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ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! PROFESSORES Dr. Luiz Fernando de Souza Alves Dra. Vanessa Graciele Tiburcio Me. Luara Lupepsa Parasitologia https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8986 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8986 FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. ALVES, Luiz Fernando de Souza; LUPEPSA, Luara; TIBURCIO, Vanessa Graciele. Parasitologia. Luiz Fernando de Souza Alves; Luara Lupepsa; Vanessa Graciele Tiburcio. Maringá - PR.: Unicesumar, 2021. 272 p. “Graduação - EaD”. 1. Parasitologia 2. Parasitos. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 613.2 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-500-5 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Design Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Coordenador de Conteúdo Maria Fernanda Francelin Carvalho Designer Educacional Ana Claudia Salvadego Revisão Textual Erica F. Ortega e Sarah Mariana Longo Carrenho Cocato Editoração André Morais de Freitas e Lucas Pinna Silveira Lima Ilustração André Azevedo e Welington Vainer Realidade Aumentada Matheus Guandalini e Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock. Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quintana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a sua mudança! Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. A relação com os animais e com a natureza sempre fez parte da minha vida. Quando pequeno, morei um tempo em fazen- da junto com minha família, onde sempre junto ao meu pai, eu ia para o campo. Desde essa época, eu buscava entender como funcionava a alimentação dos animais, como era que as vacinas faziam efeito e como funcionava todo o sistema de produção. Com o passar do tempo, estas curiosidades e o apreço pela área biológica/agrária foi aumentando, até que iniciei a graduação de Zootecnia, e a partir daqui, todas as peças foram se encaixando. Todo esse tempo me vincu- lei às áreas voltadas tanto para pesquisa, quanto extensão, onde eu consegui vivenciar na prática uma grande parte da teoria que foi aplicada em sala de aula. E com essa vontade de sempre aprender e me aprofundar mais, fiz o mestrado e o doutorado, que foram um baita desafio… mas um desafio incrível! E com esse desafio, aplicando aqui, neste livro, espero que vocês também se sintam desafiados a vivenciar todas as oportunidades dentro da graduação!! Um grande abraço! Prof. Luiz Fernando Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/9601315382071651 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9338 Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. Desde muito cedo eu me lembro de ter um apreço pela área de biológicas e da saúde. Eu me recordo que observava cada detalhe da natureza, como o movimento de uma lagarta, os aspectos morfológicos das fibras musculares em um bife e me perguntava como os vaga-lumes conseguiam piscar tão lindamente! Acredito que essa paixão foi desenvolvida pelos hábitos familiares, pois passava as férias no sítio dos meus avós no interior e são as melhores recordações que tenho da minha infância. Durante a educação básica, isso foi se tor- nando cada vez mais evidente, pois a cada feira de ciências, lá eu estava explorando as amostras biológicas preservadas e o encantamento só crescia. Como você deve estar imagi- nando, eu fiz a graduação de Ciências Biológicas! Foram anos de descobertas, como a área da extensão, da pesquisa e da licenciatura. E meu amor só se consolidou e fortificou em cada passo. Nem preciso dizer que o mestrado e o doutorado me proporcionaram desafios, experiências e vivências incríveis, não é mesmo? Aqui estou descobrindo e explorando meu lado escritora. Espero que eu possa contribuir com parte de sua formação. Um grande beijo! Profa. Vanessa. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/2091162196482872 http://lattes.cnpq.br/2091162196482872 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9913 Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. Desde pequena, a natureza fez parte da minha vida, cresci em cidade pequena no interior do Paraná, e isso me despertou uma paixão por querer entender como funcionava cada rea- ção do corpo humano e dos animais. Com o passar dos anos, meu interesse pela saúde e biologia só aumentava, tanto que decidi fazer graduação em biomedicina, pois o campo de tra- balho me possibilita trabalhar com os dois ramos. Essa paixão só foi aumentando, e a vontade de novas descobertas veio com a especialização e o mestrado na área de biotecnologia, que foi onde eu consegui aplicar a tecnologia e a ciência na realidade onde vivia, e quando nós conseguimos relacionar esses dois parâmetros, é um sentimento de dever cumprido. Mais tarde iniciei os estudos como doutoranda em ciências biológicas, o que ainda está sendo uma enorme experiência positiva, e estou certa de que foi a docência que me escolheu e não eu a escolhi. Esperoque eu tenha ajudado cada um de vocês na sua jornada e desejo todo o sucesso do mundo. Um grande abraço!! Professora Luara. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/7145745788581082 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9914 Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS EU INDICO Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido PÍLULA DE APRENDIZAGEM Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 PARASITOLOGIA Você já observou e parou para pensar o que um pássaro está fazendo em cima de alguns animais, como bovinos e/ou animais silvestres, em áreas como fazendas, campos ou matas? Vamos pensar um pouco além, você já percebeu o quanto a sua alimentação pode estar ligada a doenças causadas por parasitas? Podemos dizer que, além da nutrição, os alimentos, quando não preparados corretamente, podem nos adoecer? Para o funcionamento de um ecossistema, vários fatores ocorrem simultaneamente como forma de garantir um estado de equilíbrio. Um desses fatores é a cadeia alimentar onde há uma relação de alimentação entre os seres vivos de um determinado ecossistema, ou seja, há uma sequência de organismos que servem de alimento uns para os outros. O exemplo anterior reflete essa condição biótica, pois as aves se alimentam de pequenos parasitas externos de tais seres vivos. Os carrapatos e pulgas são predados e servem de alimentação para essas aves. No campo da área de boas práticas com alimentos, podemos também dizer que a ciência da Parasitologia, responsável por estudar os parasitas e as doenças parasitárias humanas causadas por estes agentes, é nossa ferramenta de avaliação para escolha de ações corretivas, evitando assim estas doenças. Muitos são estes seres que podem fazer parte da rotina de animais de maior porte e também de nosso dia a dia. Quando estes seres microscópicos infectam seres humanos, dizemos que isso faz parte do ciclo de vida desses parasitas, que muitas vezes só conseguem se desenvol- ver e proliferar em células humanas, como a doença de Chagas. Afinal, você sabe como ela é transmitida, quais seus vetores e as medidas de prevenção dessa doença? Tenho certeza que você já estudou sobre isso ou já viu algo sobre ela, certo? Quando pensamos em como a doença de Chagas é transmitida, lembramos de outros in- setos e da picada dele, como acontece com a Dengue. Contudo, no caso da doença de Chagas, ela não é transmitida apenas pela picada do inseto. Na verdade, se as fezes do bicho barbeiro estiverem contaminadas e a pessoa coçar a pele, o protozoário parasita Trypanosoma cruzi pode penetrar a pele por meio do orifício da picada do inseto. Outro ponto importante é a higienização inadequada dos alimentos que consumimos, sendo uma porta de entrada de diferentes tipos de parasitas em nosso organismo. Onde queremos chegar com tudo isso? Você percebeu que há diferentes formas de con- taminação parasitária e que o conhecimento dessas formas podem proporcionar medidas preventivas de controle? Agora vamos imaginar que você está atuando como profissional da saúde em uma clínica e um dia um paciente entra para ser examinado com os seguintes sintomas: diarreia, vômitos e febre alta. Com algumas perguntas, o paciente relata que esteve no nordeste brasileiro há aproxima- damente 30 dias. Com essas informações, você já deve ter imaginado que uma das possíveis doenças que esse paciente pode ser portador é a doença de Chagas. Com os conhecimentos que você tem agora, você conseguiria passar a esse paciente quais as medidas de prevenção para essa doença? Você também conseguiria orientar ele de como evitar contrair outras doenças parasitárias? Com esse material você será capaz de responder essas perguntas e muitas outras que você irá se deparar no decorrer da leitura. Por isso, não esqueça de sempre anotar os principais pontos e fazer um estudo profundo dos assuntos que iremos abordar. Vamos começar? APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 2 43 5 13 61 43 77 INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA 6 137 TREMATÓDEOS PARASITAS DO HOMEM: SCHISTOSOMA MANSONI CICLO BIOLÓGICO DO PARASITA EPIDEMIOLOGIA E SEUS CONCEITOS NEMATOIDES PARASITOS DO HOMEM CESTOIDES PARASITOS DO HOMEM 109 7 163 8 191 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS PARASITOSES SANGUÍNEAS E SISTÊMICAS PROTOZOA 9 229 DIAGNÓSTICO E POSOLOGIA 1 Nesta primeira unidade, quero compartilhar com você um pouco dos conceitos básicos existentes dentro da Parasitologia, a relação parasita-hospedeiro e os malefícios que as doenças parasitárias po- dem ocasionar para a saúde da população em geral. Além disso, entenderemos como são realizadas as principais análises para identi- ficação dos parasitas no hospedeiro, seus ciclos e suas classificações e, também, os conceitos ecológicos e bioquímicos do parasitismo. Introdução à Parasitologia Dr. Luiz Fernando de Souza Alves 14 UNICESUMAR Você já reparou que os parasitas sempre tomam algo do hospedeiro e não devolvem nada em troca? São muito exemplos que nos fazem refletir sobre isso. Um caso bastante conhecido é o da ascaridíase (lombriga), que, quando se desenvolve no organismo de seres vivos, instala-se dentro do intestino delgado, causando, ao seu hospedeiro, diarreia, vômitos, obstrução intestinal, entre outros. Entretanto, quando pensamos nessas causas, não seria melhor que esses parasitas não existissem? Nesta unidade, estudaremos a relação que o parasita tem com seu hospedeiro e entender a importância que a parasi- tose possui e os danos que causa. As parasitoses intestinais representam um grande problema de saúde pública, principalmente, naqueles países de terceiro mundo e que não possuem saneamento básico. Isso se torna um dos principais fatores para ocorrências de doenças, quadros de diarreias crônicas e desnutrição, o que compromete o desenvolvimento físico e intelectual, principalmente, da população jovem. Devido a essas ocorrências, muitos programas têm se voltado para o controle das parasitoses intestinais nos mais diferentes países. Esses programas, porém, têm mais êxito em países desenvolvidos quando comparados aos países que possuem uma economia mais pobre. Isso se dá pelos custos financeiros para as medidas técnicas, além da falta de projetos educativos com ampla participação da população, dificultando, assim, a implementação de controle. Como você pode observar, a criação e implantação de programas voltados para o controle dessas parasitoses ainda é bastante escassa em muitos países. Desafio você a buscar programas estabelecidos em países desenvolvidos, que já possuem controle efetivo dessas parasitoses, e como poderiam ser aplicados de forma efetiva nos demais países que não são desenvolvidos. Já é claro que as parasitoses intestinais acometem mais a população de países não desenvolvidos devido à escassez de programas para controle e a falta de projetos educativos. Em países subdesenvol- vidos, as parasitosespodem acometer até 90% da população, o que leva a um aumento significativo da piora dos níveis econômicos. O Brasil é um dos países em que esse problema é encontrado em diversas regiões onde não há saneamento básico. Como os programas já estabelecidos pelos países desenvolvidos poderiam ser aplicados nas regiões brasileiras? Como você, profissional da saúde, aplicaria os projetos educativos para a população? Sugiro a você que anote as suas respostas em seu Diário de Bordo. DIÁRIO DE BORDO 15 UNIDADE 1 A Parasitologia é o estudo dos parasitas, de seus hospedeiros e da relação entre eles. Esse estudo engloba os Filos Protozoa (Figura 1), do reino Protista e Nematoda (Figura 2), e os Platyhelminthes (Figura 3) e Arthropoda (Figura 4), do reino Animal. Figura 1 - Protozoário Trypanossoma brucei Descrição da Imagem: nesta imagem, vemos o protozoário Trypanossoma brucei, o qual é transmitido pela mosca Tsé-Tsé, e é responsável pela doença do sono. É possível verificar o protozoário, que lembra a letra C, entre as células sanguíneas.sanguíneas. 16 UNICESUMAR Figura 2 - Verme Nematoide Figura 3 - Taenia solium Descrição da Imagem: nesta imagem, apresenta-se um verme nematoide cortado sobre uma lâmina e observado através de microscopia. O verme tem formato cilíndrico, alongado e com as extremidades afiladas. Descrição da Imagem: nesta imagem, observa-se o escólex de uma Taenia com uma coroa de ganchos para fixação e ventosas, chamada de rostro. 17 UNIDADE 1 Figura 4 - Carrapato (Ixodes ricinus) As parasitoses são distribuídas geograficamente por diversos fatores que contribuem para sua propa- gação, como a presença de hospedeiros susceptíveis, as migrações humanas, as condições ambientais adequadas, uma considerável densidade da população, condições baixas de vida, hábitos que envolvem a religião e os hábitos higiênicos. Esses são fatores que, muitas vezes, propiciam a relação parasita-hos- pedeiro (FINOTTI, [2021]; NEVES, 2004; REY, 2002). É muito importante o conhecimento sobre os conceitos básicos que são utilizados no estudo da Parasitologia. Podemos verificar os seguintes termos, de acordo com Neves (2006, p. 465): • Agente etiológico: agente causador de uma doença. Este causador pode ser vírus, bactéria, protozoário, fungo ou helminto; • Endemia: quando ocorre uma doença infecciosa que ocorre habitualmente e com incidência significativa em uma população e ou em uma região; • Doença endêmica: doença cujo permanece por diversos anos entre a população; • Epidemia: é a ocorrência de uma determinada doença, que ocorre em uma região ultrapassando a incidência normalmente esperada; • Infecção: entrada de agentes patogênicos microscópicos no organismo; • Infestação: invasão do organismo por agentes patogênicos macroscópicos; Descrição da Imagem: pode-se observar, nesta imagem, um carrapato em evidência sobre a pele humana. O carrapato tem formato oval e oito patas, e parte de sua estrutura e as patas são de cor escura, e o restante é castanho claro. 18 UNICESUMAR • Vetor: Organismo capaz de transmitir agentes infecciosos; • Hospedeiro: organismo que carrega outro sobre ele, servindo de habitat para outro, se instalando e encontrando condições de sobrevivência. O hospedeiro pode servir ou não de como fonte de alimento para o parasita; • Hospedeiro definitivo: é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual; • Hospedeiro intermediário: é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de assexuada; • Profilaxia: conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou controle das doenças ou de fatos prejudiciais aos seres vivos. • Endoparasita: parasitas que vivem no interior do corpo do hospedeiro; • Ectoparasitas: parasitas externos que se instalam fora do corpo do hospedeiro; • Antroponese: doença exclusivamente humana; • Antropozoonose: doença primária de animais, que pode ser transmitida ao ho- mem. Período de incubação: é o período decorrente entre o tempo de infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas clínicos; • Período pré-patente: é o período que decorre entre a infecção e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do agente infeccioso. Atualmente, o parasitismo é conceituado como a relação entre dois elementos de espécies diferentes, sendo que o parasita apresenta deficiência metabólica, o que faz com que ele se associe, por um período significativo, a um hospedeiro, buscando suprir tal carência. Ainda sobre os conceitos dentro da Parasitologia, podemos citar dois campos: • Sentido amplo: é aquele do qual fazem parte todos os vírus, algumas espécies de bactérias, fungos, protozoários, platelmintos, nematelmintos, artrópodes e algumas algas microscópicas. • Sentido estrito: no qual, por algumas razões, são consideradas apenas algumas espécies de protozoários, helmintos e artrópodes, podendo considerar, algumas vezes, a presença de fungos. Após conhecermos os conceitos que fazem parte da Parasitologia, veremos como ocorrem e quais são as adaptações parasitárias. Vamos lá? A ocorrência da perda parcial do sistema metabólico e da capacidade de utilizar outra fonte nutri- cional no meio ambiente externo pode ocorrer em todo o ciclo de vida do parasita ou em apenas uma parte dele, fazendo com que ele possa se instalar em seu hospedeiro e dependa da sobrevida dele, prin- cipalmente, quando falamos dos endoparasitas, os quais, quando ocorre morte do hospedeiro, também, geralmente, sucumbem. Entretanto, o parasita possui uma estratégia de sobrevivência e transmissão, em que busca diminuir a sua capacidade de agressão ao seu hospedeiro, o que o torna melhor adaptado a determinados hospedeiros. Com isso, quando ocorre uma maior agressão, o parasita é considerado menos adaptado à espécie em que está hospedado, trazendo, com isso, a morte do hospedeiro. 19 UNIDADE 1 Sabemos que existem diversos tipos de parasitos, porém devemos saber identificar os tipos para que possamos conhecer sua forma de atuação com o hospedeiro. Com isso, de acordo com Neves (2004, p. 4), temos: • Parasito acidental: é o que parasita outro hospedeiro que não o seu normal; • Parasito errático: é o que vive fora do seu hábitat normal; • Parasito extenoxênico: é o que parasita espécies de vertebrados muito próximas; Parasito eurixênico: é o que parasita espécies de vertebrados muito diferentes; • Parasito facultativo: é o que pode viver parasitando, ou não, um hospedeiro; • Parasito heterogenético: é o que apresenta alternância de gerações; • Parasito monoxênico: é o que possui apenas o hospedeiro definitivo; • Parasito monogenético: é o que não apresenta alternância de gerações (isto é, possui um só tipo de reprodução - sexuada ou assexuada); • Parasito obrigatório: é aquele incapaz de viver fora do hospedeiro; Você sabia que o ciclo vital dos parasitas é a sequência das fases que possibilitam o desen- volvimento e a transmissão de determinado parasita? Isso possui relação com o número de hospedeiros necessários para que ele ocorra. Com isso, podemos ter dois tipos básicos de ciclos: • Homoxeno (monoxeno): é quando o ciclo todo ocorre em apenas um hospedeiro. • Heteroxeno: são necessários mais de um hospedeiro para que o parasita complete seu ciclo. Não podemos deixar de falar sobre a especificidade parasitária, que é quando o parasita apresenta a capacidade de se adaptar a determinado número de hospedeiros. Isso pode acarretar, geralmente, a sua maior ou menor dispersão geográfica. Denominamos eurixeno quando encontramos um grande número de espécies de hospedeiros parasitados de forma natural, e, quando encontramos apenas uma pequena quantidade de espécies, denominamos estenoxeno (SANTOS, [2021]). 20 UNICESUMAR Os hospedeiros também possuem seus tipos, assim como vimos sobre os parasitas. Conheceremos quais são os tipos desses hospedeiros, conforme descrito por Gazzinelli ([2021], s.p.): • Ciclo heteroxeno: • Definitivo: Quando o parasita se reproduzneste, de forma sexuada e/ou é encon- trado em estágio adulto; • Intermediário: Se o parasita no hospedeiro só se reproduz de forma assexuada ou se encontra exclusivamente sob forma larvar (helmintos). • Paratênico ou de transporte: quando no mesmo, não ocorre evolução parasitária, porém, o hospedeiro não está apto a destruir o parasita rapidamente, podendo assim, ocorrer posterior transmissão em caso de predação por espécie hospedeira natural. • Reservatório: é representado pelo hospedeiro vertebrado natural na região em questão. De acordo com Santos ([2021]), quando utilizamos o termo vetor, compreende-se transmissor, que pode ser representado por um artrópode ou molusco ou, até mesmo, determinado veículo de transmissão, como água ou alimentos, possibilitando a transmissão parasitária. Na Parasitologia, assim como as demais doenças, há a infestação e infecção, em que se baseia a clas- sificação em dois parâmetros: localização e dimensão. O primeiro é o mais utilizado atualmente e que foi sugerido por especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) (GAZZINELLI, [2021], s.p.): • Localização: • Infestação: Localização parasitária na superfície externa (ectoparasitas). Infec- ção: Localização interna parasitária (endoparasitas). Por esta definição, infecção seria a penetração seguida de multiplicação (microrganismo) ou desenvolvi- mento (helmintos) de determinado agente parasitário. • Dimensão: • Infestação: Corresponde ao parasitismo por metazoários. • Infecção: Definida pelo parasitismo por microrganismos. Em consequência, infecção seria a penetração seguida de multiplicação de microrganismos. Já em relação à contaminação, temos, basicamente, dois tipos: 21 UNIDADE 1 • Biológica: É a presença de agentes biológicos no meio ambiente externo, fômites ou na superfície externa ou interna sem causar, no momento, infecção ou infestação. • Não biológicas: É a presença de elementos químicos e físicos no meio ambiente ou no interior de seres vivos (GAZZINELLI, [2021], s.p.). Em razão de alguns especialistas não considerarem os vírus como seres vivos, mas, sim, como partículas, denomina-se a sua presença em determinado ser não como uma infecção, mas como contaminação. Outro fator que devemos conhecer são os mecanismos de infecção. Para que seja determinado o mecanismo, uma análise deve acontecer em relação à porta de entrada no corpo do hospedeiro (via de infecção) e, também, se ocorreu ou não o gasto de energia pelo parasita (forma de infecção) (SANTOS, [2021]). De acordo com Santos ([2021]), a forma de infecção é representada, também, como forma de trans- missão, sendo que ela pode acontecer de forma passiva, em que não existe o gasto de energia para a invasão. Já a forma ativa pode ocorrer por meio de um dispêndio energético. Quando falamos em via de infecção, o que podemos chamar, também, de via de transmissão ou porta de entrada, falamos sobre as formas, as quais são: oral, cutânea, mucosa e genital. Entre os principais mecanismos de infecção, podemos citar: passivo oral, passivo cutâneo, ativo cutâneo, ativo mucoso e passivo genital. Já os mecanismos particulares, para facilitar o entendimento, utilizamos expressões características como: transplacentário, transmamário, transfusional e por transplantação (SANTOS, [2021]). A partir de agora, conheceremos como ocorrem os mecanismos de agressão e resposta às pa- rasitoses. Esses mecanismos podem apresentar, de acordo com Gazzinelli ([2021], s.p.): “ Patogenia e manifestações clínicas ao parasitismo, que é o conjunto de mecanismos lesionais respectivos determinados no decorrer do parasitismo ao organismo parasitado, incluindo-se também as agressões determinadas pela reação do hospedeiro. Porém, é importante ser lembrado que não é obrigatória a relação entre patogenia e manifesta- ções clínicas (sinais e ou sintomas), que são os paradigmas da doença propriamente dita. Para que ocorra a doença, as lesões determinadas devem ultrapassar a capacidade homeostática do hospedeiro. Os seguintes fatores devem ser avaliados para que surja tal desequilíbrio: Parasita: Virulência, carga parasitária infectiva e porta de entrada utilizada; Hospedeiro: Mecanismos de resistência a este parasita. Já quanto aos mecanismos gerais de agressão dos parasitas, os danos determinados na dinâmica da relação hospedeiro-parasita podem, de forma genérica, ser classificados, conforme Gazzinelli ([2021], s.p.), em: • Diretos: Determinados pelo parasita e substâncias por ele secretados; • Indiretos: Quando acarretados pela reação do hospedeiro ao parasitismo. 22 UNICESUMAR • Os mecanismos podem ser: • Espoliativo: É o determinado por perda de substâncias nutritivas pelo organismo do hospedeiro, podendo o mesmo ser acarretado por perda direta de nutrientes; • Enzimático: É determinado pela liberação de secreções enzimáticas produzidas por parasitas, que determinam destruição tecidual de extensão variável; • Inflamatório/hipersensibilizante: A maioria dos mecanismos acima leva a uma resposta inflamatória de forma indireta ou diretamente por liberação de substâncias que ativam esses mecanismos. Incluiremos aqui a hipersensibilidade que se constitui também em elemento gerador de resposta inflamatória; • Imunodepressor: É determinado por metabólitos liberados pelo parasita ou por outros mecanismos que possam reduzir a capacidade de resposta defensiva do hospedeiro; • Neoplásico: Algumas Parasitoses crônicas, através de liberação de metabólitos ou reações inflamatórias crônicas ou de sua consequência, podem levar a gênese de tu- mores malignos. As manifestações clínicas que são conhecidas também como sinais e/ou sintomas surgem em função do desequilíbrio do hospedeiro ao parasitismo, sem ocorrer a consequente manutenção da homeostase. O hospedeiro humano possui suas relações defensivas em que se empenha a diminuir, em número, ou neutralizar os possíveis agentes causadores das infestações ou infecções. O organismo humano se vale de mecanismos que constituem o que foi designado em conjunto como resistência. Ela pode ser considerada como total ou absoluta, em que o parasita não disporá de condições que acarretem a sua instalação, seja pela capacidade dos mecanismos protetores que o hospedeiro possui ou, mesmo, pela não existência das condições metabólicas que são básicas para que o parasita se desenvolva. Santos ([2021]) explica que a resistência pode se apresentar de forma reduzida ao considerar o número das formas parasitárias, entre- tanto permite uma manutenção desse parasitismo, a qual é denominada relativa ou parcial. Os mecanismos de resistência inespecíficos podem ser: • Tegumento cutâneo • Barreira mecânica: Impede, ou dificulta a penetração de agentes parasitários; • Barreira química: O pH da pele humana é ácido, o que dificulta a penetração, ou instalação, em sua superfície, de patógenos. Esse pH é mantido principalmente pela produção, por parte das glândulas sebáceas, de ácidos graxos de cadeia longa e pela degradação, dos mesmos, pela microbiota local, que determina a produção de ácidos graxos voláteis, que, além de auxiliarem a manutenção do pH, apresentam ação principal em bactérias Gram As glândulas sudoríparas, ao produzirem lisozimas (muramidase), apresentam ação lítica bacteriana (principalmente nas Gram +). • Pelos: Barreira mecânica que pode reduzir a penetração de patógenos no organismo, como representado pelas vibrissas (pêlos na porção anterior das fossas nasais). 23 UNIDADE 1 • Microbiana: Várias espécies de bactérias residem na pele normal, ou em glândulas sebáceas. Os componentes mais numerosos são representados pelo Staphylococcus epidermidis e pelo Propionibacterium acneae. A competição com patógenos é a for- ma pela qual a microbiota participa das defesas do hospedeiro. As formas de reduzir, ou eliminar o agente invasor, se baseia principalmente em: Produção de substâncias microbicidas e redução do pH local, já explicados anteriormente; Ligação a recep-tores de superfície celular, também utilizado pelo patógeno; Produção de outras substâncias microbicidas (GAZZINELLI, [2021], s.p.). Já as cavidades revestidas por mucosas podem ser: • Barreira Mecânica: Pelas características histológicas do revestimento mucoso, esta con- dição se apresenta com pouca eficiência; • Barreira química: Existe uma grande variedade de produtos liberados nas cavidades mucosas, entre os quais, HCI (estômago), enzimas digestivas, e outras como a lisozima, sais biliares e suco pancreático que atuam na degradação ou inativação de grande número de microrganismo; • Muco: A mucina, proteína de alta viscosidade, atua fundamentalmente: 1) facilita a ade- sividade entre si de agentes biológicos e virais, bem como partículas inertes, visando a posterior remoção; e 2) mantém úmida a superfície mucosa, formando camada protetora frente a agentes físicos e químicos; • Cílios: A presença, e consequente movimentação celular em determinadas mucosas, como a do trato respiratório, determina remoção de elementos inanimados (poeira e vírus), ou biológicos (bactérias, larvas de helmintos e protozoários) aderidos ao muco; • Microbiota: Tal como acontece no tegumento cutâneo, nos segmentos onde existe mi- crobiota (cavidade oral, vagina, intestino grosso), a mesma pode atuar competindo com patógenos das seguintes formas: 1) Produzindo catabólitos, que determinam redução do pH, como ocorre na cavidade vaginal, onde os bacilos de Doderlein utilizam o glicogênio proveniente de células descamativas e produzem ácido lático que determina faixa de pH entre 3.8 a 4.2; 2) Por competição por fonte nutricional; 3) Ligação a receptores de superfície utilizados por patógeno; e 4) Por produção de substâncias que tenham ações deletéricas sobre espécies patogênicas (GAZZINELLI, [2021], s.p.). Os fagócitos são um grande número de tipos celulares que tem a capacidade fagocitária, aqueles que conhecemos como glóbulos brancos do sangue, os quais são responsáveis por defenderem o organismo, sendo fundamentais para a imunidade imediata. A fagocitose ocorre quando há a ingestão e destruição de partículas, como bactérias, por exemplo. A fagocitose é representada pelas seguintes células: 24 UNICESUMAR • Neutrófilos: os neutrófilos (Figura 5) são considerados um tipo de glóbulo branco, que tem como principal função nos proteger de possíveis infecções. Eles constituem cerca de 40% a 60% das células brancas do sangue em nosso corpo, sendo as primeiras células a chegarem ao local quando adquirimos uma infecção. Figura 5 - Neutrófilo • Eosinófilos: os eosinófilos, assim como os neutrófilos, são considerados um tipo de glóbulo branco responsável por combater doenças. A função principal dos eosinófilos está associada a doenças alérgicas e determinadas infecções, como as parasitárias. Descrição da Imagem: nesta imagem em 3D, é possível observar como é um neutrófilo. Pode-se observar um glóbulo branco com grânulos no citoplasma. No centro do desse glóbulo, é observado, na cor roxa, o núcleo lobulado. 25 UNIDADE 1 Figura 6 - Eosinófilo • Macrófagos: os macrófagos são células especializadas, envolvidas na detecção, fagocitose e des- truição de bactérias e outros organismos prejudiciais. Além disso, eles também podem apresentar antígenos às células T e iniciar a inflamação ao liberar moléculas — conhecidas como citocinas — que ativam outras células. Os macrófagos se originam de monócitos sanguíneos que saem da circulação para se diferenciar em diferentes tecidos. Os macrófagos migram e circulam dentro de quase todos os tecidos, patrulhando patógenos ou eliminando células mortas. Descrição da Imagem: nesta imagem em 3D, observamos o eosinófilo. Assim como o neutrófilo, é possível observar um glóbulo branco com grânulos no citoplasma. No centro deste glóbulo, observa-se, na cor roxa, o núcleo lobulado. Além disso, temos as plaquetas (formato circular) na coloração vermelha. 26 UNICESUMAR A resposta inflamatória pode ser definida como um processo defensivo local que, quando o local é acometido por alguma injúria causada por agentes biológicos, físicos ou químicos, é acionado e se caracteriza por uma sequência de fenômenos que podem ser irritativos, exsudativos, de reparo, vas- culares e degenerativo-necróticos (NOGUEIRA, 2013). De acordo com Nogueira (2013), podem ocorrer dois tipos de inflamação: • Aguda: ocorre na fase inicial em que acontece o contato com o agente e ainda existe uma predominância de neutrófilos. • Crônica: no período inicial, a causa injuriante não é eliminada, ocorrendo uma mudança no tipo celular prevalecente, em que os mononucleados (linfócitos e monócitos) são encontrados em uma maior quantidade, podendo ocorrer, em algumas situações, a formação de granulomas e/ou células gigantes. Além disso, ainda, temos dois sistemas que fazem parte da resposta inflamatória: • Células matadoras naturais (“Natural Killer Cell” – NK): são células de grande importância para o sistema imunológico. Elas reagem de maneira rápida após a invasão do agente, realizando sua ação em poucas horas (JOBIM; JOBIM, 2008). • Sistemas de amplificação biológica: no campo de amplificação das respostas defensivas, são encontrados com grande relevância no que tange à inflamação, podendo ser como: coagulação sanguínea, complemento, cininas vasoativas e outros que são de menor importância (NOGUEIRA, 2013). Em relação aos mecanismos de escape parasitários, os parasitas fazem uso do organismo de seus hospedeiros como meio ambiente vital, em que estes reagem através de diversos mecanismos, como já mencionamos anteriormente. Como forma de reduzir sua taxa de mortalidade, os parasitas tentam se utilizar de um ou vários mecanismos de escapes à resistência dos hospedeiros, como é descrito, a seguir, por Gazzinelli ([2021], s.p.): • Localização estratégica: Se dá quando determinado agente se localiza em local de difícil acesso quanto às respostas defensivas do hospedeiro. Em nível intrace- lular (formas amastigotas de T. Cruzi e do gênero Leishmania) e em luz intestinal (adultos de Ascaris lumbricoides); • Espessura de tegumento externo: Os helmintos adultos se utilizam de um tegu- mento espesso para dificultar a ação de Ac e complemento e células de defesa. Ex. Schistosoma mansoni e Wuchereria bancrofti, • Rápida troca de membrana externa: A produção rápida e consequente perda da membrana externa anterior facilitam a eliminação de Ac, fatores de complemento e mesmo células de defesa. Ex. S. mansoni; 27 UNIDADE 1 • Máscara imunológica: Consiste na preexistência, adsorção ou mais raramente na produção pelo parasita de Ag do hospedeiro, reduzindo inicialmente a resposta aos mesmos. Ex. S. mansoni (adsorção) e T. Cruzi (preexistência); • Variação antigênica: Seria a alternância de produção de Ag parasitários, o que reduziria a capacidade de resposta protetora do hospedeiro. Ex. T. brucei; • Determinação de imunodeficiência ao hospedeiro por parte do parasita: Consiste em produção de substâncias ou degradação direta parcial significativa do sistema de resistência do hospedeiro. Ex. L. chagasi e L. donovani (ativação policlonal linfocitária). Os períodos clínicos e parasitológicos podem ser classificados em: 1. Períodos Clínicos: a. Período de incubação: Consiste no período desde a penetração do parasita no organismo até o aparecimento dos primeiros sintomas, podendo ser mais longo que o período pré-patente, igual ou mais curto; b. Período de sintomas: É definido pelo surgimento de sinais e/ou sintomas; c. Período de convalescência: Iniciam-se logo após ser atingida a maior sinto- matologia, findando com a cura do hospedeiro; d. Período latente: É caracterizado pelo desaparecimento dos sintomas, sendo assintomática e finda com o aumento do número de parasitas (período de recaída); 2. Períodos Parasitológicos: a. Período pré-patente: É o compreendido desde a penetração do parasita no hospedeiro até a liberação de ovos, cistos ou formasque possam ser detectadas por métodos laboratoriais específicos; b. Período patente: Período em que os parasitas podem ser detectados, ou seja, podem-se observar estruturas parasitárias com certa facilidade; c. Período sub-patente: Ocorre em algumas protozooses, após o período patente e caracteriza-se pelo não encontro de parasitas pelos métodos usuais de diag- nóstico, sendo geralmente sucedido por um período de aumento do número de parasitas (período patente) (GAZZINELLI, [2021], s.p.). Mesmo possuindo uma relação, os períodos parasitológicos e clínicos não possuem uma correlação direta entre si. Após conhecermos os períodos clínicos e parasitológicos, vem a confirmação diagnóstica, porém, na maioria das vezes, não se torna possível um diagnóstico definitivo através dos sintomas que os hospedeiros apresentam, semelhante como ocorre com afecções de outras naturezas. Para se confirmar a contaminação, é necessário a realização de testes laboratoriais ou por meio de exames complementares (NOGUEIRA, 2013). 28 UNICESUMAR Um assunto muito importante que devemos abordar é a detecção de formas parasitárias. Essas detecções podem ser realizadas das seguintes maneiras, conforme descrito por Gazzinelli ([2021], s.p.): 1. Pesquisa visual: • Macroscópica: O parasitismo por artrópodes como exemplificado por piolhos e pulgas e o encontro em matéria fecal de fragmentos de helmintos (Ex. proglo- tes de Taenia sp, A. lumbricoides), ou mesmo íntegros (Ex. A. lumbricoides), possibilitam o diagnóstico definitivo da Parasitose em questão; • Microscópica: Neste caso, o encontro de estruturas parasitárias de helmintos (ovos e/ou larvas), protozoários (cistos, trofozoítas e outras formas) e mais raramente provenientes de artrópodes, determina a condição de confirmação da hipótese clínica. Essas estruturas podem ser encontradas em vários materiais clínicos: • Sangue: Exame direto entre lâmina e lamínula: Ex. Trypanosoma cruzi e es- fregaço (distensão delgada); Gênero Plasmodium; Métodos de concentração: gota espessa (Ex. Gênero Plasmodium), Strout (T. cruzi); Knott (Ex. Wuche- reria bancrofti e Mansonela oozardi); Filtração em sistema Millipore M.R. Ex. Wuchereria bancrofti e Mansonela oozardi; • Fezes: Exame direto entre lâmina e lamínula: Encontro de ovos (Ex. Anci- lostomídeos) e larvas (Strongyloides stercoralis) pertencentes a helmintos e cistos e formas trofozoíticas de protozoários (Giardia lamblia). Métodos de concentração (Ex. Faust e col; Lutz; Ritchie): pesquisa de ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários e de tamisação em: malha média (proglotes de Taenia sp) e malha fina (adultos de Enterobius vermicularis); 29 UNIDADE 1 • Raspado cutâneo: Exame direto entre lâmina e lamínula associado ao uso de clarificadores: Estágios evolutivos de ácaros causadores da sarna humana (Sarcoptes scabei) e fungos determinantes de lesões superficiais são as prin- cipais indicações diagnósticas por esta técnica; • Biópsia: Tegumentares (Ex. Gên. Leishmania), Medula óssea (Ex. Gênero Plasmodium) e retais (válvulas de Houston) no caso de infecção pelo Schis- tosoma mansoni. Podem ser feitas mais raramente biópsias de vários tecidos tais como: hepático, esplênico, ganglionar entre outros; • Recuperação de helmintos adultos ou ovos na superfície cutânea: A Técni- ca da fita adesiva (papel celofane ou método de Grahan) detecta principalmente adultos e ovos de Enterobius vermicularis e mais raramente ovos de Taenia sp; • Inoculação de material suspeito de conter o parasita (sangue ou macerado tecidual) em animais de laboratório (hamster, gerbilídeos e camundongos) como exemplificado para Leishmania e mais raramente Toxoplasma gondii, ou xenodiagnóstico (T. Cruzi). Essa forma diagnóstica raramente é empregada na rotina diagnóstica, exceto em instituições de ensino e pesquisa. Outra forma é tentativa de cultivo do parasita a partir de materiais biológicos (Ex. sangue, biópsias e liquor), porém este método não é utilizado com frequência na rotina diagnóstica, em protozoologia e helmintologia, como em ocorre em bacterio- logia e micologia. O uso de culturas em meios próprios, principalmente em instituições acadêmicas, pode determinar o diagnóstico de algumas infecções por protozoários (Ex. T. vaginalis, T. cruzi). 2. Pesquisa de antígenos parasitários: Atualmente através de técnicas como a imunofluorescência direta e enzimaimuno ensaio (ELISA), poderemos detectar Ag de vários parasitas, como a Entamoeba histolytica entre outros, não só em nível fecal como em vários tecidos e líquidos corpóreos. 3. Pesquisa de Anticorpos anti-parasitários: A positividade por estes métodos, principalmente representados pelas reações de hemaglutinação, imunofluorescência indireta, enzimaimuno ensaio (ELISA), e em menor escala a Reação de Fixação de Complemento, Contra-Imunoeletroforese e as provas de Imunodifusão, detectam possível resposta imune aos antígenos testados, porém não diagnosticam obrigato- riamente uma infecção presente, podendo ser inclusive resultado de reação cruzada com antígenos encontrados em diferentes agentes infecciosos ou estruturas quími- cas pertencentes a outros elementos que entraram previamente em contato com o sistema imune do hospedeiro. Para debelar estes resultados considerados como fal- so-positivos, o título de Ac e a classes de Imunoglobulina detectadas (IgG e/ou IgM) detectados nos métodos citados acima são de grande ajuda, bem como a sorologia pareada (comparação com no mínimo de duas semanas de intervalo, utilizando-se a 30 UNICESUMAR mesma técnica, dos títulos encontrados). Estes testes são usados principalmente nas infecções por T. gondii, T. cruzi e gênero Leishmania entre outras. 4. Pesquisa de fragmentos específicos de ADN parasitário: atualmente existem provas de biologia molecular utilizadas em Parasitologia Médica, onde por sua automação, alta sensibilidade e reprodutibilidade, se destacam a Reação em Cadeia da Polimerase (Polymerase Chain Reaction - PCR), que é utilizada principalmente onde outras técnicas apresentam dificuldade diagnóstica para detecção da real presença do parasita. Esta técnica é, atualmente, uma opção diagnóstica para várias infecções parasitárias, como nas determinadas por T. cruzi, Gênero Leishmania e Cryptosporidium parvum. 5. Intradermorreação (IDR) para pesquisa de reatividade mediada por linfó- citos T: a base desta reação é a medição da área afetada pela inflamação mediada por LT, observada após 48 a 72h pós-introdução do Ag específico do parasita alvo, em nível intradérmico. Esta reação não revela necessariamente parasitismo pre- sente, mas sim resposta ao Ag problema, podendo a mesma ser fruto de infecções passadas pelo agente ou mesmo por reações cruzadas com o Ag introduzido. Por essas razões a IDR é considerada um teste prognóstico. Utilizamos a IDR com maior frequência, em leishmaniose tegumentar e em algumas micoses. 6. Imagens: a análise dos resultados obtidos por métodos que determinam imagens (diagnóstico por imagem), representados por exames de radiologia convencional, tomografia computadorizada, ressonância magnética, cintilografia e ultrassono- grafia, podem em algumas infecções por helmintos, tais como larvas dos gêneros Taenia (cisticerco) e Echinococcus (cisto hidático) e em determinados casos de parasitismo por adultos A. lumbricoides podem determinar o diagnóstico etioló- gico específico. É possível também, com a análise das imagens obtidas nos exames, ajudar na avaliação das condições do indivíduo parasitado (estágio da doença) ou mesmo sugerir diagnósticos em função das alterações encontradas. A epidemiologia geral das infecções parasitárias é definida como o conjunto de fatores de impor- tância no estudo dos determinantes e a frequência de uma doença parasitária a nível local, regional e mundial. Nesse campo, são fatores de importância os mecanismos de transmissões, a distribuição geográfica, se há ou não a presença de reservatórios, conhecero ciclo vital do parasita que acomete a região, se existe cunho endêmico ou, ainda, se existem casos de epidemia, além da prevalência e incidência, casos de infecções que podem ser afetadas por sexo, faixa etária ou grupo étnico, além dos hábitos culturais da população alvo, entre outros (NOGUEIRA, 2013). Cada agente etiológico da parasitose pode ser transmitido de acordo com uma variedade de fatores, os quais são denominados ecossistemas parasitários. Esses componentes podem variar de acordo com cada parasita, os quais nem sempre apresentam todos os componentes, como veremos a seguir. De uma forma geral, o principal mecanismo que consta é o da transmissão (infecção), sendo de importância 31 UNIDADE 1 epidemiológica, caso existam diferenças sazonais ou regionais; as formas infectantes dos parasitas; condições relacionadas ao meio ambiente, como temperatura, o tipo do solo, a água e o índice pluvio- métrico. Além disso, devemos considerar os veículos de transmissão, como os alimentos, a água, os vetores mecânicos e os fômites. As infecções parasitárias possuem um comportamento que envolve uma série de relações, como descrito por Gazzinelli ([2021], s.p.): “ As infecções parasitárias se comportam como qualquer ecossistema dinâmico, onde em decorrência de mudanças de seus componentes, pode ocorrer uma redução ou aumento do número da população parasitária. O sedentarismo humano, a exploração dos recursos ambientais e seus desdobramentos geram modificações no meio ambiente e suas consequências podem alterar esse ecossistema hospedeiro-parasita. A construção de grandes estradas, a implantação de cidades ou loteamentos em matas, alterações de percurso de rios, açudes e a caça ou a redução por outras formas de reservatórios silvestres podem fomentar de forma direta ou indireta o parasitismo humano e sua epidemiologia. Por essas razões, seria de suma importância o estudo prévio do impacto ambiental de cada das alterações pretendidas, mas infelizmente a maioria dos países que se encontram nessas condições de modificações ambientais instala tal estudo de forma desordenada e com a principal preocupação situada no lado econômico imediato, como ocorre no Brasil. As infecções determinadas pela ingestão de água contaminadas com formas parasitárias são facilitadas por fatores relacionados à falta de educação/ condições sanitárias satisfatórias como exemplificado pelo nosso país onde, 90% do esgoto produzido não é tratado. Aproximadamente 51% da população urbana brasileira (cerca de 39 milhões de pessoas) não são atendidas por rede de esgotos e 15 milhões de pessoas não têm em suas residências água fornecida por rede pública. A importância de um estudo sobre a epidemiologia de uma doença parasitária em determinado local é determinante para o conhecimento, pois, por meio dos resultados obtidos, é possível realizar medi- das que visam à prevenção, ao controle e, possivelmente, de forma mais rara, à erradicação da doença, tornando-se um conjunto de medidas conhecido como profilaxia (SANTOS, [2021]). Por meio desses estudos, é necessário realizar uma análise sobre a viabilidade de medidas que possam ser empregadas, de uma maneira geral, para a melhoria das condições sanitárias, fazendo com que se reduza a transmissão das parasitoses, que são acometidas pela contaminação fecal do meio ambiente ou, até mesmo, de uma maneira individual, com a utilização de calçados que possibilitam a proteção (SANTOS, [2021]). Em países subdesenvolvidos, como o Brasil, que possuem peculiaridades locais, torna-se de extrema necessidade estratégias para a busca da integração das comunidades locais com o setor de saúde, levando educação sanitária digna para todos. Os parasitas, assim como os demais seres vivos, possuem sua classificação e suas regras de no- menclatura zoológica, e é de extrema importância conhecê-las. Então, vamos lá! 32 UNICESUMAR A classificação dos seres vivos se iniciou com a necessidade de o homem reconhecer e identificá-los. Devido ao grande número existente de seres, houve essa organização como forma de facilitar a iden- tificação e, consequentemente, o seu uso (ARAUJO; BOSSOLAN, 2006). No início, a classificação foi dividida em dois grandes reinos: Animal e Vegetal. Isso ocorreu por meio das características dos seres vivos, relacionadas com a evolução e o tipo de seu corpo. Com o passar do tempo e com o surgimento de tecnologias como o microscópico, observou-se que muitos outros seres vivos não se encaixavam nos dois grandes reinos, como, por exemplo, as bactérias, que são seres unicelulares, desprovidas de envoltório nuclear e de estruturas membranosas intracelulares, como retículo endoplasmático, mito- côndrias, cloroplastos e complexo de Golgi. Essas características as diferenciam dos demais organismos, sendo de maior importância que as diferenças entre animais e vegetais. Depois, surgiu uma nova classificação, que já não é mais utilizada: o Protista Plantae e Animalia. Essa classificação reunia, no reino Protista, os organismos que possuíam características animais e vegetais. Mais tarde, apareceu uma nova classificação que agrupou os organismos em quatro reinos: Monera — bactérias e cianofíceas —, Protista — demais algas, protozoários e fungos —, Plantae ou Metaphyta — desde briófitas até as angiospermas — e Animalia ou Metazoa — desde espongiários até mamíferos. A classificação que surgiu mais recentemente inclui cinco reinos que foram propostos por Whittaker (1969), sendo composta por um reino procariótico, Monera, e outros quatro reinos eucarióticos. Dos grupos eucarióticos, acredita-se que o Protista deu origem aos outros três grupos restantes (Plantae, Animalia e Fungi). Esses grupos são, em grande parte, multicelulares e se diferenciam, principalmente, pelo seu modo nutricional. Fazem parte do reino Monera os organismos unicelulares procariotos, coloniais ou não, autó- trofos ou heterótrofos. Além disso, engloba as bactérias e cianofíceas (cianobactérias). O reino Protista é constituído por organismos unicelulares eucariotos, coloniais ou não. Esse reino possui diversos métodos nutricionais, como a fotossíntese, a absorção e a ingestão. Ele, também, compreende as algas unicelulares e os protozoários. Composto por organismos eucariotos heterotróficos, os seres do reino Fungi são multinucleados (cenocítios), e sua nutrição é realizada por absorção. O reino Plantae é com- posto por organismos eucariotos fotossintetizantes (autótrofos), que compreende desde algas multi- celulares até vegetais superiores. Composto por organismos eucariotos multicelulares heterotróficos, o reino Animalia possui a ingestão, ou absorção, que pode ocorrer como forma primária de nutrição, porém isso ocorre em alguns casos. No Quadro 1, resumem-se as características que os grandes grupos de organismos possuem. Essa forma de classificação apresenta, ainda, muitas dificuldades, devido aos seres vivos terem se modificado e evoluído com o passar do tempo. Com a ciência avançando, novas descobertas surgem a respeito das relações que os organismos possuem. Entretanto, essa forma de classificação que foi proposta por Whittaker é a mais utilizada e aceita ultimamente (ARAUJO; BOSSOLAN, 2006). 33 UNIDADE 1 Característica Monera Protista Fungi Plantae Animalia Tipo celular Procarioto Eucarioto Eucarioto Eucarioto Eucarioto Núcleo Sem envoltório nuclear Com envoltó- rio nuclear Com envoltó- rio nuclear Com envoltó- rio nuclear Com envoltó- rio nuclear Mitocôndrias Ausentes Presentes Presentes Presentes Presentes Cloroplastos Ausentes, há apenas lamelas fotossintéticas Presentes em algumas formas Ausentes Presentes Ausentes Parede celular Não celulósica (polissacarídeo + aminoácido) Presente em algumas formas Composta por quitina e outros polis- sacarídeos Celulósica Ausente Meios de recombinação genética Conjugação, transdução, transformação ou nenhum Fertilização e meiose, conjugação ou nenhum Fertilização e meioseou nenhum Fertilização e meiose Fertilização e meiose Modo denutrição Autotrófica (quimio e fotos- sintetizante) e heterotrófica Fotossin- tetizante e heterotrófica ou uma com- binação Heterotrófica por absorção Fotossinte- tizante, na maioria Heterotrófica, por ingestão 34 UNICESUMAR Característica Monera Protista Fungi Plantae Animalia Motilidade Por flagelos, deslizamento ou imóveis Cílios, flage- los, ameboi- de, fibrilas contráteis Cílios e flage- los em algu- mas formas, nenhuma na maioria Cílios e flagelos em formas inferiores e al- guns gametas, nenhuma na maioria Cílios e fla- gelos, fibrilas contráteis Pluricelulari- dade Ausente Ausente Presente, na maioria Presente nas formas supe- riores Presente em todas as formas Sistema Nervoso Ausente Mecanismos primitivos para con- dução de estímulos em algumas formas Ausente Ausente Presente Quadro 1 - Características dos grandes grupos de organismos / Fonte: adaptado de Araujo e Bossolan (2006). Em relação à nomenclatura em Parasitologia: os seres vivos são classificados como integrantes dos reinos Monera, Plantae, Fungi, Protista e Animalia. Para que você possa entender como funcionam essas nomenclaturas em Parasitologia, Gazzinelli ([2021], s.p.) explica da seguinte maneira: “ Para uma sistematização, levando-se em conta as similaridades dos diferentes seres vivos, foram criadas várias categorias e, em alguns casos, super ou subcategorias taxô- nomicas. Para o reconhecimento das mesmas normalmente são empregados sufixos determinantes. A nomenclatura de espécie é obrigatoriamente binominal, sendo o primeiro deles a designação de gênero. Sua grafia deve obedecer à colocação de ambos em destaque representado por letras em itálico ou sublinhado, sendo as palavras correspondentes de origem latina ou latinizadas e tendo a primeira letra referente ao gênero em maiúsculo. Opcionalmente se, já citada no texto, as demais vezes em que uma espécie for escrita, poderá ser colocada de forma que a primeira letra do gênero seja seguida de ponto. Ex. Giardia lamblia (1a. Citação) e G. lamblia (2a. citação). Para que determinada espécie seja aceita como nomina válida, é necessário que a mesma preencha determinados requisitos. Em seres que apresentam multiplicação sexuada, es- tes devem se entrecruzar, originando descendente fértil. Nos seres em que a reprodução 35 UNIDADE 1 se faz de forma exclusivamente assexuada, a observação de semelhanças morfológicas e/ou comportamento biológico eram no passado os critérios viáveis. Como tais ele- mentos muitas vezes são subjetivos e de difícil operacionalização, atualmente, existe uma tendência a se acrescentar critérios bioquímicos, em nível celular, representados principalmente pela análise isoenzimatica e da sequência de DNA. Quando existem somente pequenas diferenças entre os seres em análise, poderemos criar a categoria de subespecie, onde é acrescentado um terceiro vocábulo. Ex. Trypanosoma brucei (espécie) e T. brucei gambiensi (subespécie). Sabendo dessas classificações, conheceremos os principais grupos de importância em Parasitologia. PRINCIPAIS GRUPOS DE IMPORTÂNCIA EM PARASITOLOGIA Reino Protista Protozoários Reino Animalia Nematelminthes (classe Nematoda); Platyhelminthes (classes Digenea e Cestoidea) e Artropoda Reino Fungi Fungos A partir daqui, entraremos em outros conceitos dentro do parasitismo: o ecológico e bioquímico. A definição de parasita é estabelecida como um organismo que vive na superfície ou no interior de outro organismo vivo, em que está associado a aspectos de âmbitos biológicos e ecológicos, durante uma parte de ou todo o seu ciclo de vida (PANTOJA et al., 2015). Entende-se que o parasita utiliza um determinado organismo que é seu hospedeiro como seu biótopo ou ecótopo, em que o hospedeiro se incube de regular, uma parte ou totalmente, suas relações com o ambiente. Com isso, entendemos que o parasita não só usa seu hospedeiro como habitat momentâneo ou definitivo, mas, da mesma forma, utiliza-se dele como fonte direta ou indireta de alimentos, seja utili- zando para esse fim os mesmos tecidos do hospedeiro, seja usufruindo as substâncias que este prepara para sua própria nutrição (PANTOJA et al., 2015). Esta combinação, sem agravo observável para o hospedeiro, em algumas vezes, pode ser nociva em menor ou maior grau, fazendo com que, em parte das vezes, o agente cause enfermidades. Essa combi- 36 UNICESUMAR nação tende a uma estabilidade, pois o hospedeiro morre, implicando, também, na morte do parasita. Dessa forma, dificilmente, o parasita leva o hospedeiro à morte, devido à relação existente há milhares de anos, em que existe uma espoliação frequente, mas escassa para lesar o hospedeiro gravemente. Algumas evidências evolutivas demonstram que o parasitismo passou a acontecer porque os seres vivos da natureza exibiam um relevante inter-relacionamento. Com essas associações, os organismos menores puderam se sentir beneficiados. Com o passar dos anos, ocorreu uma evolução em que o parasita se tornou cada vez mais independente de seu hospedeiro, tornando essa adaptação marca do parasitismo (NEVES; MELO; LINARDI, 2005). Durante a vida dos parasitas, podem ocorrer adaptações por meio de tendências morfológicas, fisio- lógicas e biológicas. De acordo com o Pantoja et al. (2015, p. 12), podemos citar as principais, que são: a. Degenerações: representadas por perdas ou atrofias de estruturas corporais. Exemplo: a Taenia solium (agente causador da teníase e cisticercose), em virtude dependência dos sucos digestivos de seus hospedeiros, não apresenta tubo digestivo; b. Hipertrofia: ocorrendo em especial nos órgãos de fixação, proteção e reprodução. Exemplo: na Taenia saginata (agente causador da teníase), suas proglotes podem aumentar consideravelmente o tamanho do útero, visando a armazenar até 160.000 mil ovos em cada proglote; c. Capacidade reprodutiva: sendo possível elevar a produção de ovos, cistos ou outras formas infectantes. Exemplo: Ascaris lumbricoides (popularmente conhe- cido como lombriga), uma fêmea fecundada é capaz de ovipar, por dia, cerca de 200.000 ovos não embrionados; d. Diversidade reprodutiva: uso de diferentes tipos de reprodução, objetivando a perpetuação da espécie. Exemplos: hermafroditismo, partenogênese, esquizogonia6, entre outras; e. Capacidade de resistência à agressão do hospedeiro: desde a produção de enzimas, indução de imunossupressão, até ao ato de burlar anticorpos e células de defesa. Exemplo: Necator americanus (causador do amarelão), este parasita é capaz de produzir uma cutícula, usada como tegumento protetor; f. Tropismo: visam a facilitar a propagação, reprodução ou sobrevivência de um pa- rasita. Exemplos: geotropismo (grego geo = terra + tropos = volta), termotropismo (grego thermós = quente), quimiotropismo (grego chyma = fundir, substâncias químicas), entre outros; g. Grande faixa de tolerância de pH: podendo algumas espécies sobreviverem a ambientes ácidos, básicos e/ou neutros. Exemplo: Strongyloides stercoralis (agente etiológico da estrongiloidíase), em casos graves da doença, sua fêmea partenogê- nica pode ser encontrada na porção pilórica do estômago, mostrando adaptação ao ambiente ácido. 37 UNIDADE 1 Para entender intimamente o fenômeno parasitário, é necessário conhecer completamente o quão possíveis são essas adaptações que são indispensáveis aos parasitas (REY, 2008). De acordo com Pantoja et al. (2015), o sucesso evolutivo de cada parasita e de cada hospedeiro dependerá de suas relações e funções dentro dos ecossistemas. O estudo ecológico dos parasitas é desafiador, visto que depende de situações em si já muito complexas, tais como: a. A ecologia dos hospedeiros definitivos. b. A ecologia dos hospedeiros intermediários. c. As relações diretas com o meio exterior. Ademais, o fato de o parasita ter por “habitat” outro ser vivo implica algumas adversidades, como: a. Limitaçãode espaço para o parasitismo. b. Variações nas características do meio. c. Rapidez dos mecanismos adaptativos. d. Busca por êxito na transmissão do parasita a novos hospedeiros. A literatura ainda ressalta que a passagem do parasita de um hospedeiro a outro é um fenômeno complexo, pois envolve diferentes mecanismos, a saber: a. Transporte ou deslocamento até o novo hospedeiro. b. Reconhecimento em nível bioquímico. c. Busca por uma localização adequada; entre outros. O parasitismo não deve ser confundido com doenças, como relatado anteriormente por alguns au- tores. Isso se dá pois, no passado, as relações parasita-hospedeiro geravam consequências médicas e veterinárias por causa de interpretações errôneas. Assim, a consequência de uma doença parasitária pode acontecer por um desequilíbrio entre hos- pedeiro e parasita (NEVES; MELO; LINARDI, 2005), em que seu grau de intensidade é dependente de vários fatores, como o número de formas infectantes presentes, a virulência da cepa, a idade, o estado nutricional do hospedeiro, os órgãos atingidos, a associação com outras espécies, o grau de resposta imune, entre outras (PANTOJA et al., 2015). Neste podcast, você conhecerá algumas curiosidades sobre os pa- rasitas do corpo humano. Pronto para escutar? Então, vem comigo! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9329 38 UNICESUMAR Depois de você conhecer toda a introdução sobre a Parasitologia, os conceitos que fazem parte des- sa área, você, como profissional da área da saúde, pode se questionar de que maneira poderá aplicar todo esse conhecimento na prática. Bom, a partir desses conceitos básicos que vimos nesta unidade, conhecendo como é a relação do parasita com o hospedeiro, você poderá atuar junto a toda a comunidade, reali- zando ações que visam à preven- ção das possíveis doenças que são transmitidas por esses parasitas e levando toda informação necessá- ria para toda a comunidade. Além disso, poderá atuar através de polí- ticas públicas, juntamente com ór- gãos responsáveis pela erradicação das doenças parasitárias. Bom, isso é só uma parte em que você poderá aplicar seus conhecimentos, sendo o pontapé inicial para sua profissão. 39 M A PA D A E M PA TI A Prezado(a) aluno (a), nesta unidade, conhecemos as classificações que englobam a Parasitologia, além dos conceitos básicos que a compõem, que são de grande importância para o estudo. Além disso, estudamos a ocorrência dos mais diversos parasitas e a sua relação parasita-hospedeiro, bem como suas respostas para a saúde da população em geral. Vimos as diversas formas de detecção desses seres, em que temos uma variedade de testes que podem ser realizados e que vão do mais simples ao mais moderno, utilizando-se de novas tecnologias. Outro item estudado foi a classificação dos seres vivos, em que, com o passar do tempo, elas fo- ram surgindo e sendo organizadas de acordo com as características dos seres vivos. Já as regras de nomenclatura possuem formas específicas de acordo com as similaridades dos seres vivos, sendo criada através de categorias e subcategorias. E, por fim, vimos o conceito ecológico e bio- químico de parasitismo, que mostra a relação com o ciclo de vida do parasita e seu envolvimento com o hospedeiro. A Parasitologia pode causar diversos problemas para a saúde de seus hospedeiros, porém podem ter um papel de grande importância no controle da população de hospedeiros, em que compete a eles recursos finitos. Este estudo engloba muitos outros assuntos que se correlacionam com o que vimos nesta primeira unidade. Nas próximas unidades, aprofundar-nos-emos mais para que possamos entender cada vez mais essa grande área de estudo. Com isso, sugiro que, diante do mapa da empatia, você o preencha de acordo com seus conheci- mentos adquiridos no decorrer desta unidade. Para auxiliá-lo(a), deixei alguns comentários para guiá-lo(a) no desenvolvimento. O QUE PENSA E SENTE? O QUE FALA E FAZ? QUAIS SÃO AS DORES? QUAIS SÃO AS NECESSIDADES? O QUE VÊ? O QUE OUVE? Como posso ajudar a população para diminuir essas contaminações? Orientações à população local. População doente, com vômito e diarreia constante. Planejamento para regiões não desenvolvidas. Falta de saneamento básico e informações. Deve-se, sempre, lavar as mãos e os alimentos e não ficar andando descalço nos lugares. Fonte: o autor. 40 M EU E SP A Ç O 41 A G O R A É C O M V O C Ê 1. Defina o que é o ciclo vital dos parasitas e cite dois exemplos básicos deles. 2. A infestação e infecção possuem dois parâmetros que se baseiam na classificação, que é a localização e dimensão. Explique a diferença entre a infestação e infecção dentro do parâmetro de localização. 3. Na Parasitologia, temos o que chamamos de períodos clínicos e períodos parasito- lógicos. Em função disso, descreva o que é o período de convalescência e o período pré-patente. 42 M EU E SP A Ç O 2 Nesta segunda unidade, estudaremos sobre a epidemiologia e os conceitos que a envolvem, entenderemos o uso das ferramentas e ações da vigilância epidemiológica, fazendo uma ponte para a inte- gração entre o olhar clínico e o epidemiológico, desenvolvendo co- nhecimentos e habilidades para aplicar, na prática, esses conceitos. Epidemiologia e seus conceitos Dr. Luiz Fernando de Souza Alves 44 UNICESUMAR Você percebeu que, na época da pandemia, em que o mundo inteiro está concentrado nos esforços para o combate ao novo coronavírus, tornou-se até difícil pensar em outras doenças? Não se pode deixar de lado e nem se esquecer dos inúmeros patógenos em circulação, ainda mais em um país tão grande e biodiverso como o Brasil. Alguns velhos conhecidos ainda seguem ameaçando a saúde pública de maneira silenciosa e constante. Doenças infecciosas que causam grandes surtos epidemiológicos como a dengue, a febre amarela e o sarampo ainda não foram erradicados. Esses patógenos merecem muita atenção nesse e em qualquer momento. Nesta unidade, compreenderemos como funcionam as doenças epidemiológicas que colocam a saúde pública em risco constantemente. A dengue é uma doença que acomete os brasileiros todos os dias, causando uma grande epidemia em nosso país. O mosquito Aedes aegypti já possui um comportamento totalmente urbano, o que faz com que não ocorra sua presença em ambiente de matas. A alta quantidade desses mosquitos faz com que ocorra sua epidemia, gerando transtornos devido às altas taxas de contaminação. Esses mosquitos depositam seus ovos em qualquer local que possua água limpa, ocorrendo uma rápida eclosão. Para dar origem ao mosquito, essa larva possui quatro fases, que durarão por um período de cinco a sete dias. A partir de então, inicia-se, novamente, o ciclo desse mosquito. Sabemos que o controle dessa doença depende de toda a população, pois o foco está dentro de cada casa. Até o momento, não existe um remédio eficaz contra a dengue. Como você, profissional da saúde, poderia atuar para o combate e neutralização dessa doença em sua região? Existem duas maneiras de se realizar a prevenção da doença: por meio da diminuição ou do con- trole do mosquito, as quais são utilizadas, nos últimos anos, pelo Ministério da Saúde, como forma de conscientizar a população. Já existe uma vacina eficaz, porém ainda não está disponível para que seja aplicada em toda a população. Devido a isso, as alternativas citadas anteriormente são as medidas disponíveis para o combate desses vetores. A partir daqui, sugiro que você anote, em seu Diário de Bordo, quais são essas medidas ou outras possíveis para o controle da dengue. DIÁRIO DE BORDO 45 UNIDADE 2 Para iniciarmos nosso estudos sobre epidemiologia, devemos conhecer seu conceito, o qual pode ser definido como um estudo do processo saúde-doença em coletividades humanas, em que analisa a ocorrência e a determinação dos fatores das enfermidades, os danos causados à saúde, ocorrências que estão associadas à saúde coletiva, indicando medidas de prevenção,controle ou erradicação de doenças, que fornecem indicadores que prestam suporte à administração, ao planejamento e à avaliação das ações aplicadas à saúde (ROUQUAYROL; GOLDBAUM; SANTANA, 2013). De acordo com Pereira (2013), o significado etimológico do termo deriva do grego: Epi (sobre) + Demo (população) + Logos (estudo) De uma forma mais simples, o termo epidemiologia é o estudo sobre aquilo que prejudica a população, com foco no campo da saúde. Dentro da epidemiologia, reúnem-se métodos e técnicas de conhecimentos, como Ciências Sociais, Estatística e Ciências Biológicas. Na epidemiologia, de acordo com Pereira (2013), temos uma atuação bastante ampla, que compreende, em linhas gerais: pesquisa e ensino em saúde; caracterização das condições da saúde; busca dos fatores decisivos sobre a situação da saúde; conjectura sobre o impacto que as ações causam na alteração da situação de saúde. O princípio básico da epidemiologia compreende o entendimento que os eventos que envolvem a saúde não se dividem ao acaso entre as pessoas. Existem grupos de populações que apresentam uma maior quantidade de casos mais graves, e outros que, por conta de uma determinada doença, morrem. Essas diferenças ocorrem porque os fatores que instigam o estado da saúde não se disseminaram de maneira igual pela população, com isso, afetam determinados grupos (PEREIRA, 2013). Em resumo, podemos afirmar que essa distribuição de doenças na população é tomada por aspectos socioculturais, biológicos, econômicos, ambientais, o que faz com que o processo saúde-doença tenha uma mani- festação diferente nas populações. A epidemiologia existe há muito tempo, desde a Antiguidade, sendo que os registros iniciais deram origem à epidemiologia através das manifestações de doenças e foram encontrados na Grécia Antiga, onde se acreditava que as doenças e posteriores curas ou mortes eram fruto de castigo dos deuses e demônios. Todavia, em vez de continuar com essa crença, Hipócrates, um médico grego, analisou o processo de adoecimento baseado na ideia racional e se afastou das teorias sobrenaturais presentes naquela época, contrapondo-as, incluindo o fato de que a doença é um produto das relações confusas entre o ambiente e o indivíduo, aproximando-se do modelo ecológico que as doenças produzem até os dias de hoje (PEREIRA, 2013). Uma grande revolução foi observada na epidemiologia na segunda metade do século XIX, a partir de estudos realizados pelo médico sanitarista John Snow sobre a epidemia de cólera na cidade de Londres (1849–1854). Por meio desse estudo, observou-se os casos, os óbitos, o consumo de água da população e os aspectos ambientais da cidade em estudo, e foi possível determinar que a água consumida estava contaminada e era a principal responsável pelo acometimento da doença. Essa descoberta só foi confirmada 30 anos depois por meio do isolamento do agente causador da doença (SNOW, 1999; PEREIRA, 2013). 46 UNICESUMAR Todo esse feito proporcionou a John Snow o título de “Pai da Epi- demiologia”, devido ao seu trabalho científico realizado de forma extensa e cuidadosa, sendo considerado um clássico estudo na área de epidemiologia de campo, determinando o local de infecção de uma doença antes de conhecer seu agente etiológico. Outro marcante cientista, que recebeu o título de “Pai da Bacterio- logia”, foi Louis Pasteur (1822–1895), que identificou uma variedade de bactérias e controlou diversos tipos de doenças. Além disso, foi um grande influenciador da história de epidemiologia, introduzindo bases biológicas permitindo um melhor estudo das doenças infecciosas (PE- REIRA, 2013), apontando os agentes causadores das doenças e propi- ciando uma fixação das medidas de prevenção e possíveis tratamentos. Rosen (1994) e Pereira (2013) citam outros importantes nomes na história da epidemiologia (Figura 1), como: • John Graunt (1620–1674): pioneiro em quan- tificar os padrões de natalidade e mortalidade. • Pierre Louis (1787–1872): responsável por uti- lizar o método epidemiológico em investigações clínicas de doenças. • Louis Villermé (1782–1863): pesquisou o im- pacto da pobreza e das condições de trabalho na saúde das pessoas. • William Farr (1807–1883): responsável pela produção de informações epidemiológicas siste- máticas para o planejamento de ações de saúde. • Ignaz Semmelweis (1818–1865): participou da investigação das causas de febre puerperal em Viena, em que constatou que a contaminação das mãos estava relacionada à transmissão da doença e às altas taxas de mortalidade, introdu- zindo medidas de higiene que reduziram tais indicadores. • Edward Jenner (1743–1823): médico britâni- co considerado o “Pai da Imunologia”, pois foi o primeiro a utilizar, cientificamente, uma vacina contra a varíola. 47 UNIDADE 2 Figura 1 - Importantes nomes na história da epidemiologia / Fonte: Wikimedia ([2021a], [2021b], [2021c], [2021d], [2021e], [2021f]). Descrição da Imagem: a imagem contém seis retratos dos importantes nomes da história da epidemiologia na seguinte ordem: John Graunt, Pierre Louis, Louis Villermé, William Farr, Ignaz Semmelweis, Edward Jenner. 48 UNICESUMAR Os séculos XIX e XX foram caracterizados pela ação da microbiologia sobre a epidemiologia, que consistiu não apenas em reconhecer os principais agentes etiológicos que estavam envolvidos na transmissão de doenças infectocontagiosas que foram responsáveis por uma grande taxa de mortalidade, mas que também proporcionou uma evolução nas medidas para o tratamento e prevenção dessas doenças (GOMES, 2015). Durante esse período, deu-se um destaque científico e acadêmico bastante importante para a epi- demiologia, surgindo diversas instituições de pesquisa no Brasil e, também, em todo o mundo, além da ampliação de áreas de atuação, dando origem a subdivisões de área, como, por exemplo, a epide- miologia nutricional, que, de acordo com Pereira (2013), algumas causas de doenças determinadas como infecciosas provinham, na verdade, de origem nutricional. Com isso, foi possível afirmar que, a partir do fim do século XX até os dias de hoje, a epidemiologia se baseia nas pesquisas científicas realizadas, visando determinar as condições de saúde que a população possui, além da busca pelos agentes etiológicos, verificando quais são os fatores que estão predispostos para ocasionar o seu aparecimento (GOMES, 2015). Como observamos anteriormente, de acordo com Pereira (2013), com o passar dos anos, a epide- miologia se tornou uma ciência totalmente ampla, possuindo diversas subdivisões, como, por exemplo, a epidemiologia nutricional, de campo, clínica, descritiva, investigava, entre outras. Entretanto, de maneira geral, temos três principais áreas de atuação de acordo com Gomes (2015, p. 12): • Descrição das condições de saúde da população por meio da construção de indica- dores de saúde. Exemplo: taxa de mortalidade, taxa de incidência de uma doença; • Investigação dos fatores determinantes da situação de saúde. Exemplo: investigação de agentes etiológicos, fatores de risco; • Avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde. Exemplo: avaliação do impacto do saneamento para diminuir parasitoses na comunidade. Uma análise da condição de saúde é equivalente à coleta ordenada de dados relacionados à saúde da população, informações que podem ser econômicas, culturais, sociais, demográficas e ambientais, que servirão para complementar os indicadores utilizados para a saúde. Essa análise necessita de um diagnós- tico muito preciso para a sua realização, garantindo os resultados efetivos nas buscas (PEREIRA, 2013). Como profissional da epidemiologia e da saúde, que pretende atuar nessa área, é importante que você tenha um amplo conhecimento sobre os conceitos e sobre as ferramentas que envolvem a epide- 49 UNIDADE 2 miologia, para que, assim, não haja erros durante a avaliação, que vai desde o planejamento, execução e análise de dados (ROUQUAYROL; GURGEL, 2013). É de grande importância
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