,0
Re2
D
DGr
01,0
Re 1 DD
GrDU
sm
Gr
D
U D /434,0
01,0
556398
01,0
1082,5
01,0
7
(ou maior)
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197
AULA 21 – INTRODUÇÃO À RADIAÇÃO TÉRMICA
A radiação térmica é a terceira e última forma de transferência de calor existente. Das
três formas, é a mais interessante e intrigante, pois é por causa da radiação térmica que o
planeta Terra é aquecido pelo Sol e, como consequência, vida se mantém em nosso
planeta. Mais intrigante ainda, é que todos os corpos emitem radiação térmica, pois a
emissão de radiação térmica depende da temperatura absoluta do corpo, mais
precisamente de sua temperatura absoluta elevada à quarta potência. Assim, tudo que
está ao nosso redor nesse exato momento está emitindo radiação térmica, incluindo nós
mesmos. Finalmente, diferentemente dos outros dois modos de transferência de calor, a
radiação térmica não precisa de um meio material para ocorrer. Assim é com a radiação
que chega do Sol ao planeta Terra através do espaço.
Não se conhece completamente o mecanismo físico do transporte de energia pela
radiação térmica (e por radiação, de uma forma mais ampla). Em determinadas
experiências de laboratório, a energia radiante é considerada como transportada por
ondas eletromagnéticas e, em outros experimentos, como sendo transportada por fótons.
É a chamada dualidade onda-partícula. No entanto, sabe-se que ela viaja à velocidade
constante da luz independente do modelo físico considerado. A energia associada a cada
fóton é hȞ, onde h é a constante de Planck, que vale h = 6,625.10-34 Js. E a freqüência,
Ȟ, está relacionado com o comprimento de onda, Ȝ, por meio de:
c = Ȝ Ȟ,
onde, c é a velocidade da luz que vale c = 3108 m/s no vácuo. Uma unidade corrente do
comprimento de onda é o Angstron que vale mA 10
o
10 1 . Um submúltiplo de Ȝ é o
micrômetro, ou m que vale 1 m = 10-6 m, que será usado.
Classificam-se os fenômenos de radiação pelo seu comprimento de onda (ou
freqüência). Claro que a radiação e seu comprimento de onda característico, ou
comprimentos de onda, dependem de como a radiação foi produzida. Elétrons de alta
freqüência quando bombardeiam uma superfície metálica produzem raios X, enquanto
que certos cristais podem ser excitados para produzirem ondas de rádio em grandes
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comprimentos de onda. Entretanto, a radiação térmica é aquela que é produzida por um
corpo em virtude tão somente da sua temperatura absoluta. O esquema a seguir ilustra
os diversos tipos de radiação.
(b)
(a) espectro de radiação eletromagnética e as diversas denominações de
acordo com sua faixa; (b) detalhe da radiação térmica na faixa de
comprimento de ondas mais relevante, com detalhe para a região visível.
(Kreith e Bohn, 2003 e infoescola).
Radiação gama – é uma forma de radiação de alta freqüência(baixos comprimentos
de onda) que é emitida por materiais radioativos e pelo Sol. Encontra aplicações na
medicina (tratamento de radioterapia) e na conservação de alimentos.
Raios X – sua origem se dá no movimento dos elétrons e seus arranjos eletrônicos.
Essa forma de radiação é empregada para obtenção de radiografia e análise de estrutura
cristalina dos materiais. Gases da alta atmosfera absorvem os raios produzidos pelo Sol.
Radiação ultravioleta – faixa de radiação compreendida entre 0,01 e 0,4 m e que é
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produzida pelas reações nucleares do sol. A camada de ozônio da atmosfera terrestre
absorve esse tipo de radiação nociva aos seres vivos (possível causa de câncer de pele).
Radiação visível (luz): é a faixa da radiação que somos capazes de “enxergar” e está
compreendida entre os comprimentos de onda 0,4 e 0,70 m.
A luz “branca” do sol é a combinação de várias “cores” (ilustração do Wikipedia).
Radiação infravermelha - faixa de radiação compreendida entre 0,7 e 1000 m.
Também pode ser chamada de radiação térmica. Entretanto, como será visto, a radiação
térmica é contínua para todos os comprimentos e não se situa em uma faixa específica
apenas.
Microondas – faixa de radiação de se estende para além dos 1000 m.
Ondas de rádio – faixa de freqüência usada para radio e telecomunicações de
comprimento de onda superiores a 1 m.
Corpo Negro
A radiação térmica é a forma de radiação emitida por um corpo em virtude tão somente
da sua temperatura absoluta. A pergunta natural seguinte é: dois corpos à mesma
temperatura (digamos 300 K) emitem a mesma quantidade de radiação térmica? A
resposta é: não! Então, a outra pergunta natural que segue é: Existe, então, algum corpo
que naquela temperatura (suponhamos ainda os 300 K) emita a maior quantidade
possível de radiação térmica? A resposta é: sim! Esse corpo idealizado é chamado de
corpo negro. O adjetivo negro não tem nada a ver com a cor que percebemos do corpo
(ou a ausência de cor). O brilhante sol, por exemplo, é um corpo com características
próximas de um corpo negro. Assim, um corpo negro, ou irradiador ideal, é um corpo
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200
que emite e também absorve, a uma dada temperatura, a máxima quantidade possível de
radiação térmica em qualquer comprimento de onda. Assim, o corpo negro se torna uma
idealização para efeito de cálculos, pois que, dada uma temperatura, sabe-se que ele vai
emitir (e também absorver) a maior quantidade de radiação térmica. De forma que os
corpos reais podem ser comparados contra o corpo negro para saber o quanto eles
emitem (e absorvem) de radiação térmica relativamente ao corpo negro. É possível
calcular o quanto um corpo negro emite de radiação térmica em uma dada temperatura e
comprimento de onda por unidade de área de superfície do corpo. Essa quantidade é
definida como poder emissivo espectral ou monocromático, EnȜ, onde o índice “n” se
refere ao fato de ser um corpo negro e, “Ȝ”, ao fato de ser espectral (para um
comprimento de onda do espectro). As unidades de EnȜ são W/m2m. Planck mostrou
que o poder emissivo espectral do corpo negro se distribui segundo a seguinte
expressão:
,)1( /5
1
2 TCn e
CE
onde: C1 = 3,7415108 W(ȝm)4/m2 = 3,741510-16 W.m2
C2 = 1,4388104 ȝm.K = 1,438810-2 m.K
A expressão da lei de Planck permite extrair algumas informações bastante relevantes
sobre a radiação térmica, destacando-se:
(1) – A radiação térmica emitida por um corpo negro (poder emissivo
espectral, EnȜ) é contínua no comprimento de onda. Isto é, trata-se de uma
grandeza que se distribui desde Ȝ = 0 até o maior comprimento de onda
possível (∞);
(2) – A um dado comprimento de onda, Ȝ, EnȜ aumenta com a temperatura;
(3) – A região espectral na qual a radiação se concentra depende da
temperatura, sendo que comparativamente a radiação se concentra em
menores comprimentos de onda;
(4) – Uma fração significativa da radiação emitida pelo sol, o qual pode ser
aproximado por um corpo negro a 5800 K, se encontra na região visível
(0,35 a 0,7 ȝm).
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201
As observações acima podem ser melhor compreendidas observando a expressão de
Planck no gráfico di-log a seguir que tem o poder emissivo espectral no eixo das
coordenadas e o comprimento de onda no eixo das abscissas. Os pontos de máximo
poder emissivo espectral estão unidos por uma linha pontilhada, chamada de lei de
deslocamento de Wien, dada por:
0)1( /5
1
2
T
TC
T
n
e
CE
KmT .10898,2 3max
lei de deslocamento de Wien
Uma vez que se conhece a distribuição espectral da radiação de corpo negro (poder
emissivo espectral), é possível calcular o poder emissivo total de corpo negro, En, isto é,
a radiação térmica total emitida em todos os comprimentos de onda para uma dada
temperatura. Para isso, basta integrar o poder emissivo espectral. Assim:
de
CdEE TCnn
0
/5
1
0 )1( 2
4TEn
po
de
r
em
iss
iv
o
es
pe
ct
ra
l,
E n
Ȝ W
/m
2 m
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202
Esta é a chamada lei de Stefan-Boltzmann da radiação e σ = 5,66910-8 W/m2K4 é a
constante de Stefan-Boltzamann (S-B).
Supondo que o Sol seja um corpo negro a 5800 K, qual é o seu poder emissivo total? De
acordo com a lei de S-B, o seu poder emissivo é:
./64/104,6580010669,55800 227484 mMWmWEsol
Então, o Sol lança ao espaço a inimaginável quantia de 64 MW por metro quadrado da
sua superfície! Isto significa que em cerca de 39 m2 de superfície solar há uma emissão
energética equivalente à taxa de calor necessária (com rendimento de 40%) para acionar
uma usina termelétrica de 1 GW.
Outra pergunta relevante é a seguinte: quanto de radiação térmica solar atinge o planeta
Terra? Nesse caso, a emissão total do sol para o espaço é solsolsol AEQ . Esta quantia
é irradiada para todo o espaço e deverá atingir a superfície aproximadamente esférica
que contém a órbita média da Terra, Aterra. Nota: não se trata da área da superfície da
Terra, mas da superfície esférica (aproximada) que engloba a órbita do movimento da
Terra. Assim,
onde ,
R
REqAqAE.constQ
terra
sol
solterraterraterrasolsolsol
2
Rsol é o raio do sol (7105 km); Rsol é o raio da esfera aproximada que contém a órbita
da Terra (150106 km) e qterra é o fluxo de calor na forma de radiação térmica solar que
chega por unidade de área na esfera que contém a órbita da terra. Assim,
./ 1400
150
7,0000.000.64 2
22
mW
R
REq
terra
sol
solterra
Então, chega-se à cerca de 1400 W/m2 de fluxo de calor solar irradiante na região do
espaço onde se encontra a Terra. Claro que a parte que chega na superfície da Terra é
menor que essa quantia, pois depende da latitude da região e da época do ano, além
desse valor também ser atenuado devido às absorções de radiação da atmosfera.
A fração de radiação térmica emitida por um corpo negro no intervalo de comprimentode onda [0-λ1], isto é, F[0-Ȝ1], vale
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203
4
0
/5
1
0
]0[
)()1( 2
,1
1 T
d
e
c
E
E
F
TC
n
n
Os valores de F[0-Ȝ1], são mostrados na tabela seguinte. Se for preciso calcular a fração
de radiação emitida no intervalo Ȝ1 - Ȝ2, ou seja, dentro de uma janela espectral, então:
F[Ȝ1-Ȝ2] = F[0-Ȝ2] - F[0-Ȝ1]
.103K
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204
Exemplo:
A radiação solar tem aproximadamente a mesma distribuição espectral que a de um
corpo negro irradiante ideal a uma temperatura de 5800 K. Determine a quantidade de
radiação solar que está na região visível (use 0,4 a 0,7 μm)
Usando a tabela acima, vem
4919,0406058007,07,00
1245,0232058004,04,00
]7,00[2
]4,00[1
FT
FT
A fração de radiação no faixa visível é F[0,4-0,7] = 0,4919 – 0,1245 = 0,3674
En = 0,367464,1610-6 = 23,57106 W/m2
36,74 % da radiação térmica solar é emitida na faixa do visível! O gráfico di-log
anterior nos induz a pensar que é a quantia de radiação solar no visível é pequena.
Porém, um gráfico em escalas naturais nos daria o aspecto quantitativo de forma mais
precisa.
Outro exemplo (extraído de Kreith e Bohn, 2003):
Vidro de sílica transmite 92% da radiação solar incidente na faixa de comprimentos de
onda compreendida entre 0,35 e 2,7 ȝm (portanto, engloba todo o espectro visível) e é
opaco para comprimentos de onda fora dessa faixa. Calcule a porcentagem de radiação
solar que o vidro vai transmitir.
Pra a faixa de comprimentos de onda indicada, tem-se
97,01566058007,270,20
067,02320580035,035,00
]7,20[2
]35,00[1
FmKT
FmKT
tabela
tabela
Assim, F[0,35-2,7] = 0,97 – 0,067 = 0,903. Isto significa que 90,3% da radiação solar
incidente atinge o vidro e 0,9030,92=0,83, ou 83% dessa radiação incidente será
transmitida pelo vidro.
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AULA 22 – PROPRIEDADES DA RADIAÇÃO TÉRMICA
Propriedades da Radiação
Quando energia radiante incide a superfície de um material, parte da radiação térmica
vai ser refletida, parte absorvida e parte será transmitida, conforme diagrama ilustrativo
abaixo.
refletida
incidente
absorvida
transmitida
Dessa forma, definem-se as seguintes propriedades da superfície:
ρ – refletividade ou fração de energia radiante que é refletida da superfície;
α – absortividade ou fração de energia radiante que é absorvida pela superfície;
τ – transmissividade ou fração de energia radiante que é transmitida através da superfície;
De forma que a somatória das três parcelas deve ser unitária, isto é:
ρ + α + τ = 1
Essas propriedades também podem ser espectrais ou monocromática, ou seja:
1
O gráfico abaixo mostra o exemplo da aula passada sobre a transmissividade do vidro
mencionado.
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Muitos corpos sólidos não transmitem radiação térmica, ou seja τ = 0. Para estes casos
de corpos opacos à radiação térmica, tem-se:
ρ + α = 1
A radiação térmica emitida por uma superfície varia em função da natureza da
superfície e da direção. Entretanto, é uma boa hipótese assumir que a radiação térmica é
difusa, ou seja, a emissão da radiação se dá uniformemente em todas as direções.
Irradiação
A taxa de radiação que atinge uma dada superfície, G. Ela pode ser espectral ou
monocromática Gλ, ou total, G. De forma que:
0
dGG
Lei de Kirchoff – Relação entre Emissividade e Absortividade
Considere um grande recipiente isotérmico com temperatura superficial Tsup, que se
comporta como uma cavidade negra com poder emissivo En (que é função da
temperatura Tsup). Agora, coloca-se um corpo no seu interior que está em equilíbrio
térmico com a cavidade. Esse corpo recebe uma irradiação G = En
No equilíbrio, tem-se que a radiação térmica total emitida pelo corpo, isto é, o produto
do seu poder emissivo total pela sua área, EA, deve ser igual à irradiação, G, absorvida
pelo corpo, isto é:
EA = αGA
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Ou, como, no equilíbrio, G = Em, vem:
EA = αEnA
Agora dividindo uma expressão pela outra, obtém-se:
E/En = α
O que significa dizer que a razão entre o poder emissivo do corpo, E, e o poder de um
corpo negro idêntico, En, é igual à absortividade do corpo, α. Mas, por outro lado esta é
a própria definição da emissividade do corpo, ε:
ε = E/En
então, chega-se a uma importante relação ente a emissividade e a absortividade, isto é:
α = ε
A igualdade acima é a chamada lei de Kirchoff.
As emissividades e absortividades são propriedades medidas dos materiais. Na
realidade, a emissividade de um corpo varia com a temperatura e o comprimento de
onda. Pode-se definir a emissividade espectral ou monocromática como sendo a razão
entre os poderes emissivos monocromáticos do corpo e do corpo negro, à mesma
temperatura.
ελ = Eλ/Enλ
De forma que pode-se definir a emissividade total, da seguinte forma:
4
0
0
0
..
T
dE
dE
dE
E
E n
n
n
n
A emissividade é uma propriedade do material e do seu acabamento superficial, além da
temperatura. A título de exemplo, a 300K, a emissividade vale 0,03 para alumínio
altamente polido, vale 0,05 para folhas brilhantes e 0,84 para superfície anodizada.
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Dados mais completos de emissividade encontram-se na seção de apêndices do livro-
texto. Na figura seguinte mostra-se a variação da emissividade em função da
temperatura.
Corpo Cinzento
Um corpo cuja emissividade e absortividade da sua superfície são independentes do
comprimento de onda e direção é chamado de corpo cinzento. Na prática, os corpos
reais são aproximados por corpos cinzentos, exceto em caso de estudos mais detalhados.
De forma que, para o corpo cinzento, é válida a seguinte relação:
ε = ελ = constante e α = αλ = constante
O gráfico abaixo ilustra os poderes emissivos de três corpos. Lembrando que a
emissividade é a razão entre o poder emissivo do corpo e a do corpo negro à mesma
temperatura, pode ver que o corpo real tem um espectro de emissividade
monocromática que depende de vários fatores como natureza da superfície, incluindo o
material e acabamento e tem um padrão geral como ilustrado (em azul). O corpo negro é
aquele que possui emissividade unitária (total e monocromática) e seu poder emissivo
espectral segue a lei de Stefan-Boltzmann. O corpo cinzento nada mais que é o corpo
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que possui emissividade constante para todos os comprimentos de onda (ilustrado em
cor laranja), sendo menor que a unidade.
P
o
d
e
r
e
m
is
s
iv
o
e
s
p
e
c
tr
a
l
)( m
Corpo negro 1
Corpo real f()
Corpo cinzento cte
Mostra-se na figura seguinte a variação da absortividade ou emissividade
monocromática, com o comprimento de onda para isolantes elétricos. A emissividade
espectral pode ser medida em laboratório.
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Radiosidade – Quantidade de radiação que deixa um corpo
refletida
G
radiosidades
G
Eb
G G
A radiosidade consiste nas parcelas de reflexão da radiação G da radiação incidente e
da radiação própria emitida pela superfície, nE . Trata-se, portanto, do fluxo total de
radiação que deixa a superfície de um corpo, ou seja:
GEJ n [W/m2]
Exemplo 1
Uma rodovia asfaltada recebe 600 W/m2 de irradiação solar num certo dia de Verão. A
temperatura efetiva do céu vale 270 K. Uma leve brisa de ar a 30ºC passa pela rodovia
com um coeficiente de transferência de calor h = 5 W/m2 ºC. Assuma que nenhuma taxa
de calor seja transmitida para o solo. A absortividade do asfalto para a radiação solar
vale 0,93, enquanto que a emissividade média da superfície asfáltica vale 0,13.
Determine a temperatura de equilíbrio do asfalto.
Solução
Gsol
asfalto
Gsol
Eb
Gceú
Gcéu
"convq
"soloq
V.C.
1º Lei:
εEn
εEn
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=
nasoloconvcéucéusolsolceúsol EqqGGGG ""
na
nulo
soloconvceúceúsolsol EqqGG
ceúsol
"")1()1(
( ) 044 aaacéuceúsolsol TTThTG
( ) 01067,513,015,30352701067,513,060093,0 4848 aa TT
após solução dessa equação polinomial do quarto grau, obtém-se a temperatura do
asfalto igual a 389 K ou 115,8 oC. (Dá para fritar ovos...)
Troca de Calor por Radiação Térmica entre duas Superfícies Paralelas Infinitas
T1
J1 J2
T2
Fluxo líquido de calor trocado entre as duas superfícies:
A
JJAJAJQ
/1
21
221121
já que A1 = A2 = A
No caso de superfícies negras, tem-se que: ε1 = ε2 = 1 e α1 = α2 = 1 (corpo negro),
já que τ1 = ρ1 = 0. De forma que
)( 424121 TTA
Q
taxa de energia
que entra no V.C.
taxa de energia
que deixa o V.C
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Se o corpo for cinzento e opaco, G sendo a irradiação, pode-se obter a radiosidade J da
superfície de acordo com:
J = εEn + ρG = εEn + (1-ε)G
Onde, foi usado o fato de que ρ = 1-ε = 1- α
De forma que, isolando a irradiação, a mesma pode ser escrita como
1
nEJG
Olhando somente para uma superfície, pode-se estabelecer que a taxa líquida de calor
transferido da superfície é dada pela diferença entre a radiosidade, J e a irradiação, G da
mesma, isto é:
A
JEJEAEJJAGJAQ nnn
/)1()(11)(
(a)
Mas, a taxa de calor cedida por uma superfície deve ser igual à recebida pela outra que,
no caso de placas paralelas e infinitas, é:
A
JE
A
JEQ nn
22
22
11
11
/)1(/)1(
(b)
As equações (a) e (b) apresentam três incógnitas, quais sejam, Q, J1 e J2, uma vez que
as temperaturas das superfícies e, portanto, seus poderes emissivos de corpo negro,
juntamente com as emissividades e área são dados conhecidos. As duas radiosidades
podem ser obtidas por meio das soluções simultâneas destas equações (a equação b é, na
verdade, duas equações). Entretanto, antes de prosseguir nessa linha, note a analogia
elétrica:
J1 J2
1
1
1
A
1
A
2
2
1
A
En1 En2
De forma que o fluxo de calor total, Q, que “circula” pelo circuito é dado por:
Q
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( )
2211
4
2
4
1
2
2
1
1
21
111 RRR
TT
AAA
EEQ nn
Note que existem “resistências” entre os potenciais En e J de uma mesma superfície, as
quais dependem da sua emissividade (além da área) e, portanto, são resistências
“superficiais” que, no exemplo, são R1 e R2, dadas por:
1
geral forma deou 1 1
2
2
1
1
1
1
ii
i
i A
R
A
Re
A
R
A outra resistência é a resistência “espacial” que indica a posição relativa das
superfícies. Mais será dito sobre esse tipo de resistência quando for incluído o conceito
de fator de forma à frente. Para esse caso, trata-se apenas do inverso da área das
superfícies. (Nota: claro que a área infinita é só uma aproximação, caso contrário não há
sentido.)
1
21 A
R
Exemplo 2
Determine as radiosidades e o fluxo de calor trocado entre duas superfícies cinzentas e
opacas mantidas à 400 K e 300 K, respectivamente. As emissividades valem 0,5 e há
vácuo entre elas.
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor e Massa 214
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Solução
1
5,0
5,0
1
1
1
1
AR
12 AR
3
111
AAAA
RT
/3
)( 424121
21 A
TT
R
EEQ
T
nn
3
)300400(1067,5 44821
A
Q
/75,330 22121 mWA
Qq
2
1
2
21111
1
11
21 /77,1120 75,330400 mWJqRAEJAR
JEq nn
2
2
2
21222 /62,790 75,330300 mWJqRAEJ n
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215
AULA 23 – FATORES DE FORMA DE RADIAÇÃO
TÉRMICA
Considere o caso de duas superfícies negras quaisquer que trocam calor por radiação
térmica entre si. Suponha que as mesmas possuam orientação espacial qualquer como
ilustrado na figura abaixo
1 1cosdA
1,2 1 1F J A
1
rnormal
dA1
A1
dA2
A2
2
normal
Primeiramente, considere a troca térmica de calor por radiação entre os dois elementos
de área indicados, dA1 e dA2. Os elementos são unidos por um raio vetor r que formam
ângulos 1 e 2 com as respectivas normais.
Define-se a Intensidade de radiação do corpo negro, In, como sendo a energia de
radiação térmica emitida por unidade de área, na unidade de tempo, para um ângulo
sólido unitário numa dada direção especificada, como indicado na figura abaixo.
ndA
Direção da intensidade
de radiação
2
r
dAdw n
1
1dA
normal
Energia que deixa dA1
na direção do ângulo
1=IbdA1cos1
projecção
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216
Assim, a energia radiante que deixa dA1 na direção 1, é dwdAIdAE nn 111 cos que
representa a radiação térmica que chega em algum elemento de área dAn a uma distância
r de A1. Mas, 2
r
dAdw n , onde, dAn é o elemento de área projetada sobre o raio vetor.
Então: 211111 coscos
r
dAdAIdwdAIdAE nnnn
ndA
rd
rsen
1 dr
1dA
normal
Por outro lado, tendo a figura acima em mente pode se escrever a seguinte relação
trigonométrica: rddsenrdAn . De forma que, substituindo-a na expressão
anterior, vem:
dd
r
senrdAIdAE nn 2
2
11 cos
Integrando em todas as direções, vem
ddsendAIdAE nn 2
0
2/
0
11 cos , ou nn IE
Voltando ao problema, projetando dA2 na direção radial, vem:
22 cos dAdAn
Assim o fluxo de energia radiante que deixa A1, atinge A2 é dado por:
122
2
1
1 2
1
21
cos
cos dAdA
r
EdQ
A A
n
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217
E o fluxo de energia radiante que deixa A2 e atinge A1, é:
212
1
2
2 1
2
12
cos
cos dAdA
r
EdQ
A A
n
e o fluxo liquido de energia radiante trocado entre as duas superfícies é:
212121
2
2
1
1
2
21
21)(21
coscos)(
FAFA
A A
nnliq dAdA
r
EEQ
Note que a integral dupla se refere à tão somente um problema trigonométrico espacial
que considera a posição relativa entre as duas superfícies, bem como as suas dimensões.
Trata-se, portanto, de um problema de “forma geométrica”. O cálculo dessas integrais
foi realizado para uma série de condições e constituem os chamados fatores de forma de
radiação. Fatores de forma são disponíveis na forma gráfica, expressões algébricas ou
tabelas para muitas situações e geometrias simples (veja gráficos e tabelas mais
adiante). O fator de forma Fij deve ser entendido como a fração de energia radiante que
deixa a superfície i e atinge a superfície j. Claro que o fator de forma é sempre menor ou
igual à unidade, pois é uma “fração” da energia radiante que deixa a superfície.
Também como a ordem de integração não importa, pode-se estabelecer a chamada “lei
da reciprocidade” entre os fatores de forma, ou seja:
212121 FAFA
De forma que, a transferência liquida de calor por radiação entre as duas superfícies é
)()( 2121221121)(21 nnnnliq EEFAEEFAQ
Generalizando, a lei da reciprocidade, portanto, pode ser escrita para duas superfícies m
e n quaisquer como
nmnmnm FAFA
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218
Quando as superfícies formam um invólucro fechado, então:
0iiF
Invólucro
fechado 1
1
N
j
jiF
Fica claro que a somatória das frações de energia radiante que deixa a superfície 1 deve
ser unitária.
1...
,13,12,11,1 nFFFF
Essa é a chamada Lei de Fechamento. Se a superfície de interesse i for plana ou
convexa, então Fii =0. No caso de superfície côncava, Fii não é nulo, pois parte da
radiação emitida pela superfície i volta a atingi-la novamente.
Fatores de Forma para alguma situações (outras situações – ver livro-texto)
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219
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220
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222
EXEMPLO 1: Determine o fator de
forma F1,2 e F2,2 para a configuração
mostrada na figura ao lado de dois
tubos concêntricos.
Solução:
Em particular, como toda radiação que deixa a superfície interna 1 atinge
necessariamente a superfície externa 2, temos que F1,2 =1. A partir da lei de fechamento
temos:
12221 FF , então:
212,2 1 FF
Mas, pela lei da reciprocidade
2
1
2
1
21
2
1
12122211 1 D
D
LD
LDF
A
AFFAFA
Finalmente,
2
1
2,2 1 D
D
F
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223
EXEMPLO 2: Determine o fator de forma F1,2 para a configuração mostrada na figura
abaixo.
Solução:
31213,21 FFF
gráfico
FFF 313,2121
15,02
5,0
1
;2
5,0
1
: 3,213,21 FX
Y
X
ZF
1202
50
11
50
50
3131 ,F
,X
Y
;
,
,
X
Z
:F
%)ou(,,,F 303012015021
Isto significa que apenas 3% da radiação térmica que deixa a superfície 1
atinge a superfície 3.
OUTRO EXEMPLO
Uma pequena lata é formada por dois discos paralelos que
são conectados por uma superfície cilíndrica como mostra
na figura abaixo. Determine a fração de energia radiante
que deixa a superfície cilíndrica e atinge a sua própria.
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224
Solução:
Cálculo de áreas:
23
22
21 10854.74
1,0
4
m
DAA
23
3 1071,1505,01,0 mDLA
Lei de fechamento para a superfície 3: 2,31,33,33,32,31,3 11 FFFFFF
Vamos avaliar 2,31,3 FeF
lei da reciprocidade: 3,111,33 FAFA
lei de fechamento para a superfície 1: 12,13,1 FF
mas,. do gráfico do fator de forma de dois discos paralelos:
1
5
5
1
r
L
e 12
L
r
38,02,1 F
logo 62,038,013,1 F 31,062,01071,15
1085,7
3
3
3,1
3
1
1,3
F
A
AF
Lei de fechamento para a superfície 2: 11,23,2 FF e, por simetria, 1,22,1 FF
Logo, 62,038,0111 2,11,23,2 FFF
31,062,0
1071,15
1085,7
3
3
3,2
3
2
2,3
F
A
AF
38,031,031,01 3,33,3 FF
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor e Massa
____________________________
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225
AULA 24 – FATORES DE FORMA DE RADIAÇÃO
TÉRMICA- cont...
Na aula anterior, estudamos o caso de fatores de forma e como se pode calcular a troca
líquida de calor por radiação entre duas superfícies. Vamos explorar mais este ponto
nesta aula e ampliar para mais superfícies e outra situações.
Troca de Calor Entre duas Superfícies Cinzentas
1 1J A
2 2J A
1,2 1 1F J A
2,1 2 2F J A
221,2112,1)(21 JAFJAFQ liq
Pela lei de reciprocidade 1,222,11 FAFA
122
21
211
21
)(21 /1/1
FA
JJ
FA
JJQ liq
O termo jii FA ,/1 forma uma resistência espacial entre as superfícies. Mas, tem-se
também que
11
1
11
1 1
A
JEQ n
é a taxa líquida de transferência de calor que deixa a sup. 1.
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226
11
1
1
1
A
R
é a resistência da superfície 1.
22
2
22
2 1
A
JEQ n
é a taxa líquida de transferência de calor que deixa a sup. 2.
22
2
2
1
A
R
é a resistência da superfície 2.
De forma que:
22
2
21111
1
4
2
4
121
)(21 111
)(
AFAA
TT
R
EEQ nnliq
J1 J2
1
1
1
A
1
A
2
2
1
A
4
1T 42T
Transferência de calor por radiação térmica entre três superfícies que formam um
involucro fechado
121
1
FA
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227
Analogia elétrica:
Para resolver este sistema linear, primeiramente adotam-se direções das taxas de calor
quaisquer, como indicado na figura.
33
3
3
22
2
2
11
1
1
1
;
1
;
1
A
R
A
R
A
R
311
31
322
32
211
21
1
;
1
;
1
FARFARFAR
Usa-se o fato de que a taxa de calor em cada nó tem que se conservar, isto é:
Nó 1: 31121 QQQ
Nó 2: 032212 QQQ
Nó 3: 32313 QQQ
mas,
1
11
1 R
JEQ n
,
2
22
2 R
JEQ n
,
3
33
3 R
JEQ n
e
31
13
31
R
JJQ
,
32
23
32
R
JJQ
,
21
21
21
R
JJQ
O sistema linear acima tem 9 equações e 9 incógnitas e pode ser resolvido por qualquer
método conhecido.
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228
SUPERFÍCIE NÃO –CONDUTORA e REIRRADIANTE
Define-se uma superfície não-condutora e reirradiante como uma superfície adiabática,
ou seja, não transporta calor para ou do meio por outra forma que não seja radiação
térmica. Por exemplo, no esquema anterior se a superfície 2 fosse não condutora
reirradiante, então Q2 = 0 . Isto implicaria que sua radiosidade seria o seu próprio poder
emissivo de corpo negro, isto é, J2 = En2. O exemplo seguinte vai fixar este conceito.
EXEMPLO
A tampa do invólucro (lata) do exemplo da aula anterior é mantida a uma temperatura
uniforme de 250°C (523,2 K), enquanto que a superfície inferior é mantida a uma
temperatura de 60°C (333,2 K). A superfície cilíndrica, que une as duas tampas, é não-
condutora e reirradiante. A emissividade das três superfícies vale 0,6. Determine a taxa
de calor transferido por radiação entre a tampa e o fundo e estime a temperatura da
superfície não-condutora e reirradiante.
Solução
O circuito de radiação para a determinação do calor transferido por radiação entre as
superfícies do invólucro está mostrado abaixo. Os valores dos fatores de forma podem
ser obtidos do cálculo já realizado acima. Os valores da resistência para o circuito são
2
3
11
1 /188,84)10854,7(6,0
6,011
m
A
2
3
22
2 /188,84)10854,7(6,0
6,011
m
A
2
3
3,223,11
/14,205)62,0)(10854,7(
111
m
FAFA
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229
4
11 TEn
1J
2J
11
11
A
211
1
FA
22
21
A
4
22 TEn
322
1
FA
311
1
FA 1J
2J
88,84
4)2,333(
4)2,523(
4,205
1,335
4,205
88,84
1J
2J
88,84
4)2,333(
4)2,523(
6,184
88,84
Os valores das resistências, bem como das resistências equivalente também estão
indicados. A resistência equivalente é
2/16,184
1,3358,410
)1,335(8,410
mRe
A taxa de calor transferido entre as superfícies da tampa e o fundo é determinado
usando
R
EEQ nnliq 21)(21
A soma das resistências entre as duas superfícies é
2/14,35488,846,18488,84 mR
A taxa de calor transferido é
WQ liq 02,104,354 2,3332,5231067,5
448
)(21
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230
As radiosidades, J1 e J2, podem ser determinadas por
111
11
)(21 /)1( A
JEQ nliq
ou
8884
2523106750210 1
48
,
J),(,
,
42
1 /398.3 KmWJ e 222
22
)(21 /)1( A
EJQ nliq
O que dá J2 = 1.549 W/m2K4. O valor de J3, que é igual a 43T , é obtido usando
42
3132
312321
3
31
31
32
23 /5,2473 KmW
RR
RJRJJ
R
JJ
R
JJ
4
33 TJ T3 = 457,0 K (183,8°C)
Comentário
Uma parte da taxa total de calor por radiação transferido entre a tampa e o fundo
acontece diretamente entre as duas superfícies, enquanto que o restante é trocado com a
superfície não-condutora e reirradiante antes de alcançar a tampa ou o fundo.
A taxa de transferência direta é
W
FA
JJQD 5,51,335
14593398
)/1( 2,11
21
E a indireta é
W
FAFA
JJQID 5,44,2054,205
15493398
)/1()/1( 3,223,11
21
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231
OUTRO EXEMPLO
Determine a taxa de transferência de calor de uma esfera pequena aquecida instalada em
uma superfície cilíndrica fechada mantida em vácuo, como indicado na figura abaixo. A
esfera tem 10 cm de diâmetro com uma emissividade de 0,8 e é mantida a uma
temperatura uniforme de 300°C (573,2 K). A superfície interna do cilindro, cuja área é
de 2 m2, tem uma emissividade de 0,2 e é mantida a uma temperatura uniforme de 20°C
(293,2 K).
1
2
1nE 1J 2J
11
11
A
211
1
FA 22
21
A
2,05,0
8,0031,0
2
2
2
1
2
1
mA
mA
2nE
Esfera inserida em uma cavidade cilíndrica fechada.
Solução
O circuito de radiação equivalente está mostrado na figura anterior. A área da esfera
pode ser rapidamente calculada e vale 0,031m2. O fator de forma de radiação é F1,2 = 1,
já que toda a radiação emitida pela esfera vai atingir a superfície cilíndrica. A taxa de
transferência de calor é obtida através de
W,
,
,,,
)(,/),()(,/),(,/),(
,,,
A/)(FA/A/)(
)TT(
R
EEQ nn)liq(
7134
3248
2293257310675
220201103101031080801
2293257310675
111
448
448
222121111
4
2
4
121
21
2
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232
PEQUENA SUPERFÍCIE ENVOLVIDA POR OUTRA MUITO MAIOR
Uma simplificação pode ser adotada quando uma pequena superfície A1 é
completamente envolvida por outra superfície A2 que é muito maior. Nesse caso, a
resistência equivalente, Re, pode assim ser simplificada. Lembrando que pelo fato da
superfície 1 ser completamente envolvida pela superfície 2, tem-se, também, F12 = 1.
112
2
0
2
1
1
1
1
22
2
12111
1
11111
111
A
)(
A
A)(
A
R
A
)(
FAA
)(
R
e
e
De forma, que neste caso, a troca de calor por radiação térmica será, aproximadamente:
)TT(A
R
EEQ
e
nn 4
2
4
111
21
21
Confira com o resultado acima, do último exemplo!
RADIAÇÃO TÉRMICA EM CAVIDADE – CORPO NEGRO
Uma cavidade é uma abertura de um invólucro por onde entra radiação térmica, como
ilustrado no esquema abaixo. Dessa forma, a cavidade é uma forma geométrica que
visa otimizar a absorção de radiação. Para isso, uma pequena abertura permite a entrada
de radiação térmica para dentro da cavidade, o que causa que a radiação incidente seja
absorvida e refletiva diversas vezes no interior da cavidade até que seja totalmente
absorvido. Nesse processo uma temperatura (adiabática) de equilíbrio é estabelecida. A
absortividade efetiva da cavidade tende para unidade, independentemente do material
construtivo da cavidade, desde que a razão entre a área de abertura e a área interna total
da cavidade seja muito pequena. Isto é, a cavidade se comporta como um corpo negro.
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233
Fator de forma da área de abertura para a área interna da cavidade: ��−� = ͳ
Fluxo total de calor incidente: �� = �′′�� , onde: [�′′] = ��మ (fluxo de radiação incidente) �� – área da abertura [�ଶ] �� – área da cavidade [�ଶ] �� – absortividade da cavidade �� – emissividade da cavidade (superfície interna)
Pela Lei de Kirchoff, tem-se que �� = ��, como já visto.
Circuito elétrico equivalente:
�� = �′′�� = ா�−ா��� (A)
onde, �� = ଵ−������ + ଵ��ி�−�, ou rearranjando �� = ଵ�� [ͳ + ���� ቀଵ−���� ቁ] (B)
Subst. (B) em (A) → �′′�� = ா�−ா�భ��[ଵ+����ቀభ−���� ቁ] → �′′ = �(��4−�∞4 )ଵ+����ቀభ−���� ቁ
seja, a absortividade efetiva da cavidade definida por: � = ଵଵ+����ቀభ−���� ቁ
logo,
�′′ = ��ሺ��ସ − �∞ସ ሻ
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234
Sendo, � = ଵଵ+����ቀభ−���� ቁ
Independentemente da absortividade do material interno da cavidade, ��, se a razão das
áreas da abertura para a cavidade ���� for muito pequena, então � ≈ ͳ, como pode ser
visto pela análise da equação anterior por meio do gráfico a seguir para várias
absortividades do material interno da cavidade. Isto significa que a cavidade se
comporta como um corpo negro tendo toda a radiação térmica incidente na área de
abertura sendo absorvida, � ≈ ͳ
Exemplo 1:
Para uma cavidade cilíndrica de abertura 3 cm, diâmetro interno de 10 cm e
comprimento 30 cm, a razão de áreas é bem pequena e, por isso, a absortividade do
material escolhido para a cavidade tem pouca influência na sua absortividade efetiva.
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235
Neste caso, ���� = Ͳ,ͲͲͷ e a absortividade segue a tabela abaixo:
��
(absortividade
do material)
�ࢋࢌ
(absortividade
efetiva)
0,9 0,999
0,5 0,994
0,2 0,975
0,1 0,945
Exemplo 2:
Supondo que a cavidade do exemplo anterior seja atingida por uma irradiação de �′′ = ͳͲ �/�ଶ (1000 sois, sendo 1 sol = ͳͲଷ �/�ଶ) por meio de um concentrador
paraboloide e, desprezando todas as perdas de calor por condução e convecção,
determine a temperatura de equilíbrio da cavidade. Considere a temperatura ambiente de
300 K.
Solução:
Como �′′ = ��ሺ��ସ − �∞ସ ሻ → �� = √ �′′�� + �∞ସభ4 �� = √ ଵ6ଵ×ହ,×ଵ−8 + 3ͲͲସభ4 = 2049 K
Comentário: Percebe-se que temperaturas bastante elevadas podem ser alcançadas em
cavidades por meio de concentração solar, o que as tornam um forma interessante de
promover reações químicas endotérmicas, entre outras. Na prática, haveria o problema
desafiador de fazê-la completamente adiabática.
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AULA 25 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR COMBINADA
E BLINDAGEM DE RADIAÇÃO TÉRMICA
Efeito da radiação na medida da temperatura
Quando um termômetro ou outro elemento sensor de temperatura é colocado em uma
corrente do gás para medir sua temperatura, o valor da temperatura indicado pelo sensor
é determinado pelo balanço global de energia no bulbo desse elemento.
Considere o sensor mostrado na figura abaixo. A temperatura do gás é T∞, a temperatura
da superfície envolvente é Ts e a temperatura indicada pelo termômetro é Tt.
Gás
Th, AT
sT
Elemento sensor da temperatura de um escoamento
Admitindo que Tt seja maior que Ts, então a energia será transferida por convecção para
o termômetro e, deste, para o meio envolvente na forma de radiação térmica. Portanto, o
balanço de energia pode ser escrito como:
)()( 44 stt TTATThA
Onde, A é a área superficial do sensor e ε a sua emissividade. A equação anterior foi
obtida considerando-se que a superfície envolvente seja muito grande, como discutido
na aula anterior.
Supondo que a parede esteja a 200 °C e a temperatura indicada pelo elemento sensor
seja de 450 °C, o coeficiente de transferência de calor por convecção entre o gás e o
sensor igual a 150 W/m2 °C, calcular a temperatura real do gás.
)TT(A)TT(Ahq partTtTc 44
Tt
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)TT(
h
TT part
c
t
44
)473723(
150
1067,58,0723 44
8
T
CouKT 3,5175,790
Blindagem de radiação
Uma maneira de reduzir a transferência de calor por radiação entre duas superfícies se
dá pelo emprego de materiais altamente refletivos, isto é de baixa emissividade ε.
Alternativamente, um outro método de redução da transferência de calor por radiação
consiste na instalação de blindagens de radiação entre as superfícies de transferência de
calor. Estas blindagens não fornecem ou removem calor do sistema, mas apenas
introduzem uma resistência no circuito térmico.
Considere dois planos paralelos e infinitos para ε1= ε2= ε, como indicado do lado
esquerdo da figura abaixo. Então, temos que a troca de calor por radiação entre essas
duas superfícies é dada por:
1)1(2
)( 4241
TT
A
q
Aq /
1 2
a)
Aq /
1 2
b)
3
Radiação entre planos paralelos infinitos com e sem blindagem de radiação
Agora, considere a introdução de um terceiro plano 3 entre as superfícies originais,
como indicado do lado direito da figura anterior. Assim, o fluxo de calor transferidoPlano de
blindagem
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neste caso será calculado considerando a entrada dessas novas resistências associadas à
terceira superfície.
1nE 1J 3J
1
11
31
1
F 3
31
2nE
'
3J
2J
32
1
F 2
21
3nE
3
31
Circuito elétrico analógico da radiação para dois planos paralelos separados
por uma blindagem de radiação formada por um terceiro plano 3
Como a blindagem não fornece ou retira calor do sistema. O calor transferido entre a
placa 1, a blindagem e a placa 2 será:
A
q
A
q
A
q
2331
ou
1)1(2
)(
1)1(2
)( 42434341
TTTT
A
q
Obtendo-se:
2/)( 424143 TTT
1122
1 43
4
1
)(
)TT(
A
q
Portanto, tem-se que a blindagem reduz à metade o fluxo de calor inicial (desde que
todas as superfícies tenham a mesma emissividade ε).
blindagemsblindagemc A
q
A
q
// 2
1
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor e Massa 239
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No caso da introdução de n planos de blindagem entre as duas superfícies originais 1 e
2, tem-se que a redução do fluxo de calor será:
blindagn/sblindaens"n"/c A
q
nA
q
1
1
PROVE ISTO!
EXEMPLO
Um tubo de diâmetro D1 = 20 cm transporta um líquido criogênico que está a 77 K.
Para evitar perdas de calor, este tubo está inserido dentro de um tubo maior com
D2 = 50 cm e T2 = 300 K, o espaço entre eles está evacuado. Pede-se o ganho de calor
pelo tubo criogênico. Dados ε1 = 0,02 e ε2 = 0,02.
Após a aula de transf. de calor, um aluno sugeriu inserir um terceiro tubo com D3 = 35
cm entre os dois anteriores afirmando que haveria uma diminuição do ganho de calor.
Sendo ε3 = 0,03. Verifique se isto é verdade e, em caso positivo, qual seria a
diminuição.
Solução:
a) circuito analógico com os dois tubos ou alguns.
1nE 1J 2J
11
11
A
211
1
FA 22
21
A
2nE
121 F ;
eq
nn
R
EEq 21 ;
A resistência equivalente é:
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L
L
D
D
LD
D
D
A
AFAA
Req
6,948
50
20
04,0
04,011
02,0
02,01
02,0
1
1111
1
1
111
111
2
1
2
2
1
1
1
2
1
2
2
1
1
1
22
2
21111
1
Logo, mW
L
q /482,0
7,536.1
773001067,5 448
b) circuito analógico com a introdução do terceiro tubo de blindagem.
1bE 1J 3J
11
11
A
311
1
FA 33
31
A
2bE
'
3J
2J
323
1
FA 22
21
A
3bE
33
31
A
131 F ; 123 F e
eq
nn
R
EEq 21
L
L
D
D
D
D
LD
D
D
D
D
D
D
A
Req
7,536.1
50
20
04,0
04,01
35
20
03,0
)03,01(2
02,0
02,01
02,0
1
1)1(2111
11)1(2
1
111
2
1
2
2
3
1
3
3
1
1
1
2
1
2
2
3
1
3
1
3
3
1
1
1
1nE 2nE 3nE
Notas de aula de PME 3361 – Processos de Transferência de Calor e Massa 241
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Assim, mW
L
q /298,0
7,536.1
773001067,5 448
o ganho diminui em torno de
482,0
298,0482,0
38,3 %