Buscar

apresentação escravidão e trabalho

Prévia do material em texto

Escravidão, trabalho e propriedade: diferenças, semelhanças e contradições. 
Acadêmico: 		 		 Caio Aguirre
Prof.: Fagner 				 História do Direito
1
Escravidão, trabalho e propriedade: diferenças, semelhanças e contradições. 
Escravidão – conceito histórico
História da escravidão
Escravidão no Mundo: 
Atenas
Esparta
Roma
Egito 
Oriente Médio 
China
Japão 
América
Tipos de Escravidão
Escravidão no Brasil 
Abolicionismo 
Escravidão contemporânea
Leis de combate a escravidão 
2
caio aguirre (ca) - 
Escravidão – Conceito 
Silva (2003) a descreve como:
 Instituição social que consiste no direito de propriedade sobre seres humanos e na utilização de seus serviços;
Domínio permanente e violento sobre pessoas alienadas de seu nascimento e geralmente desonradas;
Vínculo de poder e domínio originado e sustentado pela violência no qual a “morte social” substitui à morte física do prisioneiro de guerra, do condenado à pena capital ou do indigente ou enjeitado
3
Conceito de escravidão 
Para Lovejoy (2002) escravidão trata-se de uma forma de exploração com características específicas, sendo o escravo era uma propriedade, um estrangeiro, alienado de sua origem ou do qual por sanções judiciais ou outras se retirava à herança social que lhe coubera ao nascer; que a coerção podia ser usada à vontade, que sua força de trabalho estava à completa disposição de seu senhor, que não tinha direito a sua própria sexualidade, e, por extensão às suas próprias capacidades reprodutivas, sendo sua condição hereditária
4
Conceito de Escravidão 
História da Escravidão 
A partir da Revolução Agrícola - quando o homem deixa de ser nômade e passa a plantar - surge a escravidão. Cinco mil anos atrás os egípcios já se organizavam em expedições pra tomar territórios, aprisionar as pessoas e trazer esses escravos para trabalhar no Egito."
A escravização, era vista como um dos muitos tipos de relações de dependência, tornando-se um meio eficaz para aumentar o número de pessoas que desempenhavam as mesmas funções, de controlar aqueles que não tinham ligações de parentesco e para aumentar o poder individual ou do grupo
6
 Já na Antiguidade, o código de Hamurábi, conjunto de leis escritas da civilização babilônica, apresentava itens discutindo a relação entre os escravos e seus senhores. Não se restringindo aos babilônios, a escravidão também foi utilizada entre os egípcios, assírios, hebreus, gregos e romanos. Dessa forma, podemos perceber que se trata de um fenômeno histórico extenso e diverso.
Escravidão – ATENAS 
Os trabalhadores eram prisioneiros de guerras que foram transformados em escravos.
Os escravos também poderiam ser aqueles que desejavam saldar dívidas – fica estipulado um período em que um indivíduo prestaria serviços sem remuneração para sanar débitos. 
Escravidão – Atenas 
O trabalho dos escravos variavam em tarefas agrícolas e mineração 
Os escravos domésticos podiam de acordo com o trabalho, comprar sua liberdade
Escravos não eram considerados cidadãos. 
Escravidão – ESPARTA 
A escravidão era uma prática estatal, assim os escravos não tinham dono específico
Os escravos eram chamados hilotas 
Realizavam todo tipo de tarefas, desde agrícolas ate as domésticas, e eram adquiridos por meio de guerras e comércio 
Escravidão – EGITO 
Os escravos do Egito Antigo faziam parte de um grupo reduzido, que se dedicava a diversos tipos de atividades, como artesanato, serviços de casa, trabalhos em pedreiras, minas e trabalho rural. Esse grupo fazia parte da base da pirâmide social do Egito, correspondendo a um grupo social numericamente pequeno em comparação com a totalidade da sociedade egípcia.
Uma característica da escravidão no Egito Antigo é que o escravo egípcio não era considerado uma mercadoria, mas sim um ser humano. Assim, os escravos podiam ter propriedades, podiam se casar com pessoas livres e tinham, inclusive, o direito de depor contra os próprios donos.
Escravidão – ROMA 
A escravidão na Roma Antiga implicava uma quase absoluta redução nos direitos daqueles que ostentavam essa condição, convertidos em simples propriedades dos seus donos. Com o passar do tempo, os direitos dos escravos aumentaram. Contudo, mesmo depois da MANUMISSIO, um escravo liberto não possuía muitos dos direitos e privilégios dos cidadãos romanos.
A situação do escravo romano varia segundo a sua dedicação:
o escravo rural 
Os escravos nas minas 
O escravo de cidade 
O escravo público (servidor público)
Gladiadores 
Escravidão – ORIENTE MÉDIO 
A prática da escravidão entre os povos árabes se dava, inicialmente, por povos vencidos em guerras, que tinham suas propriedades pilhadas, eram tomados como escravos. Aos poucos, a escravidão passou a ser justificada pelos fundamentos do islamismo. 
Cristãos, caucasianos, francos, negros da região subsaariana da África e diversos outros povos eram feitos de escravos por não partilharem da crença muçulmana, sendo considerados ou idólatras (adoradores de ídolos) ou infiéis (como eram considerados os cristãos).
Escravidão – ORIENTE MÉDIO 
Os homens escravizados serviam como força de trabalho em diversas áreas
 Os serviços urbanos iam dos mais humilhantes até os postos de altos funcionários, como o cargo de vizir (aquele a quem era delegado o poder político sobre determinada região a mando de um soberano muçulmano).
Os meninos e os jovens adultos eram raptados nas guerras e recebiam treinamento militar, sendo incorporados ao exército. 
As mulheres e meninas também eram raptadas, porém com a finalidade de aprenderem a dançar, tocar instrumentos musicais e desenvolverem as habilidades necessárias para viver nos haréns dos sultões. 
Havia também os homens castrados, que eram comprados para servir como eunucos (auxiliares das mulheres nos haréns)
Escravidão – CHINA 
A escravidão na China assumiu várias formas ao longo da história. A depressão  teria sido abolida como uma instituição legalmente reconhecida, inclusive em 1909 lei totalmente em vigor em 1910, embora a prática continuou até pelo menos 1949 . Apesar de tais sentenças, formais de lei que abole ou proíbe a escravidão já foi ultrapassado com êxito em toda a história da China.
Escravidão – JAPÃO 
No século VIII, os escravos eram chamados de Nuhi  Esses escravos tendiam a trabalhar na agricultura e em trabalhos domésticos. A escravidão persistiu no período Sengoku (1467-1615), mesmo que a pratica da escravidão fosse anacrônica, parece ter tornado-se comum entre as elites Em 1590, a escravidão foi oficialmente banida por Toyotomi Hideyoshi; mas as formas de contrato e a escravidão persistiram, juntamente com o período do código penal do trabalho forçado. Posteriormente, no período Edo, leis penais prescreviam "trabalho forçado" para a família de criminosos executados no Artigo 17 da Leis da Casa Tokugawa, mas a prática nunca se tornou comum. 
Escravidão no JapãoOs escravos japoneses provavelmente foram os primeiros do país a chegar na Europa, e os portugueses compraram um grande número de jovens escravas japonesas para serem levadas para Portugal para fins sexuais, como observado pela Igreja, no ano de 1555 D. Sebastião , alertado por missionários jesuítas temia que isto fosse ter um efeito negativo sobre conversão católica, desde que o comércio de escravos japoneses estava crescendo a proporções gigantescas, por isso ordenou que a escravidão japonesa fosse proibida em 1571.
Escravidão – AMÉRICA 
A escravidão praticada na América do Norte existia desde o período colonial, com os primeiros escravos africanos chegando aos Estados Unidos continentais em 1526 (quase três décadas após a chegada da primeira expedição europeia ao Novo Mundo) trazidos pelos espanhóis. Já nas Treze Colônias, os primeiros escravos da América Britânica chegaram na recém fundada cidade de Jamestown, Virgínia, em 1619. No período da Declaração de Independência dos Estados Unidos, em 1776, a escravidão era legal e presente em todas as Treze Colônias. Em 1865, quando foi abolida pela Décima Terceira Emenda da Constituição
No sistema espanhol, o trabalho servil nos latifúndios agroexportadores – chamado de encomienda -, os nativos distribuídos, pela coroa, na condição de escravizados, eram forçados a se converterem a fé católica, e a Casa de Contratação era a responsável por arrecadar e fiscalizar os impostos
Escravidão – AFRICA 
De acordo com Lovejoy (2002), a escravidão passou por transformação em épocas diferentes e em diferentes proporções. Essa transformação foi resultado da consolidação de um modo de produção baseado na escravidão, aqui enfatizando a relação entre a organização social e o processo produtivo e os meios pelo qual, essa relação é mantida. Esse modo de produção escravista existia quando a estrutura social e econômica de uma sociedade, incluía um sistema integrado de escravização, tráfico de escravos e utilização interna dos cativos. São os escravos, então, utilizados como força produtiva, desempenhando variadas funções nesse processo produtivo. Quando exerciam funções sociais ou religiosas, estas tinham que ser secundárias em relação aos usos produtivos. 
Escravidão – BRASIL 
Povos Indígenas 
De 1550 a 1757
Trabalho no campo e serviços de apoio ao trafico mercantilista 
Povos Africanos 
De 1757 a 1880
Serviço na lavoura, minas, e trabalhos domésticos 
Marcada por relações de trabalho como SISTEMA BARRACÃO, e aprisionamento de pessoas para serviços em minas, lavouras, carvoarias e sexo. Período contemporâneo! 
QUILOMBOS 
O quilombo ou mocambo é o nome que se dá às comunidades formadas majoritariamente por remanescentes de fugitivos da escravidão no Brasil e que remontam ao Período Colonial. Era também uma das formas de resistência ao sistema escravocrata que essas populações encontraram, muitas vezes após fugas individuais e coletivas de senzalas e plantações. Mesmo após abolição da escravidão, em 1888, essas comunidades continuaram a existir e foram, por muito tempo, totalmente negligenciadas e esquecidas pelo poder público
LUTAS ABOLICIONISTAS
ESCRAVIDÃO – LITERATURA
MIGUEL DE CERVANTES
MARCO POLO 
CASTRO ALVES
OSVALD ANDRADE
ALEX HALLEY 
WILLE LYNCH 
CARTA DE WILLIE LYNCH 
“Verifiquei que entre os escravos existem uma série de diferenças. Eu tiro partido destas diferenças, aumentando-as. Eu uso o medo, a desconfiança e a inveja para mantê-los debaixo do meu controle. Eu vos asseguro que a desconfiança é mais forte que a confiança e a inveja mais forte que a concórdia, respeito ou admiração. Deveis usar os escravos mais velhos contra os escravos mais jovens e os mais jovens contra os mais velhos. Deveis usar os escravos mais escuros contra os mais claros e os mais claros contra os mais escuros. Deveis usar as fêmeas contra os machos e os machos contra as fêmeas. Deveis usar os vossos capatazes para semear a desunião entre os negros, mas é necessário que eles confiem e dependam apenas de nós.”
Vamos Fazer Um Escravo, O que nós precisamos? 
Em primeiro lugar, precisamos de um homem negro, uma negra grávida e seu menino negro. Em segundo lugar, usaremos o mesmo princípio básico que usamos para domar um cavalo, combinado com mais alguns fatores de sustentação. O que fazemos com os cavalos é que os separamos de uma forma de vida para outra; isto é, nós os reduzimos de seu estado natural na natureza. 
Enquanto a natureza lhes dá a capacidade natural de cuidar de sua prole, rompemos esse fio natural de independência em relação a eles e, assim, criamos um estado de dependência, para que possamos obter deles uma produção útil para nossos negócios e lazer.(...)
Escravidão Contemporânea 
Tipos de Escravidão 
Formas de Escravidão 
PROPRIEDADE LEGAL 
HERANÇA
COMPRA
TERRITÓRIO
SERVIDÃO POR DÍVIDA
VENCIDOS DE GUERRA
IMIGRANTES
TRAFICO DE HUMANOS
TRABALHO SEXUAL 
SERVIDÃO POR NECESSIDADE (PROTEÇÃO/ALIMENTAÇÃO/MORADIA) 
ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA 
INDUSTRIA TEXTIL 
LAVOURA
EXTRATIVISMO 
SISTEMA BARRACÃO 
TRAFICO HUMANO – SEXO
TRÁFICO HUMANO – TRANSPLANTE
DÍVIDAS
*QUESTÕES ETNICAS E RELIGIOSAS 
Considerações do trabalho escravo contemporâneo
O trabalho escravo contemporâneo esta inserido nas relações de mercado entre organizações globais e seus fornecedores, e envolve práticas de gestão de pessoas que ferem os direitos humanos, como cerceamento da liberdade, as condições degradantes de trabalho e a jornada exaustiva. 
A escravidão reflete vulnerabilidade social, a escassez de oportunidades, a pobreza crônica, o analfabetismo, o isolamento e a corrupção
Para Crane (2013) a escravidão contemporânea encontra-se associada a elementos que envolvem economia do crime, economia informal, trafico humano, analise legal e empírica da escravidão contemporânea, observando as relações de trabalho, e vulnerabilidade social. Assim como compreendendo as culturas fundamentadas. 
BALES, K. Disposable people: new slavery in global economy. Berkeley and Los Angeles, UM California. 2004
CRANE, A. Moderny Slavery as management practice: exploring the conditions and capablities for human explitation. Academy of Management Review. 2013
ESCRAVIDÃO E A LEGISLAÇÃO 
LEI DO VENTRE LIVRE
LEI DO SEXAGENÁRIO 
LEI ÁUREA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 1966
ART. 8º 
1- Ninguém poderá ser submetido a escravidão e o trafico de escravos, em todas as suas formas ficam proibidos.
2- ninguém poderá ser submetido a servidão 
3 a) ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios 
B- a alínea a do presente paragrafo não poderá ser interpretado no sentido de proibir, nos países em que certos crimes sejam punidos comprisão e trabalho forçados, o cumprimento de uma pena de trabalho forçados, imposta por um tribunal competente 
C- para os efeitos do presente paragrafo não serão considerados trabalhos forçados ou obrigatórios 
Qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea b, normalmente exigido de um indivíduo que tenha sido encarcerado em cumprimento de decisão judicial ou que tendo sido objeto de decisão, ache-se em liberdade condicional
Qualquer serviço de caráter militar, e nos países em que se admite a isenção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei venha a exigir daqueles que se oponham ao serviço militar por motivo de consciência
Qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de calamidade que ameacem o bem-estar da comunidade
Qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais. 
Considerações 	
A principal diferença entre o servo e o escravo é justamente a questão da propriedade. Enquanto os escravos eram de seus senhores — e podiam, portanto, ser trocados ou vendidos em transações comerciais —, os servos não pertenciam a ninguém. A relação estabelecida, nesse caso, era a de dependência, não de propriedade
Escravidão, trabalho e servidão apresentam significados que levam a uma linha tênue de entendimento, e compreensão, passível de interpretação e reinterpretação de acordo com a cultura local, comportamento social, e necessidade intrapessoal. 
Apesar da clara situação de exploração das prestatividades laborais de outros em favor de alguém ou de um grupo, observa-se que muitos dos explorados teem a consciência objetiva do caso, mas submetem ao ato por necessidade (vulnerabilidade social).
Apesar do foco central desta apresentação ser a reflexão sobre trabalho x servidão x escravidão, observa-se nas referencias históricas/culturais que o conceito terminológicos são semelhantes, destacando em casos, o respeito a dignidade, os castigos abusivos, e a valorização e compreensão do escravo/servidor como ser humano. 
40
REFERENCIAS 
LEWIS, Bernard. O Oriente Médio. Do advento do cristianismo aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996. 
LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: Uma história de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. 
SILVA, Alberto da Costa e. A manilha e o libambo. A escravidão na África de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/Ed. UFRJ, 2003.
 WEDDERBURN, Carlos Moore. O racismo através da história. Da antiguidade à modernidade. Copyright, 2007
SOUZA, Marina de Melo e. África e Brasil africano. In: CAMARGO, Rosiane de; MOCELLIN, Renato. História em debate. São Paulo: Editora do Brasil, 2010. v. 2, p. 174
N’DAYER, Tidiane. O Genocídio Velado. Paris. Gallimard, 2008.
r REZENDE, Ricardo e alli (org.). Traballho Escravo Contemporâneo no Brasil. Rio de Janeiro. EdUFRJ, 2008 e ROMERO, Adriana. “Trabalho Escravo: algumas reflexões”. In: CEJ, nº 22. Brasília, 2002. 
Antero, S. (2008). Monitoramento e avaliação do programa de erradicação do trabalho escravo. RAP-Revista de Administração Pública, 42(5), 791-828.
Meillassoux, C. (1995). Antropologia da escravidão: o ventre de ferro e dinheiro (Vol. 1). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
41

Continue navegando