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Apostila-Completa-Zoologia-dos-Vertebrados

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZOOLOGIA DOS VERTEBRADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4 
2 ANIMAIS VERTEBRADOS ......................................................................................... 5 
2.1 Origem e evolução ........................................................................................................ 5 
2.2 Características gerais................................................................................................... 7 
3 CLASSE REPTILIA ....................................................................................................11 
3.1 Origem, evolução e classificação .............................................................................11 
3.2 Características Gerais e Distribuição Geográfica ..................................................15 
3.3 Biologia de Répteis .....................................................................................................20 
3.4 Reconhecimento de Serpentes ................................................................................24 
4 AVES ............................................................................................................................28 
4.1 Características gerais e adaptativas, morfofisiologia, reprodução e ecologia ..28 
4.2 Reprodução em aves .................................................................................................35 
4.3 Ecologia das aves .......................................................................................................38 
5 RÉPTEIS E AVES DE IMPORTÂNCIA NA AGRICULTURA ..............................40 
6 MAMÍFEROS ...............................................................................................................44 
6.1 Origem, evolução e classificação .............................................................................44 
6.2 Classificação ................................................................................................................45 
6.3 Características Gerais ................................................................................................47 
6.4 Tegumento Mamaliano ..............................................................................................50 
6.5 Alimento e Alimentação .............................................................................................53 
6.6 Evolução Humana.......................................................................................................56 
 
3 
 
 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................59 
7.1 Bibliografia básica .......................................................................................................59 
7.2 Bibliografia complementar .........................................................................................59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O grupo educacional Faveni, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, 
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. 
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão 
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo 
hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, 
porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 ANIMAIS VERTEBRADOS 
2.1 Origem e evolução 
A compreensão dos princípios e processos evolutivos é essencial para a 
compreensão da diversidade dos vertebrados, já que está diversidade é o resultado 
direto da evolução. Atualmente, existem 54.000 espécies de vertebrados viventes 
que variam em tamanho desde um grama a mais de 100.000 quilos e vivem em 
habitats que vão do fundo dos oceanos ao topo das montanhas. Esta diversidade é 
produto do intrigante e complexo processo evolutivo. Os rumos da evolução dos 
vertebrados têm sido em grande parte, moldados pela deriva continental, teoria 
segundo a qual massas continentais têm se deslocado na superfície da Terra. 
Compreender está diversidade requer um conhecimento da filogenia dos 
vertebrados, e também de quando, onde e sob quais condições cada grupo se 
originou. 
Os primeiros vertebrados apareceram no registro fóssil durante o Paleozoico 
inferior, período em que os continentes estavam fragmentados. Há cerca de 300 
milhões de anos, os continentes eram unidos e formavam um único grande 
continente chamado Pangeia, o qual começou a fragmentar-se para o norte dando 
origem aos continentes atuais. Este padrão de fragmentação - coalescência - 
resultou no isolamento dos grandes grupos de vertebrados em uma base mundial. 
Em escala continental, o avanço e a retração de geleiras durante o Pleistoceno 
fizeram com que habitats homogêneos se dividissem e fundissem repetidamente, 
isolando populações de espécies amplamente distribuídas, levando à evolução de 
novas espécies. (STORER, 2003) 
 Este período extremamente longo de condições climáticas constantes 
promoveu grande produtividade e favoreceu o surgimento de muitas formas de vida. 
A tabela abaixo nos ajuda a visualizarmos melhor a subdivisão do tempo, desde as 
origens da Terra (aproximadamente de 4,6 bilhões de anos), até os nossos dias, 
usando fenômenos geológicos (Deriva Continental, Glaciações, etc.) e biológicos 
para caracterizar os diferentes intervalos. 
 
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Fonte: www. Adaptada de ISMAELJS (2013). 
 
Fonte: www. Adaptada de ISMAELJS (2013). 
 
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Segundo Papavero (1994), a nomenclatura utilizada para nomear 
cientificamente as espécies dos seres vivos é a binominal, formalizada por Carolus 
Linnaeus, um naturalista sueco do século XVIII. Chama-se binominal porque o nome 
de cada espécie é formado por duas palavras, o nome do gênero e o restritivo 
específico, normalmente um adjetivo que qualifica o gênero. O nome relativo ao 
gênero deve ser um substantivo simples ou composto, escrito com inicial maiúscula. 
O nome relativo à espécie deve ser um adjetivo escrito com inicial 
minúscula. Classificar os vertebrados é uma tarefa extremamente difícil, pois levam 
em consideração as relações evolutivas entre as espécies incorporando 
informações filogenéticas. 
Todos os métodos de classificação dos organismos são baseados nas 
similaridades das espécies e na conservação de caracteres ancestrais que não dão 
informações necessárias sobre as linhagens evolutivas. A aplicação desses 
princípios produz grupos zoológicos que podem refletir a história evolutiva tão 
apuradamente quanto se possa discerni-los e constituir a base para a formulação 
de hipóteses sobre a evolução. Como vimos à diversidade dos vertebrados é 
imensa. Porém, é importante lembrarmos que o homem tem sido o grande 
responsável pelo declínio na diversidade de vertebrados (e de outras formas de 
vida). As principais ameaças para a sobrevivência continuada de espécies de 
vertebrados incluem a destruição de habitats, poluição e caça. Assim, o 
conhecimento sobre vertebrados é essencial para a conservação da biodiversidadedo nosso planeta. 
2.2 Características gerais 
Dentro do grupo dos vertebrados, existem diversos tipos de animais com 
características peculiares que os difere uns dos outros. No entanto, todos 
compartilham uma mesma característica: a de cordados-vertebrados. Compartilhar 
as mesmas características significa que as espécies pertencentes ao grupo, 
evoluíram a partir de um ancestral e algumas destas características são: 
 
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 Endoesqueleto: cartilaginoso ou ósseo consiste no crânio, na coluna 
vertebral e em dois pares de membros, embora alguns grupos como as cobras e as 
baleias, os membros estejam ausentes ou apenas na forma vestigial. O esqueleto 
dá suporte ao organismo durante o crescimento e, por essa razão, a maioria dos 
vertebrados são de maiores dimensões que os invertebrados. 
Segundo Pough (1999), os vertebrados também já foram anteriormente 
chamados de Craniata devido ao fato do crânio e o encéfalo tripartido, ter evoluído 
antes da coluna vertebral. Existem dez sistemas de órgãos que estão envolvidos 
nas funções vitais de todos os vertebrados que formam a morfologia fundamental 
dos vertebrados. 
São eles: 
 
 Sistema Tegumentar: Auxilia na proteção contra injúrias, na 
prevenção da perda de água e consequentes efeitos nos tecidos. 
Participa na regulação e troca de matéria e energia entre o 
organismo e o ambiente. Os órgãos sensoriais são, em parte, 
derivados do tegumento. A visão nos vertebrados passa a ser bi 
ocular, o que possibilita a noção de profundidade. 
 Sistema Esquelético: Proporciona um local de inserção para 
músculos e tendões, recobre e protege órgãos vitais e armazena 
mineral. 
 Sistema Muscular: Permite o movimento do corpo e suas partes, é 
responsável pela manutenção da postura e dos transportes internos 
(movimento dos alimentos através do trato digestório, de sangue nos 
vasos, da bile e vesícula biliar, de urina e dos rins, de fezes do canal 
alimentar). Responsável também pelos ajustes homeostáticos (como 
abertura das pupilas, vasos sanguíneos e do ânus). 
 Sistema Digestório: Captura e desintegração físico-química do 
alimento, absorção, desintoxicação, armazenamento e liberação 
controlada dos produtos da digestão e do metabolismo. 
 
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 Sistema Circulatório: Transporte, formação e armazenamento de 
células sanguíneas, transporte de oxigênio e de materiais para 
dentro e fora das células, defesa e funções imunogênicas. Surge um 
coração com pelo menos três câmaras. O seio venoso agora fica fora 
do coração e há a presença de hemoglobina no sangue e de válvulas 
no coração que impedem o refluxo sanguíneo. 
 Sistema Respiratório: Troca de gases entre o organismo e o seu 
ambiente (água ou ar). 
 Sistema Excretor: Excreção de produtos tóxicos e resíduos de 
metabolismo, manutenção de um equilíbrio apropriado de água, 
manutenção de concentrações apropriadas de sais e demais 
substâncias no sangue, manutenção de um adequado equilíbrio 
ácido-base nos fluidos corpóreos 
 Sistema Reprodutor: Responsável pela produção de novos 
indivíduos da mesma variedade biológica e produção de hormônios. 
 Sistema Endócrino: Regulação das atividades do corpo através de 
substâncias químicas (hormônios) transportadas pelo sangue 
 Sistema Nervoso: Surgem os neurônios que permitem resposta 
rápida (POUGH,1999). 
 
Não há registro fossilífero intermediários entre os vertebrados antigos 
conhecidos, o que faz com que evidências indiretas sejam usadas para se inferir as 
relações evolutivas entre vertebrados e outros animais. A maioria dos grupos de 
invertebrados já foi classificada como antecessores dos vertebrados. Isso porque o 
vertebrado ancestral não é muito diferente de invertebrados superiores, como os 
moluscos, anelídeos e artrópodes. A simetria de um ancestral hipotético seria 
bilateral com extremidades definidas em cabeça e cauda. A organização interna 
seria de um tubo dentro de um tudo, com os órgãos principais acomodados dentro 
de uma cavidade do corpo, conhecida como celoma. (BRUSCA, 2007) 
 
 
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Fonte: www.mundoeducacao.com.br 
 
A hipótese mais provável admite que a evolução dos cordados ocorra a partir 
dos equinodermos, uma vez que suas formas larvais são extremamente parecidas. 
Além disso, tanto os equinodermos como os cordados são deuterostomados, isto é, 
forma boca que se forma por meio de uma invaginação ectodérmica (HICKMAN, 
2004) 
Acredita-se que o ancestral dos echinodermatas, chordata e filos 
relacionados foi um organismo com fase adulta séssil ou semiséssil e fase larval 
capaz de dispersão. Em 1928, W. Garstang propôs uma teoria onde defendeu a 
ideia de que o ancestral dos cordados seria realmente um animal de vida séssil ou 
semiséssil com aparelho externo de coleta de alimento (chamado lofóforo). A larva 
seria ciliada e bilateralmente simétrica. É esta teoria é a mais aceita no meio 
científico. Muitas outras hipóteses já foram propostas e não existe uma resposta 
definitiva. O que podemos aprender a partir das várias filogenias propostas para as 
origens dos vertebrados é a importância de se combinar uma ampla variedade de 
fontes de informação. É crucial que qualquer filogenia seja baseada no maior 
número possível de evidências e a biologia fornece recursos para tanto em suas 
diversas áreas: embriologia, biologia molecular, morfologia, fisiologia, química, 
 
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histologia, técnicas modernas de classificação e paleontologia. Retrocedendo na 
história evolutiva, os cordados são mais aparentados aos echinodermata e certos 
grupos de lofoforados que em relação a qualquer outro filo de invertebrados. Os 
primeiros animais que podem ser chamados de vertebrados provavelmente 
evoluíram nos mares do cambriano. Embora esta sequência de eventos não 
constitua a história comprovada das origens dos vertebrados, ela é um bom 
exemplo de como os biólogos elaboram hipóteses evolutivas a partir de estudos 
comparados de animais fósseis e atuais. 
 
3 CLASSE REPTILIA 
3.1 ORIGEM, EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 
Segundo Papavero (1994), a era mesozoica é frequentemente chamada de 
a Era dos Répteis. Os répteis surgiram a partir de ancestrais anfíbios. Hoje são 
conhecidas por volta de 6.000 espécies viventes que incluem os lagartos, serpentes, 
tartarugas, jabutis, crocodilos, jacarés e a tuatara da Nova Zelândia. Das 16 ordens 
conhecidas, apenas quatro sobreviveram à extinção dos dinossauros. Os répteis 
têm sua origem datada do final do Carbonífero. Sua evolução coincidiu com a 
grande expansão dos insetos alados e com o aumento em quantidade e diversidade 
de espécies vegetais terrestres. 
Acredita-se que os primeiros répteis eram de pequeno porte, semelhantes, 
quanto à forma, a um lagarto. Os répteis constituem o primeiro grupo de vertebrados 
adaptados à vida em lugares secos. A pele, antes fina e úmida dos anfíbios, agora, 
nos répteis, é seca e córnea. As escamas presentes resistem à perda de umidade 
do corpo facilitando a vida em terra num ambiente seco. Uma característica 
extremamente importante da classe Reptilia é o surgimento do ovo amniótico. O ovo 
possui uma casca dura externa que impede a dissecação do embrião e um conjunto 
de membranas que protegem o embrião em desenvolvimento, permitindo as trocas 
 
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gasosas com o meio. A albumina confere proteção mecânica e constitui um 
reservatório de água e proteína. 
O vitelo fornece energia necessária ao desenvolvimento do embrião. As 
membranas são: o córion, que rodeia o embrião, âmnion, que é um saco que 
circunda o embrião que está imerso no líquido amniótico e a alantoína, uma 
membrana entre o córion e o âmnion que armazena os produtos do metabolismo do 
embrião. Os embriões dos répteis, aves e mamíferos se desenvolvem dentro do 
âmnion. Deste modo, diferentemente dos anfíbios, os répteis não dependem mais 
da água ou de ambientes úmidos para sobreviverem. Os vestígios dos répteis maisprimitivos foram encontrados no início do Carbonífero Superior em troncos de 
árvores fósseis. Os répteis arcaicos são designados de Anapsideos (subclasse 
Anésia). 
Neste tempo geológico, já havia vestígios dos répteis de uma linhagem 
precursora que viria a originar os mamíferos no Triásico (subclasse Sinapsida). A 
subclasse Diapsida reúne a maior parte dos répteis vivos e extintos. No final do 
Triássico, os Sinapsídeos já haviam desaparecido e as duas grandes linhagens dos 
Diapsídeos começaram a prosperar e a diversificar-se. O primeiro grupo inclui a 
maioria dos répteis hoje vivos, as tuataras, os lagartos, serpentes e as cobras-de-
duas-cabeças. O segundo, dos Arcossauros, inclui os já extintos dinossauros e os 
crocodilos, únicos representantes atuais dessa linhagem. Os quelônios 
(representados pelas tartarugas) possuem características únicas, o que faz supor 
que tenham se separado dos répteis primitivos no início da evolução dos répteis. 
De qualquer modo, as tartarugas ainda são inclusas na subclasse dos Anapsídeos, 
a parda maior parte dos répteis conhecidos primitivos. Os répteis atuais são 
representados por quatro ordens: Testudinata, Crocodilia, Rhyncocephalia e 
Squamata (POUGH, 1999). 
 
 ORDEM TESTUDINATA 
O grupo tem cerca de 300 espécies e é formado pelas tartarugas marinhas e 
de água doce, pelos cágados, que vivem em água doce, e os jabutis, que vivem em 
terra firme. O casco é o caráter distintivo do grupo. São duas conchas ósseas, uma 
 
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carapaça dorsal e um plastrão ventral ligados lateralmente. As tartarugas são tão 
especializadas que nenhum estado de caráter intermediário que as ligue aos outros 
vertebrados pode ser identificado. O pescoço é retrátil (com exceção das tartarugas 
marinhas) e os dentes ausentes. As mandíbulas são bem desenvolvidas e a língua 
não é extensível. Os testudinatas têm vida longa, os jovens não atingem a 
maturidade antes dos sete anos de idade e os adultos podem viver até 14 anos ou 
mais. 
 
 ORDEM CROCODILIA 
É a ordem de répteis que inclui os crocodilos, jacarés e o gavial. São os 
maiores vertebrados que habitam a Terra e são conhecidas 23 espécies. O corpo 
destes animais é longo e a cabeça é comprida e grande. Possuem mandíbulas e 
maxilas poderosas com numerosos dentes cônicos. Os dedos têm garras e entre 
eles há uma membrana natatória que auxilia o deslocamento na água. Todos têm 
algumas características em comum, como poderosas mandíbulas e pele grossa, 
mas a principal característica que os difere das demais ordens é a presença de um 
coração com quatro câmaras. Os crocodilos habitam rios e lagos de água doce. 
Poucas espécies vivem no mar. São considerados animais semiaquáticos, pois 
quando não estão dentro da água estão próximos a ela. Os filhotes começam a 
vocalizar antes de terem emergidos completamente dos ovos. As vocalizações são 
intensas e estimulam um ou ambos os pais a escavar o ninho, usando as patas e 
maxilas, para retirar os filhotes. Os crocodilos jovens permanecem perto da mãe por 
um período considerável dois anos para o jacaré americano. Mas não são 
dependentes dos pais para a nutrição, os filhotes são capazes obter o próprio 
alimento logo após terem eclodido do ovo. (HILDEBRAND, 2006). 
 
 ORDEM RHYNCHOCEPHALIA 
Essa ordem reúne apenas duas espécies restritas à Nova Zelândia, 
conhecidas como tuataras. O nome tuatara quer dizer espinho no dorso (possuem 
uma fileira mediano dorsal de espinhos baixos) e é considerada uma espécie 
ameaçada. As tuataras apresentam características mistas entre lagartos, tartarugas 
 
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e aves. São terrestres e habitantes de regiões frias por não suportarem 
temperaturas acima dos 27ºC. Os adultos são noturnos e os jovens diurnos, por 
serem uma das presas favoritas das tuataras adultas. Podem chegar aos cem anos 
de vida e crescem continuamente até aos 35 anos de vida. 
 
 ORDEM SQUAMATA 
 
Representada pelos lagartos, serpentes e cobras-de-duas-cabeças. Cerca 
de 95% dos répteis atuais pertencem aos Squamata, sendo 98% cobras e lagartos. 
Possuem pele com escamas ou placas epidérmicas córneas. Os lagartos pertencem 
à subordem Lacertilia. São conhecidas por volta de 3.300 espécies que variam em 
tamanho desde as diminutas lagartixas, com apenas 3 cm de comprimento, até o 
dragão-de-Komodo, que na maturidade atinge cerca de 3 m de comprimento. Cerca 
de 80% dos lagartos pesam, quando adultos, menos de 20 gramas e a grande 
maioria alimenta-se de insetos. Possuem quatro patas, pálpebras nos olhos, e 
ouvidos externos. Alguns tipos de lagarto são capazes de regenerar patas 
perdidas. Muitas espécies são arborícolas e as mais especializadas são 
frequentemente achatadas lateralmente. O registro fóssil dos Squamatas é 
bastante incompleto durante a metade do Mesozoico. Os principais grupos de 
lagartos provavelmente divergiram por volta do final do Jurássico. A mais antiga 
serpente conhecida é do Cretáceo superior. As cobras-de-duas-cabeças são 
conhecidas do Paleoceno, mas provavelmente originaram-se mais cedo. 
(PAPAVERO, 1994). 
 
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Fonte: www.animais.culturamix.com.br 
 
As serpentes pertencem à subordem Ophidia 
 
As cobras apresentam corpo longo e são desprovidas de pernas, pés, 
abertura dos ouvidos e bexiga urinária. Possuem olhos que não se movem, cobertos 
por escamas transparentes e sem pálpebras; A língua é delgada, bífida e protrátil. 
Os dentes são delgados e cônicos e estão presentes na mandíbula, maxilas e no 
teto da boca. As cobras-de-duas-cabeças pertencem à subordem Amphisbaenia. O 
nome cobra-de-duas-cabeças foi dado a estes animais por terem a cauda 
arredondada, mais ou menos no mesmo formato da cabeça. Os olhos são bem 
pequenos e ficam cobertos por uma pele sendo praticamente imperceptíveis ao 
observador, por isso são também chamadas de cobras-cegas. (BRUSCA, 2007) 
3.2 Características Gerais e Distribuição Geográfica 
Segundo Storer (2003), os répteis desenvolveram uma série de 
características fundamentais para que pudessem habitar superfícies mais secas e 
até mesmo áridas. Entretanto, por serem animais ectotérmicos (como os peixes e 
anfíbios), isto é, a temperatura do corpo acompanha a do meio ambiente, os répteis 
 
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habitam preferencialmente lugares quentes, não sobrevivendo em ambientes de 
baixas temperaturas. Por esta razão, são muito comuns em regiões tropicais e 
subtropicais da África, Ásia, Austrália e Américas, onde temperaturas mais altas e 
a grande oferta de alimento lhes permitem desenvolver-se. 
 
 Pele 
 
A pele dos répteis é seca e córnea, desprovida de glândulas mucosas. É 
revestida por um escudo, nas tartarugas, por placas ósseas, nos crocodilos, ou 
ainda por escamas, nas serpentes. Esse tipo de proteção é extremamente 
importante, pois evita que o animal perca água para o meio externo, facilitando sua 
vida em lugares secos. A impermeabilização da pele é conseguida graças à 
epiderme que produz intensamente queratina. Nas serpentes e nos lagartos a pele 
muda em intervalos regulares. Antes da muda, as células da epiderme produzem 
nova cutícula sob a anterior. A pele revestida de placas ósseas dos crocodilos 
funciona como uma armadura ou exoesqueleto, que cresce junto com ele, sem ser 
trocado. 
 
 Sistema Esquelético 
 
A ossificação do crânio dos répteis é maior do que a dos anfíbios. O 
esqueleto é bem ossificado e a articulação esqueleto à coluna vertebral é feita por 
um só côndilo occipital. As tartarugas não possuem dentes, mas apresentam um 
bico córneo. Em todos os demais répteis, os dentes estão presentes (STORER, 
2003). 
 
 Sistema Muscular 
 
A maioria dos répteis é capaz de realizar movimentos maiores da coluna 
vertebral. Os membros desenvolvem-se se adaptando à locomoção num meio 
terrestre. Geralmente, possuem dois pares de membros, cada um com cinco dedos 
e unhas córneas, adaptados para correr, trepare rastejar. As cobras não têm 
 
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membros e cinturas, mas movem-se ou nadam com desenvoltura por ondulações 
laterais do tronco e cauda. 
 
 Sistema Circulatório 
 
O sistema circulatório é mais eficiente do que o dos anfíbios. O coração da 
maioria dos répteis apresenta um sínus, dois átrios e dois ventrículos 
incompletamente separados, salvo nos crocodilianos em que a separação é 
completa. A circulação dos répteis é dupla e incompleta, como nos seus ancestrais, 
os anfíbios. Dentro do coração, os dois tipos de sangue (oxigenado e desoxigenado) 
não se misturam, mas ocorre alguma mistura em outras partes do sistema 
circulatório. Os répteis possuem hemácias elípticas e nucleadas. 
 
 Sistema Digestivo 
 
Os répteis apresentam boca com dentes (exceto nas tartarugas), língua 
protrátil bem desenvolvida nos lagartos e cobras e não estendida nos crocodilianos 
e tartarugas, esôfago bem dilatado, estômago (com moela, nos crocodilianos), 
intestino delgado e grosso, terminando em cloaca. Apresentam ainda glândulas 
salivares, fígado e pâncreas. Os répteis terrestres possuem glândulas orais 
desenvolvidas que auxiliam a umedecer o alimento seco a fim de reduzir a fricção 
durante a deglutição. Estas glândulas orais incluem as glândulas palatinas, as 
labiais, as linguais e as sublinguais. As glândulas venenosas dos répteis originam-
se destas glândulas orais. De um modo geral, os répteis se alimentam poucas 
vezes, mas quando o fazem, ingerem grande quantidade de alimento. Possuem 
digestão lenta e seu suco digestivo é forte, digerindo até os ossos de suas presas. 
Os répteis podem ser herbívoros ou carnívoros. (STORER, 2003) 
 
 Sistema Respiratório 
 
A respiração é exclusivamente pulmonar. Os pulmões são mais complexos e 
eficientes nas trocas gasosas do que o dos anfíbios, pois possuem um maior 
 
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número de câmaras internas e alvéolos. Nas cobras, o pulmão direito é atrofiado. 
Podem ocorrer sacos aéreos em conexão com os pulmões, funcionando como 
reserva de ar, durante a deglutição, evitando uma interrupção na respiração. Nos 
répteis em geral, a respiração consiste numa verdadeira inspiração e expiração, em 
consequência da dilatação do tórax por movimento das costelas. Nas tartarugas, 
onde não existe a possibilidade de expansão do corpo, a inspiração ocorre pelos 
movimentos do pescoço. Nos quelônios aquáticos, há uma respiração auxiliar, feita 
por meio de sacos cloacais, daí a razão da tartaruga poder permanecer bastante 
tempo debaixo da água. 
 
 Sistema Excretor 
 
Os rins funcionais dos répteis, como os das aves e mamíferos, são do tipo 
metanefricos. Não há bexiga nos ofídeos e crocodilianos. O produto final da 
excreção é o ácido úrico, cujo grau de toxicidade é menor que o da amônia e ureia. 
Nos quelônios aquáticos, a excreção é uma mistura de ureia e ácido 
úrico. Lembremos que a excreção do ácido úrico está relacionada ao 
desenvolvimento do ovo com casca, onde os excretas nitrogenados do embrião 
devem ficar armazenados de forma a não o intoxicar, a não ocupar muito espaço 
interno e não utilizar muito água que é escassa. A transformação dos excretas em 
ácido úrico diminui a toxidez e permite o armazenamento temporário na vesícula 
extraembrionária chamada alantoide, que como os outros anexos embrionários, é 
descartável no final do desenvolvimento. O aparecimento de um sistema excretor 
mais eficiente, provavelmente, se deu para satisfazer as exigências impostas pela 
maior atividade metabólica destes animais. (STORER, 2003) 
 
 Sistema Nervoso 
 
Pela primeira vez nos vertebrados, aparecem 12 pares de nervos cranianos. 
Nos répteis também ocorre a mudança do centro nervoso: do encéfalo médio para 
 
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o cérebro. Isto ocorre porque os hemisférios cerebrais aumentam em tamanho a 
partir dos répteis, aumentando o número de células nervosas também. 
 
 Sistema Reprodutor 
 
Os répteis são animais de sexos separados (a jararacailhoa, uma exceção, 
é hermafrodita). Possuem fecundação interna e desenvolvimento direto. A maioria 
dos répteis é ovípara e esconde seus ovos no solo, areia, leito de folhas, onde o 
calor do ambiente ajuda a incubá-los, buracos em madeiras ou paredes. O 
desenvolvimento embrionário ocorre inteiramente no interior de um ovo dotado de 
casca protetora, calcária porosa, que permite a ocorrência de trocas 
gasosas. Algumas espécies de cobras e lagartos retêm seus ovos no oviduto, onde 
os embriões se desenvolvem usando a reserva vitelínica; são, portanto, 
ovovivíparos. O genital masculino apresenta um par de testículos, epidídimo, 
canais deferentes e órgão copulador: pênis nas tartarugas e nos crocodilos; hemi-
pênis em cobras e lagartos. O genital feminino apresenta um par de ovários e 
ovidutos, formando o útero. (STORER, 2003) 
 
 Órgãos dos Sentidos 
 
A partir dos répteis, há uma inovação no mecanismo de acomodação focal. 
Nos vertebrados inferiores, a acomodação da visão (perto/longe) é realizada 
através do movimento do cristalino para frente e para trás. Nos répteis e demais 
amniotas, a acomodação é efetuada não pelo movimento do cristalino, mas sim pela 
mudança de sua forma (curvatura de sua superfície). Quando o cristalino está em 
repouso, o animal enxerga de longe. Quando em compressão, enxerga de perto. A 
compressão é realizada pelos músculos do corpo ciliar que por distenção 
comprimem o cristalino tornando maior a sua curvatura e, assim, possibilitando a 
visão de perto. Nas tuataras e em muitos lagartos, encontra-se o olho pineal (ou 
olho parietal) com componentes em forma de lente e retina. A função do olho pienal 
permanece obscura. Há evidência, contudo, que, nos lagartos, ele registre 
 
20 
 
 
radiações solares e, via secreção hormonal, influencie o comportamento 
termorregulador expondo o animal à luz do sol. É possível também que o complexo 
pineal exerça alguma função no controle da reprodução. 
Há uma considerável variação na estrutura do ouvido dos répteis. Cobras 
não possuem ouvido médio, a columela é ligada ao quadrado e é por este que o 
animal recebe vibrações do solo. As tartarugas são surdas. A estrutura do ouvido 
dos lagartos é quase a mesma dos anfíbios. Somente a logena é maior e a colulema 
é formada por dois ossículos. Os órgãos da linha lateral inexistem nos répteis e em 
outros amniotas. As serpentes apresentam um órgão importante no rastrear de 
presas, é o órgão de Jacobson, um quimioreceptor situado na boca. A língua das 
cobras recolhe partículas olfativas e enfia no órgão de jacobson, também chamado 
órgão vomeronasal. Em uma única família de cobras, Viperidae, encontra-se a 
fosseta lacrimal, muito sensível aos raios infravermelhos – é um termo receptor. 
Deste modo, podemos dizer que características como a impermeabilização da pele, 
a respiração pulmonar, a economia de água pela urina, a fecundação interna, os 
ovos com casca e os anexos embrionários (córion, âmnion e alantoide) tornaram a 
maioria dos répteis bem adaptados ao meio terrestre, mesmo em habitats muito 
áridos (STORER, 2003). 
 
3.3 Biologia de Répteis 
 Ambientes e Habitat 
 
A maioria das tartarugas é marinha e apresentam corpo mais achatado em 
relação aos jabutis; o que reflete uma adaptação à vida aquática. Os cágados, que 
também vivem dentro da água, têm a mesma forma corpórea das tartarugas. Já os 
jabutis, que são terrestres, apresentam um corpo mais espesso e suas pernas são 
mais cilíndricas. Os crocodilos são encontrados em águas salgadas e podem medir 
até 7 m de comprimento. O focinho é curto, estreito e pontudo. Os jacarés podem 
atingir 5 m de comprimento. Possuem focinho curto, largo e arredondado e habitam 
 
21 
 
 
as águas doces. As gavias medem até 6m e possuem focinho muito fino e alongado, 
de modo que estes animais mordem de lado. 
 
 
Fonte: www.vivernatural.com.br 
Todos os crocodilos apresentam narinas superficiaisno topo do rosto e um 
palato falso que conduz o ar até a extremidade posterior da boca. Como passam a 
maior parte do tempo na água (ou muito próximos a ela) possuem especializações 
para uma vida aquática. Na base da língua, existe um tabique que impede a entrada 
de água na garganta permitindo que os crocodilianos respirem, quando imersos na 
água, apenas com a superfície superior do rosto à superfície. Os lagartos ocupam 
habitats que variam de pântanos a desertos; são animais facilmente adaptáveis. 
Muitas espécies são arbóreas, como o camaleão (Chamaeleonidae). As espécies 
com membros reduzidos ou sem pernas estão associadas a um habitat de 
vegetação baixa e densa. (POUGH, 1999) 
 
 Locomoção 
 
22 
 
 
A morfologia do casco dos quelônios reflete a ecologia da espécie: os jabutis 
possuem cascos em forma de cúpula e pés semelhantes ao dos elefantes. As 
espécies de menor tamanho apresentam adaptações à escavação, como as jabutis 
toupeiras e possuem pés em forma de pá. Já as formas aquáticas possuem 
carapaças baixas que oferecem pequena resistência ao deslocamento na água e 
membros adaptados para a natação (em forma de remo). Algumas tartarugas 
aquáticas possuem casco muito leve para reduzirem o peso dentro da água, e 
possuem pés achatados e alargados, em forma de barbatana que auxiliam no 
deslocamento dentro da água conferindo maior velocidade à natação. Entre os 
dedos dos crocodilos há uma membrana natatória que auxilia o deslocamento 
dentro da água. As cobras possuem formato do corpo bastante especializado. As 
terrestres têm olhos grandes e são alongadas; as escavadoras são curtas e fortes, 
com cabeças largas, cauda pequena e olhos pequenos; as formas arbóreas são 
extremamente longas o que permite distribuir o seu peso em comprimento e enrolar-
se em ramos muito pequenos sem os partir. 
 
 Alimentação e Hábito alimentar 
A grande maioria dos répteis são carnívoros e oportunistas. Lagartos, 
tartarugas, crocodilos e muitas cobras capturam a presa com a boca e mastigam ou 
a engolem por inteiro. As tartarugas não possuem dentes, mas apresentam um bico 
córneo forte que serve para apanhar as presas (pequenos invertebrados) ou 
arrancar pedaços de plantas. As tartarugas terrestres são herbívoras alimentando-
se de materiais vegetais os lagartos de grande porte, como os iguanas, são 
herbívoros. Os demais ingerem pequenos invertebrados, sobretudo artrópodes, 
como as aranhas e os insetos. Os padrões de atividade dos lagartos variam de 
espécies extremamente sedentárias, que passam horas em determinado local, até 
espécies que estão em quase sempre em movimento. Lagartos com modos 
diferentes de forrageio utilizam diferentes métodos de detecção de presas (POUGH, 
1999). 
As cobras são carnívoras e desenvolveram métodos mais sofisticados para 
conseguirem alimento: possuem glândulas de veneno e picam suas vítimas com 
 
23 
 
 
rapidez, injetando nelas poderosas toxinas, matando-as ou paralisando-as. Todas 
as cobras produzem veneno num par de glândulas salivares modificadas, mas nem 
todas são capazes de inoculá-lo (por isso, costuma-se separá-las em peçonhentas 
e não-peçonhentas). As cobras constritoras, como a píton e as jiboias, capturam 
suas presas de uma outra maneira: esmagam suas presas até a morte, antes de 
engoli-las, enrolando-se em anéis ao redor do animal, impedindo-o de respirar. A 
frequência com que os répteis se alimentam está relacionada à disponibilidade de 
alimento e a necessidade de energia que o animal requer. Os lagartos, por exemplo, 
comem várias vezes ao dia e as cobras alimentam-se com menos frequência. As 
cobras são capazes de engolirem presas muito maiores do que elas mesmas. Isso 
se deve ao fato dos ofídios possuírem uma articulação extremamente flexível das 
mandíbulas e um esqueleto flexível que permite não só a distenção do corpo como 
complexos movimentos de locomoção. 
 
 Reprodução e Cuidado parental 
 
Durante as interações sociais, os testudinatas empregam sinais táteis, 
visuais, olfativos e auditivos. Todas as espécies e quelônios depositam ovos, mas 
nenhuma apresenta cuidado parental. Todas as tartarugas são ovíparas e colocam 
um número variável de ovos. A temperatura do ninho afeta a taxa de 
desenvolvimento embrionário e o sexo do filhote. Quanto menor a temperatura, 
maior a probabilidade de machos e maiores temperaturas favorecem o 
desenvolvimento de fêmeas. (PAPAVERO, 1994) 
A mudança de um sexo para o outro ocorre dentro de um intervalo de 3º a 
4ºC.As tartarugas marinhas migram até milhares de quilômetros entre suas áreas 
de alimentação e suas praias de nidificação, mas, infelizmente, os mecanismos de 
navegação utilizados por elas são em grande parte desconhecidos. Todas as 
espécies de crocodilos apresentam algum tipo de cuidado parental. As fêmeas 
sempre constroem seus ninhos em lugares protegidos, evitando a ação de 
predadores e do meio ambiente. As espécies que habitam pântanos, por exemplo, 
constroem ninhos elevados reunindo uma pilha de vegetação no qual depositam 
seus ovos. Outras espécies nidificam onde o chão é alto o bastante para escavar 
 
24 
 
 
um ninho no solo sem perigo de que seja inundado pela chuva. O comportamento 
de corte envolve a vocalização inicial dos machos para anunciar status territorial e, 
durante a corte, ambos os sexos vocalizam. As tuataras não possuem órgão 
copulador e as fêmeas levam muitos anos para atingir a maturidade sexual. Os ovos 
são colocados apenas de quatro em quatro anos. O período entre a copulação e a 
eclosão é de 12 a 15 meses. Os Squamatas praticamente não apresentam nenhum 
cuidado parental. 
3.4 Reconhecimento de Serpentes 
Segundo Hickman (2004), as serpentes são animais vertebrados, carnívoros, 
pertencentes à classe Reptilia (do latim reptilis = que rasteja), subordem Ophidia 
Estes animais despertam grande interesse nas pessoas pelo fato de muitas 
espécies apresentarem glândulas secretoras de veneno, causando inúmeros 
acidentes, muitas vezes fatais. As serpentes podem ser classificadas em 
peçonhentas e não peçonhentas, ambas encontradas no Brasil, inclusive em 
ambientes urbanos. Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil ocorrem, por 
ano, entre 19.000 e 22.000 acidentes ofídicos com aproximadamente 115 óbitos. A 
maioria destes acidentes deve-se a serpentes do gênero Bothrops e 
Crotalus. Atualmente, são conhecidas três mil espécies de serpentes em todo o 
mundo e destas, apenas 410 são consideradas perigosas para o homem. No Brasil, 
as serpentes peçonhentas pertencem ao gênero Bothrops (jararacas em geral, 
urutus, cotiaras, caiçaras, responsáveis por quase 90% dos acidentes), ao gênero 
Micrurus (coral-verdadeira, com 1% dos acidentes), ao gênero Crotalus (cascavéis, 
responsáveis por 8% dos acidentes) e ao gênero Lachesis (sururucu pico-de-jaca, 
a maior de todas, com até 4,5 metros de comprimento e 3% dos acidentes).Animais 
peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam 
com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. 
Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas, arraias. Animais Venenosos são 
aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, 
ferrões) provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por 
 
25 
 
 
compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu). Todas as cobras possuem 
veneno num par de glândulas salivares modificadas, mas nem todas são capazes 
de inoculá-lo, o que as difere em peçonhentas e não-peçonhentas. 
 
 
Fonte: www.conexaoplaneta.com.br 
 Segundo Brusca (2007), o veneno contém muitos polipeptídeos e proteínas, 
que incluem neurotoxinas que impedem a transmissão dos impulsos nervosos aos 
músculos e enzimas hemolíticas que destroem fatores de coagulação do sangue, 
produzem hemorragias internas e destroem alguns tecidos. A exata composição do 
veneno varia com a espécie. Osvenenos variam em função dos seus princípios 
ativos, determinando uma sintomatologia variável, segundo a espécie, quantidade 
de veneno e localização da picada. Os venenos neurotóxicos atuam sobre o 
sistema nervoso, provocando dormências e insensibilidade no local da picada, 
paralisias musculares, perda de visão e prostração geral. Os hemolíticos causam a 
hemólise e escurecem a urina. Os proteolíticos causam intensa dor no local da 
picada. Os tecidos sofrem necrose e podem gangrenar. Os coagulantes em 
 
26 
 
 
pequenas doses coagulam o fibrinogênio, e impedem a coagulação do sangue, e 
em grandes doses provocam coagulação intensa e fatal. O veneno das cascáveis 
tem ação neurotóxica, hemorrágica e coagulante. Nas jararacas a ação é 
proteolítica, coagulante e hemorrágica (nos casos graves). O veneno da surucucu 
tem ação proteolítica, coagulante, hemorrágica e neurotóxica. (BRUSCA, 2007) 
Nas corais-verdadeiras a ação é neurotóxica. Levando em conta as 
adaptações da dentição das serpentes à capacidade inoculadora de veneno, 
podemos classificá-las em quatro grupos: 
 
 Aglifodontes: todos os dentes sem sulco ou canal inoculador 
(exemplo: sucuri) 
 Proteroglifodontes: um par de dentes sulcados na parte anterior da 
boca (exemplo: coral-verdadeira) 
 Opistoglifodontes: um par de dentes sulcados, situados na parte 
posterior da boca. Por isso, só excepcionalmente causam acidentes 
(exemplo: falsas corais) 
 Solenoglifodontes: um par de grandes presas anteriores, móveis, 
renováveis, com canal central por onde escorre o veneno (exemplo : 
cascavéis, jararacas e sururus). 
 
Do ponto de vista sensorial, os órgãos mais importantes das serpentes 
peçonhentas com exceção da coral-verdadeira, são as fossetas lacrimais ou loreais, 
localizadas entre as narinas e os olhos. As fossetas, que funcionam como órgão 
termorreceptor, capacita às serpentes que se alimentam de animais de sangue 
quente a sentir a aproximação da presa e a dar um bote preciso, mesmo que no 
escuro. O mesmo sistema pode ser encontrado em fossetas menores e mais 
numerosas na borda da boca de jiboias e sucuris, que também se alimentam de 
animais homeotermos. O elemento mais importante na identificação das serpentes 
mais perigosas, com exceção da coral-verdadeira, é justamente a fosseta loreal. 
Mas há outras características, que associadas a outros elementos, podem ajudar 
 
27 
 
 
na diferenciação entre serpentes peçonhentas e não-peçonhentas. (SCHMIDT, 
2002) 
São elas: 
 
 Cabeça: Nas peçonhentas é chata, triangular, bem destacada e 
recoberta por escamas semelhantes às do resto do corpo. Possui 
fosseta loreal e presas anteriores. As não-peçonhentas apresentam 
cabeça estreita e alongada recoberta por escamas grandes (placas), 
diferentes das que revestem o resto do corpo. Não possuem fosseta 
loreal e presas anteriores. 
 Olhos: As peçonhentas possuem olhos pequenos com pupila em 
fenda vertical. As não-peçonhentas possuem olhos grandes e pupilas 
arredondadas. 
 Corpo: Nas peçonhentas o corpo tende a ser grosso e não muito 
longo, a cauda é curta. Nas não-peçonhentas o corpo tende a ser fino 
e longo. 
 Cútis: Áspera nas peçonhentas e lisa nas não-peçonhentas. 
 Comportamento de defesa: Quando perseguidas, as 
peçonhentas colocam-se em posição de defesa se enrolando. As não-
peçonhentas, quando perseguidas, tendem a fugir. 
 Hábitos: As peçonhentas são noturnas e as não-peçonhentas, 
diurnas. 
 Movimentos: As peçonhentas são vagarosas e as não-
peçonhentas, rápidas. 
 Postura de filhotes: As peçonhentas são ovovivíparas e as não-
peçonhentas, ovíparas. 
 
Segundo Schmidt (2002), é muito importante lembrar que existem numerosas 
exceções para todos esses casos, de modo que o diagnóstico deve ser baseado 
num conjunto de características e não em uma apenas. Assim, por exemplo, a 
presença de fosseta lacrimal indica certamente que se trata de serpente 
peçonhenta, mas os corais venenosos não a apresentam. Temos que procurar outra 
 
28 
 
 
peculiaridade que, no caso do coral peçonhento, seria o tipo de cauda. Os soros 
antiofídicos agem como anticorpos específicos para cada tipo de picada e quando 
a espécie não é identificada, aplica-se o soro polivalente. A identificação da 
serpente causadora do acidente pode ser feita diretamente ou pela sintomatologia 
apresentada em virtude da ação específica de cada veneno. Os venenos das 
serpentes também apresentam utilidades médicas. Alguns são utilizados nos 
distúrbios nervosos da hanseníase, por exemplo (SCHMIDT, 2002). 
 
4 AVES 
4.1 Características gerais e adaptativas, morfofisiologia, reprodução e 
ecologia 
A Classe Aves atual é caracterizada pela presença de penas e membros 
anteriores modificados em asas. As penas (Figura 5) são estruturas duras, 
resistentes e, ao mesmo tempo, leves, com origem dérmica, assim como as 
escamas dos répteis. As penas podem ser: de contorno, que dão forma às aves; 
de voo, que se projetam para além do corpo nas asas (rêmiges) e na cauda 
(rectrizes); filoplumas, que parecem pelos; e plumas, que ficam ocultadas pelas 
penas de contorno. Em geral, as penas são formadas por um eixo oco (cálamo) 
que surge da derme e é revestido pela epiderme. A continuação desse eixo é a 
haste ou raque, onde encontram-se numerosas barbas com unidades ainda 
menores, as bárbulas. O entrelace e a disposição das bárbulas formam o vexilo 
As asas podem ter tamanhos e formas variados entre as espécies e possuem 
como funções: manutenção da temperatura corporal, uma vez que as aves são 
endotérmicas, ou seja, a temperatura interna não está relacionada com a 
temperatura do ambiente; proteção para a pele fina das aves contrachoques e o 
contato com superfícies que possam causar algum tipo de ferimento; auxílio na 
flutuação para aves aquáticas e facilitação do voo. (SANTOS, 2019) 
 
29 
 
 
 
 
O voo é uma das principais formas de locomoção das aves. Para voar, as 
espécies necessitam de um formato aerodinâmico, ou seja, que reduza a 
resistência ao ar. Essa questão foi resolvida pela disposição das penas de 
contorno, que reduzem o atrito e mantêm um fluxo de ar laminar sobre o corpo 
(KARDONG, 2016). Além das penas, a presença de um esqueleto leve, porém 
firme, é essencial para o sucesso dessa forma de locomoção. 
 
30 
 
 
 
Formados por cavidades ocas, os ossos das aves (Figura 6b) são conhecidos 
como pneumáticos (preenchidos por ar), e são tão leves que, muitas vezes, 
pesam menos que as penas. Os ossos das asas encontram-se em número menor 
e fundidos, uma característica adaptativa para auxílio no voo. Além disso, braço, 
antebraço, pulso e dedos estão presentes, porém, muito modificados (Figura 6a). 
Os membros posteriores possuem ossos mais firmes e adaptados para os 
movimentos bípedes de saltar, empoleirar, escalar e caminhar na água. Por isso, 
adaptações como aumento dos elementos distais, diminuição da área plantar do 
pé e redução no número de dedos (artelhos) ocorrem em aves atuais. Aves 
aquáticas que utilizam a natação possuem membranas entre os dedos 
(membranas interdigitais). (SANTOS, 2019) 
O crânio das aves é formado por apenas uma peça em sua maior porção. 
Nessa região, podemos encontrar um bico queratinizado que fica ao redor das 
mandíbulas e que não possui dentes. A mandíbula apresenta uma articulação 
muito flexível com o crânio, assim como em répteis, o que permite uma abertura 
ampla da boca. A coluna vertebral é formada por várias vértebras onde as 
cervicais da região do pescoço e as caudais estão fundidas. Essa fusão garante 
a firmeza do corpo sem influenciar o peso, que pode comprometer o voo. As 
 
31 
 
 
costelas são entrelaçadas, e o esterno possui uma quilha grande e fina que 
representa uma região de fixação para os músculos do voo. 
 
 
 
O grande responsável pelo voo das aves é o músculo peitoral. Esse músculo, 
ao se contrair,abaixa as asas durante o voo (Figura 6c). O músculo 
supracoracóideo faz o movimento antagônico, de elevação das asas (Figura 6c). 
Esses dois músculos estão ancorados na quilha. 
Nas pernas, os músculos da coxa e os tendões seguem até os dedos. Os 
pés são formados por tendões, pele e ossos. Os milhares de minúsculos 
músculos da cauda controlam as penas dessa região. Já o pescoço é formado 
por poderosos músculos finos que garantem a flexibilidade das vértebras. 
(SANTOS, 2019) 
Os artelhos podem se fechar automaticamente devido à presença dos 
tendões, utilizados pelas aves para se empoleirar, além de auxiliarem a captura 
de presas (Figura 6d). 
 
32 
 
 
 
 
Segundo Santos (2019), as aves possuem uma alta taxa metabólica, ou seja, 
necessitam de muito alimento para suprir suas necessidades. As adaptações do 
sistema digestório estão relacionadas com a ausência de dentes. A digestão é 
rápida, e o alimento é capturado pelo bico. Na boca, podem existir glândulas 
sublinguais que secretam enzimas digestivas. O armazenamento dos alimentos 
acontece em uma porção em formato de saco localizada no esôfago, o papo. A 
seguir, está o estômago formado por dois compartimentos: o proventrículo 
(secreção do suco gástrico) e uma parte muscular revestida internamente por 
queratina, a moela. A moela funciona como uma região para trituração e moagem 
dos alimentos. O intestino delgado é enrolado e possui alças e, na junção com o 
intestino grosso, há um par de cecos de fungo cego que servem como áreas de 
 
33 
 
 
fermentação. O reto termina na cloaca, região em comum dos sistemas 
reprodutor e excretor. 
 
 
O sistema excretor é similar ao descrito para os répteis, com urina formada 
por ácido úrico, rins metanéfricos e ureteres que se abrem diretamente na cloaca, 
enquanto a urina e as fezes são eliminadas misturadas. A bexiga só está 
presente em avestruzes. A excreção de sais em excesso é realizada por 
glândulas localizadas acima dos olhos de aves marinhas, as glândulas de sal. 
Essas estruturas excretam uma solução altamente concentrada de cloreto de 
sódio pelas narinas. 
A circulação das aves ocorre por meio de um sistema similar ao dos 
mamíferos. O coração é formado por quatro câmaras distintas e com divisões 
bem definidas entre os ventrículos. O sangue é formado por eritrócitos (células 
vermelhas) e fagócitos, que são células de defesa para o reparo de ferimentos e 
atuação contra organismos estranhos. A circulação do sangue venoso é 
separada do sangue oxigenado, formando a circulação sistêmica e a circulação 
respiratória, conforme esperado para os tetrápodes atuais. (ALLENSPACH, 
2019) 
A respiração em aves ocorre por meio de pulmões altamente adaptados para 
uma eficiente troca gasosa. As unidades terminais das ramificações dos pulmões 
são os parabrônquios, que possuem um fluxo contínuo de ar. Sacos aéreos estão 
presentes e localizados em pares nas regiões torácica e abdominal das aves e 
estão conectados aos pulmões. Esses sacos servem como reservatórios de ar 
 
34 
 
 
puro que não flui diretamente nos pulmões. O esquema da ventilação do sistema 
pulmões/sacos aéreos pode ser visto na Figura 7. 
 
 
 
O sistema nervoso em aves possui um encéfalo com hemisférios cerebrais 
(maiores em aves mais inteligentes como corvos e papagaios), cerebelo 
(coordenação do equilíbrio, posição e informação visual) e lobos ópticos 
(organização das informações visuais). O córtex das aves não é desenvolvido 
como em mamíferos. As atividades de comer, cantar e voar são controladas pelo 
centro integrativo do encéfalo, onde encontra-se a crista ventricular dorsal. 
(ALLENSPACH, 2019) 
 Os órgãos dos sentidos, com suas posições, estruturas e funções, estão 
dispostos abaixo: 
 
 
35 
 
 
 
 
4.2 Reprodução em aves 
Segundo Santos (2019), o sistema reprodutor das aves é formado por 
gônadas e ductos para o direcionamento dos gametas até a cloaca. Os machos 
possuem dois testículos muito pequenos e dois ductos deferentes que se abrem 
de forma independente na cloaca. Já as fêmeas possuem um ovário com oviduto. 
Os ovidutos são dotados de glândulas para produção e secreção de albumina e 
membranas da casca dos ovos. 
A utilização de cores, danças e vocalizações em aves são comportamentos 
sexuais comuns que servem para a identificação da espécie e a intenção de 
 
36 
 
 
cópula. Alguns cantos são realizados apenas por machos maduros sexualmente 
e somente no período de reprodução. 
 
 
O acasalamento ocorre no momento em que os machos inseminam as 
fêmeas que, por sua vez, armazenam os espermatozoides nos ovidutos para 
posterior fertilização. O papel dos machos e das fêmeas na reprodução são 
custosos energeticamente: os machos precisam realizar a corte para a conquista 
das fêmeas, e as fêmeas, após inseminadas, devem ovular, formar os ovos, 
carregá-los e chocá-los, além do cuidado parental. Nessa competição, as fêmeas 
ganham no quesito gasto energético, uma vez que, até mesmo na formação dos 
gametas, há uma necessidade maior de energia. (ALLENSPACH, 2019) 
As aves exibem padrões de acasalamento: na monogamia, há apenas um 
macho e uma fêmea, e os dois dividem as tarefas de cuidados com a prole e com 
o ninho; na poligamia, os machos podem ter várias parceiras. A poligamia está 
dividida em poliginia e poliandria. Na poliginia, um macho pode controlar ou ter 
acesso a várias fêmeas para acasalar. Os machos controlam suas fêmeas por 
meio de defesa de recursos, ou seja, monopolizam o alimento e os locais de 
ninhos das fêmeas ou apenas exibem-se para demonstrar o seu domínio. Na 
poliandria, as fêmeas acasalam com dois ou mais machos. Nesse sistema, as 
fêmeas podem acasalar mais de uma vez com machos de diferentes territórios, 
e os papéis de cuidados com os ovos é dividido: a primeira ninhada é cuidada 
 
37 
 
 
pelos machos, e a segunda, pelas fêmeas. Há também casos em que uma fêmea 
mantém um grupo de machos em que todos terão a oportunidade de acasalar 
com a única fêmea. Esses sistemas podem durar toda a vida ou apenas as 
estações reprodutivas. 
 
 
A cópula compreende o momento em que as cloacas dos machos e das 
fêmeas se sobrepõem, em geral, com os machos ficando sobre a região dorsal 
das fêmeas. A fertilização ocorre internamente no corpo da fêmea. Todas as 
espécies de aves são ovíparas, e os ovos são protegidos contra calor, chuva e 
frio por meio da construção de ninhos, que se chama nidificação e varia em 
forma, estrutura e localização. Os ninhos podem ser apenas um galho, um buraco 
no solo ou grandes estruturas construídas de forma colaborativa entre os 
indivíduos. Os ninhos possuem formato de taça, em geral, formados por vegetais, 
barro, líquens e secreções de glândulas salivares. (SANTOS, 2019) 
A incubação dos ovos começa no momento da postura do último ou 
penúltimo ovo. Esse período é controlado pelo hormônio prolactina, que inibe a 
ovulação e dá início ao comportamento de incubação. Outros hormônios, como 
estrógenos ou andrógenos, estimulam a produção de uma placa incubadora em 
algumas espécies, que são áreas nuas (sem penas) localizadas na região ventral 
das aves. A placa incubadora é altamente vascularizada, e a pele é mais grossa 
quando comparada com as outras regiões. 
Para garantir uma temperatura igual para todos os ovos, mantendo uma 
média de 33 a 37°C, eles são deslocados para a frente, para trás e virados no 
 
38 
 
 
ninho. O período de incubação pode variar de 10 a 60 dias dependendo da 
espécie. Pela casca porosa do ovo, oxigênio e gás carbônico são difundidos, 
além de vapor de água. No polo arredondado do ovo, uma cela de ar é formada, 
a qual é perfurada pelo embrião com o bico alguns dias antes da eclosão, 
servindo para que o animal inicie as trocas gasosas pelo seu próprio pulmão 
utilizando o ar da cela. 
A eclosão consiste na quebra da casca mineralizada do ovo auxiliadapela 
musculatura do pescoço do embrião e por uma projeção córnea da maxila. O 
desenvolvimento da ave recém eclodida varia: um filhote precoce (precocial) é 
coberto por plumas e pode se locomover ou nadar após a secagem da plumagem 
(codornas, galinha, pato e aves aquáticas). Esse filhote é capaz de obter seu 
próprio alimento. Os filhotes altriciais, ao eclodirem, ficam incapazes de ver ou 
de se locomover e permanecem no ninho por mais de uma semana, alimentados 
por um ou ambos os pais, que são recebidos com a boca aberta. (ALLENSPACH, 
2019) 
4.3 Ecologia das aves 
Existem mais de 10.400 espécies de aves distribuídas por todos os hábitats 
do planeta com uma coloração que encanta os seus observadores. São 
completamente diurnas e encontradas em desertos, florestas, montanhas, 
pradarias e em todos os oceanos. Os tamanhos corporais também são muito 
variáveis, indo de grandes aves voadoras com 3,5 metros de envergadura das 
asas, como o condor andino, até pequenos beija-flores com um pouco menos 
que 1,8 grama. 
 As aves apresentam adaptações em seu comportamento, morfologia e 
fisiologia em função da dieta. Existem espécies insetívoras, carnívoras, 
planctônicas, que comem sementes, frutos e, até mesmo, o néctar das flores. O 
interessante nesse grupo é que o formato do bico pode ser altamente 
especializado para um hábito alimentar específico (Figura 8), por exemplo: os 
corvos possuem um bico generalizado; os pica-paus possuem um bico reto e 
 
39 
 
 
duro para perfurar a madeira das árvores, construir ninhos e alimentar-se de 
insetos; as araras possuem um bico para quebrar frutos duros; os pelicanos 
possuem bicos alongados para pescar; o bico da águia serve para cortar e 
dilacerar a carniça; e os patos utilizam a boca e a língua como uma rede filtradora 
para selecionar partículas de alimento da lama e água. (SANTOS, 2019) 
Para promover uma quantidade substancial de alimento para a criação de 
sua prole, as aves podem realizar longas migrações sazonais. Esse 
deslocamento também favorece o espaço para procriar, reduz o comportamento 
territorial e permite que as aves procurem condições climáticas melhores para o 
seu equilíbrio fisiológico interno. A maioria das aves segue a rota norte e sul, e 
as distâncias variam, assim como o tempo levado para completar a migração. O 
estímulo para a migração é justamente o período reprodutivo, em que a maioria 
das espécies de aves vão para o norte. A navegação é guiada pela visão e 
orientação dos bandos, em que as aves mais velhas auxiliam o direcionamento. 
 
 
 
 
40 
 
 
Todas as características e adaptações das aves vistas até agora só foram 
possíveis pela conquista do ar. Para voar, as aves precisam ser transportadas 
pelo ar e, ainda, avançar. As asas auxiliam a propulsão e a força de ascensão, 
que deve ser maior do que a sua própria massa corporal. Para isso, a morfologia 
arqueada e a posição das penas são aerodinâmicas, permitindo que o ar deslize 
pelas asas e promova a sua subida com o mínimo de arrasto. No voo batido, as 
asas movimentam-se para baixo e para a frente totalmente estendidas, enquanto 
as rêmiges realizam a propulsão, e para cima e para trás, quando realizam a 
batida para cima. (SANTOS, 2019) 
As asas podem ser elípticas para mudanças rápidas de direção como em 
pardais, pica-paus e gralhas; podem ser asas de alta velocidade presentes em 
aves que fazem grandes migrações como andorinhas, maçaricos e falcões; 
podem ser asas de voo dinâmico como as dos albatrozes que utilizam a 
velocidade do vento para a subida e ganham velocidade quando descem; e 
podem ser asas de grande sustentação como as de urubus, gaviões, águias e 
corujas, que fornecem sustentação em velocidades mais baixas e possuem a 
capacidade de planar. Algumas aves marinhas utilizam as asas para a natação 
como pinguins, mergulhões e biguás (Figura 8). Outras aves não possuem a 
capacidade de voar como emas, avestruzes, galinhas e patos domésticos. 
 
5 RÉPTEIS E AVES DE IMPORTÂNCIA NA AGRICULTURA 
Um ecossistema oferece para a agricultura a regulação do ciclo da água, 
nutrientes, polinização, dispersão, auxílio na germinação de sementes e controle 
natural das populações de animais, incluindo de pragas. Por isso, a identificação 
e conservação da biodiversidade presente em um sistema natural é de extrema 
importância para o sucesso do cultivo. Dentro dessa biodiversidade, podemos 
destacar o papel dos répteis e das aves, que atuam de diferentes formas nesses 
ambientes. 
 
41 
 
 
As aves são excelentes controladoras populacionais tanto da fauna quanto 
da flora. Por possuírem o hábito de forrageamento, algumas espécies podem 
comer plantas daninhas e insetos pragas. As aves insetívoras Cuculiformes anu, 
alma-de-gato, saci, Apodiformes, andorinha, Picidae ou pica-pau, joão-de-barro, 
corruíra, tesourinha, codorna, entre outros, são abundantes em pastagens e 
plantações e possuem uma dieta com base em cigarrinhas, besouros, 
gafanhotos, formigas e percevejos. O carcará também é uma espécie que se 
alimenta de lagartas, uma grande praga de sistemas agrícolas, além de serem 
predadores ágeis de anfíbios em arrozais, controlando a sua população. 
As aves predadoras, também conhecidas como aves de rapina, podem 
alimentar-se de insetos, anfíbios, ratos e serpentes. Os dois últimos são os 
preferidos por corujas e seriemas, auxiliando o combate à proliferação desses 
animais que podem ser um risco à saúde do trabalhador rural. (ALLENSPACH, 
2019) 
Outras espécies de aves alimentam-se de sementes e frutos (frugívoras), e 
essa alimentação auxilia a dispersão de árvores frutíferas, por exemplo. Algumas 
sementes, ao passarem pelo trato digestório das aves, não são digeridas, são 
excretadas juntamente com as fezes e podem germinar. Os sabiás são um 
grande exemplo desse tipo de propagação. A polinização de flores acontece 
pelos belos beija-flores, que se alimentam do néctar e, consequentemente, ficam 
recobertos de pólen, transportando-o para a flor seguinte. 
 
 
 
 
42 
 
 
As aves podem fornecer adubo para utilização na agricultura. O esterco de 
galinhas é amplamente utilizado em processos de compostagem e 
vermicompostagem, representando uma forma natural de fertilização, diminuindo 
o uso de adubagem química. Além disso, a criação de galinhas é uma forma 
rentável de produção de carne e de ovos de qualidade, assim como a criação de 
perus, patos e codornas. O Brasil é o maior exportador de frango do mundo 
desde 2004. 
O efeito contrário, de aves como pragas, também pode ser um fator 
importante para a agricultura. A caturrita é considerada uma praga em cultivos 
de milho, sorgo, soja e pomares. Esse desequilíbrio deve-se ao desaparecimento 
do seu hábitat natural, hoje ocupado por agrossistemas, bem como pela 
diminuição de seus predadores naturais, como os gaviões e o falcão-peregrino. 
Os répteis pertencentes à Ordem Squamata também são reconhecidos por 
sua atuação no controle biológico, incluindo o de pragas em agrossistemas. 
Serpentes e lagartos podem comer formigas-cortadeiras ou saúvas, 
reconhecidas como pragas rápidas e danosas para os cultivos. O lagarto teiú ou 
teju é um bom exemplo, pois pode alimentar-se de vetores de doenças, de 
insetos pragas e, até mesmo, de frutas, atuando na dispersão de sementes. 
(SANTOS, 2019) 
Outros exemplos de répteis benéficos encontrados na agricultura são as 
cobras-de-água, os lagartos sem membros, conhecidos como licranços ou 
cobras-de-vidro, e os sardões (Figura 9) que comem, sobretudo, moluscos 
terrestres e insetos. 
As serpentes são animais temidos em sistemas agrícolas, porém importantes 
elos nas cadeias alimentares. Esses animais alimentam-se de roedores, 
pequenas aves, insetos, lesmas, entre outros animais, garantindo o seu controle, 
além de servirem como alimento para outros animais. Por isso, a conservação 
das populações de serpentes emambiente agrícolas deve ser um esforço dos 
profissionais técnicos, agricultores e proprietários de terras. 
 
43 
 
 
A questão dos acidentes ofídicos é preocupante. Existem serpentes muito 
frequentes em ambientes de cultivo e em áreas rurais do Brasil que podem levar 
a óbito devido às suas toxinas, como é o caso das cruzeiras (jararaca) Bothrops 
sp. (Figura 9), das cascavéis Crotalus durissus, das surucucus Lachesis muta e 
das corais-verdadeiras Micrurus sp. (Figura 9). As picadas desses animais 
ocorrem, principalmente, em meses mais quentes e chuvosos ou, ainda, em 
períodos reprodutivos. 
Um estudo realizado por Silveira et al. (2005) sobre a frequência de acidentes 
de trabalho relacionados com a área rural demonstrou que o contato com animais 
é o segundo maior índice de registros perdendo apenas para as quedas. Esse 
contato está relacionado com os acidentes ofídicos ocorridos em lavradores, 
indicando que os cuidados como o uso de equipamentos de proteção (luvas e 
botas) são fundamentais nesses ambientes. 
O fato é que, de forma geral, aves e répteis são animais imprescindíveis para 
as cadeias alimentares e para os ecossistemas naturais. Por serem elos 
importantes, como predadores ou presas, estratégias de conservação e 
perspectivas para a manutenção dessas espécies benéficas devem ser um ponto 
crucial para os futuros estudos voltados para a agronomia. 
 
 
44 
 
 
 
 
 
6 MAMÍFEROS 
6.1 Origem, evolução e classificação 
A linhagem evolutiva dos mamíferos, desde seus primeiros ancestrais 
amniotas, é a trajetória mais bem documentada dos vertebrados. Os mamíferos 
surgiram de uma linhagem que teve início nos répteis sinapsídeos, na Era 
Mesozoica, e expandiram-se para quase todos os nichos e habitats disponíveis 
sobre a terra. (SILVEIRA, 2005) 
 
45 
 
 
O número atualmente reconhecido das espécies do Período Recente é de 
mais de 4000. Vamos passear pela história e saber como os mamíferos evoluíram 
ao longo desses 225 milhões de anos. Informações suficientes são disponíveis para 
termos certeza de que algumas populações dos primitivos répteis anapsídeos, tal 
como Solenodon-saurus do Carbonífero e do Permiano, além de ter dado origem a 
todos os répteis modernos, aos dinossauros e às aves, também produziram os 
mamíferos. 
A estrutura do teto craniano permite-nos identificar três grandes grupos de 
amniotas que divergiram durante o Período Carbonífero, na Era Paleozoica: 
sinápsideos, anápsideos e diápsidos. O grupo sinápsideos inclui os mamíferos e 
seus ancestrais e apresenta um par de aberturas laterais no crânio, onde se 
prendem os músculos ancestrais (STORER, 2003). 
Os diápsidos (répteis, dinossauros e aves) possuem dois pares de aberturas 
temporais. Os primeiros sinápsideos irradiaram-se amplamente, originando 
diversas formas herbívoras e carnívoras. De um dos primeiros grupos de sinápside-
os carnívoros surgiram os terápsidos, o único grupo de sinápsideos que sobreviveu 
após a Era Paleozoica. Os terapsídeos irradiaram-se originando diversas formas 
herbívoras e também carnívoras. Estes animais já possuíam um esqueleto e 
dentição característica dos mamíferos e desenvolveram a endotermia. Um dos 
grupos de terapsídeos que sobreviveu a esta extinção diversificou-se no início do 
Triássico e, até ao final deste período, vai dar origem aos verdadeiros 
mamíferos. Todas essas irradiações que ocorreram só foram possíveis devido à 
extinção dos dinossauros e outros grupos animais no fim do Cretáceo, quando 
grande parte dos nichos ecológicos ficou desocupada. Assim, os mamíferos 
puderam ocupar esses nichos diversificando-se e dando origem à maioria das 
linhagens modernas. 
6.2 Classificação 
A classe. Mammalia inclui 21 ordens, uma delas contendo os monotremados, 
outra os marsupiais e as demais 19 constituídas por placentários. Uma 
 
46 
 
 
classificação cladística dos mamíferos mantém os três agrupamentos amplamente 
reconhecidos: os Prototheria (os monotremados ovíparos), os Methateria (os 
marsupiais) e os Eutheria (os mamíferos placentários) (POUGH,1999). 
 
 Sublcasse Prototheria 
Infraclasse Ornithodelphia 
Ordem Monotremata (6 espécies) 
 
 Subclasse Theria 
Infraclasse Metatheria 
Ordem Marsupialia (242 espécies) 
Infraclasse Eutheria (3790 espécies) 
 Infraclasse Eutheria atualmente é chamada Placentalia. 
 
 
Fonte: www.mundoeducacao.uol.com.br 
Os Prototheria põem ovos do tipo réptil e os Theria são vivíparos. A origem 
dos monotremos é incerta, pois não se conhecem fósseis mais antigos que os do 
Pleistocénico. Os Theria mais antigos fossilizados datam do início do Cretácico da 
Ásia e América do Norte. No final do Cretáceo, ambas as linhas, marsupiais e os 
placentários, tornaram-se comuns. 
 
47 
 
 
6.3 Características Gerais 
Segundo Schmidt (2002), os mamíferos possuem muitas características 
estruturais e adaptativas que os distinguem prontamente de outros vertebrados 
existentes, sendo eles, os mais evoluídos e com ampla distribuição geográfica. 
 
 Pele 
A pele dos mamíferos e suas especificações distinguem-nos como um 
grupo. É mais espessa do que a dos demais vertebrados e apresenta pelos, que 
no seu conjunto formam uma pelagem. Algumas espécies trocam está pelagem 
periodicamente e outras apresentam escassos pelos, como o homem. Os pelos têm 
função protetora, termoisoladora e termorreguladora. O tegumento dos mamíferos 
é uma característica única do grupo e responsável também pelo tamanho sucesso 
da classe. 
 
 Sistema Esquelético e Muscular 
 
A maior parte do esqueleto é óssea com cartilagem nas articulações e em 
partes das costelas. O crânio dos mamíferos é relativamente grande para 
acomodar o encéfalo, proporcionalmente, aumentado. A coluna vertebral é dividida 
em cinco regiões bem definidas: cervical, torácica, lombar, sacral e caudal. A boca 
possui dentes, em ambas as maxilas, que podem ser divididos em quatro grupos: 
incisivos, molares, pré-molares e caninos. O tipo de dentição varia de acordo com 
o regime alimentar de cada espécie. O ouvido possui agora três ossículos. 
Os mamíferos possuem quatro membros, com exceção dos cetáceos que 
não possuem os membros posteriores. Apresentam também cinco (ou menos) 
dedos adaptados com unhas, garras e cascos. A posição que os membros ocupam 
em relação ao tronco assegura um suporte mecânico melhor, maior comprimento 
do passo e maior velocidade. Padrões de locomoção mais complexos estão 
associados a sistemas muscular, sensorial e nervoso igualmente complexos. 
 
 
48 
 
 
 Sistema Circulatório 
 
O coração é completamente dividido em quatro câmaras (duas aurículas e 
dois ventrículos distintos). A aorta única curva-se para o lado esquerdo. Possuem 
glóbulos vermelhos anucleados em forma e discos bicôncavos. Os mamíferos são 
endotérmicos e homeotérmicos. A homeotermia é assegurada também pela 
eficiência do sistema circulatório. Os lábios móveis estão presentes em quase 
todos os grupos, exceto nos monotremados e nos cetáceos. Todos os mamíferos 
possuem glândulas orais (produtoras de muco), que são mais desenvolvidas nas 
formas terrestres. A língua, com numerosas papilas, também está presente e é 
muito bem desenvolvida (exceto nas baleias). O esôfago é facilmente distinguível 
do estômago e não possui glândulas. O estômago dos mamíferos apresenta uma 
grande variedade de formas e padrões (desde sacos relativamente simples até 
estruturas compostas por câmaras cada uma delas podendo desempenhar 
diferentes funções) que se relacionam com os hábitos alimentares. Nos ruminantes 
o estômago tem quatro compartimentos. O intestino é fino e enrolado. Variação em 
comprimento do intestino de acordo com o hábito alimentar. Possuem fígado, 
pâncreas, intestino grosso, reto e ânus. (BRUSCA, 2007) 
 
 Sistema Respiratório 
 
Respiração exclusivamente pulmonar. Os pulmões constituídos poralvéolos 
oferecem grande superfície para as trocas gasosas. Os movimentos respiratórios 
são produzidos pela contração e relaxamento do diafragma – músculo achatado – 
que separa o tórax do abdômen e dos músculos intercostais – que unem as 
costelas. A ação conjunta desses músculos aumenta a eficiência da ventilação 
pulmonar. A laringe possui cordas vocais (exceto nas girafas). Os mamíferos 
produzem sons para expressar emoções e se comunicarem trocando informações 
entre indivíduos. 
 
 Sistema Excretor 
 
49 
 
 
Os mamíferos possuem dois rins metanefros, com ureteres desembocando 
diretamente na bexiga urinária. Como os anfíbios e diferentemente dos répteis e 
aves, os mamíferos excretam principalmente ureia, que pelo seu grau de toxidez 
requer um volume de água considerável para ser eliminada. Porém, os túbulos 
renais estão adaptados a reabsorver quase 99% dessa água, de modo a produzir 
uma urina osmoticamente mais concentrada que o sangue. 
 
 Sistema Nervoso 
Possuem 12 pares de nervos cranianos como os demais amniotas. O 
encéfalo altamente desenvolvido. Da medula sai um par de nervos espinais para 
cada somito do corpo. O hipotálamo controla muitas funções dos mamíferos como 
a pressão sanguínea, o sono, o conteúdo de água, o metabolismo de gorduras e 
carboidratos, a temperatura do corpo e, possivelmente, as atividades rítmicas, tais 
como a muda, migração e secreção hipofisária (POUGH, 1999). 
 
 Sistema Reprodutor 
 
Os sexos são separados, com dimorfismo sexual, fecundação interna e 
desenvolvimento direto. Os machos possuem dois testículos localizados na parte 
bem posterior do corpo ou fora da cavidade do corpo (numa bolsa chamada escroto) 
e um único pênis. As fêmeas possuem dois ovários, ovidutos pares, vagina e 
útero. As membranas embrionárias âmnion, córion e alantoína estão presentes. 
Geralmente há uma placenta que fixa o embrião ao útero para nutrição, trocas 
gasosas e retirada de excretos. Os filhotes são alimentados com leite materno 
secretado pelas glândulas mamárias da fêmea. Considerando algumas 
peculiaridades no processo reprodutivo, podemos subdividir a classe dos 
mamíferos em: 
 
 Monotremados: Apresentam cloaca. São ovíparos e chocam 
seus ovos. Suas glândulas mamárias não apresentam mamilos e os 
 
50 
 
 
filhotes lambem os tufos de pelos molhados pelo leite. Ex.: 
ornitorrinco. 
 Marsupiais: Apresentam útero e placenta mal desenvolvidos que 
impedem a permanência do embrião por muito tempo dentro do corpo. 
Os filhotes abandonam-no prematuramente, passando para o interior 
de uma bolsa de pele que cobre os mamilos, chamada marsúpio. 
Dentro do marsúpio os filhotes continuam seu desenvolvimento. Ex.: 
canguru 
 Placentários: A maioria dos mamíferos tem útero bem 
desenvolvido onde os fetos se desenvolvem. Há uma conexão íntima 
entre a mãe e o filhote que se dá através da placenta. É através dela 
que o embrião é nutrido. Ex.: homem 
 
 Órgãos dos Sentidos 
 
 
O olfato é muito bem desenvolvido em mamíferos. Os olhos dos mamíferos 
são basicamente iguais aos dos outros vertebrados, mas apresentam mais 
bastonetes para a visão noturna e mais cones para a diurna. O ouvido apresenta 
vários avanços sobre o dos demais vertebrados. O ouvido médio contém três 
ossículos - martelo (articula), bigorna (quadrado) e estribo (columela) - que 
transmitem vibrações da membrana timpânica ao ouvido interno. A cóclea, reta nos 
répteis e nas aves, é enrolada nos mamíferos para acomodar seu aumento em 
comprimento. Existe um canal auditivo externo que auxilia a passagem do som para 
o canal auditivo (BRUSCA, 2007). 
6.4 Tegumento Mamaliano 
O tegumento dos mamíferos desempenha diversas funções, todas derivadas 
de uma função básica: reduzir a perda de calor metabólico. Além dos pelos, é 
 
51 
 
 
constituído por outros anexos epidérmicos. O sucesso evolutivo do grupo deve-se 
muito ao tegumento que ele apresenta. 
 
 Estrutura Tegumentar 
 
O tegumento dos mamíferos é constituído por epiderme, derme e 
hipoderme. A epiderme é a camada superficial que deriva da ectoderme. Ele não 
possui vasos e suas células se nutrem da derme. A célula principal é o queratinócito, 
que produz a queratina. A queratina é uma proteína resistente e impermeável 
responsável pela proteção. A epiderme é constituída de várias camadas. A camada 
basal é a mais profunda e que fica em contato com a derme. Ela é a responsável 
pela multiplicação celular. As outras camadas são constituídas de células cada vez 
mais diferenciadas e com o crescimento basal vão ficando cada vez mais 
periféricas, acabando por descamar e cair. A estrutura da epiderme varia de acordo 
com a espécie. Nos cetáceos ele é mole e nos elefantes, dura e enrugada. A derme 
é o tecido que sustenta a epiderme. É constituído por fibrilhas de colágeno e elastina 
com numerosos fibrócitos que fabricam essas proteínas e sustentam o tecido. A 
derme possui inúmeros vasos sanguíneos e linfáticos que vascularizam a epiderme 
e também os nervos e os órgãos sensoriais a eles associados. A derme possui a 
maior parte dos órgãos associados à temperatura, pressão e dor. A hipoderme é a 
camada constituída por tecido adiposo que protege contra o frio. É um tecido que 
faz conexão entre a derme, músculos e ossos. Esse tecido é particularmente 
desenvolvido nos animais de clima frio, como os ursos as baleias. Nesses últimos, 
a hipoderme também é responsável por diminuir a densidade do corpo, facilitando 
a flutuação. Derivados do tegumento. (HICKMAN, 2004). 
 
 
 Pelo 
 
O pelo é uma estrutura ectodérmica originada da camada da epiderme. A 
principal função do pelo é conservar o calor do corpo (desempenham a mesma 
 
52 
 
 
função das penas nas aves). Os mamíferos que habitam regiões frias apresentam 
uma camada de pelos mais espessa do que os de climas quentes. Uma 
característica interessante dos pelos é a de que crescem, sendo substituídos. Os 
pelos, em geral, são coloridos e móveis. Um pelo cresce numa invaginação 
epidérmica profunda (nas aves é dérmico), chamada folículo. É composto por 
queratina, pigmentos e bolhas de ar. A cor do pelo depende da quantidade de 
melanina que lhe é injetada ao formar-se pelos melanócitos na base do folículo e 
também no local do pelo. Uma outra função dos pelos é de proteção. Os pelos 
podem ser mantidos eretos por um músculo na base do pelo chamado, erector pili. 
Em situações de perigo e ataque ocorre a ereção da pelagem. O frio também 
estimula o músculo a contrair-se aumentando a ereção. (HICKMAN, 2004) 
 
 
 Glândulas 
 
A pele dos mamíferos apresenta muitas glândulas. As glândulas mamárias 
são exclusivas dos mamíferos, cujo nome deriva de sua presença. A posição das 
glândulas varia de acordo coma espécie. Podem ser peitorais, abdominais ou 
inguinais. As saídas dessas glândulas são os mamilos. O número de glândulas 
mamárias está associado ao número de crias potencial da espécie. Alguns 
Marsupiais, por exemplo, têm 20 mamas. O leite é uma solução aquosa de proteínas 
que acelera o crescimento. No homem, o conteúdo de albumina é baixo, e o 
crescimento é lento, enquanto os filhotes dos porquinhos-da-Índia, que se 
alimentam de leite rico em albumina, duplicam seu peso em poucos dias. As 
glândulas sebáceas estão associadas aos folículos capilares e sua secreção serve 
para lubrificar os pelos e a pele conferindo-lhes propriedades hidrófobas, evitando 
o ressecamento. As glândulas sudoríparas têm por função secretar o suor, cuja 
função é regular a temperatura do corpo, por evaporação, contribuindo também com 
a excreção de sal e urina. Elas estão amplamente distribuídas na pele do homem, 
mas isso não ocorre na maioria dos mamíferos. Não seria vantajoso para animais 
de pelagem densa possuir muitas glândulas sudoríparas. Um outro tipo de glândula 
 
53 
 
 
apresentada pelos mamíferos é a glândula odorífera.

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