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ilicitude e culpabilidade


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Conceito básico de crime fato típico + ilicitude ou antijuricidade + culpabilidade tripartido 
Fato típico - conduta (dolosa ou dolo-culpa) 
 - resultado (morte)
 - tipicidade 
Nexo causal liga a conduta ao resultado 
Normas penais: incriminadoras e não incriminadoras 
Incriminadoras: estipula normas que descrevem o que é crime, definindo infrações penais para a prática de condutas ilícitas, sob ameaça expressa e específica de uma pena. 
Não incriminadoras: estabelecem regras gerais de interpretação e aplicação das normas penais em sentido estrito, sua função é interpretar e delimitar o alcance de uma norma penal incriminadora. A normal penal não incriminadora é classificada em: permissivas, explicativas e complementares. 
Permissivas: autoriza a realização de uma conduta proibida (excludente da ilicitude).
Explicativas e complementares: esclarecem, limitam ou complementam normas penais incriminadoras, por exemplo, um doutrinador escreve o porquê está usando tal lei quando não muito detalhamento sobre a mesma. 
*Ilicitude: fato não permitido, quando o fato típico presumidamente será ilícito* 
Tipicidade: enquadramento entre fato e norma, tendo fato típico. Podendo ser: direto ou imediato, e, indireto ou mediato. 
*Tipicidade é o que está enquadrado na lei, quando tudo está escrito no C.P, exemplo: art. 155, C.P*
“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”
Direto ou imediato: sem intermediário, não precisa de uma norma de apoio. 
Indireto ou mediato: precisa de uma norma de apoio, ou seja, combinar duas normas para uma completar a outra. 
*A tipicidade também pode ser formal ou conglobante (antinormativo e tipicidade material). 
Formal: há enquadramento entre fato e norma, estando previsto em lei se é permitido, por exemplo, um sujeito comete um crime e a sua penalidade está descrita no código penal. 
Conglobante: a conduta do agente tem que ser antinormativa e tem que haver tipicidade material, sua ação é permitida por lei em tal circunstância, não respondendo por ser um fato atípico. 
Antinormativo: contrária à norma penal, não pode ser fomentada ou regulada pelo Direito. O conceito de antinormatividade se extrai do fato de que se uma conduta é fomentada ou imposta por uma norma, não pode ser proibida por outra. Em outras palavras, o fato típico deve ser analisado de maneira conglobada com todo o ordenamento jurídico, sendo considerado antinormativo apenas quando não estiver amparado por qualquer outra norma legal. Por exemplo: um rapaz leve um soco no rosto, a princípio este caso se enquadraria em lesão corporal previsto no C.P, porém quando entra no assunto de antinormatividade deve-se olhar o contexto todo, buscando justificar tal conduta, como no caso o rapaz levou um soco porque estava em um campeonato de UFC, onde levar golpes que trazem um ferimento é permitido, não há ilicitude, já que tinha uma regra determinando que sejam práticas lícitas. 
Tipicidade material: efetiva lesão ou ameaça ao bem jurídico tutelado, sendo os principais princípios. O juiz absolve o fato, visto que ele não pode se enquadrar na função do D.P. 
Função do Direito penal: proteção de bens jurídicos relevantes. 
Obs. O Direito Penal não se preocupa com bens jurídicos insignificantes (principio insignificante). 
Só será ilícito se for excludente a causa, tais como as causa legais e supralegais. 
Legais: está previsto no C.P, art. 23, C.P (todas as causas estão previstas neste artigo).
 Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Supralegais: estão fora da lei, basicamente acima da lei, mas são aceitas pelo juiz, tem embasamento resolutivo na doutrina. Ex: tatuar o corpo de um indivíduo está praticando lesão corporal, porém o caso é licito já que a o consentimento do ofendido. 
Fato atípico: não há enquadramento. Ex: furto de uso. 
OBS: furto de uso não é crime, pois falta a intenção do agente. 
Estado de necessidade 
Estado de necessidade causa excludente da ilicitude. Tem que haver um perigo inevitável para ser considerado estado de necessidade. “Colisão de bens, onde os dois são juridicamente protegidos”. 
Requisitos do estado de necessidade:
1º. Bem jurídico em perigo atual: não pode ser perigo passado e nem futuro! O perigo pode ser IMINENTE.
2º. Se você não provocou o perigo: caso você esteja tentando sair de um local que está incendiado e acabe pisando em uma pessoa caída ao chão para se salvar, você não será indiciado, uma vez que estava em um Estado de necessidade para salvar sua própria vida. 
3º. Direito próprio ou alheio: sacrificar outra vida em prol da sua própria vida, ou, desviar de uma criança na rua e bater nos carros estacionados. 
4º. Razoabilidade: se é razoável, terá uma diminuição na pena. 
5º. Proporcionalidade: a pena deverá ser proporcional a conduta do agente, porém, se o juiz entender que sua força foi desproporcional ele poderá diminuir a pena.
Art. 24, § 1º e 2º, C.P excluí a ilicitude 
        Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Perigo atual um estado de necessidade que está ocorrendo o perigo. 
“Não provocou” não pode ser causada voluntariamente o perigo pelo próprio agente. Ex:
Neste exemplo o agente provocou a situação de perigo, ou seja, não terá exclusão da culpabilidade. 
Direito próprio ou alheio salvação de seu próprio bem jurídico ou de terceiros.
Razoabilidade sacrificar um bem jurídico de menor valor, portanto há uma diminuição na pena (diminui a culpabilidade). Ex:
Este exemplo serve tanto para a razoabilidade, quanto para direito próprio ou alheio. 
Estado de necessidade justificante exclui a ilicitude, portanto não é crime. Um bem maior se sobrepõe um bem menor. Ex. A vida em relação ao patrimônio. 
Estado de necessidade exculpante exclui a culpabilidade. Bem menor se sobrepõe, ou, igualdade de bens. Ex. Uma casa está pegando fogo com uma moça dentro, porém o dono da casa prefere sacrificar a vida da mulher a deixarem arrombar a porta. Ou seja, ele preferiu seu patrimônio (bem jurídico de menor valor) do que salvar uma vida (bem jurídico de maior valor). 
Teoria unitária estado de necessidade justificante 
Teoria diferenciada estado de necessidade justificante e exculpante. 
O Brasil adota a Teoria Unitária.
Espécies do estado de necessidade 
Ela pode ser para salvar seus próprios bens (própria) ou para salvar bens de terceiros (terceiros).
 Ela também pode ter caráter de que o perigo existe (real) ou o agente pode imaginar uma situação de perigo (putativo). 
*Putativo: uma falsa percepção da realidade. Não há ilicitude, se o erro for inevitável, isenta o agente de pena. 
Legítima defesa 
Art. 25, C.P
 Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou deoutrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Só cabe a ataque humano.
Se caso vier a sacrificar um animal, o D.P entende como um estado de necessidade para se salvar do perigo, a menos que o animal esteja sendo usado como um instrumento de ataque. 
A legítima defesa é considerada uma excludente de ilicitude, pois quem a usa moderadamente é para repelir uma agressão injusta. 
Requisitos para legítima defesa 
Moderação 
Meios necessários 
Injusta agressão 
Agressão atual ou iminente 
Direito seu ou de outrem 
Moderação: o ato de defesa tem que ser proporcional à gravidade da ameaça ou reação, podendo agir em legítima defesa até o momento que cessou a agressão. Ex: 
Meios necessários: Na Legítima Defesa, quem sofre injusta agressão pode usar dos meios disponíveis para se proteger. Também cabe frisar o fato de que não existe número mínimo ou máximo de disparos para que se caracterize a Legítima Defesa. Caso a vítima descarregue os 18 tiros de sua pistola e ainda assim o agressor – incrivelmente – tenha capacidade de oferecer perigo real ou iminente, é cabível que a vítima troque os carregadores e continue disparando até que cesse a agressão (legítima defesa do excesso, excludente de antijuricidade). Por outro lado, caso a vítima tenha efetuado único disparo capaz de cessar a agressão e, ainda assim, continuado disparando , responderá pelo excesso previsto no Parágrafo Único do Art. 23 exposto acima.
Injusta agressão: Agressão injusta, por sua vez, consiste em uma agressão não autorizada pela lei. Quando a reação da vítima é desproporcional a ação do agressor. Ex: a força policial é justa, ou seja, um meliante não pode agredir os policiais. Ex2: alguém quer agredir uma pessoa com um pedaço de pau, caso a vítima pegue uma arma e desferem três tiros no agressor, o acertando, matando-o ou o ferindo gravemente, em tese, a proporcionalidade entre a agressão e a legítima defesa, ocorrendo ai o excesso punível.
Agressão é diferente de provocação. Se um cara te fala mal, não podemos agredi-lo. 
Agressão atual ou iminente: não é necessário à vítima aguardar o primeiro ataque do agressor para iniciar a sua defesa, assim, a Legítima Defesa pode ser utilizada em situações em que a agressão é atual ou iminente, ou seja, ainda está por vir. Ex: 
A ameaça B de morte
B encontra A em um beco escuro 
A levanta a camisa com a mão esquerda, enquanto a mão direita aproxima-se do cós da calça
Mesmo sem esperar A sacar sua arma, B atira nele.
B já estava autorizado pela Lei em iniciar sua defesa contra B
Direito próprio ou alheio: De acordo com o Código Penal, não é apenas a vítima que pode “se beneficiar” da Excludente de Ilicitude de que tratamos. O texto da Lei também prevê que não existe crime quando se age em defesa de terceiros, legitimando, por exemplo, o pai que, em flagrante, mata o estuprador da filha para defendê-la.
*Atenção: o ônus da prova cabe a quem provar, sendo que legítima defesa e álibi, tem que provar. Sendo que não existe legítima defesa de legítima defesa, pois há sempre um agente que iniciou a agressão injusta.
Excesso da legítima defesa: no art. 23, parágrafo único, diz o seguinte; 
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Quando o agente comete o excesso, ele rompe os meios necessários, desrespeitando os limites legalmente previstos, podendo ser doloso ou culposo.
Excesso doloso: o agente se excede conscientemente. Ex: 
A agride B com uma força
B atira em A e A cai no chão 
Se B der mais de três tiros em A 
B será processado por homicídio 
Excesso culposo: o agente se desespera e age com imperícia, não intencionalmente. 
Espécie de legítima defesa 
Putativo ou imaginário: falsa percepção da realidade, o agente imagina uma ameaça, há erro quanto à existência de uma justificante. É o que a doutrina chama de erro de permissão ou erro de proibição indireto. Ex:
A ameaça B de morte
Passa semanas e A sai para caminhar no parque, 
Coincidentemente B também estava no mesmo parque caminhando
B vê o A colocando a mão no bolso 
B se sentiu ameaçado e achou que A iria sacar sua arma e matá-lo 
Nisso B sacou sua arma primeiro e atirou em A, o matando. 
Neste caso o agente será isento da sanção, uma vez que ele achou que estava com risco de vida.
Legítima defesa putativa de legítima defesa putativa existe e não respondem pelo crime, dois agentes se sentem ameaçados e um acaba iniciando a agressão. 
Legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um erro justificável, o agente imagina estar sendo agredido mesmo depois de ter acabado o perigo. 
Legítima defesa sucessiva: é uma reação do agente em excesso, podendo ser própria ou de terceiros, e, responde pelo excesso. 
“Aberratio Ictus” “erro na execução”, um agente quer atingir uma pessoa mas acaba atingindo uma outra. 
     Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplicam-se a regra do art. 70 deste Código.
Estrito cumprimento do dever legal: (art. 23, III, C.P, 3º excludente), é ação permitida por Lei para a prática de algo que pode causar lesão a um bem jurídico. “o estrito do cumprimento do dever legal compreende os deveres de intervenção do funcionário público na esfera privada para assegurar o cumprimento da lei ou de ordens superiores da administração pública, que podem determinar a realização justificada de tipos legais, como coação, privação de liberdade, violação de domicílio, lesão corporal etc.” - Juarez Cirino dos Santos.
Exercício regular do Direito: (art. 23, III, C.P, tipicidade conglobante), é o desempenho de uma atividade ou a prática autorizada por Lei que torna lícito um fato típico. Ex: exercício regular de direito na correção dos filhos pelos pais, na prisão em flagrante por particular, entre outros, já no Direito penal, a imunidade judiciária (art. 142, III, CP), a coação para evitar o suicídio ou para prática de intervenção cirúrgica (art. 146, § 3º, CP), o direito de crítica (art. 142, inciso II, do CP). 
Ofendículos: são aparatos visíveis, destinados à defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico, tudo que se torne um obstáculo. A doutrina penal divide-se em duas correntes; uma primeira coloca os ofendículos no âmbito do exercício regular de direito, enquanto uma segunda entende que se trata de legítima defesa preordenada. Ex: muro com cerca elétrica, arame farpado, etc. Defesa mecânica predisposta: são aparatos ocultos com a
mesma finalidade dos ofendículos, configurando, quase sempre, em delitos dolosos ou culposos.