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3- MODALIDADES DA OBRIGAÇÃO - DEVER DE DAR

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MODALIDADES DA OBRIGAÇÃO / DEVER DE DAR
Dever de dar coisa certa (restituir)
A obrigação de dar coisa certa tem por objeto a entrega de um bem plenamente individualizado. Isto é, abrange os acessórios desta, embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso (princípio da gravitação jurídica = o acessório segue o bem principal). 
Pertenças não são acessórios (tratores e gado), mas construções e plantações, sim (art. 91 CC).
A coisa tem gênero, quantidade e/ou qualidade definidos (João deve dar o cavalo preto de sua fazenda).
Melhoramento da coisa certa
Até a tradição, pertence ao devedor a coisa, juntamente com as melhorias e acréscimos que fizer até a entrega do bem, as quais pode dar, pagar ou exigir o valor a mais ao credor.
Perda do objeto na obrigação de dar coisa certa
Antes da tradição, se houver perecimento (perda total), sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação, tendo o devedor que devolver o dinheiro ao credor ou não pagará nada. Quando o perecimento se dá por culpa do devedor, o credor poderá exigir o equivalente ao valor pago mais perdas e danos.
Antes da tradição, quando há deterioração (perda parcial), sem culpa do devedor, o credor poderá escolher entre resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Quando a deterioração se dá por culpa do devedor, o credor escolherá entre exigir o equivalente mais perdas e danos ou aceitar a coisa, 
abatido de seu preço o valor que se perdeu mais perdas e danos.
Depois da tradição, caso a coisa pereça ou se deteriore, ela se perde para o seu dono - atual proprietário (res perit domínio) -, mas há exceções como no caso de evicção (perda do bem em razão de uma sentença judicial, alheia à relação obrigacional, que atribui a terceiro os direitos sobre o bem que já lhe era devido antes da celebração do negócio jurídico) e vícios redibitórios (vício oculto).
Obs culpa em sentido lato sensu (amplo) = negligência, imperícia… / culpa em sentido stricto sensu (estrito) = com dolo.
Dever de dar coisa incerta
Nessa obrigação, o bem não é individualizado, mas deve ser indicado, ao menos, pelo gênero e quantidade, mas também pode ser indicado pela qualidade (deve dar uma vaca branca – não especificou qual das vacas). 
O estado de incerteza da coisa, que existe no momento da formação da relação obrigacional, tem que se encerrar antes da sua execução, sob pena de o devedor não saber como a cumprir (João deve escolher uma de suas vacas).
Escolha da coisa
A escolha da coisa incerta denomina-se concentração ou especificação. A obrigação se torna de dar coisa certa quando o credor tem ciência da escolha do devedor. No entanto, o devedor não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a dar a coisa melhor. O devedor tem tal função de facilitar o adimplemento.
Caso as partes tenham estipulado que o credor escolherá a coisa, tem-se 2 opções. A primeira é que o credor não poderá escolher a coisa mais valiosa e nem ser compelido a receber a coisa menos valiosa (princípio da equivalência das prestações). Já a segunda é é que o credor pode escolher a coisa que quiser, inclusive a mais valiosa (liberdade ampla do credor, diante da autonomia privada das partes).
Perda do objeto na obrigação de dar coisa incerta 
Antes da tradição, visto que o gênero não perece (genus non perit), o devedor continuará obrigado (como a coisa é incerta, ele deverá escolher outra). No entanto, o art. 246 especifica que essa regra não se aplica nas hipóteses de gênero limitado, sendo aplicadas as regras da obrigação de coisa certa (se todas as vacas do meu rebanho morrerem). 
Depois da tradição, visto que, para que haja tradição da coisa incerta, ela já se tornou coisa certa, aplicam-se as regras de dar coisa certa (no caso, a coisa já pertence ao seu dono atual).
Tutela específica nas obrigações de dar / restituir
Tutela específica significa compelir judicialmente o devedor a cumprir suas obrigações. Se a prestação é possível de ser realizada, mas o devedor se recusa a cumpri-la, o credor pode exigir a entrega/restituição da coisa, além das perdas e danos.
Perda do objeto na obrigação de restituir
Antes da devolução da coisa, se houver perecimento sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação, já com a culpa do devedor, o credor pode exigir o equivalente mais perdas e danos.
Quando ocorre a deterioração sem culpa do devedor, o credor receberá a coisa no estado em que se encontra. Quando houver culpa do devedor, o credor receberá a coisa mais perdas e danos.
Após a devolução, a coisa perece ao seu dono.

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