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Aula 17 - Concurso de Pessoas

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Concurso de Pessoas
1. Previsão legal
Art. 29, caput, CP – parte geral. 
2. Denominação
Concurso de pessoas ou concurso de agentes. 
Na doutrina há quem fale em concurso de delinquentes, concurso de criminosos. Não é usual. 
Na redação original do código penal era chamado de coautoria, o código penal não falava em coparticipação, tudo era coautoria. 
3. Conceito
Colaboração entre dois ou mais indivíduos para a prática de um crime ou de uma contravenção penal. 
4. Requisitos
a. Pluralidade de agentes culpáveis
Dois ou mais agentes todos eles dotados de culpabilidade. A conduta do autor é principal e a conduta do partícipe é acessória. Quanto ao número de agentes os crimes se dividem em três grandes grupos:
a.1. crimes unissubjetivos, unilaterais ou de concurso eventual: são aqueles normalmente praticados por uma única pessoa, mas admitem o concurso. 
Ex.: homicídio. 
O concurso de pessoas previstos na parte geral do CP (art. 29, CP) só aplica para os crimes unissubjetivos. Nesses crimes todos os agentes devem ser culpáveis, porque se faltar a culpabilidade de um dos agentes não se caracteriza o concurso de pessoas, o que se caracteriza é a autoria mediata. 
a.2. crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário
São aqueles em que o tipo penal exige a pluralidade de pessoas para a caracterização do delito. 
a.3. crimes acidentalmente coletivos
São aqueles que podem ser praticados por uma única pessoas, mas a pluralidade de agentes faz surgir uma modalidade mais grave do crime. 
Não se aplica o art. 29, caput, CP, porque o concurso de pessoas é disciplinado pelo próprio tipo penal. 
Nos crimes plurissubjetivos e nos crimes acidentalmente coletivos, basta que um dos agentes seja culpável. 
b. Relevância causal das condutas 
Dois ou mais agentes cada qual praticando sua conduta e, todas as condutas colaboram/concorrem para o resultado. 
Art. 29, caput, CP. 
OBS: não há concurso de pessoas na chamada participação inócua, inútil ou ineficaz. Participação inócua é aquela que o agente subjetivamente quer concorrer para o resultado, mas objetivamente ele não concorre. 
c. vínculo subjetivo, liame psicológico ou liame de vontades
Desejo de colaborar para o crime de terceiros, ainda que este terceiro desconheça a colaboração do agente. O vínculo subjetivo não se confunde com o chamado prévio ajuste. Faltando o vínculo subjetivo, desaparece o concurso de pessoas e aparece a autoria colateral. 
Tanto no vínculo subjetivo quanto no prévio ajuste existe concurso de pessoas. O prévio ajuste é o acordo de vontades. Para se falar em concurso de pessoas é necessário que todos os agentes apresentem vontades homogêneas (princípio da convergência). Se o crime é doloso todos os agentes devem concorrer dolosamente para o resultado. Não há participação dolosa em crime culposo. 
d. unidade de infração penal para todos os agentes
art. 29, caput, CP. Consagra a regra geral, é que o nosso CP adota a teoria unitária, monista ou monística no concurso de pessoas. Isso significa que todos aqueles que concorrem para um crime respondem pelo mesmo crime. Nós temos unidade de crime e pluralidade de pessoas, o concurso de pessoas é caracterizado pela unidade de crime e pluralidade de pessoas. 
Essa regra geral, não exclui exceções pluralistas (teoria pluralísticas, pluralista, cumplicidade do crime distinto, autonomia da cumplicidade – são hipóteses previstas em lei em que dois ou mais agentes colaboram para o mesmo resultado, porém respondem por crimes diversos).
Ex.: aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Gestante responde pelo crime do art. 124 e o médico responde pelo crime do art. 126, crimes diversos com mesmo resultado. 
OBS: essa unidade de crime para todos os agentes significa unidade de pena para todos os agentes, se todos respondem pelo mesmo crime, todos receberam a mesma pena?
A unidade de crime para todos os agentes não acarreta a unidade de pena para todos os agentes. Nesses aspecto o CP segue à risca o princípio da culpabilidade – quem de qualquer modo concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
e. existência de fato punível 
É o que se chama em doutrina de princípio da exterioridade no concurso de pessoas. Deve ser praticado pelo menos um crime tentado, não basta ter dois ou mais agentes culpáveis, não basta a relevância das causal das condutas, o vínculo subjetivo, a unidade de infração penal para todos os agentes, é necessário que seja praticado um crime pelo menos na forma tentada. 
OBS: Outros autores utilizam apenas quatro requisitos, esse quinto requisito está dentro dos anteriores. 
5. Formas de concurso de pessoas: coautoria e participação
Coautoria todos os agentes praticam condutas principais.
Na participação nós temos o autor praticando as condutas principais e o partícipe praticando as condutas acessórias. 
Coautoria nada mais é do que a presença de dois ou mais autores. Então é necessário saber quem é o autor. 
6. Autoria
Existem várias teorias que buscam explicar o conceito de autor no direito penal:
a. Teoria objetivo formal
É uma teoria restritiva, pois restringe o conceito de autor e consequentemente admite a figura do participe. 
Autor é quem pratica o núcleo o tipo. Partícipe é quem concorre de qualquer modo para o crime sem executá-lo. 
Essa teoria precisa ser complementada pela autoria mediata. O autor mediato ou autor de trás é aquele que se vale de uma pessoa sem culpabilidade para executar o crime. 
b. Teoria do domínio do fato
Essa teoria foi criada por Hans Welzel em 1939. Welzel dizia que autor é o senhor do fato. Essa teoria vem ampliar o conceito de autor. Ela pega a teoria anterior e traz algo mais. Usa toda a base da teoria anterior. 
Para essa teoria o autor é quem pratica o núcleo do tipo e, também o autor intelectual (mentor do crime – quem planeja o crime, mas não executa – arquiteto do crime). Para a teoria anterior o autor intelectual é partícipe. 
É autor ainda o chamado autor mediato, para a teoria do domínio do fato perde a razão de ser, autor mediato é autor. Autor por fim é quem tem o controle final do fato. 
OBS: A teoria do domínio do fato admite a figura do partícipe?
Admite, pois ampliou o conceito de autor e assim diminuiu a figura do participe. Mas, não excluiu a figura do participe. Participe para essa teoria é quem concorre de qualquer modo para o crime, sem realizar o núcleo do tipo e sem ter o controle final do fato. O participe continua existindo, porém com uma aplicabilidade pratica menor. 
A teoria do domínio do fato é aplicável apenas aos crimes dolosos. Não se aplica aos crimes culposos, ela é logicamente contrária/ incompatível aos crimes culposos, isso porque o resultado do crime culposo é involuntário. 
Qual foi a teoria adotada pelo CP?
O CP não adota expressamente nenhuma teoria. 
A teoria do domínio do fato ganhou destaque com o julgamento do mensalão – Ação Penal 470, STF. 
Cuidado!: art. 2, §3º, da Lei 12.850/13 – lei dos crimes organizados. 
A teoria do domínio do fato tem grandes vantagens nos crimes praticados no contexto de organização criminosa. Para criminalidade comum, ela não tem grande relevância. 
O CP segue a regra da culpabilidade. Não há diferença entre ser condenado como partícipe ou autor, pois, a pena nem sempre é maior para o autor. 
6.2. Autoria de escritório e teoria do domínio da organização
Autoria de escritório é uma teoria proposta por Zaffaroni. Teoria do domínio da organização é proposta por Klaus Roxin. 
Essas duas teoria são ramificações da teoria do domínio do fato. 
Essas teorias buscam explicar a autoria nos crimes práticos no contexto de crimes praticados em estruturas ilícitas do poder (organizações criminosas e grupos terroristas). 
Essas teorias têm o grande mérito de permitir a identificação da autoria para quem não pratica atos de execução nesses grupos de poder. 
7. Coautoria
Modalidade de concurso de pessoas em que existem dois ou mais autores. A coautoria pode ser de duas espécies:
a. Parcial/Funcional
Os agente praticam atos diversosque somados concorrem para a produção do resultado. 
Ex.: A segura B para C esfaquear. 
b. Direta ou material
Os agentes praticam atos idênticos que se unem em busca da produção do resultado. 
Ex.: A e C esfaqueiam B.
7.2. Crimes próprios e de mão própria
Crimes próprios ou especiais: São aqueles que reclamam uma situação fática ou jurídica diferenciada no tocante ao sujeito ativo.
Ex.: Peculato, infanticídio. 
Crimes de mão própria ou crimes de atuação pessoal ou de conduta infungível: são aqueles que somente podem ser praticados pela pessoa indicada no tipo penal. 
Ex.: Falso testemunho, falsa perícia. 
OBS: Crimes próprios e crimes de mão própria admitem coautoria?
Os crimes próprios admitem a coautoria. 
Os crimes de mão própria não admitem coautoria, somente a participação. Porque crime de mão própria é aquele que só pode ser praticado pela pessoa indicada no tipo penal, não dá para mais uma pessoa fazer junto. 
Todavia, existe um crime de mão própria que admite a coautoria: a falsa perícia (dois peritos em comum acordo). Para quem adota a teoria do domínio do fato, os crimes de mão própria admitem coautoria. 
8. Participação
Natureza acessória. Não por ser menos importante que a autoria, mas porque a participação só se concretiza quando o autor pratica o crime. 
8.1. Conceito
Depende da teoria do autor adotada. Para a teoria objetivo formal: participe é quem concorre de qualquer modo para o crime, sem executá-lo. Para quem adota a teoria do domínio do fato participe é quem concorre de qualquer modo para o crime, sem executá-lo e sem ter o controle final do fato. 
8.2. Modalidades de participação: moral e material
a. Moral 
Participação moral é aquela que se limita a conselhos, ideias, e sugestões. É aquela que influencia no pensamento do agente. Verifica-se mediante induzimento ou instigação. 
b. Material
É aquela que se dá em atos concretos, instrumento, objetos e etc. Se dá através do auxílio. 
Induzimento – é fazer surgir na mente de alguém uma vontade criminosa que até então não existia. 
Instigar – é reforçar uma vontade criminosa que já existe na mente do agente. 
OBS: Tanto o induzimento quanto a instigação devem ser dirigidos a uma pessoa determinada e visando um fato determinado. Não há participação e consequentemente não há concurso de pessoas no induzimento e na instigação de natureza genérica. 
Ex.: Primeira metade da década de 80 – Planet Hemp ( incentivava o uso e a legalização da maconha)
Goethe – O sofrimento do jovem Werther – o amor não correspondido só pode ser superado com a morte de quem ama. Na europa teve uma onda de suicídio muito grande e a justiça tentou prender o autor. 
Auxílio – é a participação material. O auxílio também é chamado de cumplicidade. Auxiliar é materialmente praticar o crime sem executá-lo. O auxílio, via de regra, acontece durante os atos preparatórios ou durante os atos executórios. Não se admite o auxílio posterior a consumação, salvo de ajustado previamente. 
Ex.: empresta a arma que será utilizada para matar alguém. 
Auxílio Posterior a consumação:
a) com ajuste prévio: A informa B que no dia seguinte ao meio -dia irá matar C. A ajusta com B que ele deverá passar de carro para buscá-lo com uma mala de roupas para que ele possa fugir. 
b) sem ajuste prévio: B chega logo após A matar C e ajuda na fuga. 
Nesse caso, B responde pelo crime de favorecimento pessoal (art. 348). 
8.3. Participação de Menor Importância
Art. 29, §1º do Código Penal: Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
A participação de menor importância é uma causa obrigatória de diminuição da pena e, incide na terceira e última fase da aplicação da pena. 
Trata-se de direito subjetivo do réu. 
A participação de menor importância também é chamada de participação mínima. Ela é a participação de leve ou reduzida eficácia causal. O agente concorre para o resultado, porém em menor grau. 
O Código fala em participação de menor importância, logo essa diminuição da pena não se aplica para o coautor. A coautoria nunca é de menor importância. Essa regra de diminuição somente se aplica ao partícipe. 
Não confundir participação de menor importância (o agente concorre para o resultado final, ele é partícipe. Ele irá ser condenado com a pena diminuída de 1/6 a 1/3) com participação inócua (o agente não é partícipe, ele não responde pelo crime. Essa modalidade afasta o requisito da relevância causal das condutas. O agente quer concorrer para o resultado, mas objetivamente não concorre.) 
8.4. Participação impunível
Art. 31 do Código Penal: O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos a ser tentado. 
A participação impunível é uma causa de atipicidade da conduta do partícipe. 
Princípio da executividade da participação – para que a participação seja punível o autor deve praticar um crime ainda que na forma tentada. 
8.5. Participação por Omissão
É possível a participação por omissão quando quem se omitiu tinha o dever jurídico de agir para evitar o resultado. 
8.6. Conivência
Também é chamada de participação negativa, concurso absolutamente negativo ou ainda Crime silente. 
É a omissão de quem não tem o dever de agir para evitar o resultado. 
Ex.: cidadão comum passando na rua e vê uma mulher sendo estuprada, ele continua andando e não faz nada. Ele não é partícipe. Ele responde pelo crime de omissão de socorro. 
8.7. Participação em cadeia (participação da participação)
Depende de pelo menos três pessoas. 
Ex.: A quer matar D. Ele chega em B e induz o mesmo a induzir C a matar D. 
OBS: Não confundir a participação em cadeia com a participação sucessiva (ocorre quando uma mesma pessoa é induzida, instigada ou auxiliada por duas ou mais pessoas para cometer um crime). 
8.8. Teoria da acessoriedade: a punição do partícipe
Buscam explicar a punição do partícipe. Essas teorias vão explicar o que o autor precisa fazer para o partícipe possa ser punido. 
a) Acessoriedade Mínima: para o partícipe ser punido basta que o autor pratique um fato típico. 
Essa teoria é exagerada. 
b) Acessoriedade limitada: fato típico + ilícito
O autor não precisa ser culpável. Essa teoria está errada. Primeiro porque sem a culpabilidade do autor não há concurso de pessoas. O que nós temos aqui é autoria mediata e na autoria mediata não há concurso de pessoas. O autor imediato é um mero instrumento do crime, não há concurso de pessoas entre o autor mediato e a o autor imediato, seja por falta de pluralidade de agentes culpáveis, seja porque falta vínculo subjetivo. 
c) Acessoriedade máxima ou extrema: fato típico + ilícito + agente culpável
Para se punir o participe o autor deve praticar um fato tipico, ilícito e ser culpável. Essa teoria é mais adequada. A doutrina tem se encaminhado para essa teoria. 
d) Hiperacessoriedade: fato típico + ilícito + agente culpável + punição efetiva
Acessoriedade mínima e Hiperacessoriedade são descartadas. 
Para essas teorias pouco importa o conceito analítico de crime que se adota. 
9. Cooperação dolosamente distinta
Também é chamado de desvios subjetivos entre os agentes. 
Art. 29, §2º, CP: Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
1ª Parte: Crime menos grave e crime mais grave. 
Ex.: Furto e o crime mais grave é um latrocínio. 
A e B ajustam a prática de um furto. Na rua debaixo tem um carro que sempre fica na rua, eles se aproximam do carro e com a chave micha eles arrombam a porta, quando eles fazem isso o alarme dispara e o proprietário do carro sai. 
Nesse momento A foge, B permanece no local e mata o proprietário do carro. 
A responde por tentativa de furto qualificado por concurso de pessoas. 
B por latrocínio consumado. 
2ª Parte: E se o resultado mais grave era previsível para o A?
A e B ajustam o furto do carro. A sabe que B é esquentado e já matou outraspessoas. 
Eles abrem o carro e o alarme dispara, A foge e B fica e mata o proprietário do carro. 
A continua respondendo pelo crime de tentativa de furto qualificado pelo concurso de pessoas e B por latrocínio consumado. 
10. Executor de reserva
É o sujeito que concorre para o crime de terceiro e ele pode ser considerado como coautor ou partícipe a depender do caso concreto. 
É aquele que presencia a execução do crime de terceiro e fica no aguardo para intervenção. Se a intervenção dele se concretiza ele é coautor, se a intervenção dele não se concretiza ele é partícipe. 
11. Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30, CP
Comunicabilidade é a transferência, transmissão de algo que pertence a um dos agentes para os demais. Aquilo que diz respeito a um dos agentes, se estende aos demais. 
11.1. Elementares, circunstâncias e condições
Elementares são os dados que formam a modalidade básica, mais simples do crime. 
As elementares formam o chamado tipo fundamental. 
Ex.: matar alguém – núcleo matar e elementar é alguém. 
Em regra, as elementares estão previstas no caput de cada tipo penal. 
Circunstâncias são os dados que se agregam, se unem ao tipo fundamental para aumentar ou diminuir a pena. Em outras palavras, circunstâncias são as qualificadoras, as figuras privilegiadas e as causas de diminuição da pena. As circunstâncias formam o chamado tipo fundamental derivado. 
As circunstâncias se dividem em dois grandes grupos:
a) Pessoais/ subjetivas
São aquelas que dizem respeito a pessoa/agente e não ao fato/crime. 
Ex.: todas aquelas relacionadas aos motivos do crime. 
b) reais/objetivas 
São aquelas que dizem respeito ao fato/crime praticado (meios e modos de execução do crime) e não ao agente. 
Condição são dados que existem independentemente da prática do crime. As condições também se dividem em:
a) pessoais/subjetivas
dizem respeito ao agente e não ao fato/crime.
Ex.: reincidência 
b) reais/objetiva
São aquelas que dizem respeito ao fato, ao crime praticado. 
Ex.: invasão de domicílio. A pena é agravada se o crime é praticado durante a noite. 
11.2. As Regras do art. 30
1ª As elementares se comunicam, desde que sejam do conhecimento de todos os agentes;
As elementares sempre se comunicam no concurso de pessoas, desde que sejam do conhecimento de todos os agentes (serve para evitar a responsabilidade penal objetiva). 
Ex.: A e B decidem juntos praticar um crime. A é promotor de justiça e sugestiona roubar computadores da promotoria e vender. A pratica o crime de peculato e B também, por ser elementar do crime e por B ter conhecimento da posição ocupada por A. 
Caso B não tivesse conhecimento da posição de A, ele responderia por crime de furto. 
2ª As circunstâncias pessoais ou subjetivas nunca se comunicam. Pouco importa se eram ou não do conhecimento dos demais agentes. 
Ex.: Pai chega em casa e encontra a filha adolescente chorando, a filha diz que foi violentada pelo vizinho. O pai quer matar o estuprador da filha, mas não tem coragem. Ele contrata um matador de aluguel. 
O pai responde pelo crime de homicídio privilegiado pelo motivo de relevante valor moral. O pistoleiro responde por homicídio qualificado pela paga. O motivo de relevante valor moral do pai não se comunica com o pistoleiro. 
3ª As circunstâncias reais ou objetivas se comunicam, desde que sejam do conhecimento de todos os agentes. 
Ex.: A contrata B para matar C. B liga para A e diz que vai matar C queimado. 
Caso B resolvesse matar C com emprego de tortura e esse fato fosse desconhecido por A, não haveria comunicação. Caso houvesse configuraria responsabilidade penal objetiva. 
4ª As condições pessoas ou subjetivas nunca se comunicam. 
A reincidência é uma condição pessoal subjetiva e não se comunica, pouco importa se o outro tinha conhecimento dela ou não. 
5ª As condições reais ou objetivas se comunicam, desde que sejam do conhecimento de todos os agentes (é para evitar a responsabilidade final objetiva). 
Ex.: A contrata B para entrar na casa de C, apenas para bagunçar. (crime de violação de domicílio). 
Mas, B resolve invadir a residência de C a noite (modalidade mais gravosa do crime) e A não sabe. Essa circunstância não se comunicará a A. Todavia, caso A tivesse conhecimento dessa decisão de B, a circunstância se comunicaria. 
11.3. Infanticídio, estado puerperal e elementares personalíssimas
O infanticídio é modalidade privilegiada de um homicídio. 
Nelson Hungria sustentou por muito tempo a existência de elementar personalíssima relativa ao crime de infanticídio. Para essa posição o estado puerperal da mãe não se comunicaria com o pai, ainda que este cometesse o crime sob influência da mãe. 
Todavia, o Código Penal não fala em elementares personalíssimas, então, se o estado puerperal é considerado elementar, ele se comunica, desde que seja do conhecimento dos demais agentes. 
12. Autoria Colateral
Também chamada de coautoria imprópria, ou ainda autoria parelha – dois ou mais agentes realizam atos de execução de um mesmo crime, cada um desconhecendo a atuação do outro. 
Na autoria colateral não concurso de pessoas. Falta vínculo subjetivo, os agentes não têm a intenção de colaborar com o crime do outro. 
Na autoria colateral é possível identificar quem produziu o resultado. 
13. Autoria incerta
Pressupõe uma autoria colateral. 
Na autoria incerta não se identifica quem produziu o resultado. Não é possível identificar quem produziu o resultado. 
Se ambos praticaram atos de execução do crime, ambos respondem por crime tentado, ainda que o crime tenha se consumado. Fundamentado no in dubio pro reo. 
Se um dos agentes praticou um ato de execução e o outro agente praticou uma conduta que caracteriza um crime impossível. O inquérito policial deverá ser arquivado com base no art. 17, CP. Crime impossível para os dois agentes. 
14. Autoria desconhecida
É um instituto de processo penal. Na autoria desconhecida, um crime foi praticado, mas não há se quer indícios de quem foi o autor. 
A autoria desconhecida leva sempre ao arquivamento do procedimento de investigação (inquérito policial ou PIC), por falta de indícios de autoria.

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