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ILICITUDE ● Contrariedade do fato típico praticado por alguém e o ordenamento jurídico (ilicitude formal), capaz de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados (ilicitude material ou substancial). Causa� d� exclusã� d� ilicitud� ● Praticado o fato típico, presume-se seu caráter ilícito, mas pode ser lícito desde que o autor demonstre ter agido acobertado por uma causa de exclusão da ilicitude. ● Elemento subjetivo: é necessário que o agente tenha consciência de agir acobertado por uma excludente ● Legais: são as quatro previstas em lei, sendo gerais (aplicáveis a qualquer crime) e especiais (crimes específicos) ★ ex.: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito ● Supralegais: consentimento do ofendido nos tipos penais em que o bem jurídico é disponível e o sujeito passivo, pessoa capaz. ✓ O não-consentimento integra o estupro, se houver consentimento não há sequer tipicidade penal. o consentimento integra o tipo. ✓ consentimento deve ser dado pelo próprio ofendido (não pode consentir na lesão de bem jurídico alheio) ✓ bem disponível (se o bem é indisponível não tem consentimento do ofendido) ✓ tem que ser dado antes ou durante a execução: não adianta consentir depois da lesão ao seu direito. consentimento posterior pode configurar renúncia ou perdão do ofendido, mas não exclui a ilicitude. ✓ deve ser expresso (a doutrina já vem admitindo o consentimento tácito). Estad� d� necessidad� (a��.24) ● Causa de exclusão de ilicitude decorrente de uma situação de perigo na qual há colisão entre bens jurídicos pertencentes a pessoas diversas, que se soluciona com a autorização conferida pelo ordenamento jurídico para o sacrifício de um deles para a preservação do outro. ● Requisitos: ➞ perigo atual: probabilidade de dano (ou lesão) a algum bem juridicamente tutelado. ✓ pode advir de fato da natureza, de animais ou de uma atividade humana (incêndio) ✓ 1a C: o perigo iminente está implícito, pois não se exige de alguém defender-se somente quando o perigo é atual. ✓ 2a C: não está abrangido o perigo iminente, pois trata-se de perigo de um perigo. Algo muito distante para permitir o sacrifício de bem jurídico alheio.(prevalece). ➞ não provocou por sua vontade: ser causador voluntário é agir com dolo ✓ Ex: direção em alta velocidade, atinge outro veículo para livrar o pedestre ➞ ameaça a direito próprio ou alheio (estado de necessidade de terceiro) ➞ ausência do dever legal de enfrentar o perigo: do contrário a justificação estaria anulando a imposição do dever legal ✓ esse dever persiste enquanto o perigo comportar enfrentamento, se não comporta mais, o bombeiro também pode fugir ➞ inevitabilidade do perigo de outro modo: caráter subsidiário, o sacrifício do bem jurídico alheio era o único meio que tinha para salvar o seu ou do terceiro ➞ proporcionalidade (razoabilidade): na situação concreta, deve-se fazer uma análise comparativa entre o bem salvo e o bem sacrificado (ponderação de bens). Haverá esse estado quando aquele for de maior importância que este, ou, ainda, quando se equivalem (ex.: ofender o patrimônio de terceiro para salvar a vida ou matar para salvar a própria vida). ✓ caso o valor salvo seja de inferior importância em comparação com o sacrificado, não haverá estado de necessidade (ex.: para evitar que um navio afunde, o capitão ordena que a tripulação se jogue em alto-mar). Nesse caso, todavia, deve-se aplicar a causa obrigatória de diminuição de pena, de um a dois terços ● Estado de necessidade defensivo: sacrifica-se direito do próprio causador do perigo. ● Estado de necessidade agressivo: sacrifica-se direito de pessoa alheia à provocação do perigo. Gera responsabilidade civil, apesar de não ser ilícito penal. Legítim� defes� (a��.25) ● É a defesa necessária empreendida contra agressão injusta, atual ou iminente, contra direito próprio ou de terceiro, usando, para tanto, moderadamente, os meios necessários. ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA conflito de vários bens jurídicos diante da mesma situação de perigo ameaça ou ataque a um bem jurídico não tem destinatário certo esse ataque tem destinatário certo decorre de fato humano, animal ou da natureza agressão humana e injusta os interesses em conflitos são legítimos os interesses do agressor são ilegítimos é possível EN x EN Ex: náufragos disputando um único colete salva-vidas LD x LD: não é possível pq só um dos interesses deve ser ilegítimo (legítima defesa recíproca). ● Requisitos 1) agressão: é todo ataque praticado por pessoa humana. Se o ataque é comandado por animais irracionais, ou atinge terceiros, não é legítima defesa e sim estado de necessidade. Pode ser: ✓ ativa - quando o sujeito ataca injustificadamente; ✓ passiva - quando o ato de agredir é uma omissão (ex: carcereiro que, mesmo com alvará de soltura, não liberta o preso) 2) injusta: é a agressão ilícita. Se a agressão é lícita, a defesa (reação) não pode ser legítima, pois é a injustiça ou ilicitude da agressão que legitima a reação do agredido. 3) atual ou iminente: agressão que está em progressão ou que está prestes a se concretizar. 4) a direito próprio ou alheio: qualquer bem jurídico, inclusive de pessoa jurídica ou feto. ✓ não é necessário consentimento do terceiro 5) meios necessários: àquele menos lesivo que se encontra à disposição do agente, porém hábil a repelir a agressão. 6) moderação: proporcionalidade da reação, a qual deve se dar na medida do necessário e suficiente para repelir o ataque. ● Classificações da legítima defesa ✓ defensiva: a reação não constitui fato típico. Ex: a pessoa lhe agride e você se limita a segurar o braço do agressor ✓ agressiva: a reação constitui fato típico. ✓ subjetiva: o excesso exculpante na LD, pois qualquer pessoa nas mesmas circunstâncias se excederia. (elimina a culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa). ✓ sucessiva: ocorre na repulsa contra o excesso abusivo do agente. Não são legítimas defesas simultâneas, mas sim sucessivas. ★ Ex: defesa se excede e o agressor se defende do excesso. Temos duas legítimas defesas, uma depois da outra. Exercíci� regula� d� direit� � estrit� cumpriment� d� deve� lega� (a��.23, III) ● Excludentes em branco: o fundamento destas excludentes encontra-se em outras normas jurídicas, de regra extrapenais. O CP não apresentou conceito ou requisitos a) Estrito cumprimento do dever legal: ação praticada por agente público em cumprimento de um dever imposto por lei, penal ou extrapenal, mesmo que cause lesão a bem jurídico de terceiro. ✓ existência prévia de um dever legal: obrigação imposta por norma jurídica de caráter genérico, não necessariamente lei no sentido formal; o dever poderá advir, inclusive, de um ato administrativo (de conteúdo genérico). Se específico o conteúdo do ato, poder-se-á falar em obediência hierárquica (interfere na culpabilidade do agente); ✓ atitude pautada pelos estritos limites do dever ✓ conduta, como regra, de agente público e, excepcionalmente, de particular. b) Exercício regular de direito: quem está autorizado a praticar um ato, pela ordem jurídica como exercício de um direito, age licitamente. É o desempenho de uma atividade ou prática de uma conduta autorizada por lei, que torna lícito um fato típico. ✓ Ex. práticas esportivas, aborto, correição pelos pais, prisão em flagrante Ofendícul�� ● São aparatos visíveis e acessíveis a terceiros inocentes, que se destinam à defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico. ✓ ex: lanças ou cacos de vidros afixados em portões e muros, e cercas elétricas acompanhadas do respectivo aviso ● Quando atingir o agressor, terá agido em legítima defesa (preordenada); se atingir terceiro inocente, será absolvido com base na legítima defesa putativa. ● Prevalece o entendimento de que a preparação dos ofendículos (legítima defesa ou exercícioregular de um direito) configura exercício regular de um direito, e sua efetiva utilização diante de um caso concreto, legítima defesa preordenada. Excess� (a��.23, § únic�) ● Passar dos limites de uma das causas eximentes ● estado de necessidade: para afastar a situação de perigo, utiliza meios dispensáveis e sacrifica bem jurídico alheio. ● legítima defesa: emprego de meios desnecessários ou emprego imoderadamente. ● estrito cumprimento do dever legal: não observância dos limites determinados pela lei ● exercício regular de direito: exercício abusivo ● Modalidade� 1) doloso, voluntário ou consciente: quando o agente consciente e propositadamente causa ao agressor, ao se defender, maior lesão do que seria necessário para repelir o ataque. Afasta a excludente de ilicitude, podendo restar causa de diminuição ou atenuante da pena 2) culposo: é o exagero decorrente da falta de dever de cuidado objetivo ao repelir a agressão (erro de cálculo). O agente responde pelo resultado típico provocado a título de culpa. ● Classificaçã� d� doutrin� ✓ excesso crasso: ocorre quando o agente desde o princípio atua, completamente, fora dos limites legais, não exclui a ilicitude. Ex: pessoa mata criança que subtrai uma laranja ✓ excesso na causa: quando o direito protegido é inferior em comparação com o atingido pela repulsa empregada, não exclui a ilicitude. ✓ excesso intensivo: o sujeito realiza uma ação que não completa os requisitos da justificante, não exclui a ilicitude ✓ excesso extensivo: o sujeito continua a atuar mesmo quando cessada a situação de justificação (doloso ou culposo) ✓ excesso exculpante: se não agiu nem com dolo nem com culpa, mas em razão de medo, surpresa ou perturbação de ânimo, exclui a culpabilidade. ✓ excesso acidental: ocorre quando o agente, ao reagir moderadamente por força de acidente causa lesão além da reação moderada decorrente de caso fortuito ou força maior, não responde pelo excesso. Descriminante� putativa� a) Erro sobre os limites da justificante: equiparado ao erro de proibição b) Descriminante putativa sobre situação de fato: imagina uma agressão injusta que não existe (art.20 §1o do CP). ➞ Três teorias sobre sua natureza jurídica: ✓ Teoria limitada da culpabilidade: espécie de erro de tipo, se inevitável exclui dolo e culpa, se evitável exclui dolo permanece a culpa(prevalece) ✓ Teoria extremada da culpabilidade: deve ser equiparado a erro de proibição, se inevitável isenta de pena, se evitável diminui a pena. ✓ Teoria extremada sui generis: fusão das anteriores, se inevitável segue a extremada (isenta de pena), se evitável obedece a teoria limitada, pune a título de culpa. Culpabilidade ● É o juízo que será feito sobre a reprovabilidade da conduta do agente, considerando suas circunstâncias pessoais (ex. capacidade) ● Todos os elementos do crime encontram-se presentes, ao mesmo tempo, no instante da conduta delitiva. Imputabilidad� ● capacidade mental de compreender o caráter ilícito do fato (diferença entre o certo e o errado) e de determinar-se de acordo com esse entendimento (ou seja, conter-se). ● Sistema biopsicológico: dois requisitos, um de natureza biológica, ligado à causa ou elemento provocador, e outro relacionado com o efeito, ou a consequência psíquica provocada pela causa. ✓ Exceção: menoridade, exclusivamente ligado na causa geradora (sistema biológico, etiológico ou sistema francês). ● Responsabilidade jurídico-penal: obrigado do agente de sujeitar-se às consequências da infração penal cometida. ● Requisito temporal: todas as causas de exclusão devem estar presentes no momento da conduta. ● Causa� legai� d� exclusã� d� imputabilidad� (devem ser aferidas no momento da conduta) a) doença mental/perturbação mental (de origem patológica ou toxicológica) ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (silvícola ou surdo sem capacidade de comunicação): ✓ com capacidade de entendimento ou de autodeterminação inteiramente suprimida: será inimputável, absolvido (absolvição imprópria) e receberá uma medida de segurança ✓ com capacidade de entendimento ou de autodeterminação diminuída, será considerado “semi-imputável” (imputabilidade diminuída, restrita, reduzida), ficando sujeito a uma pena diminuída (de um a dois terços) ou a uma medida de segurança b) embriaguez completa e involuntária (voluntária pode ser dolo ou culpa), decorrente de caso fortuito (quando se ingere substância cujo efeito inebriante era desconhecido) ou força maior (quando se é compelido de maneira irresistível, contra a sua vontade, a consumir álcool ou substância de efeitos análogos) ✓ com capacidade de entendimento ou de autodeterminação inteiramente suprimida: será inimputável, absolvição ✓ com capacidade de entendimento ou de autodeterminação diminuída, será condenado ficando sujeito a uma pena diminuída c) dependência ou intoxicação involuntária decorrente do consumo de drogas ilícitas ✓ com capacidade de entendimento ou de autodeterminação inteiramente suprimida: será absolvido e encaminhado a tratamento ✓ com capacidade de entendimento ou de autodeterminação diminuída: pena diminuída, de um a dois terços d) menoridade: presunção absoluta ✓ adolescente (pessoa com mais de 12 e menos de 18 anos completos): medidas socioeducativas (internação, semiliberdade etc.). ✓ criança: medidas protetivas (encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; orientação, apoio e acompanhamento temporários; matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental etc.) Potencia� consciênci� d� ilicitud� ● É a possibilidade de o agente, de acordo com suas características pessoais, conhecer o caráter ilícito do fato. ● O desconhecimento da lei é irrelevante ● Não se exige a efetiva compreensão ou entendimento da antijuridicidade,bastando sua possibilidade. ● Trata-se de, através de uma análise cultural (e não biológica ou psíquica, a qual se relaciona com a imputabilidade), perquirir se o conjunto de informações recebidas pelo agente ao longo de sua vida, até o momento da conduta, dava-lhe condições de entender que a atitude por ele praticada era socialmente reprovável ● erro de proibição: recai sobre a compreensão da antijuridicidade da conduta, o sujeito sabe exatamente o que faz (age dolosamente), mas desconhece que é errado a) escusável, inevitável ou invencível: além de não dispor da consciência da ilicitude, verifica-se que o agente nem sequer teria tido condições de alcançar tal compreensão (impossível de ser evitado): exclui a culpabilidade ★ Ex: jornal divulga equivocadamente que a eutanásia foi aprovada. b) inescusável, evitável ou vencível: apesar da falta de consciência da ilicitude, constata-se que o agente possuía condições de ter adquirido tal conhecimento (seja com algum esforço de inteligência, seja com os conhecimentos que poderia apreender a partir da vida em comunidade, etc.): diminui, de um sexto a um terço. ★ Ex: entrar com mercadoria proibida em determinado país. Exigibilidad� d� outr� condut� ● Na situação em que o fato foi cometido, seja lícito concluir que o agente possuía uma alternativa válida de conduta (livre-arbítrio) ● Se a pessoa se vir em situações nas quais não tem escolha — ou age de tal forma, ou um mal muito maior lhe acontecerá —, seu ato não será merecedor de censura e, por conseguinte, de punição. ● Causa� legai� d� exclusã� d� exigibilidad� d� outr� condut�: a) coação moral: grave ameaça feita pelo coator ou coato, exigindo deste último que cometa uma agressão contra terceira pessoa, sob pena de sofrer um mal injusto e irreparável: ✓ se irresistível: coato isento de pena; ✓ resistível: ambos responderão pelo fato — coator e coagido; este com uma atenuante e aquele com a agravante genérica b) obediência hierárquica: ordem de duvidosa legalidade dada pelo superior hierárquico ao seu subordinado, para que cometa uma agressão a terceiro,sob pena de responder pela inobservância da determinação. ✓ não manifestamente ilegal: ao autor da ordem será aplicada uma circunstância agravante e o subordinado será isento de pena. ✓ se patentemente ilícito: todos deverão ser punidos. O autor da ordem, com pena agravada, e quem a cumpriu, com sanção atenuada c) infiltração de agentes policiais em organizações criminosas: o subordinado (militar) estará isento de pena mesmo que a ilegalidade seja manifesta. Ao militar, somente não é dado cumprir ordens manifestamente criminosas. Portanto, se, apesar de flagrantemente ilegal, a ordem não for manifestamente criminosa, o subordinado estará isento de pena Emoçã� � � paixã� ● não excluem o crime ● emoção: sentimento forte e passageiro, capaz de provocar instabilidade no mecanismo das pessoas. Transitória perturbação da afetividade ou a viva excitação do sentimento, estado momentâneo. ✓ causa especial de diminuição de pena ✓ atenuante ● paixão: forte sentimento de cunho duradouro, influência na pena Obs.: coculpabilidade
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