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Transmissões intergeracionais das ocupações e da educação

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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/358806676
TRANSMISSÕES INTERGERACIONAIS DAS OCUPAÇÕES E DA EDUCAÇÃO: DA
"ARMADILHA DA POBREZA" AO "CICLO VIRTUOSO DA RIQUEZA"
Thesis · January 2021
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1 author:
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DESEMPREGO, EMPREGO E DESIGUALDADES SALARIAIS View project
A mulher do século XXI no mercado de trabalho: uma abordagem das diferenças salariais por gênero no Brasil e macrorregiões View project
Magno Rogério Gomes
Universidade Estadual de Londrina
47 PUBLICATIONS   54 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Magno Rogério Gomes on 23 February 2022.
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https://www.researchgate.net/publication/358806676_TRANSMISSOES_INTERGERACIONAIS_DAS_OCUPACOES_E_DA_EDUCACAO_DA_ARMADILHA_DA_POBREZA_AO_CICLO_VIRTUOSO_DA_RIQUEZA?enrichId=rgreq-cff15d8f3efe3821220795e8be51a62a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODgwNjY3NjtBUzoxMTI2NzA4MTk5NTg3ODQzQDE2NDU2Mzk1NzY4NDk%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/publication/358806676_TRANSMISSOES_INTERGERACIONAIS_DAS_OCUPACOES_E_DA_EDUCACAO_DA_ARMADILHA_DA_POBREZA_AO_CICLO_VIRTUOSO_DA_RIQUEZA?enrichId=rgreq-cff15d8f3efe3821220795e8be51a62a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODgwNjY3NjtBUzoxMTI2NzA4MTk5NTg3ODQzQDE2NDU2Mzk1NzY4NDk%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/project/A-mulher-do-seculo-XXI-no-mercado-de-trabalho-uma-abordagem-das-diferencas-salariais-por-genero-no-Brasil-e-macrorregioes?enrichId=rgreq-cff15d8f3efe3821220795e8be51a62a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODgwNjY3NjtBUzoxMTI2NzA4MTk5NTg3ODQzQDE2NDU2Mzk1NzY4NDk%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Magno-Gomes-3?enrichId=rgreq-cff15d8f3efe3821220795e8be51a62a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODgwNjY3NjtBUzoxMTI2NzA4MTk5NTg3ODQzQDE2NDU2Mzk1NzY4NDk%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Magno-Gomes-3?enrichId=rgreq-cff15d8f3efe3821220795e8be51a62a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODgwNjY3NjtBUzoxMTI2NzA4MTk5NTg3ODQzQDE2NDU2Mzk1NzY4NDk%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Estadual_de_Londrina?enrichId=rgreq-cff15d8f3efe3821220795e8be51a62a-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODgwNjY3NjtBUzoxMTI2NzA4MTk5NTg3ODQzQDE2NDU2Mzk1NzY4NDk%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
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 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA 
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ECONOMIA 
 
 
 
 
TRANSMISSÕES INTERGERACIONAIS DAS OCUPAÇÕES E DA 
EDUCAÇÃO: DA “ARMADILHA DA POBREZA” AO “CICLO 
VIRTUOSO DA RIQUEZA” 
 
 
 
 
Magno Rogerio Gomes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Econômicas da 
Universidade Estadual de Maringá, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção 
do título de Doutor em Teoria Econômica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maringá 
2021 
 
 
 
Magno Rogério Gomes 
 
Ciências Econômicas 
 
TRANSMISSÕES INTERGERACIONAIS DAS OCUPAÇÕES E DA 
EDUCAÇÃO: DA “ARMADILHA DA POBREZA” AO “CICLO 
VIRTUOSO DA RIQUEZA” 
 
Orientadora: Prof. Dra. Marina Silva da Cunha 
Co-orientadora: Prof. Dra. Solange de Cássia Inforzato de Souza 
 
 
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Econômicas da 
Universidade Estadual de Maringá, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção 
do título de Doutor em Teoria Econômica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maringá 
2021 
 
 
 
 
Magno Rogério Gomes 
 
 
 
 
 
 
TRANSMISSÕES INTERGERACIONAIS DAS OCUPAÇÕES E DA 
EDUCAÇÃO: DA “ARMADILHA DA POBREZA” AO “CICLO 
VIRTUOSO DA RIQUEZA” 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
 
______________________________________ 
Professora Dra. Marina Silva da Cunha 
Universidade Estadual de Maringá - UEM 
 
______________________________________ 
Professor Dr. Ednaldo Michellon 
Universidade Estadual de Maringá - UEM 
 
______________________________________ 
Professor Dr. Ricardo Luis Lopes 
Universidade Estadual de Maringá – UEM 
 
______________________________________ 
Professor Dr. Paulo Jorge Reis Mourão 
Universidade do Minho - UMinho/Portugal 
 
______________________________________ 
Professora Dra. Katy Maia 
Universidade Estadual de Londrina - UEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maringá 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Este trabalho é dedicado aos responsáveis 
pela minha existência e trajetória, a Deus e a 
“DONA CARMEN”. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, minha fortaleza e força, que me guiou pelas vielas da vida, e nunca me deixou 
desviar; a ti Senhor, devo tudo que sou e serei. 
À minha família, pois ela é o meu alicerce. 
À minha companheira Franciele e ao meu filho Aquiles, por me derem o suporte de que 
preciso. 
À professora e orientadora Marina Silva da Cunha pela paciência na orientação е incentivo 
que tornaram possível а conclusão desta tese. 
À professora e coorientadora Solange de Cassia Inforzato de Souza pelas excelentes 
contribuições, sugestões e ideias no processo de desenvolvimento deste trabalho, que tornou 
possível а sua conclusão. 
Aos professores Ednaldo Michellon e Paulo Jorge Reis Mourão, que participaram do exame 
de qualificação e contribuíram com a evolução desta tese. 
A professora Katy Maia e professor Ricardo Luis Lopes, que aceitaram prontamente o 
convite para avaliar esta tese. 
Aos colegas do doutorado que de alguma forma contribuíram para essa minha jornada. 
Aos professores do Programa de Doutorado em Economia da Universidade Estadual de 
Maringá que contribuíram para a minha formação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar 
novas paisagens, mas em ter novos olhos”. 
(Marcel Proust) 
 
“Existem muitas hipóteses em ciência que estão erradas. Isso é 
perfeitamente aceitável, elas são a abertura para achar as que estão 
certas”. 
(Carl Sagan) 
 
“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não 
seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma 
como nos acostumamos a ver o mundo”. 
(Albert Einstein) 
 
“Nenhum homem deveria nascer e morrer no mesmo lugar”. 
(Gustavo Gitti) 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Características dos indivíduos ocupados, por legado e não legado 
ocupacional, e classe social no Brasil, para 2014. ............................................................... 50 
Tabela 2 - Proporção do legado ocupacional (%) e salário hora médio (R$) dos 
ocupados com mais de 23 anos de idade por classe social em 2014. .................................. 52 
Tabela 3 – Transferência intergeracionalda ocupação para os Pobres e Não Pobres em 
2014. .................................................................................................................................... 53 
Tabela 4 - Efeitos marginais (Geral), 2014 ......................................................................... 54 
Tabela 5 - Legado ocupacional nos pontos médios, 2014 ................................................... 56 
Tabela 6 - Características dos indivíduos ocupados, por legado e não legado, no Brasil 
em 2019. .............................................................................................................................. 59 
Tabela 7 - Proporção do legado ocupacional (%) e salário hora médio (R$) por gênero 
dos pobres e não pobres ....................................................................................................... 61 
Tabela 8 - Legado ocupacional dos pobres e não pobres condicionado ao nível de 
escolaridade dos pais, Brasil, 2019 ...................................................................................... 62 
Tabela 9 - Segmento ocupacional do indivíduo pobre e não pobre, condicionado ao 
segmento dos pais, Brasil, 2019 .......................................................................................... 63 
Tabela 10 - Efeitos marginais da probabilidade do legado ocupacional, Brasil em 2019 ... 66 
Tabela 11 - Legado ocupacional nos pontos médios, 2019 ................................................. 68 
Tabela 12 - Matriz de transição do Legado educacional dos pobres e não pobres (%), 
2014 ..................................................................................................................................... 71 
Tabela 13 - Efeito marginais do legado educacional, 2014 ................................................. 72 
Tabela 14 - Legado educacional nos pontos médios condicionado ao nível de instrução 
dos pais, 2014 ...................................................................................................................... 74 
Tabela 15 - Legado educacional por nível de instrução, Brasil, 2014................................. 75 
Tabela 16 – Determinantes salariais por quantis dos trabalhadores pobres. Brasil, 2014 ... 79 
Tabela 17 - Determinantes salariais por quantis dos indivíduos não pobres. Brasil, 2014 . 80 
Tabela 18 - Determinantes salariais por quantis dos indivíduos pobres, Brasil, 2019 ........ 82 
Tabela 19 - Determinantes salariais por quantis dos indivíduos não pobres, Brasil, 2019 . 84 
Tabela 20 – Decomposição salarial dos herdeiros e não herdeiros ocupacionais no 
Brasil. ................................................................................................................................... 88 
Tabela 21 – Decomposição salarial do Legado e Não Legado para os pobres, Brasil, 
2014 e 2019 ......................................................................................................................... 89 
Tabela 22 – Decomposição salarial do Legado e Não Legado para os Não pobres, 
Brasil, 2014 e 2019 .............................................................................................................. 90 
Tabela 23 – Decomposição salarial de pobre e não pobre dos herdeiros ocupacionais, 
Brasil, 2014 e 2019 .............................................................................................................. 92 
Tabela 24 – Decomposição salarial de pobre e não pobre dos não herdeiros 
ocupacionais, Brasil, 2014 e 2019 ....................................................................................... 93 
 
Tabela A 1 - Classes de ocupação (CBO 2002) ................................................................ 105 
Tabela A 2- Subsetores Econômicos (CNA 2.0) ............................................................... 106 
Tabela A 3 - Resultados do modelo de participação, 2014 e 2019 ................................... 108 
Tabela A 4 - Resultados do modelo Logit Multinomail, 2014 para subgrupo da CBO. ... 109 
Tabela A 5 - Resultados do modelo Logit Multinomail, para subgrupo da CNAE 2019 . 110 
Tabela A 6 - Resultados do Modelo logit binomial, para o legado educacional, 2014 .... 111 
Tabela A 7 – Testes do modelo Probit .............................................................................. 113 
Tabela A 8 - Teste para o modelo do legado Educacional ................................................ 114 
Tabela A 9 - Teste de Wald de combinação de categorias modelo CBO 2014. ................ 114 
 
 
Tabela A 10 - Teste de Wald de combinação de categorias modelo CNAE 2019 ............ 114 
Tabela A 11 - Teste de IIA - Small-Hsiao (CBO 2014) .................................................... 115 
Tabela A 12 - Teste de IIA - Small-Hsiao tests of IIA assumption (CNAE 2019) ........... 115 
Tabela A 13 - Testes econométricos para regressões “mincerianas” OLS....................... 115 
Tabela A 14 - Testes econométricos para regressões “mincerianas” Quantilicas 2014 ... 115 
Tabela A 15 - Testes econométricos para regressões “mincerianas” Quantilicas 2019 ... 116 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOMES, Magno Rogério. Transmissões intergeracionais das ocupações e da educação: 
da “armadilha da pobreza” ao “ciclo virtuoso da riqueza”. 116f. Tese de Doutorado em 
Economia. – Departamento de Economia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 
2021. 
 
RESUMO 
 
A presente tese tem por objetivo analisar os mecanismos de transmissão parental da pobreza 
pelos canais do mercado de trabalho associados às ocupações e à educação no Brasil. Para 
isso, foram estimadas as probabilidades dos legados ocupacional e educacional 
intergeracionais, utilizando as bases de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios (PNAD) de 2014 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua 
(PNADC) de 2019. Aplicou-se o modelo Logit multinomial para encontrar as chances de 
reprodução/transmissão parental do legado ocupacional e o Logit binomial para o legado 
educacional, segundo a classe socioeconômica do indivíduo. Mensurou-se também as 
equações salariais quantílicas com correção do viés de seleção amostral e a decomposição 
salarial RIF - recentered influence function. O estudo constatou a influência dos pais no 
processo de escolha das carreiras dos filhos, sendo diferente para grupos díspares, como a 
classe socioeconômica, gênero, estrutura familiar e região de moradia. Filhos homens 
tendem a seguir o legado ocupacional do pai, enquanto as filhas as ocupações das mães. 
Indivíduos do meio rural têm maior probabilidade de ser perpetuar na ocupação dos pais do 
que os indivíduos do meio urbano. A estrutura familiar gera influência na ocupação dos 
filhos, em que jovens de famílias monoparentais tendem a buscar ocupação distinta de seus 
responsáveis. Evidenciou-se também que, em geral, os indivíduos pobres têm uma maior 
probabilidade de seguir o legado ocupacional e educacional dos pais. Os resultados 
confirmam a hipótese levantada de que trabalhadores que tendem a seguir o legado 
ocupacional dos pais têm remunerações inferiores aos dos indivíduos que optam por outras 
ocupações, e que esse fato pode ocasionar um “ciclo vicioso da pobreza” aos indivíduos que 
pertençam à classe dos pobres, ou um “ciclo virtuoso da riqueza”, aos que pertençam à classe 
dos não pobres. Constata-se que a influência dos pais na ocupação dos filhos é mais forte 
quando esses ainda estão residindo com os pais, sendo que um grande número de indivíduos 
irá carregar essa transmissão ocupacional por toda a vida e com grande probabilidade de 
repassar o legado para as próximas gerações. O nível de escolaridade dos pais também 
influencia o nível de instrução dos filhos, o que pode promover um “ciclo vicioso da 
ignorância” quando os pais têm baixo nível de instrução e os filhos seguem o legado 
educacional. Essaevidência desfavorável é mais intensa para o grupo dos pobres. O impacto 
do legado ocupacional nos salários dos filhos é maior no menor quantil da distribuição 
salarial e mais intenso para a classe dos pobres, o que torna a “armadilha da pobreza” mais 
robusta, visto que os jovens economicamente menos favorecidos tendem a seguir os passos 
dos pais para contribuir com a renda familiar, se deparando com um trade off entre trabalho 
ou estudo. Isso interrompe a sua formação e os forçam a se inserirem precocemente no 
mercado de trabalho, desempenhando ocupações secundárias, com menores rendimentos, 
gerando um “ciclo vicioso da pobreza”. 
Palavras-Chave: Legado ocupacional, Legado educacional, Ciclo vicioso da pobreza, Ciclo 
virtuoso da riqueza, Decomposição RIF. 
 
 
 
 
GOMES, Magno Rogério. Intergenerational transmissions of occupations and 
education: from the “poverty trap” to the “virtuous cycle of wealth”. 116 f. Doctoral Thesis 
in Economics. - Department of Economics, State University of Maringá, Maringá, 2021. 
 
ABSTRACT 
 
This thesis aims to analyze the mechanisms of parental transmission of poverty through the 
labor market channels associated with occupations and education in Brazil. For this, the 
probabilities of the intergenerational occupational and educational legacies were estimated, 
using the databases of the National Household Sample Survey (PNAD) of 2014 and the 
National Household Sample Survey (PNADC) of 2019. The multinomial Logit model was 
applied to find the chances of parental reproduction / transmission of the occupational legacy 
and the Logit binomial for the educational legacy, according to the individual's 
socioeconomic class. Quantile wage equations with correction of sample selection bias and 
wage decomposition RIF - recentered influence function were also measured. We found the 
influence of parents in the process of choosing their children's careers, being different for 
different groups, such as socioeconomic class, gender, family structure and region of 
residence. Male children tend to follow the father's occupational legacy, while daughters 
tend to the mother's occupations. Individuals from rural areas are more likely to be 
perpetuating their parents' occupation than individuals from urban areas. The family 
structure also generates influence on the occupation of children, in which young people from 
single-parent families tend to seek occupation distinct from their parents. It also showed that, 
in general, the poor are more likely to follow their parents' occupational and educational 
legacy. The results confirm the hypothesis raised that workers who tend to follow their 
parents' occupational legacy have lower pay than individuals who choose other occupations, 
and that this fact can cause a “vicious cycle of poverty” for individuals who belong to the 
poor class, or a “virtuous cycle of wealth”, to those who belong to the class of non-poor. It 
was also found that the influence of parents in the occupation of children is stronger when 
they are still living with parents therefore many individuals will carry this occupational 
transmission throughout their lives and with a high probability of passing on the legacy for 
the next generations. Parental education also influences children's education level, which 
can generate a “vicious cycle of ignorance” when parents have low level of education and 
children follow the educational legacy. This unfavorable evidence is more intense for the 
poor group. The impact of the occupational legacy on children's wages is greater in the 
smallest quantile of the wage distribution and more intense for the poor class, which makes 
the "poverty trap" more robust, since economically disadvantaged young people tend to 
follow in the footsteps parents to contribute to the family income, facing a trade-off between 
work or study. This interrupts their training and forces them to start early in the labor market, 
performing secondary occupations, with lower incomes, generating a “vicious cycle of 
poverty”. 
 
 
Keywords: Occupational legacy, Educational legacy, Vicious cycle of poverty, Virtuous 
cycle of wealth, RIF decomposition. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 12 
2 LEGADOS OCUPACIONAL E EDUCACIONAL E DIFERENÇAS SALARIAIS: 
TEORIAS E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS .................................................................................. 16 
2.1 Abordagens Teóricas ............................................................................................................ 16 
2.2 Evidências empíricas nacionais e internacionais ......................................................... 22 
3. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 36 
3.1 Bases de dados ................................................................................................................ 36 
3.2 Métodos Econométricos ................................................................................................. 39 
3.2.1 Método da probabilidade de ocupação: modelo Logit Multinomial ................................ 39 
3.2.2 Método da probabilidade educacional: modelo Logit Binomial ...................................... 41 
3.2.3 Equações de salários ........................................................................................................ 42 
3.2.3.1 Procedimentos de Correção de Viés de Seleção Amostral ........................................... 42 
3.2.3.2 Equações mincerianas quantílicas ................................................................................. 43 
3.2.3.2 Decomposição Salarial Quantílica ................................................................................ 44 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................... 49 
4.1 Mobilidade Ocupacional Intergeracional e a Classe Socioeconômica no Brasil: uma 
análise para o ano de 2014 ......................................................................................................... 49 
4.1.1 Resultados Descritivos ..................................................................................................... 49 
4.1.2 Resultados das probabilidades do legado ocupacional .................................................... 53 
4.1.3 Considerações Finais ....................................................................................................... 56 
4.2 Legado Ocupacional Setorial por Classe Socioeconômica no Brasil: uma análise para o 
ano de 2019 .................................................................................................................................. 57 
4.2.1 Resultados Descritivos ..................................................................................................... 58 
4.2.2 Resultados das probabilidades do legado ocupacional: uma análise setorial no Brasil ... 64 
4.2.3 Considerações Finais ....................................................................................................... 69 
4.3 Resultados da probabilidade do legado parental da educação no Brasil ........................ 70 
4.3.1 Resultados Descritivos ..................................................................................................... 70 
4.3.2 Resultados da probabilidade do legado Educacional ....................................................... 72 
4.3.3 Considerações Finais ....................................................................................................... 75 
4.4 Legado Ocupacional e os Efeitos Salariais para Pobres e Não Pobres no Brasil ............ 76 
4.4.1 Análise descritiva .............................................................................................................76 
4.4.2 Determinantes Salariais.................................................................................................... 78 
4.4.3 Decomposições Salariais.................................................................................................. 86 
4.4.4 Considerações Finais ....................................................................................................... 94 
CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 95 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 98 
APÊNDICES ................................................................................................................................. 105 
 
 
12 
 
INTRODUÇÃO 
 
Apesar dos avanços globais contra a pobreza, segundo informações do Banco 
Mundial (2020), quase metade da população mundial vive abaixo da linha da pobreza. A 
CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (2020), prevê aumento da 
pobreza na América Latina em 2020 (45,4 milhões). De acordo com o organismo regional, 
mais de 30% da população estava abaixo da linha da pobreza na região, em 2018. Esse 
cenário desfavorável teve contribuição significativa do Brasil, dado o aumento da pobreza e 
extrema pobreza no país. Ainda de acordo com a CEPAL, para erradicar a pobreza é 
necessário um mercado de trabalho que garanta postos de trabalho de qualidade e salários 
justos, além de proteção social integral e universal. Segundo Piketty (2000), a explicação 
da persistência da desigualdade através das gerações é a transmissão da riqueza dos pais para 
os filhos por meio de herança. Além da herança patrimonial outros legados podem ser 
transferidos de pais para filhos, como o legado de uma profissão e/ou transferência 
educacional. 
Uma forma dos menos favorecidos financeiramente melhorarem sua renda e, 
consequentemente vivenciarem um maior bem-estar e qualidade de vida, é por meio do 
trabalho. Portanto, é de suma importância a inserção dessa classe socioeconômica no 
mercado de trabalho em boas ocupações (trabalho não precário) e boas remunerações. Para 
que essas ocupações sejam preenchidas os indivíduos devem estar habilitados e capacitados 
a desempenhá-las, assim, além dos postos de trabalho é importante observar como se dá a 
escolha ocupacional e qual a importância do background familiar. 
A ocupação profissional é uma escolha importante que pode condicionar os 
indivíduos a uma situação economicamente favorável ou desfavorável no futuro. Quando 
essa ocupação sofre influência dos discursos e valores que circulam no meio familiar, esses 
indivíduos são lançados à sua própria sorte. Caso esses sigam o legado ocupacional dos pais, 
e são pobres, isso pode promover uma armadilha da pobreza, já quando o legado ocupacional 
é de uma família não pobre, isso pode gerar um legado da riqueza. Portanto, a escolha de 
uma ocupação não apenas é relevante para o futuro do indivíduo, mas para uma geração, 
uma vez que o mesmo formará uma família e influenciará seus filhos em sua ocupação, e os 
seus filhos influenciarão seus netos e, assim sucessivamente, de modo que um elo será 
construído, passando de geração para geração. A escolha profissional é um processo 
contínuo, constituído de várias decisões adotadas ao longo da vida, influenciadas pelo meio 
familiar (LUCHIARI, 1996; SOBROSA et al., 2015). A influência do background nas 
13 
 
ocupações dos filhos também é evidenciada internacionalmente em Laband e Lentz (1983), 
Sjogren (2000), Constant e Zimmermann (2003), Tsukahara (2007), Shilpi e Emran (2010), 
Thijssen e Wolbers (2016) e Bello e Morchio (2018). O background familiar e social deve 
ser levado em consideração na opção profissional dos indivíduos. Nesse sentido, Becker e 
Tomes (1979) veem um indivíduo não de forma isolada, mas como parte de uma família 
cujos membros abrangem várias gerações. 
A relevância dos pais na formação dos filhos transpassa a necessidade de 
subsistência, uma vez que os pais são referência para os filhos, e esses tendem a se espelhar 
em seus exemplos na formação de sua identidade e na escolha ocupacional. Assim, no 
processo de decisão de uma ocupação, os filhos são condicionados ao ambiente 
socioeconômico e à oferta de postos trabalho. O papel dos pais no processo de escolha 
ocupacional dos filhos é algo iniciado na infância, e essa influência pode envolver tanto as 
ações objetivas quanto práticas, como por exemplo, ter os pais financiando sua formação 
educacional (ALMEIDA E MELO-SILVA, 2011). 
Além do legado ocupacional também há um legado educacional entre as gerações, 
podendo esse ser benéfico, quando os pais têm alta instrução, ou prejudicial quando 
apresentam baixa escolaridade. Nesse último caso, de alguma forma, os filhos inclinam-se 
para o mesmo caminho educacional dos pais, gerando um “ciclo vicioso da ignorância”, 
podendo ser mais perverso quando visto na classe dos pobres, o que reforça a “armadilha da 
pobreza” enraizando ainda mais o “ciclo vicioso da pobreza”. A transmissão educacional de 
pais para filhos é observada tanto nacional quanto internacionalmente nos estudos de Laband 
e Lentz (1983), Grawe e Mulligan (2002), Tsukahara (2007), Antigo (2010), Shilpi e Emran 
(2010), Thijssen e Wolbers (2016), Cruz (2019) e Guimarães, Arraes e Costa (2020). 
Os filhos tendem a considerar o desejo e a experiência pré-consciente, relacionados 
às expectativas e vontades manifestadas pelos familiares no momento de escolher uma 
ocupação. Para Luchiari (1996), os filhos escolhem sua profissão em consonância com as 
expectativas de seus pais; os filhos podem escolher as profissões não realizadas pelos pais 
concretizando o sonho dos mesmos; e os filhos podem escolher, por identificação, a 
profissão dos pais, isto é, a mesma profissão do pai ou da mãe. Na mesma direção, Carvalho 
e Taveira (2009), no estudo para o Brasil, argumentam que a família tem sido considerada o 
fator de maior influência no processo de escolha das carreiras dos filhos. 
Outros fatores, além do legado ocupacional, influenciam tanto a inserção como a 
remuneração do trabalho. Tais fatores são destacados pela teoria do capital humano, pela 
teoria credencialista, pela teoria do mercado de trabalho segmentado ou dual e pela teoria da 
14 
 
discriminação. Estudos empíricos confirmam a influência das variáveis apontadas pelas 
teorias como: escolaridade e experiência (capital humano); setor econômico e ocupações 
(mercado dual); gênero e cor (discriminação), tanto na determinação da alocação 
ocupacional como nas remunerações do trabalho (CACCIAMALI; HIRATA, 2005; 
SALVATO et al., 2008; SOUZA E GOMES, 2015; GOMES, 2016; JACOBOWISKI E 
CUNHA, 2017; MANTOVANI, 2018; PAIVA, 2019). 
Isto posto, este estudo busca analisar os mecanismos de transmissão parental da 
pobreza pelos canais do mercado de trabalho relacionados às ocupações e à educação no 
Brasil. Além disso, pretende verificar se há diferenças desses mecanismos de transmissão 
para os indivíduos que ainda residem com os pais em relação àqueles que não o fazem, já 
que esses últimos são mais velhos e, em sua grande maioria, constituem as suas próprias 
famílias. Para isso foram estimadas as probabilidades do legado ocupacional e educacional 
intergeracionais, e mensuradas as fontes das diferenças salariais entre os trabalhadores que 
optaram por seguir as ocupações dos pais e dos trabalhadores que optaram por uma ocupação 
diferente dos pais, bem como entre os herdeiros ocupacionais pobres e não pobres. 
A partir da utilização do suplemento dos microdados da Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios (PNAD) do ano de 2014 e da Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios Contínua (PNADC) de 2019, este trabalho testa a hipótese geral de que os 
legados parentais ocupacionale educacional, proporcionam um “ciclo vicioso da pobreza” 
quando os filhos pertencem à classe econômica dos pobres e um “ciclo virtuoso da riqueza”, 
quando os herdeiros pertencem à classe dos não pobres. Acredita-se que a educação dos pais 
pode condicionar o nível de instrução dos filhos e espera-se que os rendimentos dos jovens 
herdeiros sejam menores para os que pertencem à classe dos pobres, visto que as ocupações 
herdadas, em sua grande maioria, estão no segmento secundário do mercado de trabalho, 
segundo a teoria do mercado dual, com menores salários e empregos penosos, agravando-se 
ainda mais quando esses pertencerem à classe de salários menores. 
Essas evidências podem contribuir para a caracterização das diferenças e 
desigualdades salariais dos trabalhadores que seguiram o legado ocupacional dos pais em 
relação aos trabalhadores que optam por outras profissões, e apontar para uma das possíveis 
origens das desigualdades de renda no Brasil. Assim, ações afirmativas para o investimento 
em capital humano e igualdade de oportunidade que proporcionam a ocupação em 
segmentos primários, de boas condições de trabalho e salários mais altos, podem ser 
motivadas, principalmente para os indivíduos de classe econômica menos favorecida. Outra 
contribuição, apesar de um possível viés de seleção que por sua vez será minimizado com o 
15 
 
procedimento de Heckman (1979), é a possibilidade de estudo de transmissão ocupacional e 
educacional para outros anos, independentemente se há ou não suplementos de coleta de 
dados das PNADs, uma vez que este estudo traz uma alternativa de análise para os indivíduos 
que ainda residem no mesmo domicílio dos pais. 
O capital humano tem um papel importante na formação do indivíduo, tanto na 
edificação do conhecimento, quanto no fortalecimento e construção de sua personalidade, 
exercendo grande influência nas escolhas que esses jovens realizarão. Além disso, também 
será possível verificar as disparidades de rendimentos entre as ocupações, podendo servir 
como base para os órgãos governamentais competentes promoverem políticas para reduzir 
o gap salarial entre as ocupações no mercado de trabalho brasileiro. 
Além desta introdução, esta tese está organizada em mais quatro capítulos. O 
próximo capítulo exibe a revisão de literatura teórica e estudos empíricos acerca do legado 
ocupacional e educacional, e as fontes das diferenças salariais. O terceiro capítulo trata das 
bases de dados, PNAD/2014 (suplemento) e PNADC/2019, e dos métodos utilizados para 
análise. Posteriormente, o capítulo quarto descreve os resultados e a interpretação dos dados. 
Por fim, expõe-se as conclusões do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2 LEGADOS OCUPACIONAL E EDUCACIONAL E DIFERENÇAS SALARIAIS: 
TEORIAS E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS 
 
2.1 Abordagens Teóricas 
 
 
A escolha de uma profissão não é algo trivial, e passa por uma complexa rede de 
fatores de dimensões individuais e sociais. A escolha ocupacional pode ser influenciada pela 
formação educacional, pelas características do mercado de trabalho, e pelos contextos social, 
político, econômico e cultural. Todos esses fatores irão interferir na opção e na trajetória 
profissional do indivíduo e de sua descendência, potencializados pelo meio familiar, uma 
vez que os desejos e aspirações dos pais e familiares são levados em conta quando os 
indivíduos iniciam sua trajetória no mercado de trabalho. 
Além dos argumentos teóricos associados aos atributos produtivos e não produtivos 
dos indivíduos e às características dos postos de trabalho, que são sustentados pelas teorias 
do capital humano e do mercado dual, o background familiar e social deve ser levado em 
consideração na opção profissional dos indivíduos. Nesse sentido, Becker e Tomes (1979) 
veem um indivíduo não de forma isolada, mas como parte de uma família cujos membros 
abrangem várias gerações. Os membros contribuem para a produção de renda familiar e para 
o cuidado de crianças que continuam a família no futuro. Ainda de acordo com os autores, a 
renda dos filhos pode ser aumentada quando recebem mais capital humano e não humano de 
seus pais. Sua renda também é aumentada pela dotação de determinada raça, talentos e outras 
características determinadas geneticamente, além da reputação e conexões familiares, 
conhecimentos, habilidades e objetivos fornecidos pelo ambiente familiar. Portanto, o futuro 
de um indivíduo está ligado aos pais, não apenas através de investimentos, mas também 
pelas dotações transmitidas pelos pais e/ou por outros membros da família. 
Em linha com Becker e Tomes (1979), Almeida e Melo-Silva (2011) evidenciaram 
o papel dos pais nos processos de escolha profissional dos filhos, iniciados na infância. Essa 
influência pode envolver ações objetivas e práticas, ou mesmo ter os pais como agentes 
financiadores da formação educacional dos filhos. Também existem influências subjetivas, 
como apoio, aprovação ou reprovação das escolhas, expectativas de resultados, cobranças, e 
até mesmo as crenças dos pais sobre o mercado de trabalho, sonhos e projetos que traçam 
para seus filhos. O processo de escolha de uma profissão transcorre de uma complexa rede 
de fatores tanto de dimensões individuais quanto sociais, pois a escolha é influenciada pelo 
meio familiar, formação educacional, característica do mercado de trabalho e, mais 
17 
 
amplamente, do contexto social, político, econômico e cultural. Conjuntamente, todos os 
fatores influenciam a trajetória vocacional do indivíduo. 
Segundo Becker (1993), crianças com os mesmos pais costumam ter rendas 
diferentes porque sua sorte difere, assim como a composição e o nível de investimentos dos 
pais dependem das habilidades, deficiências, sexo e outras características dos filhos. O autor 
presume que as crianças recebem dotações de capital que são determinadas pela reputação e 
conexões de suas famílias, pela contribuição das constituições genéticas dos pais para a 
habilidade, raça e outras características dos filhos, e pela cultura familiar particular. 
Obviamente, as dotações dependem de muitas características dos pais, avós e outros 
membros da família. Os pais são os mais próximos geneticamente dos filhos e, geralmente, 
também são mais próximos ambientalmente, embora avós, tios e tias e até bisavós possam 
ter influência significativa em grupos de parentesco de épocas anteriores. Para Becker 
(1993), as diferenças entre as famílias modernas e as famílias do passado indicam que a 
herdabilidade não é rigidamente determinada por propriedades intrínsecas do processo 
biológico e cultural, mas está parcialmente sujeita ao controle das famílias. Portanto, as 
crianças de famílias bem-sucedidas têm mais probabilidade de ter sucesso em virtude do 
tempo adicional gasto com elas e também de seus dotes superiores de cultura e genes. Ainda 
para o autor, a renda dos filhos está relacionada com a renda e dotação de seus pais, pois tem 
os pais como os financiadores de capital humano que refletiria em maiores ganhos. 
Grawe e Mulligan (2002), em revisão das teorias econômicas de correlações 
intergeracionais, destacam a correlação positiva da educação infantil e renda dos pais, entre 
os mais ricos. Segundo os autores a renda familiar é um fator que contribui para o acúmulo 
da capital humano dos filhos, pois os pais ricos são capazes de financiar investimentos em 
capital humano com sua própria riqueza. Portanto, crianças de famílias mais ricas desfrutam 
de mais capital humano e, consequentemente, terão melhores ocupações e maiores ganhos 
no futuro. 
Em atenção aos atributos pessoais adquiridos, que parte de um arcabouço teórico 
denominado de teoria do capital humano, destacam-se como principais expoentes, Jacob 
Mincer, Theodore W. Schultz e Gary S. Becker. No contexto das desigualdades dos 
rendimentos e ocupações, a teoria do capital humano se desenvolveu tendocomo 
pressupostos o mercado de trabalho contínuo e competitivo, a mão de obra homogênea e a 
existência da perfeita mobilidade ocupacional. Segundo Mincer (1958, 1974), a escolaridade 
e a experiência são determinantes dos rendimentos do trabalhador e da inserção ocupacional, 
cujas diferenças são atribuídas pelas diferenças dos fatores produtivos (capital humano). 
18 
 
Para Schultz (1961), o capital humano não se limita apenas à escolaridade e 
experiência, mas também se relaciona com a saúde, as vestimentas, o vigor físico, a 
motivação, as habilidades manuais e artísticas, a migração entre outros. Para Becker (1962, 
1966), os investimentos em capital humano podem explicar as desigualdades de rendas entre 
as pessoas, pois que a produtividade e os rendimentos de um trabalhador aumentam em 
função da elevação da escolaridade e de suas habilidades adquiridas com a experiência. Para 
o autor há diferentes formas de investimento em capital humano, incluindo o investimento 
em educação, treinamento (on-the-job training), cuidados médicos e aquisição de 
informações do sistema econômico. O investimento em capital humano pode reduzir a 
desigualdade de rendimentos e facilita a inserção ocupacional em melhores empregos 
(BECKER; CHISWICK, 1966). 
Segundo Lima (1980), a teoria do capital humano segue o seguinte raciocínio: as 
pessoas se educam, a educação por sua vez tem como principal efeito mudar as “habilidades” 
e conhecimentos, assim maiores serão suas habilidades cognitivas e maior a produtividade 
e, por fim, uma maior produtividade resultará em maiores rendas para os trabalhadores. 
Portanto, a teoria do capital humano destaca que os salários são determinados por 
características inatas e adquiridas. As características inatas, não produtivas, são aquelas que 
não podem ser alteradas pelo indivíduo, como raça, sexo, origem geográfica, classe social 
entre outras. Características adquiridas, produtivas, são aquelas sobre as quais os indivíduos 
têm a capacidade de escolha de adquiri-las ou não, como investimento em capital humano, 
educação, treinamentos, despesas com saúde etc. 
Lima (1980) destaca uma extensão da teoria do capital humano, que ele chama de 
teoria da socialização. As escolas produzem credenciais ou uma espécie de “sinal” (de 
persistência, determinação etc.) para os demandantes de mão de obra. Os credencialistas 
defendem que as escolas selecionam, filtram, os estudantes de acordo com as suas 
características. Neste sentido, as escolas oferecem credenciais que facilitam a seleção dos 
trabalhadores pelos empregadores. Segundo Spence (1973), as teorias do filtro ou da 
sinalização consideram os diplomas escolares como filtros para os empregadores no 
momento da seleção dos indivíduos. Os certificados representam o possível potencial das 
capacidades dos candidatos, e não um indicador de produtividade, como defende a teoria do 
capital humano. 
De acordo com Becker (1993) a taxa de retorno sobre o capital humano, entretanto, 
é significativamente influenciada pelo sexo, raça, habilidade, idade, alocação de tempo, 
19 
 
origem social e muitas outras características das crianças. Além disso, os investimentos em 
capital humano são geralmente financiados pelos pais (ou autofinanciados). 
As desigualdades pessoais de salários e de inserção também podem ser explicadas 
pela teoria da segmentação ou mercado dual. Essa teoria pressupõe um mercado de trabalho 
competitivo, não contínuo, em que os agentes são heterogêneos, e a mobilidade não é algo 
fácil. Segundo Harrison e Sum (1979) a teoria do mercado dual surgiu nos fim dos anos1960 
e início dos anos 1970 com a crítica sobre os teóricos econômicos ortodoxos, e se organiza 
sob diferentes abordagens que se complementam. 
Uma vertente da explicação é dada por Doeringer e Piore (1970), os quais enfatizam 
as características pessoais e o comportamento dos trabalhadores, o “lado da oferta”, como 
determinantes da segmentação do mercado de trabalho; para os autores são as características 
pessoais dos indivíduos que determinam o tipo de mercado em que eles serão inseridos. 
Empregos com características distintas são associados a diferentes pessoas. 
Características de indivíduos, como raça, sexo, background social, anos de 
escolarização, experiência no emprego, experiência na firma, etc., irão determinar 
na sua gama de oportunidade de trabalho. Sua alocação em um emprego, por sua 
vez, irá condicionar a evolução futura de suas características pessoais (LIMA, 
1980, p.237). 
 
Para Doeringer e Piore (1970), depois que um indivíduo é alocado em um 
determinado segmento, seu salário depende das regras internas do segmento com relação a 
promoções e padrão de remuneração. Nessa abordagem, os trabalhadores são segmentados 
em dois tipos de mercado, o primário e o secundário: o mercado primário, segundo 
Doeringer e Piore (1970) e Lima (1980), é caracterizado por empregos estáveis, salários 
relativamente altos, alta produtividade, progresso técnico, há políticas de promoções por 
competência e por antiguidade dentro das firmas, bem como treinamentos fornecidos pelas 
mesmas (on-the-job training), e normalmente, esses empregos são fornecidos por grandes 
empresas. O mercado secundário por sua vez é caracterizado por alta rotatividade de mão de 
obra, salários baixos, más condições de trabalho, baixa produtividade, estagnação 
tecnológica e níveis relativamente altos de desemprego. As empresas desse segmento 
exigem e propiciam baixo ou nenhum treinamento e, em geral, um mínimo de qualificação 
é necessário. Não há promoções por competência ou antiguidade. As firmas que 
proporcionam esses empregos são pequenas empresas competitivas que operam em um 
mercado restrito de demanda instável e não é fácil o acesso ao capital, e os lucros são baixos 
o que dificulta programas de qualificação de mão de obra e aquisição de tecnologia. 
20 
 
Outro enfoque apresentado por Vietorisz e Harrison (1973) e Lima (1980), é que a 
segmentação também surge pelas diferenças tecnológicas entre as atividades econômicas. 
Os autores segmentam o mercado de trabalho entre atividades econômicas que investem em 
tecnologia e qualificação de mão de obra e atividades intensivas em mão de obra de baixa 
qualificação. Segundo Harrison e Sum (1979) a tecnologia segmenta os postos de trabalho e 
a organização dos trabalhadores. Além disso, as habilidades específicas, grau de instrução 
(escolaridade), raça, sexo entre outras características, são requerimentos à admissão e 
parcialmente avaliadas para a mobilidade dos trabalhadores do secundário na entrada no 
segmento primário. O problema é que muitos trabalhadores são fadados a permanecer no 
mercado secundário devido à imobilidade ocupacional. Para os autores, frequentemente 
atribui-se como maior barreira que exclui os pobres do mercado primário, a sua própria falta 
de motivação no trabalho, ignorando uma importante vertente da teoria do mercado de 
trabalho segmentado, em que a motivação, em particular, e o comportamento do trabalhador, 
em geral, é formado em resposta ao tipo de emprego que está inserido. 
A terceira vertente dessa teoria é apresentada por Lima (1980) a luz dos estudos de 
vários autores, em que as desigualdades salariais decorrem de um processo histórico e da 
existência de diferentes classes sociais que acabam por ocasionar a segmentação do mercado 
de trabalho, destacando a responsabilidade do sistema educacional na manutenção de uma 
relativa imobilidade ocupacional e social intergeração. 
Outra corrente que tenta explicar a inserção ocupacional e as diferenças dos 
rendimentos dos trabalhadores é a teoria da discriminação. Dadas as características 
produtivas dos indivíduos e na ausência de salários compensatórios, a persistência dos hiatos 
salariais é atribuída pela discriminação. Para Becker (1966, 1971) existe discriminação 
econômica contra membros de um grupo sempre que houverpreferências para contratação 
e/ou que os salários pagos sejam menores já descontadas as diferenças pelas habilidades 
individuais. Para Arrow (1971) a discriminação abrange o conceito de que as características 
individuais dos empregados que não estão relacionadas à produtividade também são 
valoradas no mercado de trabalho, como características de raça, etnia e gênero. Phelps 
(1972) destaca que há discriminação estatística, e que essa é oriunda do problema das 
informações imperfeitas do mercado sobre a produtividade e o potencial do empregado e, 
neste caso, o indivíduo é valorado tendo como base a média do grupo que pertence. 
Uma forma que as empresas encontram para acomodar essa discriminação é a 
segregação. Os empregadores contratam apenas homens, brancos ou outras maiorias, para 
funções específicas, ainda que membros de sexo oposto ou etnia diferente tenham o potencial 
21 
 
de desempenhar a mesma função. Segundo Phelps (1972) e Cain (1984), a teoria da 
discriminação estatística que se baseia na tese de que as variáveis que mensuram o potencial 
de produtividade do indivíduo não podem ser conhecidas com total certeza, e como as 
empresas devem contratar, pagar e promover trabalhadores sem perfeito conhecimento sobre 
a sua real produtividade, os empregadores dependem das características demográficas 
observáveis como indicadores da produtividade dos indivíduos. 
Loureiro (2003) expõe que para qualquer indivíduo ofertante de mão de obra, os 
contratantes utilizarão as características como raça ou gênero como critério de seleção em 
sua decisão de contratação e, logo, os trabalhadores são avaliados de acordo com a média 
das características às quais pertencem, bem como dos atributos individuais. 
Apesar das teorias já levantadas, a escolha de uma profissão a qual condicionará 
sua remuneração não é algo trivial. Essa escolha e as expectativas dos indivíduos em relação 
ao seu futuro profissional é um processo contínuo, composto pelas decisões adotadas ao 
longo da vida. Suas capacidades, habilidades e opções profissionais são influenciadas pelo 
convivio familiar (LUCHIARI, 1996; SOBROSA et al., 2015). 
Segundo Almeida e Melo-Silva (2011) a escolha de uma profissão passa por uma 
complexa rede de fatores de dimensões individuais e sociais, é influenciada pelo meio 
familiar, além da formação educacional, características do mercado de trabalho, contexto 
social, político, econômico e cultural. Portanto, todos esses fatores influenciam a trajetória 
profissional do indivíduo. O Quadro 1 apresenta uma sintese das principais teorias 
levantadas. 
Quadro 1 - Síntese das teorias do Background , Capital humano, Credencialista, 
Segmentação e Discriminação “continua” 
Autores Teorias Conclusões 
Becker e Tomes 
(1979) 
Becker (1993) 
Background 
veem o indivíduo não de forma isolada, mas como parte de uma 
família cujos membros abrangem várias gerações. A renda dos 
filhos pode ser aumentada quando recebem mais capital 
humano e não humano de seus pais. 
Grawe e 
Mulligan (2002) 
Background 
em revisão das teorias econômicas de correlações 
intergeracionais, destacam a correlação positiva da educação 
infantil e renda dos pais, entre os mais ricos. 
Luchiari (1996); 
Sobrosa et al. 
(2015) 
Background 
a escolha e as expectativas dos indivíduos em relação ao seu 
futuro profissional é um processo contínuo, composto pelas 
decisões adotadas ao longo da vida. Suas capacidades, 
habilidades e opções profissionais são influenciadas pelo 
convívio familiar. 
Almeida e Melo-
Silva (2011) 
Background 
a escolha de uma profissão passa por uma complexa rede de 
fatores de dimensões individuais e sociais, é influenciada pelo 
meio familiar, além da formação educacional, características do 
mercado de trabalho, contexto social, político, econômico e 
cultural. 
 
 
22 
 
“continuação” 
Mincer (1958) 
Becker (1962) 
Lima (1980) 
Capital 
humano 
a escolaridade e experiência são determinantes dos 
rendimentos do trabalhador e da inserção ocupacional. 
Schultz (1961) 
Capital 
humano 
o capital humano não se limita apenas à escolaridade e 
experiência, mas também se relaciona com a saúde, as 
vestimentas, o vigor físico, a motivação, as habilidades manuais 
e artísticas, a migração entre outros. 
Spence (1973) Credencialista 
as teorias do filtro ou da sinalização consideram os diplomas 
escolares como filtros para os empregadores no momento da 
seleção dos indivíduos. 
Doeringer e 
Piore (1970) 
Segmentação 
enfatizam as características pessoais e o comportamento dos 
trabalhadores, o “lado da oferta”, como determinantes da 
segmentação do mercado de trabalho; para os autores são as 
características pessoais dos indivíduos que determinam o tipo 
de mercado em que eles serão inseridos. 
Vietorisz e 
Harrison (1973) 
Harrison e Sum 
(1979) 
Segmentação 
tecnologia segmenta os postos de trabalho e a organização dos 
trabalhadores. Além disso, as habilidades específicas, grau de 
instrução (escolaridade), raça, sexo entre outras características, 
são requerimentos à admissão e parcialmente avaliadas para a 
mobilidade dos trabalhadores do secundário na entrada no 
segmento primário. 
Becker (1966) 
Arrow (1971) 
Phelps (1972) 
Discriminação 
existe discriminação econômica contra membros de um grupo 
sempre que houver preferências para contratação e/ou que os 
salários pagos sejam menores já descontadas as diferenças 
pelas habilidades individuais. 
Loureiro(2003) Discriminação 
expõe que para qualquer indivíduo ofertante de mão de obra, os 
contratantes utilizarão as características como raça ou gênero 
como critério de seleção em sua decisão de contratação, e logo 
os trabalhadores são avaliados de acordo com a média das 
características dos grupos aos quais pertencem, bem como os 
atributos individuais. 
Fonte: Elaborado pelo autor 
Considerando as teorias expostas, cientistas econômicos nacionais e internacionais, 
estão constantemente elaborando ensaios para tentar explicar ou mensurar tais ideias. 
 
2.2 Evidências empíricas nacionais e internacionais 
Trabalhos empíricos reforçam e comprovam as teorias supracitadas, no que tange à 
inserção ocupacional e remuneração dos trabalhadores, e a mobilidade ou transmissão 
intergeracional das ocupações e da educação dos indivíduos no mercado de trabalho. 
No Brasil é ampla a literatura que utiliza metodologias científicas para identificar 
as características dos indivíduos que determinam a alocação ocupacional e os salários, como 
constam em Cacciamali (1978); Soares (2000); Zuchi e Hoffmann (2004); Cacciamali e 
Hirata (2005); Salvato et al. (2008); Kon (2004, 2011); Souza (2011); Gonçalves e Monte 
(2008, 2011); Casari (2012); Souza e Gomes (2015); e Gomes (2016). 
No que se refere às desigualdades salariais, Soares (2000) estudou os principais 
determinantes dos diferenciais de salários por gênero e cor no Brasil para os anos de 1987 a 
1998, e concluiu que mulheres brancas são mais qualificadas que os homens brancos e estão 
23 
 
inseridas nos mesmos setores e regiões, entretanto, recebem menos que eles, uma diferença 
média de 35%. Cacciamali e Hirata (2005) seguiram o mesmo propósito, com dados para 
São Paulo e Bahia, para 2002. Utilizando o método probit expõem que há a discriminação 
de gênero e cor, pois homens estão em melhor situação que as mulheres, homens não brancos 
estão em uma situação melhor do que a mulher branca. A discriminação contra a mulher é 
maior nos cargos com salários elevados e a situação se agrava para as mulheres negras. Em 
consonância, Salvato et al. (2008), com dados da PNAD, mediram a discriminação nos 
estados da Bahia e Minas Gerais no ano de 2005 e confirmaram que em maiores faixas de 
renda há maior discriminação, sendo mais significativa a discriminação de gênero, com 
maior pesopara homens brancos contra mulheres negras. 
Na década de 1970, Cacciamali (1978) em seu estudo sobre os mercados duais, 
destaca que certas características da mão de obra que preenchem os postos de trabalho, como 
status socioeconômico, idade, escolaridade, sexo e experiência, e acabam por determinar em 
qual tipo de emprego o indivíduo será alocado. Homens de maior escolaridade, experiência 
profissional e alto status socioeconômico obterão os melhores empregos, e os indivíduos 
homens e mulheres menos favorecidos da sociedade atuarão em empregos secundários. 
Zuchi e Hoffmann (2004) vão ao encontro da teoria do mercado dual e apontam que os 
setores econômicos produtivos também desempenham influência na determinação dos 
salários. 
Kon (2004, 2011) destaca que a relevância das características do trabalhador como 
escolaridade, experiência, idade, gênero, raça, entre outras determinam a alocação dos 
indivíduos nos postos de trabalho no mercado primário ou secundário. Em linha com as 
teorias do capital humano e mercado segmentado, Gonçalves e Monte (2011) efetuaram uma 
análise comparativa entre o número de trabalhadores admitidos via primeiro emprego e os 
readmitidos no mercado de trabalho formal na região do Nordeste do Brasil, utilizando dados 
da RAIS/2005. Uma das conclusões foi o baixo percentual de inserção dos jovens, entre 16 
a 24 anos no mercado de trabalho formal, o qual pode ser atribuído à pouca experiência, que 
reflete tanto na probabilidade de inserção quanto na sua remuneração. 
Os achados de Monte, Araújo e Lima (2007) destacam que os trabalhadores que já 
possuem experiência no mercado de trabalho brasileiro, apesar de terem um nível de 
qualificação escolar inferior na comparação com os indivíduos que buscam o primeiro 
emprego, tem as maiores chances de inserção. Com dados da Pesquisa Mensal do Emprego 
de 2000 e 2001, aplicando o modelo logit bivariado, constataram que no mercado de trabalho 
formal a probabilidade de inserção ocupacional é maior para homens em comparação com 
24 
 
as mulheres, os níveis de escolaridade de segundo e terceiro grau apresentaram maior 
probabilidade de ingresso ocupacional. Também em um estudo feito por Casari (2012) para 
os anos de 2004 a 2009, verificou-se que as características do mercado de trabalho interno e 
a diferenciação entre o setor primário e o secundário, de acordo com a teoria da segmentação, 
são observadas no mercado de trabalho brasileiro. Os setores de atividade, as ocupações, 
sindicatos e as condições de trabalho impactam sobre os rendimentos e alocação dos 
trabalhadores. 
Gomes (2016) em seu estudo para as regiões Sul e Nordeste do Brasil, com dados 
da RAIS/2013 e aplicação o modelo logit multinomial para mensurar as probabilidades de 
inserção ocupacional por setores econômicos e as equações mincerianas de determinação de 
salários, mostrou que variáveis como escolaridade e experiência apresentam retornos 
positivos nos salários além de uma maior probabilidade de inserção no mercado de trabalho. 
As características individuais como as dos postos de trabalho e região foram relevantes para 
a inserção e remuneração e, por fim, constatou uma grande discriminação, tanto na inserção 
ocupacional quanto nos rendimentos do trabalho contra mulheres e negros. Também com o 
objetivo de discutir a desigualdade de rendimentos entre as ocupações, com dados das 
PNADs de 2002 e 2012, e identificar a influência da estrutura nos rendimentos e emprego 
no mercado de trabalho brasileiro, Jacobowiski e Cunha (2017) constaram a importância das 
ocupações na explicação da desigualdade na distribuição dos rendimentos. 
Na literatura internacional, Oaxaca (1973); Blinder (1973), Newell e Reilly (1996), 
Maradona e Calderón (1998), Booth et. al (2002), Heinze e Wolf (2006), Card, Cardoso e 
Kline (2013), Cobb-Clark e Tan (2010), Parente et al. (2011) e Murphy e Topel (2016), 
comprovam as diferenças salariais e os ajustes alocativos associados ao capital humano, às 
ocupações e ao gênero no mercado de trabalho internacional. 
Diante das possíveis explicações para as diferenças salariais entre grupos distintos, 
Oaxaca (1973) e Blinder (1973) desenvolveram um método de decomposição de diferenças 
salariais utilizando as equações de determinação de salários. Essa metodologia é exposta 
nos trabalhos realizados pelos autores sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres 
na região urbana dos Estados Unidos em 1967, e ambos concluíram que, mantidas as 
características produtivas, homens e brancos ganhavam mais do que as mulheres e os não 
brancos. A discriminação de rendimentos também é percebida no Reino Unido, no estudo 
das diferenças salariais entre os economistas acadêmicos no Reino Unido, em 1999. Com a 
aplicação de questionários, Booth et al. (2002) concluem que as mulheres são menos 
25 
 
propensas a serem promovidas, recebem salários inferiores, e percebem uma discriminação 
de gênero. 
Com a utilização das equações de determinação de salário e a metodologia 
desenvolvida por Oaxaca, Newell e Reilly (1996) com os dados da Pesquisa de 
Monitoramento Longitudinal Russa (RLMS) para a Rússia, os autores mostram que a 
diferença salarial de gênero para os trabalhadores foi de 30% (contra as mulheres), sendo 
que a maior parte foi atribuída a diferenças de gênero, ao invés de diferenças das 
características produtivas. 
Maradona e Calderón (1998) estimaram equações salariais para homens e mulheres 
em Mendoza para o ano de 1997, utilizando os dados da Encuesta Permanente de Hogares. 
Os resultados apontaram que as diferenças salariais marginais existentes, não são explicadas 
pelos diferentes níveis de escolaridade e experiência (capital humano) ou viés de seleção. 
Nesse caso, os hiatos salariais poderiam ser associados à segmentação do mercado de 
trabalho. Heinze e Wolf (2006), também nas evidências das diferenças de rendimentos entre 
os gêneros dentro das firmas alemãs para o período de 1975 a 2002, argumentam que a 
maioria dos estudos analisa os diferenciais de salários, concentram-se principalmente sobre 
as diferenças nas características dos homens e mulheres e negligenciam o estabelecimento 
como o lugar onde a discriminação surge e é mantida. As empresas desempenham um papel 
importante na criação e manutenção da desigualdade de gênero, pela forma como elas 
definem a contratação e recompensas. 
Cobb-Clark e Tan (2010) vão ao encontro da teoria da segmentação ao examinarem 
se as características não cognitivas das mulheres e homens influenciavam suas habilidades 
ocupacionais na Austrália. Para isso, utilizaram a decomposição de Oaxaca-Blinder e 
confirmaram um efeito significativo das habilidades não cognitivas sobre a probabilidade de 
emprego. Seus resultados também apontam que o mercado de trabalho da Austrália de 2001 
a 2006 é segmentado, além de constatar que mulheres auferem salários inferiores aos dos 
homens mesmo estando empregadas na mesma ocupação. 
Card, Cardoso e Kline (2013) e Parente et al. (2011), em estudos para Portugal, 
constataram a existência de uma associação entre níveis de escolaridade baixos, com 
profissões pouco ou nada qualificadas e rendimentos baixos. Pode-se considerar que, de 
acordo com a teoria da segmentação, indivíduos com baixa escolaridade provavelmente 
serão alocados em setores ou ocupações do tipo secundário. 
Murphy e Topel (2016) apresentam a falta de capital humano qualificado para 
explicar o crescente aumento na desigualdade de rendimentos nos EUA após 1970. Segundo 
26 
 
os autores o aumento dos salários relativos dos trabalhadores mais qualificados reflete o fato 
de que a demanda por mão de obra qualificada ultrapassou o crescimento da oferta de mão 
de obra qualificada. 
Ainda que os estudos supracitados apontem evidências importantes, a escolha da 
profissão do indivíduo é também influenciada pelo background familiar. Luchiari (1996) 
identificou ainfluência na profissão dos pais e dos avós no processo de escolha profissional 
dos filhos. Utilizou como instrumento o levantamento de dados primários e aplicação de 
questionário em unidades agrícolas e constatou que a profissão dos pais é igual a escolha dos 
filhos de 1 para 4 jovens. Em relação à autonomia de escolhas (considerou “autonomia” 
como a escolha diferente aos desejos dos pais) o resultado foi de 1 para 6 jovens 
investigados. 
O percentual de jovens que não segue as ocupações dos pais pode sinalizar maior 
independência ao escolherem sua carreira profissional, porém é importante salientar que, de 
acordo com Luchiari (1986), se os pais realizaram seus projetos de vida em relação a sua 
profissão, seus filhos são mais livres para realizar os seus próprios sonhos. No entanto, se os 
pais não conseguiram por algum motivo realizar a profissão desejada, frequentemente eles 
projetam esse sonho nos filhos para que eles realizem em seu lugar. Portanto, ainda de acordo 
com os autores a profissão do pai é fonte de inspiração profissional dos filhos, que por sua 
vez é determinado pelo nível social alcançado ou que desejariam ter alcançado. Os 
progenitores desejam que os filhos alcancem um nível superior ao seu, assim eles tendem a 
fazer todos os esforços para que seus herdeiros alcancem tal nível. 
Segundo Pero e Szerman (2008), uma fonte de manutenção de desigualdade é a 
transmissão intergeracional de renda, uma vez que filhos de pais com maiores ou menores 
níveis de renda tendem a possuir níveis equivalentes. Dessa forma, essa desigualdade 
poderia ser transmitida pelas gerações além de promover desigualdade relativa de 
oportunidades. Na mesma direção, Carvalho e Taveira (2009) argumentam que a família tem 
sido considerada como o fator de maior influência no processo de escolha das carreiras dos 
filhos. 
Gomes et. al (2020) analisaram a probabilidade condicional clássica dos jovens que 
residem no meio rural atuarem nas mesmas ocupações de seus pais no mercado de trabalho 
brasileiro, a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
Contínua de 2017. Os resultados mostram que a profissão do jovem é marcada pela trajetória 
profissional familiar. Os filhos homens herdam as ocupações do pai, enquanto as filhas 
herdam as ocupações das mães. Filhos, cujos pais e mães exerçam a mesma ocupação, 
27 
 
independente do gênero, tem maior probabilidade de executar a mesma ocupação dos pais, 
mas essa tendência é menor em famílias monoparentais. Os jovens também sofrem 
influência dos pais em relação ao capital humano, que determinará sua ocupação e 
remuneração do trabalho. Quanto mais elevada for a escolaridade dos jovens, maiores as 
chances de seguirem profissões diferentes das exercidas pelos pais. Esses resultados 
confirmam a importância da educação no meio rural, e das políticas de incentivo aos estudos 
dos jovens, o que contribui para uma melhor qualidade de vida das famílias do meio rural. 
Gomes e Cunha (2019) mensuraram as probabilidades de um jovem seguir o legado 
ocupacional dos pais e se esses jovens são remunerados de forma diferente em relação aos 
jovens que optaram por ocupações diferentes a de seus pais. Estimou-se a equação de 
probabilidade do legado ocupacional e as equações salariais com correção do viés de seleção 
amostral e efetuou-se a decomposição salarial, para o Brasil, a partir dos microdados da 
PNADC de 2017. Os resultados apontaram que a família tem forte influência no processo de 
escolha das carreiras dos filhos. A probabilidade média de um jovem seguir o legado 
ocupacional dos pais foi de 39,37%, e esse percentual é diferente segundo grupos diferentes 
dos indivíduos, como residir na área urbano ou rural, ser homem ou mulher. 
Araújo et al. (2019), analisaram como a ocupação dos pais influencia as 
preferências dos filhos no mercado de trabalho brasileiro, utilizando um modelo de escolha 
discreta que incorpora características dos indivíduos e das alternativas do conjunto escolha, 
tendo como base de dados a PNAD/2014. Mostraram que há diferenças consideráveis entre 
os efeitos da mãe e do pai: em diversos casos, filhas têm relativamente alta probabilidade de 
escolher a mesma ocupação mãe, e os filhos, a dos pais. Segundo os autores, quando os 
menos abastados não têm oportunidade de desenvolver suas habilidades, não conseguem 
uma boa colocação no mercado de trabalho e isso se reflete na sua remuneração, 
reproduzindo os mecanismos de desigualdade. 
A ocupaçoes exercidas pelos mais pobres, frequentemente, são ocupações de 
caráter secundário, de acordo com a teoria do mercado dual. Uma vez que no mercado 
primário ou secundário, os herdeiros ocupacionais estariam fadados a pertencer ao mesmo 
mercado que os seus antecessores. Como cita Lima: 
Os hábitos engendrados no trabalho são reproduzidos em casa: o sistema é tal que, 
uma vez que o trabalhador esteja no secundário, tanto ele quanto seus herdeiros 
têm uma probabilidade altíssima de estarem sempre “amarrados” àquele 
segmento. A filtragem discriminatória tende a perpetuar, através de gerações, o 
comportamento típico do mercado de trabalho secundário (LIMA, 1980, p.237). 
 
28 
 
Portanto, jovens de classes socioeconômicas desfavoráveis possivelmente têm 
menores expectativas de sucesso profissional, o que acaba criando um ciclo vicioso de 
pobreza. Esses jovens tornam-se cada vez mais desmotivados na escolha da ocupação 
desejada e aceitam a mais próxima de sua realidade, que frequentemente são ocupações de 
caráter secundário. 
Guimarães, Arraes e Costa (2020) mensuraram o efeito indireto da transmissão da 
renda dos pais sobre a renda dos filhos, levando-se em consideração o nível de escolaridade 
(mediação da educação). Para isso, utiliza o efeito mediação, que captou a magnitude do 
impacto por meio de uma análise contrafactual. Utilizando uma amostra de filhos com idade 
entre 16 e 35 anos que residiam com os pais da PNAD de 2014, os autores encontraram 
indicativos de que o Brasil tem baixo nível de mobilidade de renda, ou seja, filhos de pais 
ricos tendem a receber salários mais altos quando comparados a filhos de pais que tinham 
menores rendas, e essa transmissão de status socioeconômico é mais acentuada nos níveis 
mais elevados de renda. Portanto, o nível de escolaridade dos filhos acompanha o 
crescimento de sua renda. Pais mais ricos podem gerar incentivos para que os filhos 
alcancem níveis de educação mais elevados, o que refletirá em sua renda. Dessa forma, o 
background familiar afeta diretamente a educação dos filhos, proporcionando-lhes níveis 
mais elevados de renda. 
Bousquat e Cohn (2003) no estudo sobre o mapa da juventude de São Paulo no ano 
de 2003, apresentaram que 31,9% dos jovens das regiões mais pobres da cidade estavam 
inseridos no mercado de trabalho, e para os jovens das regiões mais ricas este percentual era 
de 43,6%. Também constataram que indivíduos pobres, em média, apresentam menor 
escolarização do que indivíduos ricos e vão ocupar setores e postos de trabalho que exigem 
pouco capital humano e apresentam baixos rendimentos. Para Carvalho (2004), a baixa 
qualificação dos trabalhadores os condenará a uma miséria permanente e à impossibilidade 
de promover o desenvolvimento nacional. “Ser jovem, pobre, negro, do meio rural ou da 
periferia de uma grande cidade constitui uma experiência de vida marcada pela múltipla 
dificuldade para se alcançar um espaço digno no mundo do trabalho” (CARVALHO, 2004, 
p.12). Portanto, há uma grande probabilidade desse tipo de jovem ser empregado pelo 
mercado de trabalho secundário e ter proventos menores. 
Paim (2007) cita fatores que podem impedir ou dificultar a inserção dos jovens no 
mercado de trabalho, como a experiência, a qualificação requisitada, mas também o local de 
moradia, e questões relativas à aparência dos mesmos, tais como a cor da pele, tipo de cabelo, 
biotipo corporal.Sobrosa et al. (2015) destacam a opinião dos pais sobre o mundo do 
29 
 
trabalho, que é levada em consideração pelos jovens nos seus planos futuros, e a busca do 
equilíbrio entre o que se deseja ser e o que a realidade possibilita, uma vez que, as escolhas 
profissionais envolvem, entre outros fatores, as características pessoais, fatores 
socioeconômicos e a própria realidade do mercado de trabalho. 
O background econômico familiar está também destacado por Moura e Possato 
(2012) e Oliveira, Pinto e Souza (2003). Jovens provenientes de classes socioeconômicas 
menos privilegiadas tendem a apresentar dificuldades para a tomada de decisões sobre a 
ocupação desejada, pois as restrições econômicas podem limitar suas possibilidades, 
aceitando o que estiver mais próximo de sua realidade. 
Esse fato é relevante em um contexto intergeracional, onde as habilidades e os 
recursos das famílias de alta renda geram maior investimento de capital humano em seus 
filhos. Segundo Heckman (2008, p.15), “crianças em lares ricos são banhadas em recursos 
cognitivos e financeiros” que reduzem os custos de aquisição de capital humano. Os recursos 
incluem melhor suporte dos pais, que são mais qualificados, além de recursos financeiros, 
escolas superiores e interações com colegas com vantagens comparáveis. Todos esses fatores 
facilitam o investimento em capital humano. 
A escolha dos jovens, se deve continuar os estudos ou ir para o mercado de trabalho 
é influenciada pelo núcleo familiar, portanto, os pais desempenham um papel importante no 
legado ocupacional passado para os seus herdeiros. Becker (2008) destaca a importância da 
família na acumulação do capital humano, conhecimentos, habilidades, saúde, valores e 
hábitos de seus filhos. Os pais afetam os níveis de escolaridade, a estabilidade conjugal, as 
propensões a fumar e consumir bebidas alcoólicas, as responsabilidades com horário e 
muitas outras dimensões da vida de seus herdeiros. 
Pochmann (2003) destaca que as dificuldades para conseguir trabalho e permanecer 
no mesmo se agravam para jovens de classes menos favorecidas, uma vez que são incitados 
a agarrar a primeira oportunidade de ocupação para obter uma renda que possa contribuir 
para o sustento da família e a própria sobrevivência, o que muitas vezes acaba por 
comprometer a formação escolar e uma maior qualificação profissional, fadando esses 
jovens a empregos secundários. O problema é que muitos trabalhadores são destinados a 
permanecer no mercado secundário devido à imobilidade ocupacional. 
Ferreira e Veloso (2006) também confirmam a evidência de forte persistência de 
salários intergeracional. A probabilidade de um filho de um pai no quintil inferior da 
distribuição salarial mudar para o quintil superior é de apenas 7%, enquanto a probabilidade 
análoga para um filho de um pai no quintil superior é de 43%. Os autores também observam 
30 
 
que a posição ocupacional do filho e educação estão altamente correlacionadas com a 
educação de seu pai. 
Antigo (2010) analisou a mobilidade de rendimentos no Brasil, para os períodos 
anterior e posterior à queda da desigualdade de renda no país. Para isso realizou o exercício 
empírico baseado em um pseudo-painel dinâmico. Utilizou os dados da Pesquisa Nacional 
por Amostra de Domicílios (PNAD), entre 1993 e 2007, e da Pesquisa Mensal de Emprego 
(PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1992 e 2009. Os 
resultados mostram que a queda da desigualdade foi acompanhada por uma maior 
mobilidade ascendente de rendimentos na base da distribuição. As variáveis de educação e 
de salário mínimo têm um papel chave para explicar a mobilidade dos mais pobres. Além 
disso, o autor destaca que as influências intergeracionais dos rendimentos dos filhos podem 
ser movidas por outros aspectos do background familiar e da comunidade. No que tange ao 
background familiar, o talento das crianças pode ser tanto inato quanto herdado de seu pai. 
Internacionalmente, alguns estudos levantam a preocupação com a mobilidade 
intergeracional da renda e da ocupação. Laband e Lentz (1983), Harper e Haq (1997), 
Sjogren (2000), Constant e Zimmermann (2003), Ferreira e Veloso (2006), Tsukahara 
(2007), Shilpi e Emran (2010), Becker et. al (2015), Thijssen e Wolbers (2016), Bello e 
Morchio (2018) encontraram influência dos pais na renda, escolaridade e ocupações dos seus 
descendentes. 
Laband e Lentz (1983) apresentam um modelo de maximização dos valores 
presentes dos rendimentos, com dados provenientes do Student-Parent Socialization Study, 
que contem informações sobre as ocupações dos avôs, pais e filhos dos Estados Unidos em 
1965. Os autores discutem o legado ocupacional incentivado pelas transferências diretas de 
capital humano específico para o trabalho. Filhos que seguem as ocupações dos pais têm um 
diferencial positivo de salários em relação àqueles que não o fazem. Os trabalhadores 
independentes têm maior probabilidade de seguir a ocupação do pai em comparação ao 
trabalho não agricola. O legado é maior para os agricultores que têm aproximadamente nove 
vezes mais chances de seguir os passos de seus pais do que outros trabalhadores 
independentes. Uma característica dessas ocupações é a proximidade da casa com o local de 
trabalho e, portanto, a acessibilidade da criança à ocupação de seu pai. 
Harper e Haq (1997) examinam o papel do contexto familiar, desenvolvimento da 
primeira infância, investimento em capital humano e o mercado de trabalho na determinação 
do nível de realização profissional alcançada por homens jovens. Para isso aplica um modelo 
em painel de efeitos fixos com dados longitudinais extraídos do National Child Development 
31 
 
Study (NCDS), para a Grã-Bretanha. Os autores encontraram evidências de que o contexto 
familiar e o desenvolvimento da primeira infância têm um efeito forte sobre desempenho 
ocupacional dos indivíduos. 
Sjogren (2000) utiliza o modelo logit multinomial a partir de dados do Swedish 
Level of Living Survey de 1991, para verificar se o histórico familiar influencia as escolhas 
ocupacionais dos indivíduos determinando assim sua perspectiva de ganhos na Suécia. 
Sjogren apresenta duas explicações para a correlação dos ganhos intergeracionais. Primeiro, 
o acesso ao investimento ao capital humano, e segundo a herança das habilidades 
influenciadas pelos pais. De acordo com a autora, a capacidade de ganho é parcialmente 
transmitida geneticamente e parcialmente influenciada pela educação, tanto de propósito 
quanto como forma de externalidade do capital humano e das habilidades dos pais. 
Constant e Zimmermann (2003) comparam a escolha ocupacional dos alemães 
nativos e imigrantes. Eles estimam o modelo logit multinomial utilizando os dados do Painel 
Socioeconômico Alemão (GSOEP) de 2001. Os autores encontram evidências de que 
indivíduos herdam seu status social e sua posição na distribuição ocupacional. O contexto 
familiar afeta as escolhas profissionais diretamente através de doações genéticas, conexões 
sociais e riqueza, e indiretamente através da educação. Indivíduos mais instruídos têm maior 
probabilidade de avançar para ocupações que oferecem maiores ganhos e status social. 
Também destacam que os alemães são mais propensos a escolher ocupações semelhantes à 
ocupação de seus pais se eles estão na categoria profissional white collar ou professional 
category. Em contraste, a escolha ocupacional dos imigrantes é mais influenciada pela 
educação de suas mães e não pela ocupação de seus pais. 
Tsukahara (2007) utiliza o logit multinomial e dados individuais da Keio Household 
Panel Survey (KHPS) do ano de 2004 para investigar o efeito da ocupação do pai e de sua 
escolaridade na escolha ocupacional das crianças no Japão. Os resultados estimados sugerem 
que as crianças tendem a escolher a mesma ocupação de seus pais. Essa predisposição é mais 
evidente para os filhos.

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