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parasitologia_clinica (1)

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Parasitologia ClíniCa
Elaboração
Vitor Hugo Balasco Serrão
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CONCEITOS GERAIS .............................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
RELAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO ........................................................................................... 10
CAPÍTULO 2
EPIDEMIOLOGIA ..................................................................................................................... 19
CAPÍTULO 3
CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS ........................................................................................ 24
UNIDADE II
PARASITOLOGIA HUMANA .................................................................................................................... 29
CAPÍTULO 1
PROTOZOÁRIOS ..................................................................................................................... 29
CAPÍTULO 2
HELMINTOS ............................................................................................................................ 77
CAPÍTULO 3
ARTRÓPODES ....................................................................................................................... 117
PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 128
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 130
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
O caderno de estudos e pesquisa “Parasitologia Clínica” foi elaborado com o objetivo 
de fornecer ao aluno os subsídios necessários para a compreensão e identificação 
de doenças parasitárias, o que, infelizmente, ainda é um grave problema nacional 
ocasionado por inúmeros fatores que serão abordados nesta disciplina.
A identificação de um sistema hospedeiro-parasita, a identificação clínica por 
meio da morfologia do ser parasita, os sintomas que acometem o hospedeiro, 
a determinação das medidas profiláticas e o tratamento a fim de minimizar os 
sintomas, a busca da cura do hospedeiro, tudo será discutido no decorrer dos 
capítulos. As três principais classes de parasitas humanos serão amplamente 
discutidas, evidenciando-se as principais espécies e as sutis diferenças entre 
elas.
O aluno será levado a refletir sobre a influência do ambiente socioeconômico 
ao qual essas parasitemias são comumente relacionadas, além de refletir 
sobre atitudes, não só em relação aos aspectos clínicos, mas, muitas vezes, 
psicológicos e sociais de abordagem aos pacientes, assim como a melhor maneira 
de prosseguir com o tratamento e as medidas profiláticas.
Por fim, o aluno terá como objetivo na disciplina aprender ferramentas para: 
identificar, orientar, educar e tratar pacientes com doenças parasitárias, endêmicas 
de uma determinada região ou não, de maneira que compreenda o ambiente no 
qual o paciente está inserido, não observando somente o ambiente clínico. Ao final 
do curso, a avaliação será feita mediante os exercícios propostos, levando-se em 
consideração fatores técnicos, poder de decisão e análise do contexto individual 
para cada evento aprendido no decorrer da disciplina.
A parasitologia objetiva seu próprio fim. 
Prof. Erney P. Camargo (ICB/USP). 
Sejam bem-vindos!
8
Objetivos
 » Definir os conceitos epidemiológicos relevantes. 
 » Compreender a relação parasita-humanos. 
 » Identificar as características morfológicas, patogênicas e 
 sintomatológicas. 
 » Identificar procedimentos e diagnósticos a ser realizados.
 » Prover discussões em relação aos agentes difusores de tais epidemias.
9
UNIDADE ICONCEITOS GERAIS
“Parasitas são organismos que vivem em associação com outros 
dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente 
prejudicando o organismo hospedeiro”. Essa é uma das definições para 
a relação parasita-hospedeiro, sendo a parasitologia a ciência que 
estuda essa tênue relação entre um ser hospedeiro, neste caso o ser 
humano e o parasita.
Conceitos gerais de como organismos se relacionam são amplamente discutidos 
em diferentes comunidades científicas. Dada a importante relevância das interações 
e maneiras que os seres vivos se relacionam na biosfera, análises ecológicas, clínicas 
ou a compreensão bioquímica em nível molecular demonstram a necessidade da 
expansão do conhecimento para a descrição desses eventos e fenômenos.
Uma contextualização importante é que “doenças infecciosas e as infestações 
em animais e em plantas são causadas por seres consideradosparasitas”. Sendo 
assim, o estudo das relações entre paciente e infecção não passa de uma análise 
do tipo parasita-hospedeiro.
Neste curso, daremos início à caracterização das relações de parasitismo em 
humanos, as diferentes abordagens técnicas e identificações para cada tipo 
existente. No Brasil, infelizmente não são poucas, dado as inúmeras condições 
que serão discutidas ao longo desta disciplina.
Para compreensão plena dos assuntos discutidos nesta disciplina, o aluno 
terá de providenciar um bom glossário das palavras envolvidas nos temas no 
decorrer do curso. Definições importantes como “epidemias”, “cepa”, “zoonoses”, 
“vetor”, “profilaxia”, entre outras, serão comumente utilizadas, e fica a ideia da 
montagem de um glossário com as palavras a fim de favorecer o entendimento no 
decorrer das aulas.
Este módulo tem o objetivo de ajudar o aluno a identificar as medidas 
preventivas e o tratamento, e possibilitar-lhe compreender o Atlas de 
Parasitologia Clínica por meio de uma visão geral do assunto.
10
Quais parasitas vocês conseguem identificar antes de começar este módulo? 
Será que sabemos identificar características, tratamentos e profilaxias das 
endemias conhecidas e identificadas em sua comunidade?
Dentre todos os problemas sociais que a comunidade na qual reside possa 
ter, identifique aquelas que você acredita que sejam as maiores causas das 
endemias encontradas e identifique maneiras que possam melhorar ou 
eliminar tal problema.
CAPÍTULO 1
Relação parasita-hospedeiro
A relação entre organismos é imensa e fundamental para a manutenção dos sistemas 
biológicos como os conhecemos. É tão importante que podemos afirmar que nenhum 
ser vivo é capaz de sobreviver e/ou se reproduzir independentemente de outros seres 
vivos.
Das possíveis associações entre organismos, podemos classificar de modo direto 
duas maneiras: 
 » Harmônicas ou positivas quando existem benefícios ou ausência de 
prejuízos para mútuos organismos.
 » Desarmônicas ou negativas caso haja prejuízo para algum dos 
participantes da associação em questão. 
Os meios de associações mais comumente encontrados são: competição, 
neutralismo, canibalismo, predatismo, parasitismo, comensalismo, mutualismo 
e simbiose. Essas associações são apresentadas e explicadas abaixo.
Seres vivos podem apresentar diferentes relações e podemos descrever as 
relações dentro das mesmas espécies com determinados benefícios em duas 
categorias:
 » Sociedades: quando indivíduos da mesma espécie se organizam 
de modo cooperativo, cada indivíduo apresenta uma determinada 
função específica e respeita uma hierarquia. A divisão de função 
de cada indivíduo é crucial e possibilita que cada um aumente sua 
11
CONCEITOS GERAIS │ UNIDADE I
eficiência para com a hierarquia devido à sua especialização em 
determinada função. Podemos citar como exemplo de organismos 
sociais as formigas, as abelhas ou mesmo os seres humanos. 
Coletivos de outras espécies, como alcateias ou vara, não são 
considerados sociedades, uma vez que a organização hierárquica 
não é estritamente definida e a associação entre indivíduos não 
procura um benefício mútuo para a sociedade.
 » Colônias: consiste no agrupamento de indivíduos da mesma espécie 
com elevada dependência entre indivíduos. Comumente não há 
a diferenciação de funções entre os indivíduos. Como exemplo, 
podemos citar alguns celenterados e poríferos. Organismos 
unicelulares usualmente se organizam em colônias (bactérias e 
fungos), porém como já mencionado, eucariotos podem também se 
organizarem em colônias para um benefício mútuo dos indivíduos 
pertencentes à colônia.
Além disso, importantes relações são criadas entre organismos de diferentes 
espécies, em que organismos vivos em geral apresentam interações com os 
demais organismos em algum momento de sua existência. 
Podemos categorizar interações de diferentes maneiras de acordo com as 
relações ecológicas:
 » Mutualismo: quando duas ou mais espécies convivem visando um 
benefício mútuo para os organismos envolvidos nessa interação. Um 
exemplo é a polinização por insetos. As flores possuem o pólen que deve 
ser transportado para a fertilização, ou polinização, de outras flores, 
enquanto os insetos obtêm o alimento necessário. Vale ressaltar que os 
insetos não se alimentam do pólen, mas do néctar presente nas flores, e 
o pólen acaba sendo transportado ao se aderir aos pelos corpóreos dos 
insetos. 
 » Simbiose: é considerada uma relação íntima entre indivíduos de 
diferentes espécies para benefício de uma ou de ambas as espécies. 
Pode ser exemplificada pelos peixes-palhaços; o protagonista do 
sucesso do cinema “Procurando Nemo”, que mora e se protege no 
interior de anêmonas. Outra simbiose que vale a pena ser destacada 
está envolvida com uma teoria evolutiva bastante contestada no 
passado, mas amplamente aceita no contexto da biologia celular e 
evolução atual. A teoria em questão consiste na determinação de 
12
UNIDADE I │ CONCEITOS GERAIS
um processo simbiótico entre células eucarióticas e mitocôndrias 
(organelas membranosas responsáveis pela produção energética 
das células e que possui material genético – DNA – próprio), que 
são interpretadas como uma relação entre as células, com núcleo 
organizado, e possíveis bactérias fagocitadas.
 » Protocooperação: consiste na interação entre diferentes espécies que 
podem viver de modo independente e sem prejuízo entre elas. Um 
exemplo são algumas espécies de pássaros que vivem se alimentando 
de carrapatos presentes em bovinos, e são comumente observados na 
savana africana.
 » Inquilinismo: também conhecido como epifitismo para plantas, 
consiste na interação em que somente uma das espécies se beneficia, 
porém sem causar nenhum prejuízo ao outro organismo. Pode-
se utilizar como exemplo as orquídeas e as árvores presentes nas 
florestas tropicais úmidas. As orquídeas atuam como um parasita 
e consomem a seiva processada sem que essa retirada deteriore a 
planta hospedeira.
 » Comensalismo: consiste na relação em que um dos indivíduos se 
aproveita de restos alimentares sem nenhum prejuízo ao predador. 
Hienas são comensais, aproveitando as carcaças deixadas por leões, 
pois se alimentam dos restos (ou carcaça) dos animais predados pela 
alcateia.
Podemos entender as relações entre espécies acerca dos benefícios que a 
interação causa aos organismos. Dentre as possibilidades, é importante 
destacar as relações como sendo:
 » Competição: quando os organismos dependem dos mesmos 
recursos e competem pela sua sobrevivência. Um exemplo 
de competição é a disputa de machos por fêmeas férteis para 
a manutenção da prole de sua espécie e a continuidade de sua 
carga genética para os herdeiros.
 » Canibalismo: esse estranho tipo de relação consiste na predação 
entre organismos da mesma espécie. Um exemplo que pode ser 
destacado é o processo de fertilização do louva-a-deus, quando a 
fêmea devora o macho para obtenção de proteínas que ajudarão o 
desenvolvimento dos ovos e da futura prole. Algumas espécies de 
13
CONCEITOS GERAIS │ UNIDADE I
aranhas, como a viúva-negra, também utilizam esse mecanismo de 
obtenção de proteínas que ajudarão no desenvolvimento da prole.
 » Amensalismo: também conhecido antibiose, consiste na relação não 
harmoniosa entre indivíduos ou populações, como, por exemplo, 
fungos que conseguem produzir substâncias (como penicilina) que 
previnem a infecção por bactérias. Entre plantas, essa associação é 
bem comum. Algumas espécies possuem folhas que, ao se degradarem 
no solo, são capazes de alterar o pH, permitindo assim que somente 
sementes de sua espécie consigam prosperar nos entornos da planta.
 » Predação: talvez a mais simples relação a ser exemplificada, em que 
um organismo predador (carnívoro) caça e se alimenta de outros 
organismos; estes podem ser ou não outros predadores. O exemplo mais 
clássico é a matilha de lobos caçando um coelho, e pode ser estendido 
para qualquer outra relação semelhante e facilmente memorávelpara 
essa interação.
 » Herbivorismo: um termo não tão comum, mas tão simples quanto a 
predação. Essa relação consiste na relação entre um animal (herbívoro 
e/ou onívoro) que se alimenta de plantas.
 » Parasitismo: finalmente a relação que será abordada ao longo deste 
curso com maiores detalhes. Essa relação se defini como a relação 
sem benefício entre organismos de espécies distintas em que um 
dos seres vivos envolvidos na relação possui benefícios sobre o 
hospedeiro, organismo parasitado.
Portanto, alguns organismos apresentam uma relação não mutuamente benéfica 
entre os envolvidos, levando-os a prejuízos consideráveis e muitas vezes 
despercebidos de imediato. Esses organismos são os denominados parasitas e 
serão o foco principal deste material.
As classificações dos parasitas podem ser as mais diversas e sempre definidas 
pela interação do parasita, ou o organismo que tem o benefício, e o hospedeiro, 
o organismo parasitado e que apresenta o prejuízo. As definições de parasitismo 
podem ser classificadas como: 
 » Ectopoarasitas: são aqueles organismos que vivem externamente 
ao corpo do hospedeiro, aderindo à pele ou pelos do hospedeiro. 
Um exemplo é o piolho humano.
14
UNIDADE I │ CONCEITOS GERAIS
 » Endoparasitas: são aqueles que vivem internamente no hospedeiro, 
normalmente em tecidos ou locais específicos. A grande variedade de 
parasitas é categorizada como endoparasitas, mas pode-se destacar 
como exemplo a lombriga.
 » Hemoparasitas: uma categoria específica de endoparasita que habita 
um tecido específico, o tecido hematopoiético, ou seja, o sangue do 
hospedeiro. Pode-se destacar o Plasmodium, causador da malária.
 » Holoparasitas e Hemiparasitas: são parasitas de vegetais que se 
alimentam da extração das seivas dos vegetais hospedeiros. As 
orquídeas podem ser utilizadas para ilustrar essa categoria, a 
qual não será amplamente estudada, uma vez que o foco será a 
parasitologia clínica, ou seja, parasitas que são passíveis de infectar 
a espécie humana.
 » Estenoxenos: são parasitas que infectam apenas uma ou poucas 
espécies muito próximas evolutivamente. Um exemplo é a lombriga, 
pois é um parasita exclusivamente humano.
 » Eurixenos: são parasitas que possuem a capacidade de infectar 
uma grande variedade de hospedeiros. Um exemplo é o 
Schistosoma, capaz de infectar diferentes organismos durante o 
ciclo de vida e reprodução.
 » Facultativos: são organismos que possuem uma etapa de seu ciclo 
de vida como parasita e outra fase de “vida-livre”, não dependendo 
do hospedeiro para sobreviver. Um exemplo controverso são os 
carrapatos que podem ter uma etapa de vida livre, mesmo sendo 
hematófagos. Essa classificação se dá pelo fato de os carrapatos 
suportarem um determinado período de tempo sem estar junto ao 
hospedeiro e mesmo assim ser capaz de se reproduzir. 
 » Obrigatórios: são aqueles que possuem a necessidade de um 
hospedeiro para sobrevivência e não apresentam etapa de vida não 
estando em contato com o hospedeiro. Um dos exemplo clássicos é o 
Trypanosoma, pois está sempre interno a um hospedeiro.
 » Acidental: são os parasitas que vivem em hospedeiro que não 
é o costumeiro, ou convencional. Como exemplo, pode-se citar 
Dipylidium caninum, uma espécie de verme de animais domésticos 
15
CONCEITOS GERAIS │ UNIDADE I
(gatos ou cães) que podem acidentalmente infectar humanos, 
especialmente crianças.
Assim como as definições mencionadas para os parasitas, pode haver uma 
caracterização em relação aos hospedeiros: 
 » Definitivo: são os hospedeiros que abrigam os parasitas durante as 
fases de maturidade e de atividade sexual. Apesar de alguns parasitas 
apresentarem ciclos distintos em diferentes hospedeiros, a definição 
de definitivo se dá pela fase de habilidade reprodutiva do organismo. 
Um exemplo importante é o humano no ciclo de infecção por 
Trypanosoma cruzi.
 » Intermediário: trata-se do complementar ao descrito anteriormente, 
ou seja, são os hospedeiros que abrigam o parasita durante a fase 
larval ou assexuada. Utilizando o mesmo exemplo acima, o hospedeiro 
invertebrado conhecido como barbeiro é o intermediário no ciclo de 
infecção do Trypanosoma cruzi.
 » Paratênico-Transporte: são hospedeiros intermediários sem 
desenvolvimento, no entanto apresentam viabilidade até entrar 
em contato com o hospedeiro definitivo. Pode-se utilizar como 
exemplo o hospedeiro invertebrado durante o ciclo de vida do 
Schistosoma mansoni, o caramujo do gênero Biomphalaria.
Além de todas as classificações acima mencionadas, é possível classificar os 
parasitas segundo a maneira de coleta de nutrientes do hospedeiro: 
 » Espoliativa: nutrição por meio da absorção de nutrientes e/ou sangue 
do hospedeiro. Exemplos práticos são parasitas hematófagos, como o 
piolho humano.
 » Enzimática: nutrição mediante a deterioração de tecidos do 
hospedeiro por ação enzimática do parasita. Um exemplo é o agente 
causador da ancilostomíase, que deteriora o tecido epitelial do 
intestino para a obtenção de nutrientes.
 » Irritativa: consiste na irritação local sem causar lesões traumáticas 
para obter a nutrição necessária, como a tênia no interior do intestino 
humano.
16
UNIDADE I │ CONCEITOS GERAIS
 » Mecânica: consiste na interferência no fluxo alimentar ou de 
absorção de alimentos, competindo com o hospedeiro. Exemplo: o 
Schistosoma na veia porta hepática para a absorção dos nutrientes 
provindos do sistema digestório.
 » Tóxica: é quando existe a produção de enzimas e/ou metabólitos 
tóxicos ao hospedeiro por parte do parasita durante seu processo de 
alimentação. 
 » Traumática: quando a nutrição provoca lesões no hospedeiro. 
Semelhante à enzimática e/ou irritativa em grau elevado de 
deterioração do tecido.
 » Anóxia: consiste na observada diminuição da taxa de oxigênio pelas 
hemoglobinas por interferência de parasitas. Reconhecidamente o 
observado pela infecção por Plasmodium. 
Para este curso, o foco será dado na relação HUMANO–PARASITA, abrangendo 
o ambiente no qual a espécie humana interfere, por exemplo os animais 
domesticados e as condições socioeconômicas dos indivíduos.
Os mecanismos de entrada do parasita no hospedeiro podem ser por intermédio 
de diferentes meios. Podemos destacar:
 » Penetração ativa, ou seja, quando o parasita tem a capacidade 
de romper as barreiras do organismo hospedeiro, como pele, vasos 
sanguíneos e outros tecidos. 
 » Penetração passiva, quando o parasita adentra por intervenção 
de vetores ou ingestão/penetração por formas infectantes, 
normalmente ovos ou cistos. Isso permite a transferência entre 
hospedeiros ou hospedeiro e vetor através de pele (retirada de 
sangue por vetores hematófagos); de tecidos (permanência nos 
tecidos de seres predados) ou mesmo de fezes (eliminação de 
formas infectantes, como ovos ou cistos).
No Brasil, por exemplo, existe uma relação interessante entre o pequeno número 
de doenças parasitárias e o elevado número de casos dessas doenças. Esse fato 
leva a crer que problemas endêmicos são as principais causas de parasitoses, 
o que reflete em alguns fatores como: espécie do parasita, a idade média da 
população acometida pela doença, estado nutricional da população local, 
condições sanitárias e resposta imunológica do hospedeiro.
17
CONCEITOS GERAIS │ UNIDADE I
Condição de crescimento exacerbado e desordenado das cidades, baixa condição 
de vida e higiene das comunidades, falta de educação quanto aos hábitos e 
costumes das pessoas, além dos sistemas ineficientes de abastecimento de água, 
esgoto, coleta e tratamento dos dejetos são as principais causas de propagação 
de agente epidemiológico, sejam vetores ou mesmo os agentes causadores das 
doenças. Condições precárias observadas em diferentes regiões do Brasil realçam e 
complicam a seriedade de problemas parasitários no país. Problemas básicos 
de saneamento, higiene, acesso às condições mínimas de saúde e prevenção são 
cruciais para a eliminação, precaução e/ou controle de parasitas. Ao longo destematerial, refletiremos e analisaremos cenários que clarificarão o entendimento 
dos reais problemas encontrados neste país de dimensões continentais.
Vale ressaltar que cerca de 48% da população brasileira não possui saneamento 
básico, ou seja, cerca de 120 milhões de habitantes. Além disso, apesar de 
possuir 12% do montante de água potável do planeta, cerca de 25 milhões de 
brasileiros não possuem acesso a esse recurso. Fatores como esses colocam 
o Brasil com um índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,792, o que 
é considerado mediano comparado com a escala global. Tais problemas, 
que parecem ser facilmente resolvidos com melhoria nas políticas públicas, 
acarretam o ambiente propício para o desenvolvimento de doenças – o que 
inclui parasitoses endêmicas no território nacional – e acabam dificultando 
avanços na contenção dessas doenças.
Como mencionado, o Brasil é um país de tamanho continental – o 5° maior 
território do planeta – e acaba sendo muito complicado a implementação 
de políticas de saúde ou melhorias das condições de acesso à água 
potável ou saneamento básico de esgoto. Como você proporia melhorias 
para que o Brasil melhorasse a forma de implementação desses serviços 
essenciais?
Como definir a espécie humana como sendo um hospedeiro intermediário 
de alguma espécie?
Você consegue identificar quais são os principais parasitas da cidade na 
qual você reside? 
Este site faz uma síntese do que foi discutido nesse capítulo: 
 » S1.https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/
definicoes-em-parasitologia/9827. 
Para compreensão dos vocábulos necessários, vale a pena a leitura da referência 
1 (NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2010).
18
UNIDADE I │ CONCEITOS GERAIS
Considerando os seguintes organismos parasitas humanos: Ascaris 
lumbricoides (lombriga), Schistosoma mansoni (agente causador da 
esquistossomose), Trypanosoma cruzi (agente causador da doença de 
Chagas) e Pediculus humanus capitis (piolho humano), agrupe-os de acordo 
com as possíveis classificações apresentadas neste capítulo.
Existe uma grande chance de você já ter, infelizmente, sido contaminado com 
algum parasita. Qual? É possível identificar o local e como ocorreu o contágio?
A esquistossomose é uma doença endêmica que mata milhares de pessoas 
anualmente, sobretudo no Brasil e nos países africanos. Não existe 
um tratamento eficiente para combater a doença após o contágio, no 
entanto a prevenção é extremamente simples. Quais são os empecilhos 
para a não diminuição de casos dessa doença?
19
CAPÍTULO 2
Epidemiologia
Epidemiologia é a ciência que interpreta e esclarece os meios de distribuição de 
doenças (características fisiológicas e sociais) e seus determinantes (ou fatores 
de risco) na população humana. Voltou a ter uma importância gigantesca e 
grande evidência pela recente pandemia viral que assombrou o planeta. Muitos 
passaram a se familiarizar com as descrições apresentadas por essa ciência. 
O objetivo principal consiste na prevenção das doenças, nos mais diversos 
grupos populacionais definidos por área geográfica, faixa etária, determinação 
ocupacional, entre outras classificações. 
Os estudos epidemiológicos podem ser aplicados e refletem uma função 
específica. Algumas especialidades de epidemiologia são: molecular; genética; 
veterinária; doenças infecciosas e parasitárias; doenças não transmissíveis; 
neuroepidemiologia; da violência; controle da poluição; aplicada à administração 
de serviços de saúde; infecções hospitalares. Todas as informações ajudam e 
são cruciais para a interpretação e compreensão dos eventos que a epidemia em 
si pode ocasionar.
Nesta disciplina, focaremos na epidemiologia de doenças infecciosas e 
parasitárias, ou seja, qualquer doença causada por alguns agentes biológicos 
(como protozoários, helmintos e artrópodes), em contraste com causa física 
(consequências ao hospedeiro). Infelizmente, infecções virais não são 
consideradas como doenças parasitárias, apesar de um vírus ser um parasita 
celular obrigatório. Portanto, não serão profundamente estudadas ao longo 
deste material.
A compreensão da relação “agente – vetor – meio ambiente – hospedeiro” é o 
principal enfoque de estudo da epidemiologia, em especial a relação direta de 
causa e consequência entre o agente e o hospedeiro (Figura 1).
20
UNIDADE I │ CONCEITOS GERAIS
Figura 1. Tríade epidemiológica.
HOSPEDEIRO
AGENTE
VETOR
MEIO 
AMBIENTE
Fonte: adaptado de https://alunosanalisesclinicas.wordpress.com/tag/sistema-unico-de-saude/. Acesso em: 11 jul. 2020.
As definições dos termos presentes na tríade epidemiológica são cruciais: o 
agente consiste no organismo parasita; o vetor, no hospedeiro intermediário 
e ou organismo que carrega o parasita até a infecção do hospedeiro, que, 
neste curso, será definido como o ser humano. Por fim, o meio ambiente é o 
local e/ou meio onde o agente, o vetor e o hospedeiro se encontram de maneira 
propícia para que a infecção ocorra.
Existem inúmeras definições e conceitos que rodeiam a epidemiologia. Os 
conceitos estão muito bem explicados na referência 1, mas para quem não 
tem acesso fácil ao livro, existem sites bem explicativos na Internet, os quais 
abrangem esse tema (NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: 
Atheneu, 2010). 
Existe algum tipo de tríade epidemiológica que não seja uma tríade? 
Ou seja, algum dos elementos está faltando.
Os pontos fundamentais a ser analisados são:
Formas de Disseminação
 » Veículo comum: quando o agente etiológico (causador da doença) 
pode ser transferido por uma única fonte, por exposição única ou 
continuada.
21
CONCEITOS GERAIS │ UNIDADE I
 » Interpessoal: é disseminado pelo contato entre indivíduos, e pode ser 
de diferentes maneiras, como contatos sanguíneo, sexual, mucosas ou 
mesmo respiratório. 
 » Porta de entrada: entrada direta pelo trato respiratório, 
gastrointestinal, cutâneo ou geniturinário. 
 » Reservatório de agentes: pode ser dividida quando o homem é o único 
agente infectado (antroponose) ou quando outros animais servem de 
reservatórios (zoonose).
Outro fator que se tornou senso comum é a compreensão da extensão e dinâmica 
dessa doença frente à população e qual seu impacto.
Dinâmica da doença na população
 » Endemia: presença constante da doença em uma parcela da 
população de determinada área geográfica, grupo populacional ou 
classe social (Figura 2). Um exemplo de endemia é a esquistossomose, 
em que o contágio comum de indivíduos por Schistosoma mansoni 
ocorre em determinada região e classe social ou hábitos.
 » Epidemia: tem como característica a elevação progressiva de casos, 
inesperada e descontrolada, ultrapassando os níveis endêmicos 
conhecidos, como o ocorrido com o surto de gripe aviária (H1N1) em 
2009, porém de proporções regionais. 
 » Pandemia: são epidemias que acontecem em proporções globais 
ou, pelo menos, regiões distantes geograficamente, como o 
exaustivamente explicado no caso da COVID-19, ou surto de 
corona vírus, que atingiu toda a sociedade humana em escala 
global.
Figura 2. Modelo de diferenciação entre endemia e epidemia em função do tempo.
Tempo 
N
o d
e 
C
as
os
 d
e 
D
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a 
Epidemia Endemia 
Fonte: adaptado de https://www.stoodi.com.br/exercicios/uel/2008/questao/uel-2008-analise-a-figura-a-seguir-com-base-na/. 
Acesso em: 11 jul. 2020. 
22
UNIDADE I │ CONCEITOS GERAIS
Outro termo que passou a fazer parte do vocabulário cotidiano é “medidas 
preventivas”. Essas medidas podem ser classificadas como:
 » Primárias: intervenção no contágio do indivíduo pelo controle dos fatores 
de risco, agindo preventivamente. 
 » Secundárias: intervenção clínica sobre os indivíduos já acometidos pelo 
agente patogênico. 
 » Terciárias: intervenção visando à prevenção da incapacidade do 
indivíduo, e normalmente são processos de reabilitação, reeducação e 
readaptação de pacientes com sequelas.
Existe uma série dedoenças endêmicas presentes nos países subtropicais 
que causam milhares de mortes por ano. No entanto, não há um 
esforço das grandes multinacionais para a criação e o planejamento 
de medicamentos efetivos para essas infecções parasitárias. Será que 
isso se deve ao fato de serem doenças de países subdesenvolvidos cuja 
população não apresenta elevado poder aquisitivo? E como poderíamos 
mudar esse cenário?
Um filme interessante é chamado “Contágio” (Contagion, título 
original) de Steven Soderbergh, em 2011. Esse filme apresenta a 
possibilidade de uma nova espécie de vírus influenza (vírus da gripe) 
criado acidentalmente pela fusão de partes de proteínas específicas 
de vírus suínos e quirópteros (morcegos). Retrata as dimensões de uma 
pandemia em escala global e como isso afetaria todos os indivíduos no 
planeta. Infelizmente, a espécie está propensa a sofrer tal impacto e não 
estamos preparados para isso. Devido à rápida disseminação através 
de turistas, viagens, tripulações etc., como poderíamos minimizar uma 
expansão rápida e como propor um plano de contenção dos contágios 
em escala global. Bem semelhante ao que aconteceu em 2020, não?
Considere os seguintes organismos parasitas humanos: Ascaris 
lumbricoides (lombriga), Schistosoma mansoni (agente causador da 
esquistossomose), Trypanosoma cruzi (agente causador da doença de 
Chagas) e os vírus da Zika e do Corona (causadores da zika e COVID-19, 
respectivamente). Agrupe-os de acordo com as possíveis classificações 
apresentadas neste capítulo, elucidando quais são as formas de 
disseminação. Explique a dinâmica populacional e as prováveis medidas 
23
CONCEITOS GERAIS │ UNIDADE I
preventivas. Além disso, monte as tríades epidemiológicas para cada 
uma dessas doenças.
Como se prevenir de possíveis contágios inesperados de doenças virais 
durante viagens ou locais públicos?
Em 2020 observamos um evento de proporções globais que havia sido 
observado algumas vezes na história da espécie. O que conseguimos 
aprender de lição com todos os fatos observados durante a pandemia de 
corona vírus? É possível se prevenir contra uma futura situação semelhante 
a essa?
Como a COVID-19 impactou sua vida? Algo mudou de fato? 
24
CAPÍTULO 3
Classificação dos seres vivos
São inúmeros os seres vivos e, para simplificar, eles foram agrupados em relação 
às características morfológicas, fisiológicas, estruturais, filogenéticas, entre 
outros critérios. 
Os níveis hierárquicos são representados na Figura 3 e seguem sempre a mesma 
organização: domínio – reino – filo – classe – ordem – família – subfamília – 
tribo – gênero – subgênero – espécie.
Figura 3. Classificação hierárquica dos seres vivos em fluxograma.
Domínio
Reino
Filo
Classe
Ordem
Família
Gênero
Espécie
Fonte: adaptado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Domínio_(biologia). Acesso em: 11 jul. 2020. 
Dentre a classificação taxonômica, deve-se destacar que vírus não possuem 
a mesma organização como apresentado na Figura 3. Segundo a classificação 
internacional de taxonomia de vírus (ICTV), a taxonomia viral se inicia em 
ordem pela classificação virales e apresenta todas as demais categorias abaixo, 
ou seja, família, gênero, espécie, podendo ainda apresentar tipo e cepa 
como as categorizações mais específicas.
Mas como já mencionado, os grupos de interesse em parasitologia não são todos. 
A espécie humana é hospedeira de organismos presentes no reino Animalia de 
cinco filos distintos (Protozoa, Platyhelminthes, Nematoda, Acantocephala e 
25
CONCEITOS GERAIS │ UNIDADE I
Arthropoda), todos com inúmeras espécies e características únicas. Dentre os 
possíveis parasitas humanos, pode-se distingui-los pelo modo de transmissão: 
transmissão interpessoal por contato ou uso de objetos; transmissão por 
água, alimentos, falta de higiene, poeira; transmissão por contato com o solo 
contaminado com larvas ou seres unicelulares; transmissão por vetores ou 
hospedeiros intermediários em contato com o ser humano e a transmissão por 
mecanismos diversos.
Vale destacar que as classificações taxonômicas entre os organismos envolvidos no 
parasitismo não são simples de ser determinadas. Por exemplo, o Schistosoma 
mansoni, causador da esquistossomose, possui fase de vida em caramujo 
(Biomphalaria glabrata) que é evolutivamente divergente de humanos (Homo 
sapiens sapiens) desde filo, ou seja, não tem uma relação filogenética aparente 
para a comum infecção. Essa evidência, além de tantas outras, mostra a 
importância de outros elementos da tríade epidemiológica para que ocorra o 
contágio.
Outro aspecto relevante é a nomenclatura das doenças parasitárias. Não há 
homogeneidade em relação às nomenclaturas ou uso dos sufixos corretos para 
a determinação adequada. O adotado convencionalmente foi a utilização dos 
sufixos “ose” acompanhando o gênero do agente etiológico.
Foi mencionado que somente 5 (cinco) filos do reino Animalia são parasitas 
da espécie humana. Identifique pelo menos um organismo pertencente 
a cada um dos filos mencionados e uma característica morfológica que o 
identifique como membro do filo em questão. 
Outro aspecto relevante para a reflexão é que todos nós ficamos, ao 
menos uma vez na vida, gripados. Sabe-se que a gripe é causada por 
contágio viral, e também é amplamente conhecido que os vírus são 
parasitas celulares obrigatórios, ou seja, o vírus da gripe é um tipo de 
parasita da espécie humana. Qual seria então a classificação taxonômica 
de um vírus?
Vírus são comumente encontrados e possuem um enorme impacto na 
sociedade humana, bem como todos os organismos no planeta. No 
entanto, os vírus não possuem uma classificação hierárquica completa. 
Podemos considerar os vírus como seres vivos? Quais os motivos de sua 
conclusão? 
26
UNIDADE I │ CONCEITOS GERAIS
Novamente sobre vírus, sabe-se que são considerados parasitas 
obrigatórios. Mas como definir o tipo de relação parasitária de vírus 
em relação às células e aos organismos como um todo?
Antes de entrarmos nos aspectos detalhados de parasitologia humana, devemos 
destacar um parasita celular obrigatório comumente envolvido em milhares 
e/ou até milhões de indivíduos. Dado o presente cenário global, é fundamental 
que entendamos um elemento já previamente mencionado neste material e que 
possui elevada importância quando pensamos em saúde humana e em medidas 
profiláticas que serão abordadas neste material.
Os vírus são subunidades proteicas com ou sem membrana envoltória que 
infectam organismos, e consequentemente células, para utilizar sua maquinaria 
molecular para produção de inúmeras cópias de seu material genético e proteínas 
estruturais. Vírus podem ser envelopados ou não e isso interfere diretamente 
no mecanismo de infecção e replicação.
A variedade de espécies e subespécies de vírus existentes é imensa e continua 
aumentando devido à sua alta taxa de mutação e adaptação em razão da pressão 
seletiva. Exemplo: somente o vírus da gripe, originalmente conhecido como 
Influenza A, já foi descrito em mais de 32 subvariantes, dentre eles alguns 
bem conhecidos por causa da sua elevada taxa de mortalidade em humanos e 
infectividade (H1N1, ou gripe suína/espanhola ou H3N2). As letras H e N vêm das 
proteínas presentes na membrana que envolve as unidades virais, denominadas 
hemaglutininas e neuraminidases. Essas proteínas são as responsáveis por 
permitir que os vírus entrem em nossas células sem romper a membrana celular. 
Após a invasão, a maquinaria viral controla a expressão genética das células 
dos hospedeiros, permitindo, assim, que ele produza incontáveis cópias que 
infectarão novas células. 
O ciclo de vida consiste em etapas distintas como a interação com a membrana 
celular externa à célula por meio do reconhecimento de receptores específicos, 
entrada por fagocitose/endocitose seguido de desencapsulamento mediante 
o efeito de redução do pH (acidificação) dentro do endossomo que contém a 
partícula viral. Uma vezdentro da célula, a replicação do material genético 
acontece por intermédio do recrutamento da maquinaria molecular da célula 
hospedeira. Após a replicação do conteúdo genético e a produção das proteínas 
virais, os virions são montados e liberados para o ambiente. Essa liberação pode 
ocorrer de maneira sutil, de modo que não haja a ruptura da membrana celular 
e consequente morte da célula (brotamento), ou simplesmente por lise celular.
27
CONCEITOS GERAIS │ UNIDADE I
Assim como descrito acima, outro vírus que recentemente (ou atualmente!) 
está apresentando um papel importante no cotidiano humano é a nova cepa de 
coronavírus humano. Destacaremos um pouco sobre esse causador da pandemia 
denominada COVID-19.
É uma pandemia (conceito visto alguns itens acima) que vem assombrando o 
mundo desde dezembro de 2019, sendo identificada em 199 países e causando 
milhares de óbitos. Essa doença é causada por um novo vírus denominado 
SARS-CoV2, ou novo coronavírus, que pode causar a síndrome respiratória 
aguda, também conhecida como SARS ou MERS.
O nome coronavírus se dá por conta da sua aparência, com proteínas ao redor 
de uma membrana que fazem parecer uma coroa em seu contorno (coroa, 
em espanhol, significa corona). Esses vírus pertencem a uma classificação 
conhecida como Coronaviridae e são “primos” não tão distantes de vírus mais 
comuns como o da gripe (Influenza). Apesar de a pandemia ser recente, os 
coronavírus são velhos conhecidos dos humanos, sendo eles os causadores de 
doenças graves como o SARS, MERS e, agora, o COVID-19. Todas essas doenças 
são síndromes respiratórias graves que afetam diversas espécies, incluindo os 
humanos. São caracterizadas por febre, tosse e diarreias. A grande diferença 
entre essas doenças (SARS, MERS e CONVID-19) são as pequenas variações 
entre os diferentes tipos de coronavírus e a maneira que essas doenças se 
espalham e afetam a população. 
A COVID-19, ou doença do coronavírus, surgiu em Wuhan, na China, onde 
algumas pessoas apresentavam uma tosse seca, e algumas evoluíram para uma 
severa pneumonia. Inúmeras pessoas sequer apresentarem os sintomas da 
doença, e sabemos que aproximadamente 80% dos casos podem se recuperar 
sem precisar de tratamentos especiais. No entanto, apesar da baixa porcentagem 
geral, milhares de pessoas já evoluíram para a forma mais severa e acabaram 
vindo a óbito. 
Assim como em outras pandemias observadas ao longo da história humana, 
o desenvolvimento de vacinas e novas drogas terapêuticas é a saída viável e 
demanda tempo e investimento. Esse tipo de situação serve para mostrar 
o quão frágeis como espécie somos e precisamos estar sempre preparados 
para uma situação como essa, fazendo o uso da ciência e da informação de 
pesquisas relacionadas à infectologia para prevenir e combater situações como 
as observadas em 2019/2020.
28
UNIDADE I │ CONCEITOS GERAIS
Porém, apesar de ser um parasita obrigatório e sua extrema importância na 
saúde humana, o foco desse módulo será em parasitoses ocasionadas por 
protozoários, helmintos e artrópodes, como veremos na Unidade II. Dúvidas 
sobre virologia ou questionamentos sobre situações vividas devido à pandemia 
são extremamente bem-vindos e encorajados a ser compartilhados na plataforma 
online da disciplina.
O que foi a pandemia para você? Como passou? Descreva os impactos e 
como isso mudou (ou não) sua vida e sua perspectiva de carreira frente a 
esse assunto.
Uma das medidas mais seguras e indicadas foi o isolamento social, ou 
seja, conter a infecção para que o sistema de saúde não colapse. Qual a 
sua opinião sobre essa medida? O que faria de diferente numa situação 
como essa?
29
UNIDADE IIPARASITOLOGIA 
HUMANA
Nesta unidade daremos início às análises dos organismos parasitas que se hospedam 
definitiva ou intermediariamente nos seres humanos, os quais são amplamente 
infectado por esses organismos. Serão abordados os seguintes tópicos para o 
estudo e a compreensão de cada organismo: morfologia; meio de reprodução; 
nutrição e características diferenciais; sistemática; principais ciclos biológicos; 
mecanismo de transmissão; patogenia; diagnóstico; profilaxia e tratamento.
CAPÍTULO 1
Protozoários
Os protozoários são micro-organismos cuja classificação taxonômica é feita com 
base em suas estruturas de locomoção e são agrupados em um reino próprio, 
denominado Reino Protista (junto às algas unicelulares crisófitas, euglenófitas 
e pirrófitas) (Figura 4). São seres eucariontes (núcleo celular organizado dentro 
de uma membrana) e a maioria é heterótrofa. Embora alguns sejam autótrofos, 
ou seja, produzem clorofila e com ela fazem a fotossíntese, produzem seu próprio 
alimento a partir de compostos inorgânicos. 
Os protozoários possuem uma história interessante em relação à sua 
classificação taxonômica. Inicialmente, em 1818, esses organismos unicelulares 
foram observados em amostrar através de microscópio ótico e categorizados 
como sendo parte de um filo (Protozoa) no reino animal. Anos após, em 
1980, evidências científicas demonstraram que essa variedade de organismo 
apresentava características bioquímicas e moleculares únicas, o que levou 
cientistas a classificar esses organismos em seu próprio reino, surgindo assim 
o Reino Protista. Contudo, diferentes grupos apresentavam diferentes 
argumentos para essa classificação, o que levou a uma discussão severa à época 
e incluiu os protozoários junto ao Reino Vegetal, com uma distinção sutil entre 
30
UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
protozoários e algas unicelulares. Atualmente, apesar de inúmeros argumentos 
e classificações que são atualizadas constantemente, os protozoários voltaram 
a ser categorizados como pertencentes ao Reino Animal dentro de dois filos: 
Plasmodroma e Ciliophora. 
Identifique e cite ao menos 3 exemplos de protozoários categorizados 
como autótrofos e heterótrofos.
A importância desses organismos na saúde humana é tremenda. Como será 
observado neste material, a lista de doenças causadas por protozoários é extensa 
e, em sua maioria, ocorrem em países denominados subdesenvolvidos ou em 
desenvolvimento, também conhecidos como “países pobres”. 
Inúmeros esforços para desenvolver medidas profiláticas, tratamentos e drogas 
efetivas contra doenças ocasionadas por protozoários têm sido constantemente 
testados e estudados. Sabe-se que inúmeras parasitoses são endêmicas de 
países denominados em desenvolvimento ou, mais atualizado, subtropicais. Ou 
seja, essas doenças são, em sua maioria, doenças de “países pobres” ou com 
recursos escassos para pesquisas e desenvolvimentos de novos métodos contra 
essas parasitoses, portanto são denominadas doenças negligenciadas. 
Em outras palavras, doenças negligenciadas são enfermidades causadas por 
agentes infecciosos presentes em regiões endêmicas de baixa renda. Devido ao 
custo de mercado de desenvolvimento de um fármaco, grandes multinacionais 
farmacêuticas alegam que tais doenças não apresentam indicadores aceitáveis 
de investimento em pesquisa e produção de potenciais medicamentos, sobretudo 
pela elevada taxa de mortalidade e por não evoluírem para doenças crônicas, 
que é o grande foco de empresas farmacêuticas. Em todo o planeta, as doenças 
negligenciadas causam a morte de 0.5 a 1 milhão de seres humanos por ano, 
e cerca de 1/6 da população mundial atual, mais de 1 bilhão de pessoas, está 
contaminada com uma ou mais dessas doenças, o que acarretará morte ou 
incapacidade produtiva para esses indivíduos. 
Apesar de serem amplamente encontradas na América Latina, África e Ásia, 
essas doenças são comumente atreladas à ausência ou deficiência de políticas 
de saneamento básico. No Brasil, por exemplo, as doenças categorizadas como 
negligenciadas graves e recorrentes são: dengue, doença de Chagas, leishmaniose, 
hanseníase, malária, esquistossomose e tuberculose. Apesar de algumas delas 
possuírem origem viral ou bacteriana, de modo que não serão aprofundadas 
neste material, fica evidente a presença de doençasditas parasitárias. 
31
PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
O Ministério da Saúde, juntamente à Organização Mundial da Saúde (OMS), 
vem tentando ao longo dos anos encontrar uma solução economicamente viável 
para essas endemias. Contudo, não existe o aporte financeiro necessário para 
o combate a essas doenças, dada a baixa importância no mercado comercial de 
medicamentos e farmacêuticos.
Por conta desse abismo financeiro, instituições públicas, como universidade e 
centros de pesquisa, vêm desenvolvendo métodos que possam se enquadrar nas 
políticas públicas e econômicas do país para que exista o desenvolvimento de 
algum fármaco ou tratamento eficaz contra essas doenças no Brasil.
Dentre esses programas estabelecidos em colaboração entre o governo federal 
e as universidades públicas, destaca-se o Instituto Nacional de Biotecnologia 
Estrutural e Química Medicinal em Doenças Infecciosas (INBEQMeDI). 
O Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) possui 
metas abrangentes em termos nacionais como possibilidade de mobilizar 
e agregar os melhores grupos de pesquisa em áreas de fronteira da ciência 
e em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do país. Além 
disso, visa impulsionar a pesquisa científica básica e fundamental competitiva 
internacionalmente e estimular o desenvolvimento de pesquisa científica 
e tecnológica de ponta associada a aplicações para promover a inovação e o 
espírito empreendedor. Esses desenvolvimentos tecnológicos são amplamente 
aplicados em empresas de base inovadora integradas ao Sistema Brasileiro de 
Tecnologia (Sibratec).
Além de promover o avanço da competência nacional nas áreas de biologia 
estrutural, bioquímica e química medicinal, o INCTs também ajudam 
diretamente na formação de jovens pesquisadores, apoiando a instalação e 
o funcionamento de laboratórios em instituições de ensino e pesquisa e em 
empresas. Isso proporciona a melhor distribuição nacional da pesquisa 
científico-tecnológica, e a qualificação do país em áreas prioritárias para o seu 
desenvolvimento regional e nacional. 
O INBEQMeDI é um exemplo de inúmeros outros em que as parcerias 
governo-universidades tentam estancar a sangria que ocorre devido à falta de 
investimentos necessários em pesquisa e inovação, em setores estratégicos e 
fundamentais para a pesquisa e o desenvolvimento do país. Além disso, esses 
investimentos favorecem a futura descoberta e aplicação dos achados científicos 
contra as endemias negligenciadas que nunca terão o investimento necessário 
de capital externo em sua pesquisa.
32
UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
Justamente com medidas nacionais, ações de cunho internacional têm sido 
colocadas em prática. A OMS criou, em 2015, um plano de colaboração com a 
Organização das Nações Unidas (ONU) e diferentes outros centros de excelência 
em pesquisa e tratamento de doenças negligenciadas. Dentre esses centros, 
destaca-se, no Brasil, a Fiocruz, ou Fundação Oswaldo Cruz, extremamente 
relacionada e dedicada à pesquisa das doenças nacionais. Essa ação conjunta 
identificou que além das condições de saneamento e acesso a fontes de água 
potável, outros fatores são extremamente importantes e devem ser levados em 
conta para a minimização, a contenção e a futura erradicação dessas doenças. 
Dentre os pontos observados, a condição de miséria e de desigualdade nas 
áreas endêmicas de muitos países, além da dinâmica circular dada à intensa 
circulação de pessoas, acaba tornando o problema, antes endêmico, em uma 
questão global. 
Além disso, documentos emitidos pela junta médica responsável por esses 
estudos apontam que as infecções por doenças tropicais prejudicam o 
desenvolvimento intelectual das crianças, o que reduz a taxa de escolarização 
e, muitas vezes, desabilita os infectados para o trabalho em uma perspectiva 
futura, acarretando consequências econômicas desastrosas. Mais do que um 
problema para a saúde, as doenças negligenciadas configuram um entrave ao 
desenvolvimento humano e econômico das nações.
Ao longo deste material, focaremos em doenças causadas majoritariamente por 
protozoários, helmintos e artrópodes, observando a definição de parasitologia 
clínica. Contudo, outras doenças negligenciadas e surtos virais serão brevemente 
mencionados para elucidar algumas diferenças e exemplificar a importância da 
pesquisa e do reconhecimento dessas doenças.
Dando início ao material específico, abordaremos os organismos que primeiro 
divergiram na escala evolutiva dos demais que serão estudados – os protozoários. 
São seres unicelulares que podem ser visualizados facilmente por microscopia 
óptica convencional, como observado na Figura 4.
33
PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
Figura 4. Exemplos de quatro protozoários: ciliado (Paramecium caudatum), flagelado (Trypanosoma brucei), 
rizópode (Entamoeba histolytica) e sem organelas locomotoras (Plasmodium vivax).
Fonte: http://protist.i.hosei.ac.jp/PDB/Images/Ciliophora/Paramecium/caudatum/intactcells/sp_10.html; https://www.
sciencesource.com/archive/Trypanosoma-brucei-rhodesiense--LM-SS2395922.html; https://www.cdc.gov/dpdx/amebiasis/index.
html; https://www.pinterest.com/pin/365917538446642023/?nic=1a. Acesso em: 12 jul. 2020. 
Morfologia
Os protozoários são seres que apresentam variações diversificadas e abrangentes 
conforme sua fase evolutiva e o meio no qual estejam adaptados. Podem ser 
esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos de estruturas 
conhecidas como cílios, outros possuem um ou vários flagelos. Além disso, 
existem ainda os que não possuem nenhuma organela locomotora especializada.
A atividade fisiológica influencia fazendo com que algumas espécies possuam 
fases bem definidas. Assim, temos:
 » trofozoíto: é a configuração ativa do protozoário, na qual ele se 
alimenta e se reproduz por distintos processos;
 » cisto: é a configuração de resistência, onde o protozoário possui uma 
parede extracelular resistente que o protegerá enquanto estiver em 
ambiente impróprio e inadequado para a vida livre ou durante sua fase 
de latência;
 » gameta: é a configuração sexuada, que aparece em algumas espécies 
de protozoários.
34
UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
Os organismos participantes do Reino Protista são seres unicelulares que, para 
sobreviver, têm de ser capazes de realizar todas as funções necessárias para a 
manutenção da vida, ou seja, alimentação, respiração, reprodução, excreção e 
locomoção.
Para cada função existe uma organela própria. Vejamos: 
 » Cinetoplasto: é uma mitocôndria especializada, rica em material genético. 
 » Corpúsculo basal: base de inserção do componente motor dos cílios e 
flagelos. 
 » Reservatório: hipóteses apontam para que seja um local onde ocorram 
processos de secreção, excreção e ingestão de partículas, mediante o 
processo de pinocitose e fagocitose. 
 » Lisossomo: permite a digestão intracelular de partículas alimentares. 
 » Complexo golgiense: responsável pela síntese de carboidratos e 
condensação da função de secreção proteica para o meio extracelular ou 
para incorporação nas membranas lipídicas do organismo. 
 » Retículo endoplasmático: 
a. liso: responsável pela síntese de esteroides; e
b. granular ou rugoso: responsável pela síntese de proteínas em seu lúmen. 
 » Mitocôndria: produção energética da célula. 
 » Microtúbulos: movimentos celulares (contração e distensão) e vias de 
transporte interno de vesículas.
 » Flagelos, cílios, membrana ondulante e pseudópodes: responsável pela 
locomoção da célula no meio em que se encontra. 
 » Axonema: eixo central do flagelo. 
 » Citóstoma: permite a ingestão de partículas alimentares.
Cada organela possui semelhança nas várias espécies dentro do reino, 
entretanto é possível que haja pequenas distinções que podem ser observadas 
sob o microscópio óptico ou, unicamente, por intermédio de um microscópio 
eletrônico. 
35
PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
Flagelos, cílios, membrana ondulante epseudópodes são estruturas 
relacionadas à locomoção dos protozoários. Cite o nome de ao menos um 
protozoário para cada tipo de estrutura mencionada.
Reprodução
Encontramos os seguintes tipos de reprodução:
Assexuada
 » Divisão binária ou cissiparidade. o que consiste na divisão assexuada 
das células, formando duas células-filhas idênticas e a mesma carga de 
material genético. 
 » Brotamento ou gemulação. 
 » Endogenia: surgimento de células-filhas, duas ou mais, por brotamento 
interno à célula. 
 » Esquizogonia: divisão nuclear seguida da divisão celular, resultando 
em indivíduos isolados. Estes rompem a membrana celular da 
célula-mãe e continuam a se desenvolver. Na realidade, existem três 
tipos de esquizogonia: merogonia (produz merozoítos), gametogonia 
(produz microgametas) e esporogonia (produz esporozoítos).
Sexuada
 » Conjugação: consiste na união temporária de dois indivíduos, com 
troca mútua de materiais nucleares. 
 » Singamia ou fecundação: consiste na união de microgameta e 
macrogameta formando o ovo ou zigoto, que pode se dividir para 
fornecer esporozoítos. A formação de gametas é denominada 
gametogonia.
Nutrição e características
Quanto ao tipo de alimentação, dividem-se em:
 » Holofíticos ou autotróficos: ou seja, a partir de pigmentos presentes 
no citoplasma, conseguem sintetizar compostos orgânicos utilizando 
36
UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
a energia provinda da luz solar, o que ocorre por intermédio do 
processo denominado fotossíntese. 
 » Holozoicos ou heterotróficos: ingerem partículas orgânicas, digestão 
por ação enzimática. Essa ingestão pode ser denominada fagocitose 
(ingestão de partículas sólidas) ou pinocitose (ingestão de partículas 
líquidas). 
 » Saprozoicos: têm a capacidade de absorver substâncias inorgânicas, 
desde que estas estejam decompostas e dissolvidas em meio aquoso. 
 » Mixotróficos: são capazes de obter alimentos por mais de um dos 
métodos descritos.
Identifique e cite ao menos três exemplos de protozoários categorizados 
como saprozoicos e mixotróficos.
Patogenias
Micro-organismos de vida livre são presentes em muitos ambientes. No entanto, 
alguns levam vida parasitária e podem acarretar doenças para os animais. 
Febre, cistos dolorosos e outros são alguns sintomas em seus hospedeiros. 
Muitos protozoários podem causar doenças na espécie humana e em outros 
animais vertebrados. Por exemplo: Trypanosoma cruzi é um protozoário 
flagelado e agente causador da doença de Chagas. 
Entre doenças causadas por protozoários, destaca-se a amebíase (pela 
Entamoeba histolytica), a giardíase (pela Giardia lamblia), a malária (por 
Plasmodium sp), diferentes tipos de leishmaniose (pelas Leishmania sp) e 
diversas outras patogenias. Neste tópico, doenças parasitárias causadas por 
protozoários serão detalhadas com o foco principal nas endemias brasileiras 
dentre as parasitoses apresentadas. 
Mediante as definições apresentadas nesta breve introdução, descreva 
os seguintes organismos de acordo com as estruturas celulares presentes 
e o tipo de reprodução: Giardia lamblia, Plasmodium sp e Trypanosoma 
cruzi.
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PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
Leishmanioses
As leishmanioses podem ser causadas pelo contágio de diferentes espécies dos 
protozoários do gênero Leishmania, e são transmitidas por meio da picada de 
um mosquito pertencente à subfamília Phlebotominae.
Segundo a OMS, epidemias recorrentes de leishmaniose visceral são presentes 
na África Oriental (Etiópia, Quênia, Sudão do Sul e Sudão) e causaram alta 
mortalidade nas comunidades afetadas. Da mesma forma, grandes epidemias 
de leishmaniose cutânea afetaram diferentes partes do Afeganistão, da Síria e 
de países árabes. 
Em 2017, 20.792 dos 22.145 (94%) novos casos relatados à OMS ocorreram 
em sete países: Brasil, Etiópia, Índia, Quênia, Somália, Sudão do Sul e Sudão. 
No sudeste asiático, o programa de eliminação de calazar está progredindo 
satisfatoriamente, e, em países como Bangladesh, que relataram mais de 9.000 
casos em 2006, houve uma redução drástica para 255 e 192 novos casos em 
2016 e 2017, respectivamente.
Anteriormente conhecida como uma doença de regiões rurais, a leishmaniose 
passa a ser frequentemente encontradas em regiões metropolitanas desde o 
início da década de 1990, com um aumento do número de casos em mais de 
47% na última década, no Nordeste brasileiro.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), em 2016 foram registrados no Brasil 
3626 casos, com 275 mortes relatadas no mesmo período. A letalidade é 
considerada alta (~ 7,8%), mas mesmo assim as políticas públicas não crescem 
proporcionalmente com a gravidade da doença.
Ela apresenta três formas clínicas mais frequentes (Figura 5):
 » Leishmaniose cutânea: causadora de feridas na pele. 
 » Leishmaniose mucocutânea: cujas lesões podem levar à deterioração 
parcial ou total de mucosas.
 » Leishmaniose visceral, também conhecida como calazar: é 
caracterizada por surtos de febre irregulares, substancial perda de peso, 
hepatoesplenomegalia e anemia severa. O não tratamento pode levar à 
morte na totalidade dos casos.
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UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
Figura 5. Da esquerda para direita, exemplos de: leishmaniose cutânea presente na perna de indivíduo humano; 
leishmaniose mucocutânea e leishmaniose visceral em um garoto da região nordeste brasileira.
Disponível em: http://www.controlarambiental.com.br/Leishmaniose.html; http://www.revistacirurgiabmf.com/2013/2/2.pdf; 
http://www.mdsaude.com/2010/05/leishmaniose.html. Acesso em: 12 jul. 2020.
Atualmente, atingem cerca de 12 milhões de pessoas em 88 países do mundo, 
sendo 72 considerados países em desenvolvimento (Figura 6). A distribuição, 
segundo o tipo de leishmaniose, é: 
 » 90% dos casos de leishmaniose visceral ocorrem em Bangladesh, 
Brasil, Índia, Nepal e Sudão.
 » 90% dos casos de leishmaniose mucocutânea ocorrem na Bolívia, 
Brasil e Peru.
 » 90% de todos os casos de leishmaniose cutânea ocorrem no 
Afeganistão, Brasil, Irã, Peru, Arábia Saudita e Síria.
Como mencionado, a leishmaniose é uma das doenças negligenciadas e não 
possue um aporte de investimento elevado da indústria farmacêutica, o que 
prejudica os avanços em desenvolvimento de fármacos e tratamentos eficazes 
contra a doença. Contudo, inúmeros cientistas e centros de pesquisas realizam 
estudos em busca de potenciais alvos moleculares e desenvolvimento de drogas. 
Ao menos cinco grupos de pesquisa no Brasil estão atualmente estudando e 
desenvolvendo métodos de pesquisa básica que possibilitarão (esperemos!) um 
avanço contra essa endemia. 
Vale ressaltar que o método científico de desenvolvimento de drogas é baseado 
na identificação da molécula alvo, em geral uma enzima essencial e única para 
o metabolismo do organismo, e a identificação de moléculas denominadas hits 
(moléculas que poderão se tornar potenciais fármacos). A identificação dessas 
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PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
moléculas requer inúmeros anos de pesquisa e investimento, de modo que seja 
possível a determinação da estrutura do alvo molecular, o reconhecimento e 
a síntese desse hit antes mesmo de iniciar as fases de teste in vivo, ou seja, 
em animais. Essas etapas conhecidas como pré-clínicas são essenciais para o 
posterior avanço dessas moléculas para a fase clínica de ensaios em pequena, 
média e larga escala, sequencialmente. Por fim, essas moléculas poderão ser 
aprovadas pelas agências de regulamentação (ANVISA no Brasil, e FDA nos 
Estados Unidos da América, por exemplo) e finalmente ser comercializadas. 
Esse processo demanda pesquisa, tempo e investimento, que, infelizmente, 
países subdesenvolvidos não possuem e acabam dependendo de investimento 
estrangeiro. Mas voltando a leishmaniose, o Brasil é um dos pioneiros no 
estudo de alvos moleculares em fases pré-clínica que poderão ser candidatos 
futuramente no desenvolvimento de potenciais fármacos. 
Agente etiológico
As leishmanioses são causadaspor parasitas do gênero Leismania. As espécies 
L. donovani, L. infantum infantum, e L. infantum chagasi podem acarretar 
leishmaniose visceral, mas, em casos leves, apenas manifestações cutâneas.
As espécies L. major, L. tropica, L. aethiopica, L. mexicana, L. braziliensis, L. 
amazonensis e L. peruviana são as responsáveis pela leishmaniose cutânea ou 
mucocutânea.
Esse protozoário apresenta ciclo de vida envolvendo dois hospedeiros; um 
vertebrado e um invertebrado (ciclo heteroxeno). Os hospedeiros vertebrados 
podem incluir uma grande variedade de mamíferos, entre eles: roedores; 
endentados (tatu, tamanduá, preguiça); marsupiais (gambá); canídeos e 
primatas, o que inclui o homem.
Os hospedeiros invertebrados, em geral, são pequenos insetos da ordem 
Diptera, família Psycodidae, subfamília Phlebotominae, gêneros Lutzomyia e 
Phebotomus.
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UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
Figura 6. Distribuição dos casos de leishmaniose no mundo, dados atualizados da WHO (Organização Mundial da 
Saúde), de 2019. A intensidade de azul reflete o número de ocorrências registradas da doença.
Fonte: Cruz, I. et al. The Indian Journal of Medical Research 123(3):357-88 (2006).
Uma característica morfológica interessante está na diferenciação das 
conformações celulares mediante ao hospedeiro (Figura 7). 
 » Amastigotas: possuem forma oval ou esférica, e são as formas 
encontradas no hospedeiro vertebrado. Não há flagelo livre, mas um 
rudimento presente na bolsa flagelar. 
 » Promastigotas: formas alongadas, com flagelo livre na região 
anterior. Encontradas no tubo digestivo do inseto vetor e hospedeiro 
intermediário e em meio de cultura. 
 » Paramastigotas: formas ovais ou arredondadas com flagelo livre. 
Encontradas aderidas ao tecido epitelial do sistema digestivo do 
inseto vetor, por meio de hemidesmossomos.
Figura 7. Da esquerda para direita, exemplos de: leishmanias na forma amastigota e promastigota, e na forma 
paramastigota.
Fonte: http://enfermagem-sae.blogspot.com.br/2009/04/leishmaniose-visceral-ou-calazar.html; http://www.fcfrp.usp.br/dactb/
Parasitologia/Arquivos/Genero_Leishmania.htm. Acesso em: 12 jul. 2020.
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PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
Ciclo
No vetor: o inseto pica o vertebrado contaminado e ingere macrófagos que 
contêm as formas amastigotas do parasita. Ao chegar ao estômago do inseto, 
essas células se rompem, liberando as amastigotas que, por sua vez, passam por 
processo de divisão binária e, posteriormente, à forma promastigotas. Passam 
por divisão e se multiplicam ainda no sangue ingerido (envolto pela membrana 
peritrófica). Essa membrana se rompe entre o terceiro e quarto dia e libera 
as células parasitas no hospedeiro. As formas promastigotas permanecem se 
reproduzindo por cissiparidade, com a possibilidade de duas vertentes distintas, 
de acordo com a espécie do parasita (Figura 8). 
As leishmanias categorizadas como pertencentes ao grupo brasiliensis têm a 
capacidade de migrar para as regiões do piloro e do íleo (seção peripilária), 
onde mudam de promastigotas para paramastigotas, aderindo ao epitélio do 
intestino do inseto. Nas leishmanias do “complexo mexicana”, ocorre de maneira 
análoga; no entanto a fixação das células paramastigotas ocorre no estômago 
do inseto. Novamente transformam-se em promastigotas que migram para a 
região da faringe. Nesse local, transformam-se para a forma paramastigota e, 
em seguida, diferenciam-se em promastigotas infectantes, altamente móveis, 
que se deslocam para o aparelho bucal do inseto.
No vertebrado: durante a hematofagia, ocorre a injeção de protozoários na 
forma promastigota no local da picada. Em algumas horas, esses flagelados 
são interiorizados pelos macrófagos teciduais. Nesse momento, as formas 
promastigotas se diferenciam da forma amastigota, encontradas em meio 
sistêmico, cerca de um dia a partir do momento da fagocitose. As amastigotas 
são extremamente resistentes à ação dos macrófagos e possuem elevada taxa 
reprodutiva. 
Com o excesso de amastigotas no citoplasma dos macrófagos, o rompimento 
celular é inevitável, liberando as amastigotas, que penetram outros macrófagos, 
o que inicia a reação inflamatória.
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UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
Figura 8. Ciclo de vida e contágio da Leishmania sp na etapa de parasitismo humano.
Fonte: https://knoow.net/ciencterravida/leishmania-genero/. Acesso em: 12 jul. 2020.
O ciclo de vida pode se diferenciar em dois hospedeiros, iniciando-se pela 
forma infetante de Leishmania, a forma promastigota presente na fêmea do 
mosquito-palha é injetada na corrente sanguínea do hospedeiro vertebrado (1). 
Posteriormente, as células promastigotas são fagocitadas pelas células presentes 
no reticuloendotelial (2). No interior dos macrófagos, as promastigotas originam 
células amastigotas por fissão binária, etapa essa factível de diagnóstico 
clínico (3). Após a destruição dos macrófagos, as amastigotas continuam sendo 
fagocitadas subsequentemente por novos macrófagos (4). Posteriormente, 
outro mosquito terá a chance de se infectar quando se alimentar do tecido 
sanguíneo de hospedeiros infectados (5). As amastigotas tornam-se novamente 
promastigotas no lúmen intestinal do inseto após alteração de pH e temperatura 
(6) e finalmente passam a se multiplicar e acumular por fissão binária (7).
Epidemiologia
Iniciada como uma enzootia (doença cujos hospedeiros são somente animais) 
em animais silvestres. A transmissão ao ser humano ocorre quando este penetra 
selva adentro para realizar suas atividades ou as regiões de conurbação e de 
ocupação humana se aproximam demasiadamente das regiões de vida livre 
dos parasitas e dos hospedeiros invertebrados naturais. Nesse caso, a doença é 
considerada como uma zoonose (doença cujo ciclo envolve animais e o homem). 
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PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
Profilaxia
 » Evitar picadas do mosquito vetor por meio de medidas de proteção 
individual: repelentes, tela de mosquiteiro de malha fina embebidas em 
inseticidas.
 » Em áreas de colonização recente, é recomendada a construção de casas 
a uma distância de, no mínimo, 500 metros da mata, devido à baixa 
capacidade de voo dos insetos hospedeiros.
 » Vacinação em animais domésticos: em fase final de testes 
(Leishvacin, produzida pela Bioquímica do Brasil S/A (Biobrás), 
somente para a realização de ensaios clínicos. A produção 
em escala comercial ainda não é viável, segundo o Diretor de 
Desenvolvimento Tecnológico da Biobrás, Luciano Vilela, e falta a 
liberação do registro pelo Ministério da Saúde).
Diagnóstico
Diagnóstico clínico
 » Fundamentado na característica apresentada na lesão e em dados 
epidemiológicos da região previamente conhecidos.
Diagnóstico laboratorial
 » Pesquisa do parasita por intermédio de exame direto de esfregaços 
corados: aplica-se anestesia local, retira-se um fragmento das bordas da 
lesão e analisa-se um esfregaço dessa amostra em lâmina, corado com 
derivados de Romanowsky, Giemsa ou Leishman.
 » Cultura: pode-se realizar a cultura de fragmentos de tecido ou de 
espirados da borda da lesão.
 » Inóculo em animais: o hamster é o animal mais utilizado para o isolamento 
de leishmanias. Inocula-se, por via intradérmica, no focinho ou nas 
patas, um triturado do fragmento da lesão em solução fisiológica.
 » Métodos imunológicos: teste intradérmico de Montenegro – utilizado 
no país para levantamentos epidemiológicos, avalia a hipersensibilidade 
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UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
do paciente. Inocula-se pequeno volume de antígeno nos membros 
superiores do paciente, e para o caso de reações positivas, verifica-se o 
estabelecimento de uma reação inflamatória local, reversível em 72 horas.
 » Reação de imunofluorescência indireta: teste bastante usado e possui 
alta sensibilidade, porém apresenta reação cruzada para outros 
tripanosomatídeos, como o Trypanosoma cruzi (causador da doença de 
Chagas).
Como já mencionado, o Brasil é pioneiro e um dos maiores centros de pesquisaem leishmaniose. Inúmeros centros de pesquisa renomados não medem 
esforços para a determinação de mecanismos moleculares e bioquímicos que 
possam ser específicos contra esses organismos unicelulares. Essas pesquisas 
buscam a determinação de estrutura de enzimas específicas do parasita e que 
não interfiram em um possível tratamento em humanos. 
Para mais detalhes sobre os métodos diagnósticos, acesse o texto de 
Porfirio-Passos et al. (2012), disponível em: http://www.conhecer.org.br/
enciclop/2012b/ciencias%20agrarias/Metodos%20para.pdf .
Pequeno documentário sobre a Leishmaniose:
http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=tNTYxFu49OY&feature=endscreen.
Tratamento
Uso de um antimonial tártaro hermético (introduzido pelo médico brasileiro 
Gaspar Vianna, em 1912). Atualmente, é utilizado um antimonial pentavalente, 
Glucantime, em que somente a forma difusa não responde bem ao tratamento.
Outro tratamento considerado é a imunoterapia, que utiliza a Leishvacin, vacina 
para imunoprofilaxia. Ainda não apresenta escala comercial de produção.
Acabamos de ver a gravidade das leishmanioses no mundo, então por 
que não há um investimento maior a fim de erradicar essa doença?
Você é morador de uma região na qual a leishmaniose é endêmica. Quais 
seriam suas principais ações a fim de reverter esse quadro?
Compare as leishmanioses visceral e cutânea em relação à gravidade, 
aos vetores e à abrangência da doença.
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PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
Se o Brasil é um dos pioneiros no tratamento e nas pesquisas 
envolvendo essa endemia, por que não existe nenhum resultado prático 
sendo aplicado além dos tratamentos mencionados? Será possível o 
desenvolvimento de um fármaco nacional contra essa parasitose?
Tripanosomíase americana ou doença de 
Chagas
A principal tripanosomíase humana, tripanossomíase americana ou simplesmente 
doença de Chagas, uma homenagem a Carlos Chagas, infectologista brasileiro 
identificador do agente causador da doença, é causada pelo agente Trypanosoma 
cruzi (Figura 9).
Segundo a OMS, estima-se que mais de 10.000 pessoas morrem todos os anos 
de manifestações clínicas da doença de Chagas, e mais de 25 milhões de pessoas 
correm o risco de adquirir a doença em todo o planeta. 
No Brasil, segundo a sociedade brasileira de cardiologia, inúmeros brasileiros 
não têm a certeza do desenvolvimento de cardiomegalia que decorre da doença 
de Chagas devido à falta ou à ineficiência de exames preventivos ou de rotina para a 
detecção de variações do tamanho do coração. Pacientes sem histórico prévio 
familiar ou histórico médico acabam desenvolvendo ou sofrendo complicações 
sem a percepção da doença até apresentar complicações em quadros clínicos 
futuros.
O protozoário flagelado T. cruzi da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae 
e gênero Trypanosoma.
Figura 9. Da esquerda para direita, exemplos de: Trypanosoma cruzi na forma tripomastigota; o inseto vetor 
conhecido como “barbeiro” e uma foto do Dr. Carlos Chagas, descobridor da doença que ficou conhecida 
como doença de Chagas. 
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/DoencadeChagas.php; https://oimparcial.com.br/noticias/2018/02/
suco-de-bacaba-por-ter-contaminado-19-com-doenca-de-chagas/; https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Carlos_chagas_2.jpg. 
Acesso em: 12 jul. 2020.
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UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
Estima-se que a doença de Chagas afete entre 6 e 8 milhões de pessoas no 
países latino-americanos, onde a doença é endêmica; e aproximadamente 
500 mil indivíduos em países não endêmicos, além de 50 mil mortes por 
ano. Estima-se, ainda, que ocorram anualmente mais de 40 mil novos casos, 
e cerca de 20 mil óbitos por ano. Segundo a OMS, cerca de 90 milhões de 
pessoas estão expostas ao risco de contágio, e a Bolívia é o país que mais sofre 
com a doença (Figura 10).
Nas últimas décadas, evidências experimentais suportam duas hipóteses 
sobre a patogênese da cardiopatia chagásica crônica. Na primeira, a infecção 
pelo T. cruzi induz respostas imunológicas contra constituintes tissulares 
normais, que seriam parcialmente independentes da presença parasitária 
(teoria da autoimunidade na doença de Chagas). Além disso, o parasitismo 
tissular acarreta reações inflamatórias e, posteriormente, dano miocárdico 
irreversível. Finalmente, a doença pode evoluir para doença miocárdica de 
etiologia não-isquêmica. 
Assim como a leishmaniose, o Brasil é pioneiro em pesquisas envolvendo doença 
de Chagas, e não à toa a doença foi identificada por esse ilustre brasileiro. 
Em geral, grupos de pesquisa trabalham em paralelo tentando identificar e 
desenvolver potenciais hits utilizados contra essas parasitoses amplamente 
endêmicas no Brasil. 
Agente etiológico
Trypanosoma cruzi é o agente causador da doença de Chagas, a forma mais 
grave de infecções desses parasitas em humanos.
Outra forma infectiva de tripanosomas, mas que não será tratada nesta 
disciplina, é a doença do sono (humanos), ou nagana (gado), doença endêmica 
na África subsaariana. É causada pela infecção por Trypanosoma brucei e o 
contágio ocorre mediante o contato com a mosca de Tsé-Tsé.
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PARASITOLOGIA HUMANA │ UNIDADE II
Figura 10. Distribuição dos casos de doença de Chagas no mundo. Quanto mais escuro, maior a incidência da 
doença. Dados mais atualizados da OMS, de 2018.
Endêmico 
Presente, mas não endêmico 
Fonte: https://eportfolios.macaulay.cuny.edu/kowach16/2016/10/23/chagas-disease-what-is-it-and-how-is-it-being-treated/. 
Acesso em: 12 jul. 2020.
Ciclo
Esse protozoário apresenta um ciclo de vida heteroxênico, passando por uma 
fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado e extracelular no 
hospedeiro vetor (Figura 11).
No vertebrado: as formas tripomastigotas eliminadas nas excreções dos insetos 
“barbeiros”, membros dos gêneros Triatoma, Panstrongylus e Rhodinus, 
durante ou logo após sua alimentação, por ação hematófaga no hospedeiro 
humano. Os parasitas penetram pelo local da picada e interagem com as células 
da pele e das mucosas internas. Nesse momento, ocorre a transformação das 
tripomastigotas em amastigotas, cuja multiplicação se dá por divisão binária. 
A próxima etapa é a diferenciação das amastigotas em tripomastigotas. Estas 
serão liberadas da célula hospedeira e se dirigem ao interstício e à corrente 
sistêmica, onde atingem as demais células de qualquer outro tecido ou órgão, 
iniciando um novo ciclo celular. No entanto, alguns indivíduos são destruídos 
pela ação do sistema imune. 
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UNIDADE II │ PARASITOLOGIA HUMANA
No hospedeiro invertebrado: os “barbeiros” (Triatomíneos sp) se infectam 
ao ingerir as formas tripomastigotas presentes na corrente sistêmica, de um 
hospedeiro vertebrado contaminado, durante a hematofagia. No estômago do 
inseto, diferenciam-se na forma epimastigotas. Ao passar para o intestino médio 
do hospedeiro, as epimastigotas se reproduzem por cissiparidade, o que define a 
manutenção da infecção no vetor. No reto do inseto infectado, as epimastigotas 
se diferenciam em tripomastigotas metacíclicas, forma infectante para os 
vertebrados, sendo eliminadas nas fezes ou na urina, no ato da hematofagia, 
delimitando o ciclo do parasita.
Figura 11. Ciclo de vida e contágio do Trypanosoma cruzi nas etapas de parasitismo humano e no hospedeiro 
invertebrado.
Fonte: https://www.flickr.com/photos/luizbaltar/4096363884. Acesso em: 12 jul. 2020.
Os mecanismos de transmissão são diversos e o principal é o contágio vertical 
por meio do contato direto com o inseto contaminado (transmissão pelo vetor). 
No entanto, o contágio direto pelo contato com espécimes sanguíneos humanos 
contaminados (transfusão sanguínea ou mesmo transmissão congênita de mãe 
para feto) ou acidental (acidentes de laboratório) pode ocasionar a contaminação. 
Algumas maneiras pouco usuais, mas com possível incidência, ocorrem através 
de lesões em mucosas (transmissão oral) ou mesmo transplantes, quando 
são utilizados órgãos de pacientes contaminados.

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