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Sentença DOM CASMURRO

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202103273432 Francisca Luciclécia Ferreira Mendes
Autos nº 2222222-22.2222.222.2222
SENTENÇA
Trata-se de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS, ajuizada por MARIA CAPITOLINA SANTIAGO, em face de BENTO SANTIAGO, todos devidamente qualificados nos autos em epígrafe.
A autora argumenta, em síntese que move a ação de indenização por danos morais, contra seu ex-marido, aqui intitulado com o Requerido, em virtude deste ter chamado, publicamente, a Requerente de prostituta e por ter dito para todos os amigos e familiares, que a Requerente o traiu e do fruto desta traição, nasceu Ezequiel, que, segundo o Requerido, é filho de um falecido amigo do casal, Escobar.
Buscando resolver a situação, a autora alega que após tentativas extrajudiciais de mediação, que restaram infrutíferas, a Requerente não vê outra saída a não ser requerer judicialmente que o Requerido a indenize diante de todos os abalos emocionais e sociais que esta vem sofrendo diante de tamanha difamação e situação constrangedora, angustiante, por parte deste. A mesma afirma que Ezequiel é filho do Requerido e que não há como este fazer tamanhas alegações com base apenas em aparência física, sendo suficiente a ensejar danos morais.
Requereu ainda, a procedência da ação, bem como a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais num quantum equivalente à R$ 100.000,00 (cem mil reais), além dos devidos pagamentos das custas processuais e honorários advocatícios e sucumbenciais.
Em seguida, em despacho às fls.XX citou-se a ré para audiência de mediação/conciliação. Ocorrida audiência no dia xx/xx/xxxx, não logrou-se êxito, porquanto ambas as partes não aceitaram qualquer acordo, não havendo mediação/conciliação.
Assim, abriu-se prazo para a ré apresentar contestação. Apresentada a contestação, a ré impugnou pelos pedidos suscitados na inicial pela autora.
É o relatório, Passo a DECIDIR:
Narra a inicial, que a autora constituiu relação matrimonial com o ré, por cerca de 18 anos, mas veio a findar com as suspeitas citadas por parte do Requerido, conforme afirmado na peça inicial.
No entanto, não há nos autos qualquer prova documental ou testemunhal dos danos causados a Requerida que justifique tamanho valor a título de danos morais.
I – DO MÉRITO
Em sede de inicial afirma a autora sofrera bastante a cerca das acusações proferidas pelo Requerido, mas não há nos autos qualquer prova de danos relacionados a estes fatos. Somente o abalo emocional sofrido por esta.
Entendo que faltou de ambas as partes juntada de documentos idôneos para se afirmar dos fatos alegados, porém observo que a ré, com o dever da inversão do ônus da prova trouxe aos autos cópia de mediação extrajudicial e o único protocolo confirmado pela autora e ré (fls. xx/xx).
Na contestação, juntou-se uma conversa mantida pelas partes em aplicativos de mensagem, entretanto, não confirma os fatos alegados pela autora, pois o mesmo trata do descontentamento da autora com a situação em que vivem, que que Ezequiel, apesar de parecer bastante com o falecido Escobar, não é filho deste, e pede que voltem a ser como eram.
Quanto ao dano moral, nota-se que a autora não concorda com a realização do exame de DNA, pois tem plena certeza da paternidade do Requerido ao seu filho Ezequiel.
Diante tal fato, é Sabido que a realização de exame de DNA não é obrigatório às partes, porém a recusa na sua realização gera presunção relativa da paternidade.
Conforme consta na Lei n. 8.560/1992 o artigo 2º-A e seu parágrafo único:
“Art. 2º-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. 
Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório”
	Aduz sobre o tema, a Súmula 301 do STJ:
Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade. (SÚMULA 301, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 18/10/2004, DJ 22/11/2004, p. 425)
	Vejamos também o seguinte julgado:
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. SENTENÇA QUE SE FUNDA UNICAMENTE NA RECUSA A EXAME DE DNA PARA JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO. INEXISTÊNCIA DE PRODUÇÃO PROBATÓRIA. 1. A questão jurídica principal em exame é saber se a recusa ao exame de DNA acarreta, por si só, a paternidade postulada. 2. As ações de investigação de paternidade são de estado e versam sobre direitos indisponíveis, com profundas consequências na vida de ambas as partes envolvidas, por isso que o princípio processual da eventualidade sofre mitigações em casos desse jaez. 3. No caso ora em julgamento, inexistiu notícia alguma acerca de provas adicionais produzidas em todo o curso do processo, seja por parte do autor, do réu ou mesmo de ofício, pelo juízo. O fundamento da sentença para negar a produção de prova testemunhal residiu unicamente no fato de que esta não possuía "força de afastar a presunção criada por força de lei, cujas consequências, aliás, foram expressamente cientificadas por este juízo". 4. A Súmula 301/STJ prevê expressamente que a presunção decorrente da recusa ao exame de DNA é relativa, nos seguintes termos: "Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade". 5. A prova a ser produzida nos autos pelo autor não se mostra impossível. Isso porque não é necessário demonstrar o relacionamento amoroso decorrente de encontros esporádicos ou clandestinos, mas os fatos casuais, como os que decorrem do relacionamento de amizade, trabalho, faculdade, dentre outros. Precedente. 6. Não se pode atribuir à recusa ao teste de DNA consequência mais drástica que a própria revelia do réu - situação em que o pedido não pode ser julgado procedente de plano -, cabendo ao autor a prova mínima dos fatos alegados. 7. Por outro lado, não há como afirmar, antecipadamente, que a prova testemunhal a ser produzida pelo réu seria inútil ou desnecessária, antevendo-se quais seriam os argumentos de defesa eventualmente trazidos em audiência e emitindo-se juízo de valor com base em meras ilações, o que caracteriza cerceamento de defesa. 8. "Diante do cada vez maior sentido publicista que se tem atribuído ao processo contemporâneo, o juiz deixou de ser mero espectador inerte da batalha judicial, passando a assumir posição ativa, que lhe permite, dentre outras prerrogativas, determinar a produção de provas, desde que o faça com imparcialidade e resguardando o princípio do contraditório" ( REsp 192.681/PR , Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 02/03/2000, DJ 24/03/2003, p. 223). 9. Se, de um lado, não pode prejudicar o réu o fato de o juízo ter indeferido a prova testemunhal e decidido pela procedência do pedido do autor com base unicamente na recusa em submeter-se ao exame de DNA, de outro lado, com muito mais razão, não há como ser afetado de plano o direito material do autor, julgando-se improcedente o pedido formulado na inicial, na qual também se protestou por todos os demais meios de prova admitidos em direito. 10. Nos termos do art. 2º-A, parágrafo único, da Lei 12.004 /2009 e dos reiterados precedentes desta Corte, a presunção de paternidade deve ser apreciada dentro do contexto probatório coligido nos autos. No entanto, essa premissa só se concretiza, na medida em que se atribui ao réu o ônus da prova, quando se lhe viabilizam meios para exercer tal mister. 11. Verifica-se, no caso, a necessidade de as instâncias ordinárias avaliarem com mais precisão a situação posta nos autos, que é extremamente delicada. Evidente que poderá o Tribunal, se for o caso, aplicar o enunciado da Súmula 301/STJ, após o necessário cotejo da prova produzida. 12. Recurso especial parcialmente provido, a fim de se acolher o pedido alternativo, anulando-se o processo desde a sentença e reabrindo-se a instrução probatória.
Isto posto, visto que a lite nasce da dúvida sobre apaternidade de Ezequiel por parte do Requerido, e que a Requerente não esta facilitando na resolução do problema, ao recursar a realização do exame, tendo em vista que o Requerido não se opõe à realização do mesmo, entendo que a autora não possuía direitos a tal reclamação de danos morais.
II - DO VALOR DA CAUSA
A inicial está em desacordo total com as provas acostadas aos autos. Dessa forma, não há falar, no presente momento, em valor da causa.
III – DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS REQUERIDOS PELO AUTOR.
Não vislumbro o cabimento de indenização por danos morais, como requer a autora, pois não fora comprovada nos autos a evidência de tais danos por ela sofridos, pelos motivos acima expostos.
Porém com relação as custas processuais e honorários advocatícios, estes devem ficar por conta da autora, vez que sucumbente.
IV – DO DISPOSITIVO
ISTO POSTO, JULGO TOTALMENTE IMPROCEDENTE ESTA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS AJUIZADA EM DESFAVOR DE BENTO SANTIAGO, ENTENDO QUE TAL DEFERIMENTO ENSEJARIA O ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DA REQUERENTE. NESTE PASSO, CONDENO A AUTORA AOS PAGAMENTOS DAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA.
PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE. INTIMEM-SE. CUMPRA-SE.
AGUARDE-SE O TRÂNSITO EM JULGADO, EM CASO DE NÃO INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS, ARQUIVE-SE, OS AUTOS.
Rio de Janeiro - RJ
Juiza de Direito

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