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CONCURSO DE PESSOAS

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CONCURSO DE PESSOAS 
Arts, 29 a 31,cap. 
            O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 29, não define especificamente o concurso de pessoas, porém, afirma que “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
Para a caracterização de um ilícito penal, é necessário, primeiramente, uma conduta humana,  positiva  ou negativa, cometida por uma ou várias pessoas, não sendo todo comportamento do homem um delito, em face do princípio de reserva legal somente os que estão tipificados pela lei penal podem assim ser considerados.
Art. 29. Concurso de pessoas
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Concurso de pessoas é a denominação dada pelo Código Penal às hipóteses em que duas ou mais pessoas envolvem-se na prática de uma infração penal. A doutrina e a jurisprudência também se Utilizam das expressões concurso de agentes e codelinquência para referir-se a essas hipóteses de pluralidade de envolvidos no ilícito penal.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES E O CONCURSO DE PESSOAS
Ex.: Os crimes de homicídio, furto, roubo e estupro, dentre inúmeros outro
Ex.: O delito de associação para o tráfico previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas), que pressupõe a união de pelo menos duas pessoas para a prática delitiva.
CRIMES UNISSUBJETIVOS OU MONOSSUBJETIVOS
 OU DE CONCURSO EVENTUAL
São aqueles que podem ser cometidos por um ou mais agentes
Constituem a maioria dos crimes previstos na legislação penal.
de condutas CONTRAPOSTAS
* As condutas são praticadas umas contra as outras
* Os agentes são ao mesmo tempo autores e vítimas
Plurissubjetivos ou de Concurso Necessário
São os que podem ser praticados por uma pluralidade de agentes em concurso
de condutas CONVERGENTES
As condutas tendem a encontrar-se e desse encontro surge o resultado
de condutas PARALELAS
As condutas auxiliam-se mutuamente, visando à produção de um resultado comum
Exemplos:
Crimes de concurso necessário de condutas paralelas: O crime de associação criminosa, descrito no art. 288 do Código Penal (com a redação dada pela Lei n. 12.850/2013), em que a lei prevê como ilícito penal a associação de três ou mais pessoas para o fim de cometer, reiteradamente, crimes. Há um pacto entre os integrantes do grupo no sentido de atuarem em conjunto na prática de delitos.
Crimes de concurso necessário de condutas convergentes: O do crime de adultério, que, todavia, deixou de existir desde que foi revogado pela Lei n. 11.106/2005. Atualmente, costuma-se dar como exemplo o crime de bigamia, ressalvando-se, porém, que só haverá o concurso se houver má-fé por parte do cônjuge ainda solteiro, ou seja, se ele tiver ciência de que o parceiro já é casado e, ainda assim, contrair matrimônio. A bigamia está descrita no art. 235 do Código Penal e a pena para aquele que ainda não era casado é menor, nos termos do art. 235, § 1º, do Código Penal.
Crimes de concurso necessário de condutas contrapostas: crime de rixa (art. 137 do CP), cuja configuração pressupõe a recíproca e concomitante troca de agressões entre
pelo menos três pessoas.
 
Espécies do concurso de pessoas
Concurso necessário: refere-se aos crimes plurissubjetivos, que exigem o concurso de, pelo menos, duas pessoas.
Concurso eventual: refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados por um só agente.
 
MODALIDADES DE CONCURSO DE AGENTES
Tendo nossa legislação adotado a teoria restritiva no que diz respeito ao concurso de pessoas, teoria esta que diferencia autores e partícipes, pode-se dizer que as formas de concurso de pessoas são a coautoria e a participação.
AUTORIA
Autor é aquele que realiza a conduta expressa no verbo da figura típica, ou seja, a conduta descrita no tipo. É, portanto, aquele que “mata”, “subtrai”, “obtém a vantagem ilícita” etc. De acordo com esse entendimento, o mandante de um crime não pode ser considerado seu autor, uma vez que não lhe competiram os atos de execução do núcleo do tipo (quem manda matar não mata, logo não realiza o verbo do tipo).
Pelo mesmo entendimento, se um agente segura a vítima, enquanto o outro com ela mantém conjunção carnal, ambos devem ser considerados autores de estupro, já que a figura típica do art. 213 do CP tem como núcleo a conduta de “constranger” (forçar a vítima a ter conjunção carnal ou a praticar outro ato libidinoso), e não a de “manter conjunção carnal”.
AUTORIA
Há uma segunda corrente que sustenta que autor é todo aquele que
detém o controle final da situação, de modo a ter o domínio total do fato
até a sua consumação. Essa teoria denomina-se “Teoria do Domínio do
Fato”, para a qual pouco importa se foram ou não realizados os atos de
execução ou se foi praticado o verbo do tipo. Autor é o mandante, aquele
que planeja toda a ação delituosa, que coordena e dirige a atuação dos
demais, enfim, qualquer um que detenha o domínio pleno da ação,
embora não a realize materialmente.
Segundo a teoria do domínio do fato, lembrada no ensinamento de
Wessels (1976, p. 119), autor é quem, como “figura central” (= figura-chave) do acontecimento, possui o domínio do fato (dirigido planificadamente ou de forma coconfigurada) e pode, assim, deter ou deixar decorrer, segundo a sua vontade, a realização do tipo. Partícipe é quem, sem um domínio próprio do fato, ocasiona ou de qualquer forma promove, como “figura lateral” do acontecimento real, o seu cometimento.
Assim, autor é quem dirige a ação tendo o completo domínio sobre a
produção do resultado, enquanto partícipe é um simples concorrente acessório.
AUTORIA MEDIATA
Trata-se de uma modalidade de autoria, ocorrendo quando o agente se vale de pessoa não culpável, ou que atua sem dolo ou culpa, para executar o delito.
Vale ressaltar que nem todas as vezes que um menor de 18 anos toma parte no cometimento do injusto penal é ele instrumento do maior (configurando a autoria mediata). Podem ser coautores, vale dizer, ambos desejam e trabalham para atingir o mesmo resultado, de modo que não é o menor mero joguete do maior. Chama-se a essa modalidade de colaboração – tendo em vista que um agente é penalmente responsável e o outro não –, de “concurso impropriamente dito”, “pseudoconcurso” ou “concurso aparente”.
AUTORIA COLATERAL
Ocorre tal modalidade de colaboração, que não chega a se constituir em concurso de pessoas, quando dois agentes, desconhecendo a conduta um do outro, agem convergindo para o mesmo resultado, que, no entanto, ocorre por conta de um só dos comportamentos ou por conta dos dois comportamentos, embora sem que haja a
adesão de um ao outro. 
 Ex: A e B, matadores profissionais, colocam-se em um desfiladeiro, cada qual de um lado, sem que se vejam, esperando a vítima C passar para eliminá-la. Quando C aproxima-se, os dois disparam, matando-o. Responderão por homicídio em autoria colateral. Não podem ser considerados coautores, já que um não tinha a menor ideia da ação do outro (falta vínculo psicológico entre eles). Se porventura um deles atinge C e o outro erra, sendo possível detectar que o tiro fatal proveio da arma de A, este responde por homicídio consumado, enquanto B, somente por tentativa. Caso não se saiba de qual arma teve origem o tiro fatal, ambos respondem por tentativa (aplica-se o princípio geral do in dubio pro reo). Se A acertar C, matando-o instantaneamente, para depois B alvejá-lo igualmente, haverá homicídio consumado para A e crime impossível para B. Finalmente, caso um deles atinja C, matando-o instantaneamente e o outro, em seguida, acerta o cadáver, nãose sabendo quem deu o tiro fatal, ambos serão absolvidos por crime impossível (aplica-se novamente o princípio do in dubio pro reo). Chama-se de autoria incerta a hipótese ocorrida no contexto da autoria
colateral, quando não se sabe qual dos autores conseguiu chegar ao resultado.
CONIVÊNCIA
 
A conivência, por seu turno, é a participação por omissão, quando o agente não tem o dever de evitar o resultado, nem tampouco aderiu à vontade criminosa do autor. 
Não é punível pela lei brasileira. 
É o chamado concurso absolutamente negativo.
Ex: um funcionário de um banco fica sabendo que um colega seu está desviando dinheiro; não ocupando a função de vigia ou segurança, nem trabalhando na mesma seção, não está obrigado a denunciar o companheiro ou intervir na ação delituosa para fazê-la cessar. É o chamado concurso absolutamente negativo.
TEORIAS QUANTO AO CONCEITO DE AUTOR
	Teoria 
UNITÁRIA	Teoria
EXTENSIVA	Teoria 
RESTRITIVA
	Todos os que tomarem parte em um delito devem ser tratados
como autores e estarão incursos nas mesmas penas, inexistindo a figura da participação.
	Igualmente entende não existir distinção entre autores e partícipes, sendo todos os envolvidos autores do crime. Esta teoria, entretanto, ao contrário da anterior, admite a aplicação de penas menores àqueles cuja colaboração para o delito tenham sido de menor relevância.	Faz diferença entre autor e partícipe. Autores são os que realizam a conduta descrita no tipo penal. São os executores do crime pelo fato de seu comportamento se enquadrar no verbo descrito no tipo.
	AUTOR é todo aquele causador do resultado típico, sem distinção	Contudo admite a existência de causas de diminuição de pena com vistas a estabelecer diferentes graus de autor.	Quanto ao significado da expressão AUTOR, o conceito restritivo comporta 04 vertentes: 
	Base: teoria da CONDITIO SINE QUA NON	Trabalha com a figura do cúmplice (autor menos importante)	Teoria Objetivo Formal
 Teoria Objetivo Material
Teoria Extensiva
Teoria do Domínio do Fato
	***Não é mais adotada no Brasil		O legislador nitidamente adotou a teoria restritiva, que diferencia autoria de participação, haja vista a existência de institutos como os da participação de menor importância (art. 29, § 1º) e da participação impunível (quando o autor não chega a
tentar cometer o crime).
	TEORIA OBJETIVO FORMAL	TEORIA OBJETIVO MATERIAL	TEORIA EXTENSIVA	TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO
	* Autor é quem realiza o núcleo do tipo penal.	* Autor é quem preta a contribuição objetiva mais relevante para a produção do resultado.	Não distingue autor de partícipe, todos que colaboraram para a prática do fato são autores	De Welzel
(Teoria Objetivo-Subjetiva) – Autor é quem possui o controle sobre o domínio final do fato.
	* Partícipe é quem concorre para o crime sem praticar o núcleo do tipo penal. Ex: autor intelectual.	* Participe é quem concorre de forma menos relevante.	Teoria subjetiva de participação, existe a vontade de ser autor (animus auctoris) e a vontade de ser participe (animus socii)	O autor não precisa realizar atos de execução.
	Chamada de teoria objetiva, restritiva ou dualista	Para a teoria não importa quem realizou o núcleo do tipo penal.		São autores: autor intelectual, autor mediato e coautores
	Deve ser omplementada pela teoria da autoria imediada.			Partícipe é quem concorre para o crime sem possuir o controle final do fato e sem realizar o núcleo do tipo. A teoria só se aplica aos crimes dolosos e omissivos
TEORIAS SOBRE A AUTORIA
MODALIDADES DE CONCURSO DE AGENTES
	COAUTORIA	PARTICIPAÇÃO
	*todos os agentes, em colaboração recíproca e visando ao mesmo fim, realizam a conduta principal.
* Quando 2 ou + agentes, conjuntamente, realizam o verbo do tipo	* diz respeito àquele que não realiza ato de execução descrito no tipo penal, mas, de alguma outra forma, concorre intencionalmente para o crime
	são aqueles que matam no crime de homicídio, que subtraem os bens da vítima no crime de furto, que vendem a droga no crime de tráfico.
a chamada divisão de tarefas, em que um dos criminosos realiza parte da conduta típica e o comparsa, a outra. 
* Nos crimes de concurso necessário, como no caso do delito de associação criminosa, todos os que integrarem o grupo para o fim de cometer crimes serão considerados coautores.
O coautor que concorre na realização do tipo também responderá pela qualificadora ou agravante de caráter objetivo quando tiver consciência desta e aceitá-la como possível	O art. 29 do Código Penal regulamenta o instituto da participação estabelecendo que “quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Esta é uma norma de extensão que permite a aplicação da pena aos partícipes, já que para estes não existe pena prevista na Parte Especial do Código. Com efeito, o art. 121, por exemplo, prevê pena de 6 a 20 anos de reclusão para aquele que mata a vítima, mas não estabelece sanção a quem incentiva verbalmente o assassinato (partícipe).
	Não cabe coautoria em crime omissivo próprio (cada um responde por seu crime omissivo, só que impróprio, sem falar em coautoria.	O juiz deve levar em conta o grau de envolvimento de cada um no ilícito (culpabilidade)
É até possível em certos casos que o partícipe receba pena mais alta do que o próprio autor do delito, como eventualmente no caso do mentor intelectual.
Artigos CP:
135 – Omissão de socorro
244 – Abandono material
257 – Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento
269 – Omissão de notificação de doença
299 – Falsidade ideológica
305 – Supressão de documento
319 – Prevaricação
356 – Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
CRIME OMISSIVO PRÓPRIO
 Faz não fazendo. Ex.: Omissão de socorro Art. 135, CP, Arts 244, 246, 257 (ocultar), 269, 299 (omitir), 305, 319, 356 (deixar)
CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO
São aqueles que existem devido a um resultado posterior, que ocorreu em face da omissão quando o agente estava obrigado a evitá-lo. Ex: um médico não presta socorro ou atendimento e o paciente vem a falecer. Ele responderá por omissão se ele não morrer e se houver óbito responderá por homicídio culposo. 
PARTICIPAÇÃO E CUMPLICIDADE
Há quem estabeleça diferença entre ambos, em três visões distintas:
a) cúmplice é a pessoa que presta auxílio à atividade criminosa de outrem, sem ter consciência disso. 
 Ex.: dar carona para o bandido não sabendo que este está fugindo;
b) cúmplice é a pessoa que presta auxílio material ao agente (partícipe material), como se encontra na lição de Nilo Batista (Concurso de agentes, p. 186). No mesmo sentido, Juarez Cirino dos Santos (Direito penal – parte geral, p. 379);
c) cúmplice “é o sujeito que dolosamente favorece a prática de uma infração
dolosa, mesmo sem o conhecimento do autor, vale dizer, dispensando um prévio ou concomitante acordo de vontades” (René Ariel Dotti, O incesto, p. 156). Parece-nos, no entanto, melhor equiparar o conceito de cúmplice a coautor ou partícipe, indiferentemente. Assim, quem colabora para a prática do delito é cúmplice, na modalidade de coautoria ou de participação.
TEORIAS QUANTO AO CONCURSO DE PESSOAS
	TEORIA 
UNITÁRIA ou Monista	TEORIA 
DUALISTA	TEORIA 
PLURALISTA
	Todos os que colaboram para determinado resultado criminoso incorrem no mesmo crime.
	Há dois crimes, um cometido pelos autores, e outro, pelos partícipes.
	Cada um dos envolvidos responde por crime autônomo, havendo, portanto, uma pluralidade de fatos típicos.
	Há uma única tipificação para
autores, coautores e partícipes.		Cada um dos
envolvidos deve responder por crime diverso.
	É consequência da teoria monista o enquadramento dos envolvidos no mesmo tipo penal, ainda que em relação a alguns deles haja agravantes ou qualificadoras que não se estendam aos demais.		
	 O legislador, ao estabelecer no art. 29, caput, do Código Penal que incorre nas penas cominadas ao crime quem, de qualquer modo, para ele concorre, adotou a teoria unitária. 
Assim,se uma pessoa incentiva ou auxilia outra a matar alguém, ambas incorrem em crime de homicídio.
EX: se uma pessoa induz outra a matar o próprio pai, ambas respondem por homicídio, mas a agravante genérica referente a ser o delito cometido contra ascendente (art. 61, II, e) só pode ser aplicada ao filho. Da mesma forma, se uma pessoa mata por razões torpes, desconhecidas do comparsa, a qualificadora do homicídio é aplicada apenas ao primeiro. 		
Exceções à teoria unitária existentes no Código Penal
	GENÉRICA
	Prevista na Parte Geral do Código Penal. É a chamada cooperação dolosamente distinta, descrita no art. 29, § 2º. Segundo este dispositivo, se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, serlhe-á aplicada a pena deste. Sua pena, entretanto, será aumentada emmetade se o resultado mais grave era previsível. Dessa forma, se duas pessoas combinam agredir a vítima a fim de machucá-la, mas, durante a agressão, repentinamente, um dos agentes saca um canivete e a mata, o outro responde apenas por crime de lesões corporais, podendo a pena deste crime ser aumentada em até metade se ficar comprovado, no caso concreto, que era previsível o resultado mais grave. Neste caso, havia por parte do sujeito intenção de participar de crime menos grave contra aquela vítima
	Exemplos
a) uma gestante procura uma clínica e autoriza a realização de aborto sem que haja qualquer justificativa para tanto, aborto este que é realizado. O resultado almejado pela gestante e pelo terceiro é um só, o aborto. Ela, todavia, incorre em crime menos grave, chamado consentimento para o aborto (art. 124), enquanto o terceiro responde pelo crime de provocação de aborto com o consentimento da gestante (art. 126);
b) um particular oferece dinheiro a um fiscal para que não lavre uma multa e este aceita. O particular comete crime de corrupção ativa (art. 333), e o funcionário público, o delito de corrupção passiva (art. 317);
c) a testemunha, perito, tradutor, contador ou intérprete que presta falso testemunho ou falsa perícia mediante suborno incorre no art. 342, § 1º, do Código Penal, enquanto o responsável pelo suborno comete o crime previsto no art. 343;
d) um funcionário público que esquece a porta da viatura destrancada incorre no crime de peculato culposo (art. 312, § 1º), enquanto a pessoa que se aproveita disso para furtar a viatura comete furto comum (art. 155).
Exceções à teoria unitária existentes no Código Penal
	PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA
	Prevê o art. 29, § 1º, do Código Penal que, se a participação for de menor importância, a pena poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3. Trata-se de causa de diminuição de pena que só tem aplicação quando o juiz verifica, no caso concreto, que a contribuição do sujeito para o crime foi pequena, não merecendo a mesma reprimenda dos demais envolvidos.
Nesse caso, não há efetiva exceção à teoria unitária, na medida em que o crime é o mesmo para todos os envolvidos, havendo apenas uma redução de pena para o partícipe cuja contribuição para o delito tenha sido menor. Atente-se para o fato de que toda participação é conduta acessória, de
modo que só deve haver a redução da pena quando o envolvimento do partícipe no delito tiver sido realmente pequeno.
Não é o que ocorre, por exemplo, por parte daquele que dirige seu carro com os comparsas até a frente de uma loja e fica ali aguardando o assalto para, em seguida, dar fuga aos demais na posse dos bens roubados. É comum que os defensores aleguem participação de menor importância
nesses casos, alegação que vem sendo refutada por se tratar de colaboração relevante
para a concretização do roubo.
Tendo em vista que o dispositivo se refere à participação de menor importância, não há que se cogitar, por falta de amparo legal, de eventual coautoria de menor importância, mesmo porque a realização de atos executórios é sempre relevante. É claro que é possível, em um homicídio, que um dos agentes desfira uma facada na vítima e que o outro desfira trinta facadas. Em tal caso, não há possibilidade de redução da pena para aquele que deu apenas um golpe. Ao contrário, o que pode ocorrer é a exasperação da pena-base daquele que desferiu os inúmeros golpes.
REQUISITOS PARA A EXISTÊNCIA DE CONCURSO DE AGENTES
Pluralidade de agentes. 
Conduta relevante
Vínculo subjetivo
Unidade de crime
REQUISITOS PARA A EXISTÊNCIA DE CONCURSO DE AGENTES
Pluralidade de agentes 
 Para que seja possível a punição de duas ou mais pessoas em concurso, é necessário que cada uma delas tenha realizado ao menos uma conduta. Caso se trate de coautoria, existem duas condutas classificadas como principais. 
Ex.: duas pessoas efetuando disparos na vítima; três indivíduos subtraindo bens da vítima; dois funcionários públicos desviando dinheiro público etc. No caso de participação, existe uma conduta principal — do autor — e outra acessória — do partícipe. 
Ex.: uma pessoa atira na vítima, e o partícipe, verbalmente, a incentiva a fazê-lo; um empregado deixa destrancada a janela da casa e comunica o fato ao ladrão, que, de noite, vai à residência e subtrai os bens da vítima.
 
REQUISITOS PARA A EXISTÊNCIA DE CONCURSO DE AGENTES
	Pluralidade de agentes	
	Crimes Unissubjetivos	São aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa. Os crimes de homicídio, furto, roubo e estupro, dentre inúmeros outros, têm esta natureza porque podem ser cometidos individualmente. Acontece que nada obsta a que 2 ou + pessoas se unam para perpetrar este tipo de delito, havendo, em tais casos, CONCURSO DE AGENTES. Assim, se duas pessoas resolvem praticar juntamente um homicídio contra determinada pessoa, ambas efetuando disparos contra a vítima, elas são COAUTORAS (modalidade de concurso de agentes) deste crime.
Considerando que os delitos que se enquadram nesta classificação podem ser praticados por uma só pessoa ou por duas ou mais em concurso, são também chamados de CRIMES DE CONCURSO EVENTUAL.
REQUISITOS PARA A EXISTÊNCIA DE CONCURSO DE AGENTES
	Pluralidade de agentes	
	Crimes Plurissubjetivos	São aqueles que só podem ser praticados por duas ou mais pessoas em concurso, por haver expressa exigência do tipo penal nesse sentido. São mais conhecidos como crimes de concurso necessário, pois só se caracterizam se houver o concurso exigido na lei. 
Ex: O delito de associação para o tráfico previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas), que pressupõe a união de pelo menos duas pessoas para a prática delitiva.
	Crimes Eventualmente Plurissubjetivos	Podem ser praticados por uma ou mais pessoas e têm a pena aumentada quando praticadas em concurso de pessoas . Há um pseudoconcurso, concurso impróprio ou concurso aparente. Também não necessitam de norma de extensão do art.29. Basta que um agente seja culpável.
Ex: o furto qualificado mediante concurso de duas ou mais pessoas (arts. 155, § 4º, IV) é um crime de concurso impróprio. Se um dos agentes do furto for menor de idade (inimputável), ainda assim incidirá a qualificadora.
REQUISITOS PARA A EXISTÊNCIA DE CONCURSO DE AGENTES
Conduta relevante ou Relevância Causal de cada conduta
 
No concurso de pessoas, há pelo menos duas condutas penalmente relevantes. 
A contribuição do partícipe deve ter influência sobre o resultado. 
Em regra, a conduta é anterior à consumação, salvo nos casos em que é posterior à consumação mas foi ajustada anteriormente
Ex: Se Joana se compromete a auxiliar Carlos a fugir após um homicídio, será partícipe do homicídio. Contudo, se Joana não tivesse se comprometido anteriormente com Carlos e só viesse a ajudá-lo após o crime, praticaria o crime autônomo de favorecimento pessoal (art.348).
A participação inócua é um irrelevante penal.
REQUISITOS PARA A EXISTÊNCIA DE CONCURSO DE AGENTES
Vínculo subjetivo ou Liame Subjetivo entre os agentes
 
Deve haver nexo psicológico entre os agentes, uma vontade homogênea voltada à produção do mesmo resultado.
Sem o nexo psicológico, há vários crimes autônomos, e não concurso deagentes
Não existe participação dolosa em crime culposo, nem participação culposa em crime doloso.
 O nexo psicológico independe de prévio ajuste, bastando um agente tenha ciência da vontade do outro e decida cooperar.
Ex: Paulo, em contato com Renata, afirma que pretende matar Ana às 20h na Rua Imperial. Laura, inimiga de Ana, escuta a conversa e comparece ao local na hora indicada. Paulo ataca Ana, que consegue se soltar e sai correndo. Laura, que estava atrás da árvore, derruba Ana e facilita a ação de Paulo. Ainda que Paulo e Laura não tenham acordado, Laura responderá como partícipe do homicídio porque aderiu conscientemente à conduta de Paulo.
REQUISITOS PARA A EXISTÊNCIA DE CONCURSO DE AGENTES
Unidade de Crime ou Identidade de Infração Penal
 
Os agentes devem contribuir para o mesmo evento.
O CP adotou a TEORIA MONISTA, UNITÁRIA ou IGUALITÁRIA: todos os que concorrem para o mesmo crime devem receber tratamento igualitário no que diz respeito à do fato.
HÁ CRIME ÚNICO E PLURALIDADE DE AGENTES
Ex: Se 02 agentes em concurso, praticam um roubo (art.157), não é possível que um agente responda por roubo tentado e, o outro, por roubo consumado. A classificação jurídica deve ser a mesma porque o crime é único (um crime de roubo praticado por vários agentes)
Mas isso não significa que os agentes receberão a mesma pena. A aplicação da pena deve ser individualizada de acordo com a culpabilidade de cada um.
A teoria é MODERADA porque há várias situações de concurso de pessoas em que cada agente responde por um crime diferente. A teoria pluralística é adotada excepcionalmente.
Ex: 	a) Participação em crime menos grave (art.29, § 2º)
	b) Crime de corrupção ativa (art.333) e passiva (art.317)
	c) Crime de falso testemunho (art.342) e corrupção de testemunha (art.343)
	d) Crime de aborto cometido pela gestante (art.124) e aquele cometido por terceiro com o consentimento da gestante (art.126)
	e) Crime de corrupção ativa pelo particular que oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário público para que este deixe de lançar ou cobrar tributo (art.333) e crime contra a ordem tributária para o funcionário público (art. 3º, II, da Lei 8.137/90)
Punibilidade no concurso de pessoas
 Aplica-se EXCLUSIVAMENTE ao titular da conduta ACESSÓRIA 
Conduta que contribui para a produção do resultado, só que de forma MENOS ENFÁTICA
Deve ser encarada com MENOS RIGOR
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA – Art. 29, § 1º, CP
 Aplica-se tanto aos COAUTORES quanto aos PARTÍCIPES
Um dos agentes pretendia ação criminosa MENOS GRAVE do que aquela efetivamente praticada
COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA – Art. 29, § 2º, CP
PENA = CRIME QUE PRETENDIA COMETER
até a METADE se previsível o resultado
 DESVIO SUBJETIVO de condutas entre agentes
INCOMUNICABILIDADE DE DETERMINADAS CIRCUNSTÂNCIAS
São aquelas que não se transmitem aos coautores ou partícipes, pois devem ser consideradas individualmente no contexto do concurso de agentes.
Preceitua o art. 30 do Código Penal que “não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.
Circunstância de caráter pessoal é a situação ou particularidade que envolve o agente, sem constituir elemento inerente à sua pessoa. 
Ex.: a confissão espontânea proferida por um coautor não faz parte da sua pessoa, nem tampouco se transmite, como atenuante que é, aos demais concorrentes do delito.
Condição de caráter pessoal é o modo de ser ou a qualidade inerente à pessoa humana. 
Ex.: menoridade ou reincidência. O coautor menor de 21 anos não transmite essa condição, que funciona como atenuante, aos demais, do mesmo modo que o partícipe, reincidente, não transfere essa condição, que é agravante, aos outros.
Circunstâncias Incomunicáveis – Ar. 30 CP
NÃO se comunicam as
(AUMENTAM ou DIMINUEM a pena)
 e as
Salvo quando
Dados fundamentais do Tipo Penal
Se EXCLUIR uma ELEMENTAR o fato se torna ATÍPICO ou passa a se moldar a OUTRO TIPO PENAL
ELEMENTARES DO CRIME
Usa-se o CRITÉRIO DA EXCLUSÃO para identificar se é ELEMENTAR ou CIRCUNSTÂCIA
CIRCUNSTÂNCIAS
OBJETIVAS: 
dizem respeito ao FATO
SUBJETIVAS: 
dizem respeito ao AGENTE ou aos MOTIVOS do crime
CONDIÇÕES
Elementos inerentes ao INDIVÍDUO
CASOS DE IMPUNIBILIDADE
Disciplina o art. 31 do Código Penal que “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”.
Pretende a lei atribuir o termo impunibilidade ao fato, e não ao agente, pois, no caso apresentado, trata-se de causa de atipicidade. Impuníveis são o ajuste, a determinação, a instigação e o auxílio, logo, condutas atípicas. Vimos, anteriormente, que a tentativa somente se torna fato típico, portanto, passível de punição do seu autor, se há o ingresso na fase executória. Portanto, é natural que condutas anteriores, ainda que relevantes, sejam atípicas (meramente preparatórias), caso não se dê início à execução do delito.
CASOS DE IMPUNIBILIDADE
O disposto no art. 31, diante do art. 14, II, do Código Penal, é supérfluo.
Ademais, se houver disposição expressa em contrário (leia-se: existência de um tipo incriminador autônomo), é evidente que o ajuste, a determinação, a instigação e o auxílio podem ser punidos. Exemplo disso é a associação de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes (art. 288, CP), que constitui o delito autônomo da associação criminosa. Não fosse o estipulado no mencionado art. 288 e o ajuste entre os integrantes de um bando não seria punível, caso não tivesse começo a execução do delito arranjado.
As situações descritas no art. 31 – ajuste, determinação, instigação ou auxílio ao crime – consolidam a teoria objetiva temperada, adotada pelo Código Penal, em relação à punição da tentativa, utilizada no contexto do crime impossível. Explica Marcelo Semer: “(...) porque tanto o ajuste, determinação ou instigação quanto o crime impossível revelam uma intenção delituosa manifestada, sem que, no entanto, os atos executivos sejam iniciados – ou iniciados de forma idônea – a impunibilidade revela a opção do ordenamento pela objetividade. O objeto da ação delituosa não correu qualquer perigo. Na legislação anterior a adoção parcial da teoria sintomática previa tanto no crime impossível quanto nas hipóteses de ajuste e determinação a
aplicação da medida de segurança, demonstrada a periculosidade dos agentes” (Crime impossível e a proteção aos bens jurídicos, p. 74-75).
CASOS DE IMPUNIBILIDADE
Ajuste é o acordo ou o pacto celebrado entre pessoas;
determinação é a decisão tomada para alguma finalidade; instigação é a sugestão ou estímulo à realização de algo e auxílio é a ajuda ou a assistência dada a alguém.
DELAÇÃO PREMIADA
A Lei n. 9.807/99 prevê que, nos crimes cometidos mediante concurso, concorrente que, voluntariamente, ajudar na identificação de todos os demais coautores e partícipes, caso seja primário, poderá obter o perdão judicial, desde que
tenha também colaborado na localização da vítima com sua integridade preservada e na recuperação total ou parcial do produto do crime. Se o réu não for primário ou se o juiz entender que a concessão do perdão não é medida adequada à repressão e à
prevenção do crime, poderá optar por reduzir a pena do delator de 1/3 a 2/3.
GRUPO 2 
1- Luciane Dutra
 2- Nathália Teixeira
 3- Isadora Pinheiro
 4- Sarah Caroliny
 5- Matheus Miranda
 6- Isabella Rodrigues
 7- Amanda Ferreira
 8- Júlia Naves
 9- Leidiane Rocha
 10-Marialice Scartezini
11 - Antônia Melo
12- Hellen Carla
 13 - Gabriel Gonçalves Cadamuro
14 - Arthur Sousa

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