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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Controle de doenças, GenétiCa 
e MelhoraMento avíCola
Elaboração
Ana Maria de Souza Almeida
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
DOENÇAS BACTERIANAS ..................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
SALMONELOSES ..................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
MICOPLASMOSE .................................................................................................................... 25
CAPÍTULO 3
COLIBACILOSE ....................................................................................................................... 33
CAPÍTULO 4
CÓLERA AVIÁRIA .................................................................................................................... 43
CAPÍTULO 5
CORIZA INFECCIOSA DAS GALINHAS ...................................................................................... 47
CAPÍTULO 6
CLOSTRIDIOSES ...................................................................................................................... 50
CAPÍTULO 7
SEPTICEMIA DOS PATOS .......................................................................................................... 56
UNIDADE II
DOENÇAS VIRAIS ................................................................................................................................. 59
CAPÍTULO 1
HEPATITE COM CORPÚSCULOS DE INCLUSÃO ......................................................................... 59
CAPÍTULO 2
CIRCOVIROSE ........................................................................................................................ 64
CAPÍTULO 3
INFLUENZA AVIÁRIA ................................................................................................................. 67
CAPÍTULO 4
HEPATITE VIRAL DOS PATOS...................................................................................................... 72
CAPÍTULO 5
ENTERITE VIRAL DOS PATOS ..................................................................................................... 74
CAPÍTULO 6
NEWCASTLE ........................................................................................................................... 76
CAPÍTULO 7
DOENÇAS DE MAREK ............................................................................................................. 82
UNIDADE III
DOENÇAS MICÓTICAS ........................................................................................................................ 86
CAPÍTULO 1
ASPERGILOSE ......................................................................................................................... 86
CAPÍTULO 2
CANDIDÍASE .......................................................................................................................... 97
UNIDADE IV
GENÉTICA E MELHORAMENTO AVÍCOLA ............................................................................................ 102
CAPÍTULO 1
GENÉTICA E CARACTERÍSTICAS DAS AVES ............................................................................. 102
CAPÍTULO 2
GENÉTICA MOLECULAR À SEQUÊNCIA DO GENOMA ............................................................ 117
CAPÍTULO 3
SISTEMA DE CRIAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE .................................................................... 128
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 133
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Atualmente, o Brasil é o maior exportador e o segundo maior produtor de carne 
de frango. Para agintir status tão relevante no comércio internacional, a avicultura 
brasileira teve que investir em tecnologia no sistema de produção, genética, manejo 
e programas de biosseguridade. Estes programas, por sua vez, estão voltados à 
prevenção da introdução de patógenos nos plantéis. 
Na avicultura moderna, aves são criadas em ambientes com elevada densidade 
populacional. Com isso, a introdução de quaisquer patógeno no galpão pode resultar 
em grandes prejuízos. Nem sempre doenças causam mortalidade, mas as perdas 
econômicas relacionadas à diminuição do ganho de peso ou da taxa de postura, aos 
custos com medicamentos e ao descarte de carcaças em abatedouros podem ser 
ainda maiores. 
A prevenção e o controle de enfermidades na criação de aves são fundamentais 
para a economia associada à avicultura brasileira, e essas medidas também estão 
associadas ao bem-estar animal. Para elaboração de medidas profiláticas adequadas 
e implantaçãode planos para controle e erradicação de doença, é necessário 
conhecimento sobre as principais enfermidades que ocorrem no Brasil e no mundo. 
Aves de diferentes espécies podem ser acometidas por doenças de origem 
bacteriana, viral, fúngica e parasitária. Enfermidades bacterianas e virais são as mais 
frequentes, porém as demais também são importantes para a saúde avícola. Estudos 
epidemiológicos são constantemente realizados em plantéis comerciais, de fundo de 
quintal e também em aves silvestres para controlar a disseminação de agente ou até 
a introdução de patógenos exóticos no país. 
Assim como o controle de doenças, investimentos em genética e melhoramento 
avícolas também são importantes aspectos para manter o Brasil como um dos 
principais países envolvidos com a comercialização de carne de frangos. Diversas 
pesquisas são realizadas em instituições e universidades brasileiras a fim de alcançar 
melhores padrões produtivos na avicultura de corte e de postura. 
O Brasil possui quase todos os seguimentos reprodutivos para produzir frangos 
de corte, como matrizeiros, avoseiros e bisavoseiros. Entretanto, o país ainda 
importa genética das linhagens puras (de pedigree) de outros países. Para avançar 
nesses aspectos, estudos e pesquisas voltados ao melhoramento genéticos são 
fundamentais.
9
Ao longo dos anos, foi facilmente observada a evolução na avicultura industrial 
(frangos de corte e galinhas poedeiras) em relação à velocidade de ganho de 
peso e ao aumento da produção de ovos. Esses parâmetros só foram alcançados 
devido a pesquisas a repeito de melhoramento genético na avicultura industrial. A 
respeito dos frangos de corte, especificamente, o avanço na qualidade da carcaça 
associado à precocidade do animal, a ambiência e o bem-estar das aves são 
aspectos essenciais, não apenas para o melhor desempenho animal, mas também 
para atender exigências internacionais e nacionais do consumidor. 
Objetivos
 » Conceituar as principais enfermidades avícolas e suas respectivas 
medidas de controle e prevenção.
 » Demonstrar panorama retrospectivo e atual sobre parâmetros da 
genética das aves de produção.
 » Trazer noções sobre melhoramento avícola voltado a aspectos da ave 
e do ambiente.
10
11
UNIDADE IDOENÇAS BACTERIANAS
A avicultura está entre as maiores potências econômicas na agropecuária, 
devido ao crescimento do consumo de produtos avícolas em diversos países. O 
desenvolvimento da cadeia avícola ocorreu com maior intensidade nas últimas 
décadas, principalmente pelos avanços genéticos e pelas melhorias no manejo, que 
colaboraram para o desenvolvimento de frangos com maior taxa de crescimento, o 
que resultou em aves mais pesadas em menor período de tempo. 
A alta produtividade que se observa na exploração avícola, decorrente do rápido 
ciclo de criação e da grande demanda por produtos de origem avícola, depende 
principalmente da obtenção adequada de nutrientes pelo organismo, tendo grande 
importância na manutenção da sanidade das aves, em especial aos agentes que 
atuam sobre o trato gastrintestinal, pois se trata da via de entrada dos nutrientes 
para o desenvolvimento das aves. 
Para sustentar todo esse desenvolvimento da cadeia produtiva, há anos 
iniciou-se o uso indiscriminado de antibióticos (promotores de crescimento), 
a fim de não só aumentar a produtividade como também reduzir a mortalidade 
causada por infecções clínicas e subclínicas. 
CAPÍTULO 1
Salmoneloses
Entre as enfermidades que afetam a avicultura, a salmonelose é a doença 
bacteriana mais discutida e relatada no mundo devido, principalmente, ao seu 
impacto também na saúde pública. Existem sorovares considerados zoonóticos, 
por isso são preocupação mundial entre as autoridades sanitárias. Tal fato 
fez com que alguns sorovares se tornassem uma barreira para o comércio 
de alimentos. A ampla distribuição de Salmonella entre os animais e sua 
12
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
capacidade de sobreviver por longos períodos no meio ambiente contribuem 
para seu destacado papel em saúde pública. 
Figura 1. Classificação de Salmonella em relação ao habitat natural.
 
 
Habitat natural
(especificidade do hospedeiro)
altamente adaptadas 
ao homem
altamente adaptadas 
aos animais
zoonóticas homens e 
animais
Fonte: Elaborada pela autora.
As salmoneloses aviárias são enfermidades provocadas por bactérias do gênero 
Salmonella. Existem mais de 2.610 sorovares dessa bactéria, potencialmente 
patogênicos para diferentes espécies animais. Os sorovares Salmonella enterica 
sorovar Typhimurium e Salmonella enterica sorovar Enteritidis são os mais 
importantes, pois são potencialmente patogênicos para os humanos. As aves têm 
sido alvos de diversas pesquisas sobre salmonelose em muitos países do mundo, 
com o enfoque em aves de produção com o objetivo de produzir alimentos seguros 
para humanos, pois esses agentes podem determinar quadros de toxinfecção no 
homem.
Aves aparentemente saudáveis podem portar a Salmonella em seu organismo 
se estabelecendo o estado de portadoras. Aves portadoras de Salmonella podem 
excretar o patógeno de forma intermitente. Aves de vida livre também estão 
associadas como potenciais carregadoras da bactéria para criações comerciais. 
Entre elas, as aves sinantrópicas são consideradas importantes nessa cadeia de 
transmissão devido à grande proximidade com as atividades humanas.
A transmissão da salmonela é bastante diversificada. Alguns sorovares podem 
ser transmitidos por via horizontal e vertical, de forma direta e indireta, porém 
a forma indireta oro-fecal é a de maior importância. A ave também pode adquirir 
a bactéria pelo contato indireto com outros animais infectados ou superfícies 
contaminadas, pela água ou alimento, ou aerossóis. Insetos roedores e alguns 
helmintos podem servir como carreadores da Salmonella sp. Animais com 
infecções crônicas são fontes de contaminação, assim como aves de vida livre. 
Estes podem ser carreadores ou servirem como reservatórios para animais 
mantidos em cativeiro.
13
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
O tratamento inadequado de esgoto ou excretas, associado a grandes aglomerações 
de animais, favorece a manutenção e disseminação de salmonelas no ambiente. Tal 
fato também eleva o risco de infecção de animais de vida livre. Existe, portanto, 
uma correlação direta entre a prevalência de Salmonella no trato intestinal 
de diversas espécies de aves silvestres e a proximidade destas com pessoas e 
animais de produção. Fato relatado em gaivotas e pombos, que frequentemente 
se aproveitam da proximidade com humanos e animais domésticos e acabam se 
expondo a diferentes patógenos, inclusive à Salmonella. Essa forma de exposição 
de aves silvestres à Salmonella raramente envolve doença clínica; e a eliminação 
da bactéria pelas fezes é de curta duração na maioria dos casos. Pinguins já foram 
diagnosticados como portadores de Salmonella enterica sorotipo Enteritidis. A 
fonte de infecção provavelmente foi por resíduos deixados por navios. Portanto, 
a prevalência da Salmonella no meio ambiente está relacionada ao nível de 
contaminação por material fecal de hospedeiros infectados.
Salmonelose é a doença mais comum em galinhas e perus e também é uma das 
principais em aves aquáticas (Anseriformes). Existe uma maior diversidade de 
Salmonellas em criatórios de patos do que nos de gansos. Salmonella Potsdam 
também é importante para anseriformes, já que existem espécies específicas tanto 
em gansos quanto em patos em três genótipos distintos, sugerindo a evolução 
dessa Salmonella nessas aves. Além disso, a Salmonella Potsdam é frequentemente 
isolada de incubatórios de ovos de anseriformes, sendo um dos principais sorotipos 
que causam morte em recém-nascidos e morte embrionária.
Em um estudo feito na Coreia do Sul sobre a prevalência e susceptibilidade 
antimicrobiana de Salmonella em patos, a bactéria foi isolada em 43,4% das 
amostras obtidas de patos selvagens e 65,2% de patos domésticos, das quais 
os sorogruposidentificados foram Salmonella Typhimurium, Salmonella 
Enteritidis e Salmonella London. A maior prevalência foi detectada em patos 
de até uma semana de vida, diminuindo significativamente em patos com 
três semanas de idade. Todos os isolados eram resistentes no mínimo a um 
antimicrobiano, e 27% dos isolados foram resistentes de cinco a dezesseis 
antimicrobianos. A maior prevalência de Salmonella em anseriformes do que 
em aves terrestres pode ser explicada pelos locais frequentados por essas aves, 
como lagoas contaminadas por esgoto. 
A detecção de sorotipos potencialmente patogênicos para humanos indica 
anseriformes como importante fonte de patógenos para o homem pelos alimentos 
(carne e ovos de patos) e sugerem que um programa de monitoramento em 
criatórios dessas aves é necessário para assegurar a saúde pública. 
14
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
Figura 2. Principais derivados de aves relatados como veiculadores de doenças alimentares.
 
 
Derivados de 
aves associados 
a veiculação de 
Salmonella
Ovos
Carne
Fonte: Elaborada pela autora.
A identificação de Salmonella sp. em gansos e patos é maior quando utilizado 
o método de PCR multiplex do que o isolamento e a identificação tradicionais, 
sugerindo que este último método pode ter resultados falso-negativos. O método 
de ampliação isotérmica de ácidos nucleicos (LAMP) também é uma alternativa 
eficaz para detecção do agente, já que, em algumas situações, foi mais sensível do 
que a PCR. Além disso, esse método é realizado em menor tempo do que o PCR, 
podendo ser usado a campo e em investigações epidemiológicas. Entretanto, o 
risco de contaminação durante a realização do método LAMP é alto, pois aerossóis 
podem contaminar a amostra durante a abertura da tampa do tubo para a análise 
de eletroforese. 
Em 16 de maio de 2019, as autoridades do CDC e da saúde pública em 
vários estados investigaram surtos multiestados de infecções por 
Salmonella Braenderup e Salmonella Montevidéu ligadas ao contato com 
aviculturas de fundo de quintal. Investigadores de saúde pública usaram 
o sistema PulseNet para identificar doenças que podem fazer parte desses 
surtos. PulseNet é a rede nacional de subtipagem de laboratórios de saúde 
pública coordenada pelo CDC. As impressões digitais de DNA são realizadas 
em bactérias Salmonella isoladas de pessoas doentes usando técnicas 
chamadas eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) e sequenciamento 
genômico completo (WGS). O CDC PulseNet gerencia um banco de dados 
nacional dessas impressões digitais de DNA para identificar possíveis 
surtos. O WGS fornece uma impressão digital de DNA mais detalhada do 
que a PFGE. WGS realizado em Salmonella de pessoas doentes nesse surto 
15
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
mostrou que eles estão intimamente relacionados geneticamente. Isso 
significa que as pessoas doentes são mais propensas a compartilhar uma 
fonte comum de infecção.
Em 10 de maio de 2019, foi relatado um total de 52 pessoas infectadas com 
as cepas de surto de Salmonella em 21 estados. Uma lista dos estados e 
o número de casos em cada um deles estão no mapa da página de casos 
relatados. As doenças começaram nas datas de 12 de janeiro de 2019 a 29 
de abril de 2019, em pessoas com idade variando de menos de um ano a 
60 anos, uma idade mediana de 21 anos. Cinquenta e seis por cento são do 
sexo feminino. Das 27 pessoas com informações disponíveis, 5 (19%) foram 
internadas. Nenhuma morte foi relatada.
A análise de WGS de quatro isolados de pessoas doentes previu resistência 
antibiótica ao ácido amoxicilina-clavulânico, ampicilina, cefoxitina, 
ceftriaxona ou tetraciclina. Outros cinco isolados de pessoas doentes não 
mostraram evidências de resistência a antibióticos. O teste de isolados 
de surtos usando o teste padrão de sensibilidade aos antibióticos pelo 
Laboratório do Sistema Nacional de Monitoramento da Resistência 
Antimicrobiana do CDC (NARMS) está atualmente em andamento. Essa 
resistência pode afetar a escolha do antibiótico usado para tratar algumas 
pessoas.
Em entrevistas, pessoas doentes responderam a perguntas sobre contato 
com animais na semana anterior à doença. Das 33 pessoas entrevistadas, 23 
(70%) relataram contato com aves de quintal antes de adoecerem. Pessoas 
doentes relataram comprar aves de várias fontes, incluindo lojas agrícolas, 
sites e incubatórios. Aves de fundo de quintal de vários criadouros foram 
a fonte provável desses surtos. Independentemente de onde as aves são 
compradas, essas aves podem transportar Salmonella, que podem deixar 
as pessoas doentes. Proprietários de aves de quintal devem sempre seguir 
os passos para manter suas aves saudáveis. Essa investigação está em 
andamento, e o CDC fornecerá atualizações quando mais informações 
estiverem disponíveis (CDC, 2019).
Pulorose
A Pulorose é um tipo de salmonelose aviária causada por Salmonella Pullorum. 
É uma doença septicêmica de galinhas e perus, também podendo acometer 
outras espécies de aves, como canários, papagaios, codornas e faisões. Aves leves 
16
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
parecem ser mais resistentes ao agente que as pesadas. As mortes geralmente 
ocorrem em aves entre duas e três semanas de vida, e a transmissão ocorre 
tanto via horizontal como por via vertical.
A alta taxa de mortalidade embrionária ou de natimortos é um dos principais 
sinais da doença, além de depressão, amontoamento próximo às fontes de 
aquecimento, hiporexia e empastamento de cloaca com fezes esbranquiçadas 
aderidas à penugem pericloacal. Em aves adultas, pode-se observar diarreia, 
perda de peso, depressão, queda na postura e diminuição da taxa de 
eclodibilidade.
Os achados macroscópicos são pontos esbranquiçados no fígado, baço associado 
a aumento de volume e nódulos esbranquiçados no pulmão e coração em aves 
jovens. Em aves adultas, as lesões são mínimas, caraterizadas por flacidez de 
folículos ovarianos e formação de abscessos. Os achados microscópicos são 
principalmente presença de fibrina e infiltrado heterofílico no parênquima 
hepático, necrosa das fibras miocárdicas com infiltração de heretófilos, 
linfócitos e células plasmáticas (REVOLLEDO, 2009, p. 126).
Purolose:
 » Etiologia:
 › Salmonella Pullorum. 
 » Aspectos epidemiológicos:
 › animais contaminados introduzidos no plantel; 
 › aves jovens mais sensíveis. 
 » Sinais clínicos:
 › amontoamento próximo às fontes de calor;
 › diarreia esbranquiçada;
 › cloaca empastada; 
 › apatia. 
 » Necropsia:
 › pontos esbranquiçados multifocais no coração, no fígado, no 
baço etc.
17
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
Tifo aviário
Tifo aviário (Salmonella enterica subespécie enterica sorotipo Gallinarum) é 
também uma doença septicêmica que afeta principalmente galinhas e perus, mas 
outras aves, como patos, gansos, codornas, pavões e faisões, também são afetadas. 
Salmonella Gallinarum é altamente patogênica para aves em qualquer idade. No 
entanto, a ocorrência da doença é maior em animais adultos. A susceptibilidade 
de patos e gansos a Salmonella Gallinarum tem sido variável, mas a maioria das 
linhagens estudadas parece ser resistente a esse patógeno. 
Os patos podem ser refratários naturais a Salmonella Gallinarum devido 
à incapacidade inerente das bactérias de se multiplicarem no seu sistema 
fagocítico mononuclear (SFM). Por isso, devido à capacidade de a Salmonella 
Gallinarum se multiplicar no SFM de galinhas e perus, é provável que a 
imunidade mediada a essas bactérias em patos possa ser transferida para 
outras aves por meio de plasmídeos, por exemplo, desempenhando papel 
importante na resistência da infecção em galinhas e perus.
A transmissão de Salmonella Gallinarum pode ocorrer pela via horizontal. 
A bactéria pode se disseminar por todo o corpo do animal durante as fases 
da doença, principalmente durante a fase terminal. Contato entre ave doente 
e susceptível, carcaças de aves e canibalismo são fatores importantes na 
transmissão da bactéria.A permanência de carcaça de aves na granja é um 
importante fator de disseminação do agente, pois já foi comprovado que aves 
que morrem e permanecem nas gaiolas por horas provocam a morte de um 
número expressivo de aves sadias que estavam em contato direto com as mortas.
Os sinais clínicos mais frequentes em patos jovens são, principalmente, tremores 
musculares, dificuldade respiratória, e a morte ocorre mais lentamente do que 
em patos adultos. As lesões decorrentes de tifo aviário em adultos e jovens são 
semelhantes às das galinhas, sendo caracterizadas por hepato e esplenomegalia 
(figura 5), fígado com aspecto de bronzeado a esverdeado, presença de pontos 
necróticos no fígado (figura 6), interferência na absorção do saco da gema, saco 
da gema com conteúdo cremoso ou caseoso, nódulos esbranquiçados nos pulmões 
e coração, ceco com conteúdo caseoso, intestino com conteúdo fluido viscoso 
e amarelado, hiperemia e hemorragia em mucosa (figura 7) (SHIVAPRASAD; 
BARROW, 2008, p. 637), compactação do reto e flacidez de folículos ovarianos 
em aves adultas (figura 8) (FRIEND; FRANSON, 2001, p. 438).
18
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
Figura 3. Baço da esquerda normal. Baços do meio e direita apresentam-se aumentados, com evidenciação de 
folículos hiperplásicos (pontos esbranquiçados).
Fonte: The Poultry Site (2018).
Figura 4. A – Fígado com aspecto bronzeado e pontos necróticos com distribuição multifocal. B – Hepatomegalia 
caracterizada por fígado com bordos arredondados.
Fonte: The Poultry Site (2018).
Figura 5. Porção anterior do intestino delgado hiperêmico, hemorrágico e com discretas ulcerações.
Fonte: The Poultry Site (2018).
19
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
Figura 6. Folículos ovarianos flácidos e pedunculados.
Fonte: The Poultry Site (2018).
Tifo aviário:
 » Etiologia:
 › Salmonella Gallinarum.
 » Aspectos epidemiológicos:
 › Aves adultas mais sensíveis. 
 » Sinais clínicos:
 › diarreia esverdeada;
 › cloaca empastada; 
 › apatia;
 › perda de peso.
 » Necropsia:
 › fígado aumentado de volume, coloração esverdeada ou bronzeada 
associada a focos de necrose multifocal.
Paratifo aviário
Diferentes sorovares de Salmonella estão vinculados como agentes causais 
do Paratifo aviário. No entanto Salmonella enterica sorovar Enteritidis é o 
sorovar mais relatado mundialmente associado ao Paratifo aviário. Durante a 
20
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
década de 1980, a Salmonella Enteritidis emergiu como importante causador 
de doenças em humanos nos Estados Unidos. Os ovos têm sido a principal 
fonte alimentar de veiculação do agente. Desde o ínicio de 2000, sabe-se que 
os frangos também são fontes de infecção para esse patógeno (CDC, 2010). 
O primeiro relato de ocorrência de Salmonella Enteritidis em aves no Brasil foi 
realizado por pesquisadores da USP em 1990, e, anteriormente a esse período, seu 
isolamento em centros de sorotipagem de salmonela no país era insignificante. Em 
um levantamento realizado entre 1991 a 1995, notou-se um aumento progressivo dos 
isolamentos de Salmonella . 
Em um estudo, Duarte et al. (2009, p. 19) analisaram amostras de 260 carcaças de 
frango coletadas de cinco plantas de processamento na região Nordeste do Brasil. 
Foram isoladas 20 estirpes de Salmonella, sendo a Salmonella Enteritidis o sorovar 
mais predominante (25%). Carcaças de frango resfriadas adquiridas em varejos da 
região Nordeste do Rio Grande do Sul apresentaram também índices significativos do 
agente. Houve 12,2% de ocorrência de Salmonella, sendo que Salmonella Enteritidis 
foi a mais frequentemente encontrada, em 31,8% dos isolamentos.
Anseriformes são susceptíveis a infecções por Salmonella Enteritidis e, em 
pesquisas realizadas para avaliar a progressão da salmonelose por meio da 
inoculação de cepas por via nasal em patos jovens, pode-se associar que a 
quantidade de inóculo e a rápida replicação e disseminação nos órgãos têm estreita 
relação com a evolução da doença, e diferentes regiões do intestino diferem na 
susceptibilidade de invasão e colonização da Salmonella Enteritidis.
Antes da década de 1980, a Salmonella Enteritidis raramente era isolada de 
aves domésticas, e a maioria dos isolados pode ter sido derivada de alimento 
contaminado. Recentemente, no entanto, a incidência de infecção por 
Salmonella Enteritidis em criações de aves tem aumentado na Grã-Bretanha, 
nos Estados Unidos e em outros países. Concomitantemente, um aumento 
dramático no número de surtos de intoxicação alimentar devido a Salmonella 
Enteritidis no homem também foi relatado. Estudos epidemiológicos atribuem 
os surtos de intoxicação alimentar por Salmonella Enteritidis ao consumo 
de ovos ou derivados de ovos contaminados. Assim, Salmonella Enteritidis 
tornou-se o patógeno mais sério para o homem. É importante analisar o 
comportamento do organismo em frangos para a prevenção e eliminação de 
intoxicações alimentares. A maioria das infecções por Salmonella em frangos 
surge da ingestão desses organismos. Os organismos ingeridos passam pelo 
trato alimentar, no qual podem interagir com a superfície da mucosa nas 
21
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
placas de Peyer e podem aderir e penetrar nas células epiteliais do intestino. 
Depois de passar pela parede intestinal e entrar em tecidos mais profundos, 
algumas Salmonellas podem invadir, sobreviver e se multiplicar no sistema 
reticuloendotelial e disseminar para outros tecidos, causando graves doenças 
sistêmicas. Recentemente, alguns relatos sobre os fatores de virulência 
associados à Salmonella foram publicados. Esses fatores de virulência são 
necessários para que as bactérias invadam, colonizem, sobrevivam e se 
multipliquem nas células e superem os sistemas de defesa do hospedeiro. Em 
alguns estudos, os organismos foram detectados no coração, saco vitelino, 
ceco e/ou gema de pintos de corte naturalmente infectados até o momento 
do abate. Como no caso de aves naturalmente infectadas, os organismos 
persistiram nas vísceras de galinhas com administração oral experimental a 
partir de 70 dias até 22 semanas após a infecção. Em pintos infectados pelo 
contato via ovo com Salmonella Enteritidis, dentro de 24 horas de incubação, 
os organismos colonizam as vísceras e o saco da gema e podem ser eliminados 
intermitentemente pós eclosão pelo menos até 28 semanas após a exposição. 
Variações nas taxas de mortalidade são descritas em infecções experimentais 
em pintos. A presença de diferenças significativas nas taxas de mortalidade 
(14,5-89,5%) em frangos de um dia inoculados oralmente com oito isolados 
de Salmonella Enteritidis já foi descrita Em contraste, nenhum dos mutantes 
resistentes ao ácido nalidíxico de isolados Salmonella Enteritidis foi letal para 
os pintos. Embora a maioria das aves infectadas não apresente sinais clínicos, 
algumas inoculações experimentais de cepas de Salmonella Enteritidis podem 
causar depressão, anorexia, diarreia, redução na produção de ovos e/ou 
mortalidade em poedeiras sugerindo a existência de variações significativas 
na patogenicidade das cepas. Como indicado na mortalidade entre os pintos, 
também pode haver diferenças significativas na produção de ovos entre as 
galinhas após a infecção com cepas de Salmonella Enteritidis de diferentes 
origens ou tipos, bem como na virulência para poedeiras entre os isolados do 
homem ou ovos e do ovário de uma galinha. Isso sugere que, além da idade 
das aves, a seleção de cepas bacterianas e tipos de fagos pode ser um fator 
importante que afeta o resultado da infecção por Salmonella Enteritidis. 
Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis são os dois principais sorovares 
associados ao Paratifo aviário. Em 2010, a Salmonella Typhimurium foi o sorovar 
mais comumente notificado, com 5.241 (44%) casos de todas as infecções notificadas 
por Salmonella na Austrália (OZFOODNET WORKING GROUP, 2012, p. 350). 
Aves podem permanecer infectadas por Salmonella Typhimurium por tempoindeterminado, e a disseminação do agente pode ocorrer, principalmente, em 
22
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
criações de aves submetidas a fatores estressantes como: vacinação, ambiência 
inadequada e superlotação. Contudo, um estudo mostrou que, em alguns casos, a 
densidade de aves não parece afetar a taxa de contaminação de carcaça de frangos 
por Salmonella Typhimurium (WALDROUP et al., 1992, p. 846). Já a prática de 
jejum para a indução de muda forçada em galinhas poedeiras infectadas por via 
oral com Salmonella Enteritidis aumenta a incidência inflamação do epitélio e da 
lâmina própria do cólon e do ceco, promove a disseminação do agente e aumenta a 
suscetibilidade do hospedeiro.
Salmonella Typhimurium é um sorovar bastante associado a avicultura de postura 
e comumente veiculado por ovos. Relatórios de Health Protection Agency (HPA, 
2010) revelaram que a contaminação de ovos por Salmonella Typhimurium vem 
aumentando ao passar dos anos, e a por Salmonella Enteritidis, diminuindo. Porém, 
é importante ressaltar que o isolamento de Salmonella Typhimurium a partir de 
amostras do tecido ovariano de galinhas não está relacionado à ocorrência de surtos.
Salmonella Typhimurium, em comparação com outros sorovares, é capaz de causar 
patogênese em ampla gama de hospedeiros. Aves de criações de subsistência 
geralmente são assintomáticas, assim como algumas aves provenientes de aviculturas 
industriais, aumentando, assim, o risco de veiculação do agente por carne e ovos 
cansando doença em humanos. Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis 
são os sorovares mais comuns existentes nos alimentos de origem animal e são 
responsáveis por 50% da salmonelose. 
As doenças causadas por Salmonella Typhimurium têm significado na 
saúde pública, pois estão associadas à intoxicação alimentar em humanos. 
A salmonelose em humanos é causada principalmente por Salmonella 
Typhimurium. A capacidade desse sorovar para infectar aves e contaminar ovos 
faz dele um potente agente de infecção para humanos. Salmonella Typhimurium 
demonstra a patogênese alimentar, é importante entender como ele pode 
afetar os ovos e quais estratégias são necessárias para melhorar o controle da 
infecção. Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis prevalecem entre 
os demais sorovares de importância na saúde pública na infecção por fezes 
em galinhas. A contaminação por Salmonella Typhimurium em ovos pode se 
tornar mais significativa se a tendência atual da infecção por enterite continuar. 
Existem cepas invasivas de Salmonella Typhimurium. Apesar de recuperar 
Salmonella Typhimurium do tecido ovariano de galinhas velhas, descobriu-se 
que essa contaminação não estava relacionada com surtos de salmonelose. 
Salmonella Typhimurium, em comparação com outros soropositivos, é capaz de 
causar patogênese em ampla gama de hospedeiros. Geralmente assintomática 
23
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
em frangos, a infecção de carne e ovos provoca grave doença humana. As 
incubadoras são os primeiros locais onde as salmonelas podem entrar na cadeia 
alimentar por meio de aves. Muitas medidas estratégicas, como desinfecção 
de ovos com produtos químicos, ozônio, irradiação UV, carga eletrostática, luz 
pulsada e plasma de gás, têm sido empregadas para erradicar a contaminação 
por Salmonella em incubadoras. A introdução de portadores de salmonela, 
como aves, roedores, moscas e insetos, diminui somente quando se empregam 
programas de biosseguridade sofisticados, armadilhas e iscas. Água potável 
tratada adequadamente com produtos de limpeza eficazes e filtrada usando 
protocolos osmóticos deve ser usada para reduzir a exposição à salmonela. A 
compostagem adequada do lixo gasto pode minimizar a contaminação por 
salmonela em criações de aves. As caixas usadas durante o transporte das 
aves também devem ser desinfectadas adequadamente e secas para evitar a 
contaminação cruzada. Além disso, usar medidas preventivas usuais, estratégias 
baseadas no sistema imunológico que incluem respostas imunes passivas 
e ativas, e manejo da alimentação pode ajudar a reduzir a suscetibilidade da 
infecção de aves. Uma alimentação adequada acelera o desenvolvimento do 
intestino delgado e melhora o funcionamento das células epiteliais, e pode 
ser uma ferramenta eficiente para minimizar as infecções por Salmonella. Por 
quase vinte anos, o uso de moduladores de alimentação de microflora, como 
antibióticos, prebióticos e simbióticos, mostrou ser efetivo contra a salmonela. 
Estratégias de controle recentes, como produtos clorados e bacteriófagos, 
também foram estudadas. 
Em relação à doença em aves, a transmissão do agente se dá tanto por via vertical 
como por via horizontal, sendo que a via vertical ou transovariana ocorre pela 
contaminação do ovo no trato reprodutivo ou na passagem pela cloaca, em contato 
direto com as fezes. A sintomatologia é mais evidente em aves jovens do que em 
animais adultos. Mortalidade embrionária e natimortos também são alterações 
observadas no plantel. Os sinais clínicos são mais evidentes durante as duas primeiras 
semanas de vida, em que as aves apresentam apatia, asas caídas, anorexia, penas 
arrepiadas, cegueira e diarreia intensa. Aves adultas podem apresentar diarreia e 
queda na produção de ovos.
Os achados macroscópicos são tiflite, caracterizado por espessamento da mucosa 
cecal com conteúdo caseoso; hepato e esplenomegalia; hemorragia; congestão e 
necrosa hepática; perihepatite; pericardite; persistência do saco da gema; artrite e 
aerossaculite. Em aves adultas, podem apresentar também degeneração ovariana, 
caracterizada por folículos ovarianos hemorrágicos e flácidos. 
24
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
O diagnóstico de salmonelose de forma geral é realizado mediante cultura e 
isolamento bacterianos. Além do exame bacteriológico, a sorotipificação é 
necessária para identificar qual sorovar está acometendo a criação. Medidas 
de biosseguridade como controle de vetores, vazio sanitário, controle de aves 
migratórias, manejo sanitário nos núcleos de reprodução e incubatórios também 
são informações importantes para estabelecimento de diagnóstico. A vacinação 
com cepas homólogas de Salmonella promove redução da colonização intestinal 
e excreção fecal. No Brasil, vacinas inativadas de Salmonella Enteriditis têm sido 
utilizadas em alguns plantéis. Essa vacina diminui a transmissão transovariana, 
a contaminação da casca do ovo e o isolamento de Salmonella Enteriditis em 
aves devidamente vacinadas. O uso de vacinas de Salmonella Gallinarum vivas 
ou inativas (bacterinas) também é uma das principais medidas de prevenção de 
Tifo aviário. Porém, muitas vezes, as bacterinas não conseguem produzir proteção 
satisfatória. 
Paratifo aviário:
 » Etiologia:
 › diversos sorovares de Salmonella, exceto Pullorum e Gallinarum.
 » Aspectos epidemiológicos:
 › aves de diferentes idades.
 » Sinais clínicos:
 › geralmente assintomático. 
 » Necropsia:
 › distensão dos cecos associado a material caseoso na luz. 
25
CAPÍTULO 2
Micoplasmose
A Micoplasmose é uma das enfermidades de maior impacto mundial. Entre as 
25 espécies de Micoplasma isoladas de diferentes espécies de aves, somente 
quatro possuem interesse econômico para saúde aviária. Galinhas e perus 
podem ser acometidos por Mycoplasma gallisepticum, Mycoplasma synoviae, 
Mycoplasma iowa, Mycoplasma meleagridis. As perdas econômicas relacionadas 
a Micoplasmose em frangos e perus estão relacionadas a mortalidade, infecções 
secundárias, baixo ganho de peso, conversão alimentar ruim, aumento do índice 
de condenação de carcaças, imunossupressão e gasto com tratamento. 
Micoplasmas são bactérias Gram-negativas que não possuem parede celular, e, por 
isso, as cepas podem se apresentar com diferentes formas. Esses microrganismos são 
considerados os menores procariontes (bactérias) conhecidos, que se assemelham, 
em tamanho, aos grandes vírus (cerca de 300nm). São organismos sensíveis aosdetergentes e resistentes a determinados antimicrobianos, como a penicilina, por não 
possuírem parede celular. Além disso, essas bactérias formam colônias bem peculiares 
com aspecto de “ovo frito”, que crescem para o interior do meio de cultura. 
Esses microrganismos têm predileção pelas membranas mucosas do trato 
reprodutivo e respiratório. Alterações articulares, respiratórias e urogenitais estão 
associadas a infecções por micoplasmas. A Doença Respiratória Crônica (DCR) 
das galinhas causada por Mycoplasma gallisepticum, a Sinuvite Infecciosa dos 
Perus causada por Mycoplasma synoviae, a Sinovite Infecciosa e a Aerossaculite 
das Aves causada por Mycoplasma gallisepticum e Mycoplasma synoviae são as 
principais doenças.
Mycoplasma gallisepticum
Mycoplasma gallisepticum é a espécie de maior importância entre os demais 
micoplasmas por causar doença tanto em galinhas quanto em perus, além 
de promover o desenvolvimento de dois quadros clínicos distintos. Tanto a 
sinusite infecciosa em perus quanto a doença respiratória crônica em galinhas 
são provocadas por infeções de Mycoplasma gallisepticum. Perus geralmente 
apresentam quadro infeccioso mais grave do que frangos. 
26
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
A infecção por esse agente geralmente está associada a infecção concomitante 
por outros patógenos respiratórios. A infecção por Mycoplasma spp. torna 
o ambiente propício para a proliferação de outros microrganismos, tal como 
Escherichia coli, sendo que a infecção mútua por esses patógenos pode levar a 
quadros de aerossaculite grave. 
Os hospedeiros naturais de Mycoplasma gallisepticum são galinhas e perus. Porém, 
o patógeno já foi isolado de outras espécies de aves. O desenvolvimento da doença 
depende da virulência da cepa, da dose infectante, do estado e idade do hospedeiro e da 
via de infecção. A taxa de morbidade em criações de galinhas e perus é alta, no entanto 
a taxa de mortalidade geralmente é baixa. A transmissão ocorre por via horizontal, 
diretamente de ave para ave ou indiretamente. 
Os sinais clínicos que caracterizam infecções por Mycoplasma gallisepticum são 
apatia, sonolência, coriza, espirros, estertores úmidos, e, em perus, é frequente 
a sinusite infraorbital com aumento de volume local. Sinais oculares são 
frequentemente observados em infecções por Mycoplasma gallisepticum, que 
podem incluir conjuntivite, inchaço periorbital e edema palpebral. A infecção por 
Mycoplasma gallisepticum aumenta a taxa de condenação de carcaças, prejudica 
a conversão alimentar e diminui a postura e a taxa de eclodibilidade. 
Mycoplasma gallisepticum:
 » Sensíveis:
 › galinhas e perus.
 » Sinais clínicos: 
 › espirros, coriza, dificuldade respiratória, crista e barbela cianóticas.
 » Lesões:
 › aerossaculite;
 › conjuntivite;
 › edema e congestão em órgãos do trato respiratório.
 » Associação a infecção por outros patógenos:
 › tríade de condenação. 
Os achados macroscópicos do trato respiratório podem ser discretos ou 
inaparentes ou podem-se detectar acúmulo de muco e exsudato caseoso na 
cavidade nasal, na traqueia e no pulmão, e opacidade dos sacos aéreos. A 
27
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
aerossaculite pode ocorrer em diferentes graus, desde opacidade discreta 
associada a material espumoso e opacidade difusa de sacos aéreos associada 
a deposição de cáseo. Em casos crônicos, e geralmente associados a outros 
patógenos, observa-se aderência de órgãos associados a deposição de exsudato 
caseoso em vísceras. Na microscopia, há descamação do epitélio ciliado, perda 
de cílios, infiltrado inflamatório mononuclear e hiperplasia glandular em vias 
respiratórias.
Para controle de infecções de Mycoplasma gallisepticum, existem vacinas 
utilizadas para a proteção. A vacina reduz as perdas na produção de ovos, contudo 
o seu uso é limitado devido ao risco de reversão vacinal em perus e frangos de 
corte jovens. Vacinas inativadas são mais seguras, porém não conferem proteção 
adequada em alguns casos. Em relação ao tratamento tanto de ovos no incubatório 
quanto das aves, a escolha do antimicrobiano deve ser feita com cautela. A escolha 
de antimicrobianos que inibam a síntese da parede celular microbiana tornará 
o tratamento ineficaz, pela ausência da parede celular na bactéria. Por isso, são 
indicados antimicrobianos macrolídeos (tilosina, espiramicina, quintamicina), 
gentamicina, tetraciclina, tiamulim e as fluorquinolonas (enrofloxacina e 
danofloxacina). Como medidas de controle e prevenção, recomenda-se quarentena, 
evitar possíveis veiculadores (incluindo funcionários da granja), controle de 
trânsito de pessoas e veículos, boas práticas nos incubatórios, entre outros. 
Mycoplasma synoviae
A infecção por Mycoplasma synoviae é geralmente subclínica e acomete 
principalmente o trato respiratório superior. Infecções sistêmicas são incomuns, 
porém, quando ocorrem, resultam em sinovite infecciosa, doença infeciosa aguda 
e crônica de frangos e perus, envolvendo principalmente as membranas sinoviais 
das articulações e bainhas de tendões e bursite. Como resultado das alterações 
respiratórias apresentadas pelos animais infectados, ocorre queda na produção de 
ovos e diminuição da taxa de crescimento. 
A transmissão de Mycoplasma synoviae pode ocorrer tanto por via horizontal como 
por via vertical. A disseminação da infecção por via horizontal é rápida entre aves 
do mesmo galpão. Em poucas semanas, até 100% das aves podem ter se infectado. A 
transmissão vertical em aves de criações comerciais é um dos principais motivos do 
difícil controle e da erradicação dessa doença. Normalmente, as matrizes no estágio 
agudo da doença transmitem altas concentrações do agente para o embrião. 
28
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
Em galinhas, nem sempre sinais clínicos podem ser observados devido ao caráter 
subclínico da doença. Porém, quando presentes, podem-se observar estertores, apatia, 
emagrecimento, desidratação, alta taxa de refugagem e retardo no crescimento. Os 
sinais se tornam mais graves na forma septicêmica da doença, e é possível visualizar 
alterações locomotoras, como claudicação devido ao processo inflamatório presente 
nas estruturas sinoviais. O quadro clínico de perus é semelhante ao de galinhas, no 
entanto o edema em região articular e a claudicação são mais frequentes naqueles do 
que nestas. 
Nos achados macroscópicos, a sinovite infecciosa se caracteriza por deposição 
de exsudato acinzentado viscoso a cremoso sobre as membranas sinoviais 
das articulações (figura 7). Além da sinovite, também pode haver hepato e 
esplenomegalia, rins aumentados de tamanho e pálidos, e aerossaculite. À 
microscopia, nota-se infiltrado inflamatório heterofílico e franjas de fibrina nas 
superfícies articulares e membranas tendinosas, e membranas hiperplásicas e 
com deposição de linfócitos e macrófagos. No trato respiratório, há infiltração 
de heterofilos e linfócitos em mucosa traqueal, nos brônquios e nos sacos aéreos; 
edema, proliferação capilar e acúmulo de heterofilos. Em casos mais graves, pode 
haver também hiperplasia de células epiteliais, infiltrado mononuclear difuso e 
necrosa caseosa nos órgãos do trato respiratório superior.
Figura 7. Coxin plantar edemaciado e articulação do jarrete inchado em galinha com sinovite infecciosa 
(infecção por Mycoplasma synoviae).
Fonte: David (2018).
O diagnóstico presuntivo baseia-se no edema em região articular e claudicação 
apresentada pelos animais, como palidez de crista, emagrecimento, hepato e 
esplenomegalia e aumento de volume dos rins. Já o diagnóstico definitivo ocorre 
pelo isolamento e pela identificação do agente ou por técnicas moleculares. 
29
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
Mycoplasma synoviae
 » Sensíveis:
 › galinhas e perus. 
 » Sinais clínicos: 
 › sinovite;
 › dificuldade respiratória;
 » Lesões:
 › sinovite;
 › hepato e esplenomegalia;
 › rins aumentados de tamanho e pálidos;
 › aerossaculite.
 » Características do agente:
 › os mais patogênicos podem alcançaras articulações.
O tratamento, assim como as medidas de controle e prevenção, é semelhante ao 
indicado para infeções por Mycoplasma gallisepticum. Contudo, a transmissão 
vertical desempenha um papel importante na disseminação de Mycoplasma 
synoviae em galinhas, por isso o método de controle mais eficaz é monitorar 
regularmente os rebanhos e também eliminar lotes positivos de matrizes. 
Mycoplasma iowae
Perus são os hospedeiros preferenciais de Mycoplasma iowae, mas tem sido isolada 
em galinhas frequentemente. Mycoplasma iowae tem sido associado com redução 
da eclosão e mortalidade embrionária em perus. Sob condições experimentais, a 
bactéria pode causar mortalidade de embriões de perus e de galinha, e também 
leva a aerossaculite moderada e anormalidades nas pernas em galinhas e perus 
inoculados.
Mycoplasma iowae é um dos quatro micoplasmas importantes para a 
avicultura. Essa importância tem sido associada a morte embrionária e queda 
30
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
de eclodibilidade em criações de peru. Lotes infectados por Mycoplasma iowae 
diminuíram significativamente a taxa de eclodibilidade. A bactéria pode diminuir 
a eclodibilidade em até 5%.
Aerossaculite leve também pode ser observada em perus e galinhas, porém a 
infecção é geralmente assintomática em aves adultas. Alterações locomotoras, como 
deformidade nas pernas (figura 8), estão associadas a síndrome da má absorção 
desenvolvida por alguns perus naturalmente infectados. Em embriões mortos pela 
infecção por Mycoplasma iowae, pode-se observar hepatite e esplenomegalia. Em 
perus, é encontrada aerossaculite muito semelhante à causada pelas demais espécies 
de micoplasma.
Figura 8. A – Pernas normais versus condrodistróficas de perus de 28 dias. Embora os pesos fossem comparáveis, o 
peru condrodistrófico (esquerda) tem dentes curtos e grossos e dedos dos pés em comparação com o peru não 
afetado (direita). B – Pernas de um peru de 42 dias mostrando condrodistrofia bilateral. As pernas afetadas são 
curtas, grossas, com jarretes aumentados, e há inclinação medial acentuada de ambas as pernas, o que resultou 
em deformidade em varo bilateral.
Fonte: David (2018).
Mycoplasma iowae
 » Sensíveis:
 › galinhas e perus. 
 » Sinais clínicos: 
 › alterações locomotoras; 
 › dificuldade respiratória. 
31
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
 » Lesões:
 › alterações locomotoras como deformidade nas pernas; 
 › aerossaculite.
 » Características do agente:
 › espécie de Mycoplasma em ascensão. 
Mycoplasma meleagridis
A bactéria Mycoplasma meleagridis também é um patógeno de importância 
na avicultura entre os demais micoplasmas. Todavia, Mycoplasma meleagridis 
é considerado um patógeno específico para perus, mas já houve isolamento de 
embriões de frango e de aves de rapina. Esse agente é amplamente difundido pelo 
mundo como agente causal de aerossaculite. Perdas econômicas estão ligadas aos 
baixos índices zootécnicos e condenações de carcaças por aerossaculite.
A transmissão de Mycoplasma meleagridis ocorre tanto por via horizontal como por 
via vertical. A transmissão vertical se inicia pela infecção do trato reprodutivo das 
fêmeas por inseminação artificial com sêmen contaminado. Os ovos se contaminam 
no oviduto, principalmente nos seguimentos denominados magno e área da fímbria. 
No embrião Mycoplasma meleagridis, replica-se principalmente em sacos aéreos, 
mas também em penas, pele, seios, traqueia, bursa de Fabricius, pulmão, cloaca, 
intestinos e articulações. 
Os sinais clínicos estão associados a aerossaculite, porém sem alterações clínicas 
de caráter respiratório. As aves também podem desenvolver anormalidades 
esqueléticas, como encurvamento, torção e encurtamento do osso metatarsiano, 
edema em região de articulações tibiotarsiana e deformação das vértebras 
cervicais. Os achados macroscópicos se caracterizam por aerossaculite em sacos 
aéreos torácicos nos perus de um dia de idade, com espessamento e deposição 
de exsudato caseoso. As lesões esqueléticas estão relacionadas com aerossaculite 
grave (figura 9).
32
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
Figura 9. Aerossaculite leve em um peru de quatro semanas infectado por Mycoplasma meleagridis.
Fonte: David (2018).
O diagnóstico ocorre por isolamento e identificação do agente, além de testes 
sorológicos e moleculares. Para tratamento, é indicado tratamento com 
antimicrobianos, tais como tilosina, tetraciclina, gentamicina, tiamulina, 
entre outros. Para controle e prevenção, os programas de biosseguridade são 
essenciais, pois infecções por Mycoplasma meleagridis são consideradas 
sexualmente transmissíveis, por isso medidas de controle na extração do sêmen 
e na inseminação são necessárias para evitar a doença. 
Mycoplasma meleagridis
 » Sensíveis:
 › perus. 
 » Sinais clínicos: 
 › deformidades ósseas;
 › dificuldade respiratória. 
 » Lesões:
 › aerossaculite;
 › lesões esqueléticas. 
 » Características do agente:
 › aerossaculite em sacos aéreos torácicos nos perus de um dia de 
idade.
33
CAPÍTULO 3
Colibacilose
Colibacilose aviária é um termo genérico atribuído a qualquer infecção, localizada 
ou sistêmica. Todas as espécies aviárias são susceptíveis a colibacilose, porém a 
doença clínica é mais frequente em frangos, perus e patos. Escherichia coli (E.coli) 
é o agente causador da colibacilose, e essa bactéria pode ser classificada quanto aos 
seus patotipos, porém o patotipo patogênico para aves é denominado Escherichia 
coli patogênica para aves (Apec), caracterizado por causar lesões extraintestinais.
Figura 10. Classificação de Escherichia coli patogênica para aves.
 
 
Escherichia coli ExPEC APEC
Fonte: Elaborada pela autora.
E.coli é um importante patógeno, tanto como causa de doença na avicultura 
quanto como pelo seu provável risco à segurança alimentar. Diferente da 
colibacilose em mamíferos, as lesões em aves são predominantemente 
extraintestinais. As estirpes de E.coli que causam lesões fora do trato intestinal 
de qualquer espécie compartilham características comuns e são chamadas de 
E.coli patogênicas extraintestinais (ExPEC). 
Animais com colibacilose e outros agentes concomitantes podem desenvolver 
doenças mais graves, aumentando a taxa de morbidade. Entre os agentes 
mais relatados, estão Mycoplasma gallisepticum, Pasteurella multocida, 
Staphylococcus sp e Streptococcus sp.
Em aves, a colibacilose é considerada uma das principais enfermidades 
bacterianas, envolvida com o aumento da mortalidade em uma criação. A 
taxa de mortalidade em aves com colibacilose é variável, pois fatores como 
idade, imunocompetência, patógenos agravantes e patogenicidade do agente 
podem interferir diretamente na severidade da doença. Oh et al. (2011, p.1950) 
observaram que há maior taxa de mortalidade (9,22%) em galinhas poedeiras 
com até 20 semanas de idade do que em aves mais velhas (3,99%), demonstrando 
a influência da idade no número de indivíduos mortos. 
As diferentes formas anatomopatológicas de colibacilose (onfalite, doença 
respiratória crônica, salpingite, síndrome da cabeça inchada), em conjunto, são 
34
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
consideradas como uma das doenças bacterianas mais comuns em frangos, perus e 
patos. Essa é responsável por perdas econômicas significativas, e frequentemente 
está entre as doenças mais relatadas em inquéritos epidemiológicos de saúde 
de aves ou em condenações em abatedouros. O desenvolvimento dos diferentes 
quadros anatomopatológicos pode estar envolvido com condições ambientais, 
manejo, características de virulência das cepas, via de infecção e sistema 
imunológico do hospedeiro. 
Figura 11. Principais sistemas acometidos por infecções por Escherichia coli patogênica para aves.
 
 
Escherichia coli 
patogênica para 
aves (Apec)
Transtornos 
respiratórios 
Transtornos 
reprodutivos 
Alterações 
tegumentares 
Lesões 
extraintestinais 
Fonte: Elaborada pela autora.
A onfalite decorre da contaminação do ovo por fezes oupela presença de aves 
reprodutoras infectadas, em que acontece a penetração de E.coli por meio da 
casca do ovo.8 Essa forma de colibacilose acomete galinhas, perus e patos, e é 
caracterizada por saco gema com parede edemaciada, conteúdo com coloração 
acastanhada e massas caseosas (figura 12). E.coli envolvidas com infecções via 
ovo normalmente são avirulentas. Porém, o comportamento oportunista das cepas 
comensais possibilita a infecção do embrião. 
Figura 12. Pintos onfalite e persistência do saco da gema. A – Cavidade celomática distendida com hiperemia 
acentuada em região de umbigo. B – Saco da gema persistente e como coloração alterada, ocupando grande 
parte da cavidade celomática
Fonte: The Poultry Site (2018).
35
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
Onfalite. 
 » Características do agente:
 › muitas vezes não patogênico ou de baixa patogenicidade.
 » Epidemiologia:
 › penetração na casca, atingindo o embrião. 
 » Patologia:
 › penetração no umbigo;
 › morte do embrião ou nascimento de pintos com onfalite.
 » Lesões: 
 › umbigo edemaciado e avermelhado; 
 › persistência do saco da gema. 
Síndrome da cabeça inchada é uma forma de colibacilose que ocorre em galinhas. 
Edema facial, celulite no tecido subcutâneo da cabeça, conjuntivite (figura 13 e 14) 
e presença de exsudato caseoso de coloração amarelada no espaço aéreo dos ossos 
do crânio são os achados macroscópicos desse tipo de colibacilose.
Figura 13. Galinhas com síndrome da cabeça inchada. A – Edema de pálpebras e conjuntiva avermelhada 
(conjuntivite). B – Acentuado edema em seios peri e infraoculares impedindo a abertura dos olhos. Há também 
acúmulo de exsudato na região ocular.
Fonte: The Poultry Site (2018).
36
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
Figura 14. Galinhas com Síndrome da cabeça inchada. A – Acúmulo de material gelatinoso e brancacento em 
seios peri e infraoculares. B – Congestão e edema em região de barbela.
Fonte: The Poultry Site (2018).
Síndrome da cabeça inchada.
 » Características do agente:
 › cepas patogênicas;
 › infecção concomitante com Pneumovírus.
 » Epidemiologia:
 › penetração via aerógenas.
 » Patologia:
 › penetração trato respiratório superior. 
 » Lesões: 
 › edema facial;
 › celulite no tecido subcutâneo da cabeça;
 › conjuntivite;
 › presença de exsudato caseoso de coloração amarelada no espaço 
aéreo dos ossos do crânio. 
Doença respiratória crônica ocorre em galinhas com quatro a nove semanas de 
idade e tem como complicação o desenvolvimento de processos septicêmicos. 
Traqueíte, aerossaculite (figura 15), pericardite e perihepatite são lesões 
observadas. Pneumonia, pleuropneumonia e peritonite podem ocorrer em casos 
mais graves.
37
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
Doença respiratória crônica complicada.
 » Características do agente:
 › cepas patogênicas;
 › infecção concomitante com Mycoplasma gallisepticum.
 » Epidemiologia:
 › replicação no tecido/órgão lesionado por Mycoplasma gallisepticum. 
 » Patologia:
 › replicação inicial no trato respiratório superior. 
 » Lesões: 
 › traqueíte;
 › aerossaculite;
 › pericardite;
 › perihepatite são lesões observadas;
Figura 15. Sacos aéreos de galinha apresentando opacidade difusa e deposição multifocais de material caseoso 
(aerossaculite caseosa).
Fonte: Poultry Hub (2018).
Salpingite é a inflamação do oviduto por infecções de APEC que resulta na 
diminuição da produção de ovos em galinhas, patas e gansas. As rotas de infecção 
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UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
são por via ascendente ou por extensão da lesão pela proximidade do oviduto com 
os sacos aéreos. Ozaki et al. (2009, p. 1.687) referem que essas rotas podem ser 
determinadas pelo perfil de virulência das estirpes. Em infecções ascendentes, da 
cloaca para o oviduto, as cepas isoladas do lúmen do oviduto não são geneticamente 
semelhantes aos isolados de outros órgãos (fígado e coração, principalmente). 
A complicação mais grave da salpingite é a peritonite. Já em lesões que decorrem 
da extensão de infecções sistêmicas, os isolados de fígado, coração e do trato 
reprodutivo possuem combinações similares de genes. Poedeiras jovens, no 
início do período de postura e com 30 semanas de idade, são geralmente as mais 
suscetíveis a essa forma de colibacilose. Porém, poedeiras mais velhas também 
podem ser acometidas, causando taxa de mortalidade até mesmo elevada. Knöbl 
et al. (2012, p. 437) relataram que, em uma avicultura de postura com 27.000 
aves, a taxa de mortalidade em poedeiras jovens, 62 semanas de idade, foi menor 
(0,28%) do que nas aves de 68 semanas de idade (0,89%), reforçando a relação 
entre a idade e a severidade da doença.
Salpingite
 » Características do agente:
 › cepas patogênicas.
 » Epidemiologia:
 › contaminação ambiental ou aves infectadas. 
 » Patologia:
 › penetração do agente por via ascendente (via cloaca) ou extensão 
de lesões respiratórias. 
 » Lesões: 
 › material caseoso na luz do oviduto.
Celulite aviária é uma das principais causas de condenação de carcaças no Brasil, 
podendo atingir valores significativos como 51,20% do total de condenações em um 
abatedouro. Estirpes de E.coli podem estar envolvidas como agente etiológico em 
até 85% dos casos de celulite em frangos de corte, atribuindo essa bactéria como 
a principal causa da lesão. Essa forma de colibacilose é descrita principalmente 
em frangos de corte de criação intensiva. As lesões ocorrem no tecido subcutâneo, 
com predomínio da região abdominal e apresentam acúmulo de exsudato caseoso 
(figura 16). 
39
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
A celulite aviária em frangos de corte, especialmente nas coxas e na parede 
abdominal, tem sido observada com maior frequência nos últimos anos. Em 
estudo feito durante o período de um ano, 98 carcaças de frango com celulite 
foram diagnosticadas em matadouro. As lesões foram caracterizadas por 
espessamento e descoloração marrom da pele. Um exsudato fibrinopurulento 
com alguma caseação foi visto nos tecidos subcutâneos. Microscopicamente, 
hiperceratose, espessamento da derme, infiltração de células mononucleares 
e heterófilos, juntamente com exsudatos fibrinocósicos, foram presentes. Em 
90 das 98 (91,8%) amostras bacterianas de frangos de corte, E. coli foi isolado, 
e, em 82 (91,1%) dessas amostras, foi a única espécie bacteriana encontrada. 
Os resultados de serotipagem revelam que os isolados de E. coli foram 
distribuídos entre seis sorotipos diferentes. O sorotipo mais prevalente foi 
O78 (52,2%). Além disso, Staphylococcus aureus e Actinomyces pyogenes foram 
isolados de 12 e 2 casos, respectivamente. Esse estudo confirma a frequente 
associação de E. coli com lesões de celulite em frangos de corte, juntamente 
com o isolamento de S. aureus e A. pyogenes. Estes últimos não foram relatados 
nos estudos anteriores.
O aumento da incidência da celulite pode estar associado a erros de manejo, como 
superlotação. A septicemia é uma das complicações mais graves dessa enfermidade 
e é relatada principalmente em frangos infectados nos primeiros dias de vida. Essa 
forma de colibacilose também está associada a cepas de E.coli multirresistentes. Tal 
fato é preocupante tanto para a saúde animal como para a humana, posto que a 
presença de estirpes de E.coli multirresistentes originárias de frangos com lesões no 
tecido subcutâneo podem se tornar um risco de veiculação de resistência a partir de 
carcaças de frangos. 
Celulite.
 » Características do agente:
 › cepas patogênicas;
 › característica de multirresistência.
 » Epidemiologia:
 › laceração cutânea e penetração do agente; 
 › geralmente associada a superlotação;
 › ocorrência em surtos de colibacilose.
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UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
 » Patologia:
 › penetração do agente via cutânea, atingindo a gordura subcutânea. 
 » Lesões: 
 › material caseoso no tecido subcutâneo, resultando em aspecto 
repugnante. 
Figura 16. Carcaça de frango apresentando processo inflamatório em tecido subcutâneo.A – Celulite 
focalmente extensa, com coloração amarelada, em região dorsal de carcaça. B – Pele amarelada irregular, 
caracterizando infecção bacteriana. 
Fonte: The Poultry Site (2018).
O proventrículo negro é uma apresentação rara de colibacilose. Esta é decorrente 
de infecções por Apec de um sorogrupo incomum, o O142. A taxa de mortalidade 
é elevada, podendo chegar a 100%, e as matrizes jovens são as mais sensíveis. 
As lesões macroscópicas são: fígado aumentado de volume e escuro, deposição 
de fibrina na superfície do fígado, pericárdio edemaciado, opaco e com presença 
de franjas de fibrina, sacos aéreos opacos e espessados, além do proventrículo 
com coloração enegrecida. 
41
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
Doença do proventrículo negro.
 » Características do agente:
 › escherichia coli sorotipo O142.
 » Epidemiologia:
 › matrizes jovens são mais sensíveis. 
 » Patologia:
 › o patógeno alcança o proventrículo por meio da corrente sanguínea. 
 » Lesões: 
 › fígado aumentado de volume e escuro;
 › deposição de fibrina na superfície do fígado;
 › pericárdio edemaciado, opaco e com presença de franjas de fibrina;
 › sacos aéreos opacos e espessados;
 › proventrículo com coloração enegrecida.
Em patos, a colibacilose é comumente caracterizada por aerossaculite, pericardite, 
peritonite ou septicemia. Entre as diferentes espécies aviárias, a forma septicêmica 
ou colisepticemia é comum em aves aquáticas. Patos e gansos jovens são os mais 
acometidos, e os surtos estão geralmente relacionados a criações sem manejo 
adequado ou que tenham acesso a água contaminada. Deposição de material úmido, 
granular, com aspecto de coalhada e odor característico nos sacos aéreos, pericárdio 
e superfície do fígado são os principais achados macroscópicos encontrados em patos 
com septicemia por infecções de Apec. 
Entre os quadros específicos de colibaciloses de caráter sistêmico está a 
Coligranuloma ou doença de Hjarre, forma rara de colibacilose sistêmica, 
que acomete galinhas e perus, caracterizada por múltiplos granulomas no 
parênquima hepático, mesentério, ceco e duodeno. Perus podem desenvolver 
uma forma mais grave com presença de hepatite e tiflite piogranulomatosa. 
Lotes atingidos podem apresentar taxas de mortalidade de até 75%.
Perus ainda podem apresentar outra forma especial de septicemia, a chamada 
septicemia hemorrágica aguda. Essa doença é caracterizada por lesões septicêmicas 
42
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
com distúrbios circulatórios generalizados, descoloração da gordura subserosa, 
hepatomegalia, esplenomegalia, rins aumentados de tamanho, acúmulo de sangue 
e edema dos pulmões, e acúmulo de exsudato serohemorrágico nas superfícies 
serosas. 
Além da septicemia hemorrágica, existe também a colisepticemia de origem entérica, 
que é um quadro de colibacilose frequente em perus. Essa doença necessita de um 
agente predisponente, como o vírus da enterite hemorrágica, para causar a injúria 
primária. Congestão ou coloração esverdeada no fígado, baço congesto e aumentado 
de tamanho, além de musculatura congesta, caracterizam esse quadro.
O complexo de osteomielite dos perus é uma forma de colibacilose comum à 
espécie, resultante de inflamações ósseas, articulares e nos tecidos moles 
periarticulares. E.coli relacionada a esse complexo também possuem 
combinações de genes relacionadas a estirpes altamente patogênicas. 
A poliserosite fibrinosa acomete principalmente galinhas, perus e patos. Pericardite, 
perihepatite e aerossaculite fibrinosas são as lesões encontradas nessa forma de 
colibacilose. Lesões graves em casos de septicemia e poliserosite fibrinosa podem 
estar associadas à morte súbita, em que as aves infectadas não apresentam nenhum 
sinal clínico prévio. 
43
CAPÍTULO 4
Cólera aviária
A cólera aviária é uma doença de caráter agudo e septicêmico, causada por bactérias 
do gênero Pasteurella multocida (P.multocida), que afeta galinhas, perus, codornas, 
pombos, patos, gansos, entre outros. Patos e gansos são aves aquáticas domésticas 
altamente susceptíveis à doença, e animais com mais de quatro semanas de idade 
são os mais acometidos (principalmente entre quatro a oito semanas de idade. A fase 
aguda é a forma mais comum da doença em patos e gansos, que é caracterizada por CID 
(coagulação intravascular disseminada) ou trombose.
Pasteurella multocida é um bastonete Gram negativo, imóvel, não formador de 
esporos. A patogenicidade da bactéria está relacionada à morfologia das colônias e à 
presença do antígeno capsular. Existem 16 antígenos somáticos e cinco capsulares 
(A, B, D, E e F). A tipificação capsular da P.multocida pode ser importante para 
prevenção de surtos de aves, já que essa enfermidade causa perdas econômicas 
consideráveis.
Com mais de 100 espécies de aves selvagens infectadas naturalmente, é evidente que 
P. multocida tem uma diversidade de hospedeiros, entre eles animais em cativeiro, 
zoológicos e aves domésticas. Provavelmente, a maioria das espécies de aves é 
suscetível a Cólera sob determinadas circunstâncias. No entanto, não há relatos da 
infecção entre os abutres (Cathartidae).
A cólera aviária é uma doença de distribuição mundial, porém países de climas 
temperados são mais acometidos. É uma enfermidade de caráter sazonal, e a maioria 
dos surtos ocorre durante o verão, devido à temperatura ser mais elevada. Todas as 
aves domésticas e silvestres são consideradas susceptíveis, com maior ocorrência 
em patos, gansos, perus e faisões; galinhas são menos susceptíveis. A idade mais 
associada à doença é de 20 a 24 semanas, durante a maturidade sexual – aves jovens 
raramente desenvolvem a doença. A transmissão é horizontal, a água e o alimento 
com a presença de secreções das aves doentes podem veicular o agente. A morbidade 
e mortalidade são elevadas, podendo alcançar 80% a 100%. 
Em patos aparentemente saudáveis, foi detectada uma frequência de 25,9% 
dessa bactéria. A contaminação cruzada entre galinhas e patos pode acontecer, 
e esses animais podem atuar como portadores sadios. O manuseio e transporte 
para comercialização dessas aves pode explicar a considerável porcentagem de 
isolados de P.multocida, aumentando, assim, o número de animais portadores, 
facilitando a disseminação da doença. 
44
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
Artrópodes, inalação e ingestão do agente estão associados à infecção. O carrapato 
mole, Argas persicus, pode transmitir P.multocida entre aves domésticas. 
P.multocida sobrevive por 33 dias a 30 ºC ou 100 dias a 4 ºC em Argas persicus. 
Ácaros de aves domésticas, como Dermanyssus gallinae, também são reservatórios 
de P. multocida. Dermanyssus gallinae pode portar P. multocida de 42 a 64 dias, 
dependendo da temperatura ambiente.
Muitos sinais associados à cólera aviária são causados por uma endotoxina 
produzida por P. multocida. Em muitos casos, sinais clínicos não são observados 
devido à morte rápida dos animais. Apenas as aves mortas são encontradas. Então, 
na forma aguda, a doença é fulminante. As aves podem apresentar sonolência, 
inapetência, apatia, febre, cianose de barbela e crista, estertores e secreção oral 
e ocular. No estágio agonal, convulsões e torcicolos podem ocorrer. A forma 
crônica pode ser uma evolução da fase aguda ou proveniente da infecção por uma 
cepa menos virulenta. As aves podem apresentar fraqueza e diminuição da taxa 
de postura devido a hemorragia, congestão folicular e formação de abscessos no 
oviduto. Edema de barbela é um sinal clínico comum em machos durante a fase 
crônica. Artrite, otite, torcicolo, osteomielite, sinusite, pneumonia e aerossaculite 
também podem ser observados.
Descarga nasal grossa rica em P. multocida é frequentemente encontrada em aves 
infectadas após a morte. As lesões macroscópicas na forma aguda variam porque, 
quando as aves morrem rapidamente, elas muitas vezes parecem estar em boa 
condição física. Petéquias e equimoses ocorrem comumente no miocárdio, no 
coração na gordura, no pulmão e em serosas deórgãos. Há necrosa focal no fígado e 
em outros órgãos. A enterite mucoide é frequentemente encontrada, e esse material 
mucoide pode conter grande número de P. multocida. Já na forma crônica, as lesões 
são de caráter fibrinoso, supurativo e necrosante. Nas vias aéreas, é observado 
exsudato catarral, exsudato ou massa caseosa nas articulações, pneumonia, edema 
de face e meningite. 
O diagnóstico da doença fundamenta-se no quadro clínico, taxa de mortalidade 
e lesões de caráter hemorrágico, exsudativo, fibrinoso, supurativo e necrosante. 
Entretanto, para diagnóstico definitivo, é necessário isolamento e identificação do 
agente a partir de amostras de órgãos ou da descarga nasal das aves. 
Como prevenção da doença, recomenda-se reduzir a exposição de aves suscetíveis 
e redução da contaminação ambiental por P. multocida. Um programa regular 
de monitoramento para a mortalidade de aves selvagens é importante para 
identificar uma epizootia no estágio mais precoce possível. Isso proporciona a maior 
oportunidade para evitar perdas elevadas e diminuir os gastos com o controle.
45
DOENÇAS BACTERIANAS │ UNIDADE I
Há pouca informação disponível sobre o tratamento de aves selvagens que sofrem 
de cólera aviária. Penicilina é um dos antimicrobianos indicados para o tratamento, 
assim como 50 mg de oxitetraciclina por via intramuscular ou 500 g/ton de 
tetraciclina na ração. 
As doenças infecciosas podem ser particularmente críticas para a conservação 
de espécies ameaçadas de extinção. Um exemplo notável são os surtos 
recorrentes que ocorrem nas aves marinhas na Ilha de Amsterdã nos últimos 30 
anos, ameaçando as populações de três espécies de aves marinhas ameaçadas 
de extinção e do endêmico albatroz, em perigo crítico. A bactéria Pasteurella 
multocida (agente causador da cólera aviária) e, em menor escala, Erysipelothrix 
rhusiopathiae (agente causador da erisipela), foram ambas suspeitas de 
serem responsáveis por essas epidemias. Apesar dessa situação crítica, as 
tendências demográficas não estavam disponíveis para estas populações 
ameaçadas, e a ocorrência e caracterização de potenciais agentes causadores 
de epizootias permanecem pouco conhecidas. A situação demográfica piorou 
substancialmente em três espécies de aves marinhas na última década, com 
baixíssimo sucesso reprodutivo e declínio populacional de albatrozes-de-cara-
roxa Thalassarche carteri, albatrozes fuligem Phoebetria e pinguins-do-norte 
Eudyptes moseleyi. Pasteurella multocida ou E. rhusiopathiae foram detectadas 
por PCR em aves vivas de todas as cinco espécies investigadas, enquanto os 
resultados foram negativos para oito agentes infecciosos adicionais. Uma 
única cepa de P. multocida foi repetidamente cultivada a partir de aves mortas, 
enquanto nenhuma E. rhusiopathiae pôde ser isolada. Esses resultados destacam 
o significado de P. multocida neste sistema ecoepidemiológico particular como 
o principal agente responsável pelas epizootias. O estudo enfatiza a necessidade 
urgente de implementar medidas de mitigação para alterar o curso de surtos 
de cólera aviária que ameaçam a persistência das populações de aves marinhas 
na Ilha de Amsterdã. Para realização desse estudo, foram colhidas na Ilha de 
Amsterdã, de novembro de 2011 a janeiro de 2012, amostras de sangue de aves 
aparentemente escolhidas aleatoriamente a partir das cinco espécies de aves 
marinhas. Os resultados mostraram que a situação demográfica da comunidade 
de aves marinhas na ilha de Amsterdã piorou na última década, com um baixo 
índice reprodutivo e declínio na população de albatrozes-de-nariz-amarelo, 
fuligem e pinguim-do-norte. Análises moleculares e bacteriológicas sugerem 
fortemente que a P. multocida ST61 é responsável por surtos significativos 
e recorrentes em pintos albinos de nariz amarelo e fuligem, mas não para 
o pinguim-do-norte, para o qual são necessárias investigações adicionais. 
Nenhum pinguim morto foi encontrado no campo durante nossa permanência 
na ilha, e a necessidade de controlar uma doença em populações de vida livre 
46
UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
é frequentemente justificada por preocupações de conservação. A identificação 
de P. multocida como a causa de várias epizootias abre caminho para futuras 
investigações e posterior implementação de ações específicas de controle. Os 
mecanismos de manutenção inter-sazonal bacteriana e a elucidação das vias 
de transmissão durante as estações de reprodução devem ser urgentemente 
avaliados (JAEGER et al., 2018).
Cólera aviária. 
 » Características do agente:
 › Pasteurella multocida.
 » Epidemiologia:
 › galinhas, perus, codornas, pombos, patos, gansos;
 › patos e gansos são altamente susceptíveis à doença.
 » Patologia:
 › o agente atinge a corrente sanguínea e causa endotoxemia. 
 » Forma aguda:
 › sonolência;
 › inapetência;
 › apatia;
 › febre;
 › cianose de barbela e crista;
 › estertores e secreção oral e ocular.
 » Forma crônica:
 › fraqueza e diminuição da taxa de postura;
 › hemorragia e congestão folicular;
 › formação de abscessos no oviduto;
 › edema de barbela – machos;
 › artrite, otite, torcicolo, osteomielite, sinusite; 
 › pneumonia e aerossaculite. 
47
CAPÍTULO 5
Coriza infecciosa das galinhas
Coriza infecciosa das galinhas é causada pela bactéria Avibacterium 
paragallinarum que atinge o sistema respiratório superior das aves. 
Avibacterium paragallinarum é uma bactéria Gram-negativa que pertence à 
família Pasteurelaceae e é um bacilo curto ou cocobacilo imóvel. Essa bactéria 
possui diferentes sorovares, porém esses sorovares não induzem imunidade 
cruzada entre eles, o que explica o aparecimento da doença em lotes vacinados. 
No Brasil, a Coriza Infecciosa tem sido comumente relatada. É considerada uma 
das enfermidades bacterianas de importância devido a sua prevalência nos plantéis 
brasileiros, ocasionando elevadas perdas econômicas. Existem relatos de surtos 
da doença em alguns estados da região Sul e Sudeste do país, principalmente em 
regiões com concentração de aviculturas de postura comercial. É uma doença de 
transmissão horizontal por via direta ou indireta, por aerossóis, vetores, fômites 
ou água e ração contaminadas com exsudato proveniente do corrimento nasal das 
aves doentes. A taxa de mortalidade geralmente é baixa, exceto em casos de infecção 
por estirpes altamente patogênicas. As galinhas são os únicos hospedeiros naturais 
de Avibacterium paragallinarum conhecidos até hoje. Em aviculturas industriais, 
surtos são mais relatados em poedeiras comerciais, porém também podem ocorrer 
em criações de frangos e reprodutoras de corte. 
O principal sinal clínico é a descarga nasal, podendo variar de gravidade, 
intensidade e permanência se apenas Avibacterium paragallinarum estiver 
causando as lesões ou se existir outro agente concomitante. Na fase aguda, a 
descarga nasal possui um aspecto seroso e claro, que se torna denso e amarelado 
em casos mais longos de infecção. Além da descarga nasal, as aves também podem 
apresentar edema de barbela, edema da cabeça, edema de pálpebra, estertores, 
hiporexia, perda de peso e refugagem. Lotes com indivíduos na fase crônica podem 
apresentar um odor característico, fétido e ácido. Os achados macroscópicos são 
caracterizados por edema e congestão do tecido subcutâneo da face, conjuntivite, 
conteúdo caseoso em seios nasais e infraorbitais e, em alguns casos, traqueíte 
e aerossaculite. Os achados microscópicos são hiperplasia necrosa do epitélio 
glandular e da mucosa, hiperemia e edema associados a infiltrado heterofílico em 
seios nasais e infraorbitais e traqueia. 
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UNIDADE I │ DOENÇAS BACTERIANAS
Dezessete surtos na Argentina de coriza infecciosa complicada em frangos de 
corte foram estudados. Nos surtos de bandos de poedeiras, foram observadas 
quedas na produção de ovos de até 35%. Nos lotes de frangos e em vários 
rebanhos, as perdas por mortalidade persistente e/ou abate variaram

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