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Introdução ao Direito Ambiental 1. A questão ambiental e os refugiados climáticos Com a degradação do meio ambiente afetando negativamente a vida das pessoas e colocando em risco a qualidade de vida presente e futura torna-se essencial a maior tutela dos recursos ambientais pelo Poder Público e toda coletividade. Sob tal óptica, a partir de 1960, os países começaram a estimular normas jurídicas mais rígidas para a proteção do meio ambiente. No Brasil, podemos citar a promulgação do antigo Código Florestal, editado por meio da lei 4.771/ 1965, substituído pelo novo Código Florestal (lei 12.651/2012), assim como a lei 6.938/1981, que aprovou a Política Nacional do Meio Ambiente. Já no contexto mundial, podemos mencionar a Conferência de Estocolmo, de 1972, promovida pela ONU, alertando diversos países sobre os riscos para a existência humana trazidos pela degradação excessiva. E isso deu-se principalmente para o Brasil, que na época levava a risca a superioridade do desenvolvimento econômico em detrimento, principalmente, do meio ambiente. Em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro, a conhecida ECO-92 ou RIO-92, oportunidade em que se aprovou a declaração do Rio, documento que continha 27 princípios ambientais, bem como a Agenda 21, instrumento para a redução da poluição e alcance de um desenvolvimento sustentável. É importante ressaltar que tais documentos não tem natureza jurídica de tratados internacionais, pois não integram o ordenamento jurídico brasileiro, mas gozam de uma forte autoridade ético-local e mundial. Em suma, embora queira, o homem não pode ditar as regras da natureza, contudo tem o dever de respeitá-las, sob pena desta ter que promover a extinção de nossa raça como instrumento de legitima defesa natural, pois é inegável que o homem é parte do todo natural, mas com características antropocêntricas e grandes percepções egoístas, cria uma miopia trans- individual, na qual poucos possuem lentes para superá-la. É preciso compreender que o crescimento econômico não é ilimitado, pois depende diretamente da disponibilidade de recursos ambientais naturais, que são limitados. A única saída será a adoção de métodos de produção menos agressivos ao meio ambiente, por meio de pesados investimentos na pesquisa e no uso de tecnologias mais ''limpas''. É crescente em todo o Planeta Terra, o numero de pessoas que são forçadas a emigrar das zonas que habitam em razão de alterações do ambiente, quer dentro de seu pais ou mesmo para outro, sendo chamados de refugiados ambientais ou climáticos. As secas, escassez de alimentos, desertificação, elevação do nível de mares e rios, alteração dos ventos climáticos e desmatamento são apenas alguns fatores ambientais que vem gerando a migração territorial de povos em busca de melhores condições de vida, ou simplesmente para sobreviverem. De acordo com a Revista Veja, em março de 2011 foram estimadas 50 milhões de pessoas que se enquadram no termo supracitado. E em estimativas da ONU, indicam que, em 2050, o numero de refugiados ambientais estará entre 250 milhões e 1 bilhão de seres humanos. 2. Definição e Espécies de Meio Ambiente A definição legal de meio ambiente se encontra no artigo 3 o , I, da lei 6.938/ 1981, que pontifica que o meio ambiente é ''o conjunto de condições, leis, influencias e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas''. Entretanto, entende-se que a definição legal não é suficiente para abarcar todas as modalidades de meio ambiente, pois foca apenas nos elementos bióticos (com vida) da natureza, sem mencionar as criações humanas que compõem o ambiente. Com efeito, prevalece que existem as seguintes espécies de meio ambiente: Natural: formado por elementos bióticos e abióticos, como exemplo temos a atmosfera, águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, mar territorial, o solo e subsolo, fauna e flora, que independem da ação antrópica para existir; Cultural: composto por criação tangíveis e não tangíveis do homem sobre elementos naturais, a exemplo de uma casa tombada e das formas de expressão integrantes do patrimônio cultural, como o samba de roda do Recôncavo baiano; Artificial: também formado por bens fruto da criação humana, mas que por exclusão não integram o patrimonial cultural brasileiro, por lhes carecer valor histórico, paisagístico, dentre outros, que lhe encaixariam no acervo cultural; Laboral: realizado quando as empresas cumprem as normas de segurança e medicina do trabalho, proporcionando ao trabalhador condições dignas e seguras para o desenvolvimento de sua atividade laborativa remunerada, a exemplo da disponibilização dos equipamentos de proteção individual, a fim de preservar a sua incolumidade física e psicológica. De acordo com o artigo 200, inciso VIII, da Constituição, compete ao SUS colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. O STF, ao se tratar de assuntos da relação empresa/ economia- meio ambiente menciona que o meio ambiente não pode ser comprometido com interesses empresariais, nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se tiver presente que a atividade econômica está subordinada a princípios que privilegiam a defesa do meio ambiente (CF,art.170,VI) que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, cultural, artificial (espaço urbano) e laboral. Com efeito, o artigo 2, inciso I, da lei 6.938/1981, considera o meio ambiente como um patrimônio publico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. 3. Direito Ambiental Podemos defini-lo como ramo do direito publico composto por princípios e regras que regulam as condutas humanas que afetem, potencial ou efetivamente, direta ou indiretamente, o meio ambiente em todas as suas modalidades. Seu objetivo no território brasileiro é especialmente o controle da poluição, com o intuito de mantê-la em padrões toleráveis, para instituir um desenvolvimento econômico sustentável, atendendo as necessidades presentes sem privar as futuras gerações da sua dignidade ambiental, pois um dos princípios que lastreiam a Ordem Econômica é a Defesa do Meio Ambiental, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (artigo 170, VI, da CF). Conquanto, já existiram leis ambientais anteriores, a exemplo do Código das Águas (Decreto 24.643/1934), do Código Florestal (lei 4.771/ 1965), de Pesca (decreto- lei 221/ 1967) e da lei de Proteção à Fauna (lei 5.197/1967), entende-se que o nascimento do D. Ambiental no Brasil foi à edição da Lei 6.938/1981 pois se trata do primeiro diploma normativo nacional que regula o meio ambiente como um todo, e não em partes. Antes, apenas existiam normas jurídicas ambientais setoriais, mas não um Direito Ambiental propriamente dito, formado por um sistema harmônico de regras e princípios. COMO ISSO É COBRADO EM CONCURSO? No CESPE, foi considerado certo o seguinte enunciado: O Direito Ambiental é um direito sistematizador, que faz a articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudência concernentes aos elementos que integram o ambiente.
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